2. Geralmente, é heterodiegético (surge na
terceira pessoa e não participa na ação)
Porem, por vezes, assume o ponto de vista de
algumas personagens (assumindo a primeira
pessoa do singular e até do plural)
homodiegético.
3. «São pensamentos confusos que isto diriam
se pudessem ser postos por ordem, aparados
de excrescências, nem vale a pena
perguntar, Em que estás a pensar, Sete-
Sóis, porque ele responderia, julgando dizer
a verdade, Em nada, e contudo já pensou
tudo isto,»
4. «Já lá vai pelo mar fora o Padre Bartolomeu
Lourenço, e nós que iremos fazer agora, sem
a próxima esperança do céu, pois vamos às
touradas que é bem bom divertimento»
5. Geralmente, o narrador assume uma
focalização omnisciente
Tem uma perspetiva transcendente em
relação às personagens e move-se à vontade
no tempo, saltando facilmente entre
passado, presente e futuro.
6. "Mas também não faltam lazeres, por isso,
quando a comichão aperta, Baltasar pousa a
cabeça no regaço de Blimunda e ela cata-lhe
os bichos, que não é de espantar terem-nos
os apaixonados e os construtores de
aeronaves, se tal palavra já se diz nestas
épocas, como se vai dizendo armistício em
vez de pazes. "
7. Omnisciência do Narrador
Perspetiva Temporal
Passado Presente Futuro
Conhecimento Global da História
8. Outras vezes, o narrador assume a perspetiva
das personagens que vivem a ação,
conferindo mais vivacidade e verosimilhança
à narrativa.
9. "Grita o povinho furiosos impropérios aos condenados, guincham as
mulheres debruçadas dos peitoris, alanzoam os frades, a procissão é
uma serpente enorme que não cabe direita no Rossio e por isso se vai
curvando e recurvando como se determinasse chegar a toda a parte ou
oferecer o espetáculo edificante a toda a cidade, aquele que ali vai é
Simeão de Oliveira e Sousa, sem mester nem benefício, mas que do
Santo Ofício declarava ser qualificador, e sendo secular dizia missa,
confessava e pregava, e ao mesmo, tempo que isto fazia proclamava
ser herege e judeu, raro se viu confusão assim, (...) por toda a vida, e
esta sou eu, Sebastiana Maria de Jesus, um quarto de cristã-nova, que
tenho visões e revelações, mas disseram-me no tribunal que era
fingimento, que ouço vozes do céu, mas explicaram-me que era
demoníaco, que sei que posso ser santa como os santos o são, ou ainda
melhor, pois não alcanço diferença entre mim e eles, mas
repreenderam-me de que isso é presunção insuportável e orgulho
monstruoso, desafio a Deus, aqui vou blasfema, herética, temerária,
amordaçada para que não me ouçam as temeridades, as heresias e as
blasfémias, condenada a ser açoitada em público e a oito anos de
degredo no reino de Angola (...)