O documento discute a proposta de Karl-Otto Apel de uma "Pragmática transcendental como Filosofia primeira". O autor descreve como Apel constrói este novo paradigma com base em uma Semiótica transcendental e reflexão sobre o discurso argumentativo, mostrando que a razão é ao mesmo tempo teórica e prática, fundamentando a si mesma.
1) O documento discute a teoria da Idéia em Tomás de Aquino, desde Platão.
2) A teoria da Idéia é abordada em quatro passos: a Idéia em si, a Idéia como Verbo, a Idéia como Forma, e a relação entre Idéia e esse.
3) A teoria da Idéia representa a linha de coerência do pensamento filosófico ocidental desde Platão até Descartes, tendo seu ápice em Boaventura e Tomás de Aquino.
Adorno atualidade da filosofia 1966 [doc]Aline Trigo
1) A filosofia atual não pode mais pretender apreender a totalidade do real através do pensamento, como antigamente. A realidade se apresenta de forma parcial e problemática ao pensamento.
2) As grandes tentativas da filosofia idealista para responder à questão fundamental das relações entre razão e realidade fracassaram. A fenomenologia tentou resgatar a objetividade, mas permaneceu presa ao idealismo.
3) A fenomenologia acabou se voltando para o vitalismo, dissolvendo suas pretensões ontológicas nas categor
Filosofia e teologia como expresses propriamente humanasSusana Barbosa
1) A filosofia é essencial para a teologia porque permite uma experiência de fé racional através da reflexão e da razão, características únicas do ser humano.
2) A capacidade de reflexão distingue os seres humanos de outros animais. Sem filosofia não há teologia porque não há relação lógica com o divino.
3) Para Platão e Sócrates, uma vida sem filosofia não é digna de um ser humano, pois a filosofia constitui a própria humanidade através da
1) O documento discute um acordo entre duas organizações, FENIPE e FATEFINA, para fornecer 300.000 cursos gratuitos online.
2) A apostila apresenta um resumo sobre a esperança escatológica com base nos princípios da revelação e hermenêutica.
3) O teólogo Jürgen Moltmann é descrito como tendo desenvolvido uma teologia da esperança influenciada por Bloch e o marxismo.
Este documento apresenta uma análise da hermenêutica de Paul Ricoeur e como ela se desenvolveu ao longo de sua obra.
O autor argumenta que a verdadeira contribuição de Ricoeur se dá sob diferentes figuras de uma única hermenêutica, conciliando aspectos ontológicos, existenciais e metodológicos. Ele também discute as influências dos filósofos existencialistas Jaspers e Marcel no desenvolvimento inicial da hermenêutica de Ricoeur, especialmente no que diz respeito à compreensão como uma via longa entre
1. o planejamento como instrumento de gestão educacionalClaudio Lima
O documento discute a história do planejamento como instrumento racional de controle social, traçando sua evolução desde a Grécia Antiga até o século XVIII. Apresenta os principais pensadores que contribuíram para o desenvolvimento da razão ocidental, como Platão, Aristóteles, Descartes, Kant e Hegel. Argumenta que o planejamento se constitui na forma e fundo da racionalidade moderna, sendo permanente manifestação da técnica racional.
Berkeley e a tradição platônica, de Costica BradatanJaimir Conte
Este documento discute a presença de elementos platônicos na filosofia inicial de George Berkeley. O autor sugere que, ao contrário do que alguns especialistas afirmam, esses elementos platônicos formam uma rede coerente que desempenhou um papel importante na formação do pensamento de Berkeley. Além disso, dadas as ideias apresentadas nos primeiros escritos de Berkeley, era inevitável que ele chegasse a uma obra tão abertamente platônica quanto Siris.
Pensamento de santo agostinho revista ufjf 18 1_completoElielson Vieira
O artigo discute como a articulação entre fé e razão (credere e intellegere) é fundamental para a abordagem de Agostinho sobre o conhecimento no livro II do De libero arbitrio. O autor argumenta que os polos da fé e da razão dependem um do outro, e que o conhecimento prévio na fé leva à sua consumação na razão, mostrando a complementaridade entre ambos na visão agostiniana sobre o conhecimento.
1) O documento discute a teoria da Idéia em Tomás de Aquino, desde Platão.
2) A teoria da Idéia é abordada em quatro passos: a Idéia em si, a Idéia como Verbo, a Idéia como Forma, e a relação entre Idéia e esse.
3) A teoria da Idéia representa a linha de coerência do pensamento filosófico ocidental desde Platão até Descartes, tendo seu ápice em Boaventura e Tomás de Aquino.
Adorno atualidade da filosofia 1966 [doc]Aline Trigo
1) A filosofia atual não pode mais pretender apreender a totalidade do real através do pensamento, como antigamente. A realidade se apresenta de forma parcial e problemática ao pensamento.
2) As grandes tentativas da filosofia idealista para responder à questão fundamental das relações entre razão e realidade fracassaram. A fenomenologia tentou resgatar a objetividade, mas permaneceu presa ao idealismo.
3) A fenomenologia acabou se voltando para o vitalismo, dissolvendo suas pretensões ontológicas nas categor
Filosofia e teologia como expresses propriamente humanasSusana Barbosa
1) A filosofia é essencial para a teologia porque permite uma experiência de fé racional através da reflexão e da razão, características únicas do ser humano.
2) A capacidade de reflexão distingue os seres humanos de outros animais. Sem filosofia não há teologia porque não há relação lógica com o divino.
3) Para Platão e Sócrates, uma vida sem filosofia não é digna de um ser humano, pois a filosofia constitui a própria humanidade através da
1) O documento discute um acordo entre duas organizações, FENIPE e FATEFINA, para fornecer 300.000 cursos gratuitos online.
2) A apostila apresenta um resumo sobre a esperança escatológica com base nos princípios da revelação e hermenêutica.
3) O teólogo Jürgen Moltmann é descrito como tendo desenvolvido uma teologia da esperança influenciada por Bloch e o marxismo.
Este documento apresenta uma análise da hermenêutica de Paul Ricoeur e como ela se desenvolveu ao longo de sua obra.
O autor argumenta que a verdadeira contribuição de Ricoeur se dá sob diferentes figuras de uma única hermenêutica, conciliando aspectos ontológicos, existenciais e metodológicos. Ele também discute as influências dos filósofos existencialistas Jaspers e Marcel no desenvolvimento inicial da hermenêutica de Ricoeur, especialmente no que diz respeito à compreensão como uma via longa entre
1. o planejamento como instrumento de gestão educacionalClaudio Lima
O documento discute a história do planejamento como instrumento racional de controle social, traçando sua evolução desde a Grécia Antiga até o século XVIII. Apresenta os principais pensadores que contribuíram para o desenvolvimento da razão ocidental, como Platão, Aristóteles, Descartes, Kant e Hegel. Argumenta que o planejamento se constitui na forma e fundo da racionalidade moderna, sendo permanente manifestação da técnica racional.
Berkeley e a tradição platônica, de Costica BradatanJaimir Conte
Este documento discute a presença de elementos platônicos na filosofia inicial de George Berkeley. O autor sugere que, ao contrário do que alguns especialistas afirmam, esses elementos platônicos formam uma rede coerente que desempenhou um papel importante na formação do pensamento de Berkeley. Além disso, dadas as ideias apresentadas nos primeiros escritos de Berkeley, era inevitável que ele chegasse a uma obra tão abertamente platônica quanto Siris.
Pensamento de santo agostinho revista ufjf 18 1_completoElielson Vieira
O artigo discute como a articulação entre fé e razão (credere e intellegere) é fundamental para a abordagem de Agostinho sobre o conhecimento no livro II do De libero arbitrio. O autor argumenta que os polos da fé e da razão dependem um do outro, e que o conhecimento prévio na fé leva à sua consumação na razão, mostrando a complementaridade entre ambos na visão agostiniana sobre o conhecimento.
KANT, Imannuel. Que significa orientar-se no pensamentoRomario Moreira
O documento discute o conceito de "orientar-se no pensamento" segundo Kant. Kant argumenta que orientar-se no pensamento significa determinar juízos segundo um princípio subjetivo da razão, em vez de princípios objetivos, quando a razão se estende para além dos limites da experiência. Isso porque a razão sente uma necessidade interna de julgar, mesmo sem conhecimento completo. O princípio subjetivo é o sentimento da necessidade própria da razão.
Este documento é um prefácio para o livro "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente. Bergson defende uma visão dualista que vê a matéria como imagens, entre representações mentais e objetos físicos. Ele critica tanto o idealismo quanto o realismo por dissociarem a existência da matéria de sua aparência. O livro se concentra na memória como interseção entre espírito e matéria, e sugere que o estado cerebral indica apenas parte do estado mental, relacionado a
Platonismo e cristianismo: Irreconciabilidade radical ou elementos comuns?Pr. Régerson Molitor
O encontro do pensamento cristão com o “platonismo” não foi apenas uma simples recepção “formal” e “exterior” de imagens, conceitos, metáforas, sem que nenhum conteúdo originário tenha entrado no novo contexto. A metafísica platônica determinou profundamente a compreensão teológica do cristianismo, como podemos constatar a partir de dois exemplos: 1) O problema da imutabilidade de Deus e 2) o da relação entre as três pessoas da Trindade.
1) O documento discute a ideia do "fim de todas as coisas" de acordo com a perspectiva moral de Kant.
2) Kant argumenta que o "fim de todas as coisas" refere-se ao juízo final de cada pessoa baseado em sua conduta moral, e não a eventos físicos como o fim do mundo.
3) Ele rejeita os sistemas unitários e dualistas como dogmas teóricos, defendendo que cada um deve julgar-se com base em sua própria consciência moral.
Evangelista,p. a interpretação fenomenológica de heidegger da primeira epísto...Érika Renata
O documento discute a interpretação fenomenológica de Heidegger da Primeira Epístola aos Tessalonicenses de São Paulo. Heidegger busca revelar a "experiência de vida fáctica" cristã por meio da fenomenologia. Ele mostra que Paulo aguarda angustiadamente a parusia (segunda vinda de Cristo) sem calcular uma data, preservando seu caráter não-objetivo. A fenomenologia é a única capaz de acessar essa antecipação pré-teórica da parusia.
KANT, Immanuel. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolitaRomario Moreira
1) Kant discute a ideia de que, embora as ações humanas sejam determinadas pela natureza, a história como um todo pode revelar um curso regular e o desenvolvimento gradual da humanidade.
2) Ele argumenta que as disposições naturais humanas, como a razão, só podem se desenvolver completamente na espécie humana ao longo de gerações, e não no indivíduo.
3) A natureza dotou o homem de razão e livre arbítrio para que ele desenvolva tudo por si mesmo através do esforço,
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
1. O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações.
2. É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3. Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
1) O documento discute as manifestações essenciais da época moderna, incluindo a ciência, técnica, arte, cultura e desendeusamento.
2) A ciência moderna é fundamentada na pesquisa, que envolve projetar um traço fundamental da natureza e estabelecer rigor através de projeções matemáticas.
3) O método científico envolve representar mutabilidade através de leis e regras constantes, e explicar o desconhecido através do conhecido por meio de experimentos.
O documento discute a teoria do conhecimento de Kant e como ela se propôs a justificar a possibilidade do conhecimento científico no século XVIII. Kant argumentou que nem o empirismo nem o racionalismo explicavam satisfatoriamente a ciência. Ele mostrou que o conhecimento se baseia na experiência, mas esta é sempre moldada pelas formas a priori da sensibilidade e do entendimento.
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawinMarcos Silvabh
1) O documento discute brevemente a história filosófica das ideias de psicologia e psicoterapia, desde a razão clássica até a modernidade.
2) Na razão clássica, a psicologia estava intimamente ligada à sabedoria e à ética, já que a inteligibilidade do mundo incluía uma dimensão moral.
3) Com o advento do cristianismo e o pensamento agostiniano, passou-se a valorizar a interioridade humana, levando à revolução cartesiana e à racionalidade moderna,
O autor descreve o marxismo como uma "cultura" complexa que se define por si mesma e não admite ser julgada por critérios externos. Ele argumenta que o marxismo não é uma ideologia ou teoria, mas um universo inteiro de crenças e símbolos que tem na própria subsistência seu valor máximo. O marxismo apela a mecanismos como a mentira e a exclusão para se defender de críticas racionais.
Bergson 1608 ensaio sobre a relação do corpoDany Pereira
Este documento é uma introdução à obra "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente através do exemplo da memória. A introdução descreve brevemente o conteúdo dos capítulos, defendendo uma visão intermediária entre o idealismo e o realismo sobre a natureza da matéria. Além disso, critica as visões paralelista e epifenomenista sobre a relação entre mente e corpo, argumentando que os fatos sugerem uma abordagem diferente.
1) O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações mais avançadas.
2) É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3) Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
Este documento discute vários tópicos relacionados à gestão de recursos humanos, incluindo higiene e segurança no trabalho, liderança ética, e subcontratação. Ele fornece diretrizes sobre como manter um ambiente de trabalho seguro e saudável, princípios para líderes éticos, e os benefícios e desafios da subcontratação de trabalhadores temporários.
O documento apresenta os resultados financeiros e operacionais da Eletropaulo no 3o trimestre de 2005. A empresa teve prejuízo de R$ 324,1 milhões no período, impactada por eventos extraordinários. O consumo de energia cresceu 9,2% em relação ao ano anterior, puxado principalmente pelo mercado residencial. A tarifa foi reajustada em 2,12% a partir de julho de 2005.
O documento discute a convergência de mídias causada pela internet e dispositivos móveis. As opções de mídia multiplicaram-se nas últimas décadas com a adição de novas tecnologias. Embora o dia ainda tenha apenas 24 horas, as pessoas dedicam a maior parte de seu tempo consumindo algum tipo de mídia. Profissionais de mídia devem entender as características dos produtos, públicos-alvo e canais disponíveis para criar estratégias eficientes de comunicação.
Este documento presenta una propuesta para crear un programa educativo llamado "Dulces Sonrisas" en la comunidad rural de El Castillo. El programa brindará atención integral a niños menores de 3 años y buscará involucrar a los padres y la comunidad. La propuesta incluye un diagnóstico de la zona, objetivos, cronograma, estrategias y presupuesto para implementar el programa "Dulces Sonrisas".
Este documento presenta el proyecto final de Yeidi Vanessa Soto Jaramillo para el grado 9 en la Institución Educativa Técnico Industrial Simona Duque en Marinilla, Antioquia. El proyecto busca mejorar la vida de los animales callejeros mediante la realización de servicios humanitarios. Incluye una justificación, objetivos, marco teórico, metodología y posibles soluciones al problema.
El documento describe el origen y evolución del idioma latín. Comenzó como una lengua indoeuropea hablada en la península itálica y se expandió a través del Imperio Romano. Aunque dejó de usarse como lengua nativa, el latín siguió siendo importante en la Iglesia y la academia durante siglos. Hoy en día se usa principalmente para nomenclatura biológica y en la liturgia católica.
Este documento describe conceptos básicos sobre patrones de medición y su importancia en ingeniería. Explica que la medición implica comparar un patrón seleccionado con un objeto para determinar cuántas veces está contenido. Define patrones internacionales, primarios, secundarios y de trabajo, y cómo se usan los patrones en laboratorios para calibrar instrumentos y obtener lecturas confiables. También cubre tipos de error en mediciones y su relevancia para dimensionar elementos estructurales en ingeniería.
El gobernador Gabino Cué Monteagudo encabezó la última Audiencia Pública del año, donde atendió más de 300 solicitudes de ciudadanos. Dos comunidades, Villa Hidalgo Yalalag y San Cristóbal Chichicaxtepec, firmaron un convenio para resolver un conflicto de límites territoriales de más de 70 años. El presupuesto de Oaxaca para 2013 se espera sea un 2% mayor al de este año, aunque legisladores buscan obtener 100,000 millones de pesos.
KANT, Imannuel. Que significa orientar-se no pensamentoRomario Moreira
O documento discute o conceito de "orientar-se no pensamento" segundo Kant. Kant argumenta que orientar-se no pensamento significa determinar juízos segundo um princípio subjetivo da razão, em vez de princípios objetivos, quando a razão se estende para além dos limites da experiência. Isso porque a razão sente uma necessidade interna de julgar, mesmo sem conhecimento completo. O princípio subjetivo é o sentimento da necessidade própria da razão.
Este documento é um prefácio para o livro "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente. Bergson defende uma visão dualista que vê a matéria como imagens, entre representações mentais e objetos físicos. Ele critica tanto o idealismo quanto o realismo por dissociarem a existência da matéria de sua aparência. O livro se concentra na memória como interseção entre espírito e matéria, e sugere que o estado cerebral indica apenas parte do estado mental, relacionado a
Platonismo e cristianismo: Irreconciabilidade radical ou elementos comuns?Pr. Régerson Molitor
O encontro do pensamento cristão com o “platonismo” não foi apenas uma simples recepção “formal” e “exterior” de imagens, conceitos, metáforas, sem que nenhum conteúdo originário tenha entrado no novo contexto. A metafísica platônica determinou profundamente a compreensão teológica do cristianismo, como podemos constatar a partir de dois exemplos: 1) O problema da imutabilidade de Deus e 2) o da relação entre as três pessoas da Trindade.
1) O documento discute a ideia do "fim de todas as coisas" de acordo com a perspectiva moral de Kant.
2) Kant argumenta que o "fim de todas as coisas" refere-se ao juízo final de cada pessoa baseado em sua conduta moral, e não a eventos físicos como o fim do mundo.
3) Ele rejeita os sistemas unitários e dualistas como dogmas teóricos, defendendo que cada um deve julgar-se com base em sua própria consciência moral.
Evangelista,p. a interpretação fenomenológica de heidegger da primeira epísto...Érika Renata
O documento discute a interpretação fenomenológica de Heidegger da Primeira Epístola aos Tessalonicenses de São Paulo. Heidegger busca revelar a "experiência de vida fáctica" cristã por meio da fenomenologia. Ele mostra que Paulo aguarda angustiadamente a parusia (segunda vinda de Cristo) sem calcular uma data, preservando seu caráter não-objetivo. A fenomenologia é a única capaz de acessar essa antecipação pré-teórica da parusia.
KANT, Immanuel. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolitaRomario Moreira
1) Kant discute a ideia de que, embora as ações humanas sejam determinadas pela natureza, a história como um todo pode revelar um curso regular e o desenvolvimento gradual da humanidade.
2) Ele argumenta que as disposições naturais humanas, como a razão, só podem se desenvolver completamente na espécie humana ao longo de gerações, e não no indivíduo.
3) A natureza dotou o homem de razão e livre arbítrio para que ele desenvolva tudo por si mesmo através do esforço,
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
1. O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações.
2. É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3. Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
1) O documento discute as manifestações essenciais da época moderna, incluindo a ciência, técnica, arte, cultura e desendeusamento.
2) A ciência moderna é fundamentada na pesquisa, que envolve projetar um traço fundamental da natureza e estabelecer rigor através de projeções matemáticas.
3) O método científico envolve representar mutabilidade através de leis e regras constantes, e explicar o desconhecido através do conhecido por meio de experimentos.
O documento discute a teoria do conhecimento de Kant e como ela se propôs a justificar a possibilidade do conhecimento científico no século XVIII. Kant argumentou que nem o empirismo nem o racionalismo explicavam satisfatoriamente a ciência. Ele mostrou que o conhecimento se baseia na experiência, mas esta é sempre moldada pelas formas a priori da sensibilidade e do entendimento.
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawinMarcos Silvabh
1) O documento discute brevemente a história filosófica das ideias de psicologia e psicoterapia, desde a razão clássica até a modernidade.
2) Na razão clássica, a psicologia estava intimamente ligada à sabedoria e à ética, já que a inteligibilidade do mundo incluía uma dimensão moral.
3) Com o advento do cristianismo e o pensamento agostiniano, passou-se a valorizar a interioridade humana, levando à revolução cartesiana e à racionalidade moderna,
O autor descreve o marxismo como uma "cultura" complexa que se define por si mesma e não admite ser julgada por critérios externos. Ele argumenta que o marxismo não é uma ideologia ou teoria, mas um universo inteiro de crenças e símbolos que tem na própria subsistência seu valor máximo. O marxismo apela a mecanismos como a mentira e a exclusão para se defender de críticas racionais.
Bergson 1608 ensaio sobre a relação do corpoDany Pereira
Este documento é uma introdução à obra "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente através do exemplo da memória. A introdução descreve brevemente o conteúdo dos capítulos, defendendo uma visão intermediária entre o idealismo e o realismo sobre a natureza da matéria. Além disso, critica as visões paralelista e epifenomenista sobre a relação entre mente e corpo, argumentando que os fatos sugerem uma abordagem diferente.
1) O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações mais avançadas.
2) É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3) Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
Este documento discute vários tópicos relacionados à gestão de recursos humanos, incluindo higiene e segurança no trabalho, liderança ética, e subcontratação. Ele fornece diretrizes sobre como manter um ambiente de trabalho seguro e saudável, princípios para líderes éticos, e os benefícios e desafios da subcontratação de trabalhadores temporários.
O documento apresenta os resultados financeiros e operacionais da Eletropaulo no 3o trimestre de 2005. A empresa teve prejuízo de R$ 324,1 milhões no período, impactada por eventos extraordinários. O consumo de energia cresceu 9,2% em relação ao ano anterior, puxado principalmente pelo mercado residencial. A tarifa foi reajustada em 2,12% a partir de julho de 2005.
O documento discute a convergência de mídias causada pela internet e dispositivos móveis. As opções de mídia multiplicaram-se nas últimas décadas com a adição de novas tecnologias. Embora o dia ainda tenha apenas 24 horas, as pessoas dedicam a maior parte de seu tempo consumindo algum tipo de mídia. Profissionais de mídia devem entender as características dos produtos, públicos-alvo e canais disponíveis para criar estratégias eficientes de comunicação.
Este documento presenta una propuesta para crear un programa educativo llamado "Dulces Sonrisas" en la comunidad rural de El Castillo. El programa brindará atención integral a niños menores de 3 años y buscará involucrar a los padres y la comunidad. La propuesta incluye un diagnóstico de la zona, objetivos, cronograma, estrategias y presupuesto para implementar el programa "Dulces Sonrisas".
Este documento presenta el proyecto final de Yeidi Vanessa Soto Jaramillo para el grado 9 en la Institución Educativa Técnico Industrial Simona Duque en Marinilla, Antioquia. El proyecto busca mejorar la vida de los animales callejeros mediante la realización de servicios humanitarios. Incluye una justificación, objetivos, marco teórico, metodología y posibles soluciones al problema.
El documento describe el origen y evolución del idioma latín. Comenzó como una lengua indoeuropea hablada en la península itálica y se expandió a través del Imperio Romano. Aunque dejó de usarse como lengua nativa, el latín siguió siendo importante en la Iglesia y la academia durante siglos. Hoy en día se usa principalmente para nomenclatura biológica y en la liturgia católica.
Este documento describe conceptos básicos sobre patrones de medición y su importancia en ingeniería. Explica que la medición implica comparar un patrón seleccionado con un objeto para determinar cuántas veces está contenido. Define patrones internacionales, primarios, secundarios y de trabajo, y cómo se usan los patrones en laboratorios para calibrar instrumentos y obtener lecturas confiables. También cubre tipos de error en mediciones y su relevancia para dimensionar elementos estructurales en ingeniería.
El gobernador Gabino Cué Monteagudo encabezó la última Audiencia Pública del año, donde atendió más de 300 solicitudes de ciudadanos. Dos comunidades, Villa Hidalgo Yalalag y San Cristóbal Chichicaxtepec, firmaron un convenio para resolver un conflicto de límites territoriales de más de 70 años. El presupuesto de Oaxaca para 2013 se espera sea un 2% mayor al de este año, aunque legisladores buscan obtener 100,000 millones de pesos.
El documento resume el impacto de las nuevas tecnologías en la política, incluyendo cómo las campañas políticas ahora utilizan plataformas digitales como redes sociales y cómo los ciudadanos usan estas herramientas para una mayor participación política. También analiza algunos casos en Argentina sobre cómo videos virales en YouTube afectaron las campañas políticas.
Duran es un cantón ubicado en la provincia de Guayas, Ecuador. Limita con los ríos Babahoyo, Bolíche y Taura, y con los cantones de Yaguachi y Naranjal. Tiene una población de aproximadamente 600,000 habitantes y su economía se basa en la industria, el comercio, el turismo y la pesca. Algunos de sus principales atracciones turísticas son la Isla Santay, la Feria de Durán y el Parque del Divino Niño.
The document shows the scores of different athletes from various clubs in different categories over 3 scoring periods. It lists the name, club, category, and individual scores from the first, second, and third scoring periods as well as a total score. The highest total scores came from Angel Tauste in the Pre-Benjamin category and Claudi Canal in the Infantil category.
Este documento presenta un formato estándar para una hoja de vida de aprendiz que incluye secciones para datos personales, estudios, experiencia laboral, estudios complementarios, fechas de inicio y fin de la etapa lectiva, duración de la etapa productiva, y referencias personales. El formato proporciona un modelo uniforme para recopilar información relevante sobre el aprendiz y su trayectoria formativa y laboral.
La evaluación es la fase final del proceso de enfermería donde el profesional compara el estado de salud actual del paciente con los objetivos definidos inicialmente para determinar si el plan de cuidados es adecuado o necesita revisión. Ayuda a medir los niveles de independencia alcanzados por el paciente y permite establecer si el plan ha sido efectivo o requiere cambios.
El paciente masculino de 70 años fue ingresado al hospital por hernioplastia hace un año y presenta dolor. Su diagnóstico médico actual es dolor inguinal y su tratamiento consiste en antibióticos y reposo. Presenta dolor gastrointestinal, hemorroides e inflamación de articulaciones. También sufre cansancio, irritabilidad y estrés debido a demasiado trabajo.
Briefing contracts enhances cash flow by avoiding rejected billings for noncompliance. Contract briefs summarize all pertinent provisions, including reviewing clauses to determine allowable, allocable, and reasonable costs to bill the government. Briefing contracts provides useful information to contractors such as billing instructions and terms agreed upon by the parties.
O documento discute nove fazendas históricas catalogadas como patrimônio cultural na região. Ele descreve a importância dessas fazendas para a história e cultura local, mas também como elas são frequentemente destruídas por falta de conhecimento. O documento também apresenta objetivos de educar a população sobre o valor desse patrimônio e preservá-lo.
O documento discute a importância da avaliação formativa na aprendizagem dos alunos, observando suas individualidades e desafiando-os de acordo com seus conhecimentos. Também ressalta que os alunos precisam entender o propósito da avaliação e que as tecnologias podem mediar a construção do conhecimento de forma autônoma. Por fim, enfatiza a necessidade dos professores se atualizarem sobre avaliação.
Este documento resume los mecanismos inmunológicos implicados en el asma alérgica. Explica que el asma es una enfermedad inflamatoria crónica de las vías respiratorias que afecta a 235 millones de personas en todo el mundo. Detalla las diferentes células y moléculas que participan en la cascada inflamatoria del asma alérgica, incluyendo células epiteliales, linfocitos T de diferentes subtipos, mastocitos, eosinófilos y basófilos. El documento analiza espec
1. O documento apresenta uma introdução à teoria do conhecimento, discutindo a essência da filosofia e seu lugar no sistema filosófico.
2. Ao longo da história, a filosofia ora assumiu a forma de auto-reflexão do espírito (Platão, Kant), ora de visão de mundo (Aristóteles, sistemas modernos).
3. A essência da filosofia é definida como uma atitude racional voltada para a totalidade dos objetos e valores.
O livro discute a filosofia das ciências, apresentando seus princípios e como os problemas filosóficos são importantes para a constituição do trabalho do filósofo. O autor divide o livro em capítulos temáticos e biografias de filósofos, como Platão, Locke, Popper e Bachelard, discutindo suas contribuições à filosofia das ciências. O objetivo é fornecer uma introdução acessível ao tema para estudantes e leitores interessados.
Arthur schopenhauer - O mundo como vontade e representaçãounisocionautas
Este documento é um resumo do Livro 4 de "O Mundo como Vontade e Representação" de Arthur Schopenhauer. O texto discute como a vontade é a essência do mundo e como a vida é o seu fenômeno. A vontade de viver garante a existência da vida, portanto não devemos temer a morte individual, já que o indivíduo é apenas um fenômeno e não a essência.
1) O texto discute o objeto da filosofia e sua relação com a ciência.
2) Argumenta que a filosofia não pode ser apenas um prolongamento da ciência, pois o conhecimento científico é homogêneo e não há limites claros entre ciência e não-ciência.
3) Defende que a filosofia deve se distinguir pela matéria ou assunto que trata, e não apenas pelo método, para ter legitimidade como disciplina distinta.
1) Os filósofos pré-socráticos buscavam um princípio fundamental (arché) que explicasse a origem e evolução de todas as coisas;
2) Tales de Mileto propôs que a água era esse princípio, enquanto Anaximandro sugeriu o infinito (apeiron) e Anaxímenes o ar;
3) Heráclito propôs o fogo, Pitágoras o número, Empédocles os quatro elementos da natureza, e Anaxágoras a mente (nous).
A ideia de uma filosofia primeira na fenomenologia de Husserl, Pedro AlvesDevair Sanchez
1) A questão fundamental da fenomenologia de Husserl é estabelecer um conhecimento absolutamente válido e definitivo da realidade objetiva.
2) As ciências positivas buscam responder a esta questão de forma ingênua, mas não analisam criticamente os fundamentos dessa possibilidade.
3) A fenomenologia pretende converter esta questão em uma questão prévia e analisá-la criticamente para fundamentar a possibilidade de um conhecimento científico válido.
Este artigo analisa a base filosófica do pós-positivismo a partir da "virada linguístico-pragmática" na filosofia contemporânea. A autora argumenta que o pós-positivismo deve assumir as consequências desta virada, que coloca a linguagem como construtora da realidade. A dimensão performativa da linguagem possibilita a reabilitação da razão prática sem apelar para o metafísico.
a) O documento apresenta as bases filosóficas da construção do conhecimento ao longo da história da filosofia, dividido em quatro unidades representando os principais períodos;
b) A disciplina de Filosofia da Educação I tem como objetivo apresentar os principais filósofos e suas ideias, especialmente no que diz respeito à educação;
c) O primeiro fascículo foca na filosofia de forma geral, enquanto o segundo se concentra especificamente na filosofia da educação.
1) A modernidade promoveu uma virada paradigmática com o surgimento do princípio da subjetividade, colocando o sujeito como centro do conhecimento.
2) Os filósofos Descartes e Kant foram fundamentais para este processo, com Descartes estabelecendo o "penso, logo sou" e Kant promovendo uma revolução copernicana no conhecimento.
3) A subjetividade moderna concebe o sujeito como fonte racional do conhecimento, capaz de representar e estruturar a realidade por meio da razão.
O documento discute o que é filosofia. A filosofia surge da necessidade humana de buscar sentido através da reflexão. Ela não é apenas racionalidade, mas a busca amorosa pela verdade. A filosofia caracteriza-se por ser uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas apresentados pela realidade.
O documento discute o que é filosofia, apresentando três características essenciais: 1) a filosofia surge da reflexão sobre os problemas da realidade de forma radical, buscando as raízes dos conceitos; 2) o pensamento filosófico deve ser rigoroso, usando métodos e linguagem claros; 3) a filosofia examina os problemas de forma globalizante, relacionando diversos aspectos.
O documento discute o que é filosofia. Apresenta que filosofia surge da necessidade humana de compreender o mundo e a si mesmo através da reflexão e questionamento. Também destaca que filosofia não é um saber acabado, mas sim uma busca constante por significados através do pensamento crítico e indagação filosófica.
O documento apresenta um resumo do livro "O discurso filosófico da modernidade" de Jürgen Habermas. O autor argumenta que Habermas faz uma retomada da Teoria Crítica ao desvelar a crise da modernidade e propor uma solução prática na forma da Teoria da Ação Comunicativa, que poderia indicar caminhos para a interdisciplinaridade necessária na compreensão de objetos complexos como a questão ambiental. Adiante, o autor explica como Habermas analisa três vertentes filosóficas surgidas após Hegel e como a
O documento discute a teoria do conhecimento, sua história e principais correntes. Aborda como o ser humano sempre procurou entender o mundo através da magia, mito, religião e ciência. Explica que a preocupação com questões do conhecimento remonta à Grécia Antiga, mas foi a partir do século XVIII que a ciência adquiriu seu sentido moderno, com implicações na vida cotidiana. Por fim, resume as principais correntes da teoria do conhecimento: racionalismo versus empirismo, e realismo
Este documento apresenta o índice geral de um livro sobre experiência e cultura escrito por Miguel Reale. O livro discute a natureza do ato cognitivo e busca estabelecer uma teoria geral da experiência a partir de uma perspectiva ontológico-gnoseológica. Ele aborda temas como dialética, cultura, valor, história e natureza com o objetivo de entender a relação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento.
O documento discute o movimento do Círculo de Viena, também conhecido como Empirismo Lógico. O Círculo de Viena defendia que o conhecimento deve ser baseado na experiência e na lógica, rejeitando proposições metafísicas não verificáveis. O movimento teve influência no século 20, mas também recebeu críticas e acabou declinando.
1) O documento descreve as teorias do racionalismo e empirismo sobre a origem do conhecimento. 2) O racionalismo afirma que a razão é a única fonte de conhecimento verdadeiro, enquanto o empirismo defende que a experiência sensorial é a origem do conhecimento. 3) Os principais racionalistas foram Descartes e Espinosa e os empiristas principais foram Locke, Berkeley e Hume.
O documento descreve as teorias do racionalismo e do empirismo sobre a origem do conhecimento. O racionalismo afirma que a razão é a única fonte de conhecimento verdadeiro, enquanto o empirismo defende que a experiência sensorial é a origem de todo o conhecimento. O texto analisa as visões de Descartes, Locke, Berkeley e Hume sobre essas duas correntes filosóficas.
O documento descreve as teorias do racionalismo e do empirismo sobre a origem do conhecimento. O racionalismo afirma que a razão é a única fonte de conhecimento verdadeiro, enquanto o empirismo defende que a experiência sensorial é a origem de todo o conhecimento. O texto analisa as visões de Descartes, Locke, Berkeley e Hume sobre essas duas correntes filosóficas.
O documento discute a natureza da experiência filosófica. A filosofia se distingue por buscar o sentido das coisas e questões humanas sem se contentar com respostas definitivas, mantendo uma postura aberta à discussão. Ela questiona ideias estabelecidas e pode ameaçar poderes vigentes.
1. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 497
SÍNTESE NOVA FASE
V. 24 N. 79 (1997): 497-512
AAAAA PRAGMÁTICAPRAGMÁTICAPRAGMÁTICAPRAGMÁTICAPRAGMÁTICA TRANSCENDENTALTRANSCENDENTALTRANSCENDENTALTRANSCENDENTALTRANSCENDENTAL COMOCOMOCOMOCOMOCOMO
“““““FILOSOFIAFILOSOFIAFILOSOFIAFILOSOFIAFILOSOFIA PRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRA””””” (*)(*)(*)(*)(*)
F. Javier Herrero
UFMG
Resumo: A partir da virada lingüístico-pragmática, a Pragmática transcendental surge
com a pretensão de fundamentar não só a Ética mas também a Filosofia como um todo
O artigo tenta reconstruir o novo paradigma da “Filosofia primeira” elaborado por K-
O. Apel a partir de uma Semiótica transcendental e fundamentado por uma reflexão
pragmático-transcendental sobre o discurso argumentativo. E mostra, finalmente, a
concepção de Razão que este novo paradigma supõe.
Palavras-chave: “Filosofia primeira”, Semiótica, Hermenêutica e Pragmática
transcendentais
Abstract: Since the linguistic-pragmatic perspective in Philosophy has undergone a
change, a search began for a new basis both of modern Ethics and Philosophy as a
whole. The author of the article intends to build a new paradigm of “First Philosophy”
as worked out by K-O. Apel on the basis of transcendental Semiotics and developed
by pragmatic and transcendental reflection about the argumentative discourse. He
analyses more fully the concept of reason implied in this new paradigm.
Key words: “First Philosophy”, Semiotics, Transcendental Hermeneutics,
Transcendental-Pragmatic
(*) Texto da aula inaugural proferida pelo autor no dia 21 de agosto de 1997 no Curso
de Pós-graduação em Filosofia — Mestrado e Doutorado — da PUC-RS.
E
scolher ou aceitar para uma aula inaugural o tema da Pragmá
tica transcendental como “Filosofia primeira” poderia parecer
totalmente anacrônico. Anacrônico, porque afinal vivemos no
século XX, estamos acabando o século, e outros problemas parecem
2. 498 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
muito mais urgentes. Anacrônico, sobretudo, porque quem hoje ar-
riscaria tentar renovar na realidade atual a pretensão originariamente
grega da Filosofia como “Filosofia primeira”, quando isso significa
levantar a pretensão de conhecer a totalidade ontológica do real em
termos de razão e, portanto, de razão essencialmente metafísica?
Afinal, será que a filosofia, com a maturidade de seus quase vinte e
seis séculos de existência, não estaria sentindo a saudade de suas
origens? Não teríamos então que decretar também a morte da filoso-
fia como “filosofia primeira” e voltar-nos para a grande complexida-
de da vida moderna e tentar humildemente reduzi-la, porque isso já
seria uma grande conquista? E, afinal, não é esse o sentir comum de
hoje quando por toda parte se proclama o advento da pós-
modernidade que, entre outras coisas, se deleita na desconstrução de
toda uma cultura metafísica e universalista?
Claro que numa primeira aproximação poderíamos ponderar que, se
a filosofia já conta na sua experiência com vinte e seis séculos de luta
e de reflexão, é porque algo de muito importante ela teria descoberto
e não seria finalmente por alguma moda que tudo isso deveria ser
abandonado gratuitamente. Se é verdade que a pretensão de univer-
salidade da filosofia sofreu os impactos do encontro com outras cul-
turas que inevitavelmente tendem a questionar as prematuras
universalizações, não por isso e automaticamente está em questão a
mesma pretensão de universalidade. E se hoje a vida moderna diver-
sificou e como que pulverizou a realidade em muitos setores, cada
um desenvolvendo sua racionalidade e seus critérios específicos, isso
não só não torna supérflua a necessidade de uma reflexão sobre a
totalidade, mas, ao contrário, ela se torna ainda mais urgente, porque
se a filosofia provocou um questionamento radical da realidade como
um todo e em verdade em termos de razão, isso deixou um legado
de certo modo irreversível: o homem atual se vê confrontado, queira
ou não, aceite-o ou não, com a exigência de dar um sentido à reali-
dade como um todo, e nenhum setor ou parcela de racionalidade
poderá assumir essa tarefa. Antes, a multiplicação e diversificação de
setores e de racionalidades existentes concorrem entre si pela prima-
zia do sentido. E como a racionalidade que se impôs é a racionalidade
técnico-científica, essencialmente manipuladora de seu objeto, por isso
sumamente eficiente, surge com mais força que nunca a exigência de
dar um sentido a tudo aquilo que o homem é capaz de fazer. E esse
sentido terá que ser essencialmente humano.
Mas como consegui-lo? Apenas tentando redescobrir a Ética? De
fato nunca se falou tanto em Ética como hoje, justamente porque a
sua ausência provoca reações por toda parte, que mostram que a
vida humana se autodestrói quando a Ética desaparece de seu hori-
zonte. O ser humano e a sua liberdade perdem a sua dignidade e a
sua razão de ser e de viver quando a Ética deixa de ser o marco
3. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 499
constitutivo de sua convivência com os outros no mundo, quando a
Ética não é mais a base e sustento de sua cidadania, quando a Ética
desaparece da Política. Mas isso é suficiente?
E eis que um autor contemporâneo chamado Karl-Otto Apel se pro-
põe enfrentar os desafios da atualidade e, de certo modo, todos os
desafios da atualidade, e para isso empreende a tentativa de reformular
a pretensão universal da filosofia como “filosofia primeira”, i. é, como
filosofia teórica e prática em unidade, como filosofia capaz de dar
razão de seu próprio discurso sobre a totalidade. Para poder realizar
esta tarefa com alguma perspectiva de sucesso, terá que levar em
conta as condições atuais das sociedades modernas, as conquistas da
humanidade sobretudo neste século e as conquistas da mesma filo-
sofia. O resultado é a elaboração de uma Pragmática transcendental
como “filosofia primeira”. Ela é construída tendo como marco uma
Semiótica transcendental e por fundamentação uma reflexão estrita-
mente transcendental sobre o discurso argumentativo. Nessa reflexão
se mostrará que a razão, ao mesmo tempo teórica e prática, portanto,
sendo já em si mesma ética, se fundamenta a si mesma, i. é, ela é
consistente consigo mesma em todas as suas manifestações.
Tentarei expor com a brevidade do tempo de que disponho o essen-
cial de cada passo da Pragmática transcendental. Mostrarei, em pri-
meiro lugar, em que consiste a Semiótica transcendental, marco de
toda a reflexão, para nele poder descobrir o cerne do que constitui o
paradigma da nova versão de “filosofia primeira”.
I — Semiótica transcendental
Uma das grandes conquistas deste século foi a descoberta de que a
linguagem mediatiza toda relação significativa entre sujeito e objeto
e que ela está inevitavelmente presente em toda comunicação huma-
na, a qual implica um “entendimento mútuo” sobre o sentido de
todas as palavras usadas e sobre o sentido do ser das coisas media-
das pelos significados das palavras. Isso significa: a linguagem
mediatiza todo sentido e toda validade.
E se a linguagem mediatiza todo sentido e toda validade, ela o faz,
antes de mais nada, através dos sinais. Todo sentido é mediado pelos
sinais lingüísticos. Por isso na base de todo sentido e de toda valida-
de está, como já viu Peirce, a Semiótica (ciência dos sinais). Mas é
necessário explicitar, em primeiro lugar, de que modo os sinais
mediatizam todo e qualquer sentido.
É mérito de Peirce ter elaborado a tríplice função do sinal. Podemos
exprimir essa tríplice relação na seguinte definição: um sinal é algo
que representa algo diferente de si para os intérpretes. Explicitando
4. 500 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
isto podemos dizer que todo sinal implica: a) uma relação com a
coisa representada, i. é, mediatiza algo do mundo; b) uma relação
com o significado, i. é, mediatiza algo como algo significativo, que
pertence a um sistema lingüístico; e c) uma relação com os seus
intérpretes, i. é, mediatiza algo como algo significativo que tem que
ser interpretado pelos membros de uma comunidade lingüística. Isso
significa: já no uso dos sinais de uma língua está presente a dimensão
pragmática da linguagem, i. é, a relação dos sinais com os sujeitos e
com o uso que estes fazem dos sinais, e como tal ela integra as
dimensões semântica e sintática.
A presença desta tríplice relação semiótica na constituição de todo
sentido já nos mostra que o essencial em todo conhecimento é a
interpretação de algo como algo, mediado pelos sinais. Isso significa:
o conhecimento não pode ser reduzido nem aos meros dados dos
sentidos, como no positivismo clássico, nem à relação dual sujeito —
objeto, como na filosofia moderna, nem a uma relação dual entre
teorias e fatos, no sentido da semântica (positivismo lógico), mas
tampouco pode ser compreendido como uma pura mediação por
conceitos, no sentido da síntese transcendental da apercepção de Kant,
porque em todos estes casos se prescinde da síntese hermenêutica da
interpretação intersubjetiva do sentido dos sinais. Ora, a interpreta-
ção de algo como algo pressupõe sempre um nós que compreende e
interpreta o sentido da proposição mediada pelos sinais lingüísticos.
O conhecimento, a partir de sua mediação pela linguagem, só pode
ser concebido como a compreensão comunicativa e formação do
consenso sobre algo no mundo. I. é, essa compreensão intersubjetiva
implica sempre um entendimento comum sobre os sinais usados, o
qual possibilita todo ulterior entendimento ou desentendimento so-
bre algo do mundo. Assim, na base de toda compreensão do signi-
ficado e validade e, portanto, de todo conhecimento está sempre a
estrutura do “entendimento sobre algo”.
A partir daí podemos dizer: toda proposição da língua natural pres-
supõe, antes de mais nada, a identidade dos significados dos sinais
lingüísticos para todos os seres falantes de uma língua, os quais, com
sua tríplice estrutura semiótica, remetem, por um lado, a um mundo
da vida, e, por outro lado, a uma comunidade real de língua, na qual
já existe um entendimento intersubjetivo sobre todos esses significa-
dos que nos possibilita a compreensão de um mundo compartilhado
por todos. A linguagem mostra-se assim como condição de possibi-
lidade de todo ulterior sentido e validade das proposições proferíveis
através dos sinais lingüísticos. Nesse sentido a linguagem natural ou
ordinária é, no seu uso atual, condição transcendental de possibilida-
de de todo sentido e validade. Não são então necessárias mais con-
siderações para perceber que o significado dos sinais lingüísticos e
das proposições que ele mediatiza é essencialmente público.
5. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 501
Em segundo lugar, essa mediação dos significados dos sinais lingüísticos
é condição de possibilidade também do pensar, mesmo o realizado
solitariamente, pois a) todo pensar só pode ter um conteúdo significa-
tivo porque ele é mediado pelos significados já constituídos da língua
real e controlado pelas regras particulares dessa língua comunitária. Do
contrário não se poderia pensar algo como algo significativo. Nenhuma
consciência solipsista poderia extrair qualquer significado de algo sem
esta mediação pública dos significados dos sinais; e b) todo pensar só
pode reivindicar validade porque ele já tem uma estrutura discursiva,
i. é, ele levanta a pretensão de poder defender o conteúdo pensado com
boas razões diante de si mesmo e de todo possível contra-argumentante.
Reivindicar validade significa pois levantar pretensões diante de uma
comunidade, em princípio, ilimitada, que só podem ser satisfeitas por
razões válidas intersubjetivamente. O pensar tem pois que ser entendi-
do, na sua estrutura, como auto-entendimento argumentativo com pre-
tensão intersubjetiva de validade. Por isso o pensador solitário terá que
considerar, em princípio, no seu ato de pensar, no qual ele não pode
enganar-se a si mesmo, as possíveis objeções de todos os possíveis
parceiros do discurso. Assim a validade do seu discurso solitário exige
e implica a justificação intersubjetiva de uma comunidade de argumen-
tação, que ele interioriza num diálogo de si consigo mesmo, mas cuja
validade é pública.
Em terceiro lugar, se toda proposição é mediada pelos sinais
lingüísticos e pelos significados da língua natural, e isso significa que
não se pode prescindir da dimensão pragmática da linguagem, então
podemos e teremos que dizer que toda proposição semântica da lín-
gua natural é potencialmente pragmática, i. é, pode ser referida a um
ato de fala que pode ser bem ou mal sucedido. Isso nos mostra que
todo ato de fala tem uma dupla estrutura performativo-proposicional,
i. é, um elemento performativo, pelo qual se estabelece um tipo de-
terminado de comunicação, e um elemento proposicional que cons-
titui o conteúdo ou objeto da comunicação, ou seja, toda proposição,
pelo fato mesmo de ser proferida, implica uma atitude comunicativa,
que nos relaciona com os outros, e uma atitude semântico-referencial,
que nos relaciona com algo do mundo. Por exemplo, na simples
proposição: “chove”, podemos explicitar o seu elemento performativo
implícito na forma: “eu afirmo que chove”. No ato performativo do
afirmar está incluído o tipo de relação intersubjetiva que se pretende
estabelecer com a proposição: “chove”. Trata-se de uma comunicação
orientada para as implicações do ato de afirmar. Essa dupla estrutura
de todo ato de fala nos mostra que a comunicação visa essencial e
originariamente ao entendimento mútuo nos dois níveis, no nível da
intersubjetividade e no nível dos objetos de que se fala.
Esta dupla estrutura de todo ato de fala é de suma importância
porque é por ela que podemos perceber os pressupostos pragmáticos
6. 502 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
implicados em toda proposição semântica. Assim, por ex., as propo-
sições semânticas não poderiam ser significativas, se não houvesse
em geral sujeitos humanos que pudessem compreendê-las e proferi-
las; as proposições não poderiam ser em geral válidas ou inválidas,
se não pudéssemos e não tivéssemos que pressupor que há preten-
sões à validade, levantadas pelo conhecimento humano, que podem
ser satisfeitas discursivamente ou não, e só por isso as proposições
podem ser válidas ou inválidas; as proposições não poderiam ser
verdadeiras ou falsas, se não pudéssemos pressupor que há preten-
sões à verdade, levantadas pelo ato performativo das mesmas propo-
sições; o predicado meta-lingüístico “é verdadeiro” não seria de modo
algum compreensível, se não pudéssemos pressupor que há preten-
sões auto-referenciais à verdade que podem ser explicitadas e ques-
tionadas nos discursos concretos, e por isso as proposições podem
ser verdadeiras e falsas.
Com efeito, todo ato de fala levanta, implicitamente, pretensões à
validade que, enquanto pretensões, se situam no elemento performati-
vo. Assim, com a proposição: “chove” levantamos, explicitamente, a
pretensão à verdade, que enquanto pretensão necessária e universal,
implícita no elemento performativo, poderá ser satisfeita ou não, e
por isso toda proposição pode ser verdadeira ou falsa. Mas com ela
é levantada, implicitamente, a pretensão à correção normativa rele-
vante eticamente. Pois a pretensão à verdade, enquanto verdade, se
refere à proposição, mas enquanto pretensão, é dirigida ao parceiro
da comunicação e, enquanto tal, supõe implicitamente a pretensão à
correção normativa dessa relação interpessoal, pela qual o falante
apela ao parceiro a proceder corretamente, i. é, a aceitar a pretensão
à verdade ou a contestá-la unicamente com argumentos. Nesse caso
o falante se obriga igualmente a fundamentar a pretensão de sua
afirmação com argumentos. Nesse sentido a resolução argumentativa
da pretensão à verdade deverá pois ser também correta. E com a
mesma pretensão à verdade, ainda é levantada, também implicita-
mente, a pretensão à veracidade ou sinceridade (também relevante
eticamente). Pois a pretensão à verdade é também expressão do fa-
lante e, enquanto tal, se dirige ao parceiro da comunicação, mas com
a intenção de estar sendo sincero ao levantar a pretensão à verdade,
i. é, ele levanta a pretensão para si mesmo de ser transparente na sua
expressão e não visar outras intenções senão a da verdade. Com
efeito, com afirmações verdadeiras podemos levar outros a enga-
nos lamentáveis.
Assim toda pretensão, enquanto se refere à proposição, é pretensão
à verdade; enquanto é dirigida ao parceiro da comunicação, é preten-
são à correção normativa; e enquanto é expressão do mesmo falante,
é pretensão à veracidade. Isso corresponde às três funções da lingua-
gem implicadas em todo ato de fala. Este simultaneamente a) expres-
7. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 503
sa uma intenção do falante, b) realiza uma relação interpessoal de
apelo, e c) apresenta um estado de coisas do mundo. Nesse sentido,
todo ato de fala visa entender-se com os outros sobre algo, através
das pretensões levantadas.
Essa dupla estrutura performativo-proposicional possibilita, finalmen-
te, a auto-reflexão na mesma linguagem. Essa descobre, através da
explicitação do elemento performativo, não só, como acabamos de
ver, as pretensões de validade, mas na medida em que elas implicam
os sujeitos humanos, descobre que temos que nos atribuir uma fun-
ção transcendental. Vale dizer que temos de conhecer-nos e julgar-
nos capazes de levantar pretensões de validade e de tomar posição
com respeito a elas. Temos, assim, um saber reflexivo implícito de
nossa relação com os outros e do que nós, nessa relação, podemos
esperar dos outros. Nós, como sujeitos do conhecimento, temos que
saber-nos e julgar-nos capazes de verdade, o que por sua vez signi-
fica que temos que pressupor-nos como instância crítica de reflexão
sobre a validade. Nós, como sujeitos da ação, temos que saber-nos e
julgar-nos capazes de agir corretamente e de julgar as pretensões de
correção, o que por sua vez significa que temos que pressupor-nos
como seres autônomos na comunidade dos seres humanos. Enquanto
tais, sabemos implicitamente que somos responsáveis, diante dos
outros, pela veracidade de nossos propósitos, pela verdade de nossos
enunciados e pela correção normativa de nossos juízos. Enfim, nós,
como seres de linguagem, temos um saber reflexivo implícito de que
em toda abertura lingüística do mundo se expressa essa relação
intersubjetiva de comunicação e de que, na descoberta de algo como
algo, se expressa o nosso “ser-no-mundo” como compreensão do
mundo e de nos mesmos. É através dessa relação intersubjetiva que
se torna possível a relação reflexiva do homem sobre si mesmo e a
sua identificação como sujeito. E é essa dupla estrutura que nos
permite, finalmente, captar a auto-reflexividade da mesma lingua-
gem natural, i. é, que ela, ao mesmo tempo, mediatiza
proposicionalmente todo sentido, sendo performativamente sua con-
dição transcendental de possibilidade.
Tudo isso nos mostra que o “logos” da linguagem natural só pode ser
adequadamente definido simultaneamente pelo significado
performativo e pelo significado proposicional. É esta dupla estrutura
que nos possibilita descobrir, por auto-reflexão, a auto-referibilidade
das condições de validade de todo ato de fala. A presença inevitável
dessa dupla estrutura em toda fala e argumentação humanas nos
mostra que entre os dois planos, o performativo e o proposicional,
terá que haver sempre uma consistência, que pode ser designada
como a consistência do “logos” humano.
Com estes breves traços de uma Semiótica transcendental, já pode-
mos dizer que um novo paradigma é introduzido para toda reflexão
8. 504 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
filosófica em geral, e em especial para a fundamentação da ética:
o paradigma da linguagem, que tem como base a tríplice relação
dos sinais e como sustentação a comunidade ideal de comunica-
ção ou, mais exatamente, um jogo lingüístico transcendental. Con-
seqüentemente, o novo paradigma se caracteriza antes de mais
nada pela relação originária sujeito — sujeito. Isso significa: na
base de toda concepção do conhecimento e de toda pretensão de
validade se encontra originariamente, não a relação sujeito —
objeto, mas a estrutura intersubjetiva pragmático-transcendental
do entendimento sobre algo. A partir deste novo paradigma, todo
sentido, seja do pensar, seja do conhecer ou do agir, é mediado
por uma comunidade real de língua e, na medida em que toda
pretensão de sentido e de validade é pública, por uma comunida-
de ideal de comunicação e de argumentação. Todo sentido válido
terá que ser concebido como algo que a priori é condicionado
pela linguagem e, em conseqüência, terá que ser integrado na
estrutura da comunicação, ou como veremos logo depois, na es-
trutura do discurso argumentativo.
II — O novo paradigma da “filosofia
primeira”
A partir dessa Semiótica transcendental da linguagem, que possibilita
a dimensão hermenêutica do mundo e a tematização pragmático-
reflexiva do humano ser-no-mundo, podemos agora mostrar em que
consiste o novo paradigma da “filosofia primeira”.
Começo com uma reflexão sobre o que Apel entende como “filosofia
primeira”. A filosofia começou colocando a pergunta radical da ra-
zão: o que é o real, o que é o ser? ? Mas se, num primeiro momento,
essa pergunta foi respondida em termos entitativos, com a realidade
subsistente das idéias em Platão e com a ciência do ente enquanto
ente em Aristóteles, que desembocou na exigência de um ente supre-
mo pensado como causa não-contingente de todo ente, e posterior-
mente como “causa sui” e causa do mundo, e mais tarde como Deus
criador, essa resposta não foi satisfatória. Essa colocação provocou
a célebre pergunta metafísica de Leibniz: “por que existe em geral
algo em vez de nada”? Mas se, por um lado, essa pergunta é com-
preensível em termos entitativos, a sua resposta, levada até as suas
últimas conseqüências, implicaria no paradoxo de que tudo e nada
foi explicado, pois cabe mais uma vez colocar a pergunta: “e por que
existe Deus em lugar de nada”?
9. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 505
Isso significa: a resposta entitativa à pergunta radical da razão não dá
ainda razão dos próprios pressupostos dessa colocação. A partir de
onde se chega a essa resposta? A causalidade pressuposta não pode
ser aplicada com sentido ao ente como um todo limitado, porque ela
já pressupõe a distinção entre uma causa possível determinada e o
causado. Sabemos que Kant caracterizou como dogmática toda
metafísica que não der razão de seus próprios pressupostos e limitou
a pergunta do por que causal ao contingente, no sentido do mundo
da experiência. Mas ele não abandonou sem mais a “filosofia primei-
ra” explicando tudo como contingente. Antes, com a fundamentação
da filosofia transcendental, reconduziu a pergunta da “filosofia pri-
meira” pelas causas do ente como um todo à pergunta pelas razões
da validade de nossa representação objetual do ente contingente do
mundo da experiência. Com isso nem tudo é contingente. A resposta
de Kant levou à descoberta do sujeito transcendental como condição
necessária de possibilidade da validade do nosso conhecer. Heidegger
tentou colocar a pergunta pelo ser do ente e pelas condições de
possibilidade do pensar como compreensão do ser, resultando na
pergunta pelo Dasein ek-sistente como compreensão do ser. Não vou
entrar aqui nas dificuldades desta colocação.
Apel vê nas diferentes colocações da “filosofia primeira” na história
da filosofia uma seqüência no sentido de uma radicalização progres-
siva da reflexão sobre as condições de possibilidade do pensar váli-
do. No primeiro paradigma, que com Heidegger pode ser caracteri-
zado como “onto-teológico”, o ser é reduzido à entidade e o sujeito
racional como “nous” e “logos” é pensado como um ente
intramundano. Daí a verdade, por exemplo, é pensada como adequa-
ção do entendimento com o ente. O problema da fundamentação
última será problemático, pois fica difícil escapar de regresso até o
infinito na série de causas. No segundo paradigma, o da “filosofia
transcendental da consciência do objeto e de si”, se coloca pela pri-
meira vez a pergunta pelas condições de possibilidade de uma com-
preensão válida objetivamente. O problema da fundamentação da
filosofia se resolve descobrindo o fundamento (agora não dogmático)
como metodicamente intranscendível no pensar auto-reflexivo. O
fundamento não será mais ôntico, mas transcendental. O problema
maior deste paradigma é que, desconhecendo a mediação da lingua-
gem, e a compreensão intersubjetiva do mundo que ela possibilita,
Kant vê ainda como exigência do pensar a prova da existência de um
mundo externo, o que acabará levando a um mundo de fenômenos,
distinto da coisa em si, com todos os problemas que essa distinção
implica para a razão teórica e para a razão prática, sobretudo para a
fundamentação da ética, como a doutrina dos dois mundos.
A partir daí já podemos ver o que significa “filosofia primeira” para
Apel. A pergunta radical da razão não pode ser respondida em ter-
10. 506 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
mos entitativos, sem que isso implique algum elemento dogmático na
sua fundamentação. É essa dimensão entitativa que sempre se tornou
objeto de crítica. Porém o que seria propriamente a dimensão
ontológica remete ao ser, mas entendido como aquilo que em toda
crítica tem que ser pressuposto como não ulteriormente transcendível,
i. é, não-contingente, mas como apriori necessário suposto em todo
pensar válido. Este núcleo intranscendível e, por isso, absolutamente
incontestável, é que constitui para Apel a “filosofia primeira”. Assim
a pergunta própria da “filosofia primeira” é: quais são as condições
de possibilidade do pensar como compreensão do ser? Ou o que seria
o mesmo: quais são as condições de possibilidade do pensar válido?
O ponto arquimédico em que Apel se apóia para responder a essa
pergunta é o discurso argumentativo. A argumentação ou o discurso
argumentativo não é um jogo lingüístico entre outros, no qual se
possa entrar ou não à vontade, mas ele é tanto um tipo de comuni-
cação quanto a “forma pública reflexivamente intransponível do
pensar”. O discurso é um tipo de comunicação, porque também ele
é mediado pelos sinais da linguagem, de forma que uma compreen-
são de algo como algo, também do argumentar como argumentar, é
impensável sem a mediação da linguagem. Mas o discurso, mesmo
o realizado por um sujeito solitário, é a forma pública reflexivamente
intransponível do pensar, porque ao argumentar com pretensões de
validade, eu, na resolução dessas pretensões, já sou referido à comu-
nidade em princípio ilimitada de argumentação, igualmente originá-
ria comigo. E é a forma reflexivamente intransponível do pensar,
porque ele representa a instância última filosófica, científica e política
na qual e diante da qual tem que justificar-se a responsabilidade
comum dos homens pelo seu próprio pensar e pelo seu próprio agir,
pelas suas teorias científicas e por toda fundamentação científica ou
filosófica e, em geral, por todas as pretensões possíveis que possam
ser levantadas no mundo da vida. Nenhuma fundamentação da ciên-
cia ou da ética, da semântica ou da pragmática, da racionalidade
lógico-matemática ou de qualquer outra racionalidade, é possível sem
passar pela mediação do discurso e pelo discurso entendido em toda
sua radicalidade. Neste sentido o discurso é metodicamente
intranscendível.
E se o discurso é intranscendível e está necessariamente presente até
no ato do pensar solitário com pretensões de validade, então teremos
que dizer kantianamente: as condições de possibilidade do discurso
argumentativo sensato serão ao mesmo tempo as condições de pos-
sibilidade dos objetos de tal discurso. Nesta fórmula está recolhida a
exigência da “filosofia primeira” de dar conta dos próprios pressu-
postos. Trata-se da consistência da dupla estrutura perfomativo-
proposicional, que vimos antes, e que agora surge nos atos de fala
argumentativos. Para a filosofia, isso significa: nenhuma corrente ou
11. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 507
crítica filosófica poderá considerar-se suficientemente legitimada, se
na sua justificação não incluir as condições de possibilidade do pró-
prio discurso. Apel chama isto o princípio da Selbsteinholung.
E a fundamentação pragmático-transcendental da “filosofia primei-
ra”, ou o modo filosófico de dar conta dos pressupostos do próprio
discurso, só poderá acontecer por estrita auto-reflexão sobre o mes-
mo discurso, a única que nos possibilita explicitar, reconhecer e to-
mar consciência do que nós já sempre estávamos pressupondo impli-
citamente ao argumentar com sentido. Com efeito, se o discurso
argumentativo está necessariamente presente até no ato solitário do
pensar com pretensões de validade, então por estrita auto-reflexão
comunicativa, e não por introspeção psicológica, cada um de nós
poderá descobrir não só as condições de possibilidade do discurso,
mas também que essas condições são transcendentais, i. é,
intransponíveis e, portanto, necessárias, universais e últimas. A fun-
damentação última consistirá então no processo de auto-reflexão que
permite assegurar-me de que essas condições são transcendentais, i.
é, estão já sempre presentes em todo discurso, e de que, portanto, são
elas que possibilitam a tematização de qualquer objeto do discurso.
E a descoberta de que essas condições são transcendentais nos mos-
tra que elas não poderão ser negadas sem cair em contradição
performativa, porque elas estarão necessariamente presentes em qual-
quer tentativa de negá-las como condição transcendental do sentido
dessa negação. O qual supõe, por sua vez, que elas tampouco pode-
rão ser provadas dedutivamente sem envolver petitio principii (círculo
vicioso), porque toda prova já supõe, de novo, essas condições.
Isso significa: o processo de estrita auto-reflexão nos mostra que se
as condições transcendentais do discurso são as condições de possi-
bilidade do objeto do discurso, então elas terão que ser co-afirmadas
implicitamente na tematização desse objeto, i. é, o critério último de
toda fundamentação será a consistência pragmática entre o objeto do
discurso e as condições transcendentais de possibilidade do mesmo
discurso, pressupostas necessariamente no ato performativo do mes-
mo discurso. Dito negativamente: o critério último de toda funda-
mentação pragmático-transcendental será a necessidade de se evitar
a auto-contradição performativa.
Então partindo do fato de que o discurso argumentativo representa
uma instância intransponível, e numa atitude estritamente auto-refle-
xiva, perguntamos: quais são as condições transcendentais de possi-
bilidade da argumentação válida? Evidentemente aqui só poderei
enunciar as condições mais importantes.
Todo discurso levanta, em primeiro lugar, as três pretensões univer-
sais à validade, que já vimos antes: à verdade, à correção e à vera-
cidade. Baste acrescentar agora que a pretensão à verdade aparece
12. 508 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
explicitamente em primeiro plano nos atos de argumentação que se
referem aos estados de coisas apresentáveis proposicionalmente no
mundo objetivável; a pretensão à correção nos atos de argumentação
que se referem ao agir e às interações no mundo social e a pretensão
à veracidade nos atos de fala que se referem ao mundo subjetivo.
Em segundo lugar, e isto é de suma importância, a auto-reflexão
sobre as pretensões à verdade e à correção nos mostra que elas são
fundamentalmente, i. é, em princípio, não em cada caso particular,
resolúveis de modo discursivo, i. é, por argumentos capazes, em
princípio, de consenso, pois qualquer tentativa de mostrar o contrá-
rio, já supõe essa discursividade. A pretensão à veracidade não po-
derá ser satisfeita por argumentos, porque ela é condição de possibi-
lidade da mesma discursividade argumentativa. Ela só é resolúvel na
prática da vida.
Isso significa: a discursividade consensual é a condição transcendental
de possibilidade da realização de todo pensar, conhecer e agir com
pretensões de validade, pois a resolução dessas pretensões só pode
ser realizada discursivamente, i. é, por razões válidas
intersubjetivamente e, por isso, em princípio, capazes de consenso; e
a resolução discursiva, na medida em que satisfaz pretensões diante
dos outros, supõe a responsabilidade recíproca pela justificação da
argumentação; e, portanto, toda argumentação justificada discursiva
e responsavelmente visa ao entendimento consensual, i. é, supõe uma
racionalidade do entendimento ou racionalidade comunicativo-
consensual.
Em terceiro lugar, a racionalidade do entendimento, na medida em
que sempre implica uma relação intersubjetiva responsável, supõe a
reciprocidade dialógica como estrutura universal de todo sentido e
validade. E, por sua vez, a reciprocidade dialógica universal implica
que todo sujeito argumentante é livre e autônomo para levantar pre-
tensões de validade e para poder tomar posição sobre as pretensões
levantadas pelos outros, e que todo sujeito argumentante tem igual-
dade de direitos na argumentação. Enquanto tais, todos somos co-
responsáveis pelo reconhecimento da liberdade e dos direitos de todos,
e pela solução discursivo-consensual de todos os problemas do mun-
do da vida. A ética está assim presente na racionalidade do entendi-
mento.
Em quarto lugar, e mais fundamentalmente ainda, toda pretensão à
validade e agora sem exceção, levanta também uma pretensão de
sentido articulada lingüisticamente, que se constitui, por sua vez,
como condição de possibilidade das outras três pretensões de valida-
de. Pois toda pretensão de validade pressupõe para a sua compreen-
são um sentido idêntico para todos das proposições. Mas essa preten-
são de sentido supõe algo mais. Pois toda possível resolução e crítica
13. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 509
das pretensões à validade no discurso argumentativo não poderá ser
ainda suficientemente compreendida sem outros pressupostos
ontológicos do sentido. Com efeito, para que as três pretensões de
validade já indicadas sejam compreensíveis, não basta pressupor, como
parece aceitar Habermas, uma simples pretensão de sentido entendi-
da como pretensão de compreensibilidade. Pois se deve haver uma
relação interna entre a compreensibilidade de uma frase e o possível
cumprimento das outras três pretensões de validade, então não pode
ser suficiente cumprir a condição sintática e semântica da boa forma-
ção da proposição. Se eu digo por ex.: “o atual rei da França é care-
ca”, essa proposição é sintática e semanticamente bem formada, por-
tanto compreensível, mas ela é sem sentido porque não pode ser
verdadeira ou falsa com respeito à sua afirmação, uma vez que não
preenche a pressuposição de existência, necessária para a sua possí-
vel verdade: atualmente não existe um rei da França. O sentido dessa
proposição exige pois uma pressuposição existencial, aqui no caso
contingente. Quando Descartes diz: “talvez tudo o que vale como
real é meramente um sonho”, de novo, a proposição é compreensível,
mas ela é sem sentido porque não realiza a relação interna do
predicado com as condições da verdade. Com efeito, o sentido do
predicado: “é meramente um sonho” pressupõe que nem tudo o que
vale como real é meramente um sonho. O predicado sonho supõe em
princípio um mundo real, que possibilita a distinção com sentido de
realidade e sonho. Só este pressuposto é que torna possível a dúvida
sensata sobre esta ou aquela realidade concreta. Do contrário tam-
bém a dúvida expressa na proposição ”talvez tudo o que vale como
real é meramente um sonho” poderia ser um sonho, e nem isso por-
que então também o termo sonho não teria um significado preciso. O
sentido dessa proposição exige pois o pressuposto de um mundo
real, aqui no caso um pressuposto ontológico.
Isso significa: às condições de possibilidade da compreensão das
pretensões indicadas à verdade, à correção e à veracidade, que se
referem respectivamente ao mundo objetivo, social e subjetivo, per-
tence a pretensão de validade do sentido. E às condições de possibi-
lidade de sua resolução pertencem, em princípio, certas pressuposi-
ções ontológico-existenciais como a existência do eu argumentante,
que tem que ser pensado como capaz de compreender e de argumen-
tar, a existência dos outros, com os quais eu possa entender-me
lingüisticamente sobre algo com pretensões de validade, e a existên-
cia de um mundo real, que tem que ser pensado como significativo
e compreensível e, por isso, como interpretável e cognoscível.
E, finalmente, se o discurso levanta pretensões de sentido e de vali-
dade, resolúveis discursivamente, nós estamos pressupondo uma
comunidade ideal de comunicação e argumentação, contrafaticamente
antecipada, porque a pressuposição de que em princípio é possível
14. 510 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
um consenso sobre todas as pretensões de validade, significa a ante-
cipação da idéia regulativa de um entendimento intersubjetivo ou
consenso definitivo, i. é, não mais questionável, de uma comunidade,
em princípio, ilimitada sobre as pretensões de validade, realizado nas
condições lógicas e normativas ideais, que surge no horizonte como
idéia a ser sempre visada e realizada. Do contrário, não teria sentido
levantar pretensões e questionar a resolução discursiva das preten-
sões concretas levantadas no mundo da vida e nos discursos concre-
tos. Mas nós sabemos igualmente que, se a comunidade ilimitada de
comunicação e o consenso ideal sobre pretensões de validade é uma
idéia regulativa, então nada empírico jamais poderá corresponder
plenamente a ela, mas, ao contrário, ela nos mostra a tensão
insuprimível, nos discurso teóricos, entre os consensos da verdade,
possíveis de fato no tempo, e o consenso ideal, não mais questionável,
e a tensão insuprimível, nos discursos práticos, entre as normas de
fato validadas consensualmente no tempo pelos participantes dos
discursos, e aquelas normas que seriam capazes de consenso para
todos os possíveis afetados e para todos os possíveis julgadores de
sua validade. E, portanto, junto com essa tensão, ela nos mostra a
tarefa permanente e sempre inacabada de sua supressão a longo prazo.
E se todos esses pressupostos universais estão implicados na argu-
mentação e, como tais, não podem ser negados sem cair em contra-
dição performativa, então pelo simples fato de argumentar, nós já os
temos reconhecido implicitamente. Do contrário a argumentação não
teria sentido. Eles não surgem como conclusão dedutiva de alguma
premissa da argumentação, mas como o incontestável, pressuposto e
descoberto por estrita auto-reflexão sobre a mesma argumentação.
Por isso, como critério de fundamentação última vale a seguinte fór-
mula:
“como fundamentadas ultimamente podem valer aquelas pressuposições da
argumentação que não podem ser contestadas sem auto-contradição
performativa e, justamente por isso, não podem ser fundamentadas deduti-
vamente sem petitio principii”.
Que razão está pressuposta nesta fundamentação última pragmático-
trancendental? Antes de mais nada, trata-se de uma razão lingüística,
porque também ela é mediada pelos sinais lingüisticos, de forma que
uma compreensão de algo como algo, também da razão como razão,
é impensável sem a mediação da linguagem. Mas como tal é uma
razão comunicativa e não uma entidade ontológica ou uma faculdade
mental, porque também ela tem que ser compreendida e interpretada
pela comunidade de argumentantes. Ela é uma razão discursiva, cujo
núcleo são as pretensões de sentido e de validade, teóricas e práticas,
e que, sem prejuízo da autonomia teórica e da autonomia prática da
consciência de cada pessoa singular, é referida a priori ao discurso
ilimitado da comunidade de argumentação. E é uma razão discursiva
que, enquanto intersubjetiva, supõe a reciprocidade universal em todos
15. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997 511
os atos de entendimento, a norma do reconhecimento reciproco da
liberdade e dos direitos de todos e, como tal, a co-responsabilidade
de todos na solução de todos os problemas teóricos e práticos do
mundo da vida. É, pois, uma razão, ao mesmo tempo, teórica e
prática, já ética enquanto teórica. É uma razão que mostra a sua
identidade, como sua razão de ser, na necessária concordância de si
com todas as suas manifestações, no critério da consistência
performativa (Kant falou da “Selbsteinstimmigkeit der Vernunft”), e
que se dá a conhecer no critério último da não-contradição
performativa. O princípio de identidade da razão não é um princípio
formal vazio, como o da identidade lógico formal A=A, porque ela
é constituída, no seu conteúdo pragmático-transcendental, por todas
as pressuposições existenciais e de regras, que o ato auto-reflexivo de
argumentação discursiva tem que reivindicar performativamente. É
por isso que o critério da consistência pragmática da razão consigo
mesma em todas as suas manifestações funda o princípio da não
contradição lógica, próprio das proposições. É por isso que a
racionalidade pressuposta por toda possível teoria da racionalidade,
tem que ser a racionalidade do discurso, i. é, a da argumentação
consistente, aquela que se deixa explicitar como autocertificação da
identidade da razão argumentativa no test da não-contradição
performativa.
A razão que se mostra na fundamentação última pragmático-
transcendental é, finalmente, uma razão transcendental, i. é,
intransponível, em todo ato humano sensato com pretensões de
validade. É por isso que as perguntas: por que devo ser racional,
por que devo agir moralmente, não são perguntas que devam ser
respondidas por uma fundamentação dedutiva, que implicaria um
processo até o infinito e, que por isso, suporiam uma decisão
prévia — não racional e não fundamentável — pela racionalidade.
Antes, essas perguntas já estão respondidas por aquele que coloca
sensatamente a questão. Porque quem coloca seriamente a per-
gunta, já entrou no discurso argumentativo e já aceitou e reconhe-
ceu, implicitamente, a razão e suas pressuposições normativas,
lógicas e morais. E nenhum ser humano pode se recusar, em
princípio, não em algum caso particular, a colocar essas questões,
porque isso implicaria em renunciar a pensar, uma vez que este
já implica pretensões públicas de validade, só discursivamente
resolúveis, e implicaria em renunciar à agir, uma vez que este é
incompreensível sem a mediação dos sinais lingüísticos, válidos
intersubjetivamente, e sem levantar pretensões de sentido como a
pretensão à correção, implicaria, finalmente, na renúncia a uma
identidade racional, já que estaria recusando não só o entendi-
mento racional com os outros, mas também o entendimento con-
sigo mesmo, pois esse está nele necessariamente implicado. Em
outras palavras, estaria se autodestruindo.
16. 512 Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n. 79, 1997
Isso significa: a pragmática transcendental decifra o que para Kant
era um “fato da razão” como um “perfeito apriórico”, i. é, como um
ter já sempre reconhecido a razão e a lei moral, nela implicada, pelo
discurso argumentativo, que reflexivamente descobre, inclui e assu-
me suas condições normativas de possibilidade.
Bibliografia:
K-O. APEL. “Der transzendentalhermeneutische Begriff der Sprache”. Em:
Transformation der Philosophie, Bd. II, Frankfurt, 1973, p. 330-357. (Trad. esp.
em Taurus, Madrid, 1985).
__________. “Das Problem der philosophischen Letztbegründung im Lichte einer
transzendentalen Sprachpragmatik”. Em: B. KANITSCHEIDER (ed.). Sprache und
Erkenntnis. Innsbruck, 1976, p. 55-82. (Trad. esp. em: Estudios Filosóficos 36,
n. 102 (1987): 251-299)
__________. ”Warum transzendentale Sprachpragmatik?” Em: H. M. BAUMGARTNER
(ed.). Prinzip Freiheit, Freiburg. München: Alber, 1979, p. 13-43.
__________. “Transzendentale Semiotik und die Paradigmen der Prima Philosophia”.
Em: E. BULOW, P. SCHMITER (eds.). Integrale Linguistik. Amsterdam, 1979, p. 101-
138. (Trad. fr. em: Revue de Métaphysique et de Morale, 98 (1993-4): 505-537).
__________. “Die Logosauszeichnung der menschlichen Sprache”. Em: H. G.
BOSSHARDT (ed.). Perspektiven auf Sprache. Berlin: W. de Gruyter, 1986, p. 45-
87. (Trad. fr. Le logos propre au langage humain, Ed. de l’Éclat, 1994).
__________. “Kann es in der Gegenwart ein postmetaphysisches Paradigma der
Ersten Philosophie geben?” Em: SCHNÄDELBACH, G. KEIL (eds.). Philosophie der
Gegenwart — Gegenwart der Philosophie. Hamburg, 1993.
__________. “Das Selbsteinholungsprinzip der kritisch-rekonstruktiven
Geisteswissenschaften”. Em: ACADEMIE INTERNATIONALE DE PHILOSOPHIE DE L’ART (ed.).
L’Art, la Science et la Métaphysique. Bern: P. Lange, 1993, p. 53-66.
__________. “Ist die transzendental-pragmatische Auffassung der
Diskursrationalität eine Unterbestimmung der Vernunft?” Em: P. KOLMER, H.
KORTEN (eds..). Grenzbestimmungen der Vernunft. Freiburg, München: Alber, 1994.
__________. “Rationalitätskriterien und Rationalitätstypen. Versuch einer
transzendentalpragmatischen Rekonstruktion des Unterschiedes zwischen Verstand
und Vernunft”. Em: A. WÜSTENHUBE (ed.). Pragmatische Rationalitätstheorien.
Würzburg: Königshause & Neumann, 1995, p. 29-63.
__________. “Die Vernunftfunktion der kommunikativen Rationalität. Zum
Verhältnis von konsensual-kommunikativer Rationalitat, strategischer Rationalität
und Systemrationalität”. Em: APEL, KETTNER (eds.). Die eine Vernunft und die
vielen Rationalitäten, Frankfurt: Suhrkamp, 1996.
Endereço do Autor:
Rua Araxá, 272 / 304
31110-280 Belo Horizonte — MG