O documento discute a necessidade de mudar a abordagem às comunicações móveis nas empresas e serviços públicos. Argumenta que dar telemóveis a mais funcionários, independentemente da hierarquia, pode aumentar a eficiência e reduzir custos ao reconhecer que as pessoas estão mais móveis hoje em dia.
Mudança de paradigma nas comunicações móveis em Cabo Verde
1. Há mudanças por todo o lado,
oportunidades também
Ao conceder e dividir o plafond do telemóvel empresarial pensa-se, sobretudo em
salvaguardar a diferenciação hierárquica. Vejamos por exemplo um condutor que está
sempre circulando pela Cidade a fazer recados e dar expedientes, comparado com o
financeiro da empresa.
O financeiro, normalmente, está sentado na sua secretária a meter em ordem as contas
empresarias e a preocupar-se com aqueles que lhe querem quot;pedirquot; dinheiro.
Normalmente não é um cargo que tem muita mobilidade a precisar de plafonds
elevados.
Por outro lado o choeffeur, tem que sair todos os dias para ir ao Banco, entregar
correspondências, fazer os recados pessoais dos Chefes, etc. Muitas vezes tem que
chamar a base para alertar sobre algum problema ou contratempos que podem surgir
com as pessoas que tem muita mobilidade.
O plafond do financeiro é bom mas não tem nada a ver com as suas necessidades de
comunicação. O do condutor não é a lanterninha da cauda mas está perto. Isso porque
ainda vemos o telemóvel como um símbolo e produto de luxo.
2. MUDA ÇA DE PARADIGMA
Alguma inversão de tendência têm vindo a acontecer. Por exemplo algumas Câmaras
Municipais que aprovam uma boa fatia dos seus orçamentos para a comunicação, estão
a compreender que dar um telemóvel a um fiscal ou condutor não é um luxo mas sim
um investimento na melhoria dos seus serviços e contribui para diminuir os custos de
comunicação no global.
Hoje em dia as Empresas e as pessoas são móveis, ninguém fica parado e não se
encontra as pessoas no telefone fixo (só o Director financeiro está no seu lugar). O
mesmo acontece nos serviços públicos.
Para além disso, de um ano a esta parte com a abertura do mercado concorrencial nas
comunicações móveis, os Cabo-verdianos começaram a experimentar oportunidades de
comunicabilidade impensáveis durante o monopólio.
Hoje um contrato de adesão custa 40 (quarenta) vezes menos daquilo que era praticado
5 anos atrás. Em termos de custos das chamadas estamos a navegar em cerca de 20
(vinte) vezes menos (10 tostões por segundo para os clientes da T+ no seu clube por
exemplo).
Uma mudança de paradigma rende-se necessária, pois as comunicações móveis
contribuem para:
1. Diminuir o esbanjamento de bens públicos e privados - ao dar um plafond elevado
a alguém só porque ele está num nível superior hierárquico, sem mesmo fazer o
levantamento se as suas funções e atribuições exigem comunicações móveis que
justifiquem plafonds dessas dimensões. Boa parte deste plafond é consumido para
chamadas pessoais.
É claro que todos sabemos que este plafond serve como uma regalia do cargo sobretudo,
e não é minha intenção minar as regalias conquistadas.
2. Aumento da eficácia na prestação dos serviços públicos e privados - Se a maior
parte das pessoas estão a circular, porque privar as pessoas dos telemóveis?
3. O telemóvel é um instrumento de trabalho para muitos, e os empreendedores já se
aperceberam disso. Cada vez mais se vê a publicidade dos seus números de telemóvel
em vez do telefone fixo.
Depois o facto que normalmente as empresas dão plafond para meter nos números
pessoais um pouco confunde. O plafond é empresarial mas é metido no número privado.
Se a pessoa for trabalhar numa outra empresa todos os relacionamentos empresariais se
perdem pois o contacto mudou.
Mas também podemos pensar em números de telemóveis para os cargos (telemóvel do
Director Comercial da Empresa XX por exemplo), assim se amanhã o Director
comercial for para outra empresa o contacto precioso da Direcção comercial passa para
quem o substitui, o que é bom para a empresa.
3. Diminuição dos custos da comunicação - As entidades públicas e privadas
chegaram à conclusão que não podem sustentar os custos da comunicação Fixo-Móvel e
resolveram pura e simplesmente barrar essas comunicações.
Se a maior parte das pessoas pode ser localizada num número móvel, então o barrar o
fixo não é a solução, pois assim estamos a voltar-nos ao isolamento. Porque não pensar
nas comunicações móveis como alternativa viável também economicamente?
Conclusão
Não quero com isso dizer que a linha fixa vai desaparecer agora (não vai demorar muito
também, acreditem), e, estou consciente que ainda se justifica em alguns casos ter uma
linha fixa, mas o facto é que, a sociedade moderna é cada vez mais móvel.
È verdade também que existem leis a conceder telefones celulares somente a cargos de
chefia, mas o contexto de aprovação dessas leis era outro, e mesmo em termos de
penetração em Cabo Verde, o telemóvel já tomou a dianteira com mais do dobro de
pessoas com telemóvel respeito à linha fixa.
Mesmo os serviços públicos devem compreender que se as pessoas que eles devem
servir estão em movimento também devem adaptar-se à mudança.
Por último aos gestores no processo de aprovação dos orçamentos de comunicação
deixava uma citação de Stanislas Chesnais, CEO & Chairman, Netsize:
quot;Há mudanças por todo o lado, oportunidades também.quot;
Eng. Nuno Levy
24-02-2009
Web site: www.telecomCV.net