Miguilim vive com sua família em uma região remota. Seu pai bate nele e em sua mãe frequentemente. Miguilim defende sua mãe e briga com seu primo Liovaldo, o que resulta em mais punição violenta de seu pai. Miguilim passa a odiar seu pai e quer vingança quando crescer.
1) O documento contém várias lengalengas curtas em português que exploram rimas e ritmos. 2) As lengalengas descrevem cenas do cotidiano e da natureza envolvendo animais, objetos e atividades como chover, voar e comer. 3) Muitas lengalengas terminam com uma pergunta e resposta curta que continua a rima estabelecida.
recopilação de contos populares catalães em leitura fácilVera Moreira
Este documento apresenta três contos populares catalães adaptados para Leitura Fácil em português: 1) A história do Patufet, um menino minúsculo que ajuda a mãe a comprar açafrão; 2) A história do Gigante do Pinheiro, um agricultor que luta contra um gigante mouro para salvar Barcelona; 3) A história da Noite de São João, quando o sol envia um elfo para verificar se as pessoas estão preparadas para a festa.
A história conta a história de Maria-do-contra, uma cachorrinha diferente que gostava de fazer as coisas de forma não convencional em relação aos outros cachorros da rua. Após ficar quieta por dois meses, Maria voltou grávida e deu à luz seis filhotes, que também herdaram o jeito "do contra" da mãe.
O documento apresenta informações biográficas do escritor Sérgio Capparelli e resumos de alguns de seus poemas, incluindo "Minha Sombra", "Ponto" e "A casa da Dona Rata". Também fornece sugestões para trabalhar os poemas em sala de aula.
Que grande abóbora mimi! valerie thomas e korky paulLucia Rodrigues
Mimi gosta muito de abóbora e cultiva sua própria horta. Quando usa um feitiço para ajudar as plantas a crescerem mais rápido, elas crescem descontroladamente. Isso resulta em uma abóbora gigante que Mimi transforma em um helicóptero laranja.
O documento contém vários poemas e textos sobre poesia, matemática, religião e sons da natureza. Aborda temas como a importância da poesia e da matemática, a fé religiosa e a beleza dos sons do mundo natural.
A história conta sobre uma jovem que aparece no palácio durante uma tempestade dizendo ser uma princesa. Para testar sua realeza, a rainha manda colocar uma ervilha sob vários colchões para sua cama. Na manhã seguinte, a jovem reclama de dores, provando ser realmente sensível como uma princesa.
1) O documento contém várias lengalengas curtas em português que exploram rimas e ritmos. 2) As lengalengas descrevem cenas do cotidiano e da natureza envolvendo animais, objetos e atividades como chover, voar e comer. 3) Muitas lengalengas terminam com uma pergunta e resposta curta que continua a rima estabelecida.
recopilação de contos populares catalães em leitura fácilVera Moreira
Este documento apresenta três contos populares catalães adaptados para Leitura Fácil em português: 1) A história do Patufet, um menino minúsculo que ajuda a mãe a comprar açafrão; 2) A história do Gigante do Pinheiro, um agricultor que luta contra um gigante mouro para salvar Barcelona; 3) A história da Noite de São João, quando o sol envia um elfo para verificar se as pessoas estão preparadas para a festa.
A história conta a história de Maria-do-contra, uma cachorrinha diferente que gostava de fazer as coisas de forma não convencional em relação aos outros cachorros da rua. Após ficar quieta por dois meses, Maria voltou grávida e deu à luz seis filhotes, que também herdaram o jeito "do contra" da mãe.
O documento apresenta informações biográficas do escritor Sérgio Capparelli e resumos de alguns de seus poemas, incluindo "Minha Sombra", "Ponto" e "A casa da Dona Rata". Também fornece sugestões para trabalhar os poemas em sala de aula.
Que grande abóbora mimi! valerie thomas e korky paulLucia Rodrigues
Mimi gosta muito de abóbora e cultiva sua própria horta. Quando usa um feitiço para ajudar as plantas a crescerem mais rápido, elas crescem descontroladamente. Isso resulta em uma abóbora gigante que Mimi transforma em um helicóptero laranja.
O documento contém vários poemas e textos sobre poesia, matemática, religião e sons da natureza. Aborda temas como a importância da poesia e da matemática, a fé religiosa e a beleza dos sons do mundo natural.
A história conta sobre uma jovem que aparece no palácio durante uma tempestade dizendo ser uma princesa. Para testar sua realeza, a rainha manda colocar uma ervilha sob vários colchões para sua cama. Na manhã seguinte, a jovem reclama de dores, provando ser realmente sensível como uma princesa.
Este documento descreve o Prêmio Miguilim Literário da EMEF Maurício Simão, que tem como objetivo estimular a arte literária e discutir temas sociopolíticos atuais por meio da produção de textos literários. Os alunos de 6a a 8a série podem se inscrever em categorias como conto, crônica ou narrativa de aventura sobre temas como educação, saúde e mobilidade urbana. Os três melhores trabalhos serão premiados em uma cerimônia em novembro.
O documento discute a necessidade de se elaborar planos municipais de mobilidade urbana até 2015 para que as cidades possam receber recursos para o setor. Apesar de anunciar novos investimentos, o governo federal não mencionou a urgência da aprovação destes planos. Especialistas defendem que os planos devem priorizar o transporte coletivo e não motorizado, integrar políticas de mobilidade e mudanças climáticas, e contar com participação popular. Apenas 9 capitais desenvolveram seus planos até agora.
Gastos para copa do mundo e olimpíadas x ganhos sociais Kugera_tatsuki
O documento discute os possíveis impactos sociais da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Aponta que os investimentos em arenas esportivas superam em muito os investimentos em habitação e saneamento e que remoções de comunidades têm ocorrido. Também questiona se a mobilidade urbana será de fato melhorada para a população ou se beneficiará principalmente áreas já privilegiadas.
Bilhões de pessoas vivem em condições inadequadas de moradia no mundo. A falta de moradia é um dos sintomas mais graves da violação do direito à moradia adequada e é causada por fatores como pobreza, falta de habitação social, especulação imobiliária e migração urbana desordenada. Mais de um bilhão de pessoas vivem em favelas sem acesso a serviços básicos. O acesso restrito à moradia também viola este direito, empurrando famílias pobres para situações cada vez mais
O documento discute os desafios da educação no Brasil, incluindo baixo desempenho em avaliações internacionais, altas taxas de analfabetismo funcional e falta de valorização dos professores. Argumenta-se que a qualidade da educação depende da qualidade da formação docente e que as mudanças só ocorrerão quando os professores forem vistos como sujeitos em constante aprendizagem, e não apenas como executores de ideias alheias.
O documento descreve diversas figuras de linguagem, incluindo figuras de sintaxe, figuras de pensamento, figuras de palavras e figuras de harmonia. As figuras de sintaxe incluem assíndeto, elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, polissíndeto, anástrofe, hipérbato, hipálage e anacoluto. As figuras de palavras consistem no emprego de termos com sentidos diferentes dos convencionais, como metáfora, comparação, metonímia, sinédoque e
1. O documento discute figuras de linguagem, que são recursos que dão mais vigor e colorido à comunicação. 2. Figuras de palavras como metáfora, metonímia e catacrese substituem ou transpom palavras para um sentido figurado. 3. Figuras de pensamento como antítese e ironia expressam ideias de forma indireta.
Este documento discute a diferença entre o sentido denotativo e conotativo das palavras. O sentido denotativo é o literal ou comum, enquanto o sentido conotativo é um desvio ou acréscimo ao sentido original. É importante atentar ao contexto para interpretar corretamente o sentido das palavras e a intenção do autor.
Este documento descreve a chegada de uma "esperança" (um inseto) na casa da autora. Seu filho avista o inseto na parede e ambos ficam observando seus movimentos devagaros e hesitantes. No entanto, uma aranha surge e ameaça capturar a "esperança", mas o filho a mata com uma vassoura para protegê-la. A autora reflete sobre a delicadeza do inseto e como sua presença trouxe alegria para a família.
O conto descreve um homem que começa a maltratar e matar seus animais de estimação devido ao seu alcoolismo crescente. Ele enforca seu gato preto favorito, Pluto, e depois encontra outro gato preto muito parecido que leva para casa. No entanto, ele passa a sentir aversão e ódio pelo novo gato, que também perdeu um olho de forma misteriosa.
A moradora de um lixão descreve como sua comunidade depende do lixão para sobreviver, obtendo alimentos, remédios, mobília e outros itens necessários. Ela questiona o que farão se o lixão for fechado, já que dependem dele para viver e alimentar suas famílias. A mulher expressa fé de que Deus não permitirá que sejam retirados à força do único lugar que consideram seu lar.
O narrador chega à casa sombria e melancólica dos Usher e sente um sentimento de tristeza e terror insuportável. Dentro da casa, estranhos ruídos e visões o assombram, fazendo-o questionar sua sanidade. Quando encontra os corpos sem vida dos membros da família Usher, descobre que uma antiga maldição finalmente se cumpriu.
O documento descreve as características do gênero literário conto. Apresenta que o conto tem origem nas narrativas orais antigas e possui elementos como enredo, personagens, tempo e espaço em proporção reduzida em comparação a outros gêneros. Destaca também que o enredo do conto segue uma sequência lógica de acontecimentos com introdução, complicação, clímax e desfecho.
Este documento descreve o Prêmio Miguilim Literário da EMEF Maurício Simão, que tem como objetivo estimular a arte literária e discutir temas sociopolíticos atuais por meio da produção de textos literários. Os alunos de 6a a 8a série podem se inscrever em categorias como conto, crônica ou narrativa de aventura sobre temas como educação, saúde e mobilidade urbana. Os três melhores trabalhos serão premiados em uma cerimônia em novembro.
O documento discute a necessidade de se elaborar planos municipais de mobilidade urbana até 2015 para que as cidades possam receber recursos para o setor. Apesar de anunciar novos investimentos, o governo federal não mencionou a urgência da aprovação destes planos. Especialistas defendem que os planos devem priorizar o transporte coletivo e não motorizado, integrar políticas de mobilidade e mudanças climáticas, e contar com participação popular. Apenas 9 capitais desenvolveram seus planos até agora.
Gastos para copa do mundo e olimpíadas x ganhos sociais Kugera_tatsuki
O documento discute os possíveis impactos sociais da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Aponta que os investimentos em arenas esportivas superam em muito os investimentos em habitação e saneamento e que remoções de comunidades têm ocorrido. Também questiona se a mobilidade urbana será de fato melhorada para a população ou se beneficiará principalmente áreas já privilegiadas.
Bilhões de pessoas vivem em condições inadequadas de moradia no mundo. A falta de moradia é um dos sintomas mais graves da violação do direito à moradia adequada e é causada por fatores como pobreza, falta de habitação social, especulação imobiliária e migração urbana desordenada. Mais de um bilhão de pessoas vivem em favelas sem acesso a serviços básicos. O acesso restrito à moradia também viola este direito, empurrando famílias pobres para situações cada vez mais
O documento discute os desafios da educação no Brasil, incluindo baixo desempenho em avaliações internacionais, altas taxas de analfabetismo funcional e falta de valorização dos professores. Argumenta-se que a qualidade da educação depende da qualidade da formação docente e que as mudanças só ocorrerão quando os professores forem vistos como sujeitos em constante aprendizagem, e não apenas como executores de ideias alheias.
O documento descreve diversas figuras de linguagem, incluindo figuras de sintaxe, figuras de pensamento, figuras de palavras e figuras de harmonia. As figuras de sintaxe incluem assíndeto, elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, polissíndeto, anástrofe, hipérbato, hipálage e anacoluto. As figuras de palavras consistem no emprego de termos com sentidos diferentes dos convencionais, como metáfora, comparação, metonímia, sinédoque e
1. O documento discute figuras de linguagem, que são recursos que dão mais vigor e colorido à comunicação. 2. Figuras de palavras como metáfora, metonímia e catacrese substituem ou transpom palavras para um sentido figurado. 3. Figuras de pensamento como antítese e ironia expressam ideias de forma indireta.
Este documento discute a diferença entre o sentido denotativo e conotativo das palavras. O sentido denotativo é o literal ou comum, enquanto o sentido conotativo é um desvio ou acréscimo ao sentido original. É importante atentar ao contexto para interpretar corretamente o sentido das palavras e a intenção do autor.
Este documento descreve a chegada de uma "esperança" (um inseto) na casa da autora. Seu filho avista o inseto na parede e ambos ficam observando seus movimentos devagaros e hesitantes. No entanto, uma aranha surge e ameaça capturar a "esperança", mas o filho a mata com uma vassoura para protegê-la. A autora reflete sobre a delicadeza do inseto e como sua presença trouxe alegria para a família.
O conto descreve um homem que começa a maltratar e matar seus animais de estimação devido ao seu alcoolismo crescente. Ele enforca seu gato preto favorito, Pluto, e depois encontra outro gato preto muito parecido que leva para casa. No entanto, ele passa a sentir aversão e ódio pelo novo gato, que também perdeu um olho de forma misteriosa.
A moradora de um lixão descreve como sua comunidade depende do lixão para sobreviver, obtendo alimentos, remédios, mobília e outros itens necessários. Ela questiona o que farão se o lixão for fechado, já que dependem dele para viver e alimentar suas famílias. A mulher expressa fé de que Deus não permitirá que sejam retirados à força do único lugar que consideram seu lar.
O narrador chega à casa sombria e melancólica dos Usher e sente um sentimento de tristeza e terror insuportável. Dentro da casa, estranhos ruídos e visões o assombram, fazendo-o questionar sua sanidade. Quando encontra os corpos sem vida dos membros da família Usher, descobre que uma antiga maldição finalmente se cumpriu.
O documento descreve as características do gênero literário conto. Apresenta que o conto tem origem nas narrativas orais antigas e possui elementos como enredo, personagens, tempo e espaço em proporção reduzida em comparação a outros gêneros. Destaca também que o enredo do conto segue uma sequência lógica de acontecimentos com introdução, complicação, clímax e desfecho.
1. Campo Geral
Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos,longe, longe daqui,
muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco
conhecidas, em ponto remoto, no MutUm. No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em
trecho de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete,
havia saído dali, pela primeira vez: o tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser
crismado no Sucurijú, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara
aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca pôde se esquecer:
alguém, que já estivera no Mutúm, tinha dito: — “É um lugar bonito, entre morro e morro,
com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre...”
Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de
ter de viver ali. Queixava-se, principalmente nos demorados meses chuvosos, quando
carregava o tempo, tudo tão sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou, mesmo na
estiagem, qualquer dia, de tardinha, na hora do sol entrar [...]
— Pai está brigando com Mãe. Está xingando ofensa, muito. Estou com medo, ele
queria dar em Mamãe...
Era o Dito, tirando-o por um braço. O Dito era menor mas sabia o sério, pensava ligeiro
as coisas. Deus tinha dado a ele todo juízo. E gostava, muito, de Miguilim. Quando foi a estória
da Cuca, o Dito um dia perguntou: -”Quem sabe é pecado a gente ter saudade de cachorro?…”
O Dito queria que ele não chorasse mais por Pingo-de-Ouro, porque sempre que ele chorava o
Dito também pegava vontade de chorar junto.
— Eu acho, Pai não quer que Mãe converse mais nunca com o Tio Terêz... Mas está
soluçando em pranto, demais da conta.
Miguilim entendeu tudo tão depressa, que custou para entender. Arregalava um
sofrimento. O Dito se assustou: — “Vamos na beira do rego, ver os patinhos nadando...” —
acrescentava. Queria arrastar Miguilim.
—Não, não... Não pode bater em Mamãe, não pode...
Miguilim brotou em choros. Chorava alto. De repente, rompeu para a casa. Dito não o
conseguia segurar.
Diante do pai, que se irava feito m fero, Miguilim não pôde falar nada, tremia e
soluçava; e correu para a mãe, que estava ajoelhada encostada na mesa, as mãos tapando o
rosto. Com ela se abraçou. Mas dali já o arrancava o pai, batendo nele, bramando. Miguilim
nem gritava, só procurava proteger a cara e as orelhas; o pai tirara o cinto e com ele golpeava-
lhe as pernas, que ardiam, doíam como queimaduras quantas, Miguilim sapateando. Quando
pôde respirar, estava posto sentado no tamborete, de castigo. E tremia, inteirinho o corpo. O
pai pegara o chapéu e saíra.
A mãe, no quarto, chorava mais forte, ela adoecia assim nessas ocasiões, pedia todo
consolo. Ninguém tinha querido defender Miguilim. Nem Vovó Izidra. E tanto, até o pai parecia
ter medo de Vovó Izidra. Ela era riscada magra, e seca, não parava nunca de zangar com todos,
por conta de tudo. Com o calor que fizesse, não tirava o fichu preto. —“Em vez de bater, o que
deviam era de olhar para a saúde deste menino! Ele está cada dia mais magrinho...”
[...]
Quando Miguilim chegava em casa, Drelina ou Mãe punham o prato de comida para
ele, na mesa, o feijão, arroz, couve, às vezes tinha torresmos, às vezes tinha carne-seca, tinha
batata-doce, mandioca, ele mexia o feijão misturando com farinha-de-milho, ia comendo,
sentado no banco, queria parecer o homenzinho sério, por fatigado. O Liovaldo então vinha
querer conversar.
O Liovaldo era malino. Vinha com aquelas mesmas conversas do Patori, mas mesmo
piores. – “Miguilim, você precisa de mostrar sua pombinha à Rosa, à Maria Pretinha, quando
não tiver ninguém perto...” Miguilim não respondia. Então o Liovaldo dizia um feitiço que
2. sabia, para fazer qualquer mulher ou menina consentir: que era só a gente apanhar m tiquinho
de terra molhada com a urina dela, e prender numa cabacinha, junto com três formigas-
cabeçudas. Miguilim se enraivecia, de nada não dizer. Mesmo o Liovaldo sendo maior do que
ele, ele achava que o Liovaldo era abobado, demais. Perto do Liovaldo, Miguilim nem queria
conversar com a Rosa, com o vaqueiro Salúz, com pessoa nenhuma, nem brincar com
Tomezinho e a Chica, porque o Liovaldo, só de estar em presença, parecia que estragava o
costume da gente com as outras pessoas. Mas então o Liovaldo ainda ficava mais querendo a
companhia dele.
E foi que uma vez ia passando o Grivo, carregando dois patos, peados embira, disse
que ia levando para vender no Tipã. O dia estava muito quente, os patos chiavam com sede, o
Grivo esbarrou para escutar a gaitinha do Liovaldo – ele nunca tinha avistado aquilo – e
aproveitou, punha os patos para beber água num pocinho sobrado da chuva. Aí o Liovaldo
começou a debochar, daí cuspiu no Grivo, deu com o pé nos patos, e deu dois tapas no Grivo.
O Grivo ficou com raiva, quis não deixar bater, mas o Liovaldo jogou o Grivo no chão, e ainda
bateu mais. O Grivo então começou a chorar, dizendo que o Liovaldo estava judiando dele e da
criação que ele ia levando para vender.
O ódio de Miguilim foi tanto, que ele mesmo não sabia o que era, quando pulou no
Liovaldo. Mesmo menor, ele derrubou o Liovaldo, esfregou na terra, podia derrubar sessenta
vezes! E esmurrou, esmurrou, batia no Liovaldo de todo jeito, dum tempo só até batia e
mordia. Matava um cão?! O Liovaldo, quando pôde, chorava e gritava, disse depois que o
Miguilim parecia o demo.
Era dia-de-domingo, Paiestava lá,veio correndo.Pegou o Miguilim, e o levou para casa,
debaixo de pancadas. Levou para o alpendre. Bateu demão, depois resolveu: tirou a roupa
toda de Miguilim e começou abater com a correia da cintura. Batia e xingava, mordia a ponta
da língua, enrolada, se comprazia. Batia tanto, que Mãe, Drelina e a Chica, a Rosa, Tomezinho,
e até Vovó Izidra, choravam, pediam que não desse mais, que já chegava. Batia. Batia, mas
Miguilim não chorava. Não chorava, porque estava com um pensamento: quando ele
crescesse, matava Pai. Estava pensando de que jeito era que ia matar Pai, e então começou até
a rir. Aí, Pai esbarrou de bater, espantado: como tinha batido na cabeça também, pensou que
Miguilim podia estar ficando doido.
—“Raio de menino indicado, cachorro ruim! Eu queria era poder um dia abençoar teus
calcanhares e tua nuca!...” — ainda gritou. Soltou Miguilim, e Miguilim caiu no chão. Também
não se importou, nem queria se levantar mais.
E Miguilim chorou foi lá dentro de casa, quando Mãe estava lavando com água-com-sal
os lugares machucados em seu corpo. —“Mas, meu filhinho, Miguilim, você, por causa de um
estranho, você agride um irmão seu, um parente?” “—Bato! Bato é no que é o pior, no
maldoso!” Bufava. Agora ele sabia, de toda certeza: Pai tinha raiva com ele, mas Pai não
prestava. A mãe o olhava com aqueles tristes e bonitos olhos. Mas Miguilim também não
gostava mais da Mãe, Mãe sofria junto com ele, mas era mole — não punia em defesa, não
brigava até ao fim por conta dele, que era fraco e menino, Pai podia judiar quanto queria, Mãe
gostava era do Luisaltino... Mas até parece que ela adivinhava o pensamento de Miguilim,
tanto que falava: —“Perdoa o teu Pai, que ele trabalha demais, Miguilim, para a gente poder
sair de debaixo da pobreza...” mas Miguilim não queria chorar mais. Podiam matar, se
quisessem, mas ele não queria ter mais medo de ninguém, de jeito nenhum. Demais! Assoou o
nariz. — “Pai é homem jagunço de mau. Pai não presta.” Foi o que ele disse, com todo
desprezo.
ROSA, João Guimarães. MANUELZÃO E MIGUILIM. 9ª Ed. Rio de janeiro: Nova Fronteira.