SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 35
Baixar para ler offline
Universidade do Vale do Itajaí
Centro de Educação São José
Curso de Relações Internacionais
A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS
PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES
BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE
MATHEUS SELL KOERICH
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
banca examinadora como parte das exigências
para a obtenção do título de bacharel em
Relações Internacionais pela Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI.
Professor Orientador: MSc. Paulo Jonas Grando
UNIVALI - São José
SÃO JOSÉ - 2010
2
RESUMO
Palavras-chave: Brasil, Europa, Futebol Internacional, Jogadores de Futebol, Negócios
Internacionais.
Abstract
Key-words: Brazil, Europe, International Business, International Soccer (Football), Soccer
Players.
Este artigo discute a importância do futebol na esfera dos negócios internacionais. Nesse
sentido, o foco é a “exportação” de jogadores profissionais do Brasil que passam a atuar na
Europa e secundariamente, observa a importância econômica deste negócio internacional
para a Balança Comercial Brasileira nos últimos anos. Através de pesquisa empírica e com
base em dados secundários apresenta os principais motivos alegados por atletas e pelos
clubes para os venderem, e os primeiros por optarem jogar futebol em outro continente.
Neste contexto, e com o foco na Europa, realiza-se o diagnóstico de quais os principais
destinos para os atletas naquele continente. O exame destas informações permite mostrar
que, de fato, o futebol através das transações entre clubes, federações, agentes FIFA e atletas
criam oportunidades e com isto alavancam negócios neste meio, o que faz movimentar
valores em termos econômicos no cenário internacional, o que reflete na economia do Brasil
e dos países da Europa, foco deste estudo. Com isto, constata-se que o Brasil exportou cerca
de dois mil e quatrocentos e trinta e seis (2.436) jogadores de futebol para os principais
destinos do exterior, ou seja, o equivalente a cerca de cem (100) times de futebol formados
por jogadores titulares e suplentes.
This article presents the importance of Soccer (Football) and the Soccer Business
internationally. Then, the main focus is the “exportation” of professional Soccer Players
from Brazil to Europe to work (play soccer hired by a club). Followed by that, the article
notes the economic importance in international business for the Brazilian Trade Balance in
the last five years. After that, an empirical research has been made which shows the main
reasons given by soccer athletes and clubs about the option to play soccer in another
continent and sell their athletes. After all, the examination of these allegations allows and
explains that, in fact, Soccer and its players transfers between clubs, federations, FIFA
Agents create opportunities to leverage countries and continents economy in the
international plan, reflecting in Brazil and Europe, focus of this paper.About these theme, it
was noted that Brazil exported about two thousand and four hundred and thirty-six (2436)
soccer players to the major destinations abroad which means the equivalent of almost one
hundred (100) soccer teams formed by its players and substitutes.
3
A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS
PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES
BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE
Matheus Sell Koerich
Sumário: 1. Introdução; 2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o
exterior e sua importância para balança comercial brasileira; 3. Características, motivos e
estímulos para atletas profissionais brasileiros atuarem em solo estrangeiro; 4. Os principais
destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa; 5. Considerações Finais; 6.
Referências Bibliográficas.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda uma questão que não é nova no cenário internacional, porém
se mostra pouco estudada no mundo acadêmico das Relações Internacionais (RI)1
: trata-se da
temática esportiva2
. Especificando, discute-se a “exportação” de jogadores de futebol
brasileiros para o continente europeu. A delimitação deste cenário está centrada na
importância econômica desta “área de negócios internacionais3
”, atrelada ao Setor de Serviços
Brasileiro4
, nos motivos que produzem o fato empírico e nos principais destinos profissionais
em que atuam os jogadores brasileiros de futebol, na Europa.
Do exposto, o problema da pesquisa envolveu os questionamentos que seguem: a)
Qual é o comportamento econômico que a exportação de jogadores profissionais produz na
balança comercial brasileira dos últimos anos? b) Quais são os principais motivos alegados
1
Neste caso, Relações Internacionais em maiúsculas se refere à disciplina acadêmica. E relações internacionais
em letras minúsculas aborda o conjunto de intercâmbios que acontece entre nações, povos e/ou culturas.
2
Este tema é bastante novo. Por exemplo, em uma pesquisa rápida no guia de assuntos já abordados pela mais
prestigiada revista brasileira dedicada à política externa e às relações Internacionais (Revista Política Externa) os
temas de esporte e futebol não aparecem, mas na prática o governo brasileiro utiliza-se da Seleção Brasileira de
Futebol para promover o país no exterior, em campanhas pacifistas como no caso da partida de futebol entre o
time brasileiro e a Seleção do Haiti em 18 de agosto de 2004, no Estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe (Haiti).
3
O Manual de Negociações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP,
elaborado por seu Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – DEREX, destaca que as
negociações servem, sobretudo, para possibilitar a liberalização do comércio entre os países e para garantir um
ambiente mais seguro para produtores e investidores. Disponível em:
http://www.fiec.org.br/artigos/negocios/manual_negociacoes_internacionais.pdf Acesso: 25 de julho de 2010.
4
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, o setor de serviços
(ou terciário) da economia brasileira envolve a comercialização de produtos e a prestação de serviços comerciais,
pessoais ou comunitários à população. As estatísticas disponíveis revelam a importância do setor de serviços
para a economia brasileira. Em 2008, o setor contribuiu com 65,3% do valor adicionado ao PIB e foi, no mesmo
período, o principal receptor de investimentos diretos (38,5%). Tradicionalmente, é também o maior gerador de
postos formais de trabalho do País: segundo dados do Ministério do Trabalho. Disponível em:
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2412 Acesso: 25 de julho de 2010.
4
por clubes e jogadores para a venda ou para os profissionais optarem por atuar no exterior? E
c) Quais são os principais destinos nacionais destes jogadores no continente europeu?
As principais premissas teóricas (liberalismo, construtivismo, realismo, e marxismo)
das RI enfocam, predominantemente, a Política Internacional. Esta condição está atrelada ao
fato de que nas relações entre atores dotados do instituto da soberania, o fator político torna-se
determinante para o exercício e defesa de suas prioridades (OLIVEIRA, 2008). Mas isto não
impede que outros assuntos e temas que não façam parte da política internacional, como o
futebol, não sejam trabalhados por àqueles profissionais que atuam com RI.
Desta maneira, pode-se apontar que na disciplina de RI este é um tema novo, devido
ao foco que se dá a esta carreira, onde as pesquisas estão mais ligadas a disciplinas como
diplomacia, teorias de Relações Internacionais, política externa, ciência política, direito
internacional, entre outras. Porém, ao abordar negociações internacionais na área esportiva,
um internacionalista, ao atuar como negociador entre clubes e atletas, também faz o papel de
diplomata, porém não representando um Estado e seus interesses, mas sim interesses
comerciais de entidades, clubes ou pessoas.
Ao tratar de negócios internacionais na área do futebol nota-se a importância da
globalização, a qual afeta, principalmente, o contexto econômico e cultural da atividade. Este
subsetor da economia, atrelado ao setor de serviços, atua com a chamada “produção de
emoções”. Neste sentido, o futebol, conhecido no Brasil e na Europa como o esporte das
massas se destaca, pois nenhum outro segmento esportivo é tão internacionalizado como este.
Este aspecto gera uma indústria específica muito grande em termos de movimentação
econômico-financeira. Por isto e esta é uma das razões, a escolha do tema baseou-se pela
importância dada a este esporte no plano internacional e principalmente pelos seus reflexos no
espaço nacional. No Brasil este esporte movimenta bilhões anualmente, através de seus
Clubes, Federações, Associações, Agentes FIFA56
, investidores, atletas, e outros atores que
atuam nesta “indústria”.
Ao ser tratado como um negócio internacional, isto desde 1910 (COELHO, 2009), a
exportação de jogadores profissionais pelo Brasil se destaca. A questão é vista pelos valores
financeiros que a atividade apresenta: consideradas altas e em elevação. Nesse sentido, as
transferências de determinados atletas, realizadas com diversos países do mundo, apresentam
a Europa como o continente onde estas magnitudes financeiras são crescentes.
5
Fédération Internationale de Football Association – FIFA (Federação Internacional de Futebol – FIFA)
6
A atividade de Agente FIFA consiste em representar atletas e clubes nas transações nacionais e internacionais e
outros tipos de negócios profissionais envolvendo o futebol, buscando as melhores oportunidades e procurando
estabelecer uma relação profissional e de respeito com os clubes.
5
A identificação das características, incentivos e estímulos dados a estes atletas
profissionais para atuarem em solo estrangeiro e o que lhes é proporcionado para exercerem
esta profissão em clubes daquele continente é o objetivo deste estudo. Por isto, este artigo
buscou pesquisar a importância econômica da exportação de jogadores profissionais na
balança comercial brasileira nos últimos anos, os principais destinos destes jogadores no
continente europeu e os motivos mais alegados por clubes, agentes de futebol e jogadores para
optarem por atuar no exterior.
Ao abordar as transferências de jogadores brasileiros de futebol, a pesquisa observou
os principais destinos na Europa, os incentivos e os principais motivos que levam os
jogadores a tomar a decisão de se transferir para um clube de outro continente. Neste caso, via
pesquisa bibliográfica e entrevistas com jogadores profissionais, foram levantados alguns dos
fatores que são freqüentemente mencionados como fundamentais nestas decisões. No mesmo
sentido, dados da balança comercial brasileira de serviços foram utilizados para demonstrar os
valores referentes a compra e venda de atleta profissionais, isto com base nos dados do
Boletim Anual de Relações Econômico-Financeiras com o Exterior, do Banco Central do
Brasil – BACEN e dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via
Internet, denominado Alice Web, desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. No
mesmo sentido as relações de Transferência Internacionais da Confederação Brasileira de
Futebol – CBF permitiram detalhar os principais destinos dos jogadores brasileiros nos
gramados europeus.
Do exposto, a estrutura do trabalho observa que a primeira seção trata dos aspectos
econômicos das transferências de jogadores de futebol para o exterior e as conseqüências na
balança comercial brasileira nos últimos anos. Em seguida, após as estruturas analisadas em
conjunto e informações coletadas com atletas profissionais desta categoria, é apresentado os
principais motivos alegados por jogadores para serem vendidos ao exterior, e o que os levou a
tomarem estas decisões. Por fim, abordam-se os principais destinos europeus para jogadores
brasileiros praticarem o futebol.
2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o
exterior e sua importância para balança comercial brasileira
O foco e a justificativa apresentada possibilitam o estudo do assunto sob o ângulo
dos negócios internacionais. Como qualquer outro setor da economia, o instrumento de
exportação de atletas é visto como um fator de ganha-ganha entre atletas e clubes. Por um
6
lado, os europeus ganham com a qualidade nos gramados, estádios cheios e a aplicação de
técnicas de marketing7
das mais diversas formas, por terem em seu clube um ou mais
brasileiros, e por outro, o lado dos clubes brasileiros, as negociações são vistas com um
propósito importante: o de os clubes se livrarem das dívidas. É o que aponta Damiani (2009),
para quem “a participação da venda de jogadores na composição da receita de diversos clubes
brasileiros de futebol está situada, tipicamente, em aproximadamente 25%. Essa constatação
ressalta que se trata de um item de receita que tem se mostrado fundamental para que muitas
agremiações possam buscar o equilíbrio de suas despesas e receitas”. Continuando na
discussão do assunto, o autor consultado observa que:
Pode-se já entender que, do ponto de vista de transações, envolvendo atletas,
submeter-se-ia, se assim se pode dizer, à força da gravidade, que estabelece a
atração de dois corpos como diretamente proporcional às suas massas e
inversamente proporcional ao quadro da distância entre eles. Como decorrência,
atletas tenderão a gravitar em torno de massas de maior expressão econômica, como
representadas pelas ligas européias, no lugar de buscar órbitas associadas a massas
menores. É natural, portanto, que sejam por elas, as ligas mais expressivas, atraídos
e retidos, em sua maior parte (DAMIANI, 2009).
O futebol é um espetáculo de massas que movimenta números astronômicos em
público e dinheiro (CARRANO, 2000). Neste caso, os jogadores são os artistas deste
espetáculo, mas também são mercadorias expostas nas “vitrines” que são os clubes, e ainda,
nas “vitrines eletrônicas” como sites de internet, rádios e televisão. Neste sentido, o esporte e
seus principais personagens são produtos prontos para ser consumidos por cidadãos-
consumidores do mundo globalizado, como apontado por Paulo Cesar R. Carrano.
Este tipo de negócio internacional figura como uma importante atividade pelos
valores que movimenta na balança comercial brasileira de serviços. Esta é mais uma
justificativa relevante para o foco desta parte do trabalho. A questão financeira é importante e
este aspecto se sustenta na supremacia econômica dos países, e conseqüentemente de seus
clubes. De acordo com Paulo Vinícius Coelho (2009) esta filosofia tem os empresários do
ramo como os principais protagonistas.
Buscando aprofundar esta questão, em Lucas Amorim Pereira (2007) é possível de
observar que a exportação de jogadores cresceu 650% nas últimas três décadas, seguindo a
mesma trajetória da exportação de serviços. Ao abordar o ano de 2006, o autor cita que neste
período o setor do futebol se expandiu em 35%, em relação ao ano anterior, e chegou a marca
de R$ 12 bilhões. Neste a atividade, da “exportação de atletas”, movimentou 2,5% desse
7
De acordo com Kotler e Keller (2006) é o conjunto de atividades que têm por finalidade a criação e divulgação
de ações que correspondem a um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas divulgam e
podem obter aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e
serviços de valor com outros. E ainda de acordo com Kotler: "Marketing é a atividade humana dirigida para a
satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca."
7
montante, ou R$ 300 milhões. Ainda, agora observando este aspecto no mundo, isto pode ser
observado por uma das mais prestigiadas instituições de pesquisas do país:
De acordo com o relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro
(2000) da Fundação Getúlio Vargas - FGV, que inclui os agentes diretos, como
clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a
mídia, o futebol mundial movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares
anuais (LEONCINI & SILVA, 20038
).
Neste sentido, Pereira (2007), através de dados do Banco Central do Brasil, revela que
as atividades empresariais e profissionais lideram a pauta de exportações, com 38% do total.
É neste posto que se destaca o futebol e o trabalho dos jogadores, sobre os quais a FGV
apresenta que o PIB deste esporte cresce a níveis de 10,8% ao ano e representa 1,95% do PIB
nacional. Porém, na contramão desta expansão os clubes que disputam o Campeonato
Brasileiro acumulam dívidas de cerca de R$ 900 milhões e apenas 4,3% dos atletas ganham
mais de vinte salários mínimos por mês. Por isto, Pereira (Op. cit.) aborda que, neste contexto,
a exportação de jogadores é inevitável.
Também Carrano (2000), ao enfatizar a globalização do futebol em sua obra, constata
que este esporte está presente no dia-a-dia dos negócios internacionais, e movimenta valores
em transações dos mais diversos tipos. Tais negócios envolvem: a) direitos de transmissão de
jogos (de ligas nacionais como o Campeonato Brasileiro, Série A Italiana, Liga Espanhola,
Copa Libertadores, Copa do Mundo FIFA, Eurocopa, Copa América, e outros campeonatos
ao redor do mundo) entre cadeias de televisão públicas; b), patrocínios em camisas dos clubes
(exemplos atuais do clube de futebol A.C. Milan e a empresa aérea Emirates Airlines no valor
de €60 milhões por quatro anos); c) transmissão de jogos por rádio; d) compra de terrenos
para construção de novos estádios; e) direitos de naming de estádios (caso da empresa PPL
Energy Plus junto ao estádio do clube Philadelphia Union dos Estados Unidos, o que
significou mudar o nome do estádio para PPL Park pelos próximos 11 anos pelo valor de
€14,7 milhões); f) fornecimento de equipamentos esportivos cujo principal exemplo é a
atuação da multinacional Nike9
para clubes por todo o plano internacional.
Com isto, a “globalização no mundo do futebol”, faz com que jovens e torcedores
adotem clubes e ídolos globais. Esta força mundializada10
do futebol é impulsionada por
imagens capazes de criar torcedores de times europeus em bairros populares do Rio de
8
LEONCINI, M. P. & DA SILVA, M. T. Entendendo o Futebol como um negócio: Um estudo exploratório.
2004. Disponível em: http://tinyurl.com/2dxr8mc Acesso: 22 de abril de 2010.
9
Futebol Finance. Os 15 maiores negócios do futebol em fevereiro de 2010. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-fevereiro-2010 Acesso: 11 de abril de 2010.
10
Termo francês, que ao se referir a Mondialisation, designa expansão e harmonização entre as nações,
atividades humanas e sistemas políticos em todo o mundo, afetando as pessoas, na maioria das vezes, com
efeitos ao que se refere a transferências, intercâmbios internacionais de bens, trabalho e conhecimento.
8
Janeiro, vender camisetas do Flamengo em Moscou, bonés do “Barça11
” em Salvador e faz
com que marcas de empresas esportivas norte-americanas sejam pirateadas e vendidas nos
inúmeros mercados informais, como no Calçadão de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro
(CARRANO, 2000).
Ao aprofundar a discussão sobre a “exportação” de jogadores de futebol, com foco na
Europa, é importante destacar algumas observações apresentadas por Eduardo Galeano em
sua obra, Futebol ao Sol e à Sombra (2004). Nesta, o autor aborda pontos relevantes sobre
questão dos “preços” deste material humano. Ele afirma que dirigentes, agentes, procuradores,
empresários e demais atores deste cenário ocupam um espaço relevante na mídia nacional e
internacional e elabora uma crítica interessante. Segundo ele, antigamente os “passes” se
referiam à viagem da bola de um jogador para o outro; agora, os passes aludem, antes, a
viagem do jogador de um clube para outro de um país para outro. Neste sentido, os valores
das transferências de atletas brasileiros para o exterior estão em elevação e os atletas estão
saindo do país em idades menores12
. Como exemplo, merece destaque o caso do atacante
Neymar13
do Santos F.C., que no ano de 2006, quando ainda estava nas categorias de base do
clube Santista, sofreu assédio de clubes Europeus, como o próprio Real Madrid.
Neste diapasão, os dados apontam que o processo das transferências de jogadores de
futebol do Brasil para o exterior representa 0,3% na Balança Comercial Brasileira de acordo
com o Relatório Anual do Banco Central do Brasil14
de 2008 (figura 01 a seguir).
11
Alusão ao F.C. Barcelona, clube espanhol.
12
É o que ressalta Paulo Roberto Falcão, ao escrever o prefácio do livro Bola Fora – A história do êxodo do
futebol brasileiro, de Paulo Vinicius Coelho (2009). Segundo Falcão, hoje tem jogador que nem se
profissionalizou ainda e já está saindo. Ele aponta que o público e os torcedores costumam ver essas transações
como negócios, e é um fato real, pois a realidade do futebol é a realidade do mercado.
13
O atleta Neymar do Santos FC é foco de clubes Europeus como Real Madrid e o Chelsea de Londres. Na mira
do Real Madrid, Neymar é chamado de 'Messi brasileiro' por diário espanhol. Sensação do Santos estaria
avaliada em €30 milhões (ou R$ 72 milhões de acordo com o câmbio do dia 14/04/2010). Fonte:
GLOBOESPORTE.COM Disponível em: http://tinyurl.com/38evhzp Acesso: 15 de abril de 2010.
14
Segundo o Banco Central, os dólares provenientes da venda de atletas entram e são computados na Balança
Comercial de Serviços. O órgão começou a contabilizar os valores das transferências em 1993, e desde então, a
exportação de jogadores já rendeu ao país mais de US$1 bilhão.
9
Figura 01 – Exportação de atletas em milhões de dólares.
Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN.
Os dados do quadro 115
, podem ser considerados pequenos se comparados com os
US$152,9 bilhões16
que o país exportou no ano de 2009. No entanto, a exportação de
jogadores, se tomada individualmente é um negócio importante. O aumento destes números
não quer dizer que o país é ou se tornou o ator que movimenta cada dia mais valores no plano
internacional neste setor da economia, porém não fica para trás nesta leitura. Contudo, pode-
se apontar que é definitivamente um agente relevante, se não o mais importante, quando se
fala deste esporte no sentido de “fabricar” novos atletas. A Inglaterra, por exemplo, na
temporada 2008/2009 investiu £812 milhões17
na compra de jogadores. Porém, diferente do
Brasil e de outros países da América Latina, os ingleses não buscam a venda de atletas como
15
Dados do Banco Central, apud NERY, André Luís. Brasil exporta mais atletas, mas ganha menos, extraído
pelo autor do portal G1 – O portal de notícias da Globo – Economia e Negócios. Disponível em:
http://tinyurl.com/2fkwa8t Acesso: 13 de abril de 2010.
16
Informações disponíveis em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Acesso: 15 de abril de 2010.
17
Site LANCE!NET. Futebol Brasileiro lucra fortuna com transferências. Lance!Net, LancePress. Disponível
em: http://www.lancenet.com.br/noticias/09-02-05/482261.stm?futebol-brasileiro-lucra-fortuna-com-transferencias. Acesso:
6 de abril de2010.
10
receita para a continuidade do negócio, mas fazem isto via ações de marketing das mais
diversas maneiras, inclusive e principalmente com os atletas brasileiros contratados.
A perspectiva de evolução deste negócio implica no aumento de investimentos em
jovens por parte dos clubes de futebol, agentes FIFA, empresários e outros métodos de
investimento. Ao adquirir os passes dos jovens antes de suas carreiras deslancharem existe a
responsabilidade destes atores se tornarem os empregadores destes atletas ainda no Brasil.
Esta estratégia é bastante utilizada, pois ela representa custos muito inferiores daqueles que
um clube ou empresário deveria arcar se a jovem promessa se transformar em um atleta que
deslanche no mercado, “exploda”, ou seja, seu talento seja reconhecido por especialistas. Por
isto, os empresários “assumem” os salários destes jovens atletas nas condições brasileiras e
programam suas carreiras até estes jogadores atuarem no exterior.
É certo que há riscos para os clubes e para os investidores. Um exemplo empírico é o
caso do Figueirense Futebol Clube18
. Nesta instituição, nos últimos dez anos, um novo
modelo de gestão19
foi implantado e uma das áreas que recebeu maior atenção por parte da
direção foi a de formação de atletas. A assessoria de imprensa do clube avalia que no Brasil,
dentre as principais fontes de receita de um clube de futebol profissional que almeja
crescimento técnico e econômico, está a negociação20
de jovens valores formados no próprio
clube. Os dirigentes do clube citado apontaram que em 2008, cerca de 11% do orçamento
total do clube, ultrapassando a soma de três milhões de reais, foram destinados somente para o
investimento na formação de jovens talentos.
18
Figueirense Futebol Clube. Figueirense é apontado como uma das melhores categorias de base do país.
Assessoria de Imprensa. Disponível em: http://tinyurl.com/2awp98u Acesso: 15 de abril de 2010.
19
De acordo com o conceito clássico inicialmente desenvolvido por Jules Henri Fayol, compete a gestão atuar
através de atividades de planejamento, organização, liderança e controle, de forma a atingir os objetivos
organizacionais pré-determinados. Porém não seja possível encontrar uma definição universalmente aceite para o
conceito de gestão e, por outro lado, apesar deste ter evoluído muito ao longo do último século, existe algum
consenso relativamente a que este deva incluir obrigatoriamente um conjunto de tarefas que procuram garantir
todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos objetivos pré-determinados. Por
outras palavras, cabe à gestão a otimização do funcionamento das organizações através da tomada de decisões
racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados e informação relevante e, por essa via, contribuir
para o seu desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários e
para a satisfação de necessidades da sociedade em geral ou de um grupo em particular.
20
Para Lewicki, Saunders e Minton na obra Fundamentos da Negociação (2002), este não é um processo
reservado apenas ao diplomata habilidoso, ou a um advogado: é algo que todos fazem dia-a-dia. Embora os
interesses não sejam tão importantes como acordos de paz ou fusões de grandes empresas; as vezes as pessoas
negociam coisas maiores como um novo emprego, e em outras vezes coisas relativamente menores, como lavar
os pratos. Isto ocorre devido a um destes dois motivos: 1 – Criar algo novo que nenhuma das partes poderia fazer
por si só ou 2 – para resolver um problema ou uma disputa entre as partes. Já o Institute of World Affairs, órgão
da Organização das Nações Unidas - ONU define que a negociação em seu nível mais fundamental pode ser
definida como o processo em que duas ou mais partes compartilham idéias, informação e opções para atingir um
acordo mutuamente aceitável. A negociação é um processo que envolve o intercâmbio de propostas seguras e
garantias, freqüentemente por escrito. É então o meio pelo qual as pessoas buscam o entendimento e o consenso.
11
Para exemplificar os aspectos acima destaca-se os atletas das categorias de base que
fizeram parte do clube em sua história recente e que foram negociados com clubes do
exterior. A nominata é a que segue: zagueiros: Felipe Santana (para o Borussia Dortmund da
Alemanha), Rafhael (para o Porto de Portugal) e Édson (para o Porto de Portugal), o volante
Pedro (para o Salamanca da Espanha), o atacante Michel Simplício (para o Naval de
Portugal), os laterais: Filipe Luís (para o Ajax da Holanda, Real Madrid “B”, La Coruña da
Espanha e convocado para a Seleção Brasileira), Massari (para o Porto de Portugal) e
Guilherme (para a Udinese da Itália), entre outros.
Com isso, retomando a discussão sobre a importância dos valores envolvidos no
negócio de exportação de jogadores de futebol este aspecto pode ser melhor dimensionado
pelo exame do quadro abaixo. Neste apresentam-se informações sobre os últimos anos desta
atividade para a economia do país cujo tema foi abordado pelo jornalista André Luís Nery, ao
abordar as transferências de jogadores de futebol nos anos de 2005 e 2006.
Figura 02 – Vendas de atletas x produtos, em milhões de dólares.
Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –
MDIC.
A figura 02 mostra os valores referentes a produtos comuns do dia-a-dia do brasileiro,
e exportáveis, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior – MDIC, através de seu Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior
via Internet, denominado ALICE Web. Neste sentido, ao analisarmos a representação esta
12
mostra a posição da venda de atletas (que é um item considerado como serviço para o Banco
Central do Brasil) frente a diversos produtos da balança comercial brasileira, como banana,
mamão, melão, uva, equipamentos médicos, pimenta em grão, maçã, lagosta congelada e trigo
em grão. Os dados mostram que a exportação de jogadores representou para o Brasil no
período em exame rendimentos de mais dólares do que as vendas de diversas frutas
tradicionais da pauta exportadora brasileira.
Esta relação, porém, é somente parte do que há por de trás desta atividade
internacional. Os valores das transações dos atletas no momento da venda não correspondem
somente àqueles números, até porque os jogadores recebem altos salários mensais pelos
clubes em que se sujeitam a jogar, e também recebem prêmiações, valores por participação
em mídias e marketing em geral. Dada as condições sociais de muitos destes atletas, boa parte
deles reinvestem seus ganhos no Brasil. Ou seja, grande parte destes recursos investidos neste
material humano volta a seu país de origem, das mais diversas formas, através de empresas,
fundações21
, obras sociais, gastos com imóveis, bens de consumo e outros.
Sobre este aspecto, José Trajano, na obra Cartão Vermelho: Os bastidores do Esporte
(2004) alude a um exemplo desta observação. Trata-se do caso do artilheiro da Bundesliga22
de 2004 pelo clube Werder Bremen, o jogador Aílton. O resumo a seguir é uma ilustração dos
argumentos do autor sobre o problema da falta de oportunidades no Brasil, a esperança de
sucesso no futebol e para aqueles que se destacam, a perspectiva da Europa como destino.
Neste texto, José Trajano (2004) resgata que o atleta em questão, à época, tornou-se o
maior artilheiro da Europa e ganhou a chuteira de prata. Pois bem, Aílton é oriundo de uma
cidade chamada Mogeiro na Paraíba, com aproximadamente 10 mil habitantes. Nas férias, o
atleta volta a sua cidade e se reúne todos os dias com pessoas para atender seus pedidos,
escritos em pedaços de papel: nestes uns querem poltronas, outros passagens para algum
lugar, outros ainda querem arrumar o telhado de casa, cestas básicas e por aí vai.
Aílton está na Alemanha há seis anos e não fala uma palavra em alemão. É uma
pessoa que se salvou da vida miserável por meio do futebol. Por isto, é enorme o número de
crianças que aparecem nos clubes onde haja peneira23
. No caso dos que conseguem, com a
atual situação dos clubes brasileiros, a Europa é destino inevitável. O futebol é para poucos.
Os que já são craques não têm alternativa senão sair do país. Onde mais haveria lugar para um
Kaka‟ ou um Ronaldinho senão na Europa, onde acontecem os melhores e mais ricos
21
Exemplos de ex-jogadores da Seleção Brasileira como Cafu, com a Fundação Cafu – Alimentando sonhos, de
Raí, com a Fundação Gol de Letra e de Edmílson com a Fundação Edmílson – Semeando sonhos.
22
Campeonato Nacional de futebol da Alemanha
23
Nome popular dado ao processo seletivo de jogadores feito pelos clubes de futebol nas categorias de base, com
atletas que não sejam profissionais e tenham menos de 18 anos. Nesta atividade são observadas características
físicas (altura, peso, porte, velocidade, impulsão) e técnicas (passe, drible, lançamento). Disponível em:
http://www.sitedalusa.com/base/peneira.php Acesso: 22 de abril de 2010.
13
campeonatos do mundo? O que ocorre é que as seleções desses países europeus não jogam tão
bem porque não podem convocar esses jogadores estrangeiros – brasileiros muitas das vezes.
Os estrangeiros levam dinheiro para o campeonato, os tornam atrativos. Contudo, em
meio a valores como os apresentados e exemplos de atletas e seus casos em particular, é
inevitável que seja discutido o futebol como um tema internacional. O tema em evidência,
ligado a economia e ao plano internacional, possibilita estudar matérias como negociações
internacionais em cursos de graduação em universidades brasileiras. Neste sentido, aponta-se
na ilustração 03 a seguir os dados sobre o crescimento da atividade no país desde o início dos
anos 1990.
Figura 03 – Evolução das transferências dos jogadores brasileiros para o exterior entre 1992 e 2009.
Fonte: JACOBS & DUARTE, 2006; Confederação Brasileira de Futebol – CBF e Folha de São Paulo, 2009,
organizado pelo autor.
As informações da figura 03 permitem indicar o comportamento quantitativo de atletas
brasileiros que optaram por atuar no exterior. De acordo com fontes oficiosas, e desde que se
começou a registrar o número destas operações pelos clubes brasileiros e por suas federações,
o número pulou de 235 atletas em 1992 para 1.017 no ano de 2009, porém com pico de 1176
atletas no ano de 2008. Nos últimos dezoito anos, tomando o ano de 1993 como base e o de
2009 como referência, o aumento das exportações foi de quase 340%. Portanto, do exame dos
14
números apontados pode-se concluir que, ano a ano, a quantidade de jogadores profissionais
que deixam os gramados nacionais para atuar no exterior vem aumentando significativamente.
Neste sentido a evolução desta atividade, destacando-se a questão das exportações e
retornos dos atletas, é outro fator a ser ressaltado. Este aspecto, devido a diversos processos e
acontecimentos por parte dos atletas, clubes, seus agentes e as federações, varia apenas em
relação às quantidades anuais. Por outro lado, se muitos jogadores saem do país para atuar no
exterior, muitos também retornam. Na figura 04 estes números são ilustrados para os anos de
2005 a 2009.
Figura 04 – Comparação entre os retornos e êxodo de atletas brasileiros para o exterior, entre 2005 e 2009.
Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF
Dos números apresentados na figura 04, observa-se que o ano de 2008 apresentou o
maior número de jogadores exportados, com 1.176 jogadores de futebol enviados ao exterior.
Contudo, o principal aspecto a ser ressaltado dos dados da figura 04 é que, na comparação
entre os que saem para o exterior e os que retornam24
, a linha que representa os atletas que
passaram a atuar no exterior sempre foi superior a dos que retornaram, ou seja, vão para o
exterior, todos os anos, mais atletas que aqueles lá estão e que retornaram ao Brasil.
Por fim, os números mostram dois aspectos significativos e complementares: existe
uma elevação constante do número de jogadores de futebol brasileiros que decidiram atuar no
24
Os números referentes as transferências na questão que trata dos retornos de jogadores brasileiros de futebol
ao Brasil abrangem não somente números advindos da Europa, mas todos os países e continentes que realizam
processos de transferências com a Confederação Brasileira de Futebol – CBF.
15
exterior e também dos valores que o Brasil recebe pela venda destes profissionais. No mesmo
sentido, embora com dificuldades de levantar números oficiais, pode-se apontar que parte dos
ganhos que os jogadores brasileiros conseguem auferir no exterior são reinvestidos no Brasil.
Logo, também se observa que os números apontam que, sempre é maior o número dos
jogadores que saem para exercer sua profissão no exterior do que aqueles que estão
retornando ao Brasil. Do exposto, o próximo tópico aborda alguns dos principais motivos que
podem ajudar a explicar este êxodo dos melhores jogadores profissionais para o exterior.
3. Características, motivos e estímulos para atletas profissionais brasileiros
atuarem em solo estrangeiro
Existem fatores importantes e motivos a serem discutidos, em relação às questões que
levam um atleta a atuar fora de seu país e sair de sua “zona de conforto”, os quais são
abordados nesta seção. Os fatores de “decisão locacional” de um atleta para mudar-se para o
exterior não funcionam da mesma maneira que as decisões de uma empresa sobre onde
elaborar um produto qualquer, pois envolvem diversas questões, muitas vezes de cunho
particular. No mesmo sentido, o aumento do número de transações de jogadores, que passam
a atuar no exterior, não é garantia de que estes números manterão a tendência de crescimento,
também no futuro. Aspectos como a falta de adaptação a climas diferentes, fatores culturais,
alimentação, tratamento dispensado aos atletas25
questões salariais e contratuais estão entre os
diversos fatores que influenciam estas decisões.
Dados os aspectos já apontados, esta parte do trabalho também aponta alguns dos
principais motivos que os atletas pesquisados26
alegam para deixarem o Brasil e jogar um
dado período de tempo, em um país da Europa, principalmente. Ao estudar a obra de Eduardo
Galeano, vimos que o principal motivo deste êxodo foi a profissionalização do futebol.
Contudo, mesmo antes daquele período já acontecia de jogadores brasileiros serem
25
Exemplo disto são os episódios de mau comportamento do atleta Adriano (ex-jogador de Internazionale de
Milão, Flamengo, e em transição para o AS Roma da Itália), quando este jogador se atrasava para os
treinamentos diários na Itália (quando atuava pela Inter), o mesmo era punido, tinha conversas com o técnico
português José Mourinho (que é o atual campeão Italiano, da Super Copa da Itália e da Champions League pela
própria Internazionale de Milão) que lhe mandava de volta para casa, e como punição lhe cortou de partidas do
Campeonato Italiano. Porém, o atraso não fora o único motivo da punição pelo técnico, mas sim de que este não
teria gostado de saber que o jogador brasileiro tenha ficado em uma boate em Milão na madrugada de domingo
para segunda-feira (dia de treino) com outros amigos jogadores (como Ronaldinho Gaúcho do A.C. Milan).
Porém, no Brasil o tratamento é diferenciado, a Diretoria de seu ex-clube, Flamengo, perdoa o jogador na
maioria das vezes e não desconta salários, não deixa de relacionar o atleta para jogos. Isto é o que diferencia o
Brasil da cultura europeia. Disponíveis em: http://tinyurl.com/22wv8y8 & http://tinyurl.com/2eahxnz &
http://tinyurl.com/2dka34x Acessos: 3 de junho de 2010.
26
A pesquisa fora realizada com atletas profissionais da região de Florianópolis, entre clubes das séries A e B do
Campeonato Brasileiro de Futebol e demonstra a realidade de jogadores com relativo destaque no cenário
internacional, mas que atuam no estado de Santa Catarina.
16
contratados por clubes europeus. É o que Coelho (2009, p.11), em sua obra Bola Fora: A
história do êxodo do futebol brasileiro27
destaca: “Arnaldo Porta [...] em 1914, foi o primeiro
brasileiro a jogar na Europa, mais precisamente no futebol italiano no clube Verona, nota-se
que esta atividade não é recente, não vem dos anos 1980 e 1990. Faz muito mais tempo do
que as pessoas costumam imaginar que os jogadores brasileiros vão embora para a Europa.
Nos casos apontados por Coelho (Op. cit.), destaca-se um motivo geralmente
influenciável na maioria das decisões dos atletas se afastarem de seu país: o aspecto
financeiro. Desde a década dos anos 1970 e 1980 e até recentemente, constata-se que a
experiência saudita resistiu. Contudo, no que se refere a negócios internacionais nesta área, há
que se ressaltar o seguinte: as oportunidades surgem para profissionais talentosos. Após 1980
e principalmente 1990, sob o comando dos empresários da bola, a intenção dos atletas é jogar
onde se paga mais e se tem mais visibilidade (COELHO, 2009).
Sobre isto, Eduardo Galeano, na obra Futebol ao Sol e à Sombra (1995), relata uma
lógica cotidiana sul-americana, e porque não brasileira. De acordo com ele, o jogador com
boas pernas e boa sorte: de seu povoado passa à cidade do interior; desta passa a um time
pequeno da capital do país; na capital, o time pequeno não tem outra solução senão vendê-lo a
um time grande; este, asfixiado pelas dívidas, vende-o a outro time maior de outro país; e
finalmente o jogador coroa sua carreira na Europa. Não é de hoje, Galeano já conseguia ler
esta atividade como uma indústria de exportação que despreza o mercado interno. Em sua
análise o autor lamentava que a drenagem contínua de jogadores tornasse medíocre o esporte
profissional na América, e o que isto desanimava o público que acompanha as competições.
Para complementar, sobre os motivos que os jogadores justificam sua opção em atuar
no exterior, a pesquisa empírica foi a estratégia utilizada28
. Nesta, buscou-se a investigar
atletas que repassassem informações sobre esta discussão, mas sem definir uma perspectiva
metodológica de base estatística para a seleção dos entrevistados, no que poderia ser definida
como uma enquete, apenas. Na investigação empírica entrevistamos o total de quarenta e nove
27
Encontram-se atletas e até alguns técnicos de futebol, que utilizamos como exemplo. “Rubens Minelli, ex-
jogador de futebol, até então técnico do São Paulo, explica: Eles me ofereceram sete vezes mais do que eu
ganhava no São Paulo. Na época, meu salário era o maior do país. Telefonei para minha mulher, que estava de
férias em São José do Rio Preto, e disse que estava arrumando as malas, que eu ia viajar para Riad27
. Minelli
disse que a conta era muito simples. Se eu ganharia sete vezes mais do que no Brasil, pensei: é como se eu
trabalhasse por três anos e recebesse o equivalente ao que receberia nos próximos 21. Tenho de aceitar – pensou.
No Oriente Médio, Minelli foi contratado para dar idéias técnicas aos jogadores. (COELHO, 2009, p. 99).
28
A metodologia utilizada na pesquisa foi um questionário. Este abordava doze questões onde o entrevistado
poderia assinalar todas as opções, com três alternativas (1 – razão mais relevante; 2 – razão relevante; e, 3 –
razão não relevante) de sua escolha. As opções para o atleta abrangiam questões como maiores salários, jogar ao
lado de atletas consagrados no cenário internacional, segurança pessoal e familiar, qualidade de vida superior,
maior visibilidade de seu trabalho no futebol mundial, busca por convocação a Seleção Brasileira, evolução
tática, prêmios, independência econômica, se fora levado por seu agente ou empresário, atuar em ligas ou
campeonatos melhor organizados e a opção “outros” que ficava ao critério de preenchimento pelo atleta, onde
alguns citaram a oportunidade de aprender novas línguas, conhecer países e culturas diferentes da sua, e auxilio
constante a seus familiares.
17
(49) jogadores profissionais de futebol para tentar descobrir os motivos que estes alegam para
atuar em clubes do exterior, no caso, na Europa. Os principais resultados podem ser
observados a seguir, iniciando-se pela figura 05:
Figura 05 – Apresentação das importâncias dos fatores questionados aos atletas para atuarem na Europa.
Fonte: Pesquisa de campo, com atletas profissionais que atuam no Estado de Santa Catarina, nas séries A e B do
Campeonato Brasileiro de Futebol, sobre seus motivos para atuar no exterior, realizada pelo autor nos meses de
março, abril e maio do ano de 2010.
Dentro dos motivos que levam os atletas a irem a outro país jogar futebol, está em
primeiro lugar os salários recebidos naquele continente em relação ao Brasil. Como visto no
gráfico representado pela Figura 05, 88% dos atletas considera como muito relevante optar
por atuar no exterior em troca de maiores salários, 10% consideram a opção relevante e
apenas 2% não a consideram relevante29
.
Outra questão abordou a segurança dos jogadores e familiares. No Brasil, seqüestros
como o da mãe do jogador Robinho30
do Manchester City (da Inglaterra), atualmente
emprestado ao Santos e titular da Seleção Brasileira, por exemplo, são acontecimentos
freqüentes no meio do futebol. Assaltos, ameaças feitas por torcedores, arremessos de
objetos31
durante os jogos são outras questões de segurança. Quanto a estes casos, na Europa
são bastante raros e até mesmo arremesso de objetos nos campos de futebol, são casos pouco
freqüentes, pois a punição é severa. Neste sentido, indagamos aos atletas se eles buscam por
29
Nas entrevistas com os atletas, foi lhes solicitado que respondessem um conjunto de questões, e nestas assinalassem:
Muito relevante quando um determinado aspecto fosse essencial para sua motivação a jogar na Europa; Relevante
quando o assunto não era um item essencial, mas junto a outro conjunto fosse importante; e, Não relevante quando o
assunto não lhe motivasse a sair do Brasil para atuar no exterior.
30
CARVALHO, Samir. Temendo seqüestro, City contrata seguranças para Robinho. Terra Esportes. Disponível em:
http://tinyurl.com/25zporf Acesso: 27 de maio de 2010.
31
Flamengo vence, mas não consegue classificação na Taça Libertadores. Portal ESPBR. Disponível em:
http://tinyurl.com/25oofom Acesso: 27 de maio de 2010.
18
locais com melhor organização para jogar futebol e que, ao mesmo tempo, estes assegurem
mais segurança pessoal e aos seus familiares. Por isto, na pesquisa empírica, também
abordamos se a decisão de atuar em outro país tinha relação com aspectos ligados a segurança
pessoal e familiar dos jogadores. Este aspecto foi considerado muito relevante por 51% dos
atletas, 25% a consideraram relevante e 24% definiram este aspecto com não relevante.
Uma questão abordada com os atletas indagou sobre a possibilidade de eles atuarem
ao lado de jogadores famosos, estrelas do futebol mundial. O resultado foi que 31%
consideram uma opção muito relevante, 63% analisam este aspecto como relevante, e 6% dos
entrevistados não a considerou relevante.
Neste mesmo aspecto entra a questão da qualidade de vida. Sobre isto 65% dos
entrevistados puderam afirmar que consideram muito relevante esta questão; que é relevante
foi respondida por dos 35% atletas. Sobre isto, alguns atletas responderam que a organização
das cidades europeias os impressionaram. Os meios de transporte, a alimentação de qualidade,
e até opções culturais acessíveis foram pontos realçados, e tudo isso sem o assédio em
demasia e abusivo de alguns torcedores que não sabem os limites do próximo.
Dentre outros motivos, ao viabilizar uma transferência para jogar no exterior um atleta
precisa se destacar ou demonstrar estar em ascensão profissional. Por isto indagou-se sobre a
questão da visibilidade do trabalho dos jogadores. Este aspecto é muito relevante para 71%
dos atletas, relevante para 25% deles e não relevante para 4% dos entrevistados. Sobre este
aspecto, de acordo com Lucas Amorim Pereira (2007), diversos jogadores, de níveis técnicos
diferentes são “importados” pelos clubes europeus32
. Os motivos para isto é que em um médio
clube europeu, ou até em uma pequena equipe, um jogador pode conseguir mais visibilidade,
o que pode contribuir para a possibilidade do atleta vir a atuar por um grande clube daquele
continente, do que por um clube grande no Brasil.
Na questão sobre fazer parte da Seleção Brasileira de Futebol, a pesquisa observou que
esta é a meta de muitos atletas profissionais. Sobre isto, 37% consideram a opção muito
relevante, 55% relevante e somente 8% não considera este um objetivo a ser alcançado. Dos
atletas convocados pelo atual técnico da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da FIFA
2010 na África do Sul, dos 23 convocados, 20 atuam naquele continente. Por isso, a idéia de
que atuar naquele continente pode ser o caminho “mais curto” para atingir este foco. Os
únicos convocados atuando no Brasil são Robinho do Santos, Klebérson do Flamengo e
Gilberto do Cruzeiro. Mas neste sentido há quem seja contra os “estrangeiros” na Seleção, ou
pelo menos contra a banalização deste tipo de convocação33
.
32
PEREIRA (2007) destaca na obra Made In Brazil: Jogadores tipo Exportação, o exemplo de atleta, que passou por
clube de Santa Catarina em 2002, com salário em média de R$1,5 mil, e hoje defende um clube Espanhol da região da
Galícia, com salário em torno de R$ 13 mil, valor este próximo a dez salários mínimos espanhóis.
33
GUILHERME, Paulo. Perfil „estrangeiro‟ da seleção dificulta elo com a torcida, dizem especialistas. Portal G1 - O
portal de notícias da Globo. Disponível em: http://tinyurl.com/32zdfch Acesso: 27 de maio de 2010.
19
Ainda, no Brasil não existe a prática de educar os atletas taticamente, diferente da
cultura européia, em que alguns técnicos treinam só fisicamente (leia-se atividades de
academia e jogos de bola chamados de “rachão”) e então, após isso, o treino tático. No Brasil
esta idéia está mudando com alguns técnicos chamados da “nova geração”, como Paulo Silas
(Grêmio), Ricardo Gomes (São Paulo), Dorival Júnior (Santos), Mano Menezes (Corinthians),
que perceberam em suas passagens pelo cenário internacional ou com estudos aprofundados
da modalidade que estas ações são importantes para as competições, pois a finalidade dos
clubes é ganhar títulos. Na pesquisa de campo buscou-se observar se os atletas abordados
viam o aspecto tático como um fator relevante ao optarem por jogar em um clube europeu.
Nas respostas que obtivemos 37% dos jogadores consideram este assunto um ponto muito
relevante; 51% disseram ser relevante e 12% consideraram a opção sem relevância alguma.
Outro fator solicitado foi a importância de prêmios que possam ser recebidos pelos
atletas. Dentre os pesquisados, 49% consideram que prêmios, honrarias, valores recebidos por
vitórias, empates e até derrotas são fatores muito relevantes para suas escolhas, seguidos de
35% que consideram relevantes, e 16% não consideram como uma opção válida ou relevante.
Na questão sobre quem trata de futebol, negócios e as relações internacionais entre
clubes e atletas foi abordado o tema representado pelos Agentes FIFA e empresários. Apesar
de estes atores serem vistos com desconfianças no cenário do futebol, sob o argumento de que
alguns deles geram más influências no mercado e até atitudes prejudiciais a alguns clubes,
pois visam apenas lucros, foi notado que o Agente FIFA tem papel no mundo do futebol. Uma
ligação telefônica pode mudar o caminho de clubes e atletas em poucos minutos. Devido a
elaboração de contratos de longa duração, com multas elevadas para segurar os atletas e um
conjunto muito grande de cláusulas com a finalidade de “garantir” os investimentos dos
clubes, é necessário que os jogadores possam contar com uma assessoria externa. Sobre isto,
em Futebol tipo Exportação, Lucas Amorim Pereira (2007) transcreve a opinião de um
Agente FIFA, para quem “a figura do agente existe como em qualquer outra profissão. Só que
no futebol somos mais visados pela mídia”. No mesmo sentido, o Antropólogo Arlei Damo,
que durante cinco anos pesquisou a formação de jogadores de futebol no Brasil e na Europa,
nota que o trabalho de pessoas como Empresários e Agentes FIFA é importante porque a
maioria dos atletas brasileiros têm baixo nível escolar e não dispõem de instrução e
capacidade de reconhecimento do mundo para gerir sua própria vida profissional. Nas
entrevistas com jogadores de futebol, notamos que a ida para o exterior através de um
empresário é considerada uma questão muito relevante em apenas 19% dos casos, relevante
em 16% das opiniões e não relevante para 65% dos atletas.
Por fim, na pesquisa de opinião com os atletas abordou-se, a questão da organização
das ligas de futebol européias, tais como os campeonatos nacionais (La Liga de Fútbol
Profesional (Espanha), Serie A (Itália), e Premier League (Inglaterra)) e ainda os campeonatos
20
europeus como a Liga Europa da UEFA34
e a UEFA Champions League35
. No quesito da
organização dos campeonatos, isto foi muito relevante para 41% dos jogadores, relevante para
49% deles e 10% disseram não ser relevante. Ainda entre os pontos abordados,
disponibilizou-se para os atletas na pesquisa a opção de eles inserirem outras opções ao
questionário fechado. Os seguintes resultados: 4% desejam conhecer novas culturas, 6% tem
interesse em desenvolver aprendizado em novas línguas, 4% tem a vontade de conhecer novos
países, e 2% querem “ajudar suas mães”.
Dentre os motivos assinalados pelos atletas constatou-se que os principais são:
maiores salários, jogar ao lado de jogadores famosos e consagrados no cenário internacional,
e acesso à seleção brasileira de futebol foram os mais apontados. Mas argumento de Paulo
Roberto Falcão (2009) precisa ser levado em consideração: Ele observa que o profissional do
futebol precisa se adequar à realidade do mercado, pois segundo ele: vencer longe de casa
exige sacrifício, desprendimento, coragem e inteligência.
4. Os principais destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa
Apresentados os principais fatores motivacionais que os atletas apontaram para jogar
fora do Brasil, esta seção procura mostrar onde estão atuando os jogadores “exportados”. Com
foco na Europa buscou-se apontar as quantidades, os principais países de destino e as
principais características do cenário onde atuam a maioria dos jogadores naquele continente.
Para isso, utilizaram-se informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, com base
de dados disponibilizada ao público desde o ano de 2005. Marginalmente, apresenta-se,
também, os destinos em outros países, mas sem avançar na discussão.
No quadro 01 a seguir, são apresentados de forma resumida os principais destinos
Europeus dos últimos cinco anos para os atletas de futebol brasileiros.
EUROPA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
Alemanha 20 20 44 58 60 202
Áustria 7 11 19 15 12 64
Armênia 0 5 7 3 2 17
Bélgica 11 7 13 12 13 56
Bósnia 6 2 4 6 4 22
Bulgária 3 6 9 8 6 32
34
A Liga Europa da UEFA, antiga Taça UEFA ou Copa da UEFA. É, atualmente, o segundo campeonato mais
importante no futebol europeu, atrás apenas da Liga dos Campeões da UEFA.
35
A Liga dos Campeões da UEFA ou UEFA Champions League evoluiu da antiga Taça dos Clubes Campeões
Europeus. É a competição organizada pela UEFA desde 1992 (desde 1955 no seu antigo formato) para os clubes de
futebol mais prestigiados na Europa. O premio é a European Champion Clubs' Cup (mais conhecida por European
Cup), é o troféu mais prestigiado do desporto na Europa.
21
Croácia 5 22 20 14 8 69
Dinamarca 7 8 7 7 2 31
Eslováquia 2 2 x 8 9 21
Espanha 24 35 38 34 39 170
Estônia 1 0 1 2 3 7
Finlândia 6 4 6 8 11 35
França 21 14 14 15 12 76
Geórgia 1 7 2 0 7 17
Grécia 28 27 18 32 14 119
Holanda 2 6 11 12 4 35
Hungria 2 5 3 6 9 25
Inglaterra 3 7 6 15 7 38
Itália 34 39 47 53 45 218
Lituânia 4 12 13 12 2 43
Macedônia 5 4 3 8 7 27
Malta 1 0 4 13 7 25
Noruega 2 1 3 5 2 13
Polônia 12 24 13 12 8 69
Portugal 138 142 227 209 181 897
Rep. Tcheca 5 9 13 6 9 42
Romênia 4 2 18 20 14 58
Rússia 2 9 11 8 6 36
Sérvia 0 0 10 11 8 29
Suécia 9 20 19 46 27 121
Suíça 18 14 17 25 8 82
Turquia 20 13 13 18 6 70
Ucrânia 9 4 7 6 12 38
TOTAL 412 481 640 707 564 2804
Quadro 01: Transferências de brasileiros para o exterior entre 2005 e 2009.
Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizado pelo autor, país a país.
Apresentadas as informações sobre os destinos das transferências brasileiras de
jogadores de futebol para a Europa, de 2005 a 2009, no quadro 01, a ordem dos maiores
importadores são: Portugal, Itália, Alemanha, Espanha, Suécia, Grécia, Suíça, França,
Turquia, Croácia, Polônia, Áustria, Romênia, Bélgica, Lituânia, República Tcheca, Inglaterra,
Ucrânia, etc.
22
Com base nestes dados, pode-se notar que o principal país de destino para brasileiros
na Europa na história recente é Portugal. Este destino conta com oitocentas e noventa e sete
(897) transferências desde o ano de 2005 até fim de 2009 (não se contabilizou 2010, pois o
período de transferências ainda não está fechado). O destino luso é o de mais facilidade para
os brasileiros, devido à língua e a cultura serem semelhantes. O perfil do país português leva
em conta a tradição e os títulos de clubes grandes como Benfica, Sporting Lisboa e Porto. E
de times médios como Braga, Vitoria de Guimarães e Marítima. No aspecto econômico, a
principal competição portuguesa é mantida por uma grande empresa, que possui os direitos de
naming do campeonato português, nominada de Liga Sagres. Desde a temporada de 1934-
1935 até a atualidade os vencedores desta são times do escalão principal, tendo Benfica, Porto
e Sporting conquistado juntos 74 dos 76 títulos disputados naquele país.
Pelo fato de Portugal ser um país pequeno em termos geográficos e demográficos, não
permite muitas probabilidades a seus principais clubes conseguirem “formar” os atletas que
eles necessitam para compor suas equipes no nível das competições na Europa. Desta
maneira, os principais clubes esportivos do país necessitam de reforços externos, devido ao
fato de que são eles os principais representantes do país luso nas ligas européias, como a
UEFA Champions League. Por isso o interesse no Brasil se justifica. Por outro lado, um
aspecto que também deve ser levado em consideração é que as transferências dos jogadores
brasileiros para Portugal, muitas vezes, é utilizada como entrada e posterior venda a outros
clubes da Europa. Para justificar este aspecto, utilizou-se o mesmo estudo, o qual revela um
parâmetro que aponta Portugal na primeira posição de todas as ligas européias, referindo-se à
percentagem de receitas provenientes da venda de jogadores, onde os clubes portugueses
lideram com 86%.
Porém, quando os destinos abrangem a questão de melhores salários e valores
expressivos na questão de transferências destacam-se as principais competições européias
como a Barclays Premier League da Inglaterra, a Liga BBVA da Espanha, a Bundesliga da
Alemanha, a Série A da Itália, a Ligue 1 da França, a Eredivisie da Holanda, além da Liga
Sagres de Portugal, esta em menor proporção. Estas competições ficam a frente das demais
devido os valores investidos por seus dirigentes nos clubes36
, em atletas, mídias, e marketing.
Os exemplos que usamos são os do estudo das consultorias SPORT+MARKT e PR Marketing
European Football Mechandising Report divulgadas pela Futebol Finance37
. Por esta fonte,
no ano de 2008, os valores que as ligas Inglesa, Espanhola, Alemã, Italiana, Francesa,
36
Globo Esporte.com. Blog de Emerson Gonçalves. Como comprar Kaka’ e Cristiano? Disponível em: http://tiny.cc/vre37
Acesso: 13 de junho de 2010.
37
Futebol Finance. O merchandising dos maiores clubes Europeus. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-
merchandising-dos-maiores-clubes-europeus Acesso: 13 de junho de 2010.
23
Holanda e Portuguesa gastaram em merchandising38
estão na casa dos €5.5 milhões a €171
milhões e as médias de investimento dos clubes denominados “grandes” ultrapassam da casa
dos €8.6 milhões por ano, dependendo do país.
Ainda, com relação a outras ligas européias, a Itália é outra grande importadora de
jogadores brasileiros. Nos últimos cinco anos contou com transferências de duzentos e dezoito
(218) atletas. A tradição e o poderio econômico de sua liga é formada pelo primeiro escalão
italiano (Internazionale, Juventus e Milan), e pelos clubes médios: Bologna, Fiorentina,
Genoa, Lazio, Napoli, Roma e Torino, no que se refere a títulos. A participação deste país em
competições européias é marcante por sua força no futebol mundial: é a atual campeã da Copa
do Mundo FIFA (2006). Seu campeonato nacional, o Campeonato Italiano ou Serie A, é a
maior competição de futebol do país e reúne mais de quatro mil clubes divididos em 10
divisões. Em nível nacional existem cinco divisões: as Série A, B, C1, C2 e Serie D, porém
isto pode mudar no próximo ano, com a inserção de uma nova liga, denominada Serie A
Legue ou Italiana Premier League39
. No momento, as empresas que mantém o principal
campeonato italiano são as de telefonia celular, televisão, refinarias de petróleo e eletricidade.
Em seguida aparece a Alemanha, com participação efetiva na compra e duzentos e
dois (202) atletas brasileiros que reforçaram o futebol alemão. Sua força econômica,
demonstrada na publicação da Futebol Finance40
, mostra que a empresa Premiere – Alemanha
adquiriu os direitos de transmissão de televisão pelos próximos quatro anos no valor de €870
milhões. O principal campeonato dos germânicos é a Fußball-Bundesliga, a primeira divisão
do futebol alemão que foi criada em 1963 e, a partir de 1991, depois da reunificação alemã,
passou a contar com as equipes da Alemanha Oriental. Este destino tem tradição na história
do futebol, pois o país é dono de três títulos mundiais, sendo o último em 1990. No entanto,
em termos de títulos europeus, o Bayern de Munique foi a último clube alemão a levantar a
taça da Champions League em 2001, participou da final no ano de 2010, mas ficou com a
segunda posição perdendo para os italianos da Internazionale. Os principais clubes alemães
por ordem de tradição e títulos são Bayern Munique, Dínamo Berlin, e os clubes médios são
Borussia, Dortmund, Borussia Mönchengladbach, Dínamo Dresden, Nuremberg, Hamburgo,
Kaiserslautern, Schalke 04, Stuttgart, Werder Bremen. Os maiores investidores desta liga são
38
Para ilustrar, a superioridade econômica do futebol no continente estudado, apenas em patrocínio nas camisas, das 5
maiores ligas Européias, de acordo com informações da agência Reuters, foi de 365 milhões de Euros na temporada de
2009/10. Neste aspecto, os clubes da Bundesliga continuam na liderança, sendo que em média cada clube arrecada cerca de
€6,3 milhões por ano. Já na Barclays Premier League inglesa, cada clube registrou uma média de €4,8 milhões em
patrocínios nas camisas, 2008-2009.
39
Futebol Finance. Direitos Televisivos. Serie A League, ou a nova Italian Premier League. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/serie-a-league-ou-a-nova-italian-premier-league Acesso: 16 de junho de 2010.
40
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 15 maiores negócios do futebol – 1º Semestre 2009. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-1%C2%BA-semestre-2009 Acesso: 16 de junho de 2010.
24
uma companhia multinacional alemão de seguros, laboratório farmacêutico e empresa de
equipamentos esportivos.
Atuais campeões europeus e mundiais, os espanhóis possuem a segunda maior taxa de
investimentos do futebol mundial. No estudo da Futebol Finance se observa que quatro dos
cinco atletas mais bem pagos do mundo jogam em clubes como Barcelona e Real Madrid41
.
As contratações recordes de Ibrahimovic pelo Barcelona, Cristiano Ronaldo e Kaká por parte
do Real Madrid, colocaram o futebol na Espanha em destaque em 2010. A Espanha42
importou do Brasil, cento e setenta (170) jogadores de futebol desde o ano de 2005. Sobre
suas competições, os espanhóis têm como principal destaque o Campeonato Espanhol de
Futebol (em espanhol La Liga de Fútbol Profesional, ou simplesmente La Liga ou Primera
Liga) para clubes profissionais. Foi criada em 10 de Fevereiro de 1929 e é jogada, atualmente,
entre os meses de setembro e junho com a presença de 20 equipes. A Liga é conhecida
popularmente como "Liga das Estrelas" por motivos óbvios. Os principais clubes, por títulos,
do país são Barcelona e Real Madrid. Os médios clubes são Athletic Bilbao, Atlético Madrid,
Deportivo La Coruña, Real Betis, Real Sociedad, Sevilla e Valencia. A principal empresa que
patrocina o campeonato e tem os direitos de naming é o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria
(BBVA), este, um grupo internacional de serviços financeiros e multinacional espanhola.
Por importância econômica, tem-se ainda a França como um destino relevante. Os
clubes franceses importaram setenta e seis (76) atletas do Brasil nas últimas temporadas. O
campeonato Francês abrange cinco divisões nacionais e outras diversas Ligas Regionais e
Distritais. Porém, profissionalmente, existem apenas duas divisões, Ligue 1 e Ligue 2, e parte
do Championnat National, equivalente à terceira divisão. As quarta e quinta, divisões
regionais e distritais são competições amadoras. O perfil francês na questão de valores é
regido pela LFP (Liga Profissional de Futebol Francesa) a qual anunciou que as receitas
geradas pelo futebol profissional43
(que incluem os clubes da Ligue 1 e Ligue 2) continuam a
aumentar, podendo atingir o valor de €1.1 bilhão na temporada de 2007-2008. As médias das
receitas dos clubes Franceses, tiveram um aumento significativo nas últimas duas temporadas,
em cerca de 43%. Os principais clubes da França são, por ordem de títulos Lyon, Bordeaux,
Olympique, e os clubes médios são representados por Auxerre, Lille, Nice e PSG. Os
41
Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 50 maiores salários de jogadores de futebol 2009-2010. Disponível
em: http://www.futebolfinance.com/os-50-maiores-salarios-de-jogadores-de-futebol-20092010 Acesso: 16 de
junho de 2010.
42
A Espanha é o país que mais gera receitas a nível mundial, mas só “importou” do Brasil neste período cento e
setenta (170) atletas nos últimos cinco anos. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/deloitte-football-
money-league-2010 Acesso: 5 de junho de 2010.
43
Futebol Finance. Análise Financeira. Aumento das receitas na Ligue 1. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/aumento-das-receitas-na-ligue-1 Acesso: 16 de junho de 2010.
25
principais investidores da Ligue 1 são empresas de produtos lácteos, redes de televisão por
assinatura e de telefonia móvel.
Para concluir o tema dos principais destinos europeus para os jogadores brasileiros,
destacam-se algumas informações sobre a Inglaterra. É um país que não possui um histórico
igual aos demais na importação de jogadores do Brasil. Até este momento, tem apenas trinta e
oito (38) importações nos últimos cinco anos, mas, o avanço dos negócios com o futebol na
Inglaterra44
permite afirmar que a atividade pode crescer muito naquele país. A Inglaterra
reflete os investimentos postos em atletas, mídia e marketing em geral: apenas os gastos
realizados pelas cinco principais clubes ultrapassaram o valor de €680 milhões anuais45
. Estes
valores foram investidos pelos cinco primeiros colocados na competição nacional de 2010.
Neste momento, os principais clubes ingleses por poderio econômico são Liverpool,
Manchester United, Arsenal, Chelsea, e por títulos são Liverpool, Manchester United,
Arsenal, Everton e Aston Villa. Na questão econômica, quem detém os direitos de naming da
competição inglesa é a Barclays, fornecedora de serviços financeiros, que denomina a
competição de Barclays Premier League.
Estas são evidências dos principais países futebolísticos da Europa. Porém, nas outras
ligas menores da Europa também se observa um recente histórico de crescimento de
transferências de atletas brasileiros, provavelmente devido ao fato de que o nível das
competições que suas equipes participam se tornaram mais difíceis46
. As ligas menores
identificadas e que tiveram grande interesse no futebol do Brasil recentemente são países
como Suécia com cento e vinte e uma (121) transferências, Grécia com cento e dezenove
(119), Suíça com oitenta e duas (82), Turquia com setenta (70), Croácia com sessenta e nove
(69), Polônia com sessenta e nove (69), Áustria com sessenta e quatro (64), Romênia com
cinqüenta e oito (58), Bélgica com cinqüenta e seis (56), Lituânia com quarenta e três (43),
República Tcheca com quarenta e duas (42), Ucrânia com trinta e oito (38). São números
44
A Inglaterra é o país que possui mais clubes denominados "ricos" entre os grandes Europeus, dos vinte clubes
listados pela Revista Forbes, sete estão entre os vinte, e o Manchester United encabeça esta lista. E além deste
reconhecimento, há também a lista dos clubes mais valiosos de todos os esportes, que é da Revista Forbes.
Também nesta listo o Manchester United aparece com o principal clube com avaliação de seu valor estimado em
€1,2 bi e de outro clube inglês, o Arsenal, em sétimo colocado, com seu valor estimado em €831 mi. Informação
disponível em http://tinyurl.com/34osddb & http://tinyurl.com/yc7asgc Acesso: 5 de junho de 2010.
45
Futebol Finance. Estudos e Rankings. O custo salarial dos clubes da Premier League 09-10. Disponível em:
http://tinyurl.com/254dvaj Acesso: 16 de junho de 2010.
46
A título de ilustração, o aumento de transferências de jogadores brasileiros para países com ascensão recente
no futebol como os casos da Grécia campeã da UEFA EURO 200446
e da Turquia com a presença dos seus dois
principais clubes na UEFA Champions League, Fenerbahce SK e Galatasaray SK pode ser sintamático. Nestes
casos, as transferências de jogadores brasileiros de alto nível técnico para a Grécia são recentes, cujo caso mais
significativo é o de Gilberto Silva, atleta titular da Seleção Brasileira e do clube de futebol Panathinaikos, da
capital Athenas. O caso Turco, já não tão recente, começa no ano de 1995 com a transferência do goleiro
26
significativos, contudo estes destinos Europeus, não chamam tanta atenção devido ao foco
que se dá as outras praças devido à força econômica das maiores agremiações. Nesta ótica, os
jogadores brasileiros que se transferiram para estes países nos últimos cinco anos foram de
oitocentos e trinta e um (831) atletas enquanto que as transferências para os países do
primeiro escalão do futebol europeu foram de mil e seiscentos e um (1601) profissionais,
totalizando dois mil e quatrocentos e trinta e dois (2432) atletas nos últimos cinco anos.
Outro aspecto pode estar ligado ao peso do esporte para a economia daquele
continente. Com base em informações do Livro Branco47
sobre o desporto apresentado pela
Comissão das Comunidades Européias, o esporte gerou um valor de €407 bilhões em 2004, o
que representou 3,7% do PIB da União Européia – UE e gerou 15 milhões de empregos, o que
representa 5,4% da mão-de-obra ocupada daquele continente. Apenas no futebol profissional,
os principais clubes europeus movimentaram, de acordo com a auditoria Deloitte48
, €14.6
bilhões na temporada 2007-2008, apresentando um crescimento nos últimos três anos de €1
bilhão em cada ano. Ainda, no artigo divulgado pela Deloitte, nota-se a importância da UEFA
para a “Indústria do futebol”. Na parte onde são abordadas as premiações a clubes, seleções,
na temporada 2007-2008 a UEFA pagou €586 milhões aos 32 clubes participantes da UEFA
Champions League e €37 milhões aos 40 clubes participantes da Liga Europa (antiga Taça
UEFA).
Ainda, de forma secundária e a título de ilustração, também foram levantados outros
destinos dos jogadores de futebol que optaram por atuar fora do Brasil. Em levantamento
complementar, com informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, apontou-se
também, países ditos como “exóticos”, para a prática do esporte no cenário internacional.
Neste sentido, serão apresentadas informações de outros grupos de países como os Países
Árabes e continentes como América (Norte e Sul), e Ásia. Para isto, no quadro 02 abaixo
aponta-se os destinos com base nos anos de 2005 a 2009.
AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
CANADÁ 0 8 0 5 2 15
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 12 10 14 23 25 84
MÉXICO 23 7 9 6 11 56
TOTAL 35 25 23 34 38 155
Taffarel e do técnico Carlos Alberto Parreira para o Galatasaray SK, e para o Fenerbahce SK a contratação dos
atletas Alex e Roberto Carlos e o técnico e ex-atleta Zico.
47
Livro Branco. Disponível em: http://ec.europa.eu/sport/white-paper/doc/wp_on_sport_pt.pdf Acesso: 13 de
junho de 2010.
48
Futebol Finance. Análise Financeira. UEFA: A maior faturação do futebol global. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/uefa-a-maior-facturacao-do-futebol-global Acesso: 13 de junho de 2010.
27
AMÉRICA DO SUL 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
ARGENTINA 6 6 3 9 10 34
BOLÍVIA 24 16 12 20 13 85
PARAGUAI 17 13 21 20 31 102
URUGUAI 14 7 10 26 15 72
TOTAL 61 42 46 75 69 293
ÁSIA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
CHINA 5 15 27 23 15 85
HONG KONG 5 15 31 12 14 77
ÍNDIA 9 9 5 4 3 30
INDONÉSIA 13 15 21 6 3 58
JAPÃO 40 49 57 32 41 219
VIETNÃ 30 16 20 16 34 116
TAILÂNDIA 2 2 4 2 12 22
TOTAL 104 121 165 95 122 607
PAÍSES ÁRABES 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
ARÁBIA SAUDITA 15 11 9 3 4 42
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS 14 9 9 29 12 73
IRÃ (REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ) 9 3 6 10 13 41
OMAN 2 2 4 15 6 29
QATAR 6 7 13 12 16 54
TOTAL 46 32 41 69 51 239
Quadro 02: Transferências de brasileiros para o exterior entre os anos de 2005 e 2009.
Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizada pelo autor, por continente e destinos.
No quadro apresentado, viu-se a que na América do Norte as “importações” pelos os
Estados Unidos tiveram destaque nas transferências internacionais: o país lidera com oitenta e
quatro (84) transferências, o México com cinqüenta e seis (56), e Canadá com apenas quinze
(15) transações. A América do Norte, representada por estes três países como principais
destaques, tem histórico recente de sucesso em competições internacionais, como os EUA,
segundo colocado na última Copa das Confederações49
de 2009, melhor resultado deste país
em competições internacionais, quando perdeu para a Seleção Brasileira de Futebol na final.
O México se destacou internacionalmente no ano de 1999, após ganhar da Seleção Brasileira
de Futebol no mesmo torneio e no caso do Canadá, seu histórico é fraco neste esporte.
49
Torneio de futebol organizado pela FIFA. Os participantes são os seis campeões continentais mais o país-sede
e o campeão mundial, perfazendo um total de oito países.
28
No que segue, aponta-se a participação de países da América do Sul. No período dos
últimos cinco anos, o Paraguai lidera com cento e duas (102) transações, seguido de Bolívia
com oitenta e cinco (85), Uruguai com setenta e duas (72) e Argentina com trinta e quatro
(34). Ao analisar os principais destinos na América do Sul, vemos que o Paraguai tem
conquistas inexpressivas, possui apenas a Copa América50
de 1953 e 1979 e nenhuma
aparição de destaque no cenário internacional recente. A Bolívia possui apenas a conquista da
Copa América de 1963. O Uruguai apresenta destaque internacional, com dois remotos títulos
mundiais nos anos de 1930 e 1950, porém nenhuma menção recente. O país vizinho,
Argentina, rivais históricos da Seleção Brasileira de Futebol, possui diversos destaques
internacionais, com aparições de grandes jogadores na atualidade, como Lionel Messi e Diego
Milito. É destaque por seus dois títulos de Copa do Mundo em 1978 e 1986, catorze Copas
América, e duas Olimpíadas em 2004 e 2008 e recente destaque para atuações de seus clubes
de futebol nacionais, como o Club Atlético Boca Juniors e Club Estudiantes de La Plata,
campeões da Copa Libertadores da América51
nos anos de 2003 e 2009 respectivamente.
Para comentar sobre a participação da Ásia no mercado internacional do esporte,
começa-se a análise a partir de dados da China. Este país, por suas proporções geográficas
continentais e a maior população do globo terrestre, com as importações de técnicos e
jogadores de futebol brasileiros, em um futuro próximo pode iniciar uma ascensão com maior
inserção e crescimento em competições internacionais. A China apresenta, nos últimos cinco
anos, oitenta e cinco (85) transações provenientes do Brasil. Mas, o Japão que importou
duzentos e dezenove atletas (219) é o principal destaque na região. O Vietnã com cento e
dezesseis (116), Hong Kong com setenta e sete (77), Indonésia com cinqüenta e oito (58),
Índia com trinta (30), e Tailândia com vinte e duas (22) transferências complementam o
quadro. O comentário a ser adicionado é sobre as “importações” japonesas. Este país teve
forte investimento no futebol a partir dos anos 1990 através de empresas, e com a inserção do
futebol “técnico” através de Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Este ex-atleta e hoje técnico de
futebol atuou pelo clube japonês Kashima Antlers de 1991 a 1994, ensinando e inserindo a
cultura do futebol profissional naquele país, onde posteriormente foi técnico do mesmo clube
e em seguida técnico da Seleção Japonesa.
50
Principal competição entre seleções de futebol das nações da Confederação Sul-Americana de Futebol,
CONMEBOL.
51
Taça Libertadores da América. O nome oficial é Copa Santander Libertadores por motivos de naming. É a
principal competição de futebol entre clubes profissionais da América do Sul, organizado pela Confederação
Sul-Americana de Futebol - CONMEBOL.
29
Ao contabilizar destinos “exóticos” para praticar o futebol, acredita-se que as
principais surpresas quando se noticía onde um atleta irá atuar, acorre com os países árabes. O
futebol destes países não possui destaque e suas equipes não fazem parte de grandes
competições e torneios no cenário internacional. Nesta região, entre os principais destinos de
jogadores brasileiros da modalidade aparecem Emirados Árabes Unidos com setenta e três
(73) atletas transferidos, Qatar com cinqüenta e quatro (54), Arábia Saudita com quarenta e
dois (42), República Islâmica do Irã com quarenta e um (41) e Omã com vinte e nove (29). O
destaque dos Emirados Árabes Unidos pode ter alguma relação com o histórico de uma Copa
do Mundo FIFA em 1990, que teve como Carlos Alberto Parreira como seu técnico. O Qatar
não possui histórico relevante em competições internacionais de futebol, assim como Omã.
Porém a Arábia Saudita participou da Copa do Mundo FIFA em 1994 e ganhou por quatro
vezes a Copa da Ásia52
nos anos de 1976, 1984, 1988 e 1996. Já o Irã possui três participações
em Copas do Mundo FIFA, nos ano de 1978, 1998 e 2006. E conquistou o título da Copa da
Ásia por três vezes seguidas, em 1968, 1972 e 1976. O futebol asiático e árabe é hoje regido
por grande parte de técnicos brasileiros, e com diversos atletas atuando nestes países, porém
os perfis e cenários deste futebol são uma incógnita, cujos investimentos são feitos através da
atuação dos Xeques árabes.
Por fim, pode-se concluir que os principais destinos na Europa para os jogadores
brasileiros são inicialmente Portugal e depois, pela ordem das transações, seguem: Itália,
Alemanha, Espanha. Por outro lado, existe uma série importante de clubes e países não tão
badalados que estão formando suas equipes com a ajuda dos atletas do Brasil. Contudo, ao
concluir esta parte é importante destacar que o número de jogadores que se transfere para
outros países pode ser visto apenas como um indicativo, pois outro fator pode ser também
importante. Nos países apontados, o que suas principais equipes contratam são “jogadores
talentosos” com “técnica refinada”, os quais têm seus passes e valores majorados. Por
exemplo, para Portugal é onde vai grande parte dos brasileiros, mas não é lá que acontecem as
transações mais caras ou se pagam os maiores salários. Este glamour é reservado à Espanha,
Itália e Inglaterra, cujos clubes procuram contratar o que de melhor existe no mercado
mundial. Desta forma outros países podem contratar mais brasileiros em termos de
quantidades, porém neste caso os valores das transações e os salários são menores.
52
Copa das Nações da Ásia é a principal competição de futebol da Confederação Asiática de Futebol e do
continente da Ásia.
30
5. Considerações Finais
Ao ter a idéia de realizar uma pesquisa sobre transações internacionais na área do
futebol, discutiu-se e pensou-se como este tema poderia ser trabalhado, se faria parte das
discussões de Relações Internacionais, das disciplinas estudadas durante a graduação e se isto
poderia gerar futuras abordagens acadêmicas. O objetivo foi apontar a possibilidade de
pessoas graduadas na área tornarem-se especialistas em outra matéria, porém que não fosse
comércio exterior, política externa, questões regionais dos continentes, etc.
Neste sentido, apontou-se que as questões neste setor também são movidas por
interesses, mas estes de clubes, federações, atletas, agentes FIFA, empresários. Contudo, estas
relações se enquadrariam no âmbito das relações internacionais como relações entre agentes
privados, principalmente, embora algumas relações sejam conduzidas por uma instituição
internacional, a qual dirige as associações nacionais de futebol, a FIFA.
O que se tentou deixar claro é que na atualidade a profissionalização do futebol, a qual
tem por sua essência os negócios, gera bilhões de reais todos os anos para o país e a
economia. Na questão da exportação de jogadores como um negócio internacional a pesquisa
pôde identificar que esta atividade fica muito a frente de diversos produtos da balança
comercial brasileira como as exportações de banana, mamão, melão e equipamentos médicos,
por exemplo.
Na questão dos motivos que os jogadores alegam para as transferências ao exterior, a
pesquisa feita com quarenta e nove atletas que já atuaram no exterior apontou como principais
resultados os seguintes aspectos: Em primeiro lugar se destacou o desejo dos atletas por
maiores salários. Em segundo lugar a busca de obter maior visibilidade e projeção de seu
trabalho na mídia. Na terceira posição foi apontada a busca por melhor qualidade de vida; em
quarto lugar e de jogar ao lado de atletas já consagrados no cenário internacional ou atletas
famosos; em quinto lugar o desejo por uma convocação à Seleção Brasileira e, por fim a
opção de maior qualidade no que se trata a segurança pessoal e familiar.
O outro fator que foi abordado na pesquisa é a apresentação dos principais destinos
europeus para jogadores brasileiros de futebol. Quanto a estes, Portugal foi o destaque,
secundados por Itália, Alemanha e Espanha. A pesquisa foi realizada baseada em informações
cedidas pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, e paralelo a isto, houve a constatação
de que não só a Europa leva os talentos brasileiros para o continente, mas diversos destinos
como a Ásia, Países Árabes e as Américas.
31
6. Referências
Brazil Futsal Center. Portugal e Itália são os principais destinos de jogadores brasileiros de
Futsal. Disponível em: http://www.brazilfutsalcenter.com/noticias.php?id=696&pagina=7 Acesso: 9
de junho de 2010.
COELHO, Paulo Vinicius. Bola fora: A história do êxodo do futebol brasileiro. 1ª Ed. São Paulo:
Panda Books, 2009.
Comissão das Comunidades Européias. Livro Branco. Livro Branco sobre o desporto. Disponível
em: http://ec.europa.eu/sport/white-paper/doc/wp_on_sport_pt.pdf Acesso: 13 de junho de 2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil
para o Exterior (2005). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2005.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil
para o Exterior (2006). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2006.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil
para o Exterior (2007). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2007.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil
para o Exterior (2008). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2008.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil
para o Exterior (2009). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2009.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior
para o Brasil (2005). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2005.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior
para o Brasil (2006). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2006.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior
para o Brasil (2007). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2007.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior
para o Brasil (2008). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2008.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior
para o Brasil (2009). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2009.htm Acesso: 3 de junho de
2010.
DE VASCONCELLOS, Douglas Wanderley. Esporte, Poder e Relações Internacionais. 2008.
Brasília. Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG.
Dzaí. Esportes. Adriano não comparece a treino no Flamengo e diretoria perdoa jogador.
Disponível em: http://www.dzai.com.br/samuelbessa/noticia/montanoticia?tv_ntc_id=22182 Acesso: 2
de junho de 2010.
32
ESTUDOS ESPM. A internacionalização da indústria do esporte: e seus impactos sobre o futebol
brasileiro. Revista Marketing. Disponível em
http://www.revistamarketing.com.br/materia.aspx?m=185 Acesso: 13 de setembro de 2009.
FAVARO, Thomaz. Craque de Exportação. Revista Veja. São Paulo. Julho de 2007, Ed. 2017.
Disponível em http://veja.abril.com.br/180707/p_076.shtml Acessado em 17 de outubro de 2009.
FAYOL, Henri. Administração Industrial e Geral. Administration Industriellen ET Générale.
Tradução de Irene de Bjano e Mário de Sousa. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 1960.
Fédération Internationale de Football Association – FIFA. Regras no Status e Transferências de
Jogadores de Futebol (Outubro de 2009). Disponível em: http://tinyurl.com/38mun9l Acesso: 9
de junho de 2010.
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP. Departamento de Relações Internacionais e
Comércio Exterior – DEREX. Gerência de Relações Internacionais e Comércio Exterior. Manual de
Negociações Internacionais. Disponível em:
http://www.fiec.org.br/artigos/negocios/manual_negociacoes_internacionais.pdf Acesso:25 de julho de
2010.
Fédération Internationale de Football Association – FIFA. Regras para Agentes FIFA (2008).
Disponível em: em: http://tinyurl.com/357qtkq Acessado em 9 de junho de 2010
Figueirense Futebol Clube. Assessoria de Imprensa. Figueirense é apontado como uma das
melhores categorias de base do país. Disponível em:
http://www.figueirense.com.br/noticias/view.php?idNews=5710 Acesso: 15 de abril de 2010.
Futebol Finance. Análise Financeira. Aumento das receitas na Ligue 1. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/aumento-das-receitas-na-ligue-1 Acesso: 16 de junho de 2010.
Futebol Finance. Análise Financeira. UEFA: A maior faturação do futebol global. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/uefa-a-maior-facturacao-do-futebol-global Acesso: 13 de junho de
2010.
Futebol Finance. Direitos Televisivos, Marketing e Patrocínios. Os 15 maiores negócios do futebol -
Fevereiro de 2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-
futebol-fevereiro-2010 Acesso: 11 de abril de 2010.
Futebol Finance. Direitos Televisivos. Serie A League, ou a nova Italian Premier League.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/serie-a-league-ou-a-nova-italian-premier-league
Acesso: 16 de junho de 2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Deloitte Football Money League 2010. Disponível em
http://www.futebolfinance.com/deloitte-football-money-league-2010 Acesso: 12 de junho de 2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Forbes – Most Valuable Soccer Teams 2010.
http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2010 Acesso: 10 de junho de
2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Liga Sagres, uma liga da 2ª divisão Europeia. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/liga-sagres-uma-liga-da-2%C2%AA-divisao-europeia Acesso: 13 de
junho de 2010.
33
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Média de receitas dos patrocínios nas camisolas 09-10.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/media-de-receitas-dos-patrocinios-nas-camisolas-0910
Acesso: 16 de junho de 2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. O custo salarial dos clubes da Premier League 09-10.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-custo-salarial-dos-clubes-da-premier-league-0910
Acesso: 16 de junho de 2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 10 clubes mais valiosos de todos os desportos.
http://www.futebolfinance.com/os-10-clubes-mais-valiosos-de-todos-os-desportos Acesso: 10 de
junho de 2010.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 15 maiores negócios do futebol – 1º Semestre 2009.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-1%C2%BA-
semestre-2009 Acesso: 15 de novembro de 2009.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 20 clubes com maiores receitas em transferências
2009/2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-clubes-com-maiores-receitas-em-
transferencias-20092010 Acesso: 15 de novembro de 2009.
Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 20 clubes que mais investiram em jogadores 2009/2010.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-clubes-que-mais-investiram-em-jogadores-
20092010 Acesso: 15 de novembro de 2009.
Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 50 maiores salários de jogadores de futebol 2009-2010.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-50-maiores-salarios-de-jogadores-de-futebol-
20092010 Acesso:16 de junho de 2010.
Futebol Finance. Gestão e Negócios. FIFA regula transferências de menores. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/fifa-regula-transferencias-de-menores Acesso: 15 de novembro de
2009.
Futebol Finance. Marketing e Patrocínios. O merchandising dos maiores clubes Europeus.
Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-merchandising-dos-maiores-clubes-europeus
Acesso: 13 de junho de 2010.
Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os salários dos jogadores brasileiros 2009. Disponível em:
http://www.futebolfinance.com/os-salarios-dos-jogadores-brasileiros-2009 Acesso: 15 de novembro
de 2009.
Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 20 jogadores que mais ganham no mundo 2009 (com
publicidade). Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-jogadores-que-mais-ganham-no-
mundo-2009-com-publicidade Acesso: 15 de novembro de 2009.
GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. 3ª Ed. São Paulo: L&PM Pocket, 2004.
Globo.com, Portal G1. Economia e Negócios. NERY, André Luís. Brasil exporta mais atletas, mas
ganha menos. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL76511-
9356,00.html Acesso:13 de abril de 2010.
Globo.com, Portal G1. GUILHERME, Paulo. Perfil ‘estrangeiro’ da seleção dificulta elo com a
torcida, dizem especialistas. Disponível em: http://tinyurl.com/32zdfch Acesso: 27 de maio de
2010.
34
GloboEsporte. Blog de Emerson Gonçalves. Como comprar Kaka’ e Cristiano? Disponível em:
http://tinyurl.com/33khbak Acesso: 13 de junho de 2010.
GloboEsporte.com. Futebol Internacional. Na mira do Real, Neymar é chamado de ‘Messi
brasileiro’ por Diário Espanhol. Disponível em: http://tinyurl.com/38evhzp Acesso: 15 de abril de
2010.
JACOBS, Cláudia Silva. Futebol exportação. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2006.
KFOURI, Juca. Por que não desisto: futebol, dinheiro e política. São Paulo: Editora Disal, 2009.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10ª Edição, 7ª reimpressão – Tradução Bazán
Tecnologia e Lingüística; revisão técnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
LANCE!NET. Adriano falta ao treino do Flamengo na Gávea. LancePress. Disponível em:
http://www.lancenet.com.br/noticias/10-02-26/708223.stm Acesso: 5 de junho de 2010
LANCE!NET. Futebol Brasileiro lucra fortuna com transferências. LancePress. Disponível em:
http://tinyurl.com/374fauf Acesso: 6 de abril de2010.
LEONCINI, M. P. & DA SILVA, M. T. Entendendo o Futebol como um negócio: um estudo
exploratório. 2004. Faculdades Integradas Stella Maris Andradina & Departamento de Produção,
Escola Politécnica da USP.
LEWICKI, Roy L. & SAUNDERS, David M. & MINTON, John W. Fundamentos da Negociação.
2ª Edição. São Paulo. Editora Bookman, 2002.
LUCENA, Pierre. Blog Acerto de Contas. Economia do Esporte. Exportação de Atletas supera a de
vários produtos. Disponível em: http://tinyurl.com/2vsrtxv Acesso: 17 de outubro de 2009.
MAIA, Mônica. Exportação de jogadores brasileiros motiva Pós-Doutorado na Escócia. Junho de
2007. Disponível em http://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=11456 Acesso:8 de
novembro de 2009.
MARTINELLI, Dante P., VENTURA, Carla A. A. & MACHADO, Juliano R. Negociação
Internacional. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2008.
MARTINS, Thiago. Municípios da região Sudeste do Pará formam pólo de exportação de
jogadores para o resto do Brasil. Novembro de 2008. Disponível em http://tinyurl.com/356kzww
Acesso: 8 de novembro de 2009.
Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior – MDIC. O Setor de Serviços
Brasileiro. Comércio e Serviços. Disponível em:
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2412 Acesso: 25 de julho de 2010.
MORGAN, Melissa Johnson & SUMMERS, Jane. Marketing Esportivo. São Paulo: Editora
Thomson, 2008.
O Globo. Esportes. Adriano chega atrasado a treino e é mandado de volta para casa na Inter.
Disponível em: http://tinyurl.com/39ko8so Acesso: 5 de junho de 2010.
OLIVEIRA, Raquel Bonow. Relações Internacionais: uma introdução à epistemologia do conceito.
2008. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI.
35
OZANIAN, Michael K.. “The Business of Soccer”, ed. Forbes, 1º de Abril de 2005.
http://www.forbes.com/2005/03/30/05soccerland.html Acesso: 2 de novembro de 2009.
PEREIRA, Lucas Amorim. Made in Brazil: Jogadores tipo Exportação. 2007. Trabalho de conclusão
de curso (Graduação em Jornalismo) – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Portal ESPBR. Flamengo vence, mas não consegue classificação na Taça Libertadores. Disponível
em: http://tinyurl.com/3ymxn7s Acesso: 27 de maio de 2010.
Revista Marketing. A Internacionalização da Indústria do Esporte. Revista Marketing. São Paulo.
Estudos ESPM, fevereiro de 2009.
Site da Lusa. Peneiras. Disponível em: http://www.sitedalusa.com/base/peneira.php Acesso: 22 de
abril de 2010.
Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado Alice Web,
desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Disponível em:
http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Acesso:15 de abril de 2010.
Terra Esportes. Temendo seqüestro, City contrata seguranças para Robinho. Disponível em:
http://tinyurl.com/25zporf Acesso: 27 de maio de 2010.

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Quotidiano 31 10 2012 pag.6
Quotidiano 31 10 2012 pag.6 Quotidiano 31 10 2012 pag.6
Quotidiano 31 10 2012 pag.6 Roberto Gerin
 
Barça athletic(jorn.34)
Barça athletic(jorn.34)Barça athletic(jorn.34)
Barça athletic(jorn.34)latdp
 
Innovando en clase
Innovando en claseInnovando en clase
Innovando en claseFranco Mana
 
ADSWorkRequestForm
ADSWorkRequestFormADSWorkRequestForm
ADSWorkRequestFormLori Brady
 
Exposición
ExposiciónExposición
ExposiciónYsabelpb
 
BOBO ANGELA - BA
BOBO ANGELA - BABOBO ANGELA - BA
BOBO ANGELA - BAangela bobo
 
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...Any De Los santos
 
Introducao a opcoes reais mba 2012
Introducao a opcoes reais mba 2012Introducao a opcoes reais mba 2012
Introducao a opcoes reais mba 2012Claudia Bonelli
 
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa Patricia Ines Vargas Dotor
 
Integración del hombre y su mundo
Integración del hombre y su mundoIntegración del hombre y su mundo
Integración del hombre y su mundomigue006
 
Llamado a oferta
Llamado a ofertaLlamado a oferta
Llamado a ofertapagaduria
 

Destaque (14)

Quotidiano 31 10 2012 pag.6
Quotidiano 31 10 2012 pag.6 Quotidiano 31 10 2012 pag.6
Quotidiano 31 10 2012 pag.6
 
Barça athletic(jorn.34)
Barça athletic(jorn.34)Barça athletic(jorn.34)
Barça athletic(jorn.34)
 
Innovando en clase
Innovando en claseInnovando en clase
Innovando en clase
 
R.A Cert.
R.A Cert.R.A Cert.
R.A Cert.
 
ADSWorkRequestForm
ADSWorkRequestFormADSWorkRequestForm
ADSWorkRequestForm
 
All in one
All in oneAll in one
All in one
 
Exposición
ExposiciónExposición
Exposición
 
BOBO ANGELA - BA
BOBO ANGELA - BABOBO ANGELA - BA
BOBO ANGELA - BA
 
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...
101 cosas que aprendí en la facultad de arquitectura. anyamar de los santos f...
 
Introducao a opcoes reais mba 2012
Introducao a opcoes reais mba 2012Introducao a opcoes reais mba 2012
Introducao a opcoes reais mba 2012
 
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa
Gerencia De Proyectos De la Tecnología Educativa
 
Integración del hombre y su mundo
Integración del hombre y su mundoIntegración del hombre y su mundo
Integración del hombre y su mundo
 
Llamado a oferta
Llamado a ofertaLlamado a oferta
Llamado a oferta
 
ISO Internal Auditor Certification
ISO Internal Auditor CertificationISO Internal Auditor Certification
ISO Internal Auditor Certification
 

Semelhante a Artigo matheus koerich a patria de chuteiras na europa

O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...
O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...
O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...Marcello Caetano
 
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015Renata Aquino
 
Estatísticas futebol transferências internacionais
Estatísticas futebol  transferências internacionaisEstatísticas futebol  transferências internacionais
Estatísticas futebol transferências internacionaisbelaciano
 
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...Leonardo Seabra
 
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado Brasileiro
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado BrasileiroCurso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado Brasileiro
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado BrasileiroThiago Viana
 
Portugal x Brasil- No mercado de transferências de jogadores
Portugal x Brasil- No mercado de  transferências de jogadoresPortugal x Brasil- No mercado de  transferências de jogadores
Portugal x Brasil- No mercado de transferências de jogadoresFootball Improvement Portugal
 
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadores
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadoresEstudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadores
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadoresAmir Somoggi
 
Economia copa f gv
Economia copa f gvEconomia copa f gv
Economia copa f gvStudiesfree
 
Treinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelTreinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelWallace Trajano
 
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportes
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportesPlanejamento Estratégico de RP no mercado de esportes
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportesMarcus Vinicius Bonfim
 
Relatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
Relatório - Os Bastidores do Futebol BrasilienseRelatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
Relatório - Os Bastidores do Futebol BrasilienseEugênio Neto
 
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...I SEMIC ESPM - 2012
 
Estudo do perfil das torcedoras - Comunicon
Estudo do perfil das torcedoras - ComuniconEstudo do perfil das torcedoras - Comunicon
Estudo do perfil das torcedoras - ComuniconAndreza Salgueiro
 
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?Sheila Garcia
 

Semelhante a Artigo matheus koerich a patria de chuteiras na europa (20)

O negócio do marketing esportivo
O negócio do marketing esportivoO negócio do marketing esportivo
O negócio do marketing esportivo
 
O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...
O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...
O APROVEITAMENTO DOS JOGADORES DE FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE MARKETING PARA O...
 
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015
Apresentacao futebol economia iapnm junho 2015
 
Futebol
FutebolFutebol
Futebol
 
Estatísticas futebol transferências internacionais
Estatísticas futebol  transferências internacionaisEstatísticas futebol  transferências internacionais
Estatísticas futebol transferências internacionais
 
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...
Discutindo a gestão dos objetivos e resultados desse negócio peculiar que é o...
 
Basta futebol clube
Basta futebol clubeBasta futebol clube
Basta futebol clube
 
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado Brasileiro
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado BrasileiroCurso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado Brasileiro
Curso de Gestão Esportiva Norte-Americana Aplicada ao Mercado Brasileiro
 
Portugal x Brasil- No mercado de transferências de jogadores
Portugal x Brasil- No mercado de  transferências de jogadoresPortugal x Brasil- No mercado de  transferências de jogadores
Portugal x Brasil- No mercado de transferências de jogadores
 
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadores
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadoresEstudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadores
Estudo Portugal x Brasil no mercado de transferências de jogadores
 
Economia copa f gv
Economia copa f gvEconomia copa f gv
Economia copa f gv
 
864 comércio-internacional
864 comércio-internacional864 comércio-internacional
864 comércio-internacional
 
Treinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelTreinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivel
 
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportes
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportesPlanejamento Estratégico de RP no mercado de esportes
Planejamento Estratégico de RP no mercado de esportes
 
asasasas
asasasasasasasas
asasasas
 
Relatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
Relatório - Os Bastidores do Futebol BrasilienseRelatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
Relatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
 
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...
O nível de relação do design emocional com as principais marcas do segmento e...
 
Estudo do perfil das torcedoras - Comunicon
Estudo do perfil das torcedoras - ComuniconEstudo do perfil das torcedoras - Comunicon
Estudo do perfil das torcedoras - Comunicon
 
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?
Qual o placar do marketing esportivo nos clubes de futebol brasileiros?
 
Gestão de Clubes Esportivos
Gestão de Clubes EsportivosGestão de Clubes Esportivos
Gestão de Clubes Esportivos
 

Artigo matheus koerich a patria de chuteiras na europa

  • 1. Universidade do Vale do Itajaí Centro de Educação São José Curso de Relações Internacionais A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE MATHEUS SELL KOERICH Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Professor Orientador: MSc. Paulo Jonas Grando UNIVALI - São José SÃO JOSÉ - 2010
  • 2. 2 RESUMO Palavras-chave: Brasil, Europa, Futebol Internacional, Jogadores de Futebol, Negócios Internacionais. Abstract Key-words: Brazil, Europe, International Business, International Soccer (Football), Soccer Players. Este artigo discute a importância do futebol na esfera dos negócios internacionais. Nesse sentido, o foco é a “exportação” de jogadores profissionais do Brasil que passam a atuar na Europa e secundariamente, observa a importância econômica deste negócio internacional para a Balança Comercial Brasileira nos últimos anos. Através de pesquisa empírica e com base em dados secundários apresenta os principais motivos alegados por atletas e pelos clubes para os venderem, e os primeiros por optarem jogar futebol em outro continente. Neste contexto, e com o foco na Europa, realiza-se o diagnóstico de quais os principais destinos para os atletas naquele continente. O exame destas informações permite mostrar que, de fato, o futebol através das transações entre clubes, federações, agentes FIFA e atletas criam oportunidades e com isto alavancam negócios neste meio, o que faz movimentar valores em termos econômicos no cenário internacional, o que reflete na economia do Brasil e dos países da Europa, foco deste estudo. Com isto, constata-se que o Brasil exportou cerca de dois mil e quatrocentos e trinta e seis (2.436) jogadores de futebol para os principais destinos do exterior, ou seja, o equivalente a cerca de cem (100) times de futebol formados por jogadores titulares e suplentes. This article presents the importance of Soccer (Football) and the Soccer Business internationally. Then, the main focus is the “exportation” of professional Soccer Players from Brazil to Europe to work (play soccer hired by a club). Followed by that, the article notes the economic importance in international business for the Brazilian Trade Balance in the last five years. After that, an empirical research has been made which shows the main reasons given by soccer athletes and clubs about the option to play soccer in another continent and sell their athletes. After all, the examination of these allegations allows and explains that, in fact, Soccer and its players transfers between clubs, federations, FIFA Agents create opportunities to leverage countries and continents economy in the international plan, reflecting in Brazil and Europe, focus of this paper.About these theme, it was noted that Brazil exported about two thousand and four hundred and thirty-six (2436) soccer players to the major destinations abroad which means the equivalent of almost one hundred (100) soccer teams formed by its players and substitutes.
  • 3. 3 A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE Matheus Sell Koerich Sumário: 1. Introdução; 2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o exterior e sua importância para balança comercial brasileira; 3. Características, motivos e estímulos para atletas profissionais brasileiros atuarem em solo estrangeiro; 4. Os principais destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa; 5. Considerações Finais; 6. Referências Bibliográficas. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo aborda uma questão que não é nova no cenário internacional, porém se mostra pouco estudada no mundo acadêmico das Relações Internacionais (RI)1 : trata-se da temática esportiva2 . Especificando, discute-se a “exportação” de jogadores de futebol brasileiros para o continente europeu. A delimitação deste cenário está centrada na importância econômica desta “área de negócios internacionais3 ”, atrelada ao Setor de Serviços Brasileiro4 , nos motivos que produzem o fato empírico e nos principais destinos profissionais em que atuam os jogadores brasileiros de futebol, na Europa. Do exposto, o problema da pesquisa envolveu os questionamentos que seguem: a) Qual é o comportamento econômico que a exportação de jogadores profissionais produz na balança comercial brasileira dos últimos anos? b) Quais são os principais motivos alegados 1 Neste caso, Relações Internacionais em maiúsculas se refere à disciplina acadêmica. E relações internacionais em letras minúsculas aborda o conjunto de intercâmbios que acontece entre nações, povos e/ou culturas. 2 Este tema é bastante novo. Por exemplo, em uma pesquisa rápida no guia de assuntos já abordados pela mais prestigiada revista brasileira dedicada à política externa e às relações Internacionais (Revista Política Externa) os temas de esporte e futebol não aparecem, mas na prática o governo brasileiro utiliza-se da Seleção Brasileira de Futebol para promover o país no exterior, em campanhas pacifistas como no caso da partida de futebol entre o time brasileiro e a Seleção do Haiti em 18 de agosto de 2004, no Estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe (Haiti). 3 O Manual de Negociações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, elaborado por seu Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – DEREX, destaca que as negociações servem, sobretudo, para possibilitar a liberalização do comércio entre os países e para garantir um ambiente mais seguro para produtores e investidores. Disponível em: http://www.fiec.org.br/artigos/negocios/manual_negociacoes_internacionais.pdf Acesso: 25 de julho de 2010. 4 De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, o setor de serviços (ou terciário) da economia brasileira envolve a comercialização de produtos e a prestação de serviços comerciais, pessoais ou comunitários à população. As estatísticas disponíveis revelam a importância do setor de serviços para a economia brasileira. Em 2008, o setor contribuiu com 65,3% do valor adicionado ao PIB e foi, no mesmo período, o principal receptor de investimentos diretos (38,5%). Tradicionalmente, é também o maior gerador de postos formais de trabalho do País: segundo dados do Ministério do Trabalho. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2412 Acesso: 25 de julho de 2010.
  • 4. 4 por clubes e jogadores para a venda ou para os profissionais optarem por atuar no exterior? E c) Quais são os principais destinos nacionais destes jogadores no continente europeu? As principais premissas teóricas (liberalismo, construtivismo, realismo, e marxismo) das RI enfocam, predominantemente, a Política Internacional. Esta condição está atrelada ao fato de que nas relações entre atores dotados do instituto da soberania, o fator político torna-se determinante para o exercício e defesa de suas prioridades (OLIVEIRA, 2008). Mas isto não impede que outros assuntos e temas que não façam parte da política internacional, como o futebol, não sejam trabalhados por àqueles profissionais que atuam com RI. Desta maneira, pode-se apontar que na disciplina de RI este é um tema novo, devido ao foco que se dá a esta carreira, onde as pesquisas estão mais ligadas a disciplinas como diplomacia, teorias de Relações Internacionais, política externa, ciência política, direito internacional, entre outras. Porém, ao abordar negociações internacionais na área esportiva, um internacionalista, ao atuar como negociador entre clubes e atletas, também faz o papel de diplomata, porém não representando um Estado e seus interesses, mas sim interesses comerciais de entidades, clubes ou pessoas. Ao tratar de negócios internacionais na área do futebol nota-se a importância da globalização, a qual afeta, principalmente, o contexto econômico e cultural da atividade. Este subsetor da economia, atrelado ao setor de serviços, atua com a chamada “produção de emoções”. Neste sentido, o futebol, conhecido no Brasil e na Europa como o esporte das massas se destaca, pois nenhum outro segmento esportivo é tão internacionalizado como este. Este aspecto gera uma indústria específica muito grande em termos de movimentação econômico-financeira. Por isto e esta é uma das razões, a escolha do tema baseou-se pela importância dada a este esporte no plano internacional e principalmente pelos seus reflexos no espaço nacional. No Brasil este esporte movimenta bilhões anualmente, através de seus Clubes, Federações, Associações, Agentes FIFA56 , investidores, atletas, e outros atores que atuam nesta “indústria”. Ao ser tratado como um negócio internacional, isto desde 1910 (COELHO, 2009), a exportação de jogadores profissionais pelo Brasil se destaca. A questão é vista pelos valores financeiros que a atividade apresenta: consideradas altas e em elevação. Nesse sentido, as transferências de determinados atletas, realizadas com diversos países do mundo, apresentam a Europa como o continente onde estas magnitudes financeiras são crescentes. 5 Fédération Internationale de Football Association – FIFA (Federação Internacional de Futebol – FIFA) 6 A atividade de Agente FIFA consiste em representar atletas e clubes nas transações nacionais e internacionais e outros tipos de negócios profissionais envolvendo o futebol, buscando as melhores oportunidades e procurando estabelecer uma relação profissional e de respeito com os clubes.
  • 5. 5 A identificação das características, incentivos e estímulos dados a estes atletas profissionais para atuarem em solo estrangeiro e o que lhes é proporcionado para exercerem esta profissão em clubes daquele continente é o objetivo deste estudo. Por isto, este artigo buscou pesquisar a importância econômica da exportação de jogadores profissionais na balança comercial brasileira nos últimos anos, os principais destinos destes jogadores no continente europeu e os motivos mais alegados por clubes, agentes de futebol e jogadores para optarem por atuar no exterior. Ao abordar as transferências de jogadores brasileiros de futebol, a pesquisa observou os principais destinos na Europa, os incentivos e os principais motivos que levam os jogadores a tomar a decisão de se transferir para um clube de outro continente. Neste caso, via pesquisa bibliográfica e entrevistas com jogadores profissionais, foram levantados alguns dos fatores que são freqüentemente mencionados como fundamentais nestas decisões. No mesmo sentido, dados da balança comercial brasileira de serviços foram utilizados para demonstrar os valores referentes a compra e venda de atleta profissionais, isto com base nos dados do Boletim Anual de Relações Econômico-Financeiras com o Exterior, do Banco Central do Brasil – BACEN e dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado Alice Web, desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. No mesmo sentido as relações de Transferência Internacionais da Confederação Brasileira de Futebol – CBF permitiram detalhar os principais destinos dos jogadores brasileiros nos gramados europeus. Do exposto, a estrutura do trabalho observa que a primeira seção trata dos aspectos econômicos das transferências de jogadores de futebol para o exterior e as conseqüências na balança comercial brasileira nos últimos anos. Em seguida, após as estruturas analisadas em conjunto e informações coletadas com atletas profissionais desta categoria, é apresentado os principais motivos alegados por jogadores para serem vendidos ao exterior, e o que os levou a tomarem estas decisões. Por fim, abordam-se os principais destinos europeus para jogadores brasileiros praticarem o futebol. 2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o exterior e sua importância para balança comercial brasileira O foco e a justificativa apresentada possibilitam o estudo do assunto sob o ângulo dos negócios internacionais. Como qualquer outro setor da economia, o instrumento de exportação de atletas é visto como um fator de ganha-ganha entre atletas e clubes. Por um
  • 6. 6 lado, os europeus ganham com a qualidade nos gramados, estádios cheios e a aplicação de técnicas de marketing7 das mais diversas formas, por terem em seu clube um ou mais brasileiros, e por outro, o lado dos clubes brasileiros, as negociações são vistas com um propósito importante: o de os clubes se livrarem das dívidas. É o que aponta Damiani (2009), para quem “a participação da venda de jogadores na composição da receita de diversos clubes brasileiros de futebol está situada, tipicamente, em aproximadamente 25%. Essa constatação ressalta que se trata de um item de receita que tem se mostrado fundamental para que muitas agremiações possam buscar o equilíbrio de suas despesas e receitas”. Continuando na discussão do assunto, o autor consultado observa que: Pode-se já entender que, do ponto de vista de transações, envolvendo atletas, submeter-se-ia, se assim se pode dizer, à força da gravidade, que estabelece a atração de dois corpos como diretamente proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadro da distância entre eles. Como decorrência, atletas tenderão a gravitar em torno de massas de maior expressão econômica, como representadas pelas ligas européias, no lugar de buscar órbitas associadas a massas menores. É natural, portanto, que sejam por elas, as ligas mais expressivas, atraídos e retidos, em sua maior parte (DAMIANI, 2009). O futebol é um espetáculo de massas que movimenta números astronômicos em público e dinheiro (CARRANO, 2000). Neste caso, os jogadores são os artistas deste espetáculo, mas também são mercadorias expostas nas “vitrines” que são os clubes, e ainda, nas “vitrines eletrônicas” como sites de internet, rádios e televisão. Neste sentido, o esporte e seus principais personagens são produtos prontos para ser consumidos por cidadãos- consumidores do mundo globalizado, como apontado por Paulo Cesar R. Carrano. Este tipo de negócio internacional figura como uma importante atividade pelos valores que movimenta na balança comercial brasileira de serviços. Esta é mais uma justificativa relevante para o foco desta parte do trabalho. A questão financeira é importante e este aspecto se sustenta na supremacia econômica dos países, e conseqüentemente de seus clubes. De acordo com Paulo Vinícius Coelho (2009) esta filosofia tem os empresários do ramo como os principais protagonistas. Buscando aprofundar esta questão, em Lucas Amorim Pereira (2007) é possível de observar que a exportação de jogadores cresceu 650% nas últimas três décadas, seguindo a mesma trajetória da exportação de serviços. Ao abordar o ano de 2006, o autor cita que neste período o setor do futebol se expandiu em 35%, em relação ao ano anterior, e chegou a marca de R$ 12 bilhões. Neste a atividade, da “exportação de atletas”, movimentou 2,5% desse 7 De acordo com Kotler e Keller (2006) é o conjunto de atividades que têm por finalidade a criação e divulgação de ações que correspondem a um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas divulgam e podem obter aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. E ainda de acordo com Kotler: "Marketing é a atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca."
  • 7. 7 montante, ou R$ 300 milhões. Ainda, agora observando este aspecto no mundo, isto pode ser observado por uma das mais prestigiadas instituições de pesquisas do país: De acordo com o relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação Getúlio Vargas - FGV, que inclui os agentes diretos, como clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a mídia, o futebol mundial movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares anuais (LEONCINI & SILVA, 20038 ). Neste sentido, Pereira (2007), através de dados do Banco Central do Brasil, revela que as atividades empresariais e profissionais lideram a pauta de exportações, com 38% do total. É neste posto que se destaca o futebol e o trabalho dos jogadores, sobre os quais a FGV apresenta que o PIB deste esporte cresce a níveis de 10,8% ao ano e representa 1,95% do PIB nacional. Porém, na contramão desta expansão os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro acumulam dívidas de cerca de R$ 900 milhões e apenas 4,3% dos atletas ganham mais de vinte salários mínimos por mês. Por isto, Pereira (Op. cit.) aborda que, neste contexto, a exportação de jogadores é inevitável. Também Carrano (2000), ao enfatizar a globalização do futebol em sua obra, constata que este esporte está presente no dia-a-dia dos negócios internacionais, e movimenta valores em transações dos mais diversos tipos. Tais negócios envolvem: a) direitos de transmissão de jogos (de ligas nacionais como o Campeonato Brasileiro, Série A Italiana, Liga Espanhola, Copa Libertadores, Copa do Mundo FIFA, Eurocopa, Copa América, e outros campeonatos ao redor do mundo) entre cadeias de televisão públicas; b), patrocínios em camisas dos clubes (exemplos atuais do clube de futebol A.C. Milan e a empresa aérea Emirates Airlines no valor de €60 milhões por quatro anos); c) transmissão de jogos por rádio; d) compra de terrenos para construção de novos estádios; e) direitos de naming de estádios (caso da empresa PPL Energy Plus junto ao estádio do clube Philadelphia Union dos Estados Unidos, o que significou mudar o nome do estádio para PPL Park pelos próximos 11 anos pelo valor de €14,7 milhões); f) fornecimento de equipamentos esportivos cujo principal exemplo é a atuação da multinacional Nike9 para clubes por todo o plano internacional. Com isto, a “globalização no mundo do futebol”, faz com que jovens e torcedores adotem clubes e ídolos globais. Esta força mundializada10 do futebol é impulsionada por imagens capazes de criar torcedores de times europeus em bairros populares do Rio de 8 LEONCINI, M. P. & DA SILVA, M. T. Entendendo o Futebol como um negócio: Um estudo exploratório. 2004. Disponível em: http://tinyurl.com/2dxr8mc Acesso: 22 de abril de 2010. 9 Futebol Finance. Os 15 maiores negócios do futebol em fevereiro de 2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-fevereiro-2010 Acesso: 11 de abril de 2010. 10 Termo francês, que ao se referir a Mondialisation, designa expansão e harmonização entre as nações, atividades humanas e sistemas políticos em todo o mundo, afetando as pessoas, na maioria das vezes, com efeitos ao que se refere a transferências, intercâmbios internacionais de bens, trabalho e conhecimento.
  • 8. 8 Janeiro, vender camisetas do Flamengo em Moscou, bonés do “Barça11 ” em Salvador e faz com que marcas de empresas esportivas norte-americanas sejam pirateadas e vendidas nos inúmeros mercados informais, como no Calçadão de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro (CARRANO, 2000). Ao aprofundar a discussão sobre a “exportação” de jogadores de futebol, com foco na Europa, é importante destacar algumas observações apresentadas por Eduardo Galeano em sua obra, Futebol ao Sol e à Sombra (2004). Nesta, o autor aborda pontos relevantes sobre questão dos “preços” deste material humano. Ele afirma que dirigentes, agentes, procuradores, empresários e demais atores deste cenário ocupam um espaço relevante na mídia nacional e internacional e elabora uma crítica interessante. Segundo ele, antigamente os “passes” se referiam à viagem da bola de um jogador para o outro; agora, os passes aludem, antes, a viagem do jogador de um clube para outro de um país para outro. Neste sentido, os valores das transferências de atletas brasileiros para o exterior estão em elevação e os atletas estão saindo do país em idades menores12 . Como exemplo, merece destaque o caso do atacante Neymar13 do Santos F.C., que no ano de 2006, quando ainda estava nas categorias de base do clube Santista, sofreu assédio de clubes Europeus, como o próprio Real Madrid. Neste diapasão, os dados apontam que o processo das transferências de jogadores de futebol do Brasil para o exterior representa 0,3% na Balança Comercial Brasileira de acordo com o Relatório Anual do Banco Central do Brasil14 de 2008 (figura 01 a seguir). 11 Alusão ao F.C. Barcelona, clube espanhol. 12 É o que ressalta Paulo Roberto Falcão, ao escrever o prefácio do livro Bola Fora – A história do êxodo do futebol brasileiro, de Paulo Vinicius Coelho (2009). Segundo Falcão, hoje tem jogador que nem se profissionalizou ainda e já está saindo. Ele aponta que o público e os torcedores costumam ver essas transações como negócios, e é um fato real, pois a realidade do futebol é a realidade do mercado. 13 O atleta Neymar do Santos FC é foco de clubes Europeus como Real Madrid e o Chelsea de Londres. Na mira do Real Madrid, Neymar é chamado de 'Messi brasileiro' por diário espanhol. Sensação do Santos estaria avaliada em €30 milhões (ou R$ 72 milhões de acordo com o câmbio do dia 14/04/2010). Fonte: GLOBOESPORTE.COM Disponível em: http://tinyurl.com/38evhzp Acesso: 15 de abril de 2010. 14 Segundo o Banco Central, os dólares provenientes da venda de atletas entram e são computados na Balança Comercial de Serviços. O órgão começou a contabilizar os valores das transferências em 1993, e desde então, a exportação de jogadores já rendeu ao país mais de US$1 bilhão.
  • 9. 9 Figura 01 – Exportação de atletas em milhões de dólares. Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN. Os dados do quadro 115 , podem ser considerados pequenos se comparados com os US$152,9 bilhões16 que o país exportou no ano de 2009. No entanto, a exportação de jogadores, se tomada individualmente é um negócio importante. O aumento destes números não quer dizer que o país é ou se tornou o ator que movimenta cada dia mais valores no plano internacional neste setor da economia, porém não fica para trás nesta leitura. Contudo, pode- se apontar que é definitivamente um agente relevante, se não o mais importante, quando se fala deste esporte no sentido de “fabricar” novos atletas. A Inglaterra, por exemplo, na temporada 2008/2009 investiu £812 milhões17 na compra de jogadores. Porém, diferente do Brasil e de outros países da América Latina, os ingleses não buscam a venda de atletas como 15 Dados do Banco Central, apud NERY, André Luís. Brasil exporta mais atletas, mas ganha menos, extraído pelo autor do portal G1 – O portal de notícias da Globo – Economia e Negócios. Disponível em: http://tinyurl.com/2fkwa8t Acesso: 13 de abril de 2010. 16 Informações disponíveis em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Acesso: 15 de abril de 2010. 17 Site LANCE!NET. Futebol Brasileiro lucra fortuna com transferências. Lance!Net, LancePress. Disponível em: http://www.lancenet.com.br/noticias/09-02-05/482261.stm?futebol-brasileiro-lucra-fortuna-com-transferencias. Acesso: 6 de abril de2010.
  • 10. 10 receita para a continuidade do negócio, mas fazem isto via ações de marketing das mais diversas maneiras, inclusive e principalmente com os atletas brasileiros contratados. A perspectiva de evolução deste negócio implica no aumento de investimentos em jovens por parte dos clubes de futebol, agentes FIFA, empresários e outros métodos de investimento. Ao adquirir os passes dos jovens antes de suas carreiras deslancharem existe a responsabilidade destes atores se tornarem os empregadores destes atletas ainda no Brasil. Esta estratégia é bastante utilizada, pois ela representa custos muito inferiores daqueles que um clube ou empresário deveria arcar se a jovem promessa se transformar em um atleta que deslanche no mercado, “exploda”, ou seja, seu talento seja reconhecido por especialistas. Por isto, os empresários “assumem” os salários destes jovens atletas nas condições brasileiras e programam suas carreiras até estes jogadores atuarem no exterior. É certo que há riscos para os clubes e para os investidores. Um exemplo empírico é o caso do Figueirense Futebol Clube18 . Nesta instituição, nos últimos dez anos, um novo modelo de gestão19 foi implantado e uma das áreas que recebeu maior atenção por parte da direção foi a de formação de atletas. A assessoria de imprensa do clube avalia que no Brasil, dentre as principais fontes de receita de um clube de futebol profissional que almeja crescimento técnico e econômico, está a negociação20 de jovens valores formados no próprio clube. Os dirigentes do clube citado apontaram que em 2008, cerca de 11% do orçamento total do clube, ultrapassando a soma de três milhões de reais, foram destinados somente para o investimento na formação de jovens talentos. 18 Figueirense Futebol Clube. Figueirense é apontado como uma das melhores categorias de base do país. Assessoria de Imprensa. Disponível em: http://tinyurl.com/2awp98u Acesso: 15 de abril de 2010. 19 De acordo com o conceito clássico inicialmente desenvolvido por Jules Henri Fayol, compete a gestão atuar através de atividades de planejamento, organização, liderança e controle, de forma a atingir os objetivos organizacionais pré-determinados. Porém não seja possível encontrar uma definição universalmente aceite para o conceito de gestão e, por outro lado, apesar deste ter evoluído muito ao longo do último século, existe algum consenso relativamente a que este deva incluir obrigatoriamente um conjunto de tarefas que procuram garantir todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos objetivos pré-determinados. Por outras palavras, cabe à gestão a otimização do funcionamento das organizações através da tomada de decisões racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados e informação relevante e, por essa via, contribuir para o seu desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários e para a satisfação de necessidades da sociedade em geral ou de um grupo em particular. 20 Para Lewicki, Saunders e Minton na obra Fundamentos da Negociação (2002), este não é um processo reservado apenas ao diplomata habilidoso, ou a um advogado: é algo que todos fazem dia-a-dia. Embora os interesses não sejam tão importantes como acordos de paz ou fusões de grandes empresas; as vezes as pessoas negociam coisas maiores como um novo emprego, e em outras vezes coisas relativamente menores, como lavar os pratos. Isto ocorre devido a um destes dois motivos: 1 – Criar algo novo que nenhuma das partes poderia fazer por si só ou 2 – para resolver um problema ou uma disputa entre as partes. Já o Institute of World Affairs, órgão da Organização das Nações Unidas - ONU define que a negociação em seu nível mais fundamental pode ser definida como o processo em que duas ou mais partes compartilham idéias, informação e opções para atingir um acordo mutuamente aceitável. A negociação é um processo que envolve o intercâmbio de propostas seguras e garantias, freqüentemente por escrito. É então o meio pelo qual as pessoas buscam o entendimento e o consenso.
  • 11. 11 Para exemplificar os aspectos acima destaca-se os atletas das categorias de base que fizeram parte do clube em sua história recente e que foram negociados com clubes do exterior. A nominata é a que segue: zagueiros: Felipe Santana (para o Borussia Dortmund da Alemanha), Rafhael (para o Porto de Portugal) e Édson (para o Porto de Portugal), o volante Pedro (para o Salamanca da Espanha), o atacante Michel Simplício (para o Naval de Portugal), os laterais: Filipe Luís (para o Ajax da Holanda, Real Madrid “B”, La Coruña da Espanha e convocado para a Seleção Brasileira), Massari (para o Porto de Portugal) e Guilherme (para a Udinese da Itália), entre outros. Com isso, retomando a discussão sobre a importância dos valores envolvidos no negócio de exportação de jogadores de futebol este aspecto pode ser melhor dimensionado pelo exame do quadro abaixo. Neste apresentam-se informações sobre os últimos anos desta atividade para a economia do país cujo tema foi abordado pelo jornalista André Luís Nery, ao abordar as transferências de jogadores de futebol nos anos de 2005 e 2006. Figura 02 – Vendas de atletas x produtos, em milhões de dólares. Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. A figura 02 mostra os valores referentes a produtos comuns do dia-a-dia do brasileiro, e exportáveis, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, através de seu Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado ALICE Web. Neste sentido, ao analisarmos a representação esta
  • 12. 12 mostra a posição da venda de atletas (que é um item considerado como serviço para o Banco Central do Brasil) frente a diversos produtos da balança comercial brasileira, como banana, mamão, melão, uva, equipamentos médicos, pimenta em grão, maçã, lagosta congelada e trigo em grão. Os dados mostram que a exportação de jogadores representou para o Brasil no período em exame rendimentos de mais dólares do que as vendas de diversas frutas tradicionais da pauta exportadora brasileira. Esta relação, porém, é somente parte do que há por de trás desta atividade internacional. Os valores das transações dos atletas no momento da venda não correspondem somente àqueles números, até porque os jogadores recebem altos salários mensais pelos clubes em que se sujeitam a jogar, e também recebem prêmiações, valores por participação em mídias e marketing em geral. Dada as condições sociais de muitos destes atletas, boa parte deles reinvestem seus ganhos no Brasil. Ou seja, grande parte destes recursos investidos neste material humano volta a seu país de origem, das mais diversas formas, através de empresas, fundações21 , obras sociais, gastos com imóveis, bens de consumo e outros. Sobre este aspecto, José Trajano, na obra Cartão Vermelho: Os bastidores do Esporte (2004) alude a um exemplo desta observação. Trata-se do caso do artilheiro da Bundesliga22 de 2004 pelo clube Werder Bremen, o jogador Aílton. O resumo a seguir é uma ilustração dos argumentos do autor sobre o problema da falta de oportunidades no Brasil, a esperança de sucesso no futebol e para aqueles que se destacam, a perspectiva da Europa como destino. Neste texto, José Trajano (2004) resgata que o atleta em questão, à época, tornou-se o maior artilheiro da Europa e ganhou a chuteira de prata. Pois bem, Aílton é oriundo de uma cidade chamada Mogeiro na Paraíba, com aproximadamente 10 mil habitantes. Nas férias, o atleta volta a sua cidade e se reúne todos os dias com pessoas para atender seus pedidos, escritos em pedaços de papel: nestes uns querem poltronas, outros passagens para algum lugar, outros ainda querem arrumar o telhado de casa, cestas básicas e por aí vai. Aílton está na Alemanha há seis anos e não fala uma palavra em alemão. É uma pessoa que se salvou da vida miserável por meio do futebol. Por isto, é enorme o número de crianças que aparecem nos clubes onde haja peneira23 . No caso dos que conseguem, com a atual situação dos clubes brasileiros, a Europa é destino inevitável. O futebol é para poucos. Os que já são craques não têm alternativa senão sair do país. Onde mais haveria lugar para um Kaka‟ ou um Ronaldinho senão na Europa, onde acontecem os melhores e mais ricos 21 Exemplos de ex-jogadores da Seleção Brasileira como Cafu, com a Fundação Cafu – Alimentando sonhos, de Raí, com a Fundação Gol de Letra e de Edmílson com a Fundação Edmílson – Semeando sonhos. 22 Campeonato Nacional de futebol da Alemanha 23 Nome popular dado ao processo seletivo de jogadores feito pelos clubes de futebol nas categorias de base, com atletas que não sejam profissionais e tenham menos de 18 anos. Nesta atividade são observadas características físicas (altura, peso, porte, velocidade, impulsão) e técnicas (passe, drible, lançamento). Disponível em: http://www.sitedalusa.com/base/peneira.php Acesso: 22 de abril de 2010.
  • 13. 13 campeonatos do mundo? O que ocorre é que as seleções desses países europeus não jogam tão bem porque não podem convocar esses jogadores estrangeiros – brasileiros muitas das vezes. Os estrangeiros levam dinheiro para o campeonato, os tornam atrativos. Contudo, em meio a valores como os apresentados e exemplos de atletas e seus casos em particular, é inevitável que seja discutido o futebol como um tema internacional. O tema em evidência, ligado a economia e ao plano internacional, possibilita estudar matérias como negociações internacionais em cursos de graduação em universidades brasileiras. Neste sentido, aponta-se na ilustração 03 a seguir os dados sobre o crescimento da atividade no país desde o início dos anos 1990. Figura 03 – Evolução das transferências dos jogadores brasileiros para o exterior entre 1992 e 2009. Fonte: JACOBS & DUARTE, 2006; Confederação Brasileira de Futebol – CBF e Folha de São Paulo, 2009, organizado pelo autor. As informações da figura 03 permitem indicar o comportamento quantitativo de atletas brasileiros que optaram por atuar no exterior. De acordo com fontes oficiosas, e desde que se começou a registrar o número destas operações pelos clubes brasileiros e por suas federações, o número pulou de 235 atletas em 1992 para 1.017 no ano de 2009, porém com pico de 1176 atletas no ano de 2008. Nos últimos dezoito anos, tomando o ano de 1993 como base e o de 2009 como referência, o aumento das exportações foi de quase 340%. Portanto, do exame dos
  • 14. 14 números apontados pode-se concluir que, ano a ano, a quantidade de jogadores profissionais que deixam os gramados nacionais para atuar no exterior vem aumentando significativamente. Neste sentido a evolução desta atividade, destacando-se a questão das exportações e retornos dos atletas, é outro fator a ser ressaltado. Este aspecto, devido a diversos processos e acontecimentos por parte dos atletas, clubes, seus agentes e as federações, varia apenas em relação às quantidades anuais. Por outro lado, se muitos jogadores saem do país para atuar no exterior, muitos também retornam. Na figura 04 estes números são ilustrados para os anos de 2005 a 2009. Figura 04 – Comparação entre os retornos e êxodo de atletas brasileiros para o exterior, entre 2005 e 2009. Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF Dos números apresentados na figura 04, observa-se que o ano de 2008 apresentou o maior número de jogadores exportados, com 1.176 jogadores de futebol enviados ao exterior. Contudo, o principal aspecto a ser ressaltado dos dados da figura 04 é que, na comparação entre os que saem para o exterior e os que retornam24 , a linha que representa os atletas que passaram a atuar no exterior sempre foi superior a dos que retornaram, ou seja, vão para o exterior, todos os anos, mais atletas que aqueles lá estão e que retornaram ao Brasil. Por fim, os números mostram dois aspectos significativos e complementares: existe uma elevação constante do número de jogadores de futebol brasileiros que decidiram atuar no 24 Os números referentes as transferências na questão que trata dos retornos de jogadores brasileiros de futebol ao Brasil abrangem não somente números advindos da Europa, mas todos os países e continentes que realizam processos de transferências com a Confederação Brasileira de Futebol – CBF.
  • 15. 15 exterior e também dos valores que o Brasil recebe pela venda destes profissionais. No mesmo sentido, embora com dificuldades de levantar números oficiais, pode-se apontar que parte dos ganhos que os jogadores brasileiros conseguem auferir no exterior são reinvestidos no Brasil. Logo, também se observa que os números apontam que, sempre é maior o número dos jogadores que saem para exercer sua profissão no exterior do que aqueles que estão retornando ao Brasil. Do exposto, o próximo tópico aborda alguns dos principais motivos que podem ajudar a explicar este êxodo dos melhores jogadores profissionais para o exterior. 3. Características, motivos e estímulos para atletas profissionais brasileiros atuarem em solo estrangeiro Existem fatores importantes e motivos a serem discutidos, em relação às questões que levam um atleta a atuar fora de seu país e sair de sua “zona de conforto”, os quais são abordados nesta seção. Os fatores de “decisão locacional” de um atleta para mudar-se para o exterior não funcionam da mesma maneira que as decisões de uma empresa sobre onde elaborar um produto qualquer, pois envolvem diversas questões, muitas vezes de cunho particular. No mesmo sentido, o aumento do número de transações de jogadores, que passam a atuar no exterior, não é garantia de que estes números manterão a tendência de crescimento, também no futuro. Aspectos como a falta de adaptação a climas diferentes, fatores culturais, alimentação, tratamento dispensado aos atletas25 questões salariais e contratuais estão entre os diversos fatores que influenciam estas decisões. Dados os aspectos já apontados, esta parte do trabalho também aponta alguns dos principais motivos que os atletas pesquisados26 alegam para deixarem o Brasil e jogar um dado período de tempo, em um país da Europa, principalmente. Ao estudar a obra de Eduardo Galeano, vimos que o principal motivo deste êxodo foi a profissionalização do futebol. Contudo, mesmo antes daquele período já acontecia de jogadores brasileiros serem 25 Exemplo disto são os episódios de mau comportamento do atleta Adriano (ex-jogador de Internazionale de Milão, Flamengo, e em transição para o AS Roma da Itália), quando este jogador se atrasava para os treinamentos diários na Itália (quando atuava pela Inter), o mesmo era punido, tinha conversas com o técnico português José Mourinho (que é o atual campeão Italiano, da Super Copa da Itália e da Champions League pela própria Internazionale de Milão) que lhe mandava de volta para casa, e como punição lhe cortou de partidas do Campeonato Italiano. Porém, o atraso não fora o único motivo da punição pelo técnico, mas sim de que este não teria gostado de saber que o jogador brasileiro tenha ficado em uma boate em Milão na madrugada de domingo para segunda-feira (dia de treino) com outros amigos jogadores (como Ronaldinho Gaúcho do A.C. Milan). Porém, no Brasil o tratamento é diferenciado, a Diretoria de seu ex-clube, Flamengo, perdoa o jogador na maioria das vezes e não desconta salários, não deixa de relacionar o atleta para jogos. Isto é o que diferencia o Brasil da cultura europeia. Disponíveis em: http://tinyurl.com/22wv8y8 & http://tinyurl.com/2eahxnz & http://tinyurl.com/2dka34x Acessos: 3 de junho de 2010. 26 A pesquisa fora realizada com atletas profissionais da região de Florianópolis, entre clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro de Futebol e demonstra a realidade de jogadores com relativo destaque no cenário internacional, mas que atuam no estado de Santa Catarina.
  • 16. 16 contratados por clubes europeus. É o que Coelho (2009, p.11), em sua obra Bola Fora: A história do êxodo do futebol brasileiro27 destaca: “Arnaldo Porta [...] em 1914, foi o primeiro brasileiro a jogar na Europa, mais precisamente no futebol italiano no clube Verona, nota-se que esta atividade não é recente, não vem dos anos 1980 e 1990. Faz muito mais tempo do que as pessoas costumam imaginar que os jogadores brasileiros vão embora para a Europa. Nos casos apontados por Coelho (Op. cit.), destaca-se um motivo geralmente influenciável na maioria das decisões dos atletas se afastarem de seu país: o aspecto financeiro. Desde a década dos anos 1970 e 1980 e até recentemente, constata-se que a experiência saudita resistiu. Contudo, no que se refere a negócios internacionais nesta área, há que se ressaltar o seguinte: as oportunidades surgem para profissionais talentosos. Após 1980 e principalmente 1990, sob o comando dos empresários da bola, a intenção dos atletas é jogar onde se paga mais e se tem mais visibilidade (COELHO, 2009). Sobre isto, Eduardo Galeano, na obra Futebol ao Sol e à Sombra (1995), relata uma lógica cotidiana sul-americana, e porque não brasileira. De acordo com ele, o jogador com boas pernas e boa sorte: de seu povoado passa à cidade do interior; desta passa a um time pequeno da capital do país; na capital, o time pequeno não tem outra solução senão vendê-lo a um time grande; este, asfixiado pelas dívidas, vende-o a outro time maior de outro país; e finalmente o jogador coroa sua carreira na Europa. Não é de hoje, Galeano já conseguia ler esta atividade como uma indústria de exportação que despreza o mercado interno. Em sua análise o autor lamentava que a drenagem contínua de jogadores tornasse medíocre o esporte profissional na América, e o que isto desanimava o público que acompanha as competições. Para complementar, sobre os motivos que os jogadores justificam sua opção em atuar no exterior, a pesquisa empírica foi a estratégia utilizada28 . Nesta, buscou-se a investigar atletas que repassassem informações sobre esta discussão, mas sem definir uma perspectiva metodológica de base estatística para a seleção dos entrevistados, no que poderia ser definida como uma enquete, apenas. Na investigação empírica entrevistamos o total de quarenta e nove 27 Encontram-se atletas e até alguns técnicos de futebol, que utilizamos como exemplo. “Rubens Minelli, ex- jogador de futebol, até então técnico do São Paulo, explica: Eles me ofereceram sete vezes mais do que eu ganhava no São Paulo. Na época, meu salário era o maior do país. Telefonei para minha mulher, que estava de férias em São José do Rio Preto, e disse que estava arrumando as malas, que eu ia viajar para Riad27 . Minelli disse que a conta era muito simples. Se eu ganharia sete vezes mais do que no Brasil, pensei: é como se eu trabalhasse por três anos e recebesse o equivalente ao que receberia nos próximos 21. Tenho de aceitar – pensou. No Oriente Médio, Minelli foi contratado para dar idéias técnicas aos jogadores. (COELHO, 2009, p. 99). 28 A metodologia utilizada na pesquisa foi um questionário. Este abordava doze questões onde o entrevistado poderia assinalar todas as opções, com três alternativas (1 – razão mais relevante; 2 – razão relevante; e, 3 – razão não relevante) de sua escolha. As opções para o atleta abrangiam questões como maiores salários, jogar ao lado de atletas consagrados no cenário internacional, segurança pessoal e familiar, qualidade de vida superior, maior visibilidade de seu trabalho no futebol mundial, busca por convocação a Seleção Brasileira, evolução tática, prêmios, independência econômica, se fora levado por seu agente ou empresário, atuar em ligas ou campeonatos melhor organizados e a opção “outros” que ficava ao critério de preenchimento pelo atleta, onde alguns citaram a oportunidade de aprender novas línguas, conhecer países e culturas diferentes da sua, e auxilio constante a seus familiares.
  • 17. 17 (49) jogadores profissionais de futebol para tentar descobrir os motivos que estes alegam para atuar em clubes do exterior, no caso, na Europa. Os principais resultados podem ser observados a seguir, iniciando-se pela figura 05: Figura 05 – Apresentação das importâncias dos fatores questionados aos atletas para atuarem na Europa. Fonte: Pesquisa de campo, com atletas profissionais que atuam no Estado de Santa Catarina, nas séries A e B do Campeonato Brasileiro de Futebol, sobre seus motivos para atuar no exterior, realizada pelo autor nos meses de março, abril e maio do ano de 2010. Dentro dos motivos que levam os atletas a irem a outro país jogar futebol, está em primeiro lugar os salários recebidos naquele continente em relação ao Brasil. Como visto no gráfico representado pela Figura 05, 88% dos atletas considera como muito relevante optar por atuar no exterior em troca de maiores salários, 10% consideram a opção relevante e apenas 2% não a consideram relevante29 . Outra questão abordou a segurança dos jogadores e familiares. No Brasil, seqüestros como o da mãe do jogador Robinho30 do Manchester City (da Inglaterra), atualmente emprestado ao Santos e titular da Seleção Brasileira, por exemplo, são acontecimentos freqüentes no meio do futebol. Assaltos, ameaças feitas por torcedores, arremessos de objetos31 durante os jogos são outras questões de segurança. Quanto a estes casos, na Europa são bastante raros e até mesmo arremesso de objetos nos campos de futebol, são casos pouco freqüentes, pois a punição é severa. Neste sentido, indagamos aos atletas se eles buscam por 29 Nas entrevistas com os atletas, foi lhes solicitado que respondessem um conjunto de questões, e nestas assinalassem: Muito relevante quando um determinado aspecto fosse essencial para sua motivação a jogar na Europa; Relevante quando o assunto não era um item essencial, mas junto a outro conjunto fosse importante; e, Não relevante quando o assunto não lhe motivasse a sair do Brasil para atuar no exterior. 30 CARVALHO, Samir. Temendo seqüestro, City contrata seguranças para Robinho. Terra Esportes. Disponível em: http://tinyurl.com/25zporf Acesso: 27 de maio de 2010. 31 Flamengo vence, mas não consegue classificação na Taça Libertadores. Portal ESPBR. Disponível em: http://tinyurl.com/25oofom Acesso: 27 de maio de 2010.
  • 18. 18 locais com melhor organização para jogar futebol e que, ao mesmo tempo, estes assegurem mais segurança pessoal e aos seus familiares. Por isto, na pesquisa empírica, também abordamos se a decisão de atuar em outro país tinha relação com aspectos ligados a segurança pessoal e familiar dos jogadores. Este aspecto foi considerado muito relevante por 51% dos atletas, 25% a consideraram relevante e 24% definiram este aspecto com não relevante. Uma questão abordada com os atletas indagou sobre a possibilidade de eles atuarem ao lado de jogadores famosos, estrelas do futebol mundial. O resultado foi que 31% consideram uma opção muito relevante, 63% analisam este aspecto como relevante, e 6% dos entrevistados não a considerou relevante. Neste mesmo aspecto entra a questão da qualidade de vida. Sobre isto 65% dos entrevistados puderam afirmar que consideram muito relevante esta questão; que é relevante foi respondida por dos 35% atletas. Sobre isto, alguns atletas responderam que a organização das cidades europeias os impressionaram. Os meios de transporte, a alimentação de qualidade, e até opções culturais acessíveis foram pontos realçados, e tudo isso sem o assédio em demasia e abusivo de alguns torcedores que não sabem os limites do próximo. Dentre outros motivos, ao viabilizar uma transferência para jogar no exterior um atleta precisa se destacar ou demonstrar estar em ascensão profissional. Por isto indagou-se sobre a questão da visibilidade do trabalho dos jogadores. Este aspecto é muito relevante para 71% dos atletas, relevante para 25% deles e não relevante para 4% dos entrevistados. Sobre este aspecto, de acordo com Lucas Amorim Pereira (2007), diversos jogadores, de níveis técnicos diferentes são “importados” pelos clubes europeus32 . Os motivos para isto é que em um médio clube europeu, ou até em uma pequena equipe, um jogador pode conseguir mais visibilidade, o que pode contribuir para a possibilidade do atleta vir a atuar por um grande clube daquele continente, do que por um clube grande no Brasil. Na questão sobre fazer parte da Seleção Brasileira de Futebol, a pesquisa observou que esta é a meta de muitos atletas profissionais. Sobre isto, 37% consideram a opção muito relevante, 55% relevante e somente 8% não considera este um objetivo a ser alcançado. Dos atletas convocados pelo atual técnico da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da FIFA 2010 na África do Sul, dos 23 convocados, 20 atuam naquele continente. Por isso, a idéia de que atuar naquele continente pode ser o caminho “mais curto” para atingir este foco. Os únicos convocados atuando no Brasil são Robinho do Santos, Klebérson do Flamengo e Gilberto do Cruzeiro. Mas neste sentido há quem seja contra os “estrangeiros” na Seleção, ou pelo menos contra a banalização deste tipo de convocação33 . 32 PEREIRA (2007) destaca na obra Made In Brazil: Jogadores tipo Exportação, o exemplo de atleta, que passou por clube de Santa Catarina em 2002, com salário em média de R$1,5 mil, e hoje defende um clube Espanhol da região da Galícia, com salário em torno de R$ 13 mil, valor este próximo a dez salários mínimos espanhóis. 33 GUILHERME, Paulo. Perfil „estrangeiro‟ da seleção dificulta elo com a torcida, dizem especialistas. Portal G1 - O portal de notícias da Globo. Disponível em: http://tinyurl.com/32zdfch Acesso: 27 de maio de 2010.
  • 19. 19 Ainda, no Brasil não existe a prática de educar os atletas taticamente, diferente da cultura européia, em que alguns técnicos treinam só fisicamente (leia-se atividades de academia e jogos de bola chamados de “rachão”) e então, após isso, o treino tático. No Brasil esta idéia está mudando com alguns técnicos chamados da “nova geração”, como Paulo Silas (Grêmio), Ricardo Gomes (São Paulo), Dorival Júnior (Santos), Mano Menezes (Corinthians), que perceberam em suas passagens pelo cenário internacional ou com estudos aprofundados da modalidade que estas ações são importantes para as competições, pois a finalidade dos clubes é ganhar títulos. Na pesquisa de campo buscou-se observar se os atletas abordados viam o aspecto tático como um fator relevante ao optarem por jogar em um clube europeu. Nas respostas que obtivemos 37% dos jogadores consideram este assunto um ponto muito relevante; 51% disseram ser relevante e 12% consideraram a opção sem relevância alguma. Outro fator solicitado foi a importância de prêmios que possam ser recebidos pelos atletas. Dentre os pesquisados, 49% consideram que prêmios, honrarias, valores recebidos por vitórias, empates e até derrotas são fatores muito relevantes para suas escolhas, seguidos de 35% que consideram relevantes, e 16% não consideram como uma opção válida ou relevante. Na questão sobre quem trata de futebol, negócios e as relações internacionais entre clubes e atletas foi abordado o tema representado pelos Agentes FIFA e empresários. Apesar de estes atores serem vistos com desconfianças no cenário do futebol, sob o argumento de que alguns deles geram más influências no mercado e até atitudes prejudiciais a alguns clubes, pois visam apenas lucros, foi notado que o Agente FIFA tem papel no mundo do futebol. Uma ligação telefônica pode mudar o caminho de clubes e atletas em poucos minutos. Devido a elaboração de contratos de longa duração, com multas elevadas para segurar os atletas e um conjunto muito grande de cláusulas com a finalidade de “garantir” os investimentos dos clubes, é necessário que os jogadores possam contar com uma assessoria externa. Sobre isto, em Futebol tipo Exportação, Lucas Amorim Pereira (2007) transcreve a opinião de um Agente FIFA, para quem “a figura do agente existe como em qualquer outra profissão. Só que no futebol somos mais visados pela mídia”. No mesmo sentido, o Antropólogo Arlei Damo, que durante cinco anos pesquisou a formação de jogadores de futebol no Brasil e na Europa, nota que o trabalho de pessoas como Empresários e Agentes FIFA é importante porque a maioria dos atletas brasileiros têm baixo nível escolar e não dispõem de instrução e capacidade de reconhecimento do mundo para gerir sua própria vida profissional. Nas entrevistas com jogadores de futebol, notamos que a ida para o exterior através de um empresário é considerada uma questão muito relevante em apenas 19% dos casos, relevante em 16% das opiniões e não relevante para 65% dos atletas. Por fim, na pesquisa de opinião com os atletas abordou-se, a questão da organização das ligas de futebol européias, tais como os campeonatos nacionais (La Liga de Fútbol Profesional (Espanha), Serie A (Itália), e Premier League (Inglaterra)) e ainda os campeonatos
  • 20. 20 europeus como a Liga Europa da UEFA34 e a UEFA Champions League35 . No quesito da organização dos campeonatos, isto foi muito relevante para 41% dos jogadores, relevante para 49% deles e 10% disseram não ser relevante. Ainda entre os pontos abordados, disponibilizou-se para os atletas na pesquisa a opção de eles inserirem outras opções ao questionário fechado. Os seguintes resultados: 4% desejam conhecer novas culturas, 6% tem interesse em desenvolver aprendizado em novas línguas, 4% tem a vontade de conhecer novos países, e 2% querem “ajudar suas mães”. Dentre os motivos assinalados pelos atletas constatou-se que os principais são: maiores salários, jogar ao lado de jogadores famosos e consagrados no cenário internacional, e acesso à seleção brasileira de futebol foram os mais apontados. Mas argumento de Paulo Roberto Falcão (2009) precisa ser levado em consideração: Ele observa que o profissional do futebol precisa se adequar à realidade do mercado, pois segundo ele: vencer longe de casa exige sacrifício, desprendimento, coragem e inteligência. 4. Os principais destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa Apresentados os principais fatores motivacionais que os atletas apontaram para jogar fora do Brasil, esta seção procura mostrar onde estão atuando os jogadores “exportados”. Com foco na Europa buscou-se apontar as quantidades, os principais países de destino e as principais características do cenário onde atuam a maioria dos jogadores naquele continente. Para isso, utilizaram-se informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, com base de dados disponibilizada ao público desde o ano de 2005. Marginalmente, apresenta-se, também, os destinos em outros países, mas sem avançar na discussão. No quadro 01 a seguir, são apresentados de forma resumida os principais destinos Europeus dos últimos cinco anos para os atletas de futebol brasileiros. EUROPA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL Alemanha 20 20 44 58 60 202 Áustria 7 11 19 15 12 64 Armênia 0 5 7 3 2 17 Bélgica 11 7 13 12 13 56 Bósnia 6 2 4 6 4 22 Bulgária 3 6 9 8 6 32 34 A Liga Europa da UEFA, antiga Taça UEFA ou Copa da UEFA. É, atualmente, o segundo campeonato mais importante no futebol europeu, atrás apenas da Liga dos Campeões da UEFA. 35 A Liga dos Campeões da UEFA ou UEFA Champions League evoluiu da antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus. É a competição organizada pela UEFA desde 1992 (desde 1955 no seu antigo formato) para os clubes de futebol mais prestigiados na Europa. O premio é a European Champion Clubs' Cup (mais conhecida por European Cup), é o troféu mais prestigiado do desporto na Europa.
  • 21. 21 Croácia 5 22 20 14 8 69 Dinamarca 7 8 7 7 2 31 Eslováquia 2 2 x 8 9 21 Espanha 24 35 38 34 39 170 Estônia 1 0 1 2 3 7 Finlândia 6 4 6 8 11 35 França 21 14 14 15 12 76 Geórgia 1 7 2 0 7 17 Grécia 28 27 18 32 14 119 Holanda 2 6 11 12 4 35 Hungria 2 5 3 6 9 25 Inglaterra 3 7 6 15 7 38 Itália 34 39 47 53 45 218 Lituânia 4 12 13 12 2 43 Macedônia 5 4 3 8 7 27 Malta 1 0 4 13 7 25 Noruega 2 1 3 5 2 13 Polônia 12 24 13 12 8 69 Portugal 138 142 227 209 181 897 Rep. Tcheca 5 9 13 6 9 42 Romênia 4 2 18 20 14 58 Rússia 2 9 11 8 6 36 Sérvia 0 0 10 11 8 29 Suécia 9 20 19 46 27 121 Suíça 18 14 17 25 8 82 Turquia 20 13 13 18 6 70 Ucrânia 9 4 7 6 12 38 TOTAL 412 481 640 707 564 2804 Quadro 01: Transferências de brasileiros para o exterior entre 2005 e 2009. Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizado pelo autor, país a país. Apresentadas as informações sobre os destinos das transferências brasileiras de jogadores de futebol para a Europa, de 2005 a 2009, no quadro 01, a ordem dos maiores importadores são: Portugal, Itália, Alemanha, Espanha, Suécia, Grécia, Suíça, França, Turquia, Croácia, Polônia, Áustria, Romênia, Bélgica, Lituânia, República Tcheca, Inglaterra, Ucrânia, etc.
  • 22. 22 Com base nestes dados, pode-se notar que o principal país de destino para brasileiros na Europa na história recente é Portugal. Este destino conta com oitocentas e noventa e sete (897) transferências desde o ano de 2005 até fim de 2009 (não se contabilizou 2010, pois o período de transferências ainda não está fechado). O destino luso é o de mais facilidade para os brasileiros, devido à língua e a cultura serem semelhantes. O perfil do país português leva em conta a tradição e os títulos de clubes grandes como Benfica, Sporting Lisboa e Porto. E de times médios como Braga, Vitoria de Guimarães e Marítima. No aspecto econômico, a principal competição portuguesa é mantida por uma grande empresa, que possui os direitos de naming do campeonato português, nominada de Liga Sagres. Desde a temporada de 1934- 1935 até a atualidade os vencedores desta são times do escalão principal, tendo Benfica, Porto e Sporting conquistado juntos 74 dos 76 títulos disputados naquele país. Pelo fato de Portugal ser um país pequeno em termos geográficos e demográficos, não permite muitas probabilidades a seus principais clubes conseguirem “formar” os atletas que eles necessitam para compor suas equipes no nível das competições na Europa. Desta maneira, os principais clubes esportivos do país necessitam de reforços externos, devido ao fato de que são eles os principais representantes do país luso nas ligas européias, como a UEFA Champions League. Por isso o interesse no Brasil se justifica. Por outro lado, um aspecto que também deve ser levado em consideração é que as transferências dos jogadores brasileiros para Portugal, muitas vezes, é utilizada como entrada e posterior venda a outros clubes da Europa. Para justificar este aspecto, utilizou-se o mesmo estudo, o qual revela um parâmetro que aponta Portugal na primeira posição de todas as ligas européias, referindo-se à percentagem de receitas provenientes da venda de jogadores, onde os clubes portugueses lideram com 86%. Porém, quando os destinos abrangem a questão de melhores salários e valores expressivos na questão de transferências destacam-se as principais competições européias como a Barclays Premier League da Inglaterra, a Liga BBVA da Espanha, a Bundesliga da Alemanha, a Série A da Itália, a Ligue 1 da França, a Eredivisie da Holanda, além da Liga Sagres de Portugal, esta em menor proporção. Estas competições ficam a frente das demais devido os valores investidos por seus dirigentes nos clubes36 , em atletas, mídias, e marketing. Os exemplos que usamos são os do estudo das consultorias SPORT+MARKT e PR Marketing European Football Mechandising Report divulgadas pela Futebol Finance37 . Por esta fonte, no ano de 2008, os valores que as ligas Inglesa, Espanhola, Alemã, Italiana, Francesa, 36 Globo Esporte.com. Blog de Emerson Gonçalves. Como comprar Kaka’ e Cristiano? Disponível em: http://tiny.cc/vre37 Acesso: 13 de junho de 2010. 37 Futebol Finance. O merchandising dos maiores clubes Europeus. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o- merchandising-dos-maiores-clubes-europeus Acesso: 13 de junho de 2010.
  • 23. 23 Holanda e Portuguesa gastaram em merchandising38 estão na casa dos €5.5 milhões a €171 milhões e as médias de investimento dos clubes denominados “grandes” ultrapassam da casa dos €8.6 milhões por ano, dependendo do país. Ainda, com relação a outras ligas européias, a Itália é outra grande importadora de jogadores brasileiros. Nos últimos cinco anos contou com transferências de duzentos e dezoito (218) atletas. A tradição e o poderio econômico de sua liga é formada pelo primeiro escalão italiano (Internazionale, Juventus e Milan), e pelos clubes médios: Bologna, Fiorentina, Genoa, Lazio, Napoli, Roma e Torino, no que se refere a títulos. A participação deste país em competições européias é marcante por sua força no futebol mundial: é a atual campeã da Copa do Mundo FIFA (2006). Seu campeonato nacional, o Campeonato Italiano ou Serie A, é a maior competição de futebol do país e reúne mais de quatro mil clubes divididos em 10 divisões. Em nível nacional existem cinco divisões: as Série A, B, C1, C2 e Serie D, porém isto pode mudar no próximo ano, com a inserção de uma nova liga, denominada Serie A Legue ou Italiana Premier League39 . No momento, as empresas que mantém o principal campeonato italiano são as de telefonia celular, televisão, refinarias de petróleo e eletricidade. Em seguida aparece a Alemanha, com participação efetiva na compra e duzentos e dois (202) atletas brasileiros que reforçaram o futebol alemão. Sua força econômica, demonstrada na publicação da Futebol Finance40 , mostra que a empresa Premiere – Alemanha adquiriu os direitos de transmissão de televisão pelos próximos quatro anos no valor de €870 milhões. O principal campeonato dos germânicos é a Fußball-Bundesliga, a primeira divisão do futebol alemão que foi criada em 1963 e, a partir de 1991, depois da reunificação alemã, passou a contar com as equipes da Alemanha Oriental. Este destino tem tradição na história do futebol, pois o país é dono de três títulos mundiais, sendo o último em 1990. No entanto, em termos de títulos europeus, o Bayern de Munique foi a último clube alemão a levantar a taça da Champions League em 2001, participou da final no ano de 2010, mas ficou com a segunda posição perdendo para os italianos da Internazionale. Os principais clubes alemães por ordem de tradição e títulos são Bayern Munique, Dínamo Berlin, e os clubes médios são Borussia, Dortmund, Borussia Mönchengladbach, Dínamo Dresden, Nuremberg, Hamburgo, Kaiserslautern, Schalke 04, Stuttgart, Werder Bremen. Os maiores investidores desta liga são 38 Para ilustrar, a superioridade econômica do futebol no continente estudado, apenas em patrocínio nas camisas, das 5 maiores ligas Européias, de acordo com informações da agência Reuters, foi de 365 milhões de Euros na temporada de 2009/10. Neste aspecto, os clubes da Bundesliga continuam na liderança, sendo que em média cada clube arrecada cerca de €6,3 milhões por ano. Já na Barclays Premier League inglesa, cada clube registrou uma média de €4,8 milhões em patrocínios nas camisas, 2008-2009. 39 Futebol Finance. Direitos Televisivos. Serie A League, ou a nova Italian Premier League. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/serie-a-league-ou-a-nova-italian-premier-league Acesso: 16 de junho de 2010. 40 Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 15 maiores negócios do futebol – 1º Semestre 2009. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-1%C2%BA-semestre-2009 Acesso: 16 de junho de 2010.
  • 24. 24 uma companhia multinacional alemão de seguros, laboratório farmacêutico e empresa de equipamentos esportivos. Atuais campeões europeus e mundiais, os espanhóis possuem a segunda maior taxa de investimentos do futebol mundial. No estudo da Futebol Finance se observa que quatro dos cinco atletas mais bem pagos do mundo jogam em clubes como Barcelona e Real Madrid41 . As contratações recordes de Ibrahimovic pelo Barcelona, Cristiano Ronaldo e Kaká por parte do Real Madrid, colocaram o futebol na Espanha em destaque em 2010. A Espanha42 importou do Brasil, cento e setenta (170) jogadores de futebol desde o ano de 2005. Sobre suas competições, os espanhóis têm como principal destaque o Campeonato Espanhol de Futebol (em espanhol La Liga de Fútbol Profesional, ou simplesmente La Liga ou Primera Liga) para clubes profissionais. Foi criada em 10 de Fevereiro de 1929 e é jogada, atualmente, entre os meses de setembro e junho com a presença de 20 equipes. A Liga é conhecida popularmente como "Liga das Estrelas" por motivos óbvios. Os principais clubes, por títulos, do país são Barcelona e Real Madrid. Os médios clubes são Athletic Bilbao, Atlético Madrid, Deportivo La Coruña, Real Betis, Real Sociedad, Sevilla e Valencia. A principal empresa que patrocina o campeonato e tem os direitos de naming é o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), este, um grupo internacional de serviços financeiros e multinacional espanhola. Por importância econômica, tem-se ainda a França como um destino relevante. Os clubes franceses importaram setenta e seis (76) atletas do Brasil nas últimas temporadas. O campeonato Francês abrange cinco divisões nacionais e outras diversas Ligas Regionais e Distritais. Porém, profissionalmente, existem apenas duas divisões, Ligue 1 e Ligue 2, e parte do Championnat National, equivalente à terceira divisão. As quarta e quinta, divisões regionais e distritais são competições amadoras. O perfil francês na questão de valores é regido pela LFP (Liga Profissional de Futebol Francesa) a qual anunciou que as receitas geradas pelo futebol profissional43 (que incluem os clubes da Ligue 1 e Ligue 2) continuam a aumentar, podendo atingir o valor de €1.1 bilhão na temporada de 2007-2008. As médias das receitas dos clubes Franceses, tiveram um aumento significativo nas últimas duas temporadas, em cerca de 43%. Os principais clubes da França são, por ordem de títulos Lyon, Bordeaux, Olympique, e os clubes médios são representados por Auxerre, Lille, Nice e PSG. Os 41 Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 50 maiores salários de jogadores de futebol 2009-2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-50-maiores-salarios-de-jogadores-de-futebol-20092010 Acesso: 16 de junho de 2010. 42 A Espanha é o país que mais gera receitas a nível mundial, mas só “importou” do Brasil neste período cento e setenta (170) atletas nos últimos cinco anos. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/deloitte-football- money-league-2010 Acesso: 5 de junho de 2010. 43 Futebol Finance. Análise Financeira. Aumento das receitas na Ligue 1. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/aumento-das-receitas-na-ligue-1 Acesso: 16 de junho de 2010.
  • 25. 25 principais investidores da Ligue 1 são empresas de produtos lácteos, redes de televisão por assinatura e de telefonia móvel. Para concluir o tema dos principais destinos europeus para os jogadores brasileiros, destacam-se algumas informações sobre a Inglaterra. É um país que não possui um histórico igual aos demais na importação de jogadores do Brasil. Até este momento, tem apenas trinta e oito (38) importações nos últimos cinco anos, mas, o avanço dos negócios com o futebol na Inglaterra44 permite afirmar que a atividade pode crescer muito naquele país. A Inglaterra reflete os investimentos postos em atletas, mídia e marketing em geral: apenas os gastos realizados pelas cinco principais clubes ultrapassaram o valor de €680 milhões anuais45 . Estes valores foram investidos pelos cinco primeiros colocados na competição nacional de 2010. Neste momento, os principais clubes ingleses por poderio econômico são Liverpool, Manchester United, Arsenal, Chelsea, e por títulos são Liverpool, Manchester United, Arsenal, Everton e Aston Villa. Na questão econômica, quem detém os direitos de naming da competição inglesa é a Barclays, fornecedora de serviços financeiros, que denomina a competição de Barclays Premier League. Estas são evidências dos principais países futebolísticos da Europa. Porém, nas outras ligas menores da Europa também se observa um recente histórico de crescimento de transferências de atletas brasileiros, provavelmente devido ao fato de que o nível das competições que suas equipes participam se tornaram mais difíceis46 . As ligas menores identificadas e que tiveram grande interesse no futebol do Brasil recentemente são países como Suécia com cento e vinte e uma (121) transferências, Grécia com cento e dezenove (119), Suíça com oitenta e duas (82), Turquia com setenta (70), Croácia com sessenta e nove (69), Polônia com sessenta e nove (69), Áustria com sessenta e quatro (64), Romênia com cinqüenta e oito (58), Bélgica com cinqüenta e seis (56), Lituânia com quarenta e três (43), República Tcheca com quarenta e duas (42), Ucrânia com trinta e oito (38). São números 44 A Inglaterra é o país que possui mais clubes denominados "ricos" entre os grandes Europeus, dos vinte clubes listados pela Revista Forbes, sete estão entre os vinte, e o Manchester United encabeça esta lista. E além deste reconhecimento, há também a lista dos clubes mais valiosos de todos os esportes, que é da Revista Forbes. Também nesta listo o Manchester United aparece com o principal clube com avaliação de seu valor estimado em €1,2 bi e de outro clube inglês, o Arsenal, em sétimo colocado, com seu valor estimado em €831 mi. Informação disponível em http://tinyurl.com/34osddb & http://tinyurl.com/yc7asgc Acesso: 5 de junho de 2010. 45 Futebol Finance. Estudos e Rankings. O custo salarial dos clubes da Premier League 09-10. Disponível em: http://tinyurl.com/254dvaj Acesso: 16 de junho de 2010. 46 A título de ilustração, o aumento de transferências de jogadores brasileiros para países com ascensão recente no futebol como os casos da Grécia campeã da UEFA EURO 200446 e da Turquia com a presença dos seus dois principais clubes na UEFA Champions League, Fenerbahce SK e Galatasaray SK pode ser sintamático. Nestes casos, as transferências de jogadores brasileiros de alto nível técnico para a Grécia são recentes, cujo caso mais significativo é o de Gilberto Silva, atleta titular da Seleção Brasileira e do clube de futebol Panathinaikos, da capital Athenas. O caso Turco, já não tão recente, começa no ano de 1995 com a transferência do goleiro
  • 26. 26 significativos, contudo estes destinos Europeus, não chamam tanta atenção devido ao foco que se dá as outras praças devido à força econômica das maiores agremiações. Nesta ótica, os jogadores brasileiros que se transferiram para estes países nos últimos cinco anos foram de oitocentos e trinta e um (831) atletas enquanto que as transferências para os países do primeiro escalão do futebol europeu foram de mil e seiscentos e um (1601) profissionais, totalizando dois mil e quatrocentos e trinta e dois (2432) atletas nos últimos cinco anos. Outro aspecto pode estar ligado ao peso do esporte para a economia daquele continente. Com base em informações do Livro Branco47 sobre o desporto apresentado pela Comissão das Comunidades Européias, o esporte gerou um valor de €407 bilhões em 2004, o que representou 3,7% do PIB da União Européia – UE e gerou 15 milhões de empregos, o que representa 5,4% da mão-de-obra ocupada daquele continente. Apenas no futebol profissional, os principais clubes europeus movimentaram, de acordo com a auditoria Deloitte48 , €14.6 bilhões na temporada 2007-2008, apresentando um crescimento nos últimos três anos de €1 bilhão em cada ano. Ainda, no artigo divulgado pela Deloitte, nota-se a importância da UEFA para a “Indústria do futebol”. Na parte onde são abordadas as premiações a clubes, seleções, na temporada 2007-2008 a UEFA pagou €586 milhões aos 32 clubes participantes da UEFA Champions League e €37 milhões aos 40 clubes participantes da Liga Europa (antiga Taça UEFA). Ainda, de forma secundária e a título de ilustração, também foram levantados outros destinos dos jogadores de futebol que optaram por atuar fora do Brasil. Em levantamento complementar, com informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, apontou-se também, países ditos como “exóticos”, para a prática do esporte no cenário internacional. Neste sentido, serão apresentadas informações de outros grupos de países como os Países Árabes e continentes como América (Norte e Sul), e Ásia. Para isto, no quadro 02 abaixo aponta-se os destinos com base nos anos de 2005 a 2009. AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL CANADÁ 0 8 0 5 2 15 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 12 10 14 23 25 84 MÉXICO 23 7 9 6 11 56 TOTAL 35 25 23 34 38 155 Taffarel e do técnico Carlos Alberto Parreira para o Galatasaray SK, e para o Fenerbahce SK a contratação dos atletas Alex e Roberto Carlos e o técnico e ex-atleta Zico. 47 Livro Branco. Disponível em: http://ec.europa.eu/sport/white-paper/doc/wp_on_sport_pt.pdf Acesso: 13 de junho de 2010. 48 Futebol Finance. Análise Financeira. UEFA: A maior faturação do futebol global. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/uefa-a-maior-facturacao-do-futebol-global Acesso: 13 de junho de 2010.
  • 27. 27 AMÉRICA DO SUL 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL ARGENTINA 6 6 3 9 10 34 BOLÍVIA 24 16 12 20 13 85 PARAGUAI 17 13 21 20 31 102 URUGUAI 14 7 10 26 15 72 TOTAL 61 42 46 75 69 293 ÁSIA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL CHINA 5 15 27 23 15 85 HONG KONG 5 15 31 12 14 77 ÍNDIA 9 9 5 4 3 30 INDONÉSIA 13 15 21 6 3 58 JAPÃO 40 49 57 32 41 219 VIETNÃ 30 16 20 16 34 116 TAILÂNDIA 2 2 4 2 12 22 TOTAL 104 121 165 95 122 607 PAÍSES ÁRABES 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL ARÁBIA SAUDITA 15 11 9 3 4 42 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS 14 9 9 29 12 73 IRÃ (REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ) 9 3 6 10 13 41 OMAN 2 2 4 15 6 29 QATAR 6 7 13 12 16 54 TOTAL 46 32 41 69 51 239 Quadro 02: Transferências de brasileiros para o exterior entre os anos de 2005 e 2009. Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizada pelo autor, por continente e destinos. No quadro apresentado, viu-se a que na América do Norte as “importações” pelos os Estados Unidos tiveram destaque nas transferências internacionais: o país lidera com oitenta e quatro (84) transferências, o México com cinqüenta e seis (56), e Canadá com apenas quinze (15) transações. A América do Norte, representada por estes três países como principais destaques, tem histórico recente de sucesso em competições internacionais, como os EUA, segundo colocado na última Copa das Confederações49 de 2009, melhor resultado deste país em competições internacionais, quando perdeu para a Seleção Brasileira de Futebol na final. O México se destacou internacionalmente no ano de 1999, após ganhar da Seleção Brasileira de Futebol no mesmo torneio e no caso do Canadá, seu histórico é fraco neste esporte. 49 Torneio de futebol organizado pela FIFA. Os participantes são os seis campeões continentais mais o país-sede e o campeão mundial, perfazendo um total de oito países.
  • 28. 28 No que segue, aponta-se a participação de países da América do Sul. No período dos últimos cinco anos, o Paraguai lidera com cento e duas (102) transações, seguido de Bolívia com oitenta e cinco (85), Uruguai com setenta e duas (72) e Argentina com trinta e quatro (34). Ao analisar os principais destinos na América do Sul, vemos que o Paraguai tem conquistas inexpressivas, possui apenas a Copa América50 de 1953 e 1979 e nenhuma aparição de destaque no cenário internacional recente. A Bolívia possui apenas a conquista da Copa América de 1963. O Uruguai apresenta destaque internacional, com dois remotos títulos mundiais nos anos de 1930 e 1950, porém nenhuma menção recente. O país vizinho, Argentina, rivais históricos da Seleção Brasileira de Futebol, possui diversos destaques internacionais, com aparições de grandes jogadores na atualidade, como Lionel Messi e Diego Milito. É destaque por seus dois títulos de Copa do Mundo em 1978 e 1986, catorze Copas América, e duas Olimpíadas em 2004 e 2008 e recente destaque para atuações de seus clubes de futebol nacionais, como o Club Atlético Boca Juniors e Club Estudiantes de La Plata, campeões da Copa Libertadores da América51 nos anos de 2003 e 2009 respectivamente. Para comentar sobre a participação da Ásia no mercado internacional do esporte, começa-se a análise a partir de dados da China. Este país, por suas proporções geográficas continentais e a maior população do globo terrestre, com as importações de técnicos e jogadores de futebol brasileiros, em um futuro próximo pode iniciar uma ascensão com maior inserção e crescimento em competições internacionais. A China apresenta, nos últimos cinco anos, oitenta e cinco (85) transações provenientes do Brasil. Mas, o Japão que importou duzentos e dezenove atletas (219) é o principal destaque na região. O Vietnã com cento e dezesseis (116), Hong Kong com setenta e sete (77), Indonésia com cinqüenta e oito (58), Índia com trinta (30), e Tailândia com vinte e duas (22) transferências complementam o quadro. O comentário a ser adicionado é sobre as “importações” japonesas. Este país teve forte investimento no futebol a partir dos anos 1990 através de empresas, e com a inserção do futebol “técnico” através de Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Este ex-atleta e hoje técnico de futebol atuou pelo clube japonês Kashima Antlers de 1991 a 1994, ensinando e inserindo a cultura do futebol profissional naquele país, onde posteriormente foi técnico do mesmo clube e em seguida técnico da Seleção Japonesa. 50 Principal competição entre seleções de futebol das nações da Confederação Sul-Americana de Futebol, CONMEBOL. 51 Taça Libertadores da América. O nome oficial é Copa Santander Libertadores por motivos de naming. É a principal competição de futebol entre clubes profissionais da América do Sul, organizado pela Confederação Sul-Americana de Futebol - CONMEBOL.
  • 29. 29 Ao contabilizar destinos “exóticos” para praticar o futebol, acredita-se que as principais surpresas quando se noticía onde um atleta irá atuar, acorre com os países árabes. O futebol destes países não possui destaque e suas equipes não fazem parte de grandes competições e torneios no cenário internacional. Nesta região, entre os principais destinos de jogadores brasileiros da modalidade aparecem Emirados Árabes Unidos com setenta e três (73) atletas transferidos, Qatar com cinqüenta e quatro (54), Arábia Saudita com quarenta e dois (42), República Islâmica do Irã com quarenta e um (41) e Omã com vinte e nove (29). O destaque dos Emirados Árabes Unidos pode ter alguma relação com o histórico de uma Copa do Mundo FIFA em 1990, que teve como Carlos Alberto Parreira como seu técnico. O Qatar não possui histórico relevante em competições internacionais de futebol, assim como Omã. Porém a Arábia Saudita participou da Copa do Mundo FIFA em 1994 e ganhou por quatro vezes a Copa da Ásia52 nos anos de 1976, 1984, 1988 e 1996. Já o Irã possui três participações em Copas do Mundo FIFA, nos ano de 1978, 1998 e 2006. E conquistou o título da Copa da Ásia por três vezes seguidas, em 1968, 1972 e 1976. O futebol asiático e árabe é hoje regido por grande parte de técnicos brasileiros, e com diversos atletas atuando nestes países, porém os perfis e cenários deste futebol são uma incógnita, cujos investimentos são feitos através da atuação dos Xeques árabes. Por fim, pode-se concluir que os principais destinos na Europa para os jogadores brasileiros são inicialmente Portugal e depois, pela ordem das transações, seguem: Itália, Alemanha, Espanha. Por outro lado, existe uma série importante de clubes e países não tão badalados que estão formando suas equipes com a ajuda dos atletas do Brasil. Contudo, ao concluir esta parte é importante destacar que o número de jogadores que se transfere para outros países pode ser visto apenas como um indicativo, pois outro fator pode ser também importante. Nos países apontados, o que suas principais equipes contratam são “jogadores talentosos” com “técnica refinada”, os quais têm seus passes e valores majorados. Por exemplo, para Portugal é onde vai grande parte dos brasileiros, mas não é lá que acontecem as transações mais caras ou se pagam os maiores salários. Este glamour é reservado à Espanha, Itália e Inglaterra, cujos clubes procuram contratar o que de melhor existe no mercado mundial. Desta forma outros países podem contratar mais brasileiros em termos de quantidades, porém neste caso os valores das transações e os salários são menores. 52 Copa das Nações da Ásia é a principal competição de futebol da Confederação Asiática de Futebol e do continente da Ásia.
  • 30. 30 5. Considerações Finais Ao ter a idéia de realizar uma pesquisa sobre transações internacionais na área do futebol, discutiu-se e pensou-se como este tema poderia ser trabalhado, se faria parte das discussões de Relações Internacionais, das disciplinas estudadas durante a graduação e se isto poderia gerar futuras abordagens acadêmicas. O objetivo foi apontar a possibilidade de pessoas graduadas na área tornarem-se especialistas em outra matéria, porém que não fosse comércio exterior, política externa, questões regionais dos continentes, etc. Neste sentido, apontou-se que as questões neste setor também são movidas por interesses, mas estes de clubes, federações, atletas, agentes FIFA, empresários. Contudo, estas relações se enquadrariam no âmbito das relações internacionais como relações entre agentes privados, principalmente, embora algumas relações sejam conduzidas por uma instituição internacional, a qual dirige as associações nacionais de futebol, a FIFA. O que se tentou deixar claro é que na atualidade a profissionalização do futebol, a qual tem por sua essência os negócios, gera bilhões de reais todos os anos para o país e a economia. Na questão da exportação de jogadores como um negócio internacional a pesquisa pôde identificar que esta atividade fica muito a frente de diversos produtos da balança comercial brasileira como as exportações de banana, mamão, melão e equipamentos médicos, por exemplo. Na questão dos motivos que os jogadores alegam para as transferências ao exterior, a pesquisa feita com quarenta e nove atletas que já atuaram no exterior apontou como principais resultados os seguintes aspectos: Em primeiro lugar se destacou o desejo dos atletas por maiores salários. Em segundo lugar a busca de obter maior visibilidade e projeção de seu trabalho na mídia. Na terceira posição foi apontada a busca por melhor qualidade de vida; em quarto lugar e de jogar ao lado de atletas já consagrados no cenário internacional ou atletas famosos; em quinto lugar o desejo por uma convocação à Seleção Brasileira e, por fim a opção de maior qualidade no que se trata a segurança pessoal e familiar. O outro fator que foi abordado na pesquisa é a apresentação dos principais destinos europeus para jogadores brasileiros de futebol. Quanto a estes, Portugal foi o destaque, secundados por Itália, Alemanha e Espanha. A pesquisa foi realizada baseada em informações cedidas pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, e paralelo a isto, houve a constatação de que não só a Europa leva os talentos brasileiros para o continente, mas diversos destinos como a Ásia, Países Árabes e as Américas.
  • 31. 31 6. Referências Brazil Futsal Center. Portugal e Itália são os principais destinos de jogadores brasileiros de Futsal. Disponível em: http://www.brazilfutsalcenter.com/noticias.php?id=696&pagina=7 Acesso: 9 de junho de 2010. COELHO, Paulo Vinicius. Bola fora: A história do êxodo do futebol brasileiro. 1ª Ed. São Paulo: Panda Books, 2009. Comissão das Comunidades Européias. Livro Branco. Livro Branco sobre o desporto. Disponível em: http://ec.europa.eu/sport/white-paper/doc/wp_on_sport_pt.pdf Acesso: 13 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil para o Exterior (2005). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2005.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil para o Exterior (2006). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2006.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil para o Exterior (2007). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2007.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil para o Exterior (2008). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2008.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do Brasil para o Exterior (2009). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/ti2009.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior para o Brasil (2005). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2005.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior para o Brasil (2006). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2006.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior para o Brasil (2007). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2007.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior para o Brasil (2008). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2008.htm Acesso: 3 de junho de 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – CBF. Relação de transferências do exterior para o Brasil (2009). Disponível em: http://www.cbf.com.br/bid/tb2009.htm Acesso: 3 de junho de 2010. DE VASCONCELLOS, Douglas Wanderley. Esporte, Poder e Relações Internacionais. 2008. Brasília. Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG. Dzaí. Esportes. Adriano não comparece a treino no Flamengo e diretoria perdoa jogador. Disponível em: http://www.dzai.com.br/samuelbessa/noticia/montanoticia?tv_ntc_id=22182 Acesso: 2 de junho de 2010.
  • 32. 32 ESTUDOS ESPM. A internacionalização da indústria do esporte: e seus impactos sobre o futebol brasileiro. Revista Marketing. Disponível em http://www.revistamarketing.com.br/materia.aspx?m=185 Acesso: 13 de setembro de 2009. FAVARO, Thomaz. Craque de Exportação. Revista Veja. São Paulo. Julho de 2007, Ed. 2017. Disponível em http://veja.abril.com.br/180707/p_076.shtml Acessado em 17 de outubro de 2009. FAYOL, Henri. Administração Industrial e Geral. Administration Industriellen ET Générale. Tradução de Irene de Bjano e Mário de Sousa. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 1960. Fédération Internationale de Football Association – FIFA. Regras no Status e Transferências de Jogadores de Futebol (Outubro de 2009). Disponível em: http://tinyurl.com/38mun9l Acesso: 9 de junho de 2010. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP. Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – DEREX. Gerência de Relações Internacionais e Comércio Exterior. Manual de Negociações Internacionais. Disponível em: http://www.fiec.org.br/artigos/negocios/manual_negociacoes_internacionais.pdf Acesso:25 de julho de 2010. Fédération Internationale de Football Association – FIFA. Regras para Agentes FIFA (2008). Disponível em: em: http://tinyurl.com/357qtkq Acessado em 9 de junho de 2010 Figueirense Futebol Clube. Assessoria de Imprensa. Figueirense é apontado como uma das melhores categorias de base do país. Disponível em: http://www.figueirense.com.br/noticias/view.php?idNews=5710 Acesso: 15 de abril de 2010. Futebol Finance. Análise Financeira. Aumento das receitas na Ligue 1. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/aumento-das-receitas-na-ligue-1 Acesso: 16 de junho de 2010. Futebol Finance. Análise Financeira. UEFA: A maior faturação do futebol global. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/uefa-a-maior-facturacao-do-futebol-global Acesso: 13 de junho de 2010. Futebol Finance. Direitos Televisivos, Marketing e Patrocínios. Os 15 maiores negócios do futebol - Fevereiro de 2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do- futebol-fevereiro-2010 Acesso: 11 de abril de 2010. Futebol Finance. Direitos Televisivos. Serie A League, ou a nova Italian Premier League. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/serie-a-league-ou-a-nova-italian-premier-league Acesso: 16 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Deloitte Football Money League 2010. Disponível em http://www.futebolfinance.com/deloitte-football-money-league-2010 Acesso: 12 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Forbes – Most Valuable Soccer Teams 2010. http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2010 Acesso: 10 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Liga Sagres, uma liga da 2ª divisão Europeia. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/liga-sagres-uma-liga-da-2%C2%AA-divisao-europeia Acesso: 13 de junho de 2010.
  • 33. 33 Futebol Finance. Estudos e Rankings. Média de receitas dos patrocínios nas camisolas 09-10. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/media-de-receitas-dos-patrocinios-nas-camisolas-0910 Acesso: 16 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. O custo salarial dos clubes da Premier League 09-10. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-custo-salarial-dos-clubes-da-premier-league-0910 Acesso: 16 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 10 clubes mais valiosos de todos os desportos. http://www.futebolfinance.com/os-10-clubes-mais-valiosos-de-todos-os-desportos Acesso: 10 de junho de 2010. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 15 maiores negócios do futebol – 1º Semestre 2009. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-1%C2%BA- semestre-2009 Acesso: 15 de novembro de 2009. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 20 clubes com maiores receitas em transferências 2009/2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-clubes-com-maiores-receitas-em- transferencias-20092010 Acesso: 15 de novembro de 2009. Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 20 clubes que mais investiram em jogadores 2009/2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-clubes-que-mais-investiram-em-jogadores- 20092010 Acesso: 15 de novembro de 2009. Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 50 maiores salários de jogadores de futebol 2009-2010. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-50-maiores-salarios-de-jogadores-de-futebol- 20092010 Acesso:16 de junho de 2010. Futebol Finance. Gestão e Negócios. FIFA regula transferências de menores. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/fifa-regula-transferencias-de-menores Acesso: 15 de novembro de 2009. Futebol Finance. Marketing e Patrocínios. O merchandising dos maiores clubes Europeus. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-merchandising-dos-maiores-clubes-europeus Acesso: 13 de junho de 2010. Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os salários dos jogadores brasileiros 2009. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-salarios-dos-jogadores-brasileiros-2009 Acesso: 15 de novembro de 2009. Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 20 jogadores que mais ganham no mundo 2009 (com publicidade). Disponível em: http://www.futebolfinance.com/os-20-jogadores-que-mais-ganham-no- mundo-2009-com-publicidade Acesso: 15 de novembro de 2009. GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. 3ª Ed. São Paulo: L&PM Pocket, 2004. Globo.com, Portal G1. Economia e Negócios. NERY, André Luís. Brasil exporta mais atletas, mas ganha menos. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL76511- 9356,00.html Acesso:13 de abril de 2010. Globo.com, Portal G1. GUILHERME, Paulo. Perfil ‘estrangeiro’ da seleção dificulta elo com a torcida, dizem especialistas. Disponível em: http://tinyurl.com/32zdfch Acesso: 27 de maio de 2010.
  • 34. 34 GloboEsporte. Blog de Emerson Gonçalves. Como comprar Kaka’ e Cristiano? Disponível em: http://tinyurl.com/33khbak Acesso: 13 de junho de 2010. GloboEsporte.com. Futebol Internacional. Na mira do Real, Neymar é chamado de ‘Messi brasileiro’ por Diário Espanhol. Disponível em: http://tinyurl.com/38evhzp Acesso: 15 de abril de 2010. JACOBS, Cláudia Silva. Futebol exportação. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2006. KFOURI, Juca. Por que não desisto: futebol, dinheiro e política. São Paulo: Editora Disal, 2009. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10ª Edição, 7ª reimpressão – Tradução Bazán Tecnologia e Lingüística; revisão técnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000. LANCE!NET. Adriano falta ao treino do Flamengo na Gávea. LancePress. Disponível em: http://www.lancenet.com.br/noticias/10-02-26/708223.stm Acesso: 5 de junho de 2010 LANCE!NET. Futebol Brasileiro lucra fortuna com transferências. LancePress. Disponível em: http://tinyurl.com/374fauf Acesso: 6 de abril de2010. LEONCINI, M. P. & DA SILVA, M. T. Entendendo o Futebol como um negócio: um estudo exploratório. 2004. Faculdades Integradas Stella Maris Andradina & Departamento de Produção, Escola Politécnica da USP. LEWICKI, Roy L. & SAUNDERS, David M. & MINTON, John W. Fundamentos da Negociação. 2ª Edição. São Paulo. Editora Bookman, 2002. LUCENA, Pierre. Blog Acerto de Contas. Economia do Esporte. Exportação de Atletas supera a de vários produtos. Disponível em: http://tinyurl.com/2vsrtxv Acesso: 17 de outubro de 2009. MAIA, Mônica. Exportação de jogadores brasileiros motiva Pós-Doutorado na Escócia. Junho de 2007. Disponível em http://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=11456 Acesso:8 de novembro de 2009. MARTINELLI, Dante P., VENTURA, Carla A. A. & MACHADO, Juliano R. Negociação Internacional. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2008. MARTINS, Thiago. Municípios da região Sudeste do Pará formam pólo de exportação de jogadores para o resto do Brasil. Novembro de 2008. Disponível em http://tinyurl.com/356kzww Acesso: 8 de novembro de 2009. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior – MDIC. O Setor de Serviços Brasileiro. Comércio e Serviços. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2412 Acesso: 25 de julho de 2010. MORGAN, Melissa Johnson & SUMMERS, Jane. Marketing Esportivo. São Paulo: Editora Thomson, 2008. O Globo. Esportes. Adriano chega atrasado a treino e é mandado de volta para casa na Inter. Disponível em: http://tinyurl.com/39ko8so Acesso: 5 de junho de 2010. OLIVEIRA, Raquel Bonow. Relações Internacionais: uma introdução à epistemologia do conceito. 2008. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
  • 35. 35 OZANIAN, Michael K.. “The Business of Soccer”, ed. Forbes, 1º de Abril de 2005. http://www.forbes.com/2005/03/30/05soccerland.html Acesso: 2 de novembro de 2009. PEREIRA, Lucas Amorim. Made in Brazil: Jogadores tipo Exportação. 2007. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Jornalismo) – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Portal ESPBR. Flamengo vence, mas não consegue classificação na Taça Libertadores. Disponível em: http://tinyurl.com/3ymxn7s Acesso: 27 de maio de 2010. Revista Marketing. A Internacionalização da Indústria do Esporte. Revista Marketing. São Paulo. Estudos ESPM, fevereiro de 2009. Site da Lusa. Peneiras. Disponível em: http://www.sitedalusa.com/base/peneira.php Acesso: 22 de abril de 2010. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado Alice Web, desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Disponível em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Acesso:15 de abril de 2010. Terra Esportes. Temendo seqüestro, City contrata seguranças para Robinho. Disponível em: http://tinyurl.com/25zporf Acesso: 27 de maio de 2010.