O documento discute os limites e defeitos dos artistas, afirmando que eles são necessários para o aprimoramento da arte e que os artistas que não aceitam seus limites e sofrimentos serão inférteis. Também enfatiza a importância de Jesus como guia e assessor principal para os artistas cristãos lidarem com seus limites.
1. "Artista que não quer sofrer, vai ser um artista
infértil"
O termo limite é muito sugestivo. Ele nos coloca
naquilo que a gente pode. Quem ama coloca limites.
Pai costuma ser mal compreendido quando põe
limite. E às vezes tem medo dos filhos. Quando o filho
compreende que o limite é para sua felicidade, lhe gera
alegria.
Cada vez que você se irritar com o ‘sinal
fechado’, se lembre que alguém está alegre por
encontrar um sinal verde. Precisamos ser criativos. A
raiva limita a nossa imaginação. Somos egocêntricos.
Somos ligados as nossas necessidades e limites.
O artista é o ser humano que mais condensa
defeitos no mundo. Temos limites demais porque temos
mil e uma possibilidades. Ele consegue ver o mundo com mais amplitude.
O artista é aquele que consegue retirar o mais simples de todos acontecimentos e revestir
de poesia, como ainda não tínhamos possibilidade de fazer. Ele tem o poder de retirar do dia
comum, aquilo que a gente não viu. Uma sensibilidade que faz diferença na vida.
Outro dia estava ouvindo Adélia Prado pela Canção Nova que dizia assim: 'o poeta, o
artista é aquele que consegue retirar a vida da mira do tempo'. O poema é uma forma de resgatar
aquilo que não morre mais.
Conheça a fragilidade dos grandes artistas.
Você deve conhecer muito compositor católico que mudou a vida de muita gente, mas você
olha a vida dele e vê o sofrimento. Mas você não pode negar a obra que Deus faz na sua obra.
Onde está o nosso trabalho? Cuidar desse limites que está em nós para que eles não atropelem a
arte de Deus que está em nós. É se colocar na necessidade dos retoques diários. Se tenho mais
limites, mais cuidados preciso ter. É o aperfeiçoamento da arte que há em você.
Quanto maior a qualidade da sua arte, maiores os defeitos que lhe acompanharão. No
momento em que escrevemos, quantos rascunhos se faz? Quanto mais rascunhos, melhor a
qualidade da arte. Mas a experiência do rascunho, do limite, gera o aprimoramento.
Precisamos de "pontes" que nos dê segurança. Senão ninguém atravessa. O artista tem
que se prestar a viver o ofício de ser ponte. Nós estabelecemos a ponte, o vínculo. Um padre por
exemplo tem que viver uma sensibilização artística o tempo todo. Nem precisa escrever música ou
poesia. É a capacidade de estabelecer simpatia.
Olhe para o Calvário. Se esta cena não fosse descrita com olhos de poeta, não
gostaríamos do que vimos. Olhe para aqueles que se encantaram com a beleza de Jesus.
Descobriram na Palavra de Jesus um jeito de sanar suas fragilidades e limites.
Confiar na providência é você ter consciência do seu limite. Não chove maná na casa de
ninguém. Não vai trabalhar não para você ver. Muitas comunidades vivem da providência, mas
venha ver os bastidores. Estão todos dando o sangue naquilo que podem.
Quanto maior o limite de uma pessoa, maior o número de "assessores" que ela precisa.
Nossos limites serão mais bem vividos, a partir do momento que tivermos ao nosso lado pessoas
que nos amam. Quanto maior a responsabilidade que você tem, mais a necessidade de gente para
pensar com a gente!
Quando eu sou colocado numa situação que coloca meu limite para fora, eu não gosto.
Porque gosto de dar o meu melhor.
Quando alguém fala um desaforo para gente, esbarra na nossa ferida. Muitas vezes não
gostamos de esbarrar em nossos limites, mas precisamos tocá-los.
2. A morte de Jesus decepcionou os discípulos. Porque eles não haviam entendido. Voltam à
antiga vida, porque perderam a "assessoria" que tinham. Para o artista cristão, o assessor principal
é Cristo! Ele que te dá condição de você exercer a arte que você exerce. É a voz Dele que você
precisa ouvir, é o exemplo dele que você precisa seguir.
Você experimenta a solidão na sua vida e lamenta a falta de pessoas. Quantas vezes você
se perde em você mesmo porque não tem alguém ao seu lado para lhe dizer "faça assim", "vá por
esse caminho". E o que você mais precisaria, era alguém que olhasse nos seus olhos e lhe
ajudasse a tomar a decisão certa.
Se você tem muito mais limites, suas lutas serão maiores também. Os vícios entram na
vida do artista quando ele não sabe lidar com os limites que tem. Uma boa música com certeza foi
criada quando o artista não sabia dizer a dor que sentia. Se não nascem nas dores, elas não tocam
ninguém. Mas quando você não sabe o que fazer com aquela dor, a melodia vem, a música vem.
Artista que não quer sofrer vai ser um artista infértil. Os defeitos que você tem, estão aí
para lhe construir! Não faça uma interpretação negativa dos seus limites. Não os negue. Na hora
que você precisar, além de clamar pelos amigos, clame ainda mais pelo Senhor de sua arte! Artista
que não reza, jamais será "ponte" para algum lugar. É Jesus quem socorre nossos limites, e dá
sentido. Precisamos da "ponte" que Ele nos dá. E aquilo que Ele nos oferece é o que aprendemos
a oferecer também.