O artigo descreve a comemoração do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial e reflete sobre os motivos que levaram o Brasil a entrar no conflito. O autor questiona as razões dadas para a entrada do país na guerra e levanta dúvidas sobre os responsáveis pelos ataques a navios mercantes brasileiros. O texto também relata a realização de um evento sobre portfólios de designers na cidade de Anápolis.
Coluna de Cultura 18 a 24 de maio de 2013 Jornal Estado de Goiás
1. JORNAL ESTADO /5bAnápolis, 18 a 24 de maio de 2013
Crônica
Dia da vitória
JOÃO ASMAR
Jornalista
N
o dia 8 deste mês
demaio,nomun-
do inteiro, inclu-
sive no Brasil, foi
comemorada a data como
o “Dia da Vitória”. Isso por-
que há 68 anos terminava
a maior guerra, que asso-
lou o mundo, em todos os
temos. Acompanhei pelo
rádio, com as vibrantes
palavras do saudoso e elo-
quente locutor, Carlos Fria
o grito de alarme, quando
explodiuaprimeirabomba
jogada pelos alemães sobre
o Corredor Polonês.
À distância, embora,
já chegado à maior idade,
como estudante, estive
atento aos acontecimen-
tos, como testemunha
ocular da história, racio-
cinando e formando juízo
pelas notícias e informa-
ções diárias que nos che-
gavam pelo rádio, jornais,
revistas e cinema..
O conflito, de gigantes-
cas proporções, foi conse-
quência do primeiro, do
século,queduroude1914a
1918. Quando a Alemanha
foi derrotada pelos aliados,
França e Inglaterra, no bos-
que de Copiégne, ao che-
garem os generais alemães,
vencidos, para a assinatura
do armistício receberam
a sentença, que dir-se-ia
fosse o estopim da segun-
da, medonha e catastrófica
guerra que nos arrastou ao
sacrifício. Receberam do
General Foch, comandante
vencedor, a dura sentença:
“Ossenhoresnãovierapara
discutir nada, mas, para re-
ceber ordens”.
Poucodepois,ofamosoe
malsinado “Tratado de Ver-
salhes”, documento da ca-
pitulação alemã, impunha
a esse país uma dívida de
guerra monstruosa. O valor
correspondia a tantas mo-
edas de ouro, de dois centí-
metroscadauma,colocadas
lado a lado, em linha, da-
riam uma volta inteira, pelo
Equador, subiriam por um
meridiano, passando pelo
polo norte, desceriam pelo
lado oposto, chegariam ao
polo sul. Subindo ao poder,
em 1933, Hitler denunciou
oTratadoenadapagou.
SobreaentradadoBrasil
naguerra,comadeclaração
formal, em 22 de agosto de
1942, contra a Alemanha e
a Itália, países com os quais
o Brasil sempre manteve
boas relações de amizade e
comércio, abrigando, aqui,
milharesdeimigrantes,que-
seintegraramànossasocie-
dade, à evidência dos fatos
e do desenrolar do conflito,
fiquei surpreso e jamais me
convencicomasrazõesque
motivaram o rompimento.
Fui tomado pela dúvida,
que permanece. Fortes e
convincentes razões ainda
me perturbam e, diante do
que ficou registrado na his-
tória, a minha consciência
me advertede que a vida foi
sempre assim: “O vencedor
dita a história... a “verdade”
que lhe convém”.
Ora, o que tomei conhe-
cimento, naquele fatídico
mês de agostofoi que o
PresidenteVargas, no velho
navio “Minas Gerais”, dias
antes dos afundamentos
dos nossos navios mercan-
tes, nas costas do nordeste,
“Baipendi”,“Bedengó”“Bu-
arquedeMacedo”,“Marcílio
Dias” e outros, pronunciou
um discurso, com o qual
ressaltava o bom relacio-
namento do Brasil com os
doispais,emguerracomos
aliados. Aliás, isso já vinha
de longe. Na invasão da Itá-
lia contra a Abissínia, Mus-
solinefezpublicar“elogiose
agradecimentos à América
Latina, principalmente ao
Brasil, pela ajuida que lhe
foi dada, sobretudo com
matéria prima e alimentos”
Pouco depois, come-
çaram os torpedeamentos
dos nossos navios mercan-
tes, em nosso território,
com alarde na imprensa
mundial, acusando como
autores da agressão, os
alemães, com seus subma-
rinos. Esses nunca apare-
ceram e nem foram noti-
ciadas suas destruições.
Outro particular que
mais me perturbou, dei-
xando-me duvidoso, foi o
fato concreto que, depois
da declaração de guerra do
Brasil contra os países do
“Eixo” não mais ocorreram
outros afundamentos e
nem qualquer ato agressivo
em nossos mares.
Por outro lado, na épo-
ca, sobretudo nos estados
do sul, onde mais se con-
centravam os imigrantes
europeu, italianos, ale-
mães, poloneses, circulou
a notícia, em jornais, logo
abafados, de que quem,
na verdade, agrediu as
embarcações brasileiras
foram os ingleses, como
estratagema paraprovo-
car a revolta da popula-
ção contra o governo, que
adotava aqui o mesmo re-
gime, ditatorial, copiado
dos de lá. Tanto é que, ter-
minada a guerra, poucos
meses após, em 29 de ou-
tubro, Getúlio era deposto
do poder.
Durante esse longo
tempo,sessentaeoitoanos
passados,quandoforamle-
vados para o sacrifício mi-
lhares de brasileiros, ao se
comemorarodiadavitória,
ainda me pergunto? Que
vitória! O que ganhamos?...
Mais de dois mil mortos,
centenas de mutilados,
sacrificados... enquanto o
mundo permanece com
milhões de famintos, mise-
ráveis,sofredores.Os“Vito-
riosos” impõem o domínio
de gruposdesalmados e
interesseiros, indiferentes
às dores e sofrimentos de
multidões. Promovem re-
voluções, alimentam guer-
ras, matam e eliminam
valores, idealistas, - John
e Robert Kennedy, Mar-
tin Luther King, Mahatma
Gandhi – e tantos márti-
res, e inculcam a “verdade”
com O DIA DAVITÓRIA.
Criação colocada à prova
Uma rede social de ex-
posição e interação entre
designers do mundo todo
se concretiza em uma pro-
posta de apresentação de
portfólios e debate em Aná-
polis, através do Behance
Portfólio Reviews. Iniciado
no dia 13, o evento prosse-
gue até dia 20, espontane-
amente, em diversas partes
do mundo. Um grupo ana-
polino cadastrado na rede
se envolveu nessa propos-
ta, na última segunda-feira
(13),noBlocoFdaUnievan-
gélica. Além dos interessa-
dos no tema, participaram
alunosdocursotecnológico
de Design Gráfico e aqueles
matriculados na Publicida-
de e Propaganda.
O Behance é uma pla-
taforma online que foi de-
senvolvida com o intuito
de aproximar portfólios
de trabalhos artísticos nas
categorias de redação, pu-
blicidade, artes plásticas,
fotografia, desenvolvimen-
to tecnológico, programa-
ção, ilustração e design em
suas distintas especifica-
ções. A rede além de abrir
o acesso para portfólios
em todas essas áreas tor-
nou-se também um grande
espaço virtual para gerar
oportunidades de convite
para trabalhos e projetos
criativos com empresas e
outros grupos. O Behance é
um dos maiores acervos de
projetos criativos no mun-
do: são mais de 4 milhões
de documentos do tipo
postados até essa semana.
As etapas do evento con-
sistem no envio dos proje-
tos com um prazo (neste
caso, enviados até o dia 4
deste mês), a banca orga-
nizadora do evento exami-
na os trabalhos, seleciona
quatro e logo depois é feita
a apresentação em públi-
co, com as críticas da cura-
doria. A organização do
Behance Portfólio Reviews
em Anápolis acredita que é
possui realizar três edições
a cada ano.
O auditório do Bloco F
ficou lotado, ao menos 250
pessoas estavam no local
acompanhando a apresen-
tação dos trabalhos selecio-
nados de Rafael Sarmento,
Willian Villas Boas, Maycol
Douglas e a dupla Bruno
Sousa e Bruna Lopes. Na
curadoria estiveram Breno
Martins (Agência Mono-
dois), Priscila Rodrigues
(professora em Design
Gráfico e sócia do Estúdio
OPS!) e Rodrigo Francisco (
Agência BR/BAUEN).
O curso de Design Grá-
fico da Unievangélica
abrigou o evento e o coor-
denador Allyson Barbosa
apontou a importância da
iniciativa para os alunos,
tendo em vista que parte
do grupo organizador são
de egressos do curso. “Este
evento tem a importância
de realizar o intercâmbio
entre a academia e merca-
do profissional, principal-
mente na visibilidade dos
portfólios,porqueesteéum
dos pontos mais importan-
tes para o aluno de design
gráfico, principalmente no
sentido de apresentar pu-
blicamente o seu projeto.”,
afirmou Allyson Barbosa.
Outro curso presente
foi o de Publicidade e Pro-
paganda, da Faculdade
Anhanguera. “A iniciativa
do evento foi ao encontro
da carência de profissionais
e trabalhos aqui na cidade
e isso desperta no aluno a
busca pelo passo a passo do
processocriativovisualizan-
do o público, o cliente e os
seus ícones na formação da
marca”, explicou a professo-
ra coordenadora Andressa
Carmona. Ela apontou ain-
da que apesar de serem áre-
as de atuação específicas,
para o publicitário também
é importante despertar essa
metodologia no processo
criativo, principalmente no
trabalho com a marca.
O grupo que materiali-
zou o encontro da rede em
Anápolis é o FBKAN, com-
posto por Luís Feitoza, Ja-
ckeline Kückelhaus, Frank
Michael, Victor Riccardi e
Osilmar Mendonça – todos
sãoalunosegressosdoscur-
sos de Design Gráfico, En-
genharia de Computação e
Publicidade e Propaganda.
“Como sentimos falta de
reunir o público dessa área
e como também fazemos
parte da plataforma, quise-
mos trazer o Portfólio Re-
views para Anápolis. Temos
a esperança que este even-
to comece a suprir a carên-
cia de designers na cidade”,
afirmou o coordenador do
evento Luís Feitoza.
Feitoza disse que a ci-
dade é carente nessa área
de projetos. “Tanto é que
entre os quatro seleciona-
dos para essa edição, um é
anapolino e ainda por cima
o trabalho desenvolvido
por ele foi para a cidade
de Palmas (TO), a partir de
uma agência daqui”. Se-
gundo Luís Feitoza, muitos
egressos do curso que se
dedicam a profissão saem
da cidade devido a essa fal-
ta de amadurecimento do
mercado, tanto no ponto
de vista do mercado quan-
to na mentalidade da classe
profissional.
CURADORIA, organização e participantes posam para a foto final do Behance Portfólio Reviews: criatividade reunida
O violonista Sidney Barros, o Mestre
Gamela (foto), morreu em Anápolis na
tarde de quinta-feira (16), aos 70 anos
de idade, devido a uma infecção gene-
ralizada provocada por uma colecistite
(inflamação da vesícula biliar). Sidney
BarrosnasceuemBarretos,emSãoPau-
lo, e há 30 anos fez opção por Anápolis
para viver. Gamela começou sua traje-
tória aos 17 anos, em composições e ar-
ranjos para músicos como Nelson Gon-
çalveseMaysa.Eleteveseuaprendizado
de maneira autodidata se inspirando
em João Gilberto e Luis Bonfá, e esteve
presente em orquestras de São José do
Rio Preto (SP). Como professor, iniciou
músicos como Dado Villa Lobos, Zélia
Duncan, Cássia Eller e Nelson Farias
com seu método “A Arte doViolão Solo”,
que preparou durante 10 anos.A morte
de Mestre Gamela teve grande repercus-
são nas redes sociais, com homenagens
defamososeanônimos.Oenterrofoina
sexta-feira(17),noCemitérioParque.
Morre Mestre Gamela