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Elis
Regina
Todas as letras
Pesquisa, organização e diagramação:
Vladimir Araújo
Projeto gráfico:
Juliana Mesquita e Juliana Palezi
Elis
Regina
Todas as letras
Dá sorte
Eleu Salvador
Viva a Brotolândia – 1961
Dá sorte fazer o que eu digo
Dá sorte querer seu amor
Dá sorte cantar comigo
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz
Creio no supremo poder
Gosto de quem gosta de mim
Serei tudo que quero ser
Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem
Sonhando (Dream)
B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes
Viva a Brotolândia – 1961
Sonho
Eu sempre sonho
Que o amor irei buscar
Sigo
Uma alameda
E alquém é o meu par
Alguém que eu venero
Que tanto quero
Não sei quem é
Sonho
E no meu sonho
Sigo com um certo alguém
Murmúrio
Djalma Ferreira/Luiz Antônio
Viva a Brotolândia – 1961
Vai nesta canção
Meu último adeus
Coração sonha em vão
Com os beijos seus
Foi esta canção
Que eu murmurei
Tu também longe amei
Murmuraste eu sei.
Há neste murmúrio huma saudade
A vontade louca de voltar
Ser como era antes mesmo por instantes
E depois morrer para não chorar
Tu serás
Ângela Martignoni/Othon Russo
Viva a Brotolândia – 1961
Tu serás a vida e o meu destino
Tu serás angústia e tormento
Tu serás a chama que ilumina
O eterno fogo de minha alma
E na noite escura, minha estrela
Tu serás… tu serás
Estrela que mostra o meu caminho
Tu serás… somente tu.
Vivo para amar-te e adorar-te
Pois és a razão dos meus desejos
E se em ti não penso a todo instante
Não posso acalmar o meu tormento
Samba feito para mim
Paulo Tito
Viva a Brotolândia – 1961
Pedi pra fazerem um samba para mim.
Pra desabafar meu coração.
Tenho tanta coisa pra dizer de mim.
Como eu gostaria de falar numa canção.
Sei que o mundo é mau, jamais vai entender,
Que este samba vive de hum sofrer
O tema é meu. Nasceu assim.
Era preciso fazerem um samba pra mim.
Amei alguém. Fui só de alguém.
O mundo não procurou compreender.
Então pedi para fazerem um samba assim.
E este samba foi feito todinho pra mim.
Fala-me de amor (Take me in your arms)
Markus/Rotter/Vs. Max Gold
Viva a Brotolândia – 1961
Fala-me de amor,
Mesmo que seja pra mentir
Fala-me de amor,
Se vais partir.
Um beijo louco
Para lembrar o que passou
Dura tão pouco
Mesmo que seja o fim
Aperta-me assim
E nos braços teus
Toda magia viverei
Beija-me assim
Depois adeus!
Eu queria sentir teu beijo
Com carinho e emocão
E guardar este amor tão puro
No fundo do coração
2
Baby face
Davis/Asket/Vs. Fred Jorge
Viva a Brotolândia – 1961
Baby face
Esse rostinho lindo
Baby face
Parece ingênuo
Não é isso não
Baby face
Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando
Baby face
Esse seu modo estranho de olhar pra mim
Me faz acreditar
Que você sabe amar
Mentindo
Baby Face.
Dor de Covelo
João Roberto Kelly
Viva a Brotolândia – 1961
Beber pra esquecer é teimosia
Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo
O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo
A dor pra curar não tem receita
É corcunda que se deita
Sem achar a posição
E sentir saudade não faz mal
Não é no fundo do copo
Que você vai encontrar sua moral
Beber pra esquecer...
Garoto último tipo (Puppy Love)
Paul Anka/Vs. Fred Jorge
Viva a Brotolândia – 1961
Hoje eu vi um tal brotinho
Que o meu coração
Foi logo conquistando
E eu nem disse não
Garoto último tipo
Broto sensação
Não sei porque
Dei meu coração
Saiu pra rua
Trânsito parou
E pra mim o olhar mandou
Que garotinho
Mas que tipão
E roubou meu coração
As coisas que eu gosto (My favorite things)
Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César
Viva a Brotolândia – 1961
As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer
São coisas bonitas que vêm de você
É o céu de um sorriso embriagador
E esses seus olhos lembrando o amor
Nem sei como pode você ser assim
E ter tudo, tudo que é bom para mim
Nem de encomenda eu ia achar
Outro igual a você para amar
Os seus olhos
Seu sorriso
Que bonitos são
Você não existe
Na certa sonhei
Quando inventei você
Mesmo de mentira
Carlos Imperial
Viva a Brotolândia – 1961
Diz mesmo de mentira
Que eu sou tudo pra você
Diz mesmo de mentira
Que ao seu lado eu vou viver
Diz.
Prefiro a mentira
Pois a verdade é ruim
Diz mesmo de mentira
Diz que você gosta de mim
Quero viver na ilusão
Pois afinal não machuca o coração
Se a verdade me faz mal
Eu não vou fazer da minha vida um carnaval
Mente
É melhor assim
Diz que você gosta de mim
Amor, amor (Love, love)
Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial
Viva a Brotolândia – 1961
Amor, amor
Quero um amor que não tenha fim
Amor, amor
Quero um amor pra mim
Amor, amor
Quero um amor que me queira bem
Amor, amor
Eu reciso amar alguém
Vivo a sonhar
Que estou a beijar
O meu grande amor
Sempre a esperar
Quem me queira amar
O meu peito agora diz
Eu preciso de um amor
Só assim serei feliz
3
4
Poema
Fernando Dias
Poema de Amor – 1962
Poema
É a noite cheia de amargura
Poema
É a luz que brilha lá no céu
Poema
É ter saudade de alguém
Que a gente quer e que não vem
Poema
É o cantar de um passarinho
Que vive ao leú, perdeu seu ninho
É a esperança de o encontrar
Poema
É a solidão da madrugada
Um ébrio triste na calçada
Querendo a lua namorar
Pororó-Popó
João Roberto Kelly
Poema de Amor – 1962
Bate bate bate constante
Pororó-popó
Dançando na festa, beijinho na testa e só
Seu telefone eu anotei
Cupido me laçou
E apertou o nó
Poró-poroporó
Todo dia eu discava
Poró-poroporó
Discava escondida da mamãe e da vovó
Tudo começou de brincadeira
E eu fiquei brincando a vida inteira
Dá-me um beijo
(Kiss me, Kiss me)
Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes
Poema de Amor – 1962
Dá-me um beijo
Um só
Um só
Mata meu desejo
De mim
Tem dó
Pois num beijo só você poderá sentir
O que sinto é desejo sim de mim
Dá-me dá-me um beijo
Mais um
Só um
E vamos depois
Os dois
Os dois
Pela vida nos deixando com ardor
Para sempre
Sempre
Amor
Nos teus lábios
Haroldo Eiras/Ataliba Santos
Poema de Amor – 1962
Nos teus olhos
Vejo a luz com que sempre sonhei
Nos teus lábios
Sinto os beijos que as vezes roubei
Vem de novo
A saudade em meu peito apertar
E por isso eu canto
Nos teus olhos
As estrelas refletem o brilhar
Dos teus lábios
Beijos mil me fazem lembrar
Desde então
Não sonho e nem vivo
Porque, amor, só posso encontrar
Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar.
Sim os teus olhos quero olhar
Vou comprar
um coração
Paulo Tito/Romeu Nunes
Poema de Amor – 1962
Vou comprar um coração
Para trocar por este meu
Porque sem ilusão não sei viver
E este meu coração cansou de amar
Com um novo coração
Vou repetir os erros meus
Fazer oque já fiz
Amar em vão
Ser infeliz mais uma vez.
Meu pequeno mundo de ilusão
(My little corner of the world)
Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires
Poema de Amor – 1962
Ó vem meu doce bem
Ao meu pequeno mundo de ilusão
São teus os sonhos meus
No meu pequeno mundo de ilusão
Só tu então
Serás a inspiração
E neste mundo
Terás meu coração
E se, meu doce bem,
Vieres aplacar esta paixão
Serão somente teus
O meu pequeno mundo e a ilusão
Eu sempre quis
Contigo, coração,
Viver feliz
Em meu mundo de ilusão
5
Saudade é recordar
Renan França/Verinha Falcão
Poema de Amor – 1962
De que vale o que tenho
Só tristezas pra contar
E tristeza é ter saudade
Saudade é recordar
Tu cruzaste o meu caminho
Quando eu era a própria dor
Hoje deixo o teu carinho
Por amor ao teu amor
Las
secretárias
Pepe Luis/Vs. Martha Almeida
Poema de Amor – 1962
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
Para estenodatilografar
Cha Cha Cha
Para o secretário
Cha Cha Cha
Cha Cha Cha
Como é bom bailar
Necessito secretário competente
Com experiência e boa apresentação
Solicito homem jovem e bonito
E com carta de recomendação
Que domine o idioma Italiano
O Francês e o Inglês com perfeição
Nao me importa seja loiro ou moreno
Mas que tenha bem alegre o coração
Quando formos de manhã para o trabalho
E a tarde na hora de regressar
Que beleza eu e o meu secretário
Caminhando e cantando o cha cha cha
Pizzicati
Pizzicato
Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge
Poema de Amor – 1962
Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati
Quase desandou
e quase parou
O pobre coração que só palpita por ti
E sempre te adorou
Em doce pizzicato o coração pulsou
E alegre saltou
E alegre cantou
E como um violino doido a suspirar
Sonhou… sonhou… sonhou…
Plum plum plum
Que delicioso
Plum plum plum
Maravilhoso
Minha cancão de amor nasceu no meu coração
Só para ti
Minha paixão
Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção
O meu amor sem fim
A canção que eu canto
É por ti meu bem
É um doce pizzicato
Sempre a saltitar
Plum plum plum
Canção
de enganar
despedida
Walter/Joluz
Poema de Amor – 1962
Teu olhar
Meu olhar
Nosso olhar
Tuas mãos
Minhas mãos
A emoção
A noite a se perder nos faz,
Meu amor,
Outra vez
Amar
Sonhar
É manhã
Na manhã do adeus
Repousa
Teus lábios nos meus
Um beijo irá fazer
Teu olhar
Meu olhar
Outra vez
Amar
Chorar
Confissão
Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão
Poema de Amor – 1962
Vai nesta cancão
A confissão
De alguém que hoje é feliz, feliz
Vai dizer também
Que só alguém
Que ninguém mais faz infeliz
O que passou, passou
Sei que não volta mais
Eis o consolo eneletivo dos meus ais
Pra que lembrança sem esperança?
Se um é pouco, dois é bom, três é demais
Podes voltar
Othon Russo/Nazareno de Brito
Poema de Amor – 1962
Deixa passar a incerteza que te afasta de mim
Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim
Quero guardar esta ilusão
Adormecer e contigo sonhar
Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti
Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer
Mas mesmo assim haja o que houver
Podes voltar outra vez para mim
6
A Virgem de
Macareña
(La Virgen de la Macareña)
B. B. Munterde/Calero/A. Bourget
Elis Regina – 1963
À noite quando me deito
Eu rezo à Virgem de Macareña
Assim sozinho em meu quarto
Falo à Virgem Santa todo o meu tormento
É de coração que eu peço
Que alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternura
E me beije com doçura
Ó Virgem Santa
Ó Virgem Santa porque sofro tanto
Ouvi o que pede
Ouvi o que pede a angústia do meu pranto
Porque, ó Santa querida,
Não encontro na vida alguém para meu amor?
Porque, ó Santa querida,
Não encontro na vida alguém para meu amor?
Alguém que seja ternura
E viva comigo os sonhos que sonhei
É de coração que eu peço
Que alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternura
E me beije com doçura
Ouvi o que pede
Ouvi o que pede minha alma aflita
Minha Virgem Santa
Minha Virgem Santa de Macareña
Tango italiano
Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes
Elis Regina – 1963
Um tango italiano
O nosso tango
Quero um dia dançar
E sonhar novamente
Um tango italiano
Um terno tango
Como aquele que viu começar
Nosso amor tão distante
E nos teus braços
Rodando ao compasso do tango a recordar
Nosso passado
E o amor esquecido veremos retornar
Um tango italano
E os teus braços
O meu corpo de novo estreitar
E teus olhos de novo encontrar
E no céu de teus olhos buscar
A aventura perdida
Dengosa
Castro Perret
Elis Regina – 1963
Eu sou dengosa
Gosto de carinho
Amor pra mim
Tem que ter denguinho
Eu sou assim
Dengosa para amar
Procuro aguém dengoso
Para ser meu par
Amar com dengo
Dá gosto da gente amar
Beijar com dengo
Dá gosto de se beijar
Amor com dengo
Torna mais gostoso o carinho
Mas para amar com dengo
É preciso ter jeitinho
Formiguinha triste
Joãozinho
Elis Regina – 1963
Era uma vez uma triste formiguinha
Que vivia tão sozinha tocando seu violão
Tão simplezinha era sua morada
Mas existia lugar pra mais alguém
Mas certo dia, como diz a lenda,
Tudo lá no quintal se iluminou
Formiguinha encontrou outra
Inverno sozinha não passou
Tristeza de carnaval
Bidú/Mutinho
Elis Regina – 1963
O carnaval
Sempre faz feliz alguém
As vezes traz tristeza
E a alegria foge
Tudo é quarta-feira
Tudo é sempre cinza
Pra quem amou foi muito bom
Pra quem perdeu chorou demais
Depois voltou o carnaval
Na fantasia de sol
E a esperança de encontrar
Um novo amor
No carnaval
No carnaval
No carnaval
Outra vez (Again)
Cochran/Newman
Elis Regina – 1963
Jamais
O meu amor tu terás
Não te darei novamente
A boca ardente, oh, não!
Verás
Que o sonho que se desfaz
Nem deixa rastro na alma
E acalma a ilusão de um coração
Eu não quero
De novo sofrer
Tal como eu já sofri
Eu não quero de novo viver
No amargor em que já vivi
O sonho que se desfez
Não deixou rastro em minha alma
Não sonharei outra vez
7
Silêncio
Túlio Paiva
Elis Regina – 1963
Silêncio!
Atenção!
O samba já tem outra marcação
O pandeiro já não faz o que fazia
Violão só é na base da harmonia
Silêncio!
Atenção!
Porque o samba já tem outra marcação
A roda do mundo sempre vai girando
Vai girando sem parar
Tudo nessa vida se renova
A bossa velha deu lugar à bossa nova
O samba já tem outra marcação
E essa é nova marcação
1, 2, 3,
balançou
Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho
Elis Regina – 1963
1, 2, 3, balançou
1, 2, 3, o meu samba quero assim
Requebra e vai por mim
1, 2, 3, vai não vai
1, 2, 3, ouve o prato a marcar
O nosso balançar
Faz um passo todo figurado
E segue o rebolado
A onda do balanço me enrolou
Eu não posso parar
Vejo o tempo correr sem me cansar
Você pode notar
Batam palmas para quem gostou
Do meu samba que a ninguem negou
De todo coração
Sensação enquanto balançou
À noite
Berstein/Roberto Côrte Real
Elis Regina – 1963
À noite, amor
Vou ver o meu amor
A lua há de brilhar
Pra nós dois
À noite, amor
Vou ver o meu amor
E pra nós as estrelas virão
E o sol que sabe que eu espero
Que só a noite eu quero
Compreende e já se vai
Ó Deus, fazei
Fazei que a noite seja
Sem fim pra mim
Ressurreicão
Marino Pinto/Pernambuco
Elis Regina – 1963
Ressurreição, meu amor do passado
Tu és a razão do meu porvir
Eu sonho em vão por que sonho acordada
Quisera saber o que há de vir
A chama que se apaga
Sempre mata a esperença
Minha chama de esperar-te
Não se cansa
Ressurreição, me levou ao passado
E curou de uma vez a minha dor
Milagre do amor
Flertei
Castro Perret
Elis Regina – 1963
Agora sim estou certinha com um só
Tanto brinquei que Cupido me acertou
Eu tive tantos mas a nenhum eu amei
E, no entanto, sem querer, gamei
Veja você, eu que nunca pensei em amar
Eu que flertava apenas para brincar
Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão
E o flerte transformou-se em gamação
Adeus amor
Almeida Rêgo/Newton Ramalho
Elis Regina – 1963
Adeus amor
Eu tenho de partir
Eu sei que vou sentir
Uma saudade imensa de você
Que vai ficar
Sozinho como eu
A remoer lembranças do passado
Meu Deus como é que eu vou ficar
Sem ter você pra me abraçar?
Sem ter aqueles beijos que são meus?
Só meus
Adeus amor
Eu voltarei, querido,
pra recomeçar a nossa vida
8
Alô saudade
Paulo Aguiar/Umberto Silva
O Bem do Amor – 1963
Telefonei para a saudade
Dizendo a ela o que sentia
Como ela trouxe a solução
Meu coração logo esqueceu toda a paixão
Acreditei no que me foi prescrito
E em tudo o que eu não acreditava
Depois do tempo em que levei sofrendo assim
Felicidade voltou pra mim
Sem teu amor
Luiz Mauro
O Bem do Amor – 1963
Meu coração não pode mais viver assim
Sem teu amor
Meu coracão vive chorando triste assim
Sem teu amor
Tudo acabou
Fiquei sozinha
Sem teu querer
Tudo mudou
E, sem carinho,
Não sei viver
Meu coracão hoje só vive de ansiedade
Por você
Espero em vão o fim de toda essa saudade
De você
Vou esperar
Ó, meu querido,
Volte pr favor
Meu coracão
Não vai viver toda esta vida
Sem teu amor
Saudade e
carinho
Renan Franca/Verinha Maranhão
O Bem do Amor – 1963
Saudade e carinho
Ai que vontade de amar!
Todo amor tem o seu ninho
O meu amor, onde andará?
Tantos amores eu já tive
Quantos amores mais terei?
Nenhum, porém, comigo vive
Sozinha sempre viverei
Mania de gostar
Luis Mauro
O Bem do Amor – 1963
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem.
Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer.
Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim.
Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
Manhã de
AMOR
Sergio Malta/Joluz
O Bem do Amor – 1963
É manhã
Vem o sol
Vem trazer o calor
Que aquece a emoção
De um olhar
De um aperto de mão
Vem a chuva também
Vem chorar a alegria
Do retorno de alguém
De um amor
Numa terna ilusão
E se faz lá no céu
O enlace da chuva e do sol
A natureza sorri
É tão lindo o matiz do arrebol
Já se fez a manhã do amor
Já se pôs o arco-iris além
Vem a chuva
Vem o sol
Com eles, meu bem.
Se você quiser
Baden Powell/Mario Telles
O Bem do Amor – 1963
Você quer que eu te conte o que é o amor,
Feito para dois amar,
Feito de sorriso e flor?
Você quer.
Mas será que você quer?
Caminhar neste luar para eu te mostrar.
Vem.
Você quer ver na luz do meu olhar,
Como eu te quero bem,
Como eu te quero amar?
Eu não sei.
Eu não sei se você quer.
Eu posso te dar amor,
Se vocie quiser.
9
Há uma história triste
Othon Russo/Niquinho
O Bem do Amor – 1963
Há uma história triste pelo ar
História que não tem “era uma vez…”
Há uma história triste pra contar
História que começa com “talvez”
Foi, talvez, amor que acabou
Foi, talvez, um sonho que apagou
Restos de lembrança e amargura
Rugas de saudade e de ternura
Domingo em Copacabana
Roberto Faissal/Paulo Tito
O Bem do Amor – 1963
Copacabana cheia
Bom é domingo mesmo
Dias de sol vem alegrar o nosso amor
Mar azul
Onda azul
Vem beijar meus amores
Copacabana bela
Lua de luz acesa
Ando calçada cheia sem pensar
Ai, rio até sozinha
Da beleza do meu Rio
Da TV Rio até o Forte
Gente que passa sem ter norte
Copacabana eu vou sonhar junto de ti
Meus olhos
Sergio Napp
O Bem do Amor – 1963
Meus olhos
Saudades que eu trago
Do amor de você
Meus olhos
Silêncios na espera
De alguém que não vem
Ah, se você entendesse
A beleza de amar
Que eles trazem em si
Ah, se você compreendesse
O que escondem meus olhos
Voltaria pra mim
Retorno
Aécio Kauffmann
O Bem do Amor – 1963
Meu bem eu agora voltarei
Bem sei que estarás a me esperar
Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu
E só me acompanhou a saudade em seu lugar
Agora voltarei novamente aos braços teus
E tu sempre estarás eternamente nos braços meus
Na estrada desta vida
Nunca mais
Nunca mais sozinha
Longe amor
Dos teus carinhos
10
É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
É pra frente que se anda
Caminhando sem olhar pra trás
É como a roda da história
Que nunca pode parar
Há um turbilhão de anseios
Despertando a nossa voz
Há um mundo de esperança
Esperando,
Esperado por nós
E a gente vai seguindo
Olhando só pra frente
Sem se voltar pra trás
Procurando nosso mundo
Mundo de paz
Túlio Paiva
O Bem do Amor – 1963
Mundo de paz
O bem do amor
Rildo Hora/Clóvis Mello
O Bem do Amor – 1963
Se você pensava
Bem no amor achar
O bem no amor encontrará
E quando você quiser
Vá buscar ternura
No amor que existe
Num lugar feito pra dois
Sim, vá buscar
Tem perfume a flor que nasce
No jardim ao sol
De ver tanto encanto na flor
Fui pedir a rosa viva e multicor
Perfume e cor
Fiz nosso amor
E o mundo prá nós dois
11
O MORRO NÃO TEM VEZ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
ESSE MUNDO É MEU
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Escravo no mundo em que sou
Escravo no reino em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Mas acorrentado ninguém pode amar
FEIO NAO É BONITO
(Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri)
Feio, nao é bonito
O morro existe mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza é só o que tem pra cantar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente e nunca se deixa quebrar
Ama, o morro ama
Amor bonito, amor aflito
Que pede outra história
SAMBA DO CARIOCA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Vamos, carioca,
sai do teu sono devagar
O dia já vem vindo aí
E o sol já vai raiar
Sao Jorge, teu padrinho,
te dê cana pra tomar
Xango, teu pai, te dê
muitas mulheres para amar
ESSE MUNDO É MEU
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Saravá, Ogum, mandinga da gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero na floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou brigá
A FELICIDADE
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Brilha tão leve, mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
SAMBA DE NEGRO
(Roberto Correa/Sylvio Son)
Subi lá no morro só pra ver
O que o nêgo tem
Pra cantar assim gostoso
E fazer samba como ninguém
VOU ANDAR POR AÍ
(Newton Chaves)
Vou andar por aí, perguntar por aí
Pra ver se eu encontro
A paz que perdi
O SOL NASCERÁ (A sorrir)
(Cartola/Elton Medeiros)
A sorrir eu pretendo levar a vida
Pois chorando eu vi a mocidade perdida
DIZ QUE FUI POR AÍ
(Zé Keti/H. Rocha)
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão debaixo do braco
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
E se houver motivo, é mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se eu volto, diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
ACENDER AS VELAS
(Zé Keti)
Acender as velas, já é profissão
Quando nao tem samba, tem desilusão
Acender as velas, já é profissão
Quando nao sou eu, é Nara Leão
A VOZ DO MORRO
(Zé Keti)
Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem leva alegria
Para milhões de corações brasileiros
O MORRO NAO TEM VEZ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem voces
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Vai cantar, vai cantar
Vai cantar, vai cantar
Pout Pourri
Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
12
Preciso aprender a ser só
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Dois na Bossa 1 – 1965
Samba eu canto assim – 1965
Ah! se eu te pudesse fazer entender
Sem teu amor eu não posso viver
Que sem nós dois o que resta sou eu
E u a s s i m t ã o s ó
E eu preciso aprender a ser só
Poder dormir sem sentir teu amor
A ver que foi só um sonho e passou
A h ! o a m o r
Quando é demais ao findar leva a paz
M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r
Que a saudade existe e se vem é tão triste
Vê, meus olhos choram a falta dos teus
Esses teus olhos que foram tão meus
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
A h ! o a m o r
Quando é demais ao findar leva a paz
M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r
Que a saudade existe e se vem é tão triste
Vê, meus olhos choram a falta dos teus
Esses teus olhos que foram tão meus
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
Arrastão
Edu Lobo/Vinícius de Morais
Dois na Bossa 1 – 1965
Eh... tem jangada no mar
Eh, eh, eh... hoje tem arrastão
Eh... todo mundo pescar
Chega de sombra João
Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim
Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim
Minha Santa Bárbara
Me abençoai
Quero me casar com Janaína
Eh... puxa bem devagar
Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão
Eh... é a Rainha do Mar
Vem, vem na rede João
Pra mim!
Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim
Nunca, jamais se viu tanto peixe assim
Terra de
ninguém
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Dois na Bossa 1 – 1965
Saudade do Brasil – 1980
(Com Marcos Valle)
Segue nessa marcha triste
Seu caminho aflito
Leva só saudade
E a injustiça
Que só lhe foi feita
Desde que nasceu
Pelo mundo inteiro
Que nada lhe deu
Anda.Teu caminho é longo
Cheio de incerteza
Tudo é só pobreza
Tudo é só tristeza
Tudo é terra morta
Onde a terra é boa
O senhor é dono
Não deixa passar
Pára no final da tarde
Tomba já cansado
Cai um nordestino
Reza uma oração
Prá voltar um dia
E criar coragem
Prá poder lutar
Pelo que é seu
Mas...
O dia vai chegar
Que o mundo vai saber
Não se vive sem se dar
Quem trabalha é que tem
Direito de viver
Pois a terra é de
n i n g u é m
13
Sem Deus com a família
César Roldão Vieira
Dois na Bossa 1 – 1965
Sapato de pobre é tamanco
A vida não tem solução
Morada da rico é palácio
E casa de pobre é barracão
Quem é pobre sempre sofre,
Vive sempre a trabalhar
Mas eu sofro só de dia,
De noite eu vivo pra sambar
A mulher de branco é esposa
E a esposa do preto é mulher
Mas minha mulher é só minha,
Do branco eu nem sei se só dele é
Branco fica atormentado
E nem tem tempo pra pensar
Mas o preto é mais que branco
pra mãe d’água Iemanjá
A terra do dono é só dele
E ali ninguém pode mandar
Mas se eu não pegar na enxada
Não tem ninguém pra plantar
Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor
Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
Reza
Edu Lobo/Ruy Guerra
Dois na Bossa 1 – 1965
Samba eu canto assim – 1965
Por amor andei já
Tanto chão e mar
Senhor já nem sei
Se o amor não é mais
Bastante pra vencer
Eu já sei o que vou fazer
Meu Senhor
Uma oração
Vou cantar para ver se vai valer
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Ah! meu santo defensor
Traga o meu amor
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Se é praga ou oração
Mil vezes cantarei
Laia ladaia sabadana ave-maria
Laia ladaia sabadana ave-maria
Menino das
laranjas
Théo de Barros
Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues)
Samba eu canto assim – 1965
Menino que vai pra feira
Vender sua laranja até acabar
Filho de mãe solteira
Cuja ignorância tem que sustentar
É madrugada, vai sentindo frio
Porque se o cesto não voltar vazio
A mãe arranja um outro prá laranja
E esse filho vai ter que apanhar
Compra laranja
Menino que vai pra feira
É madrugada vai sentindo frio
Porque se o cesto não voltar vazio
A mãe arranja um outro prá laranja
E esse filho vai ter que apanhar
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor
Lá no morro a gente acorda cedo
Que é só trabalhar
Comida é pouca e muita roupa
Que a cidade manda pra lavar
De madrugada ele menino
Acorda cedo tentando encontrar
Um pouco pra comer, viver até crescer
E a vida melhorar
Compra laranja doutor
Ainda dou uma de quebra pro senhor
14
Influência do Jazz
Carlos Lyra
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Pobre samba meu
Foi se misturando se modernizando, e se perdeu
E o rebolado cadê?, não tem mais
Cadê o tal gingado que mexe com a gente
Coitado do meu samba mudou de repente
Influência do jazz
Quase que morreu
E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu
Que o samba balança de um lado pro outro
O jazz é diferente, pra frente pra trás
E o samba meio morto ficou meio torto
Influência do jazz
No afro-cubano, vai complicando
Vai pelo cano, vai
Vai entortando, vai sem descanso
Vai, sai, cai... no balanço!
Pobre samba meu
Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu
Pra não ser um samba com notas demais
Não ser um samba torto pra frente pra trás
Vai ter que se virar pra poder se livrar
Da influência do jazz
Formosa
Baden Powell/Vinícius de Morais
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro)
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração
A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega, a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom
Sem sofrer
Formosa mulher!
Discussão
Tom Jobim/Newton Mendonça
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
Se você pretende sustentar opinião
E discutir por discutir
Só prá ganhar a discussão
Eu lhe asseguro pode crer
Que quando fala o coração
As vezes é melhor perder
Do que ganhar, você vai ver
Já percebi a confusão
Você quer ver prevalecer
A opinião sobre a razão
Não pode ser, não pode ser
Prá quê trocar o sim por não
Se o resultado é a solidão
Em vez de amor
Uma saudade vai dizer quem tem razão
Samba do avião
Tom Jobim
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale)
Eparrê,
Aroeira beira de mar
Salve Deus e Tiago e Humaitá
Eta, costão de pedra dos home brabo do mar
Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar
Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio, teu mar, praias sem fim
Rio, você foi feito pra mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar
Vem Balançar
Walter Santos/Tereza Souza
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Quem vem lá?
Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegar
No meu samba tem sempre lugar
Prá quem vem balançando
Querendo sambar
Quem vem lá?
Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegar
No meu samba tem sempre lugar
Prá quem vem balançando
Querendo sambar
Pra quem
Traga o samba redondinho,
bem certinho assim
todinho solto
Mas não venha contando mentira rapaz
Não ponha no meu samba tão fácil demais
Devagar com a louça
Luiz Reis/Haroldo Barbosa
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares)
Devagar com a louça que eu conheço a moça,
vai devagar moçinha, devagar ei.
Eu conheço a moça, devagar com a louça,
vai devagar, prá não errar.
Devagar com a louça que eu conheço a moça,
vai devagar.
E eu conheço a moça, devagar com a louça.
Vai, prá não errar.
Ela é mais enrolada do que linha em carretel,
ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel.
Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné.
Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..'
15
Mulata
Assanhada
Ataulfo Alves
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves)
Ô, mulata assanhada
Que passa com graça
Fazendo pirraça
Fingindo inocente
Tirando o sossego da gente!
Ah! Mulata se eu pudesse
E se meu dinheiro desse
Eu te dava sem pensar
Esta terra, este céu, este mar
E ela finge que não sabe
Que tem feitiço no olhar!
Ai, meu Deus, que bom seria
Se voltasse a escravidão
Eu pegava a escurinha
E prendia no meu coração!...
E depois a pretoria
Resolvia aquestão!
Amor em paz
Tom Jobim/Vinícius de Moraes
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Eu amei
E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer e me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza aconteceu você
Encontrei
Em você a razão de viver e de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
Bocochê
Baden Powell/Vinícius de Moraes
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell)
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
Vou procurar o meu lindo amor
No fundo do mar
Vou procurar o meu lindo amor
No fundo do mar
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É onda que vem
Nhem, nhem, nhem
Tristeza que vai
Nhem, nhem, nhem
Tristeza que vem
Foi e nunca mais voltou
Nunca mais! Nunca mais
Triste, triste me deixou
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vem
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vai
Nhem, nhem, nhem
Não volta ninguém
Menina bonita, não vá para o mar
Menina bonita, não vá para o mar
Vou me casar com o meu lindo amor
No fundo do mar
Vou me casar com o meu lindo amor
No fundo do mar
Nhem, nhem, nhem
É onda que vai
Nhem, nhem, nhem
É onda que vem
Nhem, nhem, nhem
É a vida que vai
Nhem, nhem, nhem
Não volta ninguém
Menina bonita que foi para o mar
Menina bonita que foi para o mar
Dorme, meu bem
Que você também é Iemanjá
Dorme, meu bem
Que você também é Iemanjá
Agora Ninguém Chora Mais
Jorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho)
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais
ô, ô, ô, ô
Chorava mãe, chorava pai
Na hora da partida
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
ô, ô, ô, ô
Chorava mãe, chorava pai
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Mas pois o menino voltou
Voltou homem, voltou doutor
Menino que é bom não cai
Pois já nasceu com a estrela
E sempre a mente sã
Menino que é bom não cai
Pois é protegido de Iansã
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Mas Que Nada
Jorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Mas, que nada
Sai da minha frente
Que eu quero passar
Pois o samba está animado
E o que eu quero é sambar
Este samba
Que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tu
Mas, que nada
Um samba como esse tão legal
Você não vai querer
Que eu chegue no final
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Falsa Baiana
Geraldo Pereira
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal)
Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer
maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca
A falsa baiana quando entra no samba
Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a Bahia, senhor
Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou fiilha de São Salvador
Telefone
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas)
Plém plém plém plém plém plém plém plém plém
Plém plém
Ocupado pela décima vez
Plém plém
Telefono e não consigo falar
Plém plém
Estou ouvindo há muito mais de um mês
Plém plém
Já começa quando eu penso discar
Eu já estou desconfiado
Que ela deu meu telefone prá mim
Plém plém
E dizer que a vida inteira esperei
Plém plém
Que dei duro e me matei prá encontrar
Plém plém
Toda a lista quase que eu decorei
Plém plém
Dia e noite não parei de discar
E só vendo com que jeito
Pedia prá eu ligar
Plém plém plém plém
Não entendo mais nada
Prá que é que eu fui topar?
Trimm trimm
Não me diga que agora atendeu
Será que eu… eu consegui? Agora encontrar?
O moço atendeu… alô!
Somewhere
Stephen Sondheim/Leonard Bernstein
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us
Somewhere
There's a time for us
Some day a time for us
Time together and time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find there's a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us
A time and place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
There's a place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
Eu só queria saber
Miriam Ribeiro/Vera Brasil
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares)
Eu só queria ser
Um só dos teus anseios
Eu só queria ser
Um só dos teus momentos
Eu só queria ser
Dentro de ti
A brisa que passou
Uma canção me trouxe
A brisa que passou
Passou e não me trouxe
O sol de um meigo olhar
Na escuridão
Só nesta solidão
Sofre o meu coração
Cativo da canção que passou
Eu só queria ser
Um só dos teus anseios
Eu só queria ser
Um só dos teus momentos
Eu só queria ser
Dentro de ti
Se acaso você chegasse
Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues)
Se acaso você chegasse
No meu chatô e encontrasse
Aquela mulher
Que você gostou
Será que tinha coragem
De trocar nossa amizade
Por ela que já
Lhe abandonou?
Eu falo porque essa dona
Já mora no meu barraco
À beira de um regato
E um bosque em flor
De dia me lava a roupa
De noite me beija a boca
E assim nós vamos
Vivendo de amor
17
É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor.
É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão.
Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi...
E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão.
Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão.
É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor.
É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Zambi
Edu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965
18
Canção do amanhecer
Edu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965
Ouve
Fecha os olhos, meu amor
É noite ainda
Que silêncio!
E nós dois
Na tristeza de depois
A contemplar
O grande céu do adeus
Ah!
Não existe paz
Quando o adeus existe
E é tão triste o nosso amor
Ah! Vem comigo
Em silêncio
Vem olhar
Esta noite amanhecer
Iluminar
Os nossos passos tão sozinhos
Todos os caminhos
Todos os carinhos
Vem raiando a madrugada
Música no céu!
Esse mundo é meu
Sergio Ricardo/Ruy Guerra
O fino do Fino – 1965
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Esse mundo é meu
Esse mundo é meu
Fui escravo no reino e sou
Escravo no mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou brigá
Escravo do reino e sou
Escravo do mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua
Cade o despacho pra acabá
Santo guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigá
Se voce nao vem eu mesma vou ficar
Resolução
Edu Lobo/Lula Freire
O fino do Fino – 1965
Samba eu canto assim – 1965
É, vou contar o que há.
É tempo de dizer quem sou
Sim. Eu cansei de lutar
E agora quero descansar
Tanto eu esperei para vencer
E agora vejo que perder
Nada mais é do que cansar
Eu cansei e perdi
Em tanta coisa acreditei
Se ninguém viu o que eu vi
Ninguém sabe mais do que eu sei
Mas se a esperança vai me deixar
E nem mais vou saber chorar
Nem sorrir sem amor para dar
Não. É preciso não morrer
É preciso decidir de uma vez
O que é pra fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Todas as canções que eu já cantei
Agora tem de me valer
E me fazer acreditar
Que é preciso viver
E o resto é só deixar pra lá
E, mesmo só, vou seguir
E nada me fará mudar
Té o sol raiar (Tempo feliz)
Baden Powell/Vinícius de Morais
O fino do Fino – 1965
Feliz o tempo que passou, passou
Tempo tão cheio de recordações
Tantas canções ele deixou,deixou
Trazendo paz a tantos corações
Que sons mais lindos tinha pelo ar
Quanta alegria de viver
Ah, meu amor, que tristeza me dá
Vendo o dia querendo amanhecer
E ninguem cantar
Mas meu bem
Deixa estar
Tempo vai, tempo vem
E quando um dia esse tempo voltar
Eu nem quero pensar o que vai ser
Até o sol raiar
19
Sou sem paz
Adilson Godoy
Samba eu canto assim – 1965
Tento em mim seu amor
Nasceu como uma flor cantando bem
E ninguém jamais amou assim
Nunca assim
Sofro sem tudo em mim
É só tristeza e dor
É só você e a felicidade que se foi
Que se foi
Você fugiu de mim
E triste, amor, eu canto assim
E a saudade em mim
Volte então, sou sem paz
Com o seu amor e a felicidade que virá
Que virá
Amor demais
Silvio César/Ed Lincoln
O fino do Fino – 1965
A canção é o lamento do amor demais
Quem chorou
Quem sofreu
Quem perdeu a paz
Venho dizer
Na canção
O que chorou
Seu coração
Vem
A noite é linda
Vem cantar
Vem
Toda tristeza
Vai passar
Só assim tu terás
Amor sem fim
Amor demais
Chegança
Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho
O fino do Fino – 1965
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegança
Foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
E uma quadra de esperança
Ah, se viver fosse chegar
Ah, se viver fosse chegar
Chegar sem parar, parar pra casar
Casar e os filhos espalhar
Por um mundo num tal de rodar
Por um mundo num tal de rodar
Por um amor
maior
Francis Hime/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Vim, eu vim te dizer
Eu vim te lembrar
Que a vida não é só tristeza e dor
É pobre quem tem medo de falar
O mundo que quer
E depois não dá o amor que guardou
Sim, eu vim te dizer
Eu vim te falar
Que o amor pra ser bom
Pra não ser qualquer
Precisa gritar a força que tem
De tudo mudar
Vem, meu amor
Vem, que amar é vencer
Mas amar é também
Gente que vai e vem
Gente que também quer
Ver este mundo melhor
Que o povo é assim
E dá o que tem
É o povo que faz
A vida maior
João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João descansar
É quando a morena se enrosca
Do lado da gente
Querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é de contar mentira
É de se espreguiçar
É de se deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista
Não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo
Do que sua terra, não há
Dorival Caymmi
Samba eu canto assim – 1965
João Valentão
Maria do Maranhão
Carlos Lyra/Nelson L. de Barros
Samba eu canto assim – 1965
Maria, pobre Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
Maria desceu escada
Atravessou o país
Procurava muito pouco
Muito pouco ser feliz
Nem feliz queria ser
Que feliz não pode ser
Quem anda pelas estradas
Atravessando o país
Maria, pobre Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
Maria seguiu estrada
A estrada de uma estrela
Maria não viu a estrela
Maria é só na estrada
Mas muita gente seguiu
A estrela que ela não viu
E vai dizer pra maria
Que tudo tem solução
Até mesmo pra Maria
Maria do Maranhão
Que vive por onde anda
E anda de pé no chão
20
Consolação/Berimbau/Tem dó
Baden Powell/Vinícius de Morais
Samba eu canto assim – 1965
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
…
Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará
…
Ah! Tem dó
Quem viveu junto não pode nunca viver só
Ah! Tem dó
Mesmo porque você não vai ter coisa melhor
Não me venha achar ruim
Porque você me conheceu assim
Me diga agora, ora, ora
Não foi assim que você gamou?
Você sabe muito bem
Que mesmosendo louca, assim
Gamei também
Me diga agora, ora, ora
Será que alguém não foi quem mudou?
Aleluia
Edu Lobo/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Barco deitado na areia
Não dá pra viver, não dá
Lua bonita sozinha
Não faz o amor, não faz
Toma decisão, aleluia!
Que um dia o céu vai mudar
Quem viveu a vida da gente
Tem que se arriscar
Amanhã é teu dia
Amanhã é teu mar, teu mar
E se o vento da terra
Que traz teu amor, já vem
Toma decisão, aleluia!
Lança o teu saveiro no mar
Beabá de pesca é coragem
Ganha o teu lugar
Mesmo com a morte esperando
Eu me largo pro mar, eu vou
Tudo o que sei é viver
E vivendo é que eu vou morrer
Toma decisão, tá na hora!
Que um dia o céu vai mudar
Quem não tem mais nada a perder
Só vai poder ganhar
Eternidade
Luiz Chaves/Adilson Godoy
Samba eu canto assim – 1965
Se ele é mais que céu
É mais que luz
É mais que amor
Sinto o infinito
Da paz que vem
Nascendo em mim
E sinto, enfim
Que é mais que tudo
É mais que o mundo
Me ensinou
Paz que eu tanto amei, chorando
Não, não se vá
Nossa eternidade
Que sempre sonhei
Nasceu no que sou
Sim, é mais que tudo
É mais que o mundo
Me ensinou
Último canto
Francis Hime/Ruy Guerra
Samba eu canto assim – 1965
Vou acender uma vela
Vou só cantar o meu canto
E vou cantar da maneira
A mais singela
E só depois
Vou te esquecer
E só depois
Vou te esquecer
Vou acender uma vela
Vou só chorar o meu pranto
E vou chorar da maneira
A mais singela
E só depois
Quero esquecer
Quando um amor acaba em pranto
É o mesmo que alguém morrer
Vou acender esta vela
Que é por mim e é por ela
Saveiros
Dory Caymmi/Nelson Motta
Compacto duplo – 1966
Nem bem a noite terminou
Vão os saveiros para o mar
Levam no dia que amanhece
As mesmas esperanças
Do dia que passou
Quantos partiram de manhã
Quem sabe quantos vão voltar
Só quando o sol descansar,
E se os ventos deixarem,
Os barcos vão voltar
Quantas histórias pra contar
E em cada vela que aparece
Um canto de alegria
De quem venceu no mar
21
Jogo de roda
Edu Lobo/Ruy Guerra
Compacto duplo – 1966
É ô lê, é hora
É ô lê, de roda
Jogo a vida
Jogo a tarde
Jogo a faca e a razão
Jogo o mundo à sua sorte
E a mentira eu jogo ao chão
A roda vai rodar
E eu jogo o meu amor então
E se eu puder
Entro na roda e vou rodar também
Gira a roda
Roda o tempo
Nasce um samba em minha mão
Olho a praia
Chamo o vento
Abro os braços e a canção
Eu sei aonde estou
E sei onde é que eu quero ir
E quem quiser
Entre na roda e vá rodar também
Ó, meu amor
O mundo assim não pode ser
É só tristeza e noite pra se ver
Sozinha estou num mundo
Em que o mal é rei
Mas o meu canto vem fora de lei
Ó, meu amor
Vem prá perto de mim cantar
Que nessa roda a dor vai se entregar
A minha voz é fraca
Mas em meu olhar
O novo mundo roda sem parar
Sem parar
Sem parar
A rodar
A rodar
A rodar
E assim tenho um norte
Tenho a vida
Tenho um samba de cordão
Tenho a noite já vencida
Na palma de minha mão
Meu samba já chegou
Tanta tristeza quer também
E o teu amor
Samba na roda do meu coração
Ensaio geral
Gilberto Gil
Compacto duplo – 1966
O Rancho do Novo Dia
O Cordão da Liberdade
E o Bloco da Mocidade
Vão sair no carnaval
É preciso ir à rua
Esperar pela passagem
É preciso ter coragem
E aplaudir o pessoal
O Rancho do Novo Dia
Vem com mais de mil pastoras
Todas elas detentoras
De um sorriso sem igual
O Cordão da Liberdade
Ensaiado com carinho
Pelo Zé Redemoinho
Pelo Chico Vendaval
Oh, que linda fantasia
Do Bloco da Mocidade
Colorida de ousadia
Costurada de amizade
Vai ser lindo ver o bloco
Desfilar pela cidade
Minha gente, vamos lá
Nossa turma vai sair
Nossa escola vai sambar
Vai cantar pra gente ouvir
Tá na hora, vamos lá
Carnaval é pra valer
Nossa turma é da verdade
E a verdade vai vencer
Canto triste
Edu Lobo/Vinícius de Morais
Compacto duplo – 1966
Porque sempre foste a primavera em minha vida
Volta pra mim
Desponta novamente no meu canto
Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais
Há quanto tempo faz partiste
Como a primavera que também te viu partir
Sem um adeus sequer
E nada existe mais em minha vida
Como um carinho teu, como um silêncio teu
Lembro um sorriso teu tão triste
Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu
Onde se esconde a minha bem-amada
Onde a minha namorada
Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço
Peço apenas
Que ela lembre as nossas horas de poesia
Das noites de paixão
E diz-lhe da saudade em que me viste
Que estou sozinho e só existe
Meu canto triste
Na solidão
Rosa morena
Dorival Caymmi/Antônio de Almeida
Compacto simples – 1966
Rosa morena
Onde vais morena rosa
Com essa rosa no cabelo
E esse andar de moça prosa
Morena, morena rosa
Rosa morena o samba está esperando
Esperando p’rá te ver
Deixa de lado essa coisa de dengosa
Anda rosa, vem me ver
Deixa de lado essa pose
Vem pro samba, vem sambar
Que o pessoal está cansado de esperar
22
Canto de Ossanha
Baden Powell/Vinícius de Morais
Compacto simples – 1966
Dois na bossa 2 – 1966
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai... não vou!
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer
due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor
23
Poutpourri de
introdução
Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Louvação
Gilberto Gil/Torquato Neto
Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Vou fazer a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Meu povo, preste atenção
Atenção, atenção
Repare se estou errado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior.
Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor.
Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança!
Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar.
Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar.
Que só espera sentado quem se acha conformado.
Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Quem 'tiver me escutando
Atenção, atenção
Que me escute com cuidado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é.
Louvo a força do homem e a beleza da mulher.
Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra.
Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer.
Louvo a vida merecida de quem morre pra viver.
Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer.
Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
De todos peço atenção
Atenção, atenção
Falo de peito lavado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo a casa onde se mora de junto da companheira.
Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira.
Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera.
Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar.
Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar.
O dia certo e preciso de toda a gente cantar.
E assim fiz a louvação
Louvação, louvação
Do que vi pra ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Se me ouviram com atenção
Atenção, atenção
Saberão se estive errado
Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
24
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Samba eu canto assim
Samba eu faço asism
Só quem sofreu
Quem chorou
Meu samba vai ouvir
Meu samba vai cantar
Só na tristeza e na dor
Alguém pode entender
Que a dor vai se acabar
E assim somente
NÃO ME DIGA ADEUS
(Paquito/L. Soberano/J. C. Silva)
Não
Não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus
VOLTA POR CIMA
(Paulo Vanzolini)
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
O NEGUINHO E A SENHORITA
(Noel Rosa/A. da Silva)
Eu gostei da filha da madame
Que nós tratamos de sinhá
A sinhazinha também gostou do neguinho
O crioulinho não tem dinheiro pra gastar
Mas a madame tem preconceito de cor
E DAÍ
(Miguel Gustavo)
Proibiram que eu te amasse
Proibiram que eu te visse
Proibiram que eu saisse
E perguntasse a alguém por ti
Proibiram tudo
Proibam muito mais!
Preguem avisos!
Fechem portas!
Ponham guizos!
Nosso amor perguntará,
E daí?
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Só quem sofreu
Quem chorou
Meu samba vai ouvir
Meu samba vai cantar
Só na tristeza e na dor
Alguém pode entender
Que a dor vai se acabar
E assim somente
ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM
(Sérgio Ricardo)
Por isso canta, canta
Nasceu uma rosa na favela
Canta, canta
Nasceu uma rosa na favela
CARNAVAL
(D. Ferreira/Ataulfo Alves)
Lê lê lê
A rainha do samba chegou
Lê lê lê
O batuque do nêgo enfezou
NA GINGA DO SAMBA
(Ataulfo Alves)
É na ginga bonita que o samba tem
Quem não tem ginga, no samba não se dá bem
GUARDA A SANDÁLIA DELA
(Sereno/Germano Mathias)
Guarda a sandália dela
Que o samba sem ela não pode ficar
Diga também pra ela
Que a escola sem ela não pode sambar
SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Porque o samba é o samba bom
O samba é meu
Da nossa dor
É um samba de sofrer
Samba de querer
Samba de...
Samba de mudar
Upa, neguinho
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Dois na bossa 2 – 1966
Compacto simples – 1968
Elis especial – 1968
Elis Regina in London – 1969
Montreaux Jazz Festival – 1982
Upa, neguinho na estrada
Upa, pra lá e pra cá
Virge, que coisa mais linda!
Upa, neguinho começando a andá
Começando a andá, começando a andá
E já começa a apanhá
Cresce, neguinho e me abraça
Cresce e me ensina a cantá
Eu vim de tanta desgraça
Mas muito te posso ensiná
Capoeira, posso ensiná
Ziquizira, posso tirá
Valentia, posso emprestá
Mas liberdade só posso esperá
Patá tá tri
Tri tri tri
Trá trá trá
Amor até o fim
Gilberto Gil
Dois na bossa 2 – 1966
Montreaux Jazz Festival – 1982
Amor não tem que se acabar
Eu quero e sei que vou ficar
Até o fim eu vou te amar
Até que a vida em mim resolva se apagar
O amor é como a rosa num jardim
A gente cuida, a gente olha
A gente deixa o sol bater
Pra crescer, pra crescer
A rosa do amor tem sempre que crescer
A rosa do amor não vai despetalar
Pra quem cuida bem da rosa
Pra quem sabe cultivar
Amor não tem que se acabar
Até o fim da minha vida eu vou te amar
Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar
Até o fim da minha vida eu vou te amar
Eu sei que o amor não tem que se apagar
Samba
em
paz
Caetano Veloso
Elis – 1966
O samba vai vencer
Quando o povo perceber
Que é o dono da jogada
O samba vai crescer
Pelas ruas vai correr
Uma grande batucada
Samba não vai chorar mais
Toda gente vai cantar
O mundo vai mudar
E o povo vai cantar
Um grande samba em paz
Pra dizer adeus
Edu Lobo/Torquato Neto
Elis – 1966
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinha
Tão sozinha amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Prá dizer adeus
Tristeza que
se foi
Adilson Godoy
Dois na bossa 2 – 1966
Toda tristeza já passou
E agora um novo amor
vem surgindo
Sorrindo
Por isso bem feliz eu sei que
Toda tristeza já passou
E que agora um novo amor
Vem surgindo
Sorrindo
Por isso vou
Vou cantando agora
Vou levando agora
A beleza de um novo amor
Que me nasceu
Vou cantando agora
Vou levando agora
Felicidade só
25
Lunik 9
Gilberto Gil
Elis – 1966
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Sei lá que mais
Ah, sim!
Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência, em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais,
Guerra de astronautas nos espaços siderais
E tudo isso em meio às discussões,
Muitos palpites, mil opiniões
Um fato só já existe que ninguém pode negar
7... 6.. 5... 4... 3... 2... 1... já!
E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi
Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal,
Muito bem, confesso que estou contente também
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?
O que será do mar, da flor, do violão?
Tenho pensado tanto, mas nem sei
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Meu povo, preste atenção
Na roda que eu te fiz
Quero mostrar a quem vem
Aquilo que o povo diz
Posso falar, pois eu sei
Eu tiro os outros por mim
Quando almoço, não janto
E quando canto é assim
Agora vou divertir
Agora vou começar
Quero ver quem vai sair
Quero ver quem vai ficar
Não é obrigado a me ouvir
Quem não quiser escutar
Quem tem dinheiro no mundo
Quanto mais tem, quer ganhar
E a gente que não tem nada
Fica pior do que está
Seu moço, tenha vergonha
Acabe a descaração
Deixe o dinheiro do pobre
E roube outro ladrão
Agora vou divertir
Agora vou prosseguir
Quero ver quem vai ficar
Quero ver quem vai sair
Não é obrigado a escutar
Quem não quiser me ouvir
Se morre o rico e o pobre
Enterre o rico e eu
Quero ver quem que separa
O pó do rico do meu
Se lá embaixo há igualdade
Aqui em cima há de haver
Quem quer ser mais do que é
Um dia há de sofrer
Agora vou divertir
Agora vou prosseguir
Quero ver quem vai ficar
Quero ver quem vai sair
Não é obrigado a escutar
Quem não quiser me ouvir
Seu moço, tenha cuidado
Com sua exploração
Se não lhe dou de presente
A sua cova no chão
Quero ver quem vai dizer
Quero ver quem vai mentir
Quero ver quem vai negar
Aquilo que eu disse aqui
Agora vou divertir
Agora vou terminar
Quero ver quem vai sair
Quero ver quem vai ficar
Não é obrigado a me ouvir
Quem não quiser escutar
Agora vou terminar
Agora vou discorrer
Quem sabe tudo e diz logo
Fica sem nada a dizer
Quero ver quem vai voltar
Quero ver quem vai fugir
Quero ver quem vai ficar
Quero ver quem vai trair
Por isso eu fecho essa roda
A roda que eu te fiz
A roda que é do povo
Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
26
Roda
Gilberto Gil/João Augusto
Elis – 1966
Estatuinha
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis – 1966
Se a mão livre do negro tocar na argila
O que é que vai nascer?
Vai nascer pote pra gente beber
Nasce panela pra gente comer
Nasce vazinho, nasce parede
Nasce estatuinha bonita de se ver
Se a mão livre do negro tocar na onça
O que é que vai nascer?
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha pra se ter nossa ialê
Nasce atabaque pra se ter onde bater
Se a mão liver do negro tocar na palmeira
O que é que vai nascer?
Nasce choupana prá gente morar
Nasce rede pra gente se embalar
Nasce esteira pra gente se deitar
Nasce os abanos pra gente abanar
Veleiro
Edu Lobo/Torquato neto
Elis – 1966
Ê... ô... tá na hora e no tempo
Vamos lá que esse vento traz
Recado de partir
Beira de praia
Não faz mal que se deixe
Se o caminho da gente vai pro mar
Eu vou, tanta praia deixando
Sem saber até quando eu vou
Quando eu vou,quando eu volto
Eu vou pra terra distante
Não tem mar que me espante
Não tem, não
Anda, vem comigo que é tempo
Vem depressa que eu tenho
Braço forte e o rumo certo
Aqui o dia está perto
E é preciso ir embora
Ah! vem comigo nesse veleiro
Tá na hora e no tempo, ê... ô...
Vamos embora no vento ê... ô...
Boa palavra
Caetano Veloso
Elis – 1966
Aprendeu sozinho
Na areia, no chão
A brincar sozinho
Sem a mão de um irmão
Aprendeu com o vento
Que o sono passou
E acordou sozinho
No solo sem amor
Tava dormindo, acordei
Para acertar o namoro
Me deram o que de beber
Numa caneca de ouro
Não lhe deram nada
Não é seu este chão
Deita olhando o céu
Que o céu não tem dono, não
Como um passarinho
Aprende a voar
Solta o pensamento
Num braço de mar
Voou pra beira do rio
Pousou num poço dourado
Moça com seu namorado
Rico com seu empregado
Aprendeu sozinho
Deitado no chão
A esperar sozinho
Tempo de encontrar irmão
Inda a madrugada
Espera nascer
Não lhe deram nada
Mas não quer morrer
Boa palavra, rapaz
Boa palavra, rapaz
Boa palavra, rapaz
É assim que um homem faz
Sonho de Maria
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Elis – 1966
Tanta roupa pra lavar
Tanto barraco pra arrumar
Tanta coisa pra esperar
Todo o morro a sambar
Tanta gente pra invejar
Nenhum sonho pra sonhar
Maria parou de trabalhar
No ar uma voz chamou
Maria olhou o céu
Maria desejou o céu
A vida é uma canção para se cantar
Mas é tarde pra voltar
Maria deixou a criança chorar
Uma estrela deixou de brilhar
Chorou.
Chorou o céu. Chorou
E a lágrima do céu apagou
Tudo o que maria deixou
E maria pra sempre acabou
27
Tem mais samba
Chico Buarque
Elis – 1966
Tem mais samba no encontro que na espera
Tem mais samba a maldade que a ferida
Tem mais samba no porto que na vela
Tem mais samba o perdão que a despedida
Tem mais samba nas mãos do que nos olhos
Tem mais samba no chão do que na lua
Tem mais samba no homem que trabalha
Tem mais samba no som que vem da rua
Tem mais samba no peito de quem chora
Tem mais samba no pranto de quem vê
Que o bom samba não tem lugar nem hora
O coração de fora samba sem querer
Vem que passa teu sofrer
Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver
Tereza sabe sambar
Francis Hime/Vinícius de Morais
Elis – 1966
Chegou, chegou, sim senhor
Chegou sem anunciar
Fez um alô pro tiô
Fez um olá pra tiá
Depois dançou e dançou
Até o dia raiar
E não contente enturmou
Com as cabrochas de lá
E não contente enturmou
Com as cabrochas de lá
Salve, salve a Dona Tereza
Ela vai pro céu
Ela tem aquela nobreza
Que tinha Izabel
Branquinha igual assim não pode existir
Balanço igual eu juro que nunca vi
No carnaval nós vamos nos divertir
A turma tá que tá que não cabe em si
Porque Tereza enturmou
Depois foi-se embora Tereza
Foi como um luar
Foi deixando tanta tristeza
Na turma de lá
A gafieira já fez “subiscrição”
Pra passar cera e dar uma caiação
A turma tá que tá que não sai de lá
Tereza um dia pode querer voltar
Porque Tereza enturmou
Porque Tereza enturmou
Voltou, voltou sim senhor
Voltou sem anunciar
Fez um alô pro tiô
Fez um olá pra tiá
Tereza é branca na cor
Mas isso diexa pra lá
Porque Tereza enturmou
Porque ela sabe sambar
Tereza sabe sambar
Tereza sabe sambar
Carinhoso
Pixinguinha/João de Barro
Elis – 1966
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem!.. vem!... vem!.... vem!...
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz
Canção do sal
Milton Nascimento
Elis – 1966
Compacto simples – 1968
Trabalhando o sal
É amor, o suor que me sai
Vou viver cantando
O dia tão quente que faz
Homem ver criança
Buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiro
Pra vida de gente levar
Água vira sal lá na salina
Quem diminuiu água do mar?
Água enfrenta o sol lá na salina
Sol que vai queimando até queimar
Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola
Problema maior é o de estudar
Que pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar
28
Canção de não cantar
Sérgio Bittencourt
Festival dos festivais – 1966
Guardo o meu violão.
Já nos faltam canções.
São muitas as razões,
que temos pra cantar,
mas hoje, amor, melhor
é não cantar,
enquanto houver em nós
vontade de fugir de um canto
que na voz não vai saber mentir.
Meu canto para ser um canto certo,
vai ter que nascer liberto
e morar no assobio
do ocupado e do vadio
do alegre e do mais triste
só há canto quando existe
muito tempo e muito espaço
pra canção ficar se eu passo
e dizer o que eu não disse.
Ah que bom se eu ouvisse
o meu canto por ai.
Por isso o violão
prefere emudecer.
E vem pedir perdão
por não poder cantar
que hoje, amor, melhor
é não cantar.
Cantador
Dory Caymmi/Nelson Motta
Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967
Amanhece, preciso ir
Meu caminho é sem volta e sem ninguém
Eu vou pra onde a estrada levar
Cantador, só sei cantar
Ah! eu canto a dor
Canto a vida e a morte
Canto o amor
Cantador não escolhe o seu cantar
Canta o mundo que vê
E pro mundo que vi meu canto é dor
Mas é forte pra espantar a morte
Prá todos ouvirem minha voz
Mesmo longe
De que servem meu canto e eu
Se em meu peito há um amor que não morreu
Ah! se eu soubesse ao menos chorar
Cantador, só sei cantar
Ah! Eu canto a dor
De uma vida perdida sem amor
Imagem
Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli
Dois na Bossa 3 – 1967
Bom
Ai, que bom é ver vocês
E cada vez que eu volto
É para dizer
Que sem ter vocês
Sem ver vocês
Não sou ninguém
Canta
Que a vida passa
E, se ela passa
Melhor cantar
É de vocês
O meu cantar
É só pra vocês
Nosso cantar
Enquanto a nossa meta não for atingida,
continuamos gritando o nosso canto.
Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos.
Faz escuro, mas nós cantamos.
O amanhã está breve.
Vamos cantar, logo logo, o que é nosso.
Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso.
MANGUEIRA
(Assis Valente/Zequinha Reis)
Nao há, nem pode haver
Como Magueira não há
O samba vem de lá, alegria também
Morena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!
(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, fala
Mostra a força da tua tradição
Com licença da Portela,
Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACÃO À MANGUEIRA
(Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô
O morro com seus barracões de zinco
Quando amanhece, que esplendor!
Todo mundo te conhece ao longe
Pelo som do teu tamborim
E o rufar do teu tambor
Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
MUNDO DE ZINCO
(Nássara/Wilson Batista)
Aquele mundo de Zinco que é Mangueira
Desperta com o apito do trem
Uma cabrocha e uma esteira
Um barracão de madeira
Qualquer malandro em Mangueira tem
Mangueira fica pertinho do céu, Elis
Mangueira vai assistir o meu fim
E deixa o nome na história
O samba foi minha glória
Eu sei que muitas cabrochas
Vão chorar por mim
LEVANTA MANGUEIRA
(Luiz Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
Ai, mostra a sandália de prata da mulata
Acorda a cuíca e o tamborim
Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
Levanta Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
DESPEDIDA DA MANGUEIRA
(Aldo Cabral/Bendito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedida
Todo mundo chorou, todo mundo chorou
Foi pra mim a maior emoção da minha vida
pois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
29
Pout-pourri
de Mangueira
Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Cruz de cinza, cruz de sal
Walter Santos/Teresa Souza
Dois na Bossa 3 – 1967
Compacto simples – 1968
Santa Clara clareai,
São Domingo alumiai
Vai chuva, vem sol
Vai chuva, vem sol
Sol, vem sol, vem sol, vem sol
Que o menino quer
Brincar, brincar
Tanto que chamou
Vem sol, vem sol
Tudo que já fez
Cruz de cinza, cruz de sal,
Casca de ovo no quintal
Tudo que chamou
Vem sol, vem sol
Santa Clara clareai
Vem sol, vem sol
E a trizteza do menino
São Domingo alumiai
Vem sol, vem com tanto azul no céu
Pra criança se perder de tanto rir
Pro menino se alegrar e o céu cair
Nessa rua onde o brinquedo é só você.
Sol, vem sol, vem sol, vem sol
Que o menino quer
Brincar, brincar
Tanto que chamou
Vem sol, vem sol
Tudo que já fez
Cruz de cinza, cruz de sal,
Casca de ovo no quintal
Manifesto
Guto/Mariozinho Rocha
Dois na Bossa 3 – 1967
A minha música não traz mensagem
E não faz chantagem ou guerra fria
E nem fala em ideologia
Eu vim apenas para lhes falar
De uma grande perda
Que nem sei se é da direita ou da esquerda
Que me importa se a censura corta
Pois eu gosto dela se é vermelha
Ou se é verde e amarela
Oh, camarada, companheiro, amigo
Ela foi embora
E o pior que foi contigo
Para mim foi um grande golpe
Não sei se de estado ou armado
Ou talvez de coração
Só sei dizer que a dor foi muito grande
E minha vida inteira transformou-se
Numa enorme agitação
Já que assim termina meu mandato
Pois eu fui cassado e deportado
Pra bem longe de você
Oh, minha amada, quero lhe dizer
Que sem o teu amor
Eu posso até morrer
MINHA NAMORADA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Meu amor eu hoje estou contente
Todo mundo, de repente,
Ficou lindo, ficou lindo de morrer
Hoje eu estou rindo
Nem eu mesma sei do quê
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Que diz assim:
Se você quer ser minha namorada
Oh, que linda namorada,
Você poderia ser!
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
De ninguém mais pode ser
EU SEI QUE VOU TE AMAR
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
Eu sei que vou te amar
Por toda minha vida vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
MINHA NAMORADA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Mas se em vez de minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada mais amada pra valer
Aquela amada
Pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a quel se quer morrer.
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você
A VOLTA
(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)
Mas quero que você me fale
Que você me cale
Caso eu perguntar
Se o que a faz tão linda
Foi tua pressa de voltar
Levanta e vem correndo
Me abraça e sem sofrer
Me beija longamente
O quanto a solidão precisa para morrer?
MINHA NAMORADA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Os seus olhos têm que ser
só dos meus olhos
Os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
PRIMAVERA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Amor, eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah, quem me dera eu pudesse ser
A tua primavera
E depois morrer
Marcha de
quarta-feira de cinzas
Carlos Lyra/Vinícius de Morais
Dois na Bossa 3 – 1967
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
Pout-pourri romântico
Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
30
Yê-melê
Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas
Compacto simples – 1968
Yê-melê ari ará
Yê-melê ará
Ye-melê ari ará
Canto de Yemanjá
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
A rainha mãe do mar
Traz o seu amor
Sua benção vem me dar
E eu dou uma flor
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
Algum dia vai chegar
Que eu vou ouvir
Esse canto de Yemanjá
Vai do mar sair
Zauê zaua
Melê Mela
Indê olá
Onda do mar
Lapinha
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Compacto simples – 1968
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Vai, meu lamento vai contar
Toda tristeza de viver
Ai, a verdade sempre trai
E às vezes traz um mal a mais
Ai, só me fez dilacerar
Ver tanta gente se entregar
Mas não me conformei
Indo contra lei
Sei que não me arrependi
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Sai, minha mágoa
Sai de mim
Há tanto coração ruim
Ai, é tão desesperador
O amor perder do desamor
Ah, tanto erro eu vi, lutei
E como perdedor gritei
Que eu sou um homem só
Sem saber mudar
Nunca mais vou lastimar
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zum
Cordão de ouro
Eu vou partir porque mataram meu besouro
Samba da
benção (Samba saravah)
Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh
Compacto simples – 1968
Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche
J'aime rire chanter et je n'empêche
Pas les gens qui sont bien d'être joyeux
Pourtant s'il est une samba sans tristesse
C'est un vin qui donne pas l'ivresse
Un vin qui ne donne pas l'ivresse
Non ce n'est pas la samba que je veux
J'en connais que la chanson incommode
D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode
D'autres qui en profitent sans l'aimer
Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde
En cherchant ses racines vagabondes
C'est la chanson de samba qu'il faut chanter
On m'a dit qu'elle venait de Bahia
Qu'elle doit son rythme et sa poésie
À des siècles de danses et de douleur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
Elle est blanche de forme et de rimes
Blanche de forme et de rimes
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Samba do perdão
Baden Powell/Paulo César Pinheiro
Elis especial – 1968
Mais uma vez amor
A dor chegou sem me dizer
Agora que existe a paixão
A hora não é de sofrer
Mas quem quer pedir perdão
Não deixa a tristeza saber
E no entando a tua falta
Vem vazar meu coração
Mas a vida ensina a crer e a perdoar
Quando um amor valer
E o nosso é tão grande que já nem sei
Tenha pena das penas que eu penei
Não despreze mais meu padecer
Afasta a melancolia e a solidão
Já não cabem mais no meu violão
Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer
Soluço eterno, pedir do coração
Só quem morre de amor pede perdão
31
Tributo ao Tom Jobim
Tom Jobim
Elis especial – 1968
VOU TE CONTAR (WAVE)
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
OUTRA VEZ
Outra vez sem você
Outra vez sem amor
Outra vez vou sofrer
Vou chorar
Até você voltar
VOU TE CONTAR (WAVE)
A primeira vez era a cidade
Da segunda, o cais e a eternidade
FOTOGRAFIA
Eu, você, nós dois
Aqui nesse terraço a beira-mar
O sol já vai caindo a o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem de ir embora
A tarde cai em cores
Se desfaz
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz…
VOU TE CONTAR (WAVE)
So close your eyes…
Laralara…
…fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
Sozinho…
Sozinho…
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
When I saw your first the time was half past three
When your eyes met mine it was eternity
Agora sei
Da onda que seguiu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
De onde vens
Dory Caymmi/Nelson Motta
Elis especial – 1968
Ah, quanta dor vejo em teus olhos
Tanto pranto em teu sorriso
Tão vazias as tuas mãos
De onde vens assim cansada
De que dor, de qual distância
De que terras,de que mar
Só quem partiu pode voltar
E eu voltei prá te contar
Dos caminhos onde andei
Fiz do riso amargo pranto
No olhar sempre teus olhos
No peito aberto uma canção
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
Saberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passa
É porque o amor valeu
Bom tempo
Chico Buarque
Elis especial – 1968
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Q u e v e m a í b o m t e m p o
O pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Q u e v e m a í b o m t e m p o
D o u d u ro t o d a a s e m a n a
S e n ã o p e r g u n t e à J o a n a
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
N a t u r a l m e n t e , m e v i n g o
Eu vou me espalhar por aí
N o c o m p a s s o d o s a m b a
E u d i s f a r ç o o
c a n s a ç o
J o a n a d e b a i x o
d o b r a ç o
C a r r e g a d i n h a d e a m o r
V o u q u e v o u
Pela estrada que dá numa
p r a i a d o u r a d a
Q u e d á n u m t a l d e
f a z e r n a d a
Como a natureza mandou
V o u
Satisfeito, alegria batendo
n o p e i t o
O r a d i n h o c o n t a n d o
d i r e i t o
A vitória do meu tricolor
V o u q u e v o u
L á n o a l t o
O s o l q u e n t e m e l e v a
n u m s a l t o
P r o l a d o c o n t r á r i o
d o a s f a l t o
Pro lado contrário da dor
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Q u e v e m a í b o m t e m p o
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Q u e v e m a í b o m t e m p o
A n d o c a n s a d o d a l i d a
P r e o c u p a d a , c o r r i d a ,
s u r r a d a , b a t i d a
d o s d i a s m e u s
M a s u m a v e z n a v i d a
E u v o u v i v e r a v i d a
q u e e u p e d i a D e u s
Da cor do pecado
Bororó
Elis especial – 1968
Esse corpo moreno,
Cheiroso e gostoso
Que você tem
É um corpo delgado,
Da cor do pecado,
Que faz tão bem
Esse beijo molhado,
Escandalizado,
Que você deu
Tem sabor diferente,
Que a boca da gente
Jamais esqueceu
E quando você me responde
Umas coisas com graça,
A vergonha se esconde
Porque se revela
A maldade da raça.
Esse corpo, de fato,
Tem cheiro de mato,
Saudade, tristeza,
Essa simples beleza.
Esse corpo moreno,
Morena enlouquece.
Eu não sei bem porque
Só sinto na vida
O que vem de você
32
Corrida de jangada
Edu Lobo/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Meu mestre deu a partida
é hora, vamos embora
Pros rumos do litoral, vamos embora
Na volta eu venho ligeiro, vamos embora
Eu venho primeiro pra tomar seu coração
É hora,
É hora, vamos embora
É hora, vamos embora, é hora vamos embora
Vamos embora, ora vamos embora
É hora, vamos embora, é hora
vamos embora
Viração, virando vai
Olha o vento, a embarcação
Minha jangada não é navio, não
Não é vapor nem avião
Mas carrega tanto amor
Dentro do meu coração
Sou seu mestre, meu proeiro
Sou segundo, sou primeiro
Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar
Mestre, proeiro, segundo, primeiro
Reta de chegar, reta de chegar
Meu barco é procissão
minha terra é minha igreja
Noiva é meu rosário
No seu corpo vou rezar
Minha noiva é meu rosário
No seu corpo vou rezar
Ora,
Ora vamos embora
Vamos embora,vamos embora
Vamos embora,vamos embora
É hora, vamos embora, é hora vamos embora
Nego, vamos embora
Velho, vamos embora, nego, vamos embora
Vamos, vamos embora, ora, vamos embora
É hora, vamos embora,é hora
vamos embora
Carta ao mar
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis especial – 1968
Me multiplicando em sol
Tento uma canção pra você
Trago flores, girassóis
Não me importa mal me querer
O que vai de mim, vem
De um desejo imenso de ser outra vez
Um barco, um azul
Outra vez, de tarde, morrer
Céu sem naves espaciais
Flores, só naturais
Só nós dois e as coisas banais
Mas não, pra quê
Pra que mundo, segue o mundo
Sem o mar, sem amar
De que vale o som sideral
Ou a rima mais genial
Se o amor está aqui neste sal
Neste encontro franco e frontal
Nesse barco longe do mundo
Toda a nossa vida e um segundo
Pra dizer do amar que voltei
Que sou do mar
Sou do mar
Do mar
Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida
Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Tributo à Mangueira
Elis especial – 1968
MANGUEIRA
(Assis Valente/Zequinha Reis)
Nao há, nem pode haver
Como Magueira não há
O samba vem de lá, alegria também
Morena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!
(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, fala
Mostra a força da tua tradição
Com licença da Portela,
Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACAO À MANGUEIRA
(Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô
O morro com seus barracões de zinco
Quando amanhece, que esplendor!
Todo mundo te conhece ao longe
Pelo som do teu tamborim
E o rufar do teu tambor
Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
LEVANTA MANGUEIRA
(Luis Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
Ai, mostra a sandália de prata da mulata
Acorda a cuíca e o tamborim
Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
Levanta Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
DESPEDIDA DA MANGUEIRA
(Aldo Cabral/Benedito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedida
Todo mundo chorou, todo mundo chorou
Foi pra mim a maior emoção da minha vida
pois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
33
Gilberto Gil/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968
Vira
mundo
Qui êtes-vous?
Si tu m'aimes, tu dois deviner
Aujourd'hui tous les deux on se cache
Derrière nos masques
Pour se demander
Qui êtes-vous? Dites vite
Dis-moi à quel jeux tu m'invites
Je voudrais me fondre à ta suite
Je voudrais qu'on prenne la fuite
Moi, je vagabonde, poète et chanteur
J'ai perdu la ronde qui mène au bonheur
Moi, je cours les routes
Je reste chez moi
L'amour me déroute
Je n'y croyais pas...
Moi, dans la fanfare je porte un drapeau
Modestie à part, je joue bien du pipeau
Je suis si fragile
J'ai dix ans de trop
Je suis colombine
Je suis pierrot
Mais c'ést Carnaval et qu'importe aujourd'hui qui tu es
Demain tout redeviendra normal
Demain tout va finir, laissons le temps courir
Laisse au jour sa lumière
Aujourd'hui je suis ce que tu attends de moi
Si tu veux laissons faire, on verra
Peut-être que demain on se retrouvera
Peut-être que demain on se reconnaîtra
La, la, la, la...
Noite dos mascarados
(La nuit des masques)
Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh
Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh)
34
Noite dos Mascarados
Chico Buarque
Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque)
Ele: Quem é você?
Ela: Adivinhe, se gosta de mim
Os dois: Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
Ele: Quem é você, diga logo
Ela: Que eu quero saber o seu jogo
Ele: Que eu quero morrer no seu bloco
Ela: Que eu quero me arder no seu fogo
Ele: Eu sou seresteiro
Poeta e cantor
Ela: O meu tempo inteiro
Só zombo do amor
Ele: Eu tenho um pandeiro
Ela: Só quero um violão
Ele: Eu nado em dinheiro
Ela:Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte
Não sei mais dançar
Ele: Eu, modéstia à parte
Nasci pra sambar
Ela: Eu sou tão menina
Ele: Meu tempo passou
Ela: Eu sou Colombina
Ele: Eu sou Pierrot
Os dois: Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Deixa
Baden Powell/Vinícius de Morais
Elis Regina em Paris – 1968
Deixa,
Fale quem quiser falar, meu bem.
Deixa,
Deixe o coração falar também,
Porque ele tem razão demais quando se queixa.
Então a gente deixa, deixa, deixa,
Deixa,
Ninguém vive mais do que uma vez.
Deixa,
Diz que sim prá não dizer talvez.
Deixa,
A paixão também existe.
Deixa,
Não me deixe ficar triste.
A noite do meu bem
(La nuit de mon amour)
Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh
Elis Regina em Paris – 1968
Ce soir
Je veux trouver la rose la plus belle
Et la première étoile qui m'appelle
Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir
Je veux la paix des enfants qui s'endorment
Je veux l'écho d'une vie qui se forme
Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir
Je veux la joie d'un voilier qui s'élance
Et l'abandon d'une main qui s'avance
Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir
Je voudrais toute la beauté du monde
Pour que ce soit la nuit la plus profonde
Puisqu'elle sera la nuit de mon amour
Pourtant
Ces joies soudain me semblent incertaines
Je ne peux croire qu'elle serait vaine
Cette espérance qui me vient de toi
Ah...
Mais cet amour tant me tarde à venir
Que je ne sais plus comment retenir
Cette tendresse
Que je veux offrir...
Tristeza
Haroldo Lobo/Niltinho
Elis Regina em Paris – 1968
Tristeza,
Por favor vai embora,
Minha alma que chora,
Está vendo o meu fim,
Fez do meu coração a sua moradia,
Já é demais o meu penar,
Quero voltar àquela vida de alegria,
Quero de novo cantar.
La, ra, ra, ra,
La, ra, ra, ra, ra, ra,
La, ra, ra, ra, ra, ra,
Quero de novo cantar.
Aquarela do Brasil /
Nega do cabelo duro
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Saudade do Brasil – 1980
AQUARELA DO BRASIL
(Ary Barroso)
Ô, ôi essas fontes murmurantes
Ôi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincá
Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Prá mim... prá mim...
NÊGA DO CABELO DURO
(Rubens Soares/David Nasser)
Nêga do cabelo duro,
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Quando tu entras na roda,
O teu cabelo serpenteia,
O teu cabelo está na moda,
Qual é o pente que te penteia ?
Um novo rumo
Artur Verocal/Geraldo Flach
I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968)
Vou caminhando sem caminho
Em cada passo vou levando meu cansaço
O que me espera?
Uma terra, um desencontro
A cidade, a claridade
E essa estrada não tem volta
Lá se solta o fim do mundo
Um fim incerto que me assusta
Longe ou perto, se prepara
Ninguém para para pensar
Para olhar a dor que chora a morte
De um valente lutador
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrir
Um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou para luta
Não paro não
Vou para luta, agora eu vou
Não paro não
Tem tanta gente que se vai
A imensidão do seu querer
Querendo vida sem a morte
Ser mais forte sem sofrer
E ter certeza sem buscar
Ganhar o amigo sem se dar
Sem semear, colher o amor
O amor ferido pela guerra
Quem na terra desconhece
Aparece sem valor
Ergo meu braço qual alguém
Que já caiu mas levantou
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrir
Um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou para luta
Não paro não
Vou para luta, agora eu vou
Não paro não
35
O sonho
Egberto Gismonti
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Sinto que é hora
Salto
Meu foguete some queimando espaço
Tudo vejo e abraço
A vaidade
Estou morando em pleno céu
Namorando o azul
Ando no espaço louco
Meu foguete segue deixando traços
Entre estrelas vejo a liberdade
E fotografo todo o céu
E revelo paz
Busco cores e imagens
Faltam pássaros e flores
Coração na mão
Corpo solto
Estou entre estrelas
Vou deitar neste luar
Indo de encontro ao riso
Do quarto minguante
E o sol queimando
A pele branca
Despertando
Vejo a cama e meu amor
Acordado estou
Choro…
Choro…
Choro…
Vera Cruz
Milton Nascimento/Márcio Borges
Elis, como e porque – 1969
Hoje foi que a perdi
Mas onde, já nem sei
Me levo para o mar
Em Vera me larguei
E deito nesta dor
Meu corpo, sem lugar
Ah! quisera esquecer
A moça que se foi
De nossa Vera Cruz
E o pranto que ficou
Do norte que sonhei
Das coisas do lugar
Nos rios me larguei
Correndo sem parar
Buscava Vera Cruz
Nos campos e no mar
Mas ela se soltou
Pra longe se perdeu
Quero em outra mansidão
Um dia ancorar
E ao vento me esquecer
Que ao vento me amarrei
E nele vou partir
Atrás de Vera Cruz
Ah! quisera encontrar
A moça que se foi
Do lar de Vera Cruz
E o pranto que ficou
Do norte que perdi
Das coisas do lugar
Giro
Antonio Adolfo/Tibério Gaspar
Elis, como e porque – 1969
Elis Regina in London – 1969
Hoje a cidade inteira se enfeitou
Coberta de alegria, a noite serenou
A casa branca, praça e chafariz
Da rua principal à porta da matriz
Tem lua acesa clareando o chão
Tem moça pra dançar de saia de algodão
Tem violeiro violando o amor
Cantando em verso a paz, desponta um cantador
De ponta a ponta
Bandas e cordões
E a lua tonta
Gira os corações
No giro, dança
Quem quer se alegrar
Velho ou criança
Vem que tem lugar
Sobe o foguete acarinhando o céu
E a rua floresceu bandeiras de papel
A vida em festa num giro girou
Tristeza adormeceu e a noite serenou
O barquinho
Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis, como e porque – 1969
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Dia de luz festa de sol
E o barquinho a navegar
No macio azul do mar
Tudo é verão o amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção nossa canção
Vai saindo deste mar e o sol
Beija o barco e luz, dias tão azuis
Festa do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai, a tardinha cai
O barquinho vai
Andança
Danilo Caymmi/Edmundo Souto
Elis, como e porque – 1969
Vim.Tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim
Vestida de cetim
Na mão direita rosas vou levar
Me dá amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par
Rodei de roda andei
Dança da moda eu sei
Cansei de se sozinha
Verso encantado usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho onde andei
Me dá amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par
Récit de Cassard
Michel Legrand/Jacques Deny
Elis, como e porque – 1969
Autrefois, j'ai aimé une femme
Elle ne m'aimait pas,
on l'appellait Lola
Autrefois.
Déçu, j'ai voulu l'oublier
Alors j'ai quitté la France,
je suis allé au bout du monde
je ne pense qu'à elle
j'ai voulu vous parler franchement
vous ne m'en voulez pas
il n'est pas question
d'influencer Genevieve,
Genevieve est libre
36
Memórias de Marta Saré
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis, como e porque – 1969
A casa lá da fazenda
A lua clareando a porta
Deixando o brilho claro
Nas pedras dos degraus
Cristal de lua
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro
O rosário obrigatório
A janta lá na cozinha
Todo dia à mesma hora
As estórias de Dorinha
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro
A lanterna azul partida
A dor, a palmatória, a raiva
A cantiga mais sentida
Um galope de cavalo
Mestre severino
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro
Bate forte o coração
Dor no peito magoado
O sorriso mais sem jeito
Do primeiro namorado
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro Marta Saré
Pra dentro, pra dentro
Moço Severino
Por do sol
Pra dentro Marta Saré
Samba da Pergunta
Pingarrilho/Marcos Vasconcelos
Elis, como e porque – 1969
Ela agora mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no ceu viaja
Pode ser um astronauta
Um passarinho
Pé de vento
Pipa de papel de seda
Quem sabe um balãozinho
Ou estar num asteróide
Na estrela Dalva que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu
Wave
Tom Jobim
Aquarela do Brasil – 1969
Saudade do Brasil – 1980
Vou te contar,
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar,
É tudo que eu nem sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
A volta
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Quero ouvir a sua voz
E quero que a canção seja você
E quero, em cada vez que espero
Desesperar, se não te vir
É triste a solidão
É longe o não te achar
Que lindo é o seu perdão
Que festa é o seu voltar
Mas quero que você me fale
Que você me cale
Caso eu perguntar
Se o que a faz tão linda
Foi sua pressa de voltar
Levanta e vem correndo
Me abraça e sem sofrer
Me beija longamente
O quanto a solidão precisa para morrer
A time for love
Webster/John Mandel
Elis Regina in London – 1969
A time for summer skies
For humming-birds and butterflies
For tender words that harmonize with love
A time for climbing hills
For leaning out of window sills
Admiring the daffodils above.
A time for holding hands together
A time for rainbow colored weather
A time of make believe that we've been draming of
As time goes drifting by
The willow bends and so do I
But oh, my friends, what ever sky above
I've known a time for spring, a time for fall
But best of all
A time for love
37
Minha
Francis Hime/Ruy Guerra
Elis no Teatro de Praia – 1970
Minha
Vai ser minha
Desde a hora
Que nasceste
Minha
Não te encontro
Só sei que estas perto
E tão longe
No silêncio
Noutro amor
Ou numa estrada
Que não deixa
Seres minha
Como sejas
Onde estejas
Vou te achar
Vou me entregar
Vou te amar
E é tanto, tanto amor
Que até pode assustar
Não temas essa imensa sede
Que ao teu corpo vou levar
Minha és e sou só teu
Sai de onde estás pra eu te ver
Pois tudo tem que acontecer
Tem de ser
Tem de ser
Vem para sempre
Para sempre
Irene
Caetano Veloso
Elis no Teatro de Praia – 1970
Eu quero ir, minha gente
Eu não sou daqui
Eu não tenho nada
Quero ver irene rir
Quero ver irene dar sua risada
Se você pensa
Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Elis Regina in London – 1969
Elis no Teatro de Praia – 1970
Se você pensa que vai fazer de mim
O que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar
Você tem a vida inteira pra viver
E saber o que é bom e o que é ruim
Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim
Daqui pra frente, tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
O teu orgulho não vale nada
Você não sabe
Nem nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
O bom é ser feliz e mais nada
W a t c h
w h a t
h a p p e n s
Norman Gimbel/Michel Legrand
Elis Regina in London – 1969
Let someone start believing in you,
Let him hold out his hand
Let him touch you and watch what happens
One someone who can look in your eyes,
And see into your heart
Let him find you and watch what happens
Cold, no I won't believe your heart is cold
Maybe just afraid to be broken again
Let someone with a deep love to give
Give that deep love to you,
And what magic you'll see
Let someone give his heart, someone who cares like me
Let someone give his heart who cares like me
H o w i n s e n s i t i v e
(Insensatez)
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel
Elis Regina in London – 1969
How insensitive
I must have seemed
When he told me that he loved me
How unmoved and cold
I must have seemed
When he told me so sincerely
Why he must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say?
What can you say
When a love affair is over?
Why he must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to do?
What can one do
When a love affair is over?
So now he's gone away
And I'm alone
With a memory of her last look
Vague and drawn and sad
I see it still
All the heartbreak in his last look
How he must have asked,
Could I just turn and stare in icy silence
What was I to do?
What can one do
When a love affair is over?
Perdão não tem
Edson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Não
Não vá embora não
Porque a saudade
Vai ficar em seu lugar
Não me faça sofrer
A sua ausência
Tenha paciiencia
Não vá embora
Não me deixes não
Quando você chegou
Foi recebida de braços abertos
Jurava me dar amor
Ser boazinha
E não falar em ir embora
Agora depois de tanto tempo
Quer partir sem dizer qual a razão
Não vá, meu bem
Porque depois, perdão não tem
Vexamão
Edson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Outro dia
Me pegaram de surpresa
Me deram um violão
E fizeram eu cantar
Eu todo desajeitado
Cantando tudo errado
Sem saber como parar
Foi um tremendo de um vexame
Mas o engraçado
É que eu cantava errado
E os “puxa” achava bom
Estava o rádio
Jornal e a televisão
E eu todo sem graça
Só fazia láralá
38
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  • 2. Pesquisa, organização e diagramação: Vladimir Araújo Projeto gráfico: Juliana Mesquita e Juliana Palezi
  • 4. Dá sorte Eleu Salvador Viva a Brotolândia – 1961 Dá sorte fazer o que eu digo Dá sorte querer seu amor Dá sorte cantar comigo Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Creio no supremo poder Gosto de quem gosta de mim Serei tudo que quero ser Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem Sonhando (Dream) B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes Viva a Brotolândia – 1961 Sonho Eu sempre sonho Que o amor irei buscar Sigo Uma alameda E alquém é o meu par Alguém que eu venero Que tanto quero Não sei quem é Sonho E no meu sonho Sigo com um certo alguém Murmúrio Djalma Ferreira/Luiz Antônio Viva a Brotolândia – 1961 Vai nesta canção Meu último adeus Coração sonha em vão Com os beijos seus Foi esta canção Que eu murmurei Tu também longe amei Murmuraste eu sei. Há neste murmúrio huma saudade A vontade louca de voltar Ser como era antes mesmo por instantes E depois morrer para não chorar Tu serás Ângela Martignoni/Othon Russo Viva a Brotolândia – 1961 Tu serás a vida e o meu destino Tu serás angústia e tormento Tu serás a chama que ilumina O eterno fogo de minha alma E na noite escura, minha estrela Tu serás… tu serás Estrela que mostra o meu caminho Tu serás… somente tu. Vivo para amar-te e adorar-te Pois és a razão dos meus desejos E se em ti não penso a todo instante Não posso acalmar o meu tormento Samba feito para mim Paulo Tito Viva a Brotolândia – 1961 Pedi pra fazerem um samba para mim. Pra desabafar meu coração. Tenho tanta coisa pra dizer de mim. Como eu gostaria de falar numa canção. Sei que o mundo é mau, jamais vai entender, Que este samba vive de hum sofrer O tema é meu. Nasceu assim. Era preciso fazerem um samba pra mim. Amei alguém. Fui só de alguém. O mundo não procurou compreender. Então pedi para fazerem um samba assim. E este samba foi feito todinho pra mim. Fala-me de amor (Take me in your arms) Markus/Rotter/Vs. Max Gold Viva a Brotolândia – 1961 Fala-me de amor, Mesmo que seja pra mentir Fala-me de amor, Se vais partir. Um beijo louco Para lembrar o que passou Dura tão pouco Mesmo que seja o fim Aperta-me assim E nos braços teus Toda magia viverei Beija-me assim Depois adeus! Eu queria sentir teu beijo Com carinho e emocão E guardar este amor tão puro No fundo do coração 2
  • 5. Baby face Davis/Asket/Vs. Fred Jorge Viva a Brotolândia – 1961 Baby face Esse rostinho lindo Baby face Parece ingênuo Não é isso não Baby face Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando Baby face Esse seu modo estranho de olhar pra mim Me faz acreditar Que você sabe amar Mentindo Baby Face. Dor de Covelo João Roberto Kelly Viva a Brotolândia – 1961 Beber pra esquecer é teimosia Hoje muito whisky, muita alegria, Amanhã ressaca, saco de gelo O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo A dor pra curar não tem receita É corcunda que se deita Sem achar a posição E sentir saudade não faz mal Não é no fundo do copo Que você vai encontrar sua moral Beber pra esquecer... Garoto último tipo (Puppy Love) Paul Anka/Vs. Fred Jorge Viva a Brotolândia – 1961 Hoje eu vi um tal brotinho Que o meu coração Foi logo conquistando E eu nem disse não Garoto último tipo Broto sensação Não sei porque Dei meu coração Saiu pra rua Trânsito parou E pra mim o olhar mandou Que garotinho Mas que tipão E roubou meu coração As coisas que eu gosto (My favorite things) Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César Viva a Brotolândia – 1961 As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer São coisas bonitas que vêm de você É o céu de um sorriso embriagador E esses seus olhos lembrando o amor Nem sei como pode você ser assim E ter tudo, tudo que é bom para mim Nem de encomenda eu ia achar Outro igual a você para amar Os seus olhos Seu sorriso Que bonitos são Você não existe Na certa sonhei Quando inventei você Mesmo de mentira Carlos Imperial Viva a Brotolândia – 1961 Diz mesmo de mentira Que eu sou tudo pra você Diz mesmo de mentira Que ao seu lado eu vou viver Diz. Prefiro a mentira Pois a verdade é ruim Diz mesmo de mentira Diz que você gosta de mim Quero viver na ilusão Pois afinal não machuca o coração Se a verdade me faz mal Eu não vou fazer da minha vida um carnaval Mente É melhor assim Diz que você gosta de mim Amor, amor (Love, love) Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial Viva a Brotolândia – 1961 Amor, amor Quero um amor que não tenha fim Amor, amor Quero um amor pra mim Amor, amor Quero um amor que me queira bem Amor, amor Eu reciso amar alguém Vivo a sonhar Que estou a beijar O meu grande amor Sempre a esperar Quem me queira amar O meu peito agora diz Eu preciso de um amor Só assim serei feliz 3
  • 6. 4 Poema Fernando Dias Poema de Amor – 1962 Poema É a noite cheia de amargura Poema É a luz que brilha lá no céu Poema É ter saudade de alguém Que a gente quer e que não vem Poema É o cantar de um passarinho Que vive ao leú, perdeu seu ninho É a esperança de o encontrar Poema É a solidão da madrugada Um ébrio triste na calçada Querendo a lua namorar
  • 7. Pororó-Popó João Roberto Kelly Poema de Amor – 1962 Bate bate bate constante Pororó-popó Dançando na festa, beijinho na testa e só Seu telefone eu anotei Cupido me laçou E apertou o nó Poró-poroporó Todo dia eu discava Poró-poroporó Discava escondida da mamãe e da vovó Tudo começou de brincadeira E eu fiquei brincando a vida inteira Dá-me um beijo (Kiss me, Kiss me) Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes Poema de Amor – 1962 Dá-me um beijo Um só Um só Mata meu desejo De mim Tem dó Pois num beijo só você poderá sentir O que sinto é desejo sim de mim Dá-me dá-me um beijo Mais um Só um E vamos depois Os dois Os dois Pela vida nos deixando com ardor Para sempre Sempre Amor Nos teus lábios Haroldo Eiras/Ataliba Santos Poema de Amor – 1962 Nos teus olhos Vejo a luz com que sempre sonhei Nos teus lábios Sinto os beijos que as vezes roubei Vem de novo A saudade em meu peito apertar E por isso eu canto Nos teus olhos As estrelas refletem o brilhar Dos teus lábios Beijos mil me fazem lembrar Desde então Não sonho e nem vivo Porque, amor, só posso encontrar Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar. Sim os teus olhos quero olhar Vou comprar um coração Paulo Tito/Romeu Nunes Poema de Amor – 1962 Vou comprar um coração Para trocar por este meu Porque sem ilusão não sei viver E este meu coração cansou de amar Com um novo coração Vou repetir os erros meus Fazer oque já fiz Amar em vão Ser infeliz mais uma vez. Meu pequeno mundo de ilusão (My little corner of the world) Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires Poema de Amor – 1962 Ó vem meu doce bem Ao meu pequeno mundo de ilusão São teus os sonhos meus No meu pequeno mundo de ilusão Só tu então Serás a inspiração E neste mundo Terás meu coração E se, meu doce bem, Vieres aplacar esta paixão Serão somente teus O meu pequeno mundo e a ilusão Eu sempre quis Contigo, coração, Viver feliz Em meu mundo de ilusão 5 Saudade é recordar Renan França/Verinha Falcão Poema de Amor – 1962 De que vale o que tenho Só tristezas pra contar E tristeza é ter saudade Saudade é recordar Tu cruzaste o meu caminho Quando eu era a própria dor Hoje deixo o teu carinho Por amor ao teu amor
  • 8. Las secretárias Pepe Luis/Vs. Martha Almeida Poema de Amor – 1962 Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha Para estenodatilografar Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha Cha Cha Cha Como é bom bailar Necessito secretário competente Com experiência e boa apresentação Solicito homem jovem e bonito E com carta de recomendação Que domine o idioma Italiano O Francês e o Inglês com perfeição Nao me importa seja loiro ou moreno Mas que tenha bem alegre o coração Quando formos de manhã para o trabalho E a tarde na hora de regressar Que beleza eu e o meu secretário Caminhando e cantando o cha cha cha Pizzicati Pizzicato Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge Poema de Amor – 1962 Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati Quase desandou e quase parou O pobre coração que só palpita por ti E sempre te adorou Em doce pizzicato o coração pulsou E alegre saltou E alegre cantou E como um violino doido a suspirar Sonhou… sonhou… sonhou… Plum plum plum Que delicioso Plum plum plum Maravilhoso Minha cancão de amor nasceu no meu coração Só para ti Minha paixão Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção O meu amor sem fim A canção que eu canto É por ti meu bem É um doce pizzicato Sempre a saltitar Plum plum plum Canção de enganar despedida Walter/Joluz Poema de Amor – 1962 Teu olhar Meu olhar Nosso olhar Tuas mãos Minhas mãos A emoção A noite a se perder nos faz, Meu amor, Outra vez Amar Sonhar É manhã Na manhã do adeus Repousa Teus lábios nos meus Um beijo irá fazer Teu olhar Meu olhar Outra vez Amar Chorar Confissão Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão Poema de Amor – 1962 Vai nesta cancão A confissão De alguém que hoje é feliz, feliz Vai dizer também Que só alguém Que ninguém mais faz infeliz O que passou, passou Sei que não volta mais Eis o consolo eneletivo dos meus ais Pra que lembrança sem esperança? Se um é pouco, dois é bom, três é demais Podes voltar Othon Russo/Nazareno de Brito Poema de Amor – 1962 Deixa passar a incerteza que te afasta de mim Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim Quero guardar esta ilusão Adormecer e contigo sonhar Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer Mas mesmo assim haja o que houver Podes voltar outra vez para mim 6
  • 9. A Virgem de Macareña (La Virgen de la Macareña) B. B. Munterde/Calero/A. Bourget Elis Regina – 1963 À noite quando me deito Eu rezo à Virgem de Macareña Assim sozinho em meu quarto Falo à Virgem Santa todo o meu tormento É de coração que eu peço Que alguém um dia me queira Que me abraçe com ternura E me beije com doçura Ó Virgem Santa Ó Virgem Santa porque sofro tanto Ouvi o que pede Ouvi o que pede a angústia do meu pranto Porque, ó Santa querida, Não encontro na vida alguém para meu amor? Porque, ó Santa querida, Não encontro na vida alguém para meu amor? Alguém que seja ternura E viva comigo os sonhos que sonhei É de coração que eu peço Que alguém um dia me queira Que me abraçe com ternura E me beije com doçura Ouvi o que pede Ouvi o que pede minha alma aflita Minha Virgem Santa Minha Virgem Santa de Macareña Tango italiano Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes Elis Regina – 1963 Um tango italiano O nosso tango Quero um dia dançar E sonhar novamente Um tango italiano Um terno tango Como aquele que viu começar Nosso amor tão distante E nos teus braços Rodando ao compasso do tango a recordar Nosso passado E o amor esquecido veremos retornar Um tango italano E os teus braços O meu corpo de novo estreitar E teus olhos de novo encontrar E no céu de teus olhos buscar A aventura perdida Dengosa Castro Perret Elis Regina – 1963 Eu sou dengosa Gosto de carinho Amor pra mim Tem que ter denguinho Eu sou assim Dengosa para amar Procuro aguém dengoso Para ser meu par Amar com dengo Dá gosto da gente amar Beijar com dengo Dá gosto de se beijar Amor com dengo Torna mais gostoso o carinho Mas para amar com dengo É preciso ter jeitinho Formiguinha triste Joãozinho Elis Regina – 1963 Era uma vez uma triste formiguinha Que vivia tão sozinha tocando seu violão Tão simplezinha era sua morada Mas existia lugar pra mais alguém Mas certo dia, como diz a lenda, Tudo lá no quintal se iluminou Formiguinha encontrou outra Inverno sozinha não passou Tristeza de carnaval Bidú/Mutinho Elis Regina – 1963 O carnaval Sempre faz feliz alguém As vezes traz tristeza E a alegria foge Tudo é quarta-feira Tudo é sempre cinza Pra quem amou foi muito bom Pra quem perdeu chorou demais Depois voltou o carnaval Na fantasia de sol E a esperança de encontrar Um novo amor No carnaval No carnaval No carnaval Outra vez (Again) Cochran/Newman Elis Regina – 1963 Jamais O meu amor tu terás Não te darei novamente A boca ardente, oh, não! Verás Que o sonho que se desfaz Nem deixa rastro na alma E acalma a ilusão de um coração Eu não quero De novo sofrer Tal como eu já sofri Eu não quero de novo viver No amargor em que já vivi O sonho que se desfez Não deixou rastro em minha alma Não sonharei outra vez 7
  • 10. Silêncio Túlio Paiva Elis Regina – 1963 Silêncio! Atenção! O samba já tem outra marcação O pandeiro já não faz o que fazia Violão só é na base da harmonia Silêncio! Atenção! Porque o samba já tem outra marcação A roda do mundo sempre vai girando Vai girando sem parar Tudo nessa vida se renova A bossa velha deu lugar à bossa nova O samba já tem outra marcação E essa é nova marcação 1, 2, 3, balançou Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho Elis Regina – 1963 1, 2, 3, balançou 1, 2, 3, o meu samba quero assim Requebra e vai por mim 1, 2, 3, vai não vai 1, 2, 3, ouve o prato a marcar O nosso balançar Faz um passo todo figurado E segue o rebolado A onda do balanço me enrolou Eu não posso parar Vejo o tempo correr sem me cansar Você pode notar Batam palmas para quem gostou Do meu samba que a ninguem negou De todo coração Sensação enquanto balançou À noite Berstein/Roberto Côrte Real Elis Regina – 1963 À noite, amor Vou ver o meu amor A lua há de brilhar Pra nós dois À noite, amor Vou ver o meu amor E pra nós as estrelas virão E o sol que sabe que eu espero Que só a noite eu quero Compreende e já se vai Ó Deus, fazei Fazei que a noite seja Sem fim pra mim Ressurreicão Marino Pinto/Pernambuco Elis Regina – 1963 Ressurreição, meu amor do passado Tu és a razão do meu porvir Eu sonho em vão por que sonho acordada Quisera saber o que há de vir A chama que se apaga Sempre mata a esperença Minha chama de esperar-te Não se cansa Ressurreição, me levou ao passado E curou de uma vez a minha dor Milagre do amor Flertei Castro Perret Elis Regina – 1963 Agora sim estou certinha com um só Tanto brinquei que Cupido me acertou Eu tive tantos mas a nenhum eu amei E, no entanto, sem querer, gamei Veja você, eu que nunca pensei em amar Eu que flertava apenas para brincar Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão E o flerte transformou-se em gamação Adeus amor Almeida Rêgo/Newton Ramalho Elis Regina – 1963 Adeus amor Eu tenho de partir Eu sei que vou sentir Uma saudade imensa de você Que vai ficar Sozinho como eu A remoer lembranças do passado Meu Deus como é que eu vou ficar Sem ter você pra me abraçar? Sem ter aqueles beijos que são meus? Só meus Adeus amor Eu voltarei, querido, pra recomeçar a nossa vida 8
  • 11. Alô saudade Paulo Aguiar/Umberto Silva O Bem do Amor – 1963 Telefonei para a saudade Dizendo a ela o que sentia Como ela trouxe a solução Meu coração logo esqueceu toda a paixão Acreditei no que me foi prescrito E em tudo o que eu não acreditava Depois do tempo em que levei sofrendo assim Felicidade voltou pra mim Sem teu amor Luiz Mauro O Bem do Amor – 1963 Meu coração não pode mais viver assim Sem teu amor Meu coracão vive chorando triste assim Sem teu amor Tudo acabou Fiquei sozinha Sem teu querer Tudo mudou E, sem carinho, Não sei viver Meu coracão hoje só vive de ansiedade Por você Espero em vão o fim de toda essa saudade De você Vou esperar Ó, meu querido, Volte pr favor Meu coracão Não vai viver toda esta vida Sem teu amor Saudade e carinho Renan Franca/Verinha Maranhão O Bem do Amor – 1963 Saudade e carinho Ai que vontade de amar! Todo amor tem o seu ninho O meu amor, onde andará? Tantos amores eu já tive Quantos amores mais terei? Nenhum, porém, comigo vive Sozinha sempre viverei Mania de gostar Luis Mauro O Bem do Amor – 1963 Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem. Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer. Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim. Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão. Manhã de AMOR Sergio Malta/Joluz O Bem do Amor – 1963 É manhã Vem o sol Vem trazer o calor Que aquece a emoção De um olhar De um aperto de mão Vem a chuva também Vem chorar a alegria Do retorno de alguém De um amor Numa terna ilusão E se faz lá no céu O enlace da chuva e do sol A natureza sorri É tão lindo o matiz do arrebol Já se fez a manhã do amor Já se pôs o arco-iris além Vem a chuva Vem o sol Com eles, meu bem. Se você quiser Baden Powell/Mario Telles O Bem do Amor – 1963 Você quer que eu te conte o que é o amor, Feito para dois amar, Feito de sorriso e flor? Você quer. Mas será que você quer? Caminhar neste luar para eu te mostrar. Vem. Você quer ver na luz do meu olhar, Como eu te quero bem, Como eu te quero amar? Eu não sei. Eu não sei se você quer. Eu posso te dar amor, Se vocie quiser. 9
  • 12. Há uma história triste Othon Russo/Niquinho O Bem do Amor – 1963 Há uma história triste pelo ar História que não tem “era uma vez…” Há uma história triste pra contar História que começa com “talvez” Foi, talvez, amor que acabou Foi, talvez, um sonho que apagou Restos de lembrança e amargura Rugas de saudade e de ternura Domingo em Copacabana Roberto Faissal/Paulo Tito O Bem do Amor – 1963 Copacabana cheia Bom é domingo mesmo Dias de sol vem alegrar o nosso amor Mar azul Onda azul Vem beijar meus amores Copacabana bela Lua de luz acesa Ando calçada cheia sem pensar Ai, rio até sozinha Da beleza do meu Rio Da TV Rio até o Forte Gente que passa sem ter norte Copacabana eu vou sonhar junto de ti Meus olhos Sergio Napp O Bem do Amor – 1963 Meus olhos Saudades que eu trago Do amor de você Meus olhos Silêncios na espera De alguém que não vem Ah, se você entendesse A beleza de amar Que eles trazem em si Ah, se você compreendesse O que escondem meus olhos Voltaria pra mim Retorno Aécio Kauffmann O Bem do Amor – 1963 Meu bem eu agora voltarei Bem sei que estarás a me esperar Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu E só me acompanhou a saudade em seu lugar Agora voltarei novamente aos braços teus E tu sempre estarás eternamente nos braços meus Na estrada desta vida Nunca mais Nunca mais sozinha Longe amor Dos teus carinhos 10
  • 13. É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É como a roda da história Que nunca pode parar Há um turbilhão de anseios Despertando a nossa voz Há um mundo de esperança Esperando, Esperado por nós E a gente vai seguindo Olhando só pra frente Sem se voltar pra trás Procurando nosso mundo Mundo de paz Túlio Paiva O Bem do Amor – 1963 Mundo de paz O bem do amor Rildo Hora/Clóvis Mello O Bem do Amor – 1963 Se você pensava Bem no amor achar O bem no amor encontrará E quando você quiser Vá buscar ternura No amor que existe Num lugar feito pra dois Sim, vá buscar Tem perfume a flor que nasce No jardim ao sol De ver tanto encanto na flor Fui pedir a rosa viva e multicor Perfume e cor Fiz nosso amor E o mundo prá nós dois 11
  • 14. O MORRO NÃO TEM VEZ (Tom Jobim/Vinícius de Morais) O morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantar ESSE MUNDO É MEU (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra) Escravo no mundo em que sou Escravo no reino em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar Mas acorrentado ninguém pode amar FEIO NAO É BONITO (Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri) Feio, nao é bonito O morro existe mas pede pra se acabar Canta, mas canta triste Porque tristeza é só o que tem pra cantar Chora, mas chora rindo Porque é valente e nunca se deixa quebrar Ama, o morro ama Amor bonito, amor aflito Que pede outra história SAMBA DO CARIOCA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Vamos, carioca, sai do teu sono devagar O dia já vem vindo aí E o sol já vai raiar Sao Jorge, teu padrinho, te dê cana pra tomar Xango, teu pai, te dê muitas mulheres para amar ESSE MUNDO É MEU (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra) Saravá, Ogum, mandinga da gente continua Cade o despacho pra acabá Santo guerrero na floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou brigá A FELICIDADE (Tom Jobim/Vinícius de Morais) A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Brilha tão leve, mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar SAMBA DE NEGRO (Roberto Correa/Sylvio Son) Subi lá no morro só pra ver O que o nêgo tem Pra cantar assim gostoso E fazer samba como ninguém VOU ANDAR POR AÍ (Newton Chaves) Vou andar por aí, perguntar por aí Pra ver se eu encontro A paz que perdi O SOL NASCERÁ (A sorrir) (Cartola/Elton Medeiros) A sorrir eu pretendo levar a vida Pois chorando eu vi a mocidade perdida DIZ QUE FUI POR AÍ (Zé Keti/H. Rocha) Se alguém perguntar por mim Diz que fui por aí Levando o violão debaixo do braco Em qualquer esquina eu paro Em qualquer botequim eu entro E se houver motivo, é mais um samba que eu faço Se quiserem saber se eu volto, diga que sim Mas só depois que a saudade se afastar de mim Mas só depois que a saudade se afastar de mim ACENDER AS VELAS (Zé Keti) Acender as velas, já é profissão Quando nao tem samba, tem desilusão Acender as velas, já é profissão Quando nao sou eu, é Nara Leão A VOZ DO MORRO (Zé Keti) Eu sou o samba A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei do terreiro Eu sou o samba Sou natural daqui do Rio de Janeiro Sou eu quem leva alegria Para milhões de corações brasileiros O MORRO NAO TEM VEZ (Tom Jobim/Vinícius de Morais) O morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem voces Quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantar Vai cantar, vai cantar Vai cantar, vai cantar Pout Pourri Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues) 12
  • 15. Preciso aprender a ser só Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Dois na Bossa 1 – 1965 Samba eu canto assim – 1965 Ah! se eu te pudesse fazer entender Sem teu amor eu não posso viver Que sem nós dois o que resta sou eu E u a s s i m t ã o s ó E eu preciso aprender a ser só Poder dormir sem sentir teu amor A ver que foi só um sonho e passou A h ! o a m o r Quando é demais ao findar leva a paz M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor A h ! o a m o r Quando é demais ao findar leva a paz M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Arrastão Edu Lobo/Vinícius de Morais Dois na Bossa 1 – 1965 Eh... tem jangada no mar Eh, eh, eh... hoje tem arrastão Eh... todo mundo pescar Chega de sombra João Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim Minha Santa Bárbara Me abençoai Quero me casar com Janaína Eh... puxa bem devagar Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão Eh... é a Rainha do Mar Vem, vem na rede João Pra mim! Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim Nunca, jamais se viu tanto peixe assim Terra de ninguém Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Dois na Bossa 1 – 1965 Saudade do Brasil – 1980 (Com Marcos Valle) Segue nessa marcha triste Seu caminho aflito Leva só saudade E a injustiça Que só lhe foi feita Desde que nasceu Pelo mundo inteiro Que nada lhe deu Anda.Teu caminho é longo Cheio de incerteza Tudo é só pobreza Tudo é só tristeza Tudo é terra morta Onde a terra é boa O senhor é dono Não deixa passar Pára no final da tarde Tomba já cansado Cai um nordestino Reza uma oração Prá voltar um dia E criar coragem Prá poder lutar Pelo que é seu Mas... O dia vai chegar Que o mundo vai saber Não se vive sem se dar Quem trabalha é que tem Direito de viver Pois a terra é de n i n g u é m 13
  • 16. Sem Deus com a família César Roldão Vieira Dois na Bossa 1 – 1965 Sapato de pobre é tamanco A vida não tem solução Morada da rico é palácio E casa de pobre é barracão Quem é pobre sempre sofre, Vive sempre a trabalhar Mas eu sofro só de dia, De noite eu vivo pra sambar A mulher de branco é esposa E a esposa do preto é mulher Mas minha mulher é só minha, Do branco eu nem sei se só dele é Branco fica atormentado E nem tem tempo pra pensar Mas o preto é mais que branco pra mãe d’água Iemanjá A terra do dono é só dele E ali ninguém pode mandar Mas se eu não pegar na enxada Não tem ninguém pra plantar Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor. Reza Edu Lobo/Ruy Guerra Dois na Bossa 1 – 1965 Samba eu canto assim – 1965 Por amor andei já Tanto chão e mar Senhor já nem sei Se o amor não é mais Bastante pra vencer Eu já sei o que vou fazer Meu Senhor Uma oração Vou cantar para ver se vai valer Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria Ah! meu santo defensor Traga o meu amor Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria Se é praga ou oração Mil vezes cantarei Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria Menino das laranjas Théo de Barros Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues) Samba eu canto assim – 1965 Menino que vai pra feira Vender sua laranja até acabar Filho de mãe solteira Cuja ignorância tem que sustentar É madrugada, vai sentindo frio Porque se o cesto não voltar vazio A mãe arranja um outro prá laranja E esse filho vai ter que apanhar Compra laranja Menino que vai pra feira É madrugada vai sentindo frio Porque se o cesto não voltar vazio A mãe arranja um outro prá laranja E esse filho vai ter que apanhar Compra laranja doutor Ainda dou uma de quebra pro senhor Lá no morro a gente acorda cedo Que é só trabalhar Comida é pouca e muita roupa Que a cidade manda pra lavar De madrugada ele menino Acorda cedo tentando encontrar Um pouco pra comer, viver até crescer E a vida melhorar Compra laranja doutor Ainda dou uma de quebra pro senhor 14
  • 17. Influência do Jazz Carlos Lyra Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Pobre samba meu Foi se misturando se modernizando, e se perdeu E o rebolado cadê?, não tem mais Cadê o tal gingado que mexe com a gente Coitado do meu samba mudou de repente Influência do jazz Quase que morreu E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu Que o samba balança de um lado pro outro O jazz é diferente, pra frente pra trás E o samba meio morto ficou meio torto Influência do jazz No afro-cubano, vai complicando Vai pelo cano, vai Vai entortando, vai sem descanso Vai, sai, cai... no balanço! Pobre samba meu Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu Pra não ser um samba com notas demais Não ser um samba torto pra frente pra trás Vai ter que se virar pra poder se livrar Da influência do jazz Formosa Baden Powell/Vinícius de Morais Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro) Formosa, não faz assim Carinho não é ruim Mulher que nega Não sabe não Tem uma coisa de menos No seu coração A gente nasce, a gente cresce A gente quer amar Mulher que nega Nega o que não é para negar A gente pega, a gente entrega A gente quer morrer Ninguém tem nada de bom Sem sofrer Formosa mulher! Discussão Tom Jobim/Newton Mendonça Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro) Se você pretende sustentar opinião E discutir por discutir Só prá ganhar a discussão Eu lhe asseguro pode crer Que quando fala o coração As vezes é melhor perder Do que ganhar, você vai ver Já percebi a confusão Você quer ver prevalecer A opinião sobre a razão Não pode ser, não pode ser Prá quê trocar o sim por não Se o resultado é a solidão Em vez de amor Uma saudade vai dizer quem tem razão Samba do avião Tom Jobim Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale) Eparrê, Aroeira beira de mar Salve Deus e Tiago e Humaitá Eta, costão de pedra dos home brabo do mar Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar Minha alma canta Vejo o Rio de Janeiro Estou morrendo de saudade Rio, teu mar, praias sem fim Rio, você foi feito pra mim Cristo Redentor Braços abertos sobre a Guanabara Este samba é só porque Rio, eu gosto de você A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Rio de sol, de céu, de mar Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Cristo Redentor Braços abertos sobre a Guanabara Este samba é só porque Rio, eu gosto de você A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Aperte o cinto, vamos chegar Água brilhando, olha a pista chegando E vamos nós Aterrar Vem Balançar Walter Santos/Tereza Souza Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Quem vem lá? Quem vem lá? Se é de samba pode se chegar No meu samba tem sempre lugar Prá quem vem balançando Querendo sambar Quem vem lá? Quem vem lá? Se é de samba pode se chegar No meu samba tem sempre lugar Prá quem vem balançando Querendo sambar Pra quem Traga o samba redondinho, bem certinho assim todinho solto Mas não venha contando mentira rapaz Não ponha no meu samba tão fácil demais Devagar com a louça Luiz Reis/Haroldo Barbosa Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares) Devagar com a louça que eu conheço a moça, vai devagar moçinha, devagar ei. Eu conheço a moça, devagar com a louça, vai devagar, prá não errar. Devagar com a louça que eu conheço a moça, vai devagar. E eu conheço a moça, devagar com a louça. Vai, prá não errar. Ela é mais enrolada do que linha em carretel, ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel. Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné. Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..' 15
  • 18. Mulata Assanhada Ataulfo Alves Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves) Ô, mulata assanhada Que passa com graça Fazendo pirraça Fingindo inocente Tirando o sossego da gente! Ah! Mulata se eu pudesse E se meu dinheiro desse Eu te dava sem pensar Esta terra, este céu, este mar E ela finge que não sabe Que tem feitiço no olhar! Ai, meu Deus, que bom seria Se voltasse a escravidão Eu pegava a escurinha E prendia no meu coração!... E depois a pretoria Resolvia aquestão! Amor em paz Tom Jobim/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Eu amei E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar E chorei Ao sentir que iria sofrer e me desesperar Foi então Que da minha infinita tristeza aconteceu você Encontrei Em você a razão de viver e de amar em paz E não sofrer mais Nunca mais Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz O amor é a coisa mais triste quando se desfaz Bocochê Baden Powell/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell) Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Vou procurar o meu lindo amor No fundo do mar Vou procurar o meu lindo amor No fundo do mar Nhem, nhem, nhem É onda que vai Nhem, nhem, nhem É onda que vem Nhem, nhem, nhem Tristeza que vai Nhem, nhem, nhem Tristeza que vem Foi e nunca mais voltou Nunca mais! Nunca mais Triste, triste me deixou Nhem, nhem, nhem É onda que vai Nhem, nhem, nhem É a vida que vem Nhem, nhem, nhem É a vida que vai Nhem, nhem, nhem Não volta ninguém Menina bonita, não vá para o mar Menina bonita, não vá para o mar Vou me casar com o meu lindo amor No fundo do mar Vou me casar com o meu lindo amor No fundo do mar Nhem, nhem, nhem É onda que vai Nhem, nhem, nhem É onda que vem Nhem, nhem, nhem É a vida que vai Nhem, nhem, nhem Não volta ninguém Menina bonita que foi para o mar Menina bonita que foi para o mar Dorme, meu bem Que você também é Iemanjá Dorme, meu bem Que você também é Iemanjá Agora Ninguém Chora Mais Jorge Ben Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho) Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Chora mais ô, ô, ô, ô Chorava mãe, chorava pai Na hora da partida Mas era uma beleza Em vez de tristeza Mas era uma beleza Em vez de tristeza ô, ô, ô, ô Chorava mãe, chorava pai Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Mas pois o menino voltou Voltou homem, voltou doutor Menino que é bom não cai Pois já nasceu com a estrela E sempre a mente sã Menino que é bom não cai Pois é protegido de Iansã Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais Mas Que Nada Jorge Ben Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Mas, que nada Sai da minha frente Que eu quero passar Pois o samba está animado E o que eu quero é sambar Este samba Que é misto de maracatu É samba de preto velho Samba de preto tu Mas, que nada Um samba como esse tão legal Você não vai querer Que eu chegue no final 16
  • 19. Falsa Baiana Geraldo Pereira Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal) Baiana que entra no samba e só fica parada Não samba, não dança, não bole nem nada Não sabe deixar a mocidade louca Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras Deixando a moçada com água na boca A falsa baiana quando entra no samba Ninguém se incomoda, ninguém bate palma Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba Salve a Bahia, senhor Mas a gente gosta quando uma baiana Samba direitinho, de cima embaixo Revira os olhinhos dizendo Eu sou fiilha de São Salvador Telefone Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas) Plém plém plém plém plém plém plém plém plém Plém plém Ocupado pela décima vez Plém plém Telefono e não consigo falar Plém plém Estou ouvindo há muito mais de um mês Plém plém Já começa quando eu penso discar Eu já estou desconfiado Que ela deu meu telefone prá mim Plém plém E dizer que a vida inteira esperei Plém plém Que dei duro e me matei prá encontrar Plém plém Toda a lista quase que eu decorei Plém plém Dia e noite não parei de discar E só vendo com que jeito Pedia prá eu ligar Plém plém plém plém Não entendo mais nada Prá que é que eu fui topar? Trimm trimm Não me diga que agora atendeu Será que eu… eu consegui? Agora encontrar? O moço atendeu… alô! Somewhere Stephen Sondheim/Leonard Bernstein Elis no Fino da Bossa 1965-1967 There's a place for us Somewhere a place for us Peace and quiet and open air Wait for us Somewhere There's a time for us Some day a time for us Time together and time to spare Time to look, time to care Someday Somewhere We'll find a new way of living We'll find there's a way of forgiving Somewhere There's a place for us A time and place for us Hold my hand and we're halfway there Hold my hand and I'll take you there Somehow Someday Somewhere There's a place for us Hold my hand and we're halfway there Hold my hand and I'll take you there Somehow Someday Somewhere Eu só queria saber Miriam Ribeiro/Vera Brasil Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares) Eu só queria ser Um só dos teus anseios Eu só queria ser Um só dos teus momentos Eu só queria ser Dentro de ti A brisa que passou Uma canção me trouxe A brisa que passou Passou e não me trouxe O sol de um meigo olhar Na escuridão Só nesta solidão Sofre o meu coração Cativo da canção que passou Eu só queria ser Um só dos teus anseios Eu só queria ser Um só dos teus momentos Eu só queria ser Dentro de ti Se acaso você chegasse Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues) Se acaso você chegasse No meu chatô e encontrasse Aquela mulher Que você gostou Será que tinha coragem De trocar nossa amizade Por ela que já Lhe abandonou? Eu falo porque essa dona Já mora no meu barraco À beira de um regato E um bosque em flor De dia me lava a roupa De noite me beija a boca E assim nós vamos Vivendo de amor 17
  • 20. É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor. É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão. Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi... E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão. Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão. É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor. É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Zambi Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965 18
  • 21. Canção do amanhecer Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965 Ouve Fecha os olhos, meu amor É noite ainda Que silêncio! E nós dois Na tristeza de depois A contemplar O grande céu do adeus Ah! Não existe paz Quando o adeus existe E é tão triste o nosso amor Ah! Vem comigo Em silêncio Vem olhar Esta noite amanhecer Iluminar Os nossos passos tão sozinhos Todos os caminhos Todos os carinhos Vem raiando a madrugada Música no céu! Esse mundo é meu Sergio Ricardo/Ruy Guerra O fino do Fino – 1965 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Esse mundo é meu Esse mundo é meu Fui escravo no reino e sou Escravo no mundo em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua Cade o despacho pra acabá Santo guerrero da floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou brigá Escravo do reino e sou Escravo do mundo em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua Cade o despacho pra acabá Santo guerrero da floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou ficar Resolução Edu Lobo/Lula Freire O fino do Fino – 1965 Samba eu canto assim – 1965 É, vou contar o que há. É tempo de dizer quem sou Sim. Eu cansei de lutar E agora quero descansar Tanto eu esperei para vencer E agora vejo que perder Nada mais é do que cansar Eu cansei e perdi Em tanta coisa acreditei Se ninguém viu o que eu vi Ninguém sabe mais do que eu sei Mas se a esperança vai me deixar E nem mais vou saber chorar Nem sorrir sem amor para dar Não. É preciso não morrer É preciso decidir de uma vez O que é pra fazer Ou viver ou morrer Há tanto para se fazer Ou viver ou morrer Há tanto para se fazer Todas as canções que eu já cantei Agora tem de me valer E me fazer acreditar Que é preciso viver E o resto é só deixar pra lá E, mesmo só, vou seguir E nada me fará mudar Té o sol raiar (Tempo feliz) Baden Powell/Vinícius de Morais O fino do Fino – 1965 Feliz o tempo que passou, passou Tempo tão cheio de recordações Tantas canções ele deixou,deixou Trazendo paz a tantos corações Que sons mais lindos tinha pelo ar Quanta alegria de viver Ah, meu amor, que tristeza me dá Vendo o dia querendo amanhecer E ninguem cantar Mas meu bem Deixa estar Tempo vai, tempo vem E quando um dia esse tempo voltar Eu nem quero pensar o que vai ser Até o sol raiar 19
  • 22. Sou sem paz Adilson Godoy Samba eu canto assim – 1965 Tento em mim seu amor Nasceu como uma flor cantando bem E ninguém jamais amou assim Nunca assim Sofro sem tudo em mim É só tristeza e dor É só você e a felicidade que se foi Que se foi Você fugiu de mim E triste, amor, eu canto assim E a saudade em mim Volte então, sou sem paz Com o seu amor e a felicidade que virá Que virá Amor demais Silvio César/Ed Lincoln O fino do Fino – 1965 A canção é o lamento do amor demais Quem chorou Quem sofreu Quem perdeu a paz Venho dizer Na canção O que chorou Seu coração Vem A noite é linda Vem cantar Vem Toda tristeza Vai passar Só assim tu terás Amor sem fim Amor demais Chegança Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho O fino do Fino – 1965 Estamos chegando daqui e dali E de todo lugar que se tem pra partir Estamos chegando daqui e dali E de todo lugar que se tem pra partir Trazendo na chegança Foice velha, mulher nova E uma quadra de esperança E uma quadra de esperança Ah, se viver fosse chegar Ah, se viver fosse chegar Chegar sem parar, parar pra casar Casar e os filhos espalhar Por um mundo num tal de rodar Por um mundo num tal de rodar Por um amor maior Francis Hime/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965 Vim, eu vim te dizer Eu vim te lembrar Que a vida não é só tristeza e dor É pobre quem tem medo de falar O mundo que quer E depois não dá o amor que guardou Sim, eu vim te dizer Eu vim te falar Que o amor pra ser bom Pra não ser qualquer Precisa gritar a força que tem De tudo mudar Vem, meu amor Vem, que amar é vencer Mas amar é também Gente que vai e vem Gente que também quer Ver este mundo melhor Que o povo é assim E dá o que tem É o povo que faz A vida maior João Valentão é brigão Pra dar bofetão Não presta atenção e nem pensa na vida A todos João intimida Faz coisas que até Deus duvida Mas tem seu momento na vida É quando o sol vai quebrando Lá pro fim do mundo pra noite chegar É quando se ouve mais forte O ronco das ondas na beira do mar É quando o cansaço da lida da vida Obriga João descansar É quando a morena se enrosca Do lado da gente Querendo agradar Se a noite é de lua A vontade é de contar mentira É de se espreguiçar É de se deitar na areia da praia Que acaba onde a vista Não pode alcançar E assim adormece esse homem Que nunca precisa dormir pra sonhar Porque não há sonho mais lindo Do que sua terra, não há Dorival Caymmi Samba eu canto assim – 1965 João Valentão Maria do Maranhão Carlos Lyra/Nelson L. de Barros Samba eu canto assim – 1965 Maria, pobre Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão Maria desceu escada Atravessou o país Procurava muito pouco Muito pouco ser feliz Nem feliz queria ser Que feliz não pode ser Quem anda pelas estradas Atravessando o país Maria, pobre Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão Maria seguiu estrada A estrada de uma estrela Maria não viu a estrela Maria é só na estrada Mas muita gente seguiu A estrela que ela não viu E vai dizer pra maria Que tudo tem solução Até mesmo pra Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão 20
  • 23. Consolação/Berimbau/Tem dó Baden Powell/Vinícius de Morais Samba eu canto assim – 1965 Se não tivesse o amor Se não tivesse essa dor E se não tivesse o sofrer E se não tivesse o chorar … Capoeira me mandou Dizer que já chegou Chegou para lutar Berimbau me confirmou Vai ter briga de amor Tristeza camará … Ah! Tem dó Quem viveu junto não pode nunca viver só Ah! Tem dó Mesmo porque você não vai ter coisa melhor Não me venha achar ruim Porque você me conheceu assim Me diga agora, ora, ora Não foi assim que você gamou? Você sabe muito bem Que mesmosendo louca, assim Gamei também Me diga agora, ora, ora Será que alguém não foi quem mudou? Aleluia Edu Lobo/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965 Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo) Barco deitado na areia Não dá pra viver, não dá Lua bonita sozinha Não faz o amor, não faz Toma decisão, aleluia! Que um dia o céu vai mudar Quem viveu a vida da gente Tem que se arriscar Amanhã é teu dia Amanhã é teu mar, teu mar E se o vento da terra Que traz teu amor, já vem Toma decisão, aleluia! Lança o teu saveiro no mar Beabá de pesca é coragem Ganha o teu lugar Mesmo com a morte esperando Eu me largo pro mar, eu vou Tudo o que sei é viver E vivendo é que eu vou morrer Toma decisão, tá na hora! Que um dia o céu vai mudar Quem não tem mais nada a perder Só vai poder ganhar Eternidade Luiz Chaves/Adilson Godoy Samba eu canto assim – 1965 Se ele é mais que céu É mais que luz É mais que amor Sinto o infinito Da paz que vem Nascendo em mim E sinto, enfim Que é mais que tudo É mais que o mundo Me ensinou Paz que eu tanto amei, chorando Não, não se vá Nossa eternidade Que sempre sonhei Nasceu no que sou Sim, é mais que tudo É mais que o mundo Me ensinou Último canto Francis Hime/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965 Vou acender uma vela Vou só cantar o meu canto E vou cantar da maneira A mais singela E só depois Vou te esquecer E só depois Vou te esquecer Vou acender uma vela Vou só chorar o meu pranto E vou chorar da maneira A mais singela E só depois Quero esquecer Quando um amor acaba em pranto É o mesmo que alguém morrer Vou acender esta vela Que é por mim e é por ela Saveiros Dory Caymmi/Nelson Motta Compacto duplo – 1966 Nem bem a noite terminou Vão os saveiros para o mar Levam no dia que amanhece As mesmas esperanças Do dia que passou Quantos partiram de manhã Quem sabe quantos vão voltar Só quando o sol descansar, E se os ventos deixarem, Os barcos vão voltar Quantas histórias pra contar E em cada vela que aparece Um canto de alegria De quem venceu no mar 21
  • 24. Jogo de roda Edu Lobo/Ruy Guerra Compacto duplo – 1966 É ô lê, é hora É ô lê, de roda Jogo a vida Jogo a tarde Jogo a faca e a razão Jogo o mundo à sua sorte E a mentira eu jogo ao chão A roda vai rodar E eu jogo o meu amor então E se eu puder Entro na roda e vou rodar também Gira a roda Roda o tempo Nasce um samba em minha mão Olho a praia Chamo o vento Abro os braços e a canção Eu sei aonde estou E sei onde é que eu quero ir E quem quiser Entre na roda e vá rodar também Ó, meu amor O mundo assim não pode ser É só tristeza e noite pra se ver Sozinha estou num mundo Em que o mal é rei Mas o meu canto vem fora de lei Ó, meu amor Vem prá perto de mim cantar Que nessa roda a dor vai se entregar A minha voz é fraca Mas em meu olhar O novo mundo roda sem parar Sem parar Sem parar A rodar A rodar A rodar E assim tenho um norte Tenho a vida Tenho um samba de cordão Tenho a noite já vencida Na palma de minha mão Meu samba já chegou Tanta tristeza quer também E o teu amor Samba na roda do meu coração Ensaio geral Gilberto Gil Compacto duplo – 1966 O Rancho do Novo Dia O Cordão da Liberdade E o Bloco da Mocidade Vão sair no carnaval É preciso ir à rua Esperar pela passagem É preciso ter coragem E aplaudir o pessoal O Rancho do Novo Dia Vem com mais de mil pastoras Todas elas detentoras De um sorriso sem igual O Cordão da Liberdade Ensaiado com carinho Pelo Zé Redemoinho Pelo Chico Vendaval Oh, que linda fantasia Do Bloco da Mocidade Colorida de ousadia Costurada de amizade Vai ser lindo ver o bloco Desfilar pela cidade Minha gente, vamos lá Nossa turma vai sair Nossa escola vai sambar Vai cantar pra gente ouvir Tá na hora, vamos lá Carnaval é pra valer Nossa turma é da verdade E a verdade vai vencer Canto triste Edu Lobo/Vinícius de Morais Compacto duplo – 1966 Porque sempre foste a primavera em minha vida Volta pra mim Desponta novamente no meu canto Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais Há quanto tempo faz partiste Como a primavera que também te viu partir Sem um adeus sequer E nada existe mais em minha vida Como um carinho teu, como um silêncio teu Lembro um sorriso teu tão triste Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu Onde se esconde a minha bem-amada Onde a minha namorada Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço Peço apenas Que ela lembre as nossas horas de poesia Das noites de paixão E diz-lhe da saudade em que me viste Que estou sozinho e só existe Meu canto triste Na solidão Rosa morena Dorival Caymmi/Antônio de Almeida Compacto simples – 1966 Rosa morena Onde vais morena rosa Com essa rosa no cabelo E esse andar de moça prosa Morena, morena rosa Rosa morena o samba está esperando Esperando p’rá te ver Deixa de lado essa coisa de dengosa Anda rosa, vem me ver Deixa de lado essa pose Vem pro samba, vem sambar Que o pessoal está cansado de esperar 22
  • 25. Canto de Ossanha Baden Powell/Vinícius de Morais Compacto simples – 1966 Dois na bossa 2 – 1966 Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou" O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai... não vou! Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer Vai, vai, vai, vai, amar Vai, vai, vai, sofrer Vai, vai, vai, vai, chorar Vai, vai, vai, dizer due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor 23
  • 26. Poutpourri de introdução Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues) Louvação Gilberto Gil/Torquato Neto Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues) Vou fazer a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado Meu povo, preste atenção Atenção, atenção Repare se estou errado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior. Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor. Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança! Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar. Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar. Que só espera sentado quem se acha conformado. Vou fazendo a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado Quem 'tiver me escutando Atenção, atenção Que me escute com cuidado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é. Louvo a força do homem e a beleza da mulher. Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra. Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer. Louvo a vida merecida de quem morre pra viver. Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer. Vou fazendo a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado De todos peço atenção Atenção, atenção Falo de peito lavado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Louvo a casa onde se mora de junto da companheira. Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira. Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera. Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar. Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar. O dia certo e preciso de toda a gente cantar. E assim fiz a louvação Louvação, louvação Do que vi pra ser louvado Ser louvado, ser louvado Se me ouviram com atenção Atenção, atenção Saberão se estive errado Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado. 24 SAMBA DE MUDAR (Geraldo Vandré) Samba eu canto assim Samba eu faço asism Só quem sofreu Quem chorou Meu samba vai ouvir Meu samba vai cantar Só na tristeza e na dor Alguém pode entender Que a dor vai se acabar E assim somente NÃO ME DIGA ADEUS (Paquito/L. Soberano/J. C. Silva) Não Não me diga adeus Pense nos sofrimentos meus VOLTA POR CIMA (Paulo Vanzolini) Ali onde eu chorei Qualquer um chorava Dar a volta por cima que eu dei Quero ver quem dava O NEGUINHO E A SENHORITA (Noel Rosa/A. da Silva) Eu gostei da filha da madame Que nós tratamos de sinhá A sinhazinha também gostou do neguinho O crioulinho não tem dinheiro pra gastar Mas a madame tem preconceito de cor E DAÍ (Miguel Gustavo) Proibiram que eu te amasse Proibiram que eu te visse Proibiram que eu saisse E perguntasse a alguém por ti Proibiram tudo Proibam muito mais! Preguem avisos! Fechem portas! Ponham guizos! Nosso amor perguntará, E daí? SAMBA DE MUDAR (Geraldo Vandré) Só quem sofreu Quem chorou Meu samba vai ouvir Meu samba vai cantar Só na tristeza e na dor Alguém pode entender Que a dor vai se acabar E assim somente ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM (Sérgio Ricardo) Por isso canta, canta Nasceu uma rosa na favela Canta, canta Nasceu uma rosa na favela CARNAVAL (D. Ferreira/Ataulfo Alves) Lê lê lê A rainha do samba chegou Lê lê lê O batuque do nêgo enfezou NA GINGA DO SAMBA (Ataulfo Alves) É na ginga bonita que o samba tem Quem não tem ginga, no samba não se dá bem GUARDA A SANDÁLIA DELA (Sereno/Germano Mathias) Guarda a sandália dela Que o samba sem ela não pode ficar Diga também pra ela Que a escola sem ela não pode sambar SAMBA DE MUDAR (Geraldo Vandré) Porque o samba é o samba bom O samba é meu Da nossa dor É um samba de sofrer Samba de querer Samba de... Samba de mudar
  • 27. Upa, neguinho Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Dois na bossa 2 – 1966 Compacto simples – 1968 Elis especial – 1968 Elis Regina in London – 1969 Montreaux Jazz Festival – 1982 Upa, neguinho na estrada Upa, pra lá e pra cá Virge, que coisa mais linda! Upa, neguinho começando a andá Começando a andá, começando a andá E já começa a apanhá Cresce, neguinho e me abraça Cresce e me ensina a cantá Eu vim de tanta desgraça Mas muito te posso ensiná Capoeira, posso ensiná Ziquizira, posso tirá Valentia, posso emprestá Mas liberdade só posso esperá Patá tá tri Tri tri tri Trá trá trá Amor até o fim Gilberto Gil Dois na bossa 2 – 1966 Montreaux Jazz Festival – 1982 Amor não tem que se acabar Eu quero e sei que vou ficar Até o fim eu vou te amar Até que a vida em mim resolva se apagar O amor é como a rosa num jardim A gente cuida, a gente olha A gente deixa o sol bater Pra crescer, pra crescer A rosa do amor tem sempre que crescer A rosa do amor não vai despetalar Pra quem cuida bem da rosa Pra quem sabe cultivar Amor não tem que se acabar Até o fim da minha vida eu vou te amar Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar Até o fim da minha vida eu vou te amar Eu sei que o amor não tem que se apagar Samba em paz Caetano Veloso Elis – 1966 O samba vai vencer Quando o povo perceber Que é o dono da jogada O samba vai crescer Pelas ruas vai correr Uma grande batucada Samba não vai chorar mais Toda gente vai cantar O mundo vai mudar E o povo vai cantar Um grande samba em paz Pra dizer adeus Edu Lobo/Torquato Neto Elis – 1966 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Adeus Vou pra não voltar E onde quer que eu vá Sei que vou sozinha Tão sozinha amor Nem é bom pensar Que eu não volto mais Desse meu caminho Ah, pena eu não saber Como te contar Que o amor foi tanto E no entanto eu queria dizer Vem Eu só sei dizer Vem Nem que seja só Prá dizer adeus Tristeza que se foi Adilson Godoy Dois na bossa 2 – 1966 Toda tristeza já passou E agora um novo amor vem surgindo Sorrindo Por isso bem feliz eu sei que Toda tristeza já passou E que agora um novo amor Vem surgindo Sorrindo Por isso vou Vou cantando agora Vou levando agora A beleza de um novo amor Que me nasceu Vou cantando agora Vou levando agora Felicidade só 25
  • 28. Lunik 9 Gilberto Gil Elis – 1966 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural Sei lá que mais Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo E em tudo o início dos tempos do além Em cada consciência, em todos os confins Da nova guerra ouvem-se os clarins Guerra diferente das tradicionais, Guerra de astronautas nos espaços siderais E tudo isso em meio às discussões, Muitos palpites, mil opiniões Um fato só já existe que ninguém pode negar 7... 6.. 5... 4... 3... 2... 1... já! E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão: A lua foi alcançada afinal, Muito bem, confesso que estou contente também A mim me resta disso tudo uma tristeza só Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção O que será do verso sem luar? O que será do mar, da flor, do violão? Tenho pensado tanto, mas nem sei Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar Meu povo, preste atenção Na roda que eu te fiz Quero mostrar a quem vem Aquilo que o povo diz Posso falar, pois eu sei Eu tiro os outros por mim Quando almoço, não janto E quando canto é assim Agora vou divertir Agora vou começar Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar Quem tem dinheiro no mundo Quanto mais tem, quer ganhar E a gente que não tem nada Fica pior do que está Seu moço, tenha vergonha Acabe a descaração Deixe o dinheiro do pobre E roube outro ladrão Agora vou divertir Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir Se morre o rico e o pobre Enterre o rico e eu Quero ver quem que separa O pó do rico do meu Se lá embaixo há igualdade Aqui em cima há de haver Quem quer ser mais do que é Um dia há de sofrer Agora vou divertir Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir Seu moço, tenha cuidado Com sua exploração Se não lhe dou de presente A sua cova no chão Quero ver quem vai dizer Quero ver quem vai mentir Quero ver quem vai negar Aquilo que eu disse aqui Agora vou divertir Agora vou terminar Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar Agora vou terminar Agora vou discorrer Quem sabe tudo e diz logo Fica sem nada a dizer Quero ver quem vai voltar Quero ver quem vai fugir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai trair Por isso eu fecho essa roda A roda que eu te fiz A roda que é do povo Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz... 26 Roda Gilberto Gil/João Augusto Elis – 1966
  • 29. Estatuinha Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Elis – 1966 Se a mão livre do negro tocar na argila O que é que vai nascer? Vai nascer pote pra gente beber Nasce panela pra gente comer Nasce vazinho, nasce parede Nasce estatuinha bonita de se ver Se a mão livre do negro tocar na onça O que é que vai nascer? Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas Nasce tapete pra cobrir o nosso chão Nasce caminha pra se ter nossa ialê Nasce atabaque pra se ter onde bater Se a mão liver do negro tocar na palmeira O que é que vai nascer? Nasce choupana prá gente morar Nasce rede pra gente se embalar Nasce esteira pra gente se deitar Nasce os abanos pra gente abanar Veleiro Edu Lobo/Torquato neto Elis – 1966 Ê... ô... tá na hora e no tempo Vamos lá que esse vento traz Recado de partir Beira de praia Não faz mal que se deixe Se o caminho da gente vai pro mar Eu vou, tanta praia deixando Sem saber até quando eu vou Quando eu vou,quando eu volto Eu vou pra terra distante Não tem mar que me espante Não tem, não Anda, vem comigo que é tempo Vem depressa que eu tenho Braço forte e o rumo certo Aqui o dia está perto E é preciso ir embora Ah! vem comigo nesse veleiro Tá na hora e no tempo, ê... ô... Vamos embora no vento ê... ô... Boa palavra Caetano Veloso Elis – 1966 Aprendeu sozinho Na areia, no chão A brincar sozinho Sem a mão de um irmão Aprendeu com o vento Que o sono passou E acordou sozinho No solo sem amor Tava dormindo, acordei Para acertar o namoro Me deram o que de beber Numa caneca de ouro Não lhe deram nada Não é seu este chão Deita olhando o céu Que o céu não tem dono, não Como um passarinho Aprende a voar Solta o pensamento Num braço de mar Voou pra beira do rio Pousou num poço dourado Moça com seu namorado Rico com seu empregado Aprendeu sozinho Deitado no chão A esperar sozinho Tempo de encontrar irmão Inda a madrugada Espera nascer Não lhe deram nada Mas não quer morrer Boa palavra, rapaz Boa palavra, rapaz Boa palavra, rapaz É assim que um homem faz Sonho de Maria Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Elis – 1966 Tanta roupa pra lavar Tanto barraco pra arrumar Tanta coisa pra esperar Todo o morro a sambar Tanta gente pra invejar Nenhum sonho pra sonhar Maria parou de trabalhar No ar uma voz chamou Maria olhou o céu Maria desejou o céu A vida é uma canção para se cantar Mas é tarde pra voltar Maria deixou a criança chorar Uma estrela deixou de brilhar Chorou. Chorou o céu. Chorou E a lágrima do céu apagou Tudo o que maria deixou E maria pra sempre acabou 27
  • 30. Tem mais samba Chico Buarque Elis – 1966 Tem mais samba no encontro que na espera Tem mais samba a maldade que a ferida Tem mais samba no porto que na vela Tem mais samba o perdão que a despedida Tem mais samba nas mãos do que nos olhos Tem mais samba no chão do que na lua Tem mais samba no homem que trabalha Tem mais samba no som que vem da rua Tem mais samba no peito de quem chora Tem mais samba no pranto de quem vê Que o bom samba não tem lugar nem hora O coração de fora samba sem querer Vem que passa teu sofrer Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver Tereza sabe sambar Francis Hime/Vinícius de Morais Elis – 1966 Chegou, chegou, sim senhor Chegou sem anunciar Fez um alô pro tiô Fez um olá pra tiá Depois dançou e dançou Até o dia raiar E não contente enturmou Com as cabrochas de lá E não contente enturmou Com as cabrochas de lá Salve, salve a Dona Tereza Ela vai pro céu Ela tem aquela nobreza Que tinha Izabel Branquinha igual assim não pode existir Balanço igual eu juro que nunca vi No carnaval nós vamos nos divertir A turma tá que tá que não cabe em si Porque Tereza enturmou Depois foi-se embora Tereza Foi como um luar Foi deixando tanta tristeza Na turma de lá A gafieira já fez “subiscrição” Pra passar cera e dar uma caiação A turma tá que tá que não sai de lá Tereza um dia pode querer voltar Porque Tereza enturmou Porque Tereza enturmou Voltou, voltou sim senhor Voltou sem anunciar Fez um alô pro tiô Fez um olá pra tiá Tereza é branca na cor Mas isso diexa pra lá Porque Tereza enturmou Porque ela sabe sambar Tereza sabe sambar Tereza sabe sambar Carinhoso Pixinguinha/João de Barro Elis – 1966 Meu coração Não sei porque Bate feliz, quando te vê E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo Mas mesmo assim, foges de mim Ah! Se tu soubesses Como sou tão carinhoso E muito e muito que te quero E como é sincero o meu amor Eu sei que tu não fugirias mais de mim Vem!.. vem!... vem!.... vem!... Vem sentir o calor Dos lábios meus À procura dos teus Vem matar esta paixão Que me devora o coração E só assim então Serei feliz, bem feliz Canção do sal Milton Nascimento Elis – 1966 Compacto simples – 1968 Trabalhando o sal É amor, o suor que me sai Vou viver cantando O dia tão quente que faz Homem ver criança Buscando conchinhas no mar Trabalho o dia inteiro Pra vida de gente levar Água vira sal lá na salina Quem diminuiu água do mar? Água enfrenta o sol lá na salina Sol que vai queimando até queimar Trabalhando o sal Pra ver a mulher se vestir E ao chegar em casa Encontrar a família a sorrir Filho vir da escola Problema maior é o de estudar Que pra não ter meu trabalho E vida de gente levar 28
  • 31. Canção de não cantar Sérgio Bittencourt Festival dos festivais – 1966 Guardo o meu violão. Já nos faltam canções. São muitas as razões, que temos pra cantar, mas hoje, amor, melhor é não cantar, enquanto houver em nós vontade de fugir de um canto que na voz não vai saber mentir. Meu canto para ser um canto certo, vai ter que nascer liberto e morar no assobio do ocupado e do vadio do alegre e do mais triste só há canto quando existe muito tempo e muito espaço pra canção ficar se eu passo e dizer o que eu não disse. Ah que bom se eu ouvisse o meu canto por ai. Por isso o violão prefere emudecer. E vem pedir perdão por não poder cantar que hoje, amor, melhor é não cantar. Cantador Dory Caymmi/Nelson Motta Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967 Amanhece, preciso ir Meu caminho é sem volta e sem ninguém Eu vou pra onde a estrada levar Cantador, só sei cantar Ah! eu canto a dor Canto a vida e a morte Canto o amor Cantador não escolhe o seu cantar Canta o mundo que vê E pro mundo que vi meu canto é dor Mas é forte pra espantar a morte Prá todos ouvirem minha voz Mesmo longe De que servem meu canto e eu Se em meu peito há um amor que não morreu Ah! se eu soubesse ao menos chorar Cantador, só sei cantar Ah! Eu canto a dor De uma vida perdida sem amor Imagem Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli Dois na Bossa 3 – 1967 Bom Ai, que bom é ver vocês E cada vez que eu volto É para dizer Que sem ter vocês Sem ver vocês Não sou ninguém Canta Que a vida passa E, se ela passa Melhor cantar É de vocês O meu cantar É só pra vocês Nosso cantar Enquanto a nossa meta não for atingida, continuamos gritando o nosso canto. Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos. Faz escuro, mas nós cantamos. O amanhã está breve. Vamos cantar, logo logo, o que é nosso. Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso. MANGUEIRA (Assis Valente/Zequinha Reis) Nao há, nem pode haver Como Magueira não há O samba vem de lá, alegria também Morena faceira só Mangueira tem FALA, MANGUEIRA! (Mirabeau/Milton de Oliveira) Fala, Mangueira, fala Mostra a força da tua tradição Com licença da Portela, Favela Mangueira mora no meu coração EXALTACÃO À MANGUEIRA (Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa) Mangueira teu cenário é uma beleza Qua a natureza criou, ô ô O morro com seus barracões de zinco Quando amanhece, que esplendor! Todo mundo te conhece ao longe Pelo som do teu tamborim E o rufar do teu tambor Chegou ô ô a Mangueira, chegou! MUNDO DE ZINCO (Nássara/Wilson Batista) Aquele mundo de Zinco que é Mangueira Desperta com o apito do trem Uma cabrocha e uma esteira Um barracão de madeira Qualquer malandro em Mangueira tem Mangueira fica pertinho do céu, Elis Mangueira vai assistir o meu fim E deixa o nome na história O samba foi minha glória Eu sei que muitas cabrochas Vão chorar por mim LEVANTA MANGUEIRA (Luiz Antonio) Levanta, Mangueira, a poeira do chão Samba de coração Ai, mostra a sandália de prata da mulata Acorda a cuíca e o tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim Levanta Mangueira, a poeira do chão Samba de coração DESPEDIDA DA MANGUEIRA (Aldo Cabral/Bendito Lacerda) Em Mangueira na hora da minha despedida Todo mundo chorou, todo mundo chorou Foi pra mim a maior emoção da minha vida pois em Mangueira o meu coracao ficou PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO (Ary Barroso) Ficou pra machucar meu coracao! 29 Pout-pourri de Mangueira Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
  • 32. Cruz de cinza, cruz de sal Walter Santos/Teresa Souza Dois na Bossa 3 – 1967 Compacto simples – 1968 Santa Clara clareai, São Domingo alumiai Vai chuva, vem sol Vai chuva, vem sol Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez Cruz de cinza, cruz de sal, Casca de ovo no quintal Tudo que chamou Vem sol, vem sol Santa Clara clareai Vem sol, vem sol E a trizteza do menino São Domingo alumiai Vem sol, vem com tanto azul no céu Pra criança se perder de tanto rir Pro menino se alegrar e o céu cair Nessa rua onde o brinquedo é só você. Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez Cruz de cinza, cruz de sal, Casca de ovo no quintal Manifesto Guto/Mariozinho Rocha Dois na Bossa 3 – 1967 A minha música não traz mensagem E não faz chantagem ou guerra fria E nem fala em ideologia Eu vim apenas para lhes falar De uma grande perda Que nem sei se é da direita ou da esquerda Que me importa se a censura corta Pois eu gosto dela se é vermelha Ou se é verde e amarela Oh, camarada, companheiro, amigo Ela foi embora E o pior que foi contigo Para mim foi um grande golpe Não sei se de estado ou armado Ou talvez de coração Só sei dizer que a dor foi muito grande E minha vida inteira transformou-se Numa enorme agitação Já que assim termina meu mandato Pois eu fui cassado e deportado Pra bem longe de você Oh, minha amada, quero lhe dizer Que sem o teu amor Eu posso até morrer MINHA NAMORADA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Meu amor eu hoje estou contente Todo mundo, de repente, Ficou lindo, ficou lindo de morrer Hoje eu estou rindo Nem eu mesma sei do quê Porque eu recebi Uma cartinhazinha de você Que diz assim: Se você quer ser minha namorada Oh, que linda namorada, Você poderia ser! Se quiser ser somente minha Exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha De ninguém mais pode ser EU SEI QUE VOU TE AMAR (Tom Jobim/Vinícius de Morais) Eu sei que vou te amar Por toda minha vida vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente eu sei que vou te amar E cada verso meu será Pra te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida MINHA NAMORADA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Mas se em vez de minha namorada Você quer ser minha amada Minha amada mais amada pra valer Aquela amada Pelo amor predestinada Sem a qual a vida é nada Sem a quel se quer morrer. Você tem que vir comigo em meu caminho E talvez o meu caminho seja triste pra você A VOLTA (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli) Mas quero que você me fale Que você me cale Caso eu perguntar Se o que a faz tão linda Foi tua pressa de voltar Levanta e vem correndo Me abraça e sem sofrer Me beija longamente O quanto a solidão precisa para morrer? MINHA NAMORADA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos Os seus braços o meu ninho No silêncio de depois E você tem que ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de nós dois PRIMAVERA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Amor, eu lhe direi Amor que eu tanto procurei Ah, quem me dera eu pudesse ser A tua primavera E depois morrer Marcha de quarta-feira de cinzas Carlos Lyra/Vinícius de Morais Dois na Bossa 3 – 1967 Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou Pelas ruas o que se vê É uma gente que nem se vê Que nem se sorri Se beija e se abraça E sai caminhando Dançando e cantando cantigas de amor E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade A tristeza que a gente tem Qualquer dia vai se acabar Todos vão sorrir Voltou a esperança É o povo que dança Contente da vida, feliz a cantar Porque são tantas coisas azuis E há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar de que a gente nem sabe Quem me dera viver pra ver E brincar outros carnavais Com a beleza dos velhos carnavais Que marchas tão lindas E o povo cantando seu canto de paz Seu canto de paz Pout-pourri romântico Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues) 30
  • 33. Yê-melê Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas Compacto simples – 1968 Yê-melê ari ará Yê-melê ará Ye-melê ari ará Canto de Yemanjá Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar A rainha mãe do mar Traz o seu amor Sua benção vem me dar E eu dou uma flor Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar Algum dia vai chegar Que eu vou ouvir Esse canto de Yemanjá Vai do mar sair Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar Lapinha Baden Powell/Paulo César Pinheiro Compacto simples – 1968 Quando eu morrer me enterre na Lapinha Quando eu morrer me enterre na Lapinha Calça, culote, palitó almofadinha Calça, culote, palitó almofadinha Vai, meu lamento vai contar Toda tristeza de viver Ai, a verdade sempre trai E às vezes traz um mal a mais Ai, só me fez dilacerar Ver tanta gente se entregar Mas não me conformei Indo contra lei Sei que não me arrependi Tenho um pedido só Último talvez, antes de partir Quando eu morrer me enterre na Lapinha Quando eu morrer me enterre na Lapinha Calça, culote, palitó almofadinha Calça, culote, palitó almofadinha Sai, minha mágoa Sai de mim Há tanto coração ruim Ai, é tão desesperador O amor perder do desamor Ah, tanto erro eu vi, lutei E como perdedor gritei Que eu sou um homem só Sem saber mudar Nunca mais vou lastimar Tenho um pedido só Último talvez, antes de partir Quando eu morrer me enterre na Lapinha Quando eu morrer me enterre na Lapinha Calça, culote, palitó almofadinha Calça, culote, palitó almofadinha Adeus Bahia, zum-zum-zum Cordão de ouro Eu vou partir porque mataram meu besouro Samba da benção (Samba saravah) Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh Compacto simples – 1968 Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche J'aime rire chanter et je n'empêche Pas les gens qui sont bien d'être joyeux Pourtant s'il est une samba sans tristesse C'est un vin qui donne pas l'ivresse Un vin qui ne donne pas l'ivresse Non ce n'est pas la samba que je veux J'en connais que la chanson incommode D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode D'autres qui en profitent sans l'aimer Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde En cherchant ses racines vagabondes C'est la chanson de samba qu'il faut chanter On m'a dit qu'elle venait de Bahia Qu'elle doit son rythme et sa poésie À des siècles de danses et de douleur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Elle est nègre bien nègre dans son coeur Samba do perdão Baden Powell/Paulo César Pinheiro Elis especial – 1968 Mais uma vez amor A dor chegou sem me dizer Agora que existe a paixão A hora não é de sofrer Mas quem quer pedir perdão Não deixa a tristeza saber E no entando a tua falta Vem vazar meu coração Mas a vida ensina a crer e a perdoar Quando um amor valer E o nosso é tão grande que já nem sei Tenha pena das penas que eu penei Não despreze mais meu padecer Afasta a melancolia e a solidão Já não cabem mais no meu violão Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer Soluço eterno, pedir do coração Só quem morre de amor pede perdão 31
  • 34. Tributo ao Tom Jobim Tom Jobim Elis especial – 1968 VOU TE CONTAR (WAVE) Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho OUTRA VEZ Outra vez sem você Outra vez sem amor Outra vez vou sofrer Vou chorar Até você voltar VOU TE CONTAR (WAVE) A primeira vez era a cidade Da segunda, o cais e a eternidade FOTOGRAFIA Eu, você, nós dois Aqui nesse terraço a beira-mar O sol já vai caindo a o seu olhar Parece acompanhar a cor do mar Você tem de ir embora A tarde cai em cores Se desfaz Escureceu O sol caiu no mar E aquela luz… VOU TE CONTAR (WAVE) So close your eyes… Laralara… …fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho Sozinho… Sozinho… Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho O resto é mar É tudo que não sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho When I saw your first the time was half past three When your eyes met mine it was eternity Agora sei Da onda que seguiu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver De onde vens Dory Caymmi/Nelson Motta Elis especial – 1968 Ah, quanta dor vejo em teus olhos Tanto pranto em teu sorriso Tão vazias as tuas mãos De onde vens assim cansada De que dor, de qual distância De que terras,de que mar Só quem partiu pode voltar E eu voltei prá te contar Dos caminhos onde andei Fiz do riso amargo pranto No olhar sempre teus olhos No peito aberto uma canção Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração Saberias num momento quanta dor há dentro dele Dor de amor quando não passa É porque o amor valeu Bom tempo Chico Buarque Elis especial – 1968 Um marinheiro me contou Que a boa brisa lhe soprou Q u e v e m a í b o m t e m p o O pescador me confirmou Que um passarinho lhe cantou Q u e v e m a í b o m t e m p o D o u d u ro t o d a a s e m a n a S e n ã o p e r g u n t e à J o a n a Que não me deixa mentir Mas, finalmente é domingo N a t u r a l m e n t e , m e v i n g o Eu vou me espalhar por aí N o c o m p a s s o d o s a m b a E u d i s f a r ç o o c a n s a ç o J o a n a d e b a i x o d o b r a ç o C a r r e g a d i n h a d e a m o r V o u q u e v o u Pela estrada que dá numa p r a i a d o u r a d a Q u e d á n u m t a l d e f a z e r n a d a Como a natureza mandou V o u Satisfeito, alegria batendo n o p e i t o O r a d i n h o c o n t a n d o d i r e i t o A vitória do meu tricolor V o u q u e v o u L á n o a l t o O s o l q u e n t e m e l e v a n u m s a l t o P r o l a d o c o n t r á r i o d o a s f a l t o Pro lado contrário da dor Um marinheiro me contou Que a boa brisa lhe soprou Q u e v e m a í b o m t e m p o Um pescador me confirmou Que um passarinho lhe cantou Q u e v e m a í b o m t e m p o A n d o c a n s a d o d a l i d a P r e o c u p a d a , c o r r i d a , s u r r a d a , b a t i d a d o s d i a s m e u s M a s u m a v e z n a v i d a E u v o u v i v e r a v i d a q u e e u p e d i a D e u s Da cor do pecado Bororó Elis especial – 1968 Esse corpo moreno, Cheiroso e gostoso Que você tem É um corpo delgado, Da cor do pecado, Que faz tão bem Esse beijo molhado, Escandalizado, Que você deu Tem sabor diferente, Que a boca da gente Jamais esqueceu E quando você me responde Umas coisas com graça, A vergonha se esconde Porque se revela A maldade da raça. Esse corpo, de fato, Tem cheiro de mato, Saudade, tristeza, Essa simples beleza. Esse corpo moreno, Morena enlouquece. Eu não sei bem porque Só sinto na vida O que vem de você 32
  • 35. Corrida de jangada Edu Lobo/José Carlos Capinam Elis especial – 1968 Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969 Meu mestre deu a partida é hora, vamos embora Pros rumos do litoral, vamos embora Na volta eu venho ligeiro, vamos embora Eu venho primeiro pra tomar seu coração É hora, É hora, vamos embora É hora, vamos embora, é hora vamos embora Vamos embora, ora vamos embora É hora, vamos embora, é hora vamos embora Viração, virando vai Olha o vento, a embarcação Minha jangada não é navio, não Não é vapor nem avião Mas carrega tanto amor Dentro do meu coração Sou seu mestre, meu proeiro Sou segundo, sou primeiro Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar Mestre, proeiro, segundo, primeiro Reta de chegar, reta de chegar Meu barco é procissão minha terra é minha igreja Noiva é meu rosário No seu corpo vou rezar Minha noiva é meu rosário No seu corpo vou rezar Ora, Ora vamos embora Vamos embora,vamos embora Vamos embora,vamos embora É hora, vamos embora, é hora vamos embora Nego, vamos embora Velho, vamos embora, nego, vamos embora Vamos, vamos embora, ora, vamos embora É hora, vamos embora,é hora vamos embora Carta ao mar Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Elis especial – 1968 Me multiplicando em sol Tento uma canção pra você Trago flores, girassóis Não me importa mal me querer O que vai de mim, vem De um desejo imenso de ser outra vez Um barco, um azul Outra vez, de tarde, morrer Céu sem naves espaciais Flores, só naturais Só nós dois e as coisas banais Mas não, pra quê Pra que mundo, segue o mundo Sem o mar, sem amar De que vale o som sideral Ou a rima mais genial Se o amor está aqui neste sal Neste encontro franco e frontal Nesse barco longe do mundo Toda a nossa vida e um segundo Pra dizer do amar que voltei Que sou do mar Sou do mar Do mar Sou viramundo virado Nas rondas da maravilha Cortando a faca e facão Os desatinos da vida Gritando para assustar A coragem da inimiga Pulando pra não ser preso Pelas cadeias da intriga Prefiro ter toda a vida A vida como inimiga A ter na morte da vida Minha sorte decidida Sou viramundo virado Pelo mundo do sertão Mas inda viro este mundo Em festa, trabalho e pão Virado será o mundo E viramundo verão O virador deste mundo Astuto, mau e ladrão Ser virado pelo mundo Que virou com certidão Ainda viro este mundo Em festa, trabalho e pão Tributo à Mangueira Elis especial – 1968 MANGUEIRA (Assis Valente/Zequinha Reis) Nao há, nem pode haver Como Magueira não há O samba vem de lá, alegria também Morena faceira só Mangueira tem FALA, MANGUEIRA! (Mirabeau/Milton de Oliveira) Fala, Mangueira, fala Mostra a força da tua tradição Com licença da Portela, Favela Mangueira mora no meu coração EXALTACAO À MANGUEIRA (Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa) Mangueira teu cenário é uma beleza Qua a natureza criou, ô ô O morro com seus barracões de zinco Quando amanhece, que esplendor! Todo mundo te conhece ao longe Pelo som do teu tamborim E o rufar do teu tambor Chegou ô ô a Mangueira, chegou! LEVANTA MANGUEIRA (Luis Antonio) Levanta, Mangueira, a poeira do chão Samba de coração Ai, mostra a sandália de prata da mulata Acorda a cuíca e o tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim Levanta Mangueira, a poeira do chão Samba de coração DESPEDIDA DA MANGUEIRA (Aldo Cabral/Benedito Lacerda) Em Mangueira na hora da minha despedida Todo mundo chorou, todo mundo chorou Foi pra mim a maior emoção da minha vida pois em Mangueira o meu coracao ficou PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO (Ary Barroso) Ficou pra machucar meu coracao! 33 Gilberto Gil/José Carlos Capinam Elis especial – 1968 Vira mundo
  • 36. Qui êtes-vous? Si tu m'aimes, tu dois deviner Aujourd'hui tous les deux on se cache Derrière nos masques Pour se demander Qui êtes-vous? Dites vite Dis-moi à quel jeux tu m'invites Je voudrais me fondre à ta suite Je voudrais qu'on prenne la fuite Moi, je vagabonde, poète et chanteur J'ai perdu la ronde qui mène au bonheur Moi, je cours les routes Je reste chez moi L'amour me déroute Je n'y croyais pas... Moi, dans la fanfare je porte un drapeau Modestie à part, je joue bien du pipeau Je suis si fragile J'ai dix ans de trop Je suis colombine Je suis pierrot Mais c'ést Carnaval et qu'importe aujourd'hui qui tu es Demain tout redeviendra normal Demain tout va finir, laissons le temps courir Laisse au jour sa lumière Aujourd'hui je suis ce que tu attends de moi Si tu veux laissons faire, on verra Peut-être que demain on se retrouvera Peut-être que demain on se reconnaîtra La, la, la, la... Noite dos mascarados (La nuit des masques) Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh) 34 Noite dos Mascarados Chico Buarque Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque) Ele: Quem é você? Ela: Adivinhe, se gosta de mim Os dois: Hoje os dois mascarados Procuram os seus namorados Perguntando assim: Ele: Quem é você, diga logo Ela: Que eu quero saber o seu jogo Ele: Que eu quero morrer no seu bloco Ela: Que eu quero me arder no seu fogo Ele: Eu sou seresteiro Poeta e cantor Ela: O meu tempo inteiro Só zombo do amor Ele: Eu tenho um pandeiro Ela: Só quero um violão Ele: Eu nado em dinheiro Ela:Não tenho um tostão Fui porta-estandarte Não sei mais dançar Ele: Eu, modéstia à parte Nasci pra sambar Ela: Eu sou tão menina Ele: Meu tempo passou Ela: Eu sou Colombina Ele: Eu sou Pierrot Os dois: Mas é carnaval Não me diga mais quem é você Amanhã, tudo volta ao normal Deixe a festa acabar Deixe o barco correr Deixe o dia raiar Que hoje eu sou Da maneira que você me quer O que você pedir Eu lhe dou Seja você quem for Seja o que Deus quiser Seja você quem for Seja o que Deus quiser
  • 37. Deixa Baden Powell/Vinícius de Morais Elis Regina em Paris – 1968 Deixa, Fale quem quiser falar, meu bem. Deixa, Deixe o coração falar também, Porque ele tem razão demais quando se queixa. Então a gente deixa, deixa, deixa, Deixa, Ninguém vive mais do que uma vez. Deixa, Diz que sim prá não dizer talvez. Deixa, A paixão também existe. Deixa, Não me deixe ficar triste. A noite do meu bem (La nuit de mon amour) Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh Elis Regina em Paris – 1968 Ce soir Je veux trouver la rose la plus belle Et la première étoile qui m'appelle Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je veux la paix des enfants qui s'endorment Je veux l'écho d'une vie qui se forme Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je veux la joie d'un voilier qui s'élance Et l'abandon d'une main qui s'avance Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je voudrais toute la beauté du monde Pour que ce soit la nuit la plus profonde Puisqu'elle sera la nuit de mon amour Pourtant Ces joies soudain me semblent incertaines Je ne peux croire qu'elle serait vaine Cette espérance qui me vient de toi Ah... Mais cet amour tant me tarde à venir Que je ne sais plus comment retenir Cette tendresse Que je veux offrir... Tristeza Haroldo Lobo/Niltinho Elis Regina em Paris – 1968 Tristeza, Por favor vai embora, Minha alma que chora, Está vendo o meu fim, Fez do meu coração a sua moradia, Já é demais o meu penar, Quero voltar àquela vida de alegria, Quero de novo cantar. La, ra, ra, ra, La, ra, ra, ra, ra, ra, La, ra, ra, ra, ra, ra, Quero de novo cantar. Aquarela do Brasil / Nega do cabelo duro Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Saudade do Brasil – 1980 AQUARELA DO BRASIL (Ary Barroso) Ô, ôi essas fontes murmurantes Ôi onde eu mato a minha sede E onde a lua vem brincá Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro Brasil! Brasil! Prá mim... prá mim... NÊGA DO CABELO DURO (Rubens Soares/David Nasser) Nêga do cabelo duro, Qual é o pente que te penteia ? Qual é o pente que te penteia ? Qual é o pente que te penteia ? Quando tu entras na roda, O teu cabelo serpenteia, O teu cabelo está na moda, Qual é o pente que te penteia ? Um novo rumo Artur Verocal/Geraldo Flach I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968) Vou caminhando sem caminho Em cada passo vou levando meu cansaço O que me espera? Uma terra, um desencontro A cidade, a claridade E essa estrada não tem volta Lá se solta o fim do mundo Um fim incerto que me assusta Longe ou perto, se prepara Ninguém para para pensar Para olhar a dor que chora a morte De um valente lutador Quem fui, já não sou Vou chegando à encruzilhada descobrir Um caminho e uma nova direção Onde piso vou deixando o que não sou Vou para luta Não paro não Vou para luta, agora eu vou Não paro não Tem tanta gente que se vai A imensidão do seu querer Querendo vida sem a morte Ser mais forte sem sofrer E ter certeza sem buscar Ganhar o amigo sem se dar Sem semear, colher o amor O amor ferido pela guerra Quem na terra desconhece Aparece sem valor Ergo meu braço qual alguém Que já caiu mas levantou Quem fui, já não sou Vou chegando à encruzilhada descobrir Um caminho e uma nova direção Onde piso vou deixando o que não sou Vou para luta Não paro não Vou para luta, agora eu vou Não paro não 35
  • 38. O sonho Egberto Gismonti Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Sinto que é hora Salto Meu foguete some queimando espaço Tudo vejo e abraço A vaidade Estou morando em pleno céu Namorando o azul Ando no espaço louco Meu foguete segue deixando traços Entre estrelas vejo a liberdade E fotografo todo o céu E revelo paz Busco cores e imagens Faltam pássaros e flores Coração na mão Corpo solto Estou entre estrelas Vou deitar neste luar Indo de encontro ao riso Do quarto minguante E o sol queimando A pele branca Despertando Vejo a cama e meu amor Acordado estou Choro… Choro… Choro… Vera Cruz Milton Nascimento/Márcio Borges Elis, como e porque – 1969 Hoje foi que a perdi Mas onde, já nem sei Me levo para o mar Em Vera me larguei E deito nesta dor Meu corpo, sem lugar Ah! quisera esquecer A moça que se foi De nossa Vera Cruz E o pranto que ficou Do norte que sonhei Das coisas do lugar Nos rios me larguei Correndo sem parar Buscava Vera Cruz Nos campos e no mar Mas ela se soltou Pra longe se perdeu Quero em outra mansidão Um dia ancorar E ao vento me esquecer Que ao vento me amarrei E nele vou partir Atrás de Vera Cruz Ah! quisera encontrar A moça que se foi Do lar de Vera Cruz E o pranto que ficou Do norte que perdi Das coisas do lugar Giro Antonio Adolfo/Tibério Gaspar Elis, como e porque – 1969 Elis Regina in London – 1969 Hoje a cidade inteira se enfeitou Coberta de alegria, a noite serenou A casa branca, praça e chafariz Da rua principal à porta da matriz Tem lua acesa clareando o chão Tem moça pra dançar de saia de algodão Tem violeiro violando o amor Cantando em verso a paz, desponta um cantador De ponta a ponta Bandas e cordões E a lua tonta Gira os corações No giro, dança Quem quer se alegrar Velho ou criança Vem que tem lugar Sobe o foguete acarinhando o céu E a rua floresceu bandeiras de papel A vida em festa num giro girou Tristeza adormeceu e a noite serenou O barquinho Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969 Dia de luz festa de sol E o barquinho a navegar No macio azul do mar Tudo é verão o amor se faz Num barquinho pelo mar Que desliza sem parar Sem intenção nossa canção Vai saindo deste mar e o sol Beija o barco e luz, dias tão azuis Festa do mar, desmaia o sol E o barquinho a deslizar E a vontade de cantar Céu tão azul, ilhas do sul E o barquinho coração Deslizando na canção Tudo isso é paz, tudo isso traz Uma calma de verão e então O barquinho vai, a tardinha cai O barquinho vai Andança Danilo Caymmi/Edmundo Souto Elis, como e porque – 1969 Vim.Tanta areia andei Da lua cheia eu sei Uma saudade imensa Vagando em verso eu vim Vestida de cetim Na mão direita rosas vou levar Me dá amor Amor Me leva amor Por onde for quero ser seu par Rodei de roda andei Dança da moda eu sei Cansei de se sozinha Verso encantado usei Meu namorado é rei Nas lendas do caminho onde andei Me dá amor Amor Me leva amor Por onde for quero ser seu par Récit de Cassard Michel Legrand/Jacques Deny Elis, como e porque – 1969 Autrefois, j'ai aimé une femme Elle ne m'aimait pas, on l'appellait Lola Autrefois. Déçu, j'ai voulu l'oublier Alors j'ai quitté la France, je suis allé au bout du monde je ne pense qu'à elle j'ai voulu vous parler franchement vous ne m'en voulez pas il n'est pas question d'influencer Genevieve, Genevieve est libre 36
  • 39. Memórias de Marta Saré Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Elis, como e porque – 1969 A casa lá da fazenda A lua clareando a porta Deixando o brilho claro Nas pedras dos degraus Cristal de lua Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro O rosário obrigatório A janta lá na cozinha Todo dia à mesma hora As estórias de Dorinha Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro A lanterna azul partida A dor, a palmatória, a raiva A cantiga mais sentida Um galope de cavalo Mestre severino Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro Bate forte o coração Dor no peito magoado O sorriso mais sem jeito Do primeiro namorado Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro Moço Severino Por do sol Pra dentro Marta Saré Samba da Pergunta Pingarrilho/Marcos Vasconcelos Elis, como e porque – 1969 Ela agora mora só no pensamento Ou então no firmamento Em tudo que no ceu viaja Pode ser um astronauta Um passarinho Pé de vento Pipa de papel de seda Quem sabe um balãozinho Ou estar num asteróide Na estrela Dalva que daqui se olha Pode estar morando em Marte Nunca mais se soube dela Desapareceu Wave Tom Jobim Aquarela do Brasil – 1969 Saudade do Brasil – 1980 Vou te contar, Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho O resto é mar, É tudo que eu nem sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho Da primeira vez era a cidade Da segunda o cais e a eternidade Agora eu já sei Da onda que se ergueu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver A volta Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969 Quero ouvir a sua voz E quero que a canção seja você E quero, em cada vez que espero Desesperar, se não te vir É triste a solidão É longe o não te achar Que lindo é o seu perdão Que festa é o seu voltar Mas quero que você me fale Que você me cale Caso eu perguntar Se o que a faz tão linda Foi sua pressa de voltar Levanta e vem correndo Me abraça e sem sofrer Me beija longamente O quanto a solidão precisa para morrer A time for love Webster/John Mandel Elis Regina in London – 1969 A time for summer skies For humming-birds and butterflies For tender words that harmonize with love A time for climbing hills For leaning out of window sills Admiring the daffodils above. A time for holding hands together A time for rainbow colored weather A time of make believe that we've been draming of As time goes drifting by The willow bends and so do I But oh, my friends, what ever sky above I've known a time for spring, a time for fall But best of all A time for love 37
  • 40. Minha Francis Hime/Ruy Guerra Elis no Teatro de Praia – 1970 Minha Vai ser minha Desde a hora Que nasceste Minha Não te encontro Só sei que estas perto E tão longe No silêncio Noutro amor Ou numa estrada Que não deixa Seres minha Como sejas Onde estejas Vou te achar Vou me entregar Vou te amar E é tanto, tanto amor Que até pode assustar Não temas essa imensa sede Que ao teu corpo vou levar Minha és e sou só teu Sai de onde estás pra eu te ver Pois tudo tem que acontecer Tem de ser Tem de ser Vem para sempre Para sempre Irene Caetano Veloso Elis no Teatro de Praia – 1970 Eu quero ir, minha gente Eu não sou daqui Eu não tenho nada Quero ver irene rir Quero ver irene dar sua risada Se você pensa Roberto Carlos/Erasmo Carlos Elis Regina in London – 1969 Elis no Teatro de Praia – 1970 Se você pensa que vai fazer de mim O que faz com todo mundo que te ama Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar Você tem a vida inteira pra viver E saber o que é bom e o que é ruim Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim Daqui pra frente, tudo vai ser diferente Você tem que aprender a ser gente O teu orgulho não vale nada Você não sabe Nem nunca procurou saber Que quando a gente ama pra valer O bom é ser feliz e mais nada W a t c h w h a t h a p p e n s Norman Gimbel/Michel Legrand Elis Regina in London – 1969 Let someone start believing in you, Let him hold out his hand Let him touch you and watch what happens One someone who can look in your eyes, And see into your heart Let him find you and watch what happens Cold, no I won't believe your heart is cold Maybe just afraid to be broken again Let someone with a deep love to give Give that deep love to you, And what magic you'll see Let someone give his heart, someone who cares like me Let someone give his heart who cares like me H o w i n s e n s i t i v e (Insensatez) Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel Elis Regina in London – 1969 How insensitive I must have seemed When he told me that he loved me How unmoved and cold I must have seemed When he told me so sincerely Why he must have asked Did I just turn and stare in icy silence What was I to say? What can you say When a love affair is over? Why he must have asked Did I just turn and stare in icy silence What was I to do? What can one do When a love affair is over? So now he's gone away And I'm alone With a memory of her last look Vague and drawn and sad I see it still All the heartbreak in his last look How he must have asked, Could I just turn and stare in icy silence What was I to do? What can one do When a love affair is over? Perdão não tem Edson Arantes do Nascimento Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé) Não Não vá embora não Porque a saudade Vai ficar em seu lugar Não me faça sofrer A sua ausência Tenha paciiencia Não vá embora Não me deixes não Quando você chegou Foi recebida de braços abertos Jurava me dar amor Ser boazinha E não falar em ir embora Agora depois de tanto tempo Quer partir sem dizer qual a razão Não vá, meu bem Porque depois, perdão não tem Vexamão Edson Arantes do Nascimento Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé) Outro dia Me pegaram de surpresa Me deram um violão E fizeram eu cantar Eu todo desajeitado Cantando tudo errado Sem saber como parar Foi um tremendo de um vexame Mas o engraçado É que eu cantava errado E os “puxa” achava bom Estava o rádio Jornal e a televisão E eu todo sem graça Só fazia láralá 38