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10 Sermões 
Por Robert Murray M'Cheyne 
VOLUME 2 
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Sumário 
Prefácio.............................................................................................................................................3 
Reformação Pessoal e na Oração Secreta....................................................................................4 
Sermão 1 – A Voz do Meu Amado ...............................................................................................14 
Sermão 2 – O Amor de Cristo.......................................................................................................24 
Sermão 3 – Pai, Eu Quero.............................................................................................................34 
Sermão 4 – Olhe para um Cristo traspassado............................................................................48 
Sermão 5 – Cristo, o Único Refúgio.............................................................................................55 
Sermão 6 – Pode uma Mulher Esquecer......................................................................................64 
Sermão 7 – Gloriando-se na Cruz de Cristo................................................................................70 
Sermão 8 – Feliz és tu, ó Israel.....................................................................................................76 
Sermão 9 – Cristo, a Porta para a Igreja......................................................................................85 
Sermão 10 – Motivos para Agarrar-se a Jesus...........................................................................89 
UMA BIOGRAFIA DE ROBERT MURRAY M'CHEYNE.................................................................93
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Prefácio 
Nosso coração transborda de gratidão e nossa boca de riso, pois alegre e reverentemente reconhecemos: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras. E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.” (Isaías 26:12; Salmos 90:17). 
Este é o segundo volume dos 10 Sermões, por Robert Murray M'Cheyne. Os primeiros 10 sermões têm sido abençoadores, o nosso forte anseio é que estes sejam tanto quanto ou mais do que aqueles, e prosperem naquilo que a Deus aprouver. 
Este sermões são muito preciosos aos nossos olhos, cada um deles nos traz doces lembran- ças e excelentes meditações. A pena do mui amado Sr. M’Cheyne é como que cheia da luz do conhecimento de Deus e do calor da piedade bíblica. Aqui há a Doutrina que é segundo a verdadeira piedade. 
Muito anelamos que mais e mais almas possam se beneficiar desses sermões simples, mui bíblicos e por isso belos, confortadores, edificantes. Aqui há amor e um coração fervendo com palavras boas ao Noivo de nossas almas. Acredito que a maior necessidade de nosso dias é de homens que amem a Cristo mais do que tudo, e sejam constrangidos por este amor a ponto de O seguirem em todo o tempo, com espadas de dois fios nas mãos e com os altos louvores nas gargantas, com vestes alvas e óleo puro sobre suas cabeças redimidas, que- brantadas. Onde estão os homens que amam a Jesus Cristo mais do que tudo? Deus o sabe. 
O desejo de nosso coração é que a trombeta que soou por Dundee, na Escócia, há quase duzentos anos atrás com toque suave e impetuoso, toque outra vez, mas agora no Brasil, que a suavidade console os santos; e o estrugir impetuoso desperte os mortos de seu sono terrível, e os descuidados de Sião, sejam alertados pelo som certo, solene e urgente do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. 
Que o Senhor lhe conceda Sua Livre a Soberana Graça, para que te lembres desta palavras na glória e bem-aventurança eterna, no Céu, ao lado de nosso mui Amado Senhor e Salvador Jesus Cristo; e não no inferno na companhia de Satanás e seu demônios, e não em tormentos eternos. Nas palavras do piedoso pregador escocês: “Pode ser verdadeiramente dito para todo pecador que lerá estas palavras, que você foi agora chamado, advertido, convidado a escapar da ira vindoura, e para lançar-se a Cristo, que está posto diante de você. Se você não obteve o suficiente para salvar-se, você obteve o suficiente para condenar-te.” 
William Teixeira. São Paulo, 10 de maio de 2014.
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Reformação Pessoal e Na Oração Secreta 
O Sr. M'Cheyne intitula o exame de seu coração e vida de “Reforma” e este começa assim: 
É dever dos ministros neste dia, que comecem a reforma da religião e maneiras neles mesmos, famílias, etc., com confissão de pecados passados, fervente oração por direção, graça e pleno propósito de coração. Malaquias 3:3 – “[Ele] purificará os filhos de Levi”. Os ministros são colocados à parte, por um tempo para esta finalidade. 
I. Reforma Pessoal 
Estou convencido de que obterei a maior quantidade de felicidade presente, farei mais para a glória de Deus e o bem do homem, e terei a plena recompensa na eternidade, através da manutenção de uma consciência sempre lavada no sangue de Cristo, por ser cheio do Espírito Santo em todos os momentos e por obter mais de toda a semelhança com Cristo em mente, vontade e coração, que seja possível para um pecador redimido alcançar neste mundo. 
Estou convencido de que, sempre que qualquer um exteriormente, ou o meu coração interiormente, a qualquer momento, ou em qualquer circunstância, contradiz isto – se alguém deve insinuar que não é para a minha felicidade presente e eterna, e para a glória de Deus e minha utilidade, a manutenção de uma consciência lavada pelo sangue, o ser completamente cheio do Espírito e ser totalmente conforme à imagem de Cristo em todas as coisas – isto é a voz do Diabo, o inimigo de Deus, o inimigo de minha alma e de todo o bem, a mais tola, ímpia e miserável de todas as criaturas. Veja Provérbios 9:17: “As águas roubadas são doces”. 
1. Para manter uma consciência livre de ofensa, estou convencido de que eu devo confessar mais os meus pecados. Eu penso que eu devo confessar o pecado no momento em que eu perceba que isto seja pecado. Se eu estiver no trabalho, ou em estudo, ou mesmo na pregação, a alma deve lançar um olhar de aversão ao pecado. Se eu continuar com o serviço, deixando o pecado não confessado, eu prossigo com a consciência sobrecarregada, e acrescento pecado a pecado. Eu penso que devo, em certos momentos do dia – no meu melhor momento – digo, depois do almoço e depois do chá, confessar solenemente os pecados das horas anteriores, e buscar a sua remissão completa.
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Encontro que o Diabo frequentemente faz uso da confissão de pecado para agitar novamente o mesmo pecado confessado em novo exercício, de modo que eu tenho medo de me debruçar sobre a confissão. Devo solicitar Cristãos experientes sobre isso. No momento, eu acho que devo me esforçar contra este terrível abuso da confissão, em que o Diabo tenta me assustar ao confessar. Eu devo obter todos os métodos para perceber a vileza dos meus pecados. Eu devo me considerar como um ramo condenado de Adão, como participante de uma natureza oposta a Deus desde o ventre materno (Salmos 51), como tendo um coração cheio de toda a maldade, que contamina cada pensamento, palavra e ação, durante toda a minha vida, desde o nascimento até a morte. Eu devo confessar muitas vezes os pecados da minha mocidade, como Davi e Paulo, meus pecados antes da conversão, os meus pecados desde a conversão, pecados contra a luz e conhecimento, contra o amor e a graça, contra cada pessoa da Divindade. Eu devo olhar para os meus pecados à luz da santa lei, à luz da face de Deus, à luz da cruz, à luz trono de julgamento, à luz do inferno, à luz da eternidade. Eu devo examinar os meus sonhos, meus pensamentos vagueantes, minha predileções, minhas ações recorrentes, meus hábitos de pensamento, sentimento, palavra e ação; as calúnias de meus inimigos e as reprovações e até gracejos dos meus amigos, para descobrir os traços de meu pecado predominante, assunto para a confissão. Eu devo ter um dia estabelecido de confissão, com jejum, digamos, uma vez por mês. Eu devo ter um número de escritos assinalados, para trazer o pecado à lembrança. Eu devo fazer uso de todas as aflições do corpo, do julgamento interior, das carrancas da providência sobre mim mesmo, da casa, da paróquia, da igreja, ou do país, como apelos de Deus para confissão de pecado. Os pecados e aflições dos outros homens devem me chamar para o mesmo. Eu devo, nas noites de Sabath, e nas noites de Comunhão de Sabath, ter um cuidado especial para confessar os pecados de coisas sagradas. Eu devo confessar os pecados de minhas confissões, suas imperfeições, objetivos pecaminosos, tendência hipócrita, etc., e olhar para Cristo como tendo confessado meus pecados perfeitamente sobre Seu próprio sacrifício. 
Eu devo ir a Cristo para o perdão de cada pecado. Ao lavar o meu corpo, eu passar por cima de cada parte, e lavo-as. Devo ser menos cuidadoso ao lavar a minha alma? Eu devo ver o golpe que foi feito nas costas de Jesus por cada um dos meus pecados. Eu devo ver a infinita pontada impressa através da alma de Jesus como uma eternidade de meu inferno por meus pecados, e por todos eles. Eu devo ver que naquele derramamento de sangue de Cristo há um infinito pagamento excessivo por todos os meus pecados. Embora Cristo não tenha sofrido mais do que a justiça infinita exigiu, contudo Ele não poderia sofrer em absoluto, sem estabelecer um resgate infinito.
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Sinto, quando eu peco, uma relutância imediata para ir a Cristo. Tenho vergonha de ir. Sinto como se não fizesse nenhum bem em ir – como se estivesse fazendo de Cristo um ministro do pecado, indo direto da calha do suíno para a melhor veste, e mil outras desculpas; mas estou certo de que essas são todas mentiras, diretas do inferno. João argumenta o caminho oposto: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai” [1 João 2:1]; Jeremias 3:1, e mil outras Escrituras são contra isso. Estou certo de que não há nem paz nem segurança provinda do mais profundo pecado, mas em ir diretamente para o Senhor Jesus Cristo. Este é o caminho de Deus, da paz e da santidade. É tolice para o mundo e para o coração obscurecido, mas este é o caminho. 
Eu nunca devo considerar um pecado pequeno demais para não necessitar da aplicação imediata do sangue de Cristo. Se eu lançar fora uma boa consciência, em relação à fé, eu faço naufrágio. Nunca devo pensar que os meus pecados são tão grandes, tão agravados, tão presunçosos, como quando feitos de joelhos, ou na pregação, ou em um leito de morte, ou durante uma doença perigosa, para me impedir de fugir para Cristo. O peso dos meus pecados deve agir como o peso de um relógio: quanto mais pesado ele é, mais rápido ele o faz ir. 
Eu não devo apenas me lavar no sangue de Cristo, mas vestir-me da obediência de Cristo. Para cada pecado de omissão em mim, que eu possa encontrar uma obediência divinamente perfeita pronta para mim em Cristo. Para cada pecado de comissão em mim, que eu não apenas possa encontrar um golpe ou uma ferida em Cristo, mas também uma perfeita prestação da oposta obediência em meu lugar, para que a lei seja magnificada, a sua maldição mais do que cumprida, sua demanda mais do que respondida. 
Muitas vezes a Doutrina de Cristo parece-me comum, bem conhecida, não tendo nada de novo nela. E sou tentado a passar por ela e ir para alguma Escritura mais atrativa. Isto é o Diabo de novo; uma mentira em brasa. Cristo é para nós sempre novo, sempre glorioso. “Riquezas incompreensíveis de Cristo” [Efésios 3:8]; um objeto infinito e o único para uma alma culpada. Eu devo ter um número de Escrituras disponíveis, que conduzam a minha alma cega diretamente para Cristo, tal como Isaías 45 e Romanos 3. 
2. Para ser cheio do Espírito Santo, estou certo de que eu devo estudar mais a minha própria fraqueza. Que eu devo ter um número de Escrituras prontas para serem meditadas, como Romanos 7, João 15, para convencerem-se de que eu sou um verme desamparado. 
Sinto-me tentado a pensar que eu sou agora um Cristão confirmado, que eu venci este ou aquele desejo há muito, que eu adquiri o hábito da graça oposta, de modo que não há
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temor; que eu posso aventurar-me muito perto da tentação, mais perto do que os outros homens. Isto é uma mentira de Satanás. Assim como eu posso falar da pólvora adquirindo por hábito, um poder de resistir ao fogo, de modo a não produzir a faísca. Enquanto o pó está molhado, ele resiste à faísca, mas quando ele se torna seco, está pronto a explodir ao primeiro toque. Enquanto o Espírito habita em meu coração, Ele me amortece para o pecado, de modo que, se legalmente chamado a passar pela tentação, eu posso confiar que Deus me conduz. Mas quando o Espírito me deixa, eu sou como pólvora seca. Ó, uma percepção disso! 
Sinto-me tentado a pensar que há alguns pecados pelos quais não tenho gosto natural, como a bebida forte, linguagem profana, etc., de forma que eu não preciso temer a tentação por tais pecados. Isto é uma mentira, uma mentira orgulhosa, presunçosa. As sementes de todos os pecados estão em meu coração, e talvez de todas as mais perigosas são as que eu não vejo. 
Eu deveria orar e trabalhar pela mais profunda sensibilidade de minha fraqueza e impotência do que jamais um pecador foi levado a sentir. Estou desamparado em relação a cada concupiscência que sempre esteve, ou sempre estará no coração humano. Sou um verme, uma besta diante de Deus. Muitas vezes eu tremo ao pensar que isso é verdade. Eu sinto como se não fosse seguro a mim, renunciar a toda força que habita interiormente, como se fosse perigoso que eu sinta (o que é verdade) que não há nada em mim guardando-me do pecado mais grosseiro e mais vil. Esta é uma ilusão do Diabo. Minha única segurança é saber, sentir e confessar minha impotência, para que eu possa pendurar-me no braço da Onipotência. Eu diariamente desejo que o pecado fosse erradicado do meu coração. Eu digo: “por que Deus permite a raiz de lascívia, orgulho, raiva e etc. no meu seio? Ele odeia o pecado, e eu o odeio também; por que Ele não o purifica?” Eu conheço muitas respostas a isto que satisfazem completamente o meu julgamento, mas ainda assim, não me sinto satisfeito. Isso é errado. É correto estar cansado de estar pecando, mas não é correto brigar com meu presente “bom combate da fé”. As quedas em pecado de professos me fazem tremer. Eu tenho sido afastado da oração, e sobrecarregado de uma forma temerosa por ouvir ou ver o seu pecado. Isso é errado. É correto tremer, e fazer de cada pecado de todo professo uma lição da minha própria impotência, mas isso deveria levar-me mais para Cristo. Se eu estivesse mais profundamente convencido de meu completo desamparo, penso que não ficaria tão alarmado quando ouço das quedas de outros homens. Eu devo estudar aqueles pecados em que sou mais impotente, em que a paixão se torna como um furacão e eu como uma palha. Nenhuma figura de linguagem pode representar a minha absoluta falta de poder para resistir à torrente de pecado. Eu devo estudar mais a onipotência de Cristo: Hebreus 7:25, 1 Tessalonicenses 5:23, Romanos 6:14, 5:9, Romanos 10 e Escrituras semelhantes
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deveriam estar sempre diante de mim. O espinho de Paulo, 2 Coríntios 12, é a experiência da maior parte da minha vida. Isso deve estar sempre diante de mim. Existem muitos métodos auxiliares de buscar a libertação dos pecados, que não devem ser negligenciados, como: casamento, 1 Coríntios 7:2; fuga, 1 Timóteo 6:11, 1 Coríntios 6:18; vigiar e orar, Mateus 26:41; a Palavra, “está escrito, está escrito”, Assim, Cristo Se defen- deu em Mateus 4. Mas a defesa principal é lançar-me nos braços de Cristo como uma criança indefesa, e suplicar-Lhe que me encha com o Espírito Santo. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”, João 5:4-5, uma passagem maravilhosa. 
Eu devo estudar mais sobre Cristo como um Salvador, como um Pastor, carregando a ovelha que Ele encontra; como um Rei, reinando nas e sobre as almas que Ele redimiu; como um Capitão, lutando contra aqueles que lutam comigo, Salmos 35; como Aquele que se comprometeu a conduzir-me através de todas as tentações e provações, mesmo impossíveis para a carne e sangue. 
Muitas vezes sou tentado a dizer: “Como pode este Homem nos salvar? Como Cristo no céu pode livra-me das paixões furiosas que sinto em mim, e das redes que sinto prendendo-me?” Isto é o pai da mentira novamente! “Ele pode salvar perfeitamente” [Hebreus 7:5]. 
Eu devo estudar sobre Cristo como um Intercessor. Ele orou mais por Pedro, que era o mais tentado. Eu estou em Seu peitoral. Se eu pudesse ouvir Cristo orando por mim na sala ao lado, eu não temeria um milhão de inimigos. Ainda assim, a distância não faz diferença; Ele está orando por mim. 
Eu devo estudar mais sobre o Consolador, Sua Divindade, Seu amor, Sua onipotência. Tenho encontrado por experiência que nada me santifica tanto quanto meditar sobre o Consolador, como João 14:16. E ainda assim, como é raro que eu faça isso! Satanás me afasta disso. Muitas vezes sou como aqueles homens que disseram que não sabiam que havia algum Espírito Santo. Eu nunca devo esquecer que meu corpo é habitado pela terceira Pessoa da Trindade. Somente pensar nisso, deve fazer-me tremer a pecar; 1 Coríntios 6. Eu nunca devo esquecer que o pecado entristece o Espírito Santo, irrita e extingue-O. Se eu quero ser cheio do Espírito Santo, sinto que devo ler mais a Bíblia, orar mais, e vigiar mais. 
3. Para obter plena semelhança a Cristo, eu devo ter uma alta estima da bem- aventurança disso. Estou persuadido de que a alegria de Deus está inseparavelmente ligada à Sua santidade. Santidade e alegria são como luz e calor. Deus nunca provou dos prazeres do pecado.
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Cristo teve um corpo como o que eu tenho, mas Ele nunca provou um dos prazeres do pecado O redimido, por toda a eternidade, nunca provará um dos prazeres do pecado. Ainda assim, a sua felicidade é completa. Seria minha maior felicidade ser desde já inteiramente como eles. Cada pecado é algo distante de meu maior prazer. O Diabo se esforça dia e noite para me fazer esquecer isso ou não acreditar nisso. Ele diz: Por que você não desfruta deste prazer, tanto quanto Salomão ou Davi? Você pode ir para o céu também. Estou convencido de que isso é uma mentira. Que a minha verdadeira felicidade seja prosseguir e não mais pecar. 
Eu não devo adiar o abandono de pecados. Agora é o tempo de Deus. “Apressei-me, e não me detive” [Salmos 119:60]. Eu não deveria poupar os pecados, porque eu tenho há muito tempo consentido com eles como enfermidades, e outros achariam estranho se eu devesse mudar tudo de uma vez. Que ilusão miserável de Satanás isto é! 
Tudo o que eu percebo ser pecado, eu devo, a partir desta hora, estabelecer toda a minha alma contra ele, usando todos os métodos bíblicos para mortifica-lo, como as Escrituras, oração especial pelo Espírito, jejum, vigilância. 
Eu deveria observar rigorosamente as ocasiões em que eu caí, e evitar a ocasião, tanto quanto o próprio pecado. 
Satanás muitas vezes me tenta a ir tão perto quanto possível das tentações, sem cometer o pecado. Isto é temeroso, tenta a Deus e entristece o Espírito Santo. É uma trama profunda colocada por Satanás. 
Eu devo fugir de toda a tentação, de acordo com Provérbios 4:15: “Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo”. Eu devo, constantemente, derramar o meu coração a Deus, orando por inteira conformidade com Cristo, para que toda a lei seja escrita no meu coração. Eu devo resoluta e solenemente entregar meu coração a Deus, entregar o meu tudo em Seus braços eternos, de acordo com a oração, Salmos 31; “Nas tuas mãos entrego o meu espírito”, suplicando-Lhe para não deixar que qualquer iniquidade, secreta ou presunçosa, tenha domínio sobre mim e me encha de toda graça que está em Cristo no mais elevado nível que for possível para pecador redimido recebê- la, e em todos os momentos, até a morte. 
Eu devo meditar muitas vezes no céu como um mundo de santidade, onde todos são santos, onde a alegria é uma alegria santa, a obra uma obra santa; de modo que, sem a santidade pessoal, eu nunca posso estar ali. Eu devo evitar a aparência do mal. Deus me
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ordena, e eu encontro que Satanás tem uma arte singular em associar a aparência e a realidade, unindo-as. 
Eu encontro que falar de alguns pecados contamina a minha mente e me leva a tentação, e encontro que Deus proíbe até mesmo os santos de falarem das coisas que são feitas por eles em oculto. Eu deveria evitar isso. 
Eva, Acã, Davi, todos caíram através da concupiscência dos olhos. Eu devo fazer uma aliança comigo, e orar, “Desvia os meus olhos de contemplar a vaidade”. Satanás torna os homens não-convertidos como a víbora surda, ao som do evangelho. Eu devo orar para ser feito surdo pelo Espírito Santo a todos que querem me seduzir ao pecado. 
Um de meus momentos mais frequentes de ser levado à tentação é esse: Eu digo que é necessário para o meu ofício que eu escute isso, ou olhe para isso, ou fale disso. Até agora, isto é verdadeiro; ainda assim, tenho certeza que Satanás tem sua parte nesse argumento. Eu devo procurar a direção Divina para resolver o quanto isso será benéfico para o meu ministério, e quão maligno para a minha alma, para que eu possa evitar este último. 
Estou convencido de que nada está prosperando na minha alma a menos que isso esteja crescendo: “Crescei na graça”. “Senhor: Acrescenta-nos a fé”. “Esquecendo-me das coisas que atrás ficam”. Estou convencido de que eu deveria estar perguntando a Deus e ao homem que graça eu necessito, e como eu posso tornar-me mais semelhante a Cristo. Eu devo lutar por mais pureza, humildade, mansidão, paciência sob o sofrimento e amor. “Faça-me semelhante a Cristo em todas as coisas” deve ser a minha constante oração. “Enche-me com o Espírito Santo”. 
II. Reforma na Oração Secreta 
Eu não devo omitir qualquer uma das partes da oração: confissão, adoração, ação de graças, petição e intercessão. 
Há uma temerosa tendência de omitir a confissão, proveniente dos baixos pontos de vista sobre Deus e Sua lei, débeis visões de meu coração e pecados passados de minha vida. Isso deve ser resistido. Há uma tendência constante para omitir a adoração, quando eu esqueço com Quem eu estou falando, quando eu corro descuidadamente da presença do Senhor, sem lembrar-me de Seu nome e caráter temíveis, quando eu tenho pequena visão de Sua glória, e pouca admiração por Suas maravilhas. “Onde está o sábio?” Tenho a tendência natural do coração para omitir a ação de graças. Ainda assim isto é
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especialmente ordenado em Filipenses 4:6. Muitas vezes, quando o coração está egoísta, insensível para a salvação dos outros, eu omito a intercessão. Embora, este é especial- mente o espírito do grande Advogado, que tem o nome de Israel sempre em Seu coração. 
Talvez nem toda oração precise ter todas estas, mas com certeza, um dia não deveria passar sem algum espaço sendo dedicado a cada uma. 
Eu deveria orar antes de ver qualquer pessoa. Muitas vezes, quando eu durmo muito, ou encontro-me cedo com outros, e depois, tenho a oração familiar, e café da manhã, e pessoas que me procuram pela manhã, frequentemente são onze horas ou meio-dia, antes que eu comece a oração secreta. Isto é um sistema miserável. Isto é antibíblico. Cristo ressuscitou antes do amanhecer, e foi para um lugar solitário. Davi diz: “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei” [Salmos 5:3]. Maria Madalena foi ao sepulcro, sendo ainda escuro. A oração familiar perde muito de sua força e doçura; e eu não posso fazer nada de bom por aqueles que vêm me procurar. A consciência sente-se culpada, a alma em jejum, a lâmpada não avivada. Então, quando a oração secreta vem, a alma está muitas vezes fora de sintonia. Eu sinto que é muito melhor começar com Deus, ver Seu rosto primeiro, aproximar a minha alma dEle, antes que eu me aproxime de outrem. “Quando acordo ainda estou Contigo” [Salmos 139:18]. 
Se eu dormi por muito tempo, ou viajar cedo, ou se o meu tempo é de qualquer forma abreviado, é melhor vestir-me apressadamente, e ter alguns minutos a sós com Deus do que dar isto por perdido. 
Mas, em geral, é melhor ter pelo menos uma hora a sós com Deus, antes de se envolver em qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo, tenho que ter cuidado para não contar a comunhão com Deus por minutos ou horas, ou pela solidão. Tenho me debruçado sobre a minha Bíblia e de joelhos por horas, com pouca ou nenhuma comunhão, e meus momentos de solidão têm sido, muitas vezes, os de maior tentação. 
Quanto à intercessão, eu devo interceder diariamente pela minha própria família, conhecidos, parentes e amigos; também pelo meu rebanho: os crentes, os despertados, os descuidados, os doentes, os enlutados, os pobres, os ricos, meus anciãos, os professores da Escola Dominical, professores da escola diária, crianças e distribuidores de sermões; para que todos os meios sejam abençoados: a pregação e ensino de Sabath, a visita aos doentes, a visita de casa em casa; providências, sacramentos. Eu devo diariamente interceder brevemente por toda a cidade, pela Igreja da Escócia, por todos os ministros fiéis, pelas congregações vagas, estudantes de teologia e etc., pelos queridos
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irmãos nominalmente, por missionários enviados aos judeus e Gentios, e para este fim, eu preciso compreender a inteligência missionária regularmente, e familiarizar-me com tudo o que estão fazendo em todo o mundo. Isso deveria me estimular a orar com um mapa diante de mim. Tenho que ter um esquema de oração, também os nomes dos missionários marcados no mapa. Eu devo interceder, em geral, mais na manhã e noite de Sabath, das sete às oito. Talvez eu também possa tomar diferentes partes em diferentes dias; eu apenas devo pleitear diariamente por minha família e rebanho. Eu devo orar sobre tudo. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” [Filipenses 4:6]. Muitas vezes eu recebo uma carta solicitando para pregar, ou algum pedido semelhante. Encontro-me respondendo antes de ter pedido conselho a Deus. Ainda mais frequentemente uma pessoa me chama e pede-me alguma coisa, e eu não solicito direção. Muitas vezes eu saio para visitar uma pessoa doente com pressa, sem pedir Sua bênção, o que por si só pode fazer a visita de alguma utilidade. Estou convencido de que eu nunca devo fazer nada sem oração, e, se for possível, especial oração secreta. 
Ao ler a história da Igreja da Escócia, eu vejo o quanto seus problemas e tribulações têm sido relacionados com a salvação das almas e a glória de Cristo. Eu devo orar muito mais por nossa igreja, por nossos principais ministros nominalmente, e pela minha própria clara orientação no caminho correto, para que eu não seja levado a desviar-me, ou me conduza a desviar de seguir a Cristo. Muitas questões difíceis podem ser forçadas sobre nós para as quais eu não estou totalmente preparado, como a legalidade das alianças. Eu deveria orar muito mais em dias de paz, para que eu possa ser guiado corretamente quando os dias de tribulações vierem. 
Eu devo passar as melhores horas do dia em comunhão com Deus. Este é a minha mais nobre e mais frutífera ocupação, e isto não deve ser empurrado para qualquer canto. As primeiras horas da manhã, de seis às oito, são as mais ininterruptas, e, portanto, devem ser assim empregadas, se eu puder evitar a sonolência. Um pouco de tempo após o almoço pode ser dedicado à intercessão. Após o chá é o meu melhor horário, e este deve ser solenemente dedicado a Deus, se possível. 
Eu não devo abandonar o velho e bom hábito de orar antes de ir para a cama; mas a vigilância deve ser mantida contra o sono; planejar as coisas que devo pedir é o melhor remédio. Quando eu despertar no meio da noite, eu devo levantar-me e orar, como Davi e como John Welsh fizeram. 
Eu devo ler três capítulos da Bíblia, em segredo, todos os dias, no mínimo.
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Eu devo, no Sabath, pela manhã, olhar todos os capítulos lidos durante a semana, e especialmente os versículos marcados. Eu devo ler em três diferentes lugares, e devo também ler de acordo com os temas, biografias, etc. 
Ele, evidentemente, deixou isso inacabado, e agora ele conhece como também ele é conhecido. 
Trecho de “A Biografia de Robert Murray M'Cheyne”, por Andrew A. Bonar.
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A Voz do Meu Amado 
“Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades. O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta- te, meu amor, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter” (Cânticos 2:8-17). 
Não há nenhum livro da Bíblia que proporcione um melhor teste da profundidade do Cristianismo de um homem do que o de Cântico dos Cânticos. (1.) Se a religião de um homem estiver toda em sua cabeça – uma estrutura bem definida de doutrinas, construída como trabalho de pedreiro, pedra sobre pedra – mas não exercer nenhuma influência sobre o seu coração, este livro não pode deixar de ofendê-lo; pois, nele não há decla- rações rígidas de doutrina sobre as quais a sua religião sem coração possa ser construída. (2.) Ou, se a religião de um homem for toda em sua imaginação – se, como Flexível em O Peregrino, ele seja levado pela beleza exterior do Cristianismo – se, como a semente lançada sobre o solo rochoso, a sua religião é estabelecida apenas nas faculdades superficiais da mente, enquanto o coração permanece rochoso e impassível; embora ele desfrute deste Livro, mais do que o primeiro homem, ainda assim, há um ar misterioso de íntima comoção nele, em que não pode senão tropeçar e ofender-se. (3.) Mas se a religião de um homem for a religião do coração – se ele não tem não apenas doutrinas em sua cabeça, mas o amor de Jesus em seu coração – se ele não tem so- mente ouvido e lido do Senhor Jesus, mas tem sentido a sua necessidade dEle, e foi levado a apegar-se a Ele, como o primeiro entre dez mil, e totalmente desejável, então este livro será inestimavelmente precioso para sua alma; pois contém os mais ternos
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suspiros do coração do crente pelo Salvador, e os mais ternos desejos do coração do Salvador, novamente, em direção ao crente. 
“O seu assunto é totalmente sublime, espiritual e místico; e as formas de sua composição, universalmente alegóricas” – John Owen. 
Há uma concordância entre os melhores intérpretes deste Livro – (1). Que ele consiste não de um cântico, mas de muitas canções; (2). Que esses cânticos estão em uma forma dramática; e (3). Que, como as parábolas de Cristo, elas contêm um significado espiritual, sob a veste e ornamentos de alguns episódios poéticos. 
A passagem que eu li compõe um destes cânticos dramáticos, e o tema deste é uma visita repentina que uma noiva Oriental recebe de seu senhor ausente. A noiva é representada para nós como sentada sozinha e desolada em um quiosque, ou bosque Oriental – um lugar seguro e de retraimento nos jardins do Oriente – descrito por viajantes modernos como “um bosque cercado por um muro verde, coberto por videiras e jasmins, com janelas de gelosias¹”. 
Os montes de Beter (ou, como estão no limiar, os montes da divisão), os montes que a separam de seu amado, parecem quase intransponíveis. Eles parecem tão íngremes e escarpados, que ela teme que ele nunca mais consiga vir por sobre eles para visitá-la. Seu jardim não possui nenhuma beleza que a atraia a seguir adiante. Toda a natureza parece participar de sua tristeza; o inverno reina fora e dentro; nenhuma flor aparece na terra; todos os pássaros canoros parecem estar tristes e silenciosos sobre as árvores; e a voz de amor da rola não é ouvida na terra. 
É enquanto ela está sentada, assim, solitária e desolada aquela voz de seu amado alcan- ça o seu ouvido. O amor é rápido em ouvir a voz que é amada; e, portanto, ela ouve mais rápido do que todas as suas donzelas, e o cântico inicia com a sua exclamação impetu- 
-------------------- [1] Gelosia: A palavra “gelosia” surgiu a partir do árabe. É uma estrutura herdada da arquitetura da etnia árabe, popularizada na Península Ibérica, e é constituída por treliças de madeira capazes de vedar vãos de janelas, formando uma espécie de gaiola, cujo objetivo era “aprisionar” ou proteger as mulheres em casa. Uma vez que a gelosia evita que quem está atrás da janela seja visto por quem está de fora, os maridos árabes costumavam usar esta janela nos quartos de suas esposas para que elas não tivessem contato visual direto com outros homens, daí a palavra gelosia vir do francês “jalousies”, ou do inglês “jealous”, significando ciúmes” (Fonte: pt.wikipedia.org).
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osa: “Esta é a voz do meu amado!” Quando ela sentou-se em sua solidão, as montanhas entre ela e seu senhor pareciam quase intransponíveis, eles eram tão elevados e tão íngreme; mas agora ela vê com que rapidez e facilidade ele salta estes montes, de forma que ela pode compará-lo a nada além de um gamo, ou o jovem cervo, as criaturas mais formosas e mais rápidas das montanhas. “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado”. Sim, enquanto ela está falando, ele já chegou ao muro do jardim; e agora, eis que “ele olha pelas janelas, espreitando pelas grades”. A noiva, a seguir, nos relata o convite suave, que parece ter sido o cântico de seu amado vindo tão rapidamente sobre os montes. Enquanto ela se sentava solitária, toda a natureza parecia morta – o inverno reinava; mas agora ele diz a ela que ele trouxe o tempo da primavera, juntamente com ele. “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem”. Movida por este com- vite premente, ela sai de seu lugar de retraimento para a presença de seu senhor, e se apega a ele como uma temerosa pomba das fendas das rochas; e, em seguida, ele se dirige a ela com estas palavras da mais terna e delicada afeição: “Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. Alegremente concordan- do em ir adiante com seu senhor, ela ainda lembra que esta é a época de maior perigo para as vinhas, devido as raposas que mordiscam a casca das vinhas; e, portanto, ela não sairá sem deixar o comando de cautela para as suas donzelas: “Apanhai-nos as rapo- sas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. Ela, então, renova a aliança de seu casamento com o seu amado, com estas palavras de pertinente afeição: “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios”. E por fim, por ela saber que esta temporada de comunhão íntima não durará, já que o seu amado deve sair novamente sobre os montes, ela não suportará que ele vá, sem rogar-lhe que frequentemente renove estas visitas de amor, até que amanhe- ça aquele dia feliz em que eles não mais precisaram estar separados: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”. 
Podemos muito bem desafiar o mundo inteiro de gênios para produzirem em qualquer idioma um poema como este – tão pequeno, tão abrangente, tão delicadamente bonito. Porém, o que é muito mais para o nosso atual propósito, não há nenhuma parte da Bíblia que desvele mais lindamente um pouco da experiência mais íntima do coração do crente. 
Olhemos, então, agora para a parábola como uma descrição de uma dessas visitas que o
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Salvador muitas vezes faz às almas crentes, quando Ele Se manifesta a eles de forma diferente do que o faz ao mundo. 
I. QUANDO O CRENTE ESTÁ SOZINHO 
Quando Cristo está longe da alma do crente, ele senta-se sozinho. 
Nós vimos na parábola, que, quando o seu senhor foi embora, a noiva estava sentada sozinha e desolada. Ela não se importou com a juventude e alegria para animarem as suas horas solitárias. Ela não solicitou a harpa do menestrel para acalmá-la em sua solidão. Não havia flauta, nem adufe, nem vinho em suas festas. Não, ela sentou-se sozinha. Os montes pareciam quase intransitáveis. Toda a natureza participou de sua tristeza. Se ela não podia estar feliz sem à luz da face do seu senhor, ela estava decidida a não estar feliz com mais nada. Ela sentou-se solitária e desolada. Exatamente assim é com o verdadeiro crente em Jesus. Quaisquer que sejam os montes de Beter que estejam entre a sua alma e Cristo, se ele foi seduzido por velhos pecados, de forma que as suas iniquidades fazem separação entre ele e o seu Deus; e os seus pecados encobrem o Seu rosto dele, para que não lhe ouça [Isaías 59:2]; ou se o Salvador retirou por um momento, a luz consoladora de Sua presença para a simples prova da fé de Seu servo, para ver, se, quando ele anda em trevas, e não tem luz nenhuma, confia no nome do Senhor, e firma- se sobre o seu Deus [Isaías 50:10]; quaisquer que sejam os montes de separação, é a evidência segura de um crente que ele se assentará desolado e sozinho. Ele não consegue rir, longe de seus intensos cuidados, como os homens mundanos podem fazer. Ele não consegue mergulhar-se na taça da intemperança, como os miseráveis homens cegos podem fazer. Mesmo o inocente vínculo da amizade humana não traz nenhum bálsamo para a sua ferida – ou melhor, até mesmo a comunhão com os filhos de Deus agora é desagradável para a sua alma. Ele não consegue apreciar o que ele gostava antes, quando aqueles que temiam ao Senhor falavam um com o outro. Os montes entre ele e o Salvador parecem tão vastos e intransponíveis, que teme que Ele nunca mais o visitará. Toda a natureza participa de sua tristeza – o inverno reina fora e dentro. Ele senta-se sozinho, e fica desolado. Estando aflito, ele ora; e o peso de sua oração é o mesmo daquele de um velho crente: “Senhor, se eu não posso me contentar com a luz de Tua face, que me concedas não ser feliz com nada mais; pois a alegria sem Ti é morte”. 
Ah! meus amigos, vocês conhecem algo sobre esse sofrimento? Vocês sabem que é, assim, sentar-se sozinho e estar desolado, porque Jesus está fora da vista? Se vocês o sabem, então se alegrem, se é possível, mesmo em meio a vossa tristeza! Pois, essa
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mesma tristeza é uma das marcas que vocês são crentes – de forma que vocês encon- tram toda a vossa paz e toda a vossa alegria na união com o Salvador. 
Mas ah, quão oposto é o caminho da maioria de vocês! Vocês não conhecem nada dessa tristeza. Sim, talvez vocês zombem disso. Vocês conseguem estar felizes e contentes com o mundo, mas vocês nunca tiveram uma visão de Jesus. Vocês podem estar felizes com seus companheiros, embora o sangue de Jesus nunca tenha sussurrado paz à tua alma. Ah, quão evidente é que vocês estão se apressando para o lugar onde “não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” [Isaías 57:21]. 
II. A VINDA DE CRISTO ATÉ O CRENTE 
A vinda de Cristo até o crente desolado é, muitas vezes, súbita e maravilhosa. 
Nós vimos na parábola, que foi quando a noiva estava sentada sozinha e desolada que ela ouviu, de repente, a voz do seu senhor. O amor é rápido em ouvir, e ela exclama: “A voz do meu amado!” Antes, achava as montanhas quase intransponíveis; mas agora ela pode comparar a rapidez dele a nada, a não ser ao gamo, ou ao filho do veado. Sim, em- quanto ela fala, ele está na parede, na janela, mostrando-se através da grade. Muitas vezes, exatamente assim ocorre com o crente. Enquanto ele se senta sozinho e desolado, os montes da separação parecem uma barreira vasta e intransponível para o Salvador, e teme que Ele nunca volte. Os montes de provocações de um crente são frequentemente mui grandes. “Que eu tenha pecado novamente, eu que fui lavado no lavado no sangue de Jesus. É pouco que os outros homens pequem contra Ele; eles nunca O conheceram – nunca O amaram como eu o fiz. Certamente eu sou o maior dos pecadores, e pequei demais, meu Salvador. Os montes de minhas provocações cresceram até o céu, e Ele nunca mais poderá vir”. Assim é que o crente escreve coisas amargas contra si mesmo; e nessa ocasião, é que muitas vezes ele ouve a voz de seu Amado. Algum texto da Pala- vra, ou alguma palavra de um amigo cristão, ou alguma parte de um sermão, mais uma vez revela Jesus em toda a Sua plenitude, o Salvador dos pecadores, mesmo do principal. Ou pode ser que Ele se dá a conhecer à alma desconsolada no partir do pão, e quando Ele fala as palavras gentis: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós... Tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” [1 Coríntios 11:24-25]; então, ele exclama: “A voz do meu amado! Eis que vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros”. 
Ah! meus amigos, vocês conhecem alguma coisa deste alegre surpresa? Se conhecem, por que vocês sempre sentam-se em desespero, como se a mão do Senhor estivesse encolhida de forma que Ele não possa salvar, ou como se seus ouvidos estivessem
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agravados de forma que Ele não possa ouvir? Na hora mais tenebrosa digam: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus” [Salmos 42:11]. Venham com expectativa à Palavra. Não venham com essa indiferença apática, como se nada que um verme companheiro possa dizer seja digno de sua audição. Esta não é a palavra do homem, mas a Palavra do Deus vivo. Venham com grandes esperanças, e então vocês encontrarão a promessa verdadeira, que Ele enche os famintos com coisas boas, embora Ele despeça os ricos de mãos vazias. 
III. VINDA DE CRISTO MUDA TODAS AS COISAS 
A Vinda de Cristo muda todas as coisas para o crente, e seu amor é mais suave do que nunca. 
Nós vimos na parábola que, quando a noiva estava desolada e sozinha, toda a natureza estava mergulhada em tristeza. Seu jardim não possuía encantos para levá-la adiante, pois o inverno reinava dentro e fora. Mas quando o seu senhor veio tão rapidamente so- bre os montes, ele trouxe a primavera junto com ele. Toda a natureza é alterada enquanto ele avança, e seu convite é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno”. Exatamente assim é com o crente, quando Cristo está ausente: tudo é inverno na alma. Mas, quando Ele vem novamente sobre os montes da provação; Ele traz uma temporada de feliz primavera junto consigo. Quando esse Sol da Justiça surge de novo na alma, não apenas os Seus raios alegrantes caem sobre a alma do cren- te, mas toda a natureza se alegra com a sua alegria. As montanhas e colinas irrompem em cânticos diante dEle, e todas as árvores do campo batem palmas. É como uma mudança de estação para a alma. É como que a súbita mudança das chuvas torrenciais de inverno sombrio para a plena primavera corada, que é tão peculiar aos climas do sol. 
O mundo da natureza é todo modificado. Em lugar do espinheiro surge a faia, e em lugar da sarça surge a murta. Cada árvore e campo possuem uma beleza nova para a alma feliz. O mundo da graça é todo transformado. A Bíblia estava completamente seca e sem sentido, antes; agora, que inundação de luz é derramada sobre as suas páginas! Quão plena, quão revigorante, quão rica em significado, como suas frases mais simples tocam o coração! A casa de oração estava completamente triste e melancólica antes – os seus serviços eram áridos e insatisfatórios; mas agora, quando o crente vê o Salvador, como ele O viu no interior do santo lugar, seu clamor é: “Quão amáveis são os teus taberna- culos, SENHOR dos Exércitos! Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil” [Salmos 84: 1, 10]. O jardim do Senhor estava todo triste e desanimado antes; agora a
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ternura em direção aos não-convertidos brota revigorada, e o amor ao povo de Deus arde no peito, aqueles que temem ao Senhor falam-se frequentemente. O tempo de cantar os louvores de Jesus chega, e a voz amorosa da rola a Jesus é mais uma vez ouvida na terra; a videira do Senhor frutifica, e a romã floresce, e a voz de Cristo para a alma é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem”. 
Como a pomba temerosa perseguida pelo abutre, e quase feita uma presa, com asa vi- brante e ansiosa, esconde-se mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas, e nos lugares secretos do precipício, assim o crente caído, a quem Satanás desejou ter, para que pudesse peneirá-lo como trigo, quando ele é restaurado mais uma vez com a presença toda-graciosa do seu Salvador, apega-se a Ele com fé vibrante, desejosa, e esconde-se mais profundamente do que nunca nas feridas de seu Salvador. Foi assim com Pedro ao cair, quando ele tão gravemente negou o seu Senhor, ainda assim, quando trazido novamente à visão de seu Salvador, de pé sobre a terra, foi o único dos discípulos que se cingiu com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar para nadar até Jesus; e assim como aquele apóstolo caído, quando mais uma vez ele se escondeu na Rocha Eterna, descobriu que o amor de Jesus era mais terno em relação a ele do que nunca, quando ele começou aquela conversa, que, mais do que todas as outras na Bíblia, combina a mais amável das reprovações com o mais amável dos incentivos: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?” [João 21:15]. Exatamente assim cada crente caído encontra, que quando novamente ele está escondido nas feridas recém-abertas do seu Senhor, a fonte de Seu amor começa a fluir renovada, e o ribeiro de bondade e afeição é mais pleno e transbordante do que nunca, porque a Sua palavra é: “Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. 
Ah, meus amigos, vocês conhecem alguma coisa disto? Vocês já experimentaram essa vinda de Jesus sobre o monte de vossas provocações, enquanto fez uma mudança de estação em vossa alma? E você, crente caído, encontrado, quando se escondeu nova e mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas – como Pedro cingindo sua capa de pescador, e lançando-se ao mar – você encontrou o Seu amor mais terno do que nunca em sua alma? Então, isto não deveria ensinar-lhe o arrependimento rápido quando você cai? Por que manter-se por um momento longe do Salvador? Você está esperando até que você limpe a mancha de sua veste? Ai! O que a purificará, senão o sangue que você está desprezando? Você está esperando até que torne a si mesmo digno da Graça do Salvador? Ai! Embora você espere por toda a eternidade, você nunca pode tornar-se mais digno. O seu pecado e miséria são sua única súplica. Venha, e você encontrará com que ternura Ele curará as suas rebeliões, e o amará voluntariamente, e dirá: “Pomba minha” etc.
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IV. CRISTO DESPERTA TEMOR, AMOR E ESPERANÇA. 
Eu observo a tríplice disposição de temor, amor e esperança, que esta visita do Salvador desperta no seio do crente. Estes três formam, por assim dizer, uma corda no seio do crente restaurado, e um cordão de três dobras não se quebra facilmente. 
1. Temor Filial 
Em primeiro lugar, há temor – Como a noiva na parábola não sairia para desfrutar a comunhão com seu senhor, sem deixar a ordem para que suas donzelas apanhassem as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, assim cada crente sabe e sente que o tempo da íntima comunhão é também o momento de maior perigo. Quando o Salvador foi batizado, e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu sobre Ele, e uma voz, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” [Mateus 3:17], foi, então, que Ele foi conduzido ao deserto, para ser tentado pelo Diabo; e exatamente assim é quando a alma está recebendo seus maiores privilégios e consolos, que Satanás e seus ministros estão mais próximos – as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. 
(1) O orgulho espiritual está próximo. Quando a alma está se escondendo nas feridas do Salvador, e recebe grandes sinais de Seu amor, então o coração começa a dizer: Certa- mente eu sou alguém – o quão longe eu estou acima da corrida diária dos crentes! Esta é uma das raposinhas que come a vida da piedade vital. 
(2) Aqui há um valer-se de Cristo pelos seus consolos – olhando para eles, e não para Cristo – inclinando-se sobre eles, e não sobre o seu amado. Esta é outra das raposinhas. 
(3) Existe a falsa noção de que agora certamente você deve estar acima de pecar, e aci- ma do poder da tentação, agora você pode resistir a todos os inimigos. Este é o orgulho que vem antes da queda – outra das raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. 
Nunca esqueçam, eu vos suplico, que o temor é uma evidência da segurança de um crente. Mesmo quando vocês sentirem que é Deus quem opera em vocês, ainda assim, a Palavra diz: “operai a vossa salvação com temor e tremor” [Filipenses 2:12]. Mesmo quando a vossa alegria for transbordante, ainda assim, lembrem-se do que está escrito: “alegrai-vos com tremor” [Salmos 2:11], e novamente: Lembrem-se do cuidado da noiva, e digam: “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. 
2. Apropriando-se do Amor
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Mas se o temor cauteloso é uma marca de um crente em tal temporada, ainda mais é o apropriar-se do amor. Quando Cristo vier de novo dos montes da provocação, e revela-Se à alma livre e plenamente como sempre, de uma forma diferente do que o faz ao mundo, então, a alma pode dizer: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Eu não digo que o crente pode usar essas palavras em todas as estações. Em tempos de escuridão e em tempos de pecado a realidade da fé de um crente deve ser medida antes por sua tristeza do que por sua confiança. Mas eu digo, que nas temporadas em que Cristo revela-Se de novo à alma, brilhando como o sol atrás de uma nuvem, com os raios do amor soberano, imere- cido – então nenhuma outra palavra satisfará o verdadeiro crente, senão estas: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. A alma vê Jesus sendo um Salvador tão gratuito – tanto anseia que todos venham a Ele e tenham vida, estendendo Suas mãos o dia todo – não tendo nenhum prazer na morte do ímpio – pleiteando os homens: “Convertei-vos, conver- tei-vos, por que morrereis?” 
A alma vê Jesus ser um Salvador tão apropriado, a própria cobertura que a alma neces- sita. Quando ela primeiramente escondeu-se em Jesus, O encontrou adequado para todas as suas necessidades, a sombra de uma grande rocha em terra sedenta. Mas, agora, ele descobre uma nova adequação no Salvador, como Pedro, quando ele se cingiu com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar. Ela encontra que Ele é um Salvador adequado para um crente caído; que seu sangue pode apagar até mesmo as manchas daquele que, depois de ter comido pão com Ele, ainda levantou o calcanhar contra Ele. A alma vê Jesus ser um Salvador tão pleno, concedendo ao pecador não apenas perdão, mas transbordando perdões imensuráveis, concedendo não somente a justiça, porém a justiça que é mais do que mortal, pois ela é totalmente divina; concedendo não somente o Espírito, mas derramando água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca. A alma vê tudo isso em Jesus, e não pode deixar de escolhê-Lo e deleitar-se nEle com amor renovado e apropriado, dizendo: “O meu amado é meu”. E, se alguém perguntar, Como podes tu, verme pecaminoso, chamar tal Divino Salvador de teu? A resposta está aqui: Porque eu sou dEle. Ele me escolheu desde a eternidade, senão eu nunca O teria escolhido. Ele derramou Seu sangue por mim, senão eu nunca teria derramado uma lágrima por Ele. Ele chorou por mim, mas eu nunca teria suspirado por Ele. Ele procurou por mim, mais eu nunca O teria procurado. Ele me amou, portanto, eu O amo. Ele me escolheu, por isso eu sempre O escolho. “O meu amado é meu, e eu sou dele”. 
3. Esperança Orante 
Mas, por fim, se o amor é uma marca do verdadeiro crente em tal temporada, assim também é esperança em oração. Foi a palavra de um verdadeiro crente, em uma hora de comunhão elevada e maravilhosa com Jesus: “Senhor, bom é estarmos aqui” [Mateus
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17:4]. Meu amigo, você não é crente se Jesus tem nunca Se manifestou à sua alma em suas devoções secretas – na casa de oração, ou, no partir do pão – em forma tão doce e avassaladora, que você clamou: “Senhor, é bom para mim estar aqui!” Mas, embora isso seja bom e muito agradável, como a luz solar para os olhos, ainda assim, o Senhor vê que não é mais sábio e melhor sempre estar ali. Pedro tem que descer novamente do monte da glória, e combater o bom combate da fé em meio à vergonha e afronta de um mundo frio e desdenhoso. E assim deve cada filho de Deus. Nós ainda não estamos no céu, o lugar da visão aberta e gozo eterno. Esta é a terra, o lugar da fé, da paciência, e da esperança para o céu indicado. Uma grande razão pela qual o júbilo próximo e íntimo do Salvador não pode ser constantemente efetuado no seio do crente é para dar espaço pa- ra a esperança, a terceira corda que forma o cordão de três dobras. Até mesmo os cren- tes mais esclarecidos estão andando aqui em uma noite tenebrosa, ou crepúsculo, no máximo; e as visitas de Jesus para a alma apenas servem para fazer a escuridão circun- dante mais visível. Mas a noite é passada, e o dia é chegado. O dia da eternidade está rompendo no oriente. O Sol da Justiça está apressando-se a subir sobre o nosso mundo, e as sombras estão se preparando para fugir. Até então, o coração de cada crente verda- deiro, que sabe a preciosidade da estreita comunhão com o Salvador, suspira a fervorosa oração, que Jesus frequentemente venha de novo, assim, orvalhante e subitamente, para ilumina-lo em sua sombria peregrinação. Ah! Sim, meus amigos, que todo aquele que ama ao Senhor Jesus com sinceridade, junte-se agora à bendita oração da noiva: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”. 
“A Voz do Meu Amado” é extraído de Memórias e Lembranças do Reverendo Robert Murray M´Cheyne, por Andrew Bonar. Primeiramente publicado em 1844, (reimpresso, Edimburg: Oliphant, Anderson, & Ferrier), p. 431-440. 
Este Sermão foi pregado por M´Cheyne em 14 de Agosto de 1836, em St. Peter, Dundee. Ele, nesta época, era candidato ao ministério, e posteriormente tornou-se ministro de St. Peter.
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O Amor de Cristo “Porque o amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios 5:14). 
De todas as características do caráter de São Paulo, a atividade incansável foi a mais marcante. Desde o início da história de Paulo, nos é dito de seus esforços pessoais em perseguir a Igreja nascente, quando ele era um “blasfemo, e perseguidor, e injurioso” [2 Timóteo 3:2], é bastante óbvio que esta era a característica proeminente de sua mente natural. Mas, quando aprouve ao Senhor Jesus Cristo manifestar nele toda a longanimida- de e torná-lo um padrão para aqueles que se haviam crer nEle, é bonito e muito instrutivo ver como os recursos naturais deste homem ousadamente mau tornaram-se não apenas santificados, mas revigorados e ampliados; assim é verdade que os que estão em Cristo são uma nova criação: “As coisas velhas passam, e tudo se fez novo” [2 Coríntios 5:17]; “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” [2 Coríntios 4:8-9]; este era um retrato fiel da vida de Paulo quando convertido. Conhecendo os terrores do Senhor, e a situação temerosa de todos os que estavam ainda em seus pecados, ele deixou o negócio de sua vida para persuadir os homens; esforçando-se, se, para que por qualquer meio, pudesse recomendar à verdade às suas consciências. “Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós” (verso 13). 
Se o mundo acha que nós somos sábios ou loucos, por causa de Deus e das almas humanas é a causa em que embarcaram todas as energias do nosso ser. Quem, então, não está pronto para investigar a fonte secreta de todos estes trabalhos sobrenaturais? Quem não desejaria ter ouvido da boca de Paulo, o poderoso princípio de que o impeliu a tantas labutas e perigos? Que poder tinha tomado posse desta poderosa mente, ou que invisível influência planetária, com poder incessante, ele baseou-se para atravessar todos os desânimos, indiferente tanto para o pavor do riso do mundo quanto para o medo do homem; despreocupado tanto do desprezo do ateniense cético quanto da carranca do luxuoso Coríntio e da raiva do tacanho Judeu? O que o apóstolo diz a si mesmo? Temos a sua própria explicação do mistério nas palavras diante de nós: “O amor de Cristo nos constrange”.
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I. O Amor Constrangedor de Cristo 
O amor de Cristo pelo homem está aqui pretendido, e não o nosso amor ao Salvador, é bastante óbvio, a partir da explicação que se segue, onde a Sua morte por todos é apon- tada como o exemplo do Seu amor. Foi o ponto de vista de que a estranha compaixão do Salvador, levando-O a morrer por seus inimigos, em seu lugar, para suportar os seus pecados, para provar a morte por todos; foi essa visão que deu a Paulo o impulso em cada trabalho, o que tornou todo o sofrimento leve para ele, e todos os mandamentos suaves. Ele “correu com paciência a carreira que lhe foi proposta”. Por quê? Porque, olhava para Jesus, viveu como um homem “crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele”. Com que meios? Olhando para a Cruz de Cristo. 
À medida que o Sol natural nos céus exerce uma poderosa energia atrativa e incessante sobre os planetas que giram ao redor dele, assim fez o Sol da Justiça, que havia de fato surgido em Paulo com um brilho superior ao do meio-dia, e exercia em sua mente uma energia contínua e onipotente, constrangendo-o a viver a partir de agora não mais para si, mas para aquele que por ele morreu e ressuscitou. E, observe, que não era uma energia temporária e irregular que foi exercida sobre o seu coração e vida, mas uma permanente e continuada atração; pois ele não diz que o amor de Cristo que uma vez o constrangeu; ou que ele deva ainda constrangê-lo; ou que, em tempos de excitação, nas temporadas de oração ou devoção peculiar, o amor de Cristo o tinha constrangido. Ele disse simples- mente, que o amor de Cristo o constrange. É sempre presente, sempre permanente, o poder sempre em movimento, que constitui a mola mestra de todo o seu trabalho; de modo que se isso for tirado suas energias se vão, e Paulo se tornaria fraco como os outros homens. 
Não há ninguém lendo isto cujo coração é desejoso de possuir apenas um princípio- mestre como tal? Não há ninguém que tenha chegado a essa mais interessante de todas as etapas de conversão em que você está suspirando por um poder para lhe renovar? Você entrou pela porta estreita da Crença. Você viu que não há paz para o não-justifi- cado; e, portanto, se revestiu de Cristo para a sua justiça; e já sente um pouco da alegria e da paz da crença. Você pode olhar para trás em sua vida passada, vivida sem Deus, sem Cristo e sem o Espírito no mundo; você pôde ver-se um pária condenado, e você disse: “Ainda que eu pudesse lavar as mãos em água de neve, ainda assim as minhas próprias vestes me abominam”, Você pode fazer tudo isso, com vergonha e autocensura, é verdade, mas ainda sem desânimo e sem desespero; pois o seu olho foi levantado com fé para Aquele que foi feito pecado por nós, e está convencido de que, como aprouve a Deus imputar todas as vossas iniquidades no Salvador, Ele está pronto, e sempre foi disposto, para imputar toda a Justiça do Salvador a você. Sem desespero, eu disse? Ou melhor, com alegria e canto; porque, se, de fato, você creu de todo o seu coração, então
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você tornou-se o homem bem-aventurado a quem Deus imputa a justiça sem as obras; ao qual Davi descreve, dizendo: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade” [Salmos 32:1-2]. 
Esta é a paz do homem justificado. Mas essa paz é um estado de bem-aventurança perfeita? Não há nada deixado a desejar? Faço um apelo para aqueles de vocês que sabem o que é estar apenas crendo. O que é que ainda obscurece a testa, que reprime a exultação do espírito? Por que não juntar-se sempre na canção de ação de graças: “Bem- dize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades” [Salmos 103:2-3]! Se nós recebemos em dobro por todos os nossos pecados, assim deveria nunca ser necessário para nós para arguir como o faz o salmista: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” [Salmos 42:11a]. Meus amigos, não há um homem entre vós que realmente crê, que não tenha sentido o pensamento inquietante do qual eu estou falando agora. Pode haver alguns de vocês que se sentirão tão dolorosamente, como que tendo sido obscurecidos com uma nuvem pesada, a doce luz da paz evangélica, o brilho do rosto reconciliado sobre a alma. O pensamento é este: “Eu sou um homem justificado; mas, ai de mim! Eu não sou um homem santificado. Eu posso olhar para a minha vida passada, sem desespero; mas como eu posso olhar para a frente, para o que está por vir?”. 
Não há uma paisagem moral mais pitoresca no universo do que a alma de um desses presentes. Tendo todas as suas ofensas passadas perdoadas, o olho contempla o inte- rior, com uma clareza e uma imparcialidade desconhecidas antes, e lá ele olha para suas afeições há muito estimuladas ao pecado, que, como os rios antigos, tem usado um canal profundo para o coração; suas declarações periódicas de paixão, até então irresistível e avassaladora, como as marés do oceano; suas perversidades de temperamento e de hábito, tortos e inflexíveis, como os galhos retorcidos de um carvalho atrofiado. Que cena está aqui; que antecipação do futuro! Que pressentimentos de uma luta vã contra a tirania da luxúria! contra caminhos velhos de agir, e de falar, e de pensar! Se não fosse a esperança da glória de Deus ser um dos direitos adquiridos do homem justificado, ele ficaria surpreso se essa visão de terror levasse um homem para trás, como um cão ao seu vômito, ou a porca lavada a chafurdar na lama de novo? 
Agora assim é com o homem precisamente nesta situação, clamando pela manhã e à tar- de, “Como poderei ser feito de novo?”. Que bem deverá o perdão dos meus pecados pas- sados fazer de mim, se eu não for liberto do amor ao pecado? Assim é com o homem que nós iremos agora, com toda a seriedade e afeição, apontar o exemplo de Paulo, e o poder secreto que operou nele. “O amor de Cristo” (diz Paulo) “nos constrange”. Nós também
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somos homens, de natureza semelhante a vocês mesmos; essa mesma visão que você vê com desânimo dentro de você, foi de igual modo revelada em nós em todo o seu poder desanimador. De quando em quando a mesma visão horrenda dos nossos próprios corações é revelada a nós. Mas nós temos um encorajamento que nunca falha. O amor do Salvador sangrante nos constrange. O Espírito é dado para os que creem; e este a- gente Todo-Poderoso tem um argumento que nos move continuamente: o Amor de Cristo. 
Meu presente objetivo é mostrar como esse argumento, na mão do Espírito, move o crente a viver para Deus; como tão simples verdade do amor de Cristo ao homem, continuamente apresentada à mente pelo Espírito Santo, deve capacitar qualquer homem a viver uma vida de santidade evangélica. Se há um homem entre vós, cujo inquérito é grande: “Como serei salvo do pecado, como devo andar como um filho de Deus?”. Este é o homem dentre todos os outros, cujo ouvido e o coração eu estou ansioso para ocupar. 
II. Seu Amor Remove Nosso Ódio 
O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa, pois essa verdade tira todo o seu medo e ódio de Deus. 
Quando Adão ainda não havia caído, Deus era tudo para sua alma; e tudo era bom e desejável para ele, somente na medida em que tinha a ver com Deus. Cada veia do seu corpo, de modo assombrosamente maravilhoso formado, cada folha que farfalhava nos caramanchões do Paraíso, a cada novo sol que se erguia, regozijando-se como um herói, a correr a sua corrida, levou-o em todos os dias novos temas de pensamentos piedosos e de admiráveis louvores; e foi só por isso que ele podia se encantar a olhar para eles. As flores que apareceram sobre a terra, o canto dos pássaros, e a voz da rola ouvida em toda a terra feliz, a figueira produzindo seus figos verdes, e as vinhas com as uvas dando um cheiro bom, tudo isso combinado a trazer a ele por todos os poros um tributo rico e variado de delícias. E por quê? Só porque eles trouxeram na alma comunicações ricas e variadas da multiforme Graça de Jeová. Pois, assim como você pode ter visto uma criança na terra dedicada a seu pai terreno, satisfeito com tudo quando ele está presente, e valorizando cada dom da mesma forma que mostra mais a ternura do coração de seu pai, assim também era com essa genuína criança de Deus. Em Deus, ele viveu, e moveu- se, e teve o seu ser; e não mais certo seria que o apagamento do Sol nos céus tirasse essa luz que é tão agradável aos olhos, do que seria a ocultação da face de Deus ter-lhe tirado a luz de sua alma, e deixado a natureza em um escuro e desolado deserto.
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Mas, quando Adão Caiu, o ouro fino tornou-se escuro, o sistema de seus pensamentos e gostos foi invertido. Em vez de desfrutar a Deus em tudo, e tudo em Deus, tudo agora parecia odioso e desagradável para ele, justamente na medida em que tinha a ver com Deus. 
Quando o homem pecou, passou a temer, e odiar Aquele a quem temia; e fugiu para todo o pecado apenas para fugir dAquele a quem ele odiava. De modo que, assim como você pode ter visto uma criança que penosamente transgrediu contra um pai amoroso fazendo todo o possível para esconder-se da vista de seu pai, fugindo de sua presença e mergulhando em outros pensamentos e ocupações só para livrar-se do pensamento de seu pai justamente ofendido; na mesma forma, quando Adão caiu ouviu a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia, aquela voz que antes de pecar era música celestial em seus ouvidos, então “esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” [Gênesis 3:8], e da mesma maneira todo homem natural foge da voz e da presença do Senhor, não para esconder-se sob as folhas grossas do Paraíso, mas para enterrar-se em cuidados, e negócios, e prazeres, e farras. Qualquer retiro é agradável, desde que Deus não esteja lá; qualquer ocupação é tolerável, desde que Deus não esteja nos pensamentos. 
Agora tenho a certeza que muitos de vocês podem ouvir essa acusação contra o homem natural com incrédula indiferença, se não com indignação. Você não sente que você odeia a Deus, ou teme a Sua presença; e, portanto, você diz que não pode ser verdade. Mas quando Deus diz a respeito de seu coração que é “desesperadamente corrupto” [Jeremias 17:9]; quando Deus reivindica para si o privilégio de conhecer e experimentar o coração, isto não é presunçoso, em tais seres ignorantes como nós que devamos dizer que não é verdade em relação a nossos corações o que Deus afirma ser verdade, simplesmente porque não estamos conscientes disso? Deus diz que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” [Romanos 8:7], que a própria semente e substância de uma mente não convertida é o ódio contra Deus, absoluto, implacável ódio contra aquele em Quem vivemos, nos movemos e existimos. É bem verdade que não sentimos esse ódio dentro de nós; mas isso é apenas um agravamento do nosso pecado e do nosso perigo. Temos assim bloqueado as vias de autoexame, há tantas voltas e voltas antes que possamos chegar aos verdadeiros motivos de nossas ações, que o nosso medo e ódio de Deus, que levam o homem a pecar, e que ainda são as grandes forças impulsoras quais os aguilhões de Satanás sobre os filhos da desobediência; estes estão totalmente escondi- dos de nossa vista, e você não pode convencer um homem natural que eles estão realmente lá. Mas, a Bíblia testemunha que destas duas raízes mortais do temor e do ódio de Deus, cresce a densa floresta de pecados com que a terra está enegrecida e coberta. E se há alguém entre vós, que foi despertado por Deus para saber o que está em seu
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coração, eu tomo esse homem hoje para testemunhar que seu clamor amargo, tendo visto todos os seus pecados, tem sido: “Contra ti, contra ti somente pequei” [Salmos 51:4]. 
Se, então, temor de Deus e o ódio de Deus, são a causa de todos os nossos pecados, como devemos ser curados do amor ao pecado, senão por tirarmos a causa? Como você mais efetivamente mata a erva daninha? Não é atacando a raiz? No amor de Cristo ao homem, então – neste estranho dom, inefável de Deus, quando Ele deu a Sua vida por Seus inimigos, quando morreu o justo pelos injustos para levar-nos a Deus – você não vê um objeto que, se realmente crido pelo pecador, tira todo o seu medo e todo o seu ódio de Deus? A raiz do pecado está separada do tronco. Em seu duplo suporte de todos os nossos pecados, vemos a maldição levada, vemos Deus reconciliado. Por que devemos temer? Não tema, por que devemos odiar a Deus ainda? Não odeie Deus, mais o que de desejável podemos ver no pecado? Descanse sobre a justiça de Cristo, estamos novamente no lugar onde Adão esteve, com Deus como nosso amigo. Nós não temos nenhum objetivo para pecar; e, portanto, nós não nos importamos com o pecado. 
No sexto capítulo de Romanos, Paulo parece falar do crente pecando, como se a própria proposição fosse absurda. “Nós, que estamos mortos para o pecado”, isto é, nós que em Cristo já trouxemos a pena, “como viveremos ainda nele?” [v. 2]. E novamente ele diz muito corajosamente: “O pecado não terá domínio sobre vós” – é impossível na natureza das coisas – “pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” [V. 14]; você não está mais sob a maldição de uma lei violada, temendo e odiando a Deus; você está debaixo da Graça; sob um sistema de paz e amizade com Deus. 
Mas há alguém pronto para objetar-me que se essas coisas são assim, se nada mais do que isso é necessário para trazer um homem à paz com Deus e à uma vida e conver- sação santa, como os crentes ainda cometem pecado? Eu respondo, é de fato muito verdadeiro que os crentes pecam; mas é igualmente verdade que a incredulidade é a causa de seu pecado. Se você e eu estivéssemos vivendo com o olho tão próximo em Cristo suportando tanto por todos os nossos pecados, oferecendo gratuitamente a todos uma justiça em dobro por todos os nossos pecados; e se esta visão constante do amor de Cristo mantida dentro de nós, como certamente seria se olhássemos com um olho simples, a paz de Deus que excede todo o entendimento – a paz que não repousa em nenhum de nós, mas inteiramente sobre Cristo – então eu digo que, frágeis e indefesos como somos, nós nunca deveríamos pecar; não devemos ter a menos motivação para pecar. Mas não é desta forma conosco. Quantas vezes durante o dia o amor de Cristo está completamente fora de vista! Quantas vezes está obscurecido para nós! Às vezes se oculta de nós pelo próprio Deus, para nos ensinar o que somos. Quantas vezes somos deixados sem o sentido do que é a completude da Sua oferta, a perfeição de Sua Justiça,
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e sem vontade ou sem confiança para afirmar um interesse nEle! Quem maravilha-se, então, que onde há tanta incredulidade, medo e ódio por Deus haverá mais e mais deformação, e o pecado irá muitas vezes exibir sua cabeça venenosa? 
A questão é muito simples, se somente nós tivéssemos olhos espirituais para vê-la. Se vivêssemos uma vida de fé no Filho de Deus, então iríamos certamente viver uma vida de santidade. Eu não digo que devemos fazê-lo; mas eu digo, deveremos, como uma questão de consequência necessária. Mas na medida em que não vivemos uma vida de fé, viveremos uma vida de impiedade. É por meio da fé que Deus purifica o coração; e não há outra maneira. 
Existe algum de vocês, então, desejoso de ser feito novo, de ser liberto da escravidão de hábitos e afeições pecaminosas? Não podemos apontar-lhe nenhum outro remédio, senão o amor de Cristo. Vede como Ele o amava! Veja o que Ele suportou por você; coloque o dedo, por assim dizer, nas marcas dos cravos, e coloque a mão no seu lado; e não sejas mais incrédulo, mas crente. Sob um senso de seu pecado, fuja para o Salvador dos pecadores. Como a pomba temerosa voa para esconder-se nas fendas das rochas, assim fuja para se esconder nas feridas de Seu Salvador; e depois de ter encontrado-O, como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta; quando você se sentar sob Sua sombra, com grande prazer; você vai achar que ele matou toda a inimizade, que Ele tem concluído todas as tuas guerras. Deus agora é por você. Plantado juntamente com Cristo na semelhança da sua morte, você será também na semelhança da Sua ressurreição. Morto para o pecado, você deverá estar vivo para Deus. 
III. Seu Amor Desperta O Nosso Amor 
O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa; porque esta verdade não somente remove o medo e o ódio, mas desperta o nosso amor. 
Quando somos levados a ver a face do Deus reconciliado em paz, este é um grande privilégio. Mas como podemos olhar para Aquela face, reconciliando e reconciliado, e não amar Aquele que assim nos amou? Amor gera amor. Dificilmente podemos deixar de estimar aqueles no mundo que realmente nos amam, embora eles possam ser inúteis. Mas quando estamos convencidos de que Deus nos ama, e convencidos de tal forma pelo dom de Seu Filho por todos nós, como iremos, senão amar Aquele em Quem estão todas as excelências – tudo para evocar o amor? 
Eu já mostrei que o Evangelho é um esquema de restauração; ele nos traz de volta para o mesmo estado de amizade com Deus que Adão desfrutava, e, assim, tira o desejo do
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pecado. Mas agora eu irei mostrar a você, que o Evangelho faz muito mais do que restau- rar-nos ao estado do qual caímos. Se correta e consistentemente apreendido por nós, ela nos coloca em um estado muito melhor do que Adão. Ele nos constrange por um motivo muito mais poderoso. Adão não tinha esse forte amor de Deus ao homem, derramado em seu coração; e, portanto, ele não tinha esse poder constrangedor para fazê-lo viver para Deus. Mas os nossos olhos viram esta grande visão. Diante de nós Cristo foi evidente- mente crucificado. Se realmente acreditamos que, Seu amor trouxe-nos à paz, por meio de perdão; e porque estamos perdoados e em paz com Deus, o Espírito Santo nos é dado. O fazer o quê? Ora, exatamente para derramar esta verdade sobre os nossos cora- ções, para nos mostrar mais e mais desse amor de Deus por nós, para que possamos ser atraídos a adorar Aquele que nos amou, viver para Aquele que morreu e ressuscitou por nós. 
É realmente admirável ver como a forma bíblica de fazer-nos santos é adequada à nossa natureza. Se Deus tivesse proposto nos atemorizar para vivermos uma vida santa, quão vão teria sido a tentativa! Os homens têm sempre uma ideia, que se alguém vivesse dos mortos para nos contar sobre a realidade das regiões onde habitam tristes na miséria sem fim, os espíritos dos condenados; que aqueles iriam constrangê-los a viver uma vida santa; mas que ignorância isso mostra da nossa natureza misteriosa! 
Suponha que Deus nesta hora desvendasse diante dos nossos olhos os segredos dessas moradas terríveis aonde a esperança nunca vem; suponha, se fosse possível, que você foi realmente levado a sentir por algum tempo as dores reais do lago e experimentado a agonia, e o verme que nunca morre; e depois que você foi trazido de volta à terra, e colo- cado em sua velha situação, entre seus velhos amigos e companheiros; você realmente acha que haveria qualquer chance de você caminhar com Deus como um criança? Eu não duvido que você iria ter medo de seus pecados positivos; a taça do prazer sem Deus iria cair de sua mão; você estremeceria com um juramento, você tremeria ante uma mentira, porque você tinha visto e sentido algo do tormento que aguarda o bêbado, o blasfemador e o mentiroso, no mundo além-túmulo; mas você realmente acha que você iria viver para Deus mais do que você vive, que você iria servi-lo melhor do que antes? É bem verdade que você pode ser levado a ser mais caridoso; sim, a dar todos os seus bens para sustento dos pobres, e seu corpo para ser queimado; que você pode viver com rigor e seriedade, a com o maior medo de quebrar um dos mandamentos, todo o resto de seus dias, mas isso não seria viver para Deus, você não iria amá-lo um pouquinho mais. Infelizmente vocês estão cegos para os vossos corações curiosamente formados, se você não sabe que o amor não pode ser forçado; nenhum homem jamais foi atemorizado ao amor, e, portanto, nenhum homem jamais foi atemorizado para a santidade.
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Mas, três vezes bendito seja Deus, Ele inventou uma maneira mais poderosa do que o inferno e todos os seus terrores; um argumento mais forte do que até mesmo a visão daqueles tormentos; Ele inventou uma maneira de nos atrair para a santidade. Ao mostrar-nos o Amor de Seu Filho, Ele suscita nosso amor. Ele conhecia a nossa estrutura; lembrou-se de que somos pó; Ele conhecia todas as peculiaridades do nosso coração traiçoeiro; e, portanto, Ele adequou Sua maneira de santificar a criatura a ser santificada. Assim, o Espírito não faz uso do terror para nos santificar, mas de amor: “O amor de Cristo nos constrange”. Ele nos atrai com “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor” [Oséias 11:4]. O que o pai faz para conhecer a verdadeira forma de ganhar a obediência de um filho, não é ganhar o afeto da criança? E você acha que Deus, que nos deu essa sabedoria, Ele mesmo não sabe disso? Você acha que Ele iria definir sobre como obter a obediência de seus filhos, sem antes de tudo a ganhar seus afetos? Para obter nossas afeições, que por natureza perambulam pela face do mundo, e centrar- se em nada, senão nEle, Deus enviou o Seu Filho ao mundo para suportar a maldição de nossos pecados. “Sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” [2 Coríntios 8:9]. 
Se há apenas um de vocês que irá consentir neste dia, sob um senso de aniquilação, fuja para o refúgio, para o Salvador, para encontrar nEle o perdão de todos os pecados pas- sados, eu sei muito bem que a partir de hoje em diante você vai ser como aquela pobre mulher, que era uma pecadora, que estava aos pés de Cristo, atrás dele, chorando e começou a lavar os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça, e beijava os seus pés e os ungia com o unguento. Quando muito perdoado, você vai amar muito; amando muito, você vai viver para o serviço dAquele a quem você ama. Este é o grande princípio-mestre do qual falamos; esta é a fonte secreta de toda a santidade dos santos. 
A vida de santidade não é o que o mundo falsamente representa, uma vida de rigidez e de fadiga, na qual um homem se priva da toda afeição de sua natureza. Não existe tal coisa como a abnegação no sentido papista desta palavra na religião da Bíblia. O sistema de restrições e autoflagelação é o próprio sistema que Satanás criou como uma falsifi- cação do caminho de santificação de Deus. É assim que Satanás atemoriza milhares contra a paz e a santidade Evangelho; como se para ser um homem santificado o homem devesse ser privado de todos os desejos do seu ser, que fizesse tudo o que fosse desagradável e desconfortável para ele. Meus amigos, o nosso texto nos mostra claramente que não é assim. Somos constrangidos à santidade pelo amor de Cristo; o amor dAquele que nos amou, é a única corda pela qual estamos vinculados ao serviço de Deus. O flagelo dos nossos afetos é o único flagelo que nos leva ao novo dever. Doces laços e gentis flagelos! Quem não gostaria de estar sob o Seu poder?
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IV. O Perseverante Amor de Cristo 
Finalmente, se o amor de Cristo por nós é o objeto que o Espírito Santo faz uso, no início, para nos atrair para o serviço de Cristo, é por meio deste mesmo objeto que Ele nos chama a perseverar até o fim. Assim, que se você é visitado com temporadas de frieza e indiferença; se você começar a se cansar, ou ficar para trás no serviço de Deus! Eis, aqui está o remédio: Olhe novamente para o Salvador sangrante. Este Sol da Justiça é o grande centro de atração, em torno do qual todos os Seus santos se movem rapidamente, e em conjunto harmonioso suave, “não sem música”. Enquanto o olho crente se fixar sobre o Seu amor, o caminho do crente é fácil e desimpedido; pois este amor sempre constrange. Mas, retire o olho, crente, e o caminho se torna impraticável e a vida de santidade um cansaço. 
Quem, então, deseja viver uma vida de santidade perseverante, mantenha o olhar fixo no Salvador. Enquanto Pedro olhou apenas para o Salvador, ele caminhou sobre o mar em segurança, para ir a Jesus; mas quando ele olhou ao redor e sentiu o vento forte, teve medo, e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”, apenas assim será com você. Enquanto você olhar com fé para o Salvador, que Te amou, e entregou a Si mesmo por você, desde que você possa pisar nas águas do mar agitado da vida, e as solas dos pés não serão molhadas. Mas, se porventura você olhar ao redor para os ventos e as ondas que o ameaçam em cada lado, e, como Pedro, você começar a afundar, clame: “Senhor, salva-me!” Quão justamente, então, podemos dirigir-vos a repreensão do Salvador a Pedro: “Ó, Homem de pouca fé, por que duvidaste?”. Olhe novamente para o amor do Salvador, e contemple o amor que constrange a viver não mais para si, mas por Aquele que morreu por você e ressuscitou.
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3 
Pai, Eu Quero 
I 
SERMÃO 
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, 
também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; 
porque tu me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:24). 
I. A FORMA DESTA ORAÇÃO 
“Pai, eu quero”. 
Esta é a mais maravilhosa oração que alguma vez elevou-se da terra para o trono de Deus, e esta petição é a mais maravilhosa da oração. Nenhuns lábios humanos jamais oraram assim antes: “Pai, eu quero”. Abraão era amigo de Deus, e ficou muito perto de Deus em oração; mas ele orou como pó e cinzas. “E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” [Gênesis 18:27]. Jacó lutou com Deus e prevaleceu, mas a sua palavra mais ousada foi: “Não te deixarei ir, se não me abençoares” [Gênesis 32:26]. Daniel foi um homem muito amado, e teve respostas imediatas às orações, e ainda assim ele clamou a Deus como um pecador: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age” [Daniel 9:19]. Paulo foi um homem que esteve muito perto de Deus, e ainda assim ele diz: “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” [Efésios 3:14]. Porém quando Cristo orou, clamou: “Pai, eu quero” Por que Ele ora assim? 
Ele era companheiro de Deus – “Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro” [Zacarias 13:7]. Apesar disso, Ele não usurpou o ser igual a Deus. Foi Ele quem disse: “Haja luz, e houve luz”. Portanto, agora Ele diz: “Pai, eu quero”.
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Ele tinha uma vontade com o Pai – “Eu e o Pai somos um” [João 10:30]. Um só Deus, um só coração e vontade. É verdade, Ele tinha uma santa alma humana, e, portanto, uma vontade humana; mas sua vontade humana era uma com a Sua vontade Divina. A corda humana em seu coração estava sintonizada na mesma corda da Sua vontade Divina. 
Aprendam quão seguramente esta oração será respondida, queridos filhos de Deus. É impossível que esta oração fique sem resposta. É a vontade do Pai e do Filho. Se Cristo quer, e se o Pai quer, vocês podem ter certeza de que nada pode impedir isso. Se a ovelha está na mão de Cristo, e na mão do Pai, elas jamais perecerão. 
II. POR QUEM ELE ORA 
“Aqueles que me deste”. 
Seis vezes neste capítulo Cristo chama o seu povo por este nome: “Aqueles que me deste”. Esta parece ter sido uma expressão favorita de Cristo, especialmente quando os conduzidas sobre Seu coração diante do Pai. A razão parece ser que Ele lembra ao Pai que eles são tanto do Pai como eles são Seus próprios; que o Pai tem o mesmo interesse que Ele por eles, tendo-lhes dado a Ele antes que o mundo existisse. E assim Ele o repete no versículo 10: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas”. Antes que o mundo existisse, o Pai escolheu um povo deste mundo. Ele os entregou na mão de Cristo, ordenando-Lhe que não perdesse nenhum, a suportar os seus pecados em Seu próprio corpo no madeiro, a ressuscitar no último dia. E, consequentemente, Ele diz: “Dos que me deste nenhum deles perdi” [João 18:9]. Há algum sinal daqueles que são dados a Cristo? Eles não são melhores do que os outros. Ás vezes Ele escolhe o pior! Resposta – Sim: “Todo o que o Pai me dá virá a mim [João 6:37]. Uma das marcas seguras de todos os que foram dados a Cristo é que eles vêm a Jesus: Todos eles vêm “a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão” [Hebreus 12:24]. Você veio a Cristo? O seu coração foi aberto para receber a Cristo? Cristo tornou-se precioso para você? – Então você pode ter a certeza que você foi dado a Cristo antes da fundação do mundo. Seu nome está no Livro da Vida do Cordeiro, e seu nome está no peitoral de Cristo. É por você que Ele ora: “Pai, eu quero que este alma esteja comigo”. Cristo nunca perderá você. O Pai, que deu você a Ele é maior do que todos, e ninguém pode arrebatar você da mão do Pai. 
III. O ARGUMENTO
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“Porque Tu me amaste”. 
Ele lembra o Pai de Seu amor a Ele, antes que o mundo existisse. Quando não havia terra, nem sol, nem lua, nem anjo, – quando Ele estava ao lado dEle. 
Então, “Tu me amaste”. Quem pode compreender esse amor – o amor de um Deus não criado ao Seu Filho não criado? O amor de Jônatas a Davi era muito grande, ultrapassan- do o amor das mulheres. O amor de um crente a Cristo é muito grande, porque veem que Ele é totalmente desejável. O amor de um santo anjo por Deus é muito ardente, porque são como labaredas de fogo. Mas estes todos são amores da criatura; Estes são apenas córregos; mas o amor de Deus por seu Filho é um oceano de amor. Há de tudo em Cristo para atrair o amor do Pai. Agora discriminem Seu argumento: Se Tu me amas, faça isso pelo Meu povo. 
Assim como Ele disse a Paulo: “Por que me persegues?” Sentindo-se Um com Seus membros aflitos sobre a Terra. Deste modo Ele dirá no último dia: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” [Mateus 25:40]. Ele reconhece os crentes como parte de Si mesmo; que é feito para eles é feito para Ele. Então, aqui, quando Ele os conduz ao Seu Pai, este é todo o Seu argumento: “Tu me amas”. Se Tu me amas, os ama, pois eles são parte de Mim. Veja quão seguramente a oração de Cristo será respondida por você, amado. Ele não alega que você é bom e santo; Ele não alega que você é digno; Ele só pleiteia a Sua própria amabilidade aos olhos do Pai. Não olhe para eles, diz Ele, mas olhe para mim. Tu me amaste, antes da fundação do mundo. Aprendam a usar o mesmo argumento com Deus, queridos crentes. Isso é, pedir em nome de Cristo, por amor do Senhor; esta é a oração que nunca é recusada. Vejam para que vocês não venham em seu próprio nome, senão vocês serão expulsos. Venham assim, para a Sua mesa. Diga ao Pai: me aceite, pois Tu O amas, desde a fundação do mundo. 
IV. A ORAÇÃO EM SI 
Duas partes. 
1. Que eles estejam comigo. 
(1) O que Ele não quer dizer. Ele não quer dizer que devemos estar atualmente retirados deste mundo. Alguns de vocês que têm vindo a Cristo podem, neste dia, ser favorecidos com tanto de Sua presença e do amor do Pai, tanto da alegria do céu, e um tal pavor de
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voltar a trair Cristo no mundo, que vocês podem estar desejando que esta casa fosse realmente aquele portão do céu; vocês podem desejar que pudessem ser transportados da mesa de baixo para a mesa de cima. “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” [Filipenses 1:23]. Cristo ainda não deseja isto. “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” [João 17:15]. “Para onde eu vou não podes agora seguir-me” [João 13:36]. (Como aquela mulher no Diário de Brainerd – “Ó, bendito Senhor! Leve-me; permita-me morrer e ir com Jesus Cristo. Tenho medo de que, se eu viver, eu pecarei novamente”). 
(2) O que Ele quer dizer. Ele quer dizer que, quando a jornada acabar, estaremos com Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem uma jornada para realizar neste mundo. Alguns têm uma longa, e alguns têm uma curta. Esta é através de um deserto. Cristo ainda ora para que, no final, você possa estar com Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem suas doze horas para encher-se para Cristo. “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia” [João 9:4]. Mas quando isso é feito, Cristo ora para que você esteja com Ele. Ele quer dizer que você deve vir para a casa de Seu Pai, com Ele. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” [João 14:2]. Você deve morar na mesma casa com Cristo. Você nunca é muito íntimo de uma pessoa até que você a veja em sua própria casa – até que você a conheça em casa. Isto é o que Cristo quer de nós – que estejamos com Ele em Sua própria casa. Ele quer que estejamos no seio do mesmo Pai com Ele. “Eu subo para meu Pai e vosso Pai” [João 20:17]. Ele quer que estejamos no mesmo sorriso com Ele, que sentemos no mesmo trono com Ele, que nademos no mesmo oceano de amor com Ele. 
Aprenda quão seguro é que você estará, em breve, um dia com Cristo. Esta é a vontade do Pai, esta é a vontade do Filho. É a oração de Cristo. Se você realmente foi levado a Cristo, você nunca perecerá. Você pode ter muitos inimigos opondo-se a você em seu caminho para a glória. Satanás deseja ter você para te peneirar como trigo. Seus amigos do mundo farão todo o possível para impedi-lo. Ainda assim você estará com Cristo. Vere- mos o seu rosto na mesa da glória. Você tem um coração duro, um coração incrédulo, um coração enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Muitas vezes você acha que o seu coração levará você a trair Cristo. Ainda assim você estará com Cristo. Se você está em Cristo hoje, você estará para sempre com o Senhor. Você tem vivido uma vida má. Você tem pecados terríveis sobre os quais olhar. Ainda assim, se você está vindo para Jesus, esta é a Sua palavra para ti: “Tu estarás comigo no paraíso”. Na verdade, Cristo não pode perder você. Você é a Sua joia – a Sua coroa. O céu não seria céu para Ele, se você não estivesse ali. Isso pode lhe dar coragem ao vir para a mesa do Senhor. Alguns de vocês têm medo de vir a esta mesa, porque, se vocês se unirem a Cristo hoje, têm medo que possam traí-Lo amanhã. Mas vocês não precisam ter
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medo. “Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” [Filipenses 1:6]. Vocês devem sentar-se à mesa de cima, onde Cristo deve estar na cabeceira. Vocês não precisam ter medo de vir a esta mesa. 
2. Para que vejam a minha glória que me deste 
Há três estágios na glória de Cristo. Esta será a ocupação do céu: a contemplação de todas elas. 
Primeiro. A glória original de Cristo. Esta é a Sua glória não derivada, não criada, como igual ao Pai. Ela é mencionada em Provérbios 8:30: “Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo”. E, novamente, nesta oração: “aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Versículo 5). Dessa glória nenhum homem pode falar, nenhum anjo, nem arcanjo. Somente de uma coisa sabemos, que devemos honrar o Filho, bem como devemos honrar o Pai. Ele compartilhou com o Pai em ser o Único todo-perfeito, quando não havia nada para admirar, ninguém para adorar, nem anjos com harpas de ouro, nem serafins a cantar Seu louvor, nem querubins a clamar: “Santo, Santo, Santo”. Antes que todas as cri- aturas existissem, Ele era Um com o Deus infinitamente Perfeito, Bom e Glorioso. Ele era, então, tudo o que Ele mais tarde evidenciou ser. A Criação e Redenção não O mudaram. Elas apenas só revelaram o que Ele era anteriormente. Elas apenas forneceram os objetos para que aqueles raios de glória repousassem, de forma que brilhavam tão plenamente como antes, desde toda a eternidade. A eternidade será tomada com o louvor a Deus, a medida que Ele revelou a Si mesmo absolutamente; assim mesmo Ele sairá do retraimento de Sua amável e bem-aventurada eternidade. 
Segundo. Quando Ele se tornou carne. “O Verbo se fez carne” [João 1:14]. Cristo não obteve mais glória, tornando-se homem, mas Ele manifestou a Sua glória de uma nova maneira. Ele não ganhou uma maior perfeição, tornando-se homem; Ele tinha todas as perfeições de Deus anteriormente. Mas agora essas perfeições eram derramadas através de um coração humano. A onipotência de Deus agora movia-se em um braço humano. O amor infinito de Deus agora bateia em um coração humano. A compaixão de Deus pelos pecadores agora brilhava em um olho humano. Deus era amor antes, mas Cristo foi o amor coberto com carne. Assim como você já viu o sol brilhando através de uma janela colorida, – ainda é a mesma luz solar, e ainda assim ela brilha com um brilho adoçado, assim, em Cristo habita toda a plenitude da Divindade. A perfeição da Divindade brilhou por todos os poros, por meio de toda a ação, palavra e olhar, as mesmas perfeições, somente estavam brilhando com um brilho adoçado. O véu do templo era um tipo de sua carne, porque ele cobriu a luz brilhante do mais santo de todos. Mas, assim como a luz
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Sermões de M'Cheyne sobre reforma pessoal

  • 1.
  • 2. 10 Sermões Por Robert Murray M'Cheyne VOLUME 2 Facebook.com/oEstandarteDeCristo
  • 3. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 2 Sumário Prefácio.............................................................................................................................................3 Reformação Pessoal e na Oração Secreta....................................................................................4 Sermão 1 – A Voz do Meu Amado ...............................................................................................14 Sermão 2 – O Amor de Cristo.......................................................................................................24 Sermão 3 – Pai, Eu Quero.............................................................................................................34 Sermão 4 – Olhe para um Cristo traspassado............................................................................48 Sermão 5 – Cristo, o Único Refúgio.............................................................................................55 Sermão 6 – Pode uma Mulher Esquecer......................................................................................64 Sermão 7 – Gloriando-se na Cruz de Cristo................................................................................70 Sermão 8 – Feliz és tu, ó Israel.....................................................................................................76 Sermão 9 – Cristo, a Porta para a Igreja......................................................................................85 Sermão 10 – Motivos para Agarrar-se a Jesus...........................................................................89 UMA BIOGRAFIA DE ROBERT MURRAY M'CHEYNE.................................................................93
  • 4. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 3 Prefácio Nosso coração transborda de gratidão e nossa boca de riso, pois alegre e reverentemente reconhecemos: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras. E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.” (Isaías 26:12; Salmos 90:17). Este é o segundo volume dos 10 Sermões, por Robert Murray M'Cheyne. Os primeiros 10 sermões têm sido abençoadores, o nosso forte anseio é que estes sejam tanto quanto ou mais do que aqueles, e prosperem naquilo que a Deus aprouver. Este sermões são muito preciosos aos nossos olhos, cada um deles nos traz doces lembran- ças e excelentes meditações. A pena do mui amado Sr. M’Cheyne é como que cheia da luz do conhecimento de Deus e do calor da piedade bíblica. Aqui há a Doutrina que é segundo a verdadeira piedade. Muito anelamos que mais e mais almas possam se beneficiar desses sermões simples, mui bíblicos e por isso belos, confortadores, edificantes. Aqui há amor e um coração fervendo com palavras boas ao Noivo de nossas almas. Acredito que a maior necessidade de nosso dias é de homens que amem a Cristo mais do que tudo, e sejam constrangidos por este amor a ponto de O seguirem em todo o tempo, com espadas de dois fios nas mãos e com os altos louvores nas gargantas, com vestes alvas e óleo puro sobre suas cabeças redimidas, que- brantadas. Onde estão os homens que amam a Jesus Cristo mais do que tudo? Deus o sabe. O desejo de nosso coração é que a trombeta que soou por Dundee, na Escócia, há quase duzentos anos atrás com toque suave e impetuoso, toque outra vez, mas agora no Brasil, que a suavidade console os santos; e o estrugir impetuoso desperte os mortos de seu sono terrível, e os descuidados de Sião, sejam alertados pelo som certo, solene e urgente do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Que o Senhor lhe conceda Sua Livre a Soberana Graça, para que te lembres desta palavras na glória e bem-aventurança eterna, no Céu, ao lado de nosso mui Amado Senhor e Salvador Jesus Cristo; e não no inferno na companhia de Satanás e seu demônios, e não em tormentos eternos. Nas palavras do piedoso pregador escocês: “Pode ser verdadeiramente dito para todo pecador que lerá estas palavras, que você foi agora chamado, advertido, convidado a escapar da ira vindoura, e para lançar-se a Cristo, que está posto diante de você. Se você não obteve o suficiente para salvar-se, você obteve o suficiente para condenar-te.” William Teixeira. São Paulo, 10 de maio de 2014.
  • 5. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 4 Reformação Pessoal e Na Oração Secreta O Sr. M'Cheyne intitula o exame de seu coração e vida de “Reforma” e este começa assim: É dever dos ministros neste dia, que comecem a reforma da religião e maneiras neles mesmos, famílias, etc., com confissão de pecados passados, fervente oração por direção, graça e pleno propósito de coração. Malaquias 3:3 – “[Ele] purificará os filhos de Levi”. Os ministros são colocados à parte, por um tempo para esta finalidade. I. Reforma Pessoal Estou convencido de que obterei a maior quantidade de felicidade presente, farei mais para a glória de Deus e o bem do homem, e terei a plena recompensa na eternidade, através da manutenção de uma consciência sempre lavada no sangue de Cristo, por ser cheio do Espírito Santo em todos os momentos e por obter mais de toda a semelhança com Cristo em mente, vontade e coração, que seja possível para um pecador redimido alcançar neste mundo. Estou convencido de que, sempre que qualquer um exteriormente, ou o meu coração interiormente, a qualquer momento, ou em qualquer circunstância, contradiz isto – se alguém deve insinuar que não é para a minha felicidade presente e eterna, e para a glória de Deus e minha utilidade, a manutenção de uma consciência lavada pelo sangue, o ser completamente cheio do Espírito e ser totalmente conforme à imagem de Cristo em todas as coisas – isto é a voz do Diabo, o inimigo de Deus, o inimigo de minha alma e de todo o bem, a mais tola, ímpia e miserável de todas as criaturas. Veja Provérbios 9:17: “As águas roubadas são doces”. 1. Para manter uma consciência livre de ofensa, estou convencido de que eu devo confessar mais os meus pecados. Eu penso que eu devo confessar o pecado no momento em que eu perceba que isto seja pecado. Se eu estiver no trabalho, ou em estudo, ou mesmo na pregação, a alma deve lançar um olhar de aversão ao pecado. Se eu continuar com o serviço, deixando o pecado não confessado, eu prossigo com a consciência sobrecarregada, e acrescento pecado a pecado. Eu penso que devo, em certos momentos do dia – no meu melhor momento – digo, depois do almoço e depois do chá, confessar solenemente os pecados das horas anteriores, e buscar a sua remissão completa.
  • 6. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 5 Encontro que o Diabo frequentemente faz uso da confissão de pecado para agitar novamente o mesmo pecado confessado em novo exercício, de modo que eu tenho medo de me debruçar sobre a confissão. Devo solicitar Cristãos experientes sobre isso. No momento, eu acho que devo me esforçar contra este terrível abuso da confissão, em que o Diabo tenta me assustar ao confessar. Eu devo obter todos os métodos para perceber a vileza dos meus pecados. Eu devo me considerar como um ramo condenado de Adão, como participante de uma natureza oposta a Deus desde o ventre materno (Salmos 51), como tendo um coração cheio de toda a maldade, que contamina cada pensamento, palavra e ação, durante toda a minha vida, desde o nascimento até a morte. Eu devo confessar muitas vezes os pecados da minha mocidade, como Davi e Paulo, meus pecados antes da conversão, os meus pecados desde a conversão, pecados contra a luz e conhecimento, contra o amor e a graça, contra cada pessoa da Divindade. Eu devo olhar para os meus pecados à luz da santa lei, à luz da face de Deus, à luz da cruz, à luz trono de julgamento, à luz do inferno, à luz da eternidade. Eu devo examinar os meus sonhos, meus pensamentos vagueantes, minha predileções, minhas ações recorrentes, meus hábitos de pensamento, sentimento, palavra e ação; as calúnias de meus inimigos e as reprovações e até gracejos dos meus amigos, para descobrir os traços de meu pecado predominante, assunto para a confissão. Eu devo ter um dia estabelecido de confissão, com jejum, digamos, uma vez por mês. Eu devo ter um número de escritos assinalados, para trazer o pecado à lembrança. Eu devo fazer uso de todas as aflições do corpo, do julgamento interior, das carrancas da providência sobre mim mesmo, da casa, da paróquia, da igreja, ou do país, como apelos de Deus para confissão de pecado. Os pecados e aflições dos outros homens devem me chamar para o mesmo. Eu devo, nas noites de Sabath, e nas noites de Comunhão de Sabath, ter um cuidado especial para confessar os pecados de coisas sagradas. Eu devo confessar os pecados de minhas confissões, suas imperfeições, objetivos pecaminosos, tendência hipócrita, etc., e olhar para Cristo como tendo confessado meus pecados perfeitamente sobre Seu próprio sacrifício. Eu devo ir a Cristo para o perdão de cada pecado. Ao lavar o meu corpo, eu passar por cima de cada parte, e lavo-as. Devo ser menos cuidadoso ao lavar a minha alma? Eu devo ver o golpe que foi feito nas costas de Jesus por cada um dos meus pecados. Eu devo ver a infinita pontada impressa através da alma de Jesus como uma eternidade de meu inferno por meus pecados, e por todos eles. Eu devo ver que naquele derramamento de sangue de Cristo há um infinito pagamento excessivo por todos os meus pecados. Embora Cristo não tenha sofrido mais do que a justiça infinita exigiu, contudo Ele não poderia sofrer em absoluto, sem estabelecer um resgate infinito.
  • 7. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 6 Sinto, quando eu peco, uma relutância imediata para ir a Cristo. Tenho vergonha de ir. Sinto como se não fizesse nenhum bem em ir – como se estivesse fazendo de Cristo um ministro do pecado, indo direto da calha do suíno para a melhor veste, e mil outras desculpas; mas estou certo de que essas são todas mentiras, diretas do inferno. João argumenta o caminho oposto: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai” [1 João 2:1]; Jeremias 3:1, e mil outras Escrituras são contra isso. Estou certo de que não há nem paz nem segurança provinda do mais profundo pecado, mas em ir diretamente para o Senhor Jesus Cristo. Este é o caminho de Deus, da paz e da santidade. É tolice para o mundo e para o coração obscurecido, mas este é o caminho. Eu nunca devo considerar um pecado pequeno demais para não necessitar da aplicação imediata do sangue de Cristo. Se eu lançar fora uma boa consciência, em relação à fé, eu faço naufrágio. Nunca devo pensar que os meus pecados são tão grandes, tão agravados, tão presunçosos, como quando feitos de joelhos, ou na pregação, ou em um leito de morte, ou durante uma doença perigosa, para me impedir de fugir para Cristo. O peso dos meus pecados deve agir como o peso de um relógio: quanto mais pesado ele é, mais rápido ele o faz ir. Eu não devo apenas me lavar no sangue de Cristo, mas vestir-me da obediência de Cristo. Para cada pecado de omissão em mim, que eu possa encontrar uma obediência divinamente perfeita pronta para mim em Cristo. Para cada pecado de comissão em mim, que eu não apenas possa encontrar um golpe ou uma ferida em Cristo, mas também uma perfeita prestação da oposta obediência em meu lugar, para que a lei seja magnificada, a sua maldição mais do que cumprida, sua demanda mais do que respondida. Muitas vezes a Doutrina de Cristo parece-me comum, bem conhecida, não tendo nada de novo nela. E sou tentado a passar por ela e ir para alguma Escritura mais atrativa. Isto é o Diabo de novo; uma mentira em brasa. Cristo é para nós sempre novo, sempre glorioso. “Riquezas incompreensíveis de Cristo” [Efésios 3:8]; um objeto infinito e o único para uma alma culpada. Eu devo ter um número de Escrituras disponíveis, que conduzam a minha alma cega diretamente para Cristo, tal como Isaías 45 e Romanos 3. 2. Para ser cheio do Espírito Santo, estou certo de que eu devo estudar mais a minha própria fraqueza. Que eu devo ter um número de Escrituras prontas para serem meditadas, como Romanos 7, João 15, para convencerem-se de que eu sou um verme desamparado. Sinto-me tentado a pensar que eu sou agora um Cristão confirmado, que eu venci este ou aquele desejo há muito, que eu adquiri o hábito da graça oposta, de modo que não há
  • 8. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 7 temor; que eu posso aventurar-me muito perto da tentação, mais perto do que os outros homens. Isto é uma mentira de Satanás. Assim como eu posso falar da pólvora adquirindo por hábito, um poder de resistir ao fogo, de modo a não produzir a faísca. Enquanto o pó está molhado, ele resiste à faísca, mas quando ele se torna seco, está pronto a explodir ao primeiro toque. Enquanto o Espírito habita em meu coração, Ele me amortece para o pecado, de modo que, se legalmente chamado a passar pela tentação, eu posso confiar que Deus me conduz. Mas quando o Espírito me deixa, eu sou como pólvora seca. Ó, uma percepção disso! Sinto-me tentado a pensar que há alguns pecados pelos quais não tenho gosto natural, como a bebida forte, linguagem profana, etc., de forma que eu não preciso temer a tentação por tais pecados. Isto é uma mentira, uma mentira orgulhosa, presunçosa. As sementes de todos os pecados estão em meu coração, e talvez de todas as mais perigosas são as que eu não vejo. Eu deveria orar e trabalhar pela mais profunda sensibilidade de minha fraqueza e impotência do que jamais um pecador foi levado a sentir. Estou desamparado em relação a cada concupiscência que sempre esteve, ou sempre estará no coração humano. Sou um verme, uma besta diante de Deus. Muitas vezes eu tremo ao pensar que isso é verdade. Eu sinto como se não fosse seguro a mim, renunciar a toda força que habita interiormente, como se fosse perigoso que eu sinta (o que é verdade) que não há nada em mim guardando-me do pecado mais grosseiro e mais vil. Esta é uma ilusão do Diabo. Minha única segurança é saber, sentir e confessar minha impotência, para que eu possa pendurar-me no braço da Onipotência. Eu diariamente desejo que o pecado fosse erradicado do meu coração. Eu digo: “por que Deus permite a raiz de lascívia, orgulho, raiva e etc. no meu seio? Ele odeia o pecado, e eu o odeio também; por que Ele não o purifica?” Eu conheço muitas respostas a isto que satisfazem completamente o meu julgamento, mas ainda assim, não me sinto satisfeito. Isso é errado. É correto estar cansado de estar pecando, mas não é correto brigar com meu presente “bom combate da fé”. As quedas em pecado de professos me fazem tremer. Eu tenho sido afastado da oração, e sobrecarregado de uma forma temerosa por ouvir ou ver o seu pecado. Isso é errado. É correto tremer, e fazer de cada pecado de todo professo uma lição da minha própria impotência, mas isso deveria levar-me mais para Cristo. Se eu estivesse mais profundamente convencido de meu completo desamparo, penso que não ficaria tão alarmado quando ouço das quedas de outros homens. Eu devo estudar aqueles pecados em que sou mais impotente, em que a paixão se torna como um furacão e eu como uma palha. Nenhuma figura de linguagem pode representar a minha absoluta falta de poder para resistir à torrente de pecado. Eu devo estudar mais a onipotência de Cristo: Hebreus 7:25, 1 Tessalonicenses 5:23, Romanos 6:14, 5:9, Romanos 10 e Escrituras semelhantes
  • 9. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 8 deveriam estar sempre diante de mim. O espinho de Paulo, 2 Coríntios 12, é a experiência da maior parte da minha vida. Isso deve estar sempre diante de mim. Existem muitos métodos auxiliares de buscar a libertação dos pecados, que não devem ser negligenciados, como: casamento, 1 Coríntios 7:2; fuga, 1 Timóteo 6:11, 1 Coríntios 6:18; vigiar e orar, Mateus 26:41; a Palavra, “está escrito, está escrito”, Assim, Cristo Se defen- deu em Mateus 4. Mas a defesa principal é lançar-me nos braços de Cristo como uma criança indefesa, e suplicar-Lhe que me encha com o Espírito Santo. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”, João 5:4-5, uma passagem maravilhosa. Eu devo estudar mais sobre Cristo como um Salvador, como um Pastor, carregando a ovelha que Ele encontra; como um Rei, reinando nas e sobre as almas que Ele redimiu; como um Capitão, lutando contra aqueles que lutam comigo, Salmos 35; como Aquele que se comprometeu a conduzir-me através de todas as tentações e provações, mesmo impossíveis para a carne e sangue. Muitas vezes sou tentado a dizer: “Como pode este Homem nos salvar? Como Cristo no céu pode livra-me das paixões furiosas que sinto em mim, e das redes que sinto prendendo-me?” Isto é o pai da mentira novamente! “Ele pode salvar perfeitamente” [Hebreus 7:5]. Eu devo estudar sobre Cristo como um Intercessor. Ele orou mais por Pedro, que era o mais tentado. Eu estou em Seu peitoral. Se eu pudesse ouvir Cristo orando por mim na sala ao lado, eu não temeria um milhão de inimigos. Ainda assim, a distância não faz diferença; Ele está orando por mim. Eu devo estudar mais sobre o Consolador, Sua Divindade, Seu amor, Sua onipotência. Tenho encontrado por experiência que nada me santifica tanto quanto meditar sobre o Consolador, como João 14:16. E ainda assim, como é raro que eu faça isso! Satanás me afasta disso. Muitas vezes sou como aqueles homens que disseram que não sabiam que havia algum Espírito Santo. Eu nunca devo esquecer que meu corpo é habitado pela terceira Pessoa da Trindade. Somente pensar nisso, deve fazer-me tremer a pecar; 1 Coríntios 6. Eu nunca devo esquecer que o pecado entristece o Espírito Santo, irrita e extingue-O. Se eu quero ser cheio do Espírito Santo, sinto que devo ler mais a Bíblia, orar mais, e vigiar mais. 3. Para obter plena semelhança a Cristo, eu devo ter uma alta estima da bem- aventurança disso. Estou persuadido de que a alegria de Deus está inseparavelmente ligada à Sua santidade. Santidade e alegria são como luz e calor. Deus nunca provou dos prazeres do pecado.
  • 10. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 9 Cristo teve um corpo como o que eu tenho, mas Ele nunca provou um dos prazeres do pecado O redimido, por toda a eternidade, nunca provará um dos prazeres do pecado. Ainda assim, a sua felicidade é completa. Seria minha maior felicidade ser desde já inteiramente como eles. Cada pecado é algo distante de meu maior prazer. O Diabo se esforça dia e noite para me fazer esquecer isso ou não acreditar nisso. Ele diz: Por que você não desfruta deste prazer, tanto quanto Salomão ou Davi? Você pode ir para o céu também. Estou convencido de que isso é uma mentira. Que a minha verdadeira felicidade seja prosseguir e não mais pecar. Eu não devo adiar o abandono de pecados. Agora é o tempo de Deus. “Apressei-me, e não me detive” [Salmos 119:60]. Eu não deveria poupar os pecados, porque eu tenho há muito tempo consentido com eles como enfermidades, e outros achariam estranho se eu devesse mudar tudo de uma vez. Que ilusão miserável de Satanás isto é! Tudo o que eu percebo ser pecado, eu devo, a partir desta hora, estabelecer toda a minha alma contra ele, usando todos os métodos bíblicos para mortifica-lo, como as Escrituras, oração especial pelo Espírito, jejum, vigilância. Eu deveria observar rigorosamente as ocasiões em que eu caí, e evitar a ocasião, tanto quanto o próprio pecado. Satanás muitas vezes me tenta a ir tão perto quanto possível das tentações, sem cometer o pecado. Isto é temeroso, tenta a Deus e entristece o Espírito Santo. É uma trama profunda colocada por Satanás. Eu devo fugir de toda a tentação, de acordo com Provérbios 4:15: “Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo”. Eu devo, constantemente, derramar o meu coração a Deus, orando por inteira conformidade com Cristo, para que toda a lei seja escrita no meu coração. Eu devo resoluta e solenemente entregar meu coração a Deus, entregar o meu tudo em Seus braços eternos, de acordo com a oração, Salmos 31; “Nas tuas mãos entrego o meu espírito”, suplicando-Lhe para não deixar que qualquer iniquidade, secreta ou presunçosa, tenha domínio sobre mim e me encha de toda graça que está em Cristo no mais elevado nível que for possível para pecador redimido recebê- la, e em todos os momentos, até a morte. Eu devo meditar muitas vezes no céu como um mundo de santidade, onde todos são santos, onde a alegria é uma alegria santa, a obra uma obra santa; de modo que, sem a santidade pessoal, eu nunca posso estar ali. Eu devo evitar a aparência do mal. Deus me
  • 11. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 10 ordena, e eu encontro que Satanás tem uma arte singular em associar a aparência e a realidade, unindo-as. Eu encontro que falar de alguns pecados contamina a minha mente e me leva a tentação, e encontro que Deus proíbe até mesmo os santos de falarem das coisas que são feitas por eles em oculto. Eu deveria evitar isso. Eva, Acã, Davi, todos caíram através da concupiscência dos olhos. Eu devo fazer uma aliança comigo, e orar, “Desvia os meus olhos de contemplar a vaidade”. Satanás torna os homens não-convertidos como a víbora surda, ao som do evangelho. Eu devo orar para ser feito surdo pelo Espírito Santo a todos que querem me seduzir ao pecado. Um de meus momentos mais frequentes de ser levado à tentação é esse: Eu digo que é necessário para o meu ofício que eu escute isso, ou olhe para isso, ou fale disso. Até agora, isto é verdadeiro; ainda assim, tenho certeza que Satanás tem sua parte nesse argumento. Eu devo procurar a direção Divina para resolver o quanto isso será benéfico para o meu ministério, e quão maligno para a minha alma, para que eu possa evitar este último. Estou convencido de que nada está prosperando na minha alma a menos que isso esteja crescendo: “Crescei na graça”. “Senhor: Acrescenta-nos a fé”. “Esquecendo-me das coisas que atrás ficam”. Estou convencido de que eu deveria estar perguntando a Deus e ao homem que graça eu necessito, e como eu posso tornar-me mais semelhante a Cristo. Eu devo lutar por mais pureza, humildade, mansidão, paciência sob o sofrimento e amor. “Faça-me semelhante a Cristo em todas as coisas” deve ser a minha constante oração. “Enche-me com o Espírito Santo”. II. Reforma na Oração Secreta Eu não devo omitir qualquer uma das partes da oração: confissão, adoração, ação de graças, petição e intercessão. Há uma temerosa tendência de omitir a confissão, proveniente dos baixos pontos de vista sobre Deus e Sua lei, débeis visões de meu coração e pecados passados de minha vida. Isso deve ser resistido. Há uma tendência constante para omitir a adoração, quando eu esqueço com Quem eu estou falando, quando eu corro descuidadamente da presença do Senhor, sem lembrar-me de Seu nome e caráter temíveis, quando eu tenho pequena visão de Sua glória, e pouca admiração por Suas maravilhas. “Onde está o sábio?” Tenho a tendência natural do coração para omitir a ação de graças. Ainda assim isto é
  • 12. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 11 especialmente ordenado em Filipenses 4:6. Muitas vezes, quando o coração está egoísta, insensível para a salvação dos outros, eu omito a intercessão. Embora, este é especial- mente o espírito do grande Advogado, que tem o nome de Israel sempre em Seu coração. Talvez nem toda oração precise ter todas estas, mas com certeza, um dia não deveria passar sem algum espaço sendo dedicado a cada uma. Eu deveria orar antes de ver qualquer pessoa. Muitas vezes, quando eu durmo muito, ou encontro-me cedo com outros, e depois, tenho a oração familiar, e café da manhã, e pessoas que me procuram pela manhã, frequentemente são onze horas ou meio-dia, antes que eu comece a oração secreta. Isto é um sistema miserável. Isto é antibíblico. Cristo ressuscitou antes do amanhecer, e foi para um lugar solitário. Davi diz: “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei” [Salmos 5:3]. Maria Madalena foi ao sepulcro, sendo ainda escuro. A oração familiar perde muito de sua força e doçura; e eu não posso fazer nada de bom por aqueles que vêm me procurar. A consciência sente-se culpada, a alma em jejum, a lâmpada não avivada. Então, quando a oração secreta vem, a alma está muitas vezes fora de sintonia. Eu sinto que é muito melhor começar com Deus, ver Seu rosto primeiro, aproximar a minha alma dEle, antes que eu me aproxime de outrem. “Quando acordo ainda estou Contigo” [Salmos 139:18]. Se eu dormi por muito tempo, ou viajar cedo, ou se o meu tempo é de qualquer forma abreviado, é melhor vestir-me apressadamente, e ter alguns minutos a sós com Deus do que dar isto por perdido. Mas, em geral, é melhor ter pelo menos uma hora a sós com Deus, antes de se envolver em qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo, tenho que ter cuidado para não contar a comunhão com Deus por minutos ou horas, ou pela solidão. Tenho me debruçado sobre a minha Bíblia e de joelhos por horas, com pouca ou nenhuma comunhão, e meus momentos de solidão têm sido, muitas vezes, os de maior tentação. Quanto à intercessão, eu devo interceder diariamente pela minha própria família, conhecidos, parentes e amigos; também pelo meu rebanho: os crentes, os despertados, os descuidados, os doentes, os enlutados, os pobres, os ricos, meus anciãos, os professores da Escola Dominical, professores da escola diária, crianças e distribuidores de sermões; para que todos os meios sejam abençoados: a pregação e ensino de Sabath, a visita aos doentes, a visita de casa em casa; providências, sacramentos. Eu devo diariamente interceder brevemente por toda a cidade, pela Igreja da Escócia, por todos os ministros fiéis, pelas congregações vagas, estudantes de teologia e etc., pelos queridos
  • 13. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 12 irmãos nominalmente, por missionários enviados aos judeus e Gentios, e para este fim, eu preciso compreender a inteligência missionária regularmente, e familiarizar-me com tudo o que estão fazendo em todo o mundo. Isso deveria me estimular a orar com um mapa diante de mim. Tenho que ter um esquema de oração, também os nomes dos missionários marcados no mapa. Eu devo interceder, em geral, mais na manhã e noite de Sabath, das sete às oito. Talvez eu também possa tomar diferentes partes em diferentes dias; eu apenas devo pleitear diariamente por minha família e rebanho. Eu devo orar sobre tudo. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” [Filipenses 4:6]. Muitas vezes eu recebo uma carta solicitando para pregar, ou algum pedido semelhante. Encontro-me respondendo antes de ter pedido conselho a Deus. Ainda mais frequentemente uma pessoa me chama e pede-me alguma coisa, e eu não solicito direção. Muitas vezes eu saio para visitar uma pessoa doente com pressa, sem pedir Sua bênção, o que por si só pode fazer a visita de alguma utilidade. Estou convencido de que eu nunca devo fazer nada sem oração, e, se for possível, especial oração secreta. Ao ler a história da Igreja da Escócia, eu vejo o quanto seus problemas e tribulações têm sido relacionados com a salvação das almas e a glória de Cristo. Eu devo orar muito mais por nossa igreja, por nossos principais ministros nominalmente, e pela minha própria clara orientação no caminho correto, para que eu não seja levado a desviar-me, ou me conduza a desviar de seguir a Cristo. Muitas questões difíceis podem ser forçadas sobre nós para as quais eu não estou totalmente preparado, como a legalidade das alianças. Eu deveria orar muito mais em dias de paz, para que eu possa ser guiado corretamente quando os dias de tribulações vierem. Eu devo passar as melhores horas do dia em comunhão com Deus. Este é a minha mais nobre e mais frutífera ocupação, e isto não deve ser empurrado para qualquer canto. As primeiras horas da manhã, de seis às oito, são as mais ininterruptas, e, portanto, devem ser assim empregadas, se eu puder evitar a sonolência. Um pouco de tempo após o almoço pode ser dedicado à intercessão. Após o chá é o meu melhor horário, e este deve ser solenemente dedicado a Deus, se possível. Eu não devo abandonar o velho e bom hábito de orar antes de ir para a cama; mas a vigilância deve ser mantida contra o sono; planejar as coisas que devo pedir é o melhor remédio. Quando eu despertar no meio da noite, eu devo levantar-me e orar, como Davi e como John Welsh fizeram. Eu devo ler três capítulos da Bíblia, em segredo, todos os dias, no mínimo.
  • 14. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 13 Eu devo, no Sabath, pela manhã, olhar todos os capítulos lidos durante a semana, e especialmente os versículos marcados. Eu devo ler em três diferentes lugares, e devo também ler de acordo com os temas, biografias, etc. Ele, evidentemente, deixou isso inacabado, e agora ele conhece como também ele é conhecido. Trecho de “A Biografia de Robert Murray M'Cheyne”, por Andrew A. Bonar.
  • 15. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 14 1 A Voz do Meu Amado “Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades. O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta- te, meu amor, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter” (Cânticos 2:8-17). Não há nenhum livro da Bíblia que proporcione um melhor teste da profundidade do Cristianismo de um homem do que o de Cântico dos Cânticos. (1.) Se a religião de um homem estiver toda em sua cabeça – uma estrutura bem definida de doutrinas, construída como trabalho de pedreiro, pedra sobre pedra – mas não exercer nenhuma influência sobre o seu coração, este livro não pode deixar de ofendê-lo; pois, nele não há decla- rações rígidas de doutrina sobre as quais a sua religião sem coração possa ser construída. (2.) Ou, se a religião de um homem for toda em sua imaginação – se, como Flexível em O Peregrino, ele seja levado pela beleza exterior do Cristianismo – se, como a semente lançada sobre o solo rochoso, a sua religião é estabelecida apenas nas faculdades superficiais da mente, enquanto o coração permanece rochoso e impassível; embora ele desfrute deste Livro, mais do que o primeiro homem, ainda assim, há um ar misterioso de íntima comoção nele, em que não pode senão tropeçar e ofender-se. (3.) Mas se a religião de um homem for a religião do coração – se ele não tem não apenas doutrinas em sua cabeça, mas o amor de Jesus em seu coração – se ele não tem so- mente ouvido e lido do Senhor Jesus, mas tem sentido a sua necessidade dEle, e foi levado a apegar-se a Ele, como o primeiro entre dez mil, e totalmente desejável, então este livro será inestimavelmente precioso para sua alma; pois contém os mais ternos
  • 16. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 15 suspiros do coração do crente pelo Salvador, e os mais ternos desejos do coração do Salvador, novamente, em direção ao crente. “O seu assunto é totalmente sublime, espiritual e místico; e as formas de sua composição, universalmente alegóricas” – John Owen. Há uma concordância entre os melhores intérpretes deste Livro – (1). Que ele consiste não de um cântico, mas de muitas canções; (2). Que esses cânticos estão em uma forma dramática; e (3). Que, como as parábolas de Cristo, elas contêm um significado espiritual, sob a veste e ornamentos de alguns episódios poéticos. A passagem que eu li compõe um destes cânticos dramáticos, e o tema deste é uma visita repentina que uma noiva Oriental recebe de seu senhor ausente. A noiva é representada para nós como sentada sozinha e desolada em um quiosque, ou bosque Oriental – um lugar seguro e de retraimento nos jardins do Oriente – descrito por viajantes modernos como “um bosque cercado por um muro verde, coberto por videiras e jasmins, com janelas de gelosias¹”. Os montes de Beter (ou, como estão no limiar, os montes da divisão), os montes que a separam de seu amado, parecem quase intransponíveis. Eles parecem tão íngremes e escarpados, que ela teme que ele nunca mais consiga vir por sobre eles para visitá-la. Seu jardim não possui nenhuma beleza que a atraia a seguir adiante. Toda a natureza parece participar de sua tristeza; o inverno reina fora e dentro; nenhuma flor aparece na terra; todos os pássaros canoros parecem estar tristes e silenciosos sobre as árvores; e a voz de amor da rola não é ouvida na terra. É enquanto ela está sentada, assim, solitária e desolada aquela voz de seu amado alcan- ça o seu ouvido. O amor é rápido em ouvir a voz que é amada; e, portanto, ela ouve mais rápido do que todas as suas donzelas, e o cântico inicia com a sua exclamação impetu- -------------------- [1] Gelosia: A palavra “gelosia” surgiu a partir do árabe. É uma estrutura herdada da arquitetura da etnia árabe, popularizada na Península Ibérica, e é constituída por treliças de madeira capazes de vedar vãos de janelas, formando uma espécie de gaiola, cujo objetivo era “aprisionar” ou proteger as mulheres em casa. Uma vez que a gelosia evita que quem está atrás da janela seja visto por quem está de fora, os maridos árabes costumavam usar esta janela nos quartos de suas esposas para que elas não tivessem contato visual direto com outros homens, daí a palavra gelosia vir do francês “jalousies”, ou do inglês “jealous”, significando ciúmes” (Fonte: pt.wikipedia.org).
  • 17. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 16 osa: “Esta é a voz do meu amado!” Quando ela sentou-se em sua solidão, as montanhas entre ela e seu senhor pareciam quase intransponíveis, eles eram tão elevados e tão íngreme; mas agora ela vê com que rapidez e facilidade ele salta estes montes, de forma que ela pode compará-lo a nada além de um gamo, ou o jovem cervo, as criaturas mais formosas e mais rápidas das montanhas. “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado”. Sim, enquanto ela está falando, ele já chegou ao muro do jardim; e agora, eis que “ele olha pelas janelas, espreitando pelas grades”. A noiva, a seguir, nos relata o convite suave, que parece ter sido o cântico de seu amado vindo tão rapidamente sobre os montes. Enquanto ela se sentava solitária, toda a natureza parecia morta – o inverno reinava; mas agora ele diz a ela que ele trouxe o tempo da primavera, juntamente com ele. “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem”. Movida por este com- vite premente, ela sai de seu lugar de retraimento para a presença de seu senhor, e se apega a ele como uma temerosa pomba das fendas das rochas; e, em seguida, ele se dirige a ela com estas palavras da mais terna e delicada afeição: “Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. Alegremente concordan- do em ir adiante com seu senhor, ela ainda lembra que esta é a época de maior perigo para as vinhas, devido as raposas que mordiscam a casca das vinhas; e, portanto, ela não sairá sem deixar o comando de cautela para as suas donzelas: “Apanhai-nos as rapo- sas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. Ela, então, renova a aliança de seu casamento com o seu amado, com estas palavras de pertinente afeição: “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios”. E por fim, por ela saber que esta temporada de comunhão íntima não durará, já que o seu amado deve sair novamente sobre os montes, ela não suportará que ele vá, sem rogar-lhe que frequentemente renove estas visitas de amor, até que amanhe- ça aquele dia feliz em que eles não mais precisaram estar separados: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”. Podemos muito bem desafiar o mundo inteiro de gênios para produzirem em qualquer idioma um poema como este – tão pequeno, tão abrangente, tão delicadamente bonito. Porém, o que é muito mais para o nosso atual propósito, não há nenhuma parte da Bíblia que desvele mais lindamente um pouco da experiência mais íntima do coração do crente. Olhemos, então, agora para a parábola como uma descrição de uma dessas visitas que o
  • 18. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 17 Salvador muitas vezes faz às almas crentes, quando Ele Se manifesta a eles de forma diferente do que o faz ao mundo. I. QUANDO O CRENTE ESTÁ SOZINHO Quando Cristo está longe da alma do crente, ele senta-se sozinho. Nós vimos na parábola, que, quando o seu senhor foi embora, a noiva estava sentada sozinha e desolada. Ela não se importou com a juventude e alegria para animarem as suas horas solitárias. Ela não solicitou a harpa do menestrel para acalmá-la em sua solidão. Não havia flauta, nem adufe, nem vinho em suas festas. Não, ela sentou-se sozinha. Os montes pareciam quase intransitáveis. Toda a natureza participou de sua tristeza. Se ela não podia estar feliz sem à luz da face do seu senhor, ela estava decidida a não estar feliz com mais nada. Ela sentou-se solitária e desolada. Exatamente assim é com o verdadeiro crente em Jesus. Quaisquer que sejam os montes de Beter que estejam entre a sua alma e Cristo, se ele foi seduzido por velhos pecados, de forma que as suas iniquidades fazem separação entre ele e o seu Deus; e os seus pecados encobrem o Seu rosto dele, para que não lhe ouça [Isaías 59:2]; ou se o Salvador retirou por um momento, a luz consoladora de Sua presença para a simples prova da fé de Seu servo, para ver, se, quando ele anda em trevas, e não tem luz nenhuma, confia no nome do Senhor, e firma- se sobre o seu Deus [Isaías 50:10]; quaisquer que sejam os montes de separação, é a evidência segura de um crente que ele se assentará desolado e sozinho. Ele não consegue rir, longe de seus intensos cuidados, como os homens mundanos podem fazer. Ele não consegue mergulhar-se na taça da intemperança, como os miseráveis homens cegos podem fazer. Mesmo o inocente vínculo da amizade humana não traz nenhum bálsamo para a sua ferida – ou melhor, até mesmo a comunhão com os filhos de Deus agora é desagradável para a sua alma. Ele não consegue apreciar o que ele gostava antes, quando aqueles que temiam ao Senhor falavam um com o outro. Os montes entre ele e o Salvador parecem tão vastos e intransponíveis, que teme que Ele nunca mais o visitará. Toda a natureza participa de sua tristeza – o inverno reina fora e dentro. Ele senta-se sozinho, e fica desolado. Estando aflito, ele ora; e o peso de sua oração é o mesmo daquele de um velho crente: “Senhor, se eu não posso me contentar com a luz de Tua face, que me concedas não ser feliz com nada mais; pois a alegria sem Ti é morte”. Ah! meus amigos, vocês conhecem algo sobre esse sofrimento? Vocês sabem que é, assim, sentar-se sozinho e estar desolado, porque Jesus está fora da vista? Se vocês o sabem, então se alegrem, se é possível, mesmo em meio a vossa tristeza! Pois, essa
  • 19. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 18 mesma tristeza é uma das marcas que vocês são crentes – de forma que vocês encon- tram toda a vossa paz e toda a vossa alegria na união com o Salvador. Mas ah, quão oposto é o caminho da maioria de vocês! Vocês não conhecem nada dessa tristeza. Sim, talvez vocês zombem disso. Vocês conseguem estar felizes e contentes com o mundo, mas vocês nunca tiveram uma visão de Jesus. Vocês podem estar felizes com seus companheiros, embora o sangue de Jesus nunca tenha sussurrado paz à tua alma. Ah, quão evidente é que vocês estão se apressando para o lugar onde “não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” [Isaías 57:21]. II. A VINDA DE CRISTO ATÉ O CRENTE A vinda de Cristo até o crente desolado é, muitas vezes, súbita e maravilhosa. Nós vimos na parábola, que foi quando a noiva estava sentada sozinha e desolada que ela ouviu, de repente, a voz do seu senhor. O amor é rápido em ouvir, e ela exclama: “A voz do meu amado!” Antes, achava as montanhas quase intransponíveis; mas agora ela pode comparar a rapidez dele a nada, a não ser ao gamo, ou ao filho do veado. Sim, em- quanto ela fala, ele está na parede, na janela, mostrando-se através da grade. Muitas vezes, exatamente assim ocorre com o crente. Enquanto ele se senta sozinho e desolado, os montes da separação parecem uma barreira vasta e intransponível para o Salvador, e teme que Ele nunca volte. Os montes de provocações de um crente são frequentemente mui grandes. “Que eu tenha pecado novamente, eu que fui lavado no lavado no sangue de Jesus. É pouco que os outros homens pequem contra Ele; eles nunca O conheceram – nunca O amaram como eu o fiz. Certamente eu sou o maior dos pecadores, e pequei demais, meu Salvador. Os montes de minhas provocações cresceram até o céu, e Ele nunca mais poderá vir”. Assim é que o crente escreve coisas amargas contra si mesmo; e nessa ocasião, é que muitas vezes ele ouve a voz de seu Amado. Algum texto da Pala- vra, ou alguma palavra de um amigo cristão, ou alguma parte de um sermão, mais uma vez revela Jesus em toda a Sua plenitude, o Salvador dos pecadores, mesmo do principal. Ou pode ser que Ele se dá a conhecer à alma desconsolada no partir do pão, e quando Ele fala as palavras gentis: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós... Tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” [1 Coríntios 11:24-25]; então, ele exclama: “A voz do meu amado! Eis que vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros”. Ah! meus amigos, vocês conhecem alguma coisa deste alegre surpresa? Se conhecem, por que vocês sempre sentam-se em desespero, como se a mão do Senhor estivesse encolhida de forma que Ele não possa salvar, ou como se seus ouvidos estivessem
  • 20. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 19 agravados de forma que Ele não possa ouvir? Na hora mais tenebrosa digam: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus” [Salmos 42:11]. Venham com expectativa à Palavra. Não venham com essa indiferença apática, como se nada que um verme companheiro possa dizer seja digno de sua audição. Esta não é a palavra do homem, mas a Palavra do Deus vivo. Venham com grandes esperanças, e então vocês encontrarão a promessa verdadeira, que Ele enche os famintos com coisas boas, embora Ele despeça os ricos de mãos vazias. III. VINDA DE CRISTO MUDA TODAS AS COISAS A Vinda de Cristo muda todas as coisas para o crente, e seu amor é mais suave do que nunca. Nós vimos na parábola que, quando a noiva estava desolada e sozinha, toda a natureza estava mergulhada em tristeza. Seu jardim não possuía encantos para levá-la adiante, pois o inverno reinava dentro e fora. Mas quando o seu senhor veio tão rapidamente so- bre os montes, ele trouxe a primavera junto com ele. Toda a natureza é alterada enquanto ele avança, e seu convite é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno”. Exatamente assim é com o crente, quando Cristo está ausente: tudo é inverno na alma. Mas, quando Ele vem novamente sobre os montes da provação; Ele traz uma temporada de feliz primavera junto consigo. Quando esse Sol da Justiça surge de novo na alma, não apenas os Seus raios alegrantes caem sobre a alma do cren- te, mas toda a natureza se alegra com a sua alegria. As montanhas e colinas irrompem em cânticos diante dEle, e todas as árvores do campo batem palmas. É como uma mudança de estação para a alma. É como que a súbita mudança das chuvas torrenciais de inverno sombrio para a plena primavera corada, que é tão peculiar aos climas do sol. O mundo da natureza é todo modificado. Em lugar do espinheiro surge a faia, e em lugar da sarça surge a murta. Cada árvore e campo possuem uma beleza nova para a alma feliz. O mundo da graça é todo transformado. A Bíblia estava completamente seca e sem sentido, antes; agora, que inundação de luz é derramada sobre as suas páginas! Quão plena, quão revigorante, quão rica em significado, como suas frases mais simples tocam o coração! A casa de oração estava completamente triste e melancólica antes – os seus serviços eram áridos e insatisfatórios; mas agora, quando o crente vê o Salvador, como ele O viu no interior do santo lugar, seu clamor é: “Quão amáveis são os teus taberna- culos, SENHOR dos Exércitos! Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil” [Salmos 84: 1, 10]. O jardim do Senhor estava todo triste e desanimado antes; agora a
  • 21. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 20 ternura em direção aos não-convertidos brota revigorada, e o amor ao povo de Deus arde no peito, aqueles que temem ao Senhor falam-se frequentemente. O tempo de cantar os louvores de Jesus chega, e a voz amorosa da rola a Jesus é mais uma vez ouvida na terra; a videira do Senhor frutifica, e a romã floresce, e a voz de Cristo para a alma é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem”. Como a pomba temerosa perseguida pelo abutre, e quase feita uma presa, com asa vi- brante e ansiosa, esconde-se mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas, e nos lugares secretos do precipício, assim o crente caído, a quem Satanás desejou ter, para que pudesse peneirá-lo como trigo, quando ele é restaurado mais uma vez com a presença toda-graciosa do seu Salvador, apega-se a Ele com fé vibrante, desejosa, e esconde-se mais profundamente do que nunca nas feridas de seu Salvador. Foi assim com Pedro ao cair, quando ele tão gravemente negou o seu Senhor, ainda assim, quando trazido novamente à visão de seu Salvador, de pé sobre a terra, foi o único dos discípulos que se cingiu com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar para nadar até Jesus; e assim como aquele apóstolo caído, quando mais uma vez ele se escondeu na Rocha Eterna, descobriu que o amor de Jesus era mais terno em relação a ele do que nunca, quando ele começou aquela conversa, que, mais do que todas as outras na Bíblia, combina a mais amável das reprovações com o mais amável dos incentivos: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?” [João 21:15]. Exatamente assim cada crente caído encontra, que quando novamente ele está escondido nas feridas recém-abertas do seu Senhor, a fonte de Seu amor começa a fluir renovada, e o ribeiro de bondade e afeição é mais pleno e transbordante do que nunca, porque a Sua palavra é: “Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. Ah, meus amigos, vocês conhecem alguma coisa disto? Vocês já experimentaram essa vinda de Jesus sobre o monte de vossas provocações, enquanto fez uma mudança de estação em vossa alma? E você, crente caído, encontrado, quando se escondeu nova e mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas – como Pedro cingindo sua capa de pescador, e lançando-se ao mar – você encontrou o Seu amor mais terno do que nunca em sua alma? Então, isto não deveria ensinar-lhe o arrependimento rápido quando você cai? Por que manter-se por um momento longe do Salvador? Você está esperando até que você limpe a mancha de sua veste? Ai! O que a purificará, senão o sangue que você está desprezando? Você está esperando até que torne a si mesmo digno da Graça do Salvador? Ai! Embora você espere por toda a eternidade, você nunca pode tornar-se mais digno. O seu pecado e miséria são sua única súplica. Venha, e você encontrará com que ternura Ele curará as suas rebeliões, e o amará voluntariamente, e dirá: “Pomba minha” etc.
  • 22. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 21 IV. CRISTO DESPERTA TEMOR, AMOR E ESPERANÇA. Eu observo a tríplice disposição de temor, amor e esperança, que esta visita do Salvador desperta no seio do crente. Estes três formam, por assim dizer, uma corda no seio do crente restaurado, e um cordão de três dobras não se quebra facilmente. 1. Temor Filial Em primeiro lugar, há temor – Como a noiva na parábola não sairia para desfrutar a comunhão com seu senhor, sem deixar a ordem para que suas donzelas apanhassem as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, assim cada crente sabe e sente que o tempo da íntima comunhão é também o momento de maior perigo. Quando o Salvador foi batizado, e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu sobre Ele, e uma voz, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” [Mateus 3:17], foi, então, que Ele foi conduzido ao deserto, para ser tentado pelo Diabo; e exatamente assim é quando a alma está recebendo seus maiores privilégios e consolos, que Satanás e seus ministros estão mais próximos – as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. (1) O orgulho espiritual está próximo. Quando a alma está se escondendo nas feridas do Salvador, e recebe grandes sinais de Seu amor, então o coração começa a dizer: Certa- mente eu sou alguém – o quão longe eu estou acima da corrida diária dos crentes! Esta é uma das raposinhas que come a vida da piedade vital. (2) Aqui há um valer-se de Cristo pelos seus consolos – olhando para eles, e não para Cristo – inclinando-se sobre eles, e não sobre o seu amado. Esta é outra das raposinhas. (3) Existe a falsa noção de que agora certamente você deve estar acima de pecar, e aci- ma do poder da tentação, agora você pode resistir a todos os inimigos. Este é o orgulho que vem antes da queda – outra das raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. Nunca esqueçam, eu vos suplico, que o temor é uma evidência da segurança de um crente. Mesmo quando vocês sentirem que é Deus quem opera em vocês, ainda assim, a Palavra diz: “operai a vossa salvação com temor e tremor” [Filipenses 2:12]. Mesmo quando a vossa alegria for transbordante, ainda assim, lembrem-se do que está escrito: “alegrai-vos com tremor” [Salmos 2:11], e novamente: Lembrem-se do cuidado da noiva, e digam: “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. 2. Apropriando-se do Amor
  • 23. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 22 Mas se o temor cauteloso é uma marca de um crente em tal temporada, ainda mais é o apropriar-se do amor. Quando Cristo vier de novo dos montes da provocação, e revela-Se à alma livre e plenamente como sempre, de uma forma diferente do que o faz ao mundo, então, a alma pode dizer: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Eu não digo que o crente pode usar essas palavras em todas as estações. Em tempos de escuridão e em tempos de pecado a realidade da fé de um crente deve ser medida antes por sua tristeza do que por sua confiança. Mas eu digo, que nas temporadas em que Cristo revela-Se de novo à alma, brilhando como o sol atrás de uma nuvem, com os raios do amor soberano, imere- cido – então nenhuma outra palavra satisfará o verdadeiro crente, senão estas: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. A alma vê Jesus sendo um Salvador tão gratuito – tanto anseia que todos venham a Ele e tenham vida, estendendo Suas mãos o dia todo – não tendo nenhum prazer na morte do ímpio – pleiteando os homens: “Convertei-vos, conver- tei-vos, por que morrereis?” A alma vê Jesus ser um Salvador tão apropriado, a própria cobertura que a alma neces- sita. Quando ela primeiramente escondeu-se em Jesus, O encontrou adequado para todas as suas necessidades, a sombra de uma grande rocha em terra sedenta. Mas, agora, ele descobre uma nova adequação no Salvador, como Pedro, quando ele se cingiu com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar. Ela encontra que Ele é um Salvador adequado para um crente caído; que seu sangue pode apagar até mesmo as manchas daquele que, depois de ter comido pão com Ele, ainda levantou o calcanhar contra Ele. A alma vê Jesus ser um Salvador tão pleno, concedendo ao pecador não apenas perdão, mas transbordando perdões imensuráveis, concedendo não somente a justiça, porém a justiça que é mais do que mortal, pois ela é totalmente divina; concedendo não somente o Espírito, mas derramando água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca. A alma vê tudo isso em Jesus, e não pode deixar de escolhê-Lo e deleitar-se nEle com amor renovado e apropriado, dizendo: “O meu amado é meu”. E, se alguém perguntar, Como podes tu, verme pecaminoso, chamar tal Divino Salvador de teu? A resposta está aqui: Porque eu sou dEle. Ele me escolheu desde a eternidade, senão eu nunca O teria escolhido. Ele derramou Seu sangue por mim, senão eu nunca teria derramado uma lágrima por Ele. Ele chorou por mim, mas eu nunca teria suspirado por Ele. Ele procurou por mim, mais eu nunca O teria procurado. Ele me amou, portanto, eu O amo. Ele me escolheu, por isso eu sempre O escolho. “O meu amado é meu, e eu sou dele”. 3. Esperança Orante Mas, por fim, se o amor é uma marca do verdadeiro crente em tal temporada, assim também é esperança em oração. Foi a palavra de um verdadeiro crente, em uma hora de comunhão elevada e maravilhosa com Jesus: “Senhor, bom é estarmos aqui” [Mateus
  • 24. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 23 17:4]. Meu amigo, você não é crente se Jesus tem nunca Se manifestou à sua alma em suas devoções secretas – na casa de oração, ou, no partir do pão – em forma tão doce e avassaladora, que você clamou: “Senhor, é bom para mim estar aqui!” Mas, embora isso seja bom e muito agradável, como a luz solar para os olhos, ainda assim, o Senhor vê que não é mais sábio e melhor sempre estar ali. Pedro tem que descer novamente do monte da glória, e combater o bom combate da fé em meio à vergonha e afronta de um mundo frio e desdenhoso. E assim deve cada filho de Deus. Nós ainda não estamos no céu, o lugar da visão aberta e gozo eterno. Esta é a terra, o lugar da fé, da paciência, e da esperança para o céu indicado. Uma grande razão pela qual o júbilo próximo e íntimo do Salvador não pode ser constantemente efetuado no seio do crente é para dar espaço pa- ra a esperança, a terceira corda que forma o cordão de três dobras. Até mesmo os cren- tes mais esclarecidos estão andando aqui em uma noite tenebrosa, ou crepúsculo, no máximo; e as visitas de Jesus para a alma apenas servem para fazer a escuridão circun- dante mais visível. Mas a noite é passada, e o dia é chegado. O dia da eternidade está rompendo no oriente. O Sol da Justiça está apressando-se a subir sobre o nosso mundo, e as sombras estão se preparando para fugir. Até então, o coração de cada crente verda- deiro, que sabe a preciosidade da estreita comunhão com o Salvador, suspira a fervorosa oração, que Jesus frequentemente venha de novo, assim, orvalhante e subitamente, para ilumina-lo em sua sombria peregrinação. Ah! Sim, meus amigos, que todo aquele que ama ao Senhor Jesus com sinceridade, junte-se agora à bendita oração da noiva: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”. “A Voz do Meu Amado” é extraído de Memórias e Lembranças do Reverendo Robert Murray M´Cheyne, por Andrew Bonar. Primeiramente publicado em 1844, (reimpresso, Edimburg: Oliphant, Anderson, & Ferrier), p. 431-440. Este Sermão foi pregado por M´Cheyne em 14 de Agosto de 1836, em St. Peter, Dundee. Ele, nesta época, era candidato ao ministério, e posteriormente tornou-se ministro de St. Peter.
  • 25. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 24 2 O Amor de Cristo “Porque o amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios 5:14). De todas as características do caráter de São Paulo, a atividade incansável foi a mais marcante. Desde o início da história de Paulo, nos é dito de seus esforços pessoais em perseguir a Igreja nascente, quando ele era um “blasfemo, e perseguidor, e injurioso” [2 Timóteo 3:2], é bastante óbvio que esta era a característica proeminente de sua mente natural. Mas, quando aprouve ao Senhor Jesus Cristo manifestar nele toda a longanimida- de e torná-lo um padrão para aqueles que se haviam crer nEle, é bonito e muito instrutivo ver como os recursos naturais deste homem ousadamente mau tornaram-se não apenas santificados, mas revigorados e ampliados; assim é verdade que os que estão em Cristo são uma nova criação: “As coisas velhas passam, e tudo se fez novo” [2 Coríntios 5:17]; “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” [2 Coríntios 4:8-9]; este era um retrato fiel da vida de Paulo quando convertido. Conhecendo os terrores do Senhor, e a situação temerosa de todos os que estavam ainda em seus pecados, ele deixou o negócio de sua vida para persuadir os homens; esforçando-se, se, para que por qualquer meio, pudesse recomendar à verdade às suas consciências. “Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós” (verso 13). Se o mundo acha que nós somos sábios ou loucos, por causa de Deus e das almas humanas é a causa em que embarcaram todas as energias do nosso ser. Quem, então, não está pronto para investigar a fonte secreta de todos estes trabalhos sobrenaturais? Quem não desejaria ter ouvido da boca de Paulo, o poderoso princípio de que o impeliu a tantas labutas e perigos? Que poder tinha tomado posse desta poderosa mente, ou que invisível influência planetária, com poder incessante, ele baseou-se para atravessar todos os desânimos, indiferente tanto para o pavor do riso do mundo quanto para o medo do homem; despreocupado tanto do desprezo do ateniense cético quanto da carranca do luxuoso Coríntio e da raiva do tacanho Judeu? O que o apóstolo diz a si mesmo? Temos a sua própria explicação do mistério nas palavras diante de nós: “O amor de Cristo nos constrange”.
  • 26. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 25 I. O Amor Constrangedor de Cristo O amor de Cristo pelo homem está aqui pretendido, e não o nosso amor ao Salvador, é bastante óbvio, a partir da explicação que se segue, onde a Sua morte por todos é apon- tada como o exemplo do Seu amor. Foi o ponto de vista de que a estranha compaixão do Salvador, levando-O a morrer por seus inimigos, em seu lugar, para suportar os seus pecados, para provar a morte por todos; foi essa visão que deu a Paulo o impulso em cada trabalho, o que tornou todo o sofrimento leve para ele, e todos os mandamentos suaves. Ele “correu com paciência a carreira que lhe foi proposta”. Por quê? Porque, olhava para Jesus, viveu como um homem “crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele”. Com que meios? Olhando para a Cruz de Cristo. À medida que o Sol natural nos céus exerce uma poderosa energia atrativa e incessante sobre os planetas que giram ao redor dele, assim fez o Sol da Justiça, que havia de fato surgido em Paulo com um brilho superior ao do meio-dia, e exercia em sua mente uma energia contínua e onipotente, constrangendo-o a viver a partir de agora não mais para si, mas para aquele que por ele morreu e ressuscitou. E, observe, que não era uma energia temporária e irregular que foi exercida sobre o seu coração e vida, mas uma permanente e continuada atração; pois ele não diz que o amor de Cristo que uma vez o constrangeu; ou que ele deva ainda constrangê-lo; ou que, em tempos de excitação, nas temporadas de oração ou devoção peculiar, o amor de Cristo o tinha constrangido. Ele disse simples- mente, que o amor de Cristo o constrange. É sempre presente, sempre permanente, o poder sempre em movimento, que constitui a mola mestra de todo o seu trabalho; de modo que se isso for tirado suas energias se vão, e Paulo se tornaria fraco como os outros homens. Não há ninguém lendo isto cujo coração é desejoso de possuir apenas um princípio- mestre como tal? Não há ninguém que tenha chegado a essa mais interessante de todas as etapas de conversão em que você está suspirando por um poder para lhe renovar? Você entrou pela porta estreita da Crença. Você viu que não há paz para o não-justifi- cado; e, portanto, se revestiu de Cristo para a sua justiça; e já sente um pouco da alegria e da paz da crença. Você pode olhar para trás em sua vida passada, vivida sem Deus, sem Cristo e sem o Espírito no mundo; você pôde ver-se um pária condenado, e você disse: “Ainda que eu pudesse lavar as mãos em água de neve, ainda assim as minhas próprias vestes me abominam”, Você pode fazer tudo isso, com vergonha e autocensura, é verdade, mas ainda sem desânimo e sem desespero; pois o seu olho foi levantado com fé para Aquele que foi feito pecado por nós, e está convencido de que, como aprouve a Deus imputar todas as vossas iniquidades no Salvador, Ele está pronto, e sempre foi disposto, para imputar toda a Justiça do Salvador a você. Sem desespero, eu disse? Ou melhor, com alegria e canto; porque, se, de fato, você creu de todo o seu coração, então
  • 27. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 26 você tornou-se o homem bem-aventurado a quem Deus imputa a justiça sem as obras; ao qual Davi descreve, dizendo: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade” [Salmos 32:1-2]. Esta é a paz do homem justificado. Mas essa paz é um estado de bem-aventurança perfeita? Não há nada deixado a desejar? Faço um apelo para aqueles de vocês que sabem o que é estar apenas crendo. O que é que ainda obscurece a testa, que reprime a exultação do espírito? Por que não juntar-se sempre na canção de ação de graças: “Bem- dize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades” [Salmos 103:2-3]! Se nós recebemos em dobro por todos os nossos pecados, assim deveria nunca ser necessário para nós para arguir como o faz o salmista: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” [Salmos 42:11a]. Meus amigos, não há um homem entre vós que realmente crê, que não tenha sentido o pensamento inquietante do qual eu estou falando agora. Pode haver alguns de vocês que se sentirão tão dolorosamente, como que tendo sido obscurecidos com uma nuvem pesada, a doce luz da paz evangélica, o brilho do rosto reconciliado sobre a alma. O pensamento é este: “Eu sou um homem justificado; mas, ai de mim! Eu não sou um homem santificado. Eu posso olhar para a minha vida passada, sem desespero; mas como eu posso olhar para a frente, para o que está por vir?”. Não há uma paisagem moral mais pitoresca no universo do que a alma de um desses presentes. Tendo todas as suas ofensas passadas perdoadas, o olho contempla o inte- rior, com uma clareza e uma imparcialidade desconhecidas antes, e lá ele olha para suas afeições há muito estimuladas ao pecado, que, como os rios antigos, tem usado um canal profundo para o coração; suas declarações periódicas de paixão, até então irresistível e avassaladora, como as marés do oceano; suas perversidades de temperamento e de hábito, tortos e inflexíveis, como os galhos retorcidos de um carvalho atrofiado. Que cena está aqui; que antecipação do futuro! Que pressentimentos de uma luta vã contra a tirania da luxúria! contra caminhos velhos de agir, e de falar, e de pensar! Se não fosse a esperança da glória de Deus ser um dos direitos adquiridos do homem justificado, ele ficaria surpreso se essa visão de terror levasse um homem para trás, como um cão ao seu vômito, ou a porca lavada a chafurdar na lama de novo? Agora assim é com o homem precisamente nesta situação, clamando pela manhã e à tar- de, “Como poderei ser feito de novo?”. Que bem deverá o perdão dos meus pecados pas- sados fazer de mim, se eu não for liberto do amor ao pecado? Assim é com o homem que nós iremos agora, com toda a seriedade e afeição, apontar o exemplo de Paulo, e o poder secreto que operou nele. “O amor de Cristo” (diz Paulo) “nos constrange”. Nós também
  • 28. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 27 somos homens, de natureza semelhante a vocês mesmos; essa mesma visão que você vê com desânimo dentro de você, foi de igual modo revelada em nós em todo o seu poder desanimador. De quando em quando a mesma visão horrenda dos nossos próprios corações é revelada a nós. Mas nós temos um encorajamento que nunca falha. O amor do Salvador sangrante nos constrange. O Espírito é dado para os que creem; e este a- gente Todo-Poderoso tem um argumento que nos move continuamente: o Amor de Cristo. Meu presente objetivo é mostrar como esse argumento, na mão do Espírito, move o crente a viver para Deus; como tão simples verdade do amor de Cristo ao homem, continuamente apresentada à mente pelo Espírito Santo, deve capacitar qualquer homem a viver uma vida de santidade evangélica. Se há um homem entre vós, cujo inquérito é grande: “Como serei salvo do pecado, como devo andar como um filho de Deus?”. Este é o homem dentre todos os outros, cujo ouvido e o coração eu estou ansioso para ocupar. II. Seu Amor Remove Nosso Ódio O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa, pois essa verdade tira todo o seu medo e ódio de Deus. Quando Adão ainda não havia caído, Deus era tudo para sua alma; e tudo era bom e desejável para ele, somente na medida em que tinha a ver com Deus. Cada veia do seu corpo, de modo assombrosamente maravilhoso formado, cada folha que farfalhava nos caramanchões do Paraíso, a cada novo sol que se erguia, regozijando-se como um herói, a correr a sua corrida, levou-o em todos os dias novos temas de pensamentos piedosos e de admiráveis louvores; e foi só por isso que ele podia se encantar a olhar para eles. As flores que apareceram sobre a terra, o canto dos pássaros, e a voz da rola ouvida em toda a terra feliz, a figueira produzindo seus figos verdes, e as vinhas com as uvas dando um cheiro bom, tudo isso combinado a trazer a ele por todos os poros um tributo rico e variado de delícias. E por quê? Só porque eles trouxeram na alma comunicações ricas e variadas da multiforme Graça de Jeová. Pois, assim como você pode ter visto uma criança na terra dedicada a seu pai terreno, satisfeito com tudo quando ele está presente, e valorizando cada dom da mesma forma que mostra mais a ternura do coração de seu pai, assim também era com essa genuína criança de Deus. Em Deus, ele viveu, e moveu- se, e teve o seu ser; e não mais certo seria que o apagamento do Sol nos céus tirasse essa luz que é tão agradável aos olhos, do que seria a ocultação da face de Deus ter-lhe tirado a luz de sua alma, e deixado a natureza em um escuro e desolado deserto.
  • 29. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 28 Mas, quando Adão Caiu, o ouro fino tornou-se escuro, o sistema de seus pensamentos e gostos foi invertido. Em vez de desfrutar a Deus em tudo, e tudo em Deus, tudo agora parecia odioso e desagradável para ele, justamente na medida em que tinha a ver com Deus. Quando o homem pecou, passou a temer, e odiar Aquele a quem temia; e fugiu para todo o pecado apenas para fugir dAquele a quem ele odiava. De modo que, assim como você pode ter visto uma criança que penosamente transgrediu contra um pai amoroso fazendo todo o possível para esconder-se da vista de seu pai, fugindo de sua presença e mergulhando em outros pensamentos e ocupações só para livrar-se do pensamento de seu pai justamente ofendido; na mesma forma, quando Adão caiu ouviu a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia, aquela voz que antes de pecar era música celestial em seus ouvidos, então “esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” [Gênesis 3:8], e da mesma maneira todo homem natural foge da voz e da presença do Senhor, não para esconder-se sob as folhas grossas do Paraíso, mas para enterrar-se em cuidados, e negócios, e prazeres, e farras. Qualquer retiro é agradável, desde que Deus não esteja lá; qualquer ocupação é tolerável, desde que Deus não esteja nos pensamentos. Agora tenho a certeza que muitos de vocês podem ouvir essa acusação contra o homem natural com incrédula indiferença, se não com indignação. Você não sente que você odeia a Deus, ou teme a Sua presença; e, portanto, você diz que não pode ser verdade. Mas quando Deus diz a respeito de seu coração que é “desesperadamente corrupto” [Jeremias 17:9]; quando Deus reivindica para si o privilégio de conhecer e experimentar o coração, isto não é presunçoso, em tais seres ignorantes como nós que devamos dizer que não é verdade em relação a nossos corações o que Deus afirma ser verdade, simplesmente porque não estamos conscientes disso? Deus diz que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” [Romanos 8:7], que a própria semente e substância de uma mente não convertida é o ódio contra Deus, absoluto, implacável ódio contra aquele em Quem vivemos, nos movemos e existimos. É bem verdade que não sentimos esse ódio dentro de nós; mas isso é apenas um agravamento do nosso pecado e do nosso perigo. Temos assim bloqueado as vias de autoexame, há tantas voltas e voltas antes que possamos chegar aos verdadeiros motivos de nossas ações, que o nosso medo e ódio de Deus, que levam o homem a pecar, e que ainda são as grandes forças impulsoras quais os aguilhões de Satanás sobre os filhos da desobediência; estes estão totalmente escondi- dos de nossa vista, e você não pode convencer um homem natural que eles estão realmente lá. Mas, a Bíblia testemunha que destas duas raízes mortais do temor e do ódio de Deus, cresce a densa floresta de pecados com que a terra está enegrecida e coberta. E se há alguém entre vós, que foi despertado por Deus para saber o que está em seu
  • 30. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 29 coração, eu tomo esse homem hoje para testemunhar que seu clamor amargo, tendo visto todos os seus pecados, tem sido: “Contra ti, contra ti somente pequei” [Salmos 51:4]. Se, então, temor de Deus e o ódio de Deus, são a causa de todos os nossos pecados, como devemos ser curados do amor ao pecado, senão por tirarmos a causa? Como você mais efetivamente mata a erva daninha? Não é atacando a raiz? No amor de Cristo ao homem, então – neste estranho dom, inefável de Deus, quando Ele deu a Sua vida por Seus inimigos, quando morreu o justo pelos injustos para levar-nos a Deus – você não vê um objeto que, se realmente crido pelo pecador, tira todo o seu medo e todo o seu ódio de Deus? A raiz do pecado está separada do tronco. Em seu duplo suporte de todos os nossos pecados, vemos a maldição levada, vemos Deus reconciliado. Por que devemos temer? Não tema, por que devemos odiar a Deus ainda? Não odeie Deus, mais o que de desejável podemos ver no pecado? Descanse sobre a justiça de Cristo, estamos novamente no lugar onde Adão esteve, com Deus como nosso amigo. Nós não temos nenhum objetivo para pecar; e, portanto, nós não nos importamos com o pecado. No sexto capítulo de Romanos, Paulo parece falar do crente pecando, como se a própria proposição fosse absurda. “Nós, que estamos mortos para o pecado”, isto é, nós que em Cristo já trouxemos a pena, “como viveremos ainda nele?” [v. 2]. E novamente ele diz muito corajosamente: “O pecado não terá domínio sobre vós” – é impossível na natureza das coisas – “pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” [V. 14]; você não está mais sob a maldição de uma lei violada, temendo e odiando a Deus; você está debaixo da Graça; sob um sistema de paz e amizade com Deus. Mas há alguém pronto para objetar-me que se essas coisas são assim, se nada mais do que isso é necessário para trazer um homem à paz com Deus e à uma vida e conver- sação santa, como os crentes ainda cometem pecado? Eu respondo, é de fato muito verdadeiro que os crentes pecam; mas é igualmente verdade que a incredulidade é a causa de seu pecado. Se você e eu estivéssemos vivendo com o olho tão próximo em Cristo suportando tanto por todos os nossos pecados, oferecendo gratuitamente a todos uma justiça em dobro por todos os nossos pecados; e se esta visão constante do amor de Cristo mantida dentro de nós, como certamente seria se olhássemos com um olho simples, a paz de Deus que excede todo o entendimento – a paz que não repousa em nenhum de nós, mas inteiramente sobre Cristo – então eu digo que, frágeis e indefesos como somos, nós nunca deveríamos pecar; não devemos ter a menos motivação para pecar. Mas não é desta forma conosco. Quantas vezes durante o dia o amor de Cristo está completamente fora de vista! Quantas vezes está obscurecido para nós! Às vezes se oculta de nós pelo próprio Deus, para nos ensinar o que somos. Quantas vezes somos deixados sem o sentido do que é a completude da Sua oferta, a perfeição de Sua Justiça,
  • 31. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 30 e sem vontade ou sem confiança para afirmar um interesse nEle! Quem maravilha-se, então, que onde há tanta incredulidade, medo e ódio por Deus haverá mais e mais deformação, e o pecado irá muitas vezes exibir sua cabeça venenosa? A questão é muito simples, se somente nós tivéssemos olhos espirituais para vê-la. Se vivêssemos uma vida de fé no Filho de Deus, então iríamos certamente viver uma vida de santidade. Eu não digo que devemos fazê-lo; mas eu digo, deveremos, como uma questão de consequência necessária. Mas na medida em que não vivemos uma vida de fé, viveremos uma vida de impiedade. É por meio da fé que Deus purifica o coração; e não há outra maneira. Existe algum de vocês, então, desejoso de ser feito novo, de ser liberto da escravidão de hábitos e afeições pecaminosas? Não podemos apontar-lhe nenhum outro remédio, senão o amor de Cristo. Vede como Ele o amava! Veja o que Ele suportou por você; coloque o dedo, por assim dizer, nas marcas dos cravos, e coloque a mão no seu lado; e não sejas mais incrédulo, mas crente. Sob um senso de seu pecado, fuja para o Salvador dos pecadores. Como a pomba temerosa voa para esconder-se nas fendas das rochas, assim fuja para se esconder nas feridas de Seu Salvador; e depois de ter encontrado-O, como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta; quando você se sentar sob Sua sombra, com grande prazer; você vai achar que ele matou toda a inimizade, que Ele tem concluído todas as tuas guerras. Deus agora é por você. Plantado juntamente com Cristo na semelhança da sua morte, você será também na semelhança da Sua ressurreição. Morto para o pecado, você deverá estar vivo para Deus. III. Seu Amor Desperta O Nosso Amor O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa; porque esta verdade não somente remove o medo e o ódio, mas desperta o nosso amor. Quando somos levados a ver a face do Deus reconciliado em paz, este é um grande privilégio. Mas como podemos olhar para Aquela face, reconciliando e reconciliado, e não amar Aquele que assim nos amou? Amor gera amor. Dificilmente podemos deixar de estimar aqueles no mundo que realmente nos amam, embora eles possam ser inúteis. Mas quando estamos convencidos de que Deus nos ama, e convencidos de tal forma pelo dom de Seu Filho por todos nós, como iremos, senão amar Aquele em Quem estão todas as excelências – tudo para evocar o amor? Eu já mostrei que o Evangelho é um esquema de restauração; ele nos traz de volta para o mesmo estado de amizade com Deus que Adão desfrutava, e, assim, tira o desejo do
  • 32. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 31 pecado. Mas agora eu irei mostrar a você, que o Evangelho faz muito mais do que restau- rar-nos ao estado do qual caímos. Se correta e consistentemente apreendido por nós, ela nos coloca em um estado muito melhor do que Adão. Ele nos constrange por um motivo muito mais poderoso. Adão não tinha esse forte amor de Deus ao homem, derramado em seu coração; e, portanto, ele não tinha esse poder constrangedor para fazê-lo viver para Deus. Mas os nossos olhos viram esta grande visão. Diante de nós Cristo foi evidente- mente crucificado. Se realmente acreditamos que, Seu amor trouxe-nos à paz, por meio de perdão; e porque estamos perdoados e em paz com Deus, o Espírito Santo nos é dado. O fazer o quê? Ora, exatamente para derramar esta verdade sobre os nossos cora- ções, para nos mostrar mais e mais desse amor de Deus por nós, para que possamos ser atraídos a adorar Aquele que nos amou, viver para Aquele que morreu e ressuscitou por nós. É realmente admirável ver como a forma bíblica de fazer-nos santos é adequada à nossa natureza. Se Deus tivesse proposto nos atemorizar para vivermos uma vida santa, quão vão teria sido a tentativa! Os homens têm sempre uma ideia, que se alguém vivesse dos mortos para nos contar sobre a realidade das regiões onde habitam tristes na miséria sem fim, os espíritos dos condenados; que aqueles iriam constrangê-los a viver uma vida santa; mas que ignorância isso mostra da nossa natureza misteriosa! Suponha que Deus nesta hora desvendasse diante dos nossos olhos os segredos dessas moradas terríveis aonde a esperança nunca vem; suponha, se fosse possível, que você foi realmente levado a sentir por algum tempo as dores reais do lago e experimentado a agonia, e o verme que nunca morre; e depois que você foi trazido de volta à terra, e colo- cado em sua velha situação, entre seus velhos amigos e companheiros; você realmente acha que haveria qualquer chance de você caminhar com Deus como um criança? Eu não duvido que você iria ter medo de seus pecados positivos; a taça do prazer sem Deus iria cair de sua mão; você estremeceria com um juramento, você tremeria ante uma mentira, porque você tinha visto e sentido algo do tormento que aguarda o bêbado, o blasfemador e o mentiroso, no mundo além-túmulo; mas você realmente acha que você iria viver para Deus mais do que você vive, que você iria servi-lo melhor do que antes? É bem verdade que você pode ser levado a ser mais caridoso; sim, a dar todos os seus bens para sustento dos pobres, e seu corpo para ser queimado; que você pode viver com rigor e seriedade, a com o maior medo de quebrar um dos mandamentos, todo o resto de seus dias, mas isso não seria viver para Deus, você não iria amá-lo um pouquinho mais. Infelizmente vocês estão cegos para os vossos corações curiosamente formados, se você não sabe que o amor não pode ser forçado; nenhum homem jamais foi atemorizado ao amor, e, portanto, nenhum homem jamais foi atemorizado para a santidade.
  • 33. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 32 Mas, três vezes bendito seja Deus, Ele inventou uma maneira mais poderosa do que o inferno e todos os seus terrores; um argumento mais forte do que até mesmo a visão daqueles tormentos; Ele inventou uma maneira de nos atrair para a santidade. Ao mostrar-nos o Amor de Seu Filho, Ele suscita nosso amor. Ele conhecia a nossa estrutura; lembrou-se de que somos pó; Ele conhecia todas as peculiaridades do nosso coração traiçoeiro; e, portanto, Ele adequou Sua maneira de santificar a criatura a ser santificada. Assim, o Espírito não faz uso do terror para nos santificar, mas de amor: “O amor de Cristo nos constrange”. Ele nos atrai com “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor” [Oséias 11:4]. O que o pai faz para conhecer a verdadeira forma de ganhar a obediência de um filho, não é ganhar o afeto da criança? E você acha que Deus, que nos deu essa sabedoria, Ele mesmo não sabe disso? Você acha que Ele iria definir sobre como obter a obediência de seus filhos, sem antes de tudo a ganhar seus afetos? Para obter nossas afeições, que por natureza perambulam pela face do mundo, e centrar- se em nada, senão nEle, Deus enviou o Seu Filho ao mundo para suportar a maldição de nossos pecados. “Sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” [2 Coríntios 8:9]. Se há apenas um de vocês que irá consentir neste dia, sob um senso de aniquilação, fuja para o refúgio, para o Salvador, para encontrar nEle o perdão de todos os pecados pas- sados, eu sei muito bem que a partir de hoje em diante você vai ser como aquela pobre mulher, que era uma pecadora, que estava aos pés de Cristo, atrás dele, chorando e começou a lavar os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça, e beijava os seus pés e os ungia com o unguento. Quando muito perdoado, você vai amar muito; amando muito, você vai viver para o serviço dAquele a quem você ama. Este é o grande princípio-mestre do qual falamos; esta é a fonte secreta de toda a santidade dos santos. A vida de santidade não é o que o mundo falsamente representa, uma vida de rigidez e de fadiga, na qual um homem se priva da toda afeição de sua natureza. Não existe tal coisa como a abnegação no sentido papista desta palavra na religião da Bíblia. O sistema de restrições e autoflagelação é o próprio sistema que Satanás criou como uma falsifi- cação do caminho de santificação de Deus. É assim que Satanás atemoriza milhares contra a paz e a santidade Evangelho; como se para ser um homem santificado o homem devesse ser privado de todos os desejos do seu ser, que fizesse tudo o que fosse desagradável e desconfortável para ele. Meus amigos, o nosso texto nos mostra claramente que não é assim. Somos constrangidos à santidade pelo amor de Cristo; o amor dAquele que nos amou, é a única corda pela qual estamos vinculados ao serviço de Deus. O flagelo dos nossos afetos é o único flagelo que nos leva ao novo dever. Doces laços e gentis flagelos! Quem não gostaria de estar sob o Seu poder?
  • 34. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 33 IV. O Perseverante Amor de Cristo Finalmente, se o amor de Cristo por nós é o objeto que o Espírito Santo faz uso, no início, para nos atrair para o serviço de Cristo, é por meio deste mesmo objeto que Ele nos chama a perseverar até o fim. Assim, que se você é visitado com temporadas de frieza e indiferença; se você começar a se cansar, ou ficar para trás no serviço de Deus! Eis, aqui está o remédio: Olhe novamente para o Salvador sangrante. Este Sol da Justiça é o grande centro de atração, em torno do qual todos os Seus santos se movem rapidamente, e em conjunto harmonioso suave, “não sem música”. Enquanto o olho crente se fixar sobre o Seu amor, o caminho do crente é fácil e desimpedido; pois este amor sempre constrange. Mas, retire o olho, crente, e o caminho se torna impraticável e a vida de santidade um cansaço. Quem, então, deseja viver uma vida de santidade perseverante, mantenha o olhar fixo no Salvador. Enquanto Pedro olhou apenas para o Salvador, ele caminhou sobre o mar em segurança, para ir a Jesus; mas quando ele olhou ao redor e sentiu o vento forte, teve medo, e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”, apenas assim será com você. Enquanto você olhar com fé para o Salvador, que Te amou, e entregou a Si mesmo por você, desde que você possa pisar nas águas do mar agitado da vida, e as solas dos pés não serão molhadas. Mas, se porventura você olhar ao redor para os ventos e as ondas que o ameaçam em cada lado, e, como Pedro, você começar a afundar, clame: “Senhor, salva-me!” Quão justamente, então, podemos dirigir-vos a repreensão do Salvador a Pedro: “Ó, Homem de pouca fé, por que duvidaste?”. Olhe novamente para o amor do Salvador, e contemple o amor que constrange a viver não mais para si, mas por Aquele que morreu por você e ressuscitou.
  • 35. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 34 3 Pai, Eu Quero I SERMÃO “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:24). I. A FORMA DESTA ORAÇÃO “Pai, eu quero”. Esta é a mais maravilhosa oração que alguma vez elevou-se da terra para o trono de Deus, e esta petição é a mais maravilhosa da oração. Nenhuns lábios humanos jamais oraram assim antes: “Pai, eu quero”. Abraão era amigo de Deus, e ficou muito perto de Deus em oração; mas ele orou como pó e cinzas. “E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” [Gênesis 18:27]. Jacó lutou com Deus e prevaleceu, mas a sua palavra mais ousada foi: “Não te deixarei ir, se não me abençoares” [Gênesis 32:26]. Daniel foi um homem muito amado, e teve respostas imediatas às orações, e ainda assim ele clamou a Deus como um pecador: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age” [Daniel 9:19]. Paulo foi um homem que esteve muito perto de Deus, e ainda assim ele diz: “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” [Efésios 3:14]. Porém quando Cristo orou, clamou: “Pai, eu quero” Por que Ele ora assim? Ele era companheiro de Deus – “Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro” [Zacarias 13:7]. Apesar disso, Ele não usurpou o ser igual a Deus. Foi Ele quem disse: “Haja luz, e houve luz”. Portanto, agora Ele diz: “Pai, eu quero”.
  • 36. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 35 Ele tinha uma vontade com o Pai – “Eu e o Pai somos um” [João 10:30]. Um só Deus, um só coração e vontade. É verdade, Ele tinha uma santa alma humana, e, portanto, uma vontade humana; mas sua vontade humana era uma com a Sua vontade Divina. A corda humana em seu coração estava sintonizada na mesma corda da Sua vontade Divina. Aprendam quão seguramente esta oração será respondida, queridos filhos de Deus. É impossível que esta oração fique sem resposta. É a vontade do Pai e do Filho. Se Cristo quer, e se o Pai quer, vocês podem ter certeza de que nada pode impedir isso. Se a ovelha está na mão de Cristo, e na mão do Pai, elas jamais perecerão. II. POR QUEM ELE ORA “Aqueles que me deste”. Seis vezes neste capítulo Cristo chama o seu povo por este nome: “Aqueles que me deste”. Esta parece ter sido uma expressão favorita de Cristo, especialmente quando os conduzidas sobre Seu coração diante do Pai. A razão parece ser que Ele lembra ao Pai que eles são tanto do Pai como eles são Seus próprios; que o Pai tem o mesmo interesse que Ele por eles, tendo-lhes dado a Ele antes que o mundo existisse. E assim Ele o repete no versículo 10: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas”. Antes que o mundo existisse, o Pai escolheu um povo deste mundo. Ele os entregou na mão de Cristo, ordenando-Lhe que não perdesse nenhum, a suportar os seus pecados em Seu próprio corpo no madeiro, a ressuscitar no último dia. E, consequentemente, Ele diz: “Dos que me deste nenhum deles perdi” [João 18:9]. Há algum sinal daqueles que são dados a Cristo? Eles não são melhores do que os outros. Ás vezes Ele escolhe o pior! Resposta – Sim: “Todo o que o Pai me dá virá a mim [João 6:37]. Uma das marcas seguras de todos os que foram dados a Cristo é que eles vêm a Jesus: Todos eles vêm “a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão” [Hebreus 12:24]. Você veio a Cristo? O seu coração foi aberto para receber a Cristo? Cristo tornou-se precioso para você? – Então você pode ter a certeza que você foi dado a Cristo antes da fundação do mundo. Seu nome está no Livro da Vida do Cordeiro, e seu nome está no peitoral de Cristo. É por você que Ele ora: “Pai, eu quero que este alma esteja comigo”. Cristo nunca perderá você. O Pai, que deu você a Ele é maior do que todos, e ninguém pode arrebatar você da mão do Pai. III. O ARGUMENTO
  • 37. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 36 “Porque Tu me amaste”. Ele lembra o Pai de Seu amor a Ele, antes que o mundo existisse. Quando não havia terra, nem sol, nem lua, nem anjo, – quando Ele estava ao lado dEle. Então, “Tu me amaste”. Quem pode compreender esse amor – o amor de um Deus não criado ao Seu Filho não criado? O amor de Jônatas a Davi era muito grande, ultrapassan- do o amor das mulheres. O amor de um crente a Cristo é muito grande, porque veem que Ele é totalmente desejável. O amor de um santo anjo por Deus é muito ardente, porque são como labaredas de fogo. Mas estes todos são amores da criatura; Estes são apenas córregos; mas o amor de Deus por seu Filho é um oceano de amor. Há de tudo em Cristo para atrair o amor do Pai. Agora discriminem Seu argumento: Se Tu me amas, faça isso pelo Meu povo. Assim como Ele disse a Paulo: “Por que me persegues?” Sentindo-se Um com Seus membros aflitos sobre a Terra. Deste modo Ele dirá no último dia: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” [Mateus 25:40]. Ele reconhece os crentes como parte de Si mesmo; que é feito para eles é feito para Ele. Então, aqui, quando Ele os conduz ao Seu Pai, este é todo o Seu argumento: “Tu me amas”. Se Tu me amas, os ama, pois eles são parte de Mim. Veja quão seguramente a oração de Cristo será respondida por você, amado. Ele não alega que você é bom e santo; Ele não alega que você é digno; Ele só pleiteia a Sua própria amabilidade aos olhos do Pai. Não olhe para eles, diz Ele, mas olhe para mim. Tu me amaste, antes da fundação do mundo. Aprendam a usar o mesmo argumento com Deus, queridos crentes. Isso é, pedir em nome de Cristo, por amor do Senhor; esta é a oração que nunca é recusada. Vejam para que vocês não venham em seu próprio nome, senão vocês serão expulsos. Venham assim, para a Sua mesa. Diga ao Pai: me aceite, pois Tu O amas, desde a fundação do mundo. IV. A ORAÇÃO EM SI Duas partes. 1. Que eles estejam comigo. (1) O que Ele não quer dizer. Ele não quer dizer que devemos estar atualmente retirados deste mundo. Alguns de vocês que têm vindo a Cristo podem, neste dia, ser favorecidos com tanto de Sua presença e do amor do Pai, tanto da alegria do céu, e um tal pavor de
  • 38. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 37 voltar a trair Cristo no mundo, que vocês podem estar desejando que esta casa fosse realmente aquele portão do céu; vocês podem desejar que pudessem ser transportados da mesa de baixo para a mesa de cima. “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” [Filipenses 1:23]. Cristo ainda não deseja isto. “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” [João 17:15]. “Para onde eu vou não podes agora seguir-me” [João 13:36]. (Como aquela mulher no Diário de Brainerd – “Ó, bendito Senhor! Leve-me; permita-me morrer e ir com Jesus Cristo. Tenho medo de que, se eu viver, eu pecarei novamente”). (2) O que Ele quer dizer. Ele quer dizer que, quando a jornada acabar, estaremos com Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem uma jornada para realizar neste mundo. Alguns têm uma longa, e alguns têm uma curta. Esta é através de um deserto. Cristo ainda ora para que, no final, você possa estar com Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem suas doze horas para encher-se para Cristo. “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia” [João 9:4]. Mas quando isso é feito, Cristo ora para que você esteja com Ele. Ele quer dizer que você deve vir para a casa de Seu Pai, com Ele. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” [João 14:2]. Você deve morar na mesma casa com Cristo. Você nunca é muito íntimo de uma pessoa até que você a veja em sua própria casa – até que você a conheça em casa. Isto é o que Cristo quer de nós – que estejamos com Ele em Sua própria casa. Ele quer que estejamos no seio do mesmo Pai com Ele. “Eu subo para meu Pai e vosso Pai” [João 20:17]. Ele quer que estejamos no mesmo sorriso com Ele, que sentemos no mesmo trono com Ele, que nademos no mesmo oceano de amor com Ele. Aprenda quão seguro é que você estará, em breve, um dia com Cristo. Esta é a vontade do Pai, esta é a vontade do Filho. É a oração de Cristo. Se você realmente foi levado a Cristo, você nunca perecerá. Você pode ter muitos inimigos opondo-se a você em seu caminho para a glória. Satanás deseja ter você para te peneirar como trigo. Seus amigos do mundo farão todo o possível para impedi-lo. Ainda assim você estará com Cristo. Vere- mos o seu rosto na mesa da glória. Você tem um coração duro, um coração incrédulo, um coração enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Muitas vezes você acha que o seu coração levará você a trair Cristo. Ainda assim você estará com Cristo. Se você está em Cristo hoje, você estará para sempre com o Senhor. Você tem vivido uma vida má. Você tem pecados terríveis sobre os quais olhar. Ainda assim, se você está vindo para Jesus, esta é a Sua palavra para ti: “Tu estarás comigo no paraíso”. Na verdade, Cristo não pode perder você. Você é a Sua joia – a Sua coroa. O céu não seria céu para Ele, se você não estivesse ali. Isso pode lhe dar coragem ao vir para a mesa do Senhor. Alguns de vocês têm medo de vir a esta mesa, porque, se vocês se unirem a Cristo hoje, têm medo que possam traí-Lo amanhã. Mas vocês não precisam ter
  • 39. facebook.com/RobertMurrayMCheyne OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 38 medo. “Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” [Filipenses 1:6]. Vocês devem sentar-se à mesa de cima, onde Cristo deve estar na cabeceira. Vocês não precisam ter medo de vir a esta mesa. 2. Para que vejam a minha glória que me deste Há três estágios na glória de Cristo. Esta será a ocupação do céu: a contemplação de todas elas. Primeiro. A glória original de Cristo. Esta é a Sua glória não derivada, não criada, como igual ao Pai. Ela é mencionada em Provérbios 8:30: “Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo”. E, novamente, nesta oração: “aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Versículo 5). Dessa glória nenhum homem pode falar, nenhum anjo, nem arcanjo. Somente de uma coisa sabemos, que devemos honrar o Filho, bem como devemos honrar o Pai. Ele compartilhou com o Pai em ser o Único todo-perfeito, quando não havia nada para admirar, ninguém para adorar, nem anjos com harpas de ouro, nem serafins a cantar Seu louvor, nem querubins a clamar: “Santo, Santo, Santo”. Antes que todas as cri- aturas existissem, Ele era Um com o Deus infinitamente Perfeito, Bom e Glorioso. Ele era, então, tudo o que Ele mais tarde evidenciou ser. A Criação e Redenção não O mudaram. Elas apenas só revelaram o que Ele era anteriormente. Elas apenas forneceram os objetos para que aqueles raios de glória repousassem, de forma que brilhavam tão plenamente como antes, desde toda a eternidade. A eternidade será tomada com o louvor a Deus, a medida que Ele revelou a Si mesmo absolutamente; assim mesmo Ele sairá do retraimento de Sua amável e bem-aventurada eternidade. Segundo. Quando Ele se tornou carne. “O Verbo se fez carne” [João 1:14]. Cristo não obteve mais glória, tornando-se homem, mas Ele manifestou a Sua glória de uma nova maneira. Ele não ganhou uma maior perfeição, tornando-se homem; Ele tinha todas as perfeições de Deus anteriormente. Mas agora essas perfeições eram derramadas através de um coração humano. A onipotência de Deus agora movia-se em um braço humano. O amor infinito de Deus agora bateia em um coração humano. A compaixão de Deus pelos pecadores agora brilhava em um olho humano. Deus era amor antes, mas Cristo foi o amor coberto com carne. Assim como você já viu o sol brilhando através de uma janela colorida, – ainda é a mesma luz solar, e ainda assim ela brilha com um brilho adoçado, assim, em Cristo habita toda a plenitude da Divindade. A perfeição da Divindade brilhou por todos os poros, por meio de toda a ação, palavra e olhar, as mesmas perfeições, somente estavam brilhando com um brilho adoçado. O véu do templo era um tipo de sua carne, porque ele cobriu a luz brilhante do mais santo de todos. Mas, assim como a luz