Normas técnicas da abnt relacionadas com periódicos científicos
Qualidade de conteúdo, o grande desafio
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Piotr Trzesniak (piotreze@gmail.com)
Universidade Federal de Itajubá
Universidade Federal de Pernambuco
Qualidade de conteúdo,
o grande desafio
Referência:
Trzesniak, P., Plata-Caviedes, T. & Córdoba-Salgado, O. A. (2012).
Qualidade de conteúdo, o grande desafio para os editores científicos.
Revista Colombiana de Psicología, 21, 57-75 (clique para acessar).
2. A qualidade da revista científica se
desdobra em quatro dimensões*
➢ Técnico-normativa: critérios de estrutura e forma, de acordo
com as normas e a tradição geralmente aceitas na área
➢ Processo produtivo: gerenciamento sério, criterioso e ético
do processo editorial; agilidade, respeito e cordialidade no
diálogo com todas as instâncias envolvidas na produção da
revistas (mas também ser firme e duro quando identificar
comportamento abusivo)
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*Referência:
Trzesniak, P. (2006). As dimensões da qualidade dos periódicos científicos e sua
presença em um instrumento da área da educação. Revista Brasileira de Educação, v.
11, n. 32, pp. 346-77 (clique para acessar).
3. A qualidade da revista científica se
desdobra em quatro dimensões
➢ Conteúdo: revisões de conformidade e por pares executadas
com rigor, visando à excelência dos artigos publicados, com
um efetivo aporte ao conhecimento da área
➢ Mercado: essa é a dimensão “conceito da marca”.
Qual a reação de um pesquisador ao ouvir o nome da revista?
Se ele tivesse que atribuir um estrato Qualis à sua revista,
qual seria?
Uma boa qualidade de mercado é favorecida (mas nunca
garantida), por exemplo, com excelente conteúdo, com
indexações de respeito, mediante presença em redes sociais
e bom diálogo com a comunidade.
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4. Três desafios para a literatura científica
Desafio 1: normalização superado!
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5. Três desafios para a literatura científica
Desafio 1: normalização superado!
Desafio 2: indexação em superação
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6. Três desafios para a literatura científica
(coincidentemente, envolvendo três dos fatores da qualidade)
Desafio 1: normalização superado!
Desafio 2: indexação em superação
Desafio 3 (emergente):
qualidade de conteúdo
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7. Os Exterminadores do Conhecimento
(ou Procedimentos “ciencicidas” )
(knowledge killers or Science terminators)
Caso sejam praticados/publicados,
comprometem a revista severamente
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8. Exterminadores (éticos) do conhecimento
➢desprezar qualidade em avaliações
(em progressões na carreira/bolsas de pesquisa)
➢ focar apenas números em avaliações
de revistas (o Quantis que chamam Qualis...)
Porque geram:
➢ mais de 99,999% “fast articles”
(hambúrgueres do conhecimento)...
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Exterminadores (éticos) do conhecimento
Porém,
➢ Conhecimento não se constrói com
apenas fast Science;
➢Ao menos alguns décimos por cento dos
artigos tem que ser de reflexão, consolidando
os empíricos (slow Science)*;
(análise qualitativa, aperfeiçoamento conceitual,
encadeamentos, grandes sínteses)
*isso, nas áreas “duras”; nas brandas, o slow é natural
10. Exterminadores do conhecimento
cuja ética é discutível
➢ frankenscritos (mosaicos/plágio)
junção de fragmentos de artigos já publicados
➢ esquartejados (salames)
“arrancar“ cinco artigos de igual natureza de uma
pesquisa que, na verdade, só daria um
➢ aventureiros (“o que esse cara tá querendo?”
“escrevinhar” qualquer coisa, sem fundamento,
propósito ou sentido, de qualquer jeito;
não passar nem mesmo pelo corretor ortográfico.
Confundir o editor e os revisores: se colar, colou!
(muitas vezes filhotes de TCC...)
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11. Exterminadores do conhecimento
cuja ética é discutível (parecem científicos)
➢ as aparências enganam!
(má fé – cuidado com blogs, preprints, predatórias...)
resultados de pesquisa tendenciosos, manipulados
ou obtidos sem qualquer rigor e seriedade;
sem processo editorial;
apenas o visual é profissional.
➢ artigos monstros
(boa fé, mas ingênuos equivocados ou “i3”
interessantes-irrelevantes-inconsequentes)
apenas metodologia (pernas e braços imensos);
sem epistemologia (cabeça mínima ou inexistente)
sem terminologia (conceitos confusos, sem corpo)
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13. P Trzesniak: Qualidade de conteúdo, o grande desafio
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Mais sobre Taketani/Osada: Trzesniak, Piotr (2009): A epistemologia de Taketani-Osada, in: Oliveira, V. F.;
Cavenagui, V.; Másculo, F. S. (org): Tópicos emergentes e desafios metodológicos em engenharia de produção:
casos, experiências e proposições (p. 199-204). Rio de Janeiro/RJ: Editora da Associação Brasileira de
Engenharia de Produção (ISBN 978-85-88478-38-1) (clique aqui para acessar).
15. Integridade para quê?
A Ciência vive de sua credibilidade, da
qual depende sua principal razão de ser:
seu potencial para fazer a diferença nas
vidas das pessoas
Santos, 2017
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Referência:
Santos, Luiz Henrique L. (2017): Sobre a integridade etica da pesquisa. Cienc. Cult., v. 69,
n. 3, p. 4-5. http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602017000300002.r (clique para acessar).
16. Integridade?
Dicionário Aurélio: íntegro
⚫ Perfeito, exato.
⚫ Reto, imparcial, inatacável.
⚫ Brioso, pundonoroso.
Dicionário Aurélio: pundonor
⚫ Sentimento de dignidade; brio, honra, decoro;
⚫ Suscetibilidade exagerada em questões de amor-próprio; zelo
da própria reputação.
O primeiro e maior responsável pela integridade da pesquisa
é o autor!
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17. Mas a integridade não anda só
Andam juntos (critérios de gravidade da má conduta):
⚫ Abuso: irrita, incomoda,.
Exemplo: submeter um compuscrito sem corrigir os erros do
revisor de texto ou na modalidade “se colar, colou...”.
⚫ Falta de ética: deixa indignado.
Exemplos: Conceder autoria a quem não participou
suficientemente da pesquisa
Autoplágio
Plágio
⚫ Falta de integridade: mata.
Exemplos: ajustar, maquiar e forjar
Sim! Os limites de transição são difusos...
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18. E também cabe avaliar...
Os critérios de intencionalidade da má conduta:
⚫ Ingenuidade
Alunos que desde o fundamental aprendem que fazer pesquisa é
recortar/colar não têm noção que plagiar não é ético.
⚫ Erro involuntário (honest mistake)
Falha sistemática no equipamento reproduziu dados coerentes,
mas incorretos
⚫ Dolo (“intenção de matar”)
Ajustar, maquiar e forjar dados
Porém mesmo ou tratando-se de ingenuidade ou de
erro involuntário, a punição tem que ser rigorosa e exemplar.
Vejam-se os casos de doping no esporte: o punido pode
ser impedido de exercer temporariamente sua profissão ou até banido
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19. O contexto saudável para o efetivo avanço do conhecimento:
O ambiente SACECI!!!
⚫ SA, de Sem Abuso: nada que irrite!
⚫ CE, de Com Ética: nada que indigne!
⚫ CI, de Com Integridade: nada que mate!
SACECI: o ambiente de que precisamos
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20. Ética da autoria
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21. Mínimo para ser autor: 7 pontos
Ordem de autoria: da maior para a menor pontuação
Witter: Ética e autoria na produção textual (DOI: 10.5433/1981-8920.2010v15nesp.p131)
22. A Taxionomia
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23. Pareceres científicos: uma taxionomia
Elaboramos uma taxionomia para os requisitos da qualidade dos artigos
científicos, enquadrando-os em três macro-categorias hierarquizadas,
subdivididas em sub-categorias e micro-categorias.
O trabalho convergiu a partir de duas frentes:
➢ experiência dos autores na condução do processo editorial: macro- e
das sub-categorias.
➢ análise de conteúdo de 95 pareceres, referentes a 38 manuscritos
submetidos à Revista Colombiana de Psicologia, em 2010 e 2011: micro-
categorias.
➢ ajustes de um e de outro lado, até que todas as micro-categorias
estivessem enquadradas em alguma das macro.
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24. Vantagens de uma taxionomia
A taxionomia, apresentada a seguir, é útil para atender a pelo menos
quatro necessidades:
➢ de editores científicos: criação de rotinas e de instrumentos de
avaliação de artigos;
➢ de revisores (técnicos, editoriais e científicos): orientação acerca do
que observar em geral e em que prestar uma atenção especial;
➢ de autores: auxílio para efetuar uma auto-avaliação abrangente e
completa dos próprios textos;
➢ de pesquisadores de ciência da informação e de comunicação
científica: provimento de um referencial para estudo e análise de
pareceres científicos (como o de Plata-Caviedes et al., 2012).
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25. Taxionomia, nível 1: Forma/Norma
As características da macro-categoria Norma/Forma (Tabela 1) são:
➢ apresentar itens a serem examinados na revisão de conformidade
(ou preliminar ou de ingresso - o desk review);
➢ pode ser realizada por pessoal técnico não especializado na área
temática da publicação (revisores de texto, bibliotecários, arte-finalistas
gráficos, secretários editoriais);
➢ apenas o item 1.4 exige um profissional com alguma familiaridade com a
área, mas sem ter que ser necessariamente um pesquisador
(uma rejeição por falha em 1.4. Atendimento à Política editorial é definitiva).;
➢ os manuscritos devolvidos aos autores nesta fase serão computados
apenas como submissões brutas
(não ingressam no processo editorial; eventuais reapresentações entram
como submissões novas).
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26. Taxionomia, nível 1: Norma/Forma
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27. Taxionomia, nível 1: Norma/Forma
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28. Taxionomia, nível 1: Norma/Forma
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29. Taxionomia, nível 2: Aspectos editoriais
Os itens incluídos nesta categoria:
➢ fazem parte da revisão pelos pares (peer review);
➢ em geral, podem ser corrigidos;
➢ conformidade pode ser verificada por qualquer editor (científico,
associado ou de área) ou qualquer integrante do Corpo Editorial
Científico
(um pesquisador da grande área temática com boa bagagem
editorial, mas cuja especialidade não necessita ser exatamente a
que o manuscrito foca);
➢ havendo necessidade de correções, submissão retorna aos
autores e autoras, mas não é retirada do processo editorial.
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30. Taxionomia, nível 2: Aspectos editoriais
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31. Taxionomia, nível 2: Aspectos editoriais
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32. Taxionomia, nível 2: Aspectos editoriais
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33. Taxionomia, nível 2: Aspectos editoriais
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34. Taxionomia, nível 3: Mérito científico
Os itens deste nível:
➢ são a essência da revisão por pares;
➢ devem ser avaliados por um pesquisador ativo no
tema específico do artigo;
➢ imperfeições, dependendo do item ou da
extensão, podem implicar rejeição definitiva do
manuscrito ou retorno para correção sem saída do
processo editorial.
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35. Taxionomia, nível 3: Mérito científico
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36. Taxionomia, nível 3: Mérito científico
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37. P Trzesniak: Qualidade de conteúdo, o grande desafio
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Taxionomia, nível 3: Mérito científico
38. P Trzesniak: Qualidade de conteúdo, o grande desafio
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Taxionomia, nível 3: Mérito científico
39. Este trabalho é distribuído sob uma licença Creative Commons
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o grande desafio
Muito obrigado!!