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Simpósio Territorialidades Amazônicas. 20
JOSEP IBORRA PLANS
zezinhocptro@gmail.com
Articulação da Amazônia
da Comissão Pastoral da Terra.
AGROBANDIDAGEM, NEOEXTRATIVISMOS E
CONFLITOS TERRITORIAIS EM RONDÔNIA
AGROBANDIDAGEM,
NEOEXTRATIVISMOS E
CONFLITOS TERRITORIAIS
EM RONDÔNIA
 1- Agricultura no
bioma amazônico.
 2 - Amazônia, terra
de oportunidades.
 3 – Amazônia,
territórios de
identidades
negadas.
 4 – Desafios da CPT
e da Igreja na
Amazônia .
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 21
Os pais do jovem Ruan cobram buscas pelo filho
desaparecido em Cojubim, 2016 na Fazenda Tucumá
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 22
Rio Guaporé
A crise ambiental
afeta especialmente
Amazônia
uma das maiores
bacias hidrográficas
do mundo,
com as últimas
grandes florestas
tropicais
E da mais rica
biodiversidade do
Planeta
1- Agricultura no
bioma amazônico.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 23
Aldeia do povo tupari no Rio
Branco – Alta Floresta do Oeste
Um bioma cuidado pelos povos
indígenas há milhares de anos.
Um contraste: A
fragilidade do solo.
 O solo fértil
amazônico está
todo utilizado na
biomassa da
floresta.
 O húmus é muito
superficial, apenas
de alguns
centímetros.
 A selva se alimenta
de ela mesma e vive
mais sobre o terreno
do que do terreno.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 24
Uma
colonização
inadaptada ao
bioma
amazônico
 A maior parte da
agricultura da colonização
não está bem adaptada ao
bioma amazônico.
 Com o corte raso
permanente a parte
orgânica do solo é
rapidamente lavada pela
chuva após perder a
proteção da cobertura
vegetal.
 Elementos como manganês
e alumínio são pouco
solúveis, por isso, resistem
as chuvas e deixando o
solo erosionado, ácido
(lixiviação) e infértil para
o plantio.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 25
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 26
Pasto atacado por rouxinho.
São Miguel do Guaporé.
 A pastagem de braquiarão
impede a floresta se recuperar,
porém pouco protege o solo das
chuvas torrenciais.
 Pelo excesso de gado e
compactação do chão, os pastos
são atacados pela cigarrinhas,
por plantas invasoras e
degradam-se em poucos anos.
 Segundo pesquisa da Embrapa,
em 2013, de seis milhões de
hectares de pastagens em
Rondônia, mais de 70% já
estavam em algum estágio de
degradação.
 https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2013/04/mais-de-70-
das-areas-de-pastagem-de-ro-estao-degradadas-diz-
embrapa.html
Degradação
do solo.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 27
Pasto atacado por invasoras.
São Miguel, D. de G. Mirim.
 A médio prazo a única
alternativa parece ser a
mecanização: a soja.
 Alugar terras, vender, ir
para cidade, ou procurar
novas áreas de floresta para
derrubar e formar novas
pastagens.
 A soja e o agrotóxico
intensivo avançam até em
áreas públicas, terras de
assentamento...
 Com apoio da Embrapa
de Porto Velho, há décadas
está pesquisando e
apoiando a difusão da soja
tropical no estado.
Dia de Campo da Embrapa em Campo
experimental de soja
https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/embrapa-promove-
producao-de-soja-convencional-em-dia-de-campo-em-porto-
velho.ghtml
O avanço da
soja
A grilagem de
terras é a
primeira causa
do
desmatamento
 A pressão da soja empurra
a fronteira agrícola acima
da floresta.
 “dono é quem desmata”,
 De fato as terras
desmatadas ilegalmente
acabam integradas ao
mercado,
 e quem derrubou a floresta
é reconhecido como dono,
lucrando muito com a
venda ou a exploração da
terra grilada.”
 (Mauricio Torres e Sue
Branford)
 “Quem derruba o pau, é dono
do toco” (Teixerão)
28
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
O RESULTADO É DEVASTADOR PARA
O BIOMA AMAZÔNICO
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 29
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 30
 A globalização quebra
o ciclo tradicional de
adubação agrícola.
 A terra que produz os
grãos de exportação
não recebe o esterco
de volta e se
empobrece.
 Enquanto nos países
importadores de soja
o esterco (purins)
contamina a terra e as
águas com excesso de
nitrogênio.
https://www.manejebem.com.br/upl
oads/filemanager/source/esterco.PN
G
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 31
 Com os rios assoreados,
os solos menos férteis e
uma fauna menos
abundante,
 A quantidade de árvores
diminui e a floresta
perde a sua capacidade
de recuperação,
 Sendo substituída por
uma vegetação mais
espaça e semelhante
àquela do cerrado
brasileiro.
 Centenas de igarapés de
Rondônia secam todo
ano ou já
desapareceram.
Igarapés
assoreados
na Br 429 e
em
Alvorada.
Processo de
desertização
O sul de Rondônia sempre foi
uma área de transição entre o
cerrado e o bioma amazônico.
Com o desmatamento e as
mudanças climáticas está em
curso um processo de
“savanização” da Amazônia
A transformação da floresta
tropical em uma área cuja
paisagem assemelha-se à das
savanas africanas ou à do
cerrado brasileiro.
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/savanizacao-amazonia.htm
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 32
Savanização e
avanço do
Cerrado
https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2023/06/26/video-lobo-guara-e-visto-em-avenida-
movimentada-de-ji-parana-ro.ghtml 260623
Sofre a natureza e sofrem os povos
tradicionais da Amazônia.
 Com a floresta
devastada, os
indígenas, pequenos
agricultores e
especialmente, os
povos tradicionais e
originários são
acuados e expulsos
dos seus territórios.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 33
Comunidade Santa Ana, Coroatá MA
Casa queimada de seringueiro,
em Costa Marques.
Até planos de manejo de madeira, projetos
de crédito de carbono e “economias verdes,”
muitas vezes passam por cima dos direitos
das comunidades.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 34
Invasão de grileiros na
reserva extrativista
Angelim de
Machadinho do Oeste
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
35
 A devastação é resultado de
um modelo econômico e de
desenvolvimento destruidor e
excludente.
 Que transforma os territórios
do povo em terra de negócio e
de lucro,
 Terra concentrada apenas para
alguns, para os mais poderosos
e violentos.
São Francisco do
Guaporé
2 – Amazônia
terra de
oportunidades.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 36
 Mas para a maior parte do
povo, Amazônia sempre
foi vista como terra de
oportunidades:
 De conquista de terras
agriculturáveis
desocupadas,
 Imensa reserva de
madeiras centenárias,
 De garimpos
inexplorados,
 Até “celeiro” de novas
usinas hidrelétricas...
 A madeira abre estradas e clareiras
na floresta, é ponta de lança do
desmatamento,
 financiando e abrindo caminho
para a grilagem de terras, para o
corte raso e a entrada do boi.
 Uma indústria nómade, que
avança devastando as madeiras
centenárias e deslocando
continuamente para novas áreas de
exploração. A maior parte das
antigas madeireiras de Rondônia,
hoje se encontram no Sul do
Amazonas e Norte do Mato Grosso.
 A madeira ilegal continua
saqueando áreas indígenas e
unidades de conservação em toda
Rondônia.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 37
A madeira
das florestas
tropicais alvo
de cobiça
mundial
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 38
Linha 50
Brasilân
 Para desviar a pressão pela
reforma agrária do Sul do
Brasil
 A maior parte dos
assentamentos de reforma
agrária foram criados na
Amazônia:
 41,8 milhões de hectares para
3.589 assentamentos.
 81% da área destinada a
reforma agrária no país está
na Amazônia.
 Muitos assentamentos forma
transformadas nas sedes de
novos municípios, como Nova
Mamoré, Urupá, Machadinho
do Oeste, Bom Princípio
(Seringueiras), Cojubim, São
Felipe e Buritis.
 Porém o povo sempre
passou na frente do INCRA
Rondônia, terra
de migrantes
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 39
 Na prática, a terra pública não destinada acaba sendo
grilada pelos mais poderosos e violentos.
 Segundo estudos, há muita mais hectares de terra
registrados nos cartórios da Amazõnia da área que
realmente existe. (Aristides Umbelino de Oliveira)
 Pela via de fatos consumados, derruba-se e queima-se a
floresta para adquirir direitos de “posse” acima da terra.
 O objetivo é desbravar a mata, “formar lote”, para
depois “regularizar a situação fundiária”.
A disputa pelas terras públicas
 As novas áreas de grilagem e de
desmatamento, são “terras sem
lei”, dominadas pela pistolagem,
 Com “ausência planejada do
estado”.
 Focos de trabalho análogo a
escravidão.
 Dominadas pela violência,
milícias armadas, que perceberam
que o crime compensa, porque a
impunidade é a regra.
 Amazônia corresponde arredor do
80% dos assassinatos e violência
registrada pela CPT os últimos
anos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 40
Munição policial no
Acampamento Manoel
Ribeiro de Chupinguaia
Política dos fatos
consumados
 A luta não é por reforma agrária, mas por
“POSSE” para ficar acima da terra... E depois
regularizar.
 Enfrentando milícias e jagunços a serviço dos
poderosos.
 Duas medidas e de dois pesos do judiciário.
 A polícia a serviço do latifúndio integra
milícias e faz reintegrações de posses até
sem ordem judicial,
 Em RO a PM despeja as novas ocupações nos
primeiros dias, abusando do flagrante do
esbulho possessório e processando os
ocupantes, sem ordem judicial.
 Sitia os acampamentos e impede a entrada e
saída de pessoas e alimentos.
 Despeja famílias, queimando e derrubando
casas e plantações, utilizando da força brutal
para retirar os pequenos das áreas cobiçadas.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 41
Armas apreendidas em
fazenda de Cujubim.
A luta pela
posse
A
REGULARIZA
ÇÃO
FUNDIÁRIA
NÃO
RESOLVE OS
CONFLITOS
MAS OS
AGUDIZA.
 A regularização fundiária não
resolve os conflitos, mas os agudiza
e cria de novos.
 Pois incentiva a correria pela
terra, o desmatamento, as
invasões e a grilagem.
 As vias de fato, e a violência.
 Ao final, a regularização fundiária
não olha se o dono da posse mora
na área e trabalha nela, nem o
tamanho da terra pública que
tomou.
 Nem pergunta se para se apossar
daquela terra alguém roubou,
matou ou desmatou.
Simpósio Te pública tomourritorialidades
Amazônicas. 42
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 43
RONDÔNIA, ESTADO
DESNATURALIZADO
PELA PECUÁRIA
 Muitos são mais
“desbravadores” da mata
do que agricultores.
 O desmatamento e a
pecuária é a forma mais
fácil de “beneficiar” os
lotes, adquirir direitos de
posse.
 Funciona um conhecido
esquema de “lavagem de
gado”, proveniente de áreas
irregulares de grilagem em
unidades de conservação e
terras indígenas.
A agricultura
familiar
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 44
Conforme dados do Censo
Agropecuário 2017-2018, em
Rondônia 81,3% dos 91.438
estabelecimentos recenseados
foram classificados como
pertencentes à agricultura
familiar, portanto acima da média
nacional de 76,8%.
Dentre os produtos mais
importantes cultivados no estado, o
abacaxi se sobressai, com 93,1% da
produção sendo advinda da
agricultura familiar, seguida do café
(90,4%), da mandioca (88,8%) e do
cacau (87,9%). Na pecuária,
destaque para a produção de leite,
com participação de 88,1%.
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/55609579/artigo---qual-e-a-
participacao-da-agricultura-familiar-na-producao-de-alimentos-no-brasil-e-em-
rondonia
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 45
 O leite é um dos principais
produtos da agricultura familiar.
 Segundo a Emater, em 2015
produziu 2.167.987 milhões de
leite, provenientes
mil propriedades.
 Destacando como maiores
Ouro Preto do Oeste, Jaru, Nova
Ji-Paraná, Governador Jorge
Urupá, Cacoal, Presidente
Machadinho do Oeste, Buritis,
Paraíso...
 http://www.emater.ro.gov.br/ematerro/bovinocultura-de-leite/
 Porém os produtores ficam
carteis de preços dos laticínios,
nos últimos anos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
 A pecuária extensiva cresce a
base de aumentar os pastos
com contínuo desmatamento,
mas em RO já existem grandes
confinamentos.
 Nos anos noventa o gado
amazônico era menos da
décima parte do rebanho
brasileiro, em 2008 já tinha
passado de 36% do total
brasileiro.
 Em 2022 em Rondônia o
rebanho bovino era de
16.240.416 cabeças de gado.
Porto Velho,1,47 milhões. Nova
Mamoré 886,7 mil, Buritis,
581,1 mil e Jaru mais de 567,2
mil cabeças (dados do Idaron).
As
grandes
fazendas
de
pecuária
extensiva
 Grandes frigoríficos estão dedicados a exportação de
carne, e mantém o monopólio sobre o preço da arroba
de carne de boi, produzida as custas da deflorestação.
 São os principais financiadores dos deputados
estaduais e federais de Rondônia.
 Segundo a CPI dos frigoríficos de 2016, o frigorífico JBS
era responsável por 47% dos abates e por 27% da
exportação de carne de Rondônia. A empresa
mantinha cinco plantas frigoríficas fechadas, “pagando
o preço que lhe convém”.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 47
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 48
 Dependendo também da
cotação mundial, a soja
também define o preço da
terra.
 A safra de soja em 2023 deve
alcançar 1,7 milhão de
toneladas em Rondônia.
 Em 2017 os principais
municípios produtores de soja
em Rondônia são: Vilhena,
Cacoal, São Miguel do
Guaporé e Rolim de Moura.
 Juntos, os quatro municípios
correspondem a cerca de 70%
da produção estadual.
 https://g1.globo.com/ro/rondonia/rondonia-
rural/noticia/2023/04/09/safra-de-soja-em-2023-deve-alcancar-17-
milhoes-de-toneladas-em-rondonia.ghtml
https://journals.openedi
tion.org/confins/28282
O avanço da
mecanização e
da soja
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 49
Soja em Vilhena
 A difícil recuperação dos
pastos e a pressão da soja,
empurra a pecuária para
as novas frentes de
desmatamento da floresta.
 Em busca da terra mais
barata, do lucro da
especulação fundiária
 Com a venda de um
alqueire de terra no sul e
centro de Rondônia dá
para comprar 10 vezes
mais terra nas fronteiras de
Acre e Sul do Amazonas, na
nova AMACRO.
Especulação
fundiária .
 Fonte: IPAM
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 50
Com a concentração
fundiária, a grilagem de
terras públicas e o êxodo
rural,
Rondônia acaba
reproduzindo a enorme
desigualdade da distribuição
de terras do Brasil.
A maior parte da terra (80%)
destinada a agricultura foi
apropriada pelo latifúndio.
- Grande propriedade
77,40%
- Media propriedade
6,20%
- Pequena propriedade
10,70%
GRANDE
PROPRIEDA
DE, 77.40%
MEDIA
PROPRIEDA
DE, 6.20%
PEQUENA
PROPRIEDA
DE, 10.70%
MINIFÚNDIO
, 5.70%
TERRA AGRÍCOLA RONDÔNIA 2010
Terra de
desigualdade,
injustiça e
violência
Em 2017 a CPT RO contabilizou 172 áreas de conflito no
estado de Rondônia.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 51
5
1
2
1
2
1 1
5
1
9
6
3
4
5
1
9
8
2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Alta
Floresta
Alto
Paraíso
Buritis
Cacoal
Chupinguaia
Cujubim
Espigão
do
Oeste
Governador…
Guajará
Mirim
Machadinho
do…
Nova
Brasilândia
Nova
Mamoré
Pimenteiras
do…
Rio
Crespo
Theobroma
Porto
Velho
Seringueiras
Vilhena
68 OCORRÊNCIAS
DE CONFLITOS
EM 2022 EM RONDÔNIA
5
1
1
2
9
8 2
1
9
2
6
2
5
3
5
1
2
1
1
Os conflitos
continuam em
nosso dias.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 52
Conflitos do campo de 2021 em
RO por sujeitos sociais.
Indígenas, 11,
26%
Quilombolas, 1,
2%
Extrativistas, 4,
10%
Ribeirinhos , 7,
17%
Posseiros, 6, 14%
Assentados e
Pequenos
proprietários, 3,
7%
Sem Terra, 10,
24%
CONFLITOS COM
OCORRÊNCIAS EM 2021
Indígenas Quilombolas
Extrativistas Ribeirinhos
Posseiros Assentados e Pequenos proprietários
Sem Terra
Indígenas 11
Quilombolas 1
Extrativistas 4
Ribeirinhos 7
Posseiros 6
Assentados e
Pequenos
proprietário
s 3
Sem Terra 10
VIOLÊNCIA CONTRA OCUPAÇÃO E POSSE RONDÔNIA 2021 - 2022
2021 2022
OCORRÊNCIAS 67 69
FAMÍLIAS 4.696 8.057
ÁREA 2.994.077
FAMÍLIAS EXPULSAS 8 137
FAMÍLIAS DESPEJADAS 757
AMEAÇADAS DE DESPEJO 2.066 1.275
TENTATIVAS DE AMEAÇA OU
EXPULSÃO 619 500
CASAS DESTRUÍDAS 760
ROÇAS DESTRUÍDAS 455
BENS DESTRUÍDOS 320 250
FAMÍLIAS ATINGIDAS POR
PISTOLAGEM 320 333
INVASÕES 173 1.610
DESMATAMENTO ILEGAL 1.416
GRILAGENS, INCÊNDIOS, ETC. 2.536
 O Governo do Estado de
Rondônia, em parceria
federal, se caracterizou nos
últimos anos por uma
atuação totalmente parcial.
 Intervenção policial
imediata e contundente em
ocupações de terra, sem
ordem judicial.
 Tolerância com invasões de
Terras Indígenas e
Unidades de Conservação.
ATUAÇÃO PARCIAL
DO ESTADO
 Uma atuação dirigida
contra as vítimas, os
pequenos agricultores
em conflito...
 Mas que para apoiar
uma mais justa
distribuição da terra
 E efetiva proteção dos
últimos remanescentes
de floresta de nosso
Estado.
Ataque de milícia armada aos posseiros
do Seringal Belmont, Porto Velho,
18/10/2022.
2
11
1
10
76
0
20
40
60
80
PRESOS POR CONFLITOS NO
CAMPO NO BRASIL 2021
Série 1
PRESOS POR
CONFLITOS DE TERRA
NO BRASIL 2021
BAHIA 2
MARANHÃO 11
CEARÁ 1
PARÁ 10
RONDÔNIA 76
100
CRIMINALIZAÇÃO
DA DEMANDA POR
REFORMA AGRÁRIA
Presos no campo da Amazônia
2017-2021
Fonte: CEDOC Elaboração: Art. Amazônia CPTs
9
12
113
4
58
3
1
1
150
4
2
31
20
20
1
9
1
1
10
38
10
76
11
0 20 40 60 80 100 120 140 160
AC
AP
RO
TO
MA
2021 2020 2019 2018 2017
 Ameaçados: Rondônia há mais
de 20 pessoas ameaçadas de
morte, incluídas no programa
de proteção aos defensores de
direitos humanos;
 Impunidade: Quase nenhum
dos crimes contra pequenos
agricultores são apurados e os
autores e mandantes
identificados, presos e punidos.
Ari Uru Eu Au Au
+17.04.2020
Amarildo Aparecido Rodrigues,
12/08/2021
Kevin Fernando
Holanda de Souza,
12/08/2021
Wesley
Flávio da
Silva
+
17/06/22
Normande e
Jheison, + 11.08.22
Josias Vicente Mafra
Seringueiras, +
12/03/2022
Edson Lima Rodrigues
e Ilma Rodrigues dos Snatos
+17/06/2022
07 ASSASSINATOS NO CAMPO DE RONDÔNIA EM 2022
13 assassinados em operações de vingança e extermínio no
Acampamento Campin dos Santos (LCP) do Distrito de Nova
Mutum de Porto Velho de 2021 a 2023.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 61
Tenente Figueiredo
Sobrinho e Sargrento
Rodrigues:
+ 03.10.2020
Jediel
Almeida Silva
+30.08.2021
Amaral José Stoco
Rodrigues e
Amarildo
Aparecidos
Rodrigues,
13.08.2021
Kevin
Fernando
Holanda de
Souza,
13.08.2021
Raniel Barbosa
Laurindo
28.01.2023
Rodrigo
Hawerroth
28.03.2023,
Patrick
Gasparini
Cardoso,
04.01.2023.
Edson Lima
Rodrigues
e Ilma Rodrigues
dos Santos
+17/06/2022
Gedeão José
Duque.
+29.10.21
Rafael
Tedesco
Gasparini.
+29.10.21
Alonso da
Conceição
+21.05.2021
Roberto
Pereira da
Silva
Pandolfe
+27.04.2021
O garimpo ilegal
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 62
- ouro (no Rio Madeira, na TI Uru Eu Au Au),
- cassiterita (no Vale do Jamari)
- diamantes (TI Rooseveelt, Espigão do Oeste, e TI Sete de
Setembro, Cacoal)
O garimpo continua atingindo especialmente indígenas e
ribeirinhos e provocando divisão social e danos ambientais,
como a contaminação de mercúrio.
Ponte quebrada TI 7 de setembro Cacoal
3 – Amazônia, terra de
Identidades negadas.
 O desmatamento prejudica
de forma especial os povos
das florestas, que vivem
dos recursos naturais
dos rios e matas.
 O avanço da colonização
aniquila, acua ,
invisibiliza e deixa em
minoria indígenas e
povos tradicionais:
seringueiros, ribeirinhos e
quilombolas.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 63
64
Alguns povos indígenas
permanecem em Rondônia em
isolamento voluntário.
Do cenário de ocupação
incentivada pelos governos
militares, de mais de 80 mil
indígenas nos anos 1930,
restaram pouco mais de 2 mil, no
início de 1980
Atualmente a população
indígena de Rondônia está
estimada em 15.000 pessoas.
Rondônia conta com 43 terras
indígenas, das quais somente
vinte são regularizadas e outras
23 ainda não foram identificadas
pela Funai.
(Iremar Ferreira)
https://teoriaedebate.org.br/2017/12/18/povos-indigenas-
rondonia-rumo-518-anos-de-resistencia/)
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
Indígenas Oro Wari e Uru Eu Au Au
em G. Mirim
Os indígenas
sempre resistiram
a colonização
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 65
66
Vários povos reivindicam seus
territórios:
Puruborá, miquelenos,
cujubim,
wuajuru, guaragswé,
kassupá...
E estão ameaçados pela tese do
marco temporal.
Todas as áreas indígenas
reconhecidas sofrem invasões e
assédio: De madeireiros, grileiros,
garimpeiros, pescadores e
caçadores...
Os mais atingidos são as TI
Karipuna e a TI. Uru Eu Au Au.
Ainda, as raízes culturais e
religiosas indígenas têm sido
duramente atacadas pelo
proselitismo evangélico.
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
Festa do Jacaré, povo arara de Ji Paraná.
67
A presença quilombola do Vale do Guaporé foi
resultado da colonização dos portugueses nos séculos
XVII e XVIII. Apenas dois territórios foram titulados
até o momento dos 0ito reconhecidos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas.
Três regiões de seringueiros
permanecem em Rondônia:
Em Machadinho, Guajará Mirim e
Costa Marques, com reservas
extrativistas (resex) criadas pelo
projeto Planafloro em 1995.
Enfrentam problemas de
comercialização dos produtos e
também invasões.
A Resex Jaci Paraná está
completamente invadida por grileiros.
As Resex de Machadinho e Vale do
Anari sofrem contínuas invasões de
madeireiros e grilagem de terras.
E venda irregular para compensação de
reservas ambientais.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 68
 Com o apoio do Estado, usa os
recursos públicos para a
expansão dos setores que
buscam controlar e explorar a
todo custo as riquezas naturais
existentes (madeira, minério,
pesca...)
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 69
Garimpo diamantes
indígenas Cinta Larga
D. Ji Paraná.
Se polariza a sociedade
mobilizando os
interesses dos
defensores do
“desenvolvimento”
Entre eles os investimentos
hidroelétricos:
A usina de Samuel (1988) alagou
540 km2 de Rondônia.
 Jirau e Santo Antônio
construídas entre 2008 e 2016
em Porto Velho com dois
linhões atravessando
Rondônia para levar a energia
diretamente para SP.
 Oito PCHs apenas na bacia
do Rio Branco (Alta Floresta
do Oeste.
 Dois grandes projetos:
Tabajara e Ribeirão/G.
Mirim.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 70
 Usina de Santo Antônio, Porto Velho
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 71
Dragas de garimpeiros
fechando o Rio Madeira
 A atuação de facções que controlam o tráfico de
drogas nas cidades e nas fronteiras, está cada vez mais
influenciando a política e o aumento de crimes
ambientais na Amazônia: desmatamento, grilagem,
garimpo em terras indígenas, utilizados para
investimento e lavagem de dinheiro do narcotráfico.
Região de fronteira
e de narcotráfico
Amazônia
retornou para a
política militar da
colonização
 O bolsonarismo relaxou o
controle ambiental sobre
as queimadas (dia do fogo).
 A grilagem de terras públicas
e o garimpo.
 Negou o reconhecimento
dos territórios aos
indígenas, quilombolas e a
reforma agrária.
 Desviou a demanda por
terras, incentivando /
tolerando o garimpo e as
invasões de Unidades de
Conservação, e de terras
indígenas.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 72
Parque Estadual de Guajará Mirim. Foto MP RO
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 73
Por causa dos saques de
madeira e a grilagem,
muitos indígenas,
seringueiros e extrativistas
continuam sendo
perseguidos, ameaçados e
assassinados ou expulsos
de suas áreas..
Resex Massaranduba / Machadinho RO
AMACRO: A
nova “Fronteira
do
Desmatamento”
 A junção das fronteiras
do Amazonas, Acre e
Rondônia, denominada
AMACRO,
 Teve um incremento de
12,3% do desmatamento
ocorrido na região em
2022 em relação a 2021.
 Foram 7.055 alerta e
231.955 hectares
desmatados em 2022 na
Amacro – 11,3% da área
desmatada no Brasil e
aproximadamente 19,4%
do que foi perdido na
Amazônia.
 https://ac24horas.com/2023/06/16/regiao-da-
amacro-responde-por-113-da-area-desmatada-no-
brasil-e-194-da-amazonia/
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 74
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 75
Encontro do Rio Acre e o Rio Purus,
em Boca do Acre AM
O governo Lula tem o desafio de reverter as
invasões, o desmatamento, o garimpo e as
queimadas ilegais, retomar a reforma agrária e
reconhecer os territórios indígenas e tradicionais.
Garimpo ilegal na
TI Uru Eu Au Au.
DESAFIOS DA CPT E DAS
IGREJAS.
A Igreja postconciliar
sulamericana se
caracterizou pela teologia
da libertação e pela
“opção preferencial
pelos pobres”
A colonização foi um
desafio imenso para as
Igrejas de Rondônia
esteve ao lado dos
pequenos agricultores.
No dia 24 de julho de
1985, o missionário
comboniano italiano Pe
Ezequiel Ramin, aos 32
anos de idade, foi
brutalmente assassinado
na Diocese de Ji Paraná.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 76
O desafio do
envolvimento e do
profetismo da Igreja.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 77
Aqui a CPT começou no
Acre e em Rondônia logo
enfrentou numerosos
conflitos pela terra.
Apoiada por sacerdotes e
bispos que deram suas vidas
na missão.
Como Dom Moacyr Grechi,
e Dom Antônio Possamai,
que “Nunca se deixou
contaminar pelos projetos
dos poderosos e
gananciosos desta terra”.
(Nota da CPT no falecimento em 30 de
outubro de 2018)
O desafio das
pastorais sociais ao
lado dos indígenas, e
dos povos da terra e
das águas.
 - Frutos do Documento de
Santarém, a criação do CIMI
(1972) e da CPT (1975) marca
presença pastoral da Igreja
da Amazônia ao lados dos
mais sofridos da terra,
apoiando seus direitos e suas
lutas.
 Registrando e
denunciando os conflitos,
a violência, as Invasões
(de terras indígenas, de
reservas extrativistas, de
parques e unidades de
conservação, a grilagem de
terras públicas).
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 78
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 79
O desafio do conservadorismo e da
expansão da teologia da prosperidade,
nas igrejas evangélicas e na católica.
O desafio do apoio
aos movimentos
populares e
organizações
sindicais do
campo.+*
 Como a Via Campesina
(MPA, MST, MAB, etc.)
 A OSR: organização dos
Seringueiros de Rondônia.
 A coordenação das
associações quilombolas.
 Sindicatos: FETAGRO
(ligado a CUT).
 O enfrentamento ao
agronegócio e aos
agrotóxicos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 80
Festa Camponesa Jaru, Julho 2023
O desafio da
violência e proteção
do/as ameaçado/as.
 - Apoiando suas lutas
pelo reconhecimento
dos territórios
tradicionais.
 As ocupações pela
reforma agrária e pela
posse da terra.
 Reduzindo a violência e
impunidade no campo.
 Protegendo as
comunidades e defensores
de direitos humanos
ameaçados e
perseguidos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 81
O desafio da permanência do povo
na terra  Durante muitos anos, as
Romarias da Terra
sensibilizam as pessoas de
Igreja e incentivam o povo
para o enraizamento e
permanência na terra,
valorizando e respeitando
as identidades indígenas e
tradicionais.
 Para uma agricultura que
“produza sem destruir”,
mais agroecológica e
livre de veneno.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 82
Romaria da Terra e das Águas de Iata,
G. Mirim, em 2009.
 A incorporação do cuidado com a natureza, com a Criação
Divina, na missão do cristão, na proposta da Laudato Si.
 Os camponeses mais conscientes de nossas comunidades lutam
por alternativas agroecológicas de produção, sem agrotóxico,
protegem as águas e o chão, recuperam nascentes, matas ciliares
e igarapés assoreados, e valorizam a cultura camponesa.
 Uma agricultura mais “amazonizada” e adaptada ao bioma
amazônico.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 83
Grupo
do Projeto Terra Sem Males.
Os desafios de
cuidar da
Criação
e da ecologia
integral.
O desafio do meio
ambiente social e
natural
 Na encíclica Laudato Si o
papa Francisco nos lembra
do dever de cuidar da
criação como nossa casa
comum.
 Os moradores da Amazônia
temos o privilégio de estar
chamados a administrar e
cuidar este pedaço
maravilhoso da Criação que é
a região amazônica.
 O bioma amazônico é um dos
mais ricos em vida e
diversidade de todo o mundo.
 Um lugar bom para se viver
desde milhares de anos.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 84
 A Missão na Amazônia tem
uma especial dimensão
ambiental.
 De preferência e prioridade
para o cuidado eclesial dos
povos que o avanço da
colonização deixa mais
vulneráveis.
 Desde uma “ecologia
integral” que se preocupa
tanto do meio ambiente
natural como do ambiente
social.
 O Sínodo da Amazônia
nos impele a nos
“Amazonizar”, também nas
igrejas e adaptar nossas
estruturas paroquiais e
diocesanas.
O desafio da articulação
na Rede Eclesial
Amazônica (REPAM) e
na Conferência Eclesial
da Amazônia (CEAMA)
O desafio da
crescente
concentração urbana
amazônica.
 Atualmente a Amazônia
Legal corresponde a 61%
do território nacional
 E abriga uma população
de aproximadamente 24
milhões de pessoas,
 80% destas vivendo nas
cidades, com desafios
imensos de
urbanização,
saneamento básico,
 Favelização das
periferias e despejos das
áreas de ocupação
urbana. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 85
Alagações em Cacoal, fev 2023
O desafio das
periferias urbanas
e da migração
exterior
 Periferias cheias dos povos
de origem indígena e
tradicional, que já
perderam seus territórios
originais nesta Amazônia
devastada.
 O aumento de imigração
exterior e de refugiados
(haitianos, venezuelanos,
etc.)
 Rondônia se converteu em
“corredor de migração”.
 Mais do povo de rua, mais
violência entre os jovens,
 situações precárias de
empregos e trabalho
escravo.
Simpósio Territorialidades Amazônicas. 86
Casas a beira do Purus, em
Lábrea.
 “Deus, que nos chama a uma
generosa entrega e a oferecer-
Lhe tudo, também nos dá as
forças e a luz de que
necessitamos para prosseguir.
 No coração deste mundo,
permanece presente o Senhor
da vida que tanto nos ama.
 Não nos abandona, não nos
deixa sozinhos, porque Se uniu
definitivamente à nossa terra e
o seu amor sempre nos leva
a encontrar novos caminhos.
Que Ele seja louvado!”
 Papa Francisco, Laudato Si.
 Obrigado! 87
Simpósio Territorialidades Amazônicas.

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AGROBANDIDAGEM, NEOEXTRATIVISMOS E CONFLITOS TERRITORIAIS EM RONDÔNIA

  • 1. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 20 JOSEP IBORRA PLANS zezinhocptro@gmail.com Articulação da Amazônia da Comissão Pastoral da Terra. AGROBANDIDAGEM, NEOEXTRATIVISMOS E CONFLITOS TERRITORIAIS EM RONDÔNIA
  • 2. AGROBANDIDAGEM, NEOEXTRATIVISMOS E CONFLITOS TERRITORIAIS EM RONDÔNIA  1- Agricultura no bioma amazônico.  2 - Amazônia, terra de oportunidades.  3 – Amazônia, territórios de identidades negadas.  4 – Desafios da CPT e da Igreja na Amazônia . Simpósio Territorialidades Amazônicas. 21 Os pais do jovem Ruan cobram buscas pelo filho desaparecido em Cojubim, 2016 na Fazenda Tucumá
  • 3. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 22 Rio Guaporé A crise ambiental afeta especialmente Amazônia uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, com as últimas grandes florestas tropicais E da mais rica biodiversidade do Planeta 1- Agricultura no bioma amazônico.
  • 4. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 23 Aldeia do povo tupari no Rio Branco – Alta Floresta do Oeste Um bioma cuidado pelos povos indígenas há milhares de anos.
  • 5. Um contraste: A fragilidade do solo.  O solo fértil amazônico está todo utilizado na biomassa da floresta.  O húmus é muito superficial, apenas de alguns centímetros.  A selva se alimenta de ela mesma e vive mais sobre o terreno do que do terreno. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 24
  • 6. Uma colonização inadaptada ao bioma amazônico  A maior parte da agricultura da colonização não está bem adaptada ao bioma amazônico.  Com o corte raso permanente a parte orgânica do solo é rapidamente lavada pela chuva após perder a proteção da cobertura vegetal.  Elementos como manganês e alumínio são pouco solúveis, por isso, resistem as chuvas e deixando o solo erosionado, ácido (lixiviação) e infértil para o plantio. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 25
  • 7. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 26 Pasto atacado por rouxinho. São Miguel do Guaporé.  A pastagem de braquiarão impede a floresta se recuperar, porém pouco protege o solo das chuvas torrenciais.  Pelo excesso de gado e compactação do chão, os pastos são atacados pela cigarrinhas, por plantas invasoras e degradam-se em poucos anos.  Segundo pesquisa da Embrapa, em 2013, de seis milhões de hectares de pastagens em Rondônia, mais de 70% já estavam em algum estágio de degradação.  https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2013/04/mais-de-70- das-areas-de-pastagem-de-ro-estao-degradadas-diz- embrapa.html Degradação do solo.
  • 8. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 27 Pasto atacado por invasoras. São Miguel, D. de G. Mirim.  A médio prazo a única alternativa parece ser a mecanização: a soja.  Alugar terras, vender, ir para cidade, ou procurar novas áreas de floresta para derrubar e formar novas pastagens.  A soja e o agrotóxico intensivo avançam até em áreas públicas, terras de assentamento...  Com apoio da Embrapa de Porto Velho, há décadas está pesquisando e apoiando a difusão da soja tropical no estado. Dia de Campo da Embrapa em Campo experimental de soja https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/embrapa-promove- producao-de-soja-convencional-em-dia-de-campo-em-porto- velho.ghtml O avanço da soja
  • 9. A grilagem de terras é a primeira causa do desmatamento  A pressão da soja empurra a fronteira agrícola acima da floresta.  “dono é quem desmata”,  De fato as terras desmatadas ilegalmente acabam integradas ao mercado,  e quem derrubou a floresta é reconhecido como dono, lucrando muito com a venda ou a exploração da terra grilada.”  (Mauricio Torres e Sue Branford)  “Quem derruba o pau, é dono do toco” (Teixerão) 28 Simpósio Territorialidades Amazônicas.
  • 10. O RESULTADO É DEVASTADOR PARA O BIOMA AMAZÔNICO Simpósio Territorialidades Amazônicas. 29
  • 11. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 30  A globalização quebra o ciclo tradicional de adubação agrícola.  A terra que produz os grãos de exportação não recebe o esterco de volta e se empobrece.  Enquanto nos países importadores de soja o esterco (purins) contamina a terra e as águas com excesso de nitrogênio. https://www.manejebem.com.br/upl oads/filemanager/source/esterco.PN G
  • 12. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 31  Com os rios assoreados, os solos menos férteis e uma fauna menos abundante,  A quantidade de árvores diminui e a floresta perde a sua capacidade de recuperação,  Sendo substituída por uma vegetação mais espaça e semelhante àquela do cerrado brasileiro.  Centenas de igarapés de Rondônia secam todo ano ou já desapareceram. Igarapés assoreados na Br 429 e em Alvorada. Processo de desertização
  • 13. O sul de Rondônia sempre foi uma área de transição entre o cerrado e o bioma amazônico. Com o desmatamento e as mudanças climáticas está em curso um processo de “savanização” da Amazônia A transformação da floresta tropical em uma área cuja paisagem assemelha-se à das savanas africanas ou à do cerrado brasileiro. https://brasilescola.uol.com.br/brasil/savanizacao-amazonia.htm Simpósio Territorialidades Amazônicas. 32 Savanização e avanço do Cerrado https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2023/06/26/video-lobo-guara-e-visto-em-avenida- movimentada-de-ji-parana-ro.ghtml 260623
  • 14. Sofre a natureza e sofrem os povos tradicionais da Amazônia.  Com a floresta devastada, os indígenas, pequenos agricultores e especialmente, os povos tradicionais e originários são acuados e expulsos dos seus territórios. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 33 Comunidade Santa Ana, Coroatá MA Casa queimada de seringueiro, em Costa Marques.
  • 15. Até planos de manejo de madeira, projetos de crédito de carbono e “economias verdes,” muitas vezes passam por cima dos direitos das comunidades. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 34 Invasão de grileiros na reserva extrativista Angelim de Machadinho do Oeste
  • 16. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 35  A devastação é resultado de um modelo econômico e de desenvolvimento destruidor e excludente.  Que transforma os territórios do povo em terra de negócio e de lucro,  Terra concentrada apenas para alguns, para os mais poderosos e violentos. São Francisco do Guaporé
  • 17. 2 – Amazônia terra de oportunidades. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 36  Mas para a maior parte do povo, Amazônia sempre foi vista como terra de oportunidades:  De conquista de terras agriculturáveis desocupadas,  Imensa reserva de madeiras centenárias,  De garimpos inexplorados,  Até “celeiro” de novas usinas hidrelétricas...
  • 18.  A madeira abre estradas e clareiras na floresta, é ponta de lança do desmatamento,  financiando e abrindo caminho para a grilagem de terras, para o corte raso e a entrada do boi.  Uma indústria nómade, que avança devastando as madeiras centenárias e deslocando continuamente para novas áreas de exploração. A maior parte das antigas madeireiras de Rondônia, hoje se encontram no Sul do Amazonas e Norte do Mato Grosso.  A madeira ilegal continua saqueando áreas indígenas e unidades de conservação em toda Rondônia. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 37 A madeira das florestas tropicais alvo de cobiça mundial
  • 19. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 38 Linha 50 Brasilân  Para desviar a pressão pela reforma agrária do Sul do Brasil  A maior parte dos assentamentos de reforma agrária foram criados na Amazônia:  41,8 milhões de hectares para 3.589 assentamentos.  81% da área destinada a reforma agrária no país está na Amazônia.  Muitos assentamentos forma transformadas nas sedes de novos municípios, como Nova Mamoré, Urupá, Machadinho do Oeste, Bom Princípio (Seringueiras), Cojubim, São Felipe e Buritis.  Porém o povo sempre passou na frente do INCRA Rondônia, terra de migrantes
  • 20. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 39  Na prática, a terra pública não destinada acaba sendo grilada pelos mais poderosos e violentos.  Segundo estudos, há muita mais hectares de terra registrados nos cartórios da Amazõnia da área que realmente existe. (Aristides Umbelino de Oliveira)  Pela via de fatos consumados, derruba-se e queima-se a floresta para adquirir direitos de “posse” acima da terra.  O objetivo é desbravar a mata, “formar lote”, para depois “regularizar a situação fundiária”. A disputa pelas terras públicas
  • 21.  As novas áreas de grilagem e de desmatamento, são “terras sem lei”, dominadas pela pistolagem,  Com “ausência planejada do estado”.  Focos de trabalho análogo a escravidão.  Dominadas pela violência, milícias armadas, que perceberam que o crime compensa, porque a impunidade é a regra.  Amazônia corresponde arredor do 80% dos assassinatos e violência registrada pela CPT os últimos anos. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 40 Munição policial no Acampamento Manoel Ribeiro de Chupinguaia Política dos fatos consumados
  • 22.  A luta não é por reforma agrária, mas por “POSSE” para ficar acima da terra... E depois regularizar.  Enfrentando milícias e jagunços a serviço dos poderosos.  Duas medidas e de dois pesos do judiciário.  A polícia a serviço do latifúndio integra milícias e faz reintegrações de posses até sem ordem judicial,  Em RO a PM despeja as novas ocupações nos primeiros dias, abusando do flagrante do esbulho possessório e processando os ocupantes, sem ordem judicial.  Sitia os acampamentos e impede a entrada e saída de pessoas e alimentos.  Despeja famílias, queimando e derrubando casas e plantações, utilizando da força brutal para retirar os pequenos das áreas cobiçadas. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 41 Armas apreendidas em fazenda de Cujubim. A luta pela posse
  • 23. A REGULARIZA ÇÃO FUNDIÁRIA NÃO RESOLVE OS CONFLITOS MAS OS AGUDIZA.  A regularização fundiária não resolve os conflitos, mas os agudiza e cria de novos.  Pois incentiva a correria pela terra, o desmatamento, as invasões e a grilagem.  As vias de fato, e a violência.  Ao final, a regularização fundiária não olha se o dono da posse mora na área e trabalha nela, nem o tamanho da terra pública que tomou.  Nem pergunta se para se apossar daquela terra alguém roubou, matou ou desmatou. Simpósio Te pública tomourritorialidades Amazônicas. 42
  • 24. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 43 RONDÔNIA, ESTADO DESNATURALIZADO PELA PECUÁRIA  Muitos são mais “desbravadores” da mata do que agricultores.  O desmatamento e a pecuária é a forma mais fácil de “beneficiar” os lotes, adquirir direitos de posse.  Funciona um conhecido esquema de “lavagem de gado”, proveniente de áreas irregulares de grilagem em unidades de conservação e terras indígenas.
  • 25. A agricultura familiar Simpósio Territorialidades Amazônicas. 44 Conforme dados do Censo Agropecuário 2017-2018, em Rondônia 81,3% dos 91.438 estabelecimentos recenseados foram classificados como pertencentes à agricultura familiar, portanto acima da média nacional de 76,8%. Dentre os produtos mais importantes cultivados no estado, o abacaxi se sobressai, com 93,1% da produção sendo advinda da agricultura familiar, seguida do café (90,4%), da mandioca (88,8%) e do cacau (87,9%). Na pecuária, destaque para a produção de leite, com participação de 88,1%. https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/55609579/artigo---qual-e-a- participacao-da-agricultura-familiar-na-producao-de-alimentos-no-brasil-e-em- rondonia
  • 26. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 45  O leite é um dos principais produtos da agricultura familiar.  Segundo a Emater, em 2015 produziu 2.167.987 milhões de leite, provenientes mil propriedades.  Destacando como maiores Ouro Preto do Oeste, Jaru, Nova Ji-Paraná, Governador Jorge Urupá, Cacoal, Presidente Machadinho do Oeste, Buritis, Paraíso...  http://www.emater.ro.gov.br/ematerro/bovinocultura-de-leite/  Porém os produtores ficam carteis de preços dos laticínios, nos últimos anos.
  • 27. Simpósio Territorialidades Amazônicas.  A pecuária extensiva cresce a base de aumentar os pastos com contínuo desmatamento, mas em RO já existem grandes confinamentos.  Nos anos noventa o gado amazônico era menos da décima parte do rebanho brasileiro, em 2008 já tinha passado de 36% do total brasileiro.  Em 2022 em Rondônia o rebanho bovino era de 16.240.416 cabeças de gado. Porto Velho,1,47 milhões. Nova Mamoré 886,7 mil, Buritis, 581,1 mil e Jaru mais de 567,2 mil cabeças (dados do Idaron). As grandes fazendas de pecuária extensiva
  • 28.  Grandes frigoríficos estão dedicados a exportação de carne, e mantém o monopólio sobre o preço da arroba de carne de boi, produzida as custas da deflorestação.  São os principais financiadores dos deputados estaduais e federais de Rondônia.  Segundo a CPI dos frigoríficos de 2016, o frigorífico JBS era responsável por 47% dos abates e por 27% da exportação de carne de Rondônia. A empresa mantinha cinco plantas frigoríficas fechadas, “pagando o preço que lhe convém”. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 47
  • 29. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 48  Dependendo também da cotação mundial, a soja também define o preço da terra.  A safra de soja em 2023 deve alcançar 1,7 milhão de toneladas em Rondônia.  Em 2017 os principais municípios produtores de soja em Rondônia são: Vilhena, Cacoal, São Miguel do Guaporé e Rolim de Moura.  Juntos, os quatro municípios correspondem a cerca de 70% da produção estadual.  https://g1.globo.com/ro/rondonia/rondonia- rural/noticia/2023/04/09/safra-de-soja-em-2023-deve-alcancar-17- milhoes-de-toneladas-em-rondonia.ghtml https://journals.openedi tion.org/confins/28282 O avanço da mecanização e da soja
  • 30. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 49 Soja em Vilhena  A difícil recuperação dos pastos e a pressão da soja, empurra a pecuária para as novas frentes de desmatamento da floresta.  Em busca da terra mais barata, do lucro da especulação fundiária  Com a venda de um alqueire de terra no sul e centro de Rondônia dá para comprar 10 vezes mais terra nas fronteiras de Acre e Sul do Amazonas, na nova AMACRO. Especulação fundiária .
  • 31.  Fonte: IPAM Simpósio Territorialidades Amazônicas. 50 Com a concentração fundiária, a grilagem de terras públicas e o êxodo rural, Rondônia acaba reproduzindo a enorme desigualdade da distribuição de terras do Brasil. A maior parte da terra (80%) destinada a agricultura foi apropriada pelo latifúndio. - Grande propriedade 77,40% - Media propriedade 6,20% - Pequena propriedade 10,70% GRANDE PROPRIEDA DE, 77.40% MEDIA PROPRIEDA DE, 6.20% PEQUENA PROPRIEDA DE, 10.70% MINIFÚNDIO , 5.70% TERRA AGRÍCOLA RONDÔNIA 2010 Terra de desigualdade, injustiça e violência
  • 32. Em 2017 a CPT RO contabilizou 172 áreas de conflito no estado de Rondônia. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 51
  • 34. Conflitos do campo de 2021 em RO por sujeitos sociais. Indígenas, 11, 26% Quilombolas, 1, 2% Extrativistas, 4, 10% Ribeirinhos , 7, 17% Posseiros, 6, 14% Assentados e Pequenos proprietários, 3, 7% Sem Terra, 10, 24% CONFLITOS COM OCORRÊNCIAS EM 2021 Indígenas Quilombolas Extrativistas Ribeirinhos Posseiros Assentados e Pequenos proprietários Sem Terra Indígenas 11 Quilombolas 1 Extrativistas 4 Ribeirinhos 7 Posseiros 6 Assentados e Pequenos proprietário s 3 Sem Terra 10
  • 35. VIOLÊNCIA CONTRA OCUPAÇÃO E POSSE RONDÔNIA 2021 - 2022 2021 2022 OCORRÊNCIAS 67 69 FAMÍLIAS 4.696 8.057 ÁREA 2.994.077 FAMÍLIAS EXPULSAS 8 137 FAMÍLIAS DESPEJADAS 757 AMEAÇADAS DE DESPEJO 2.066 1.275 TENTATIVAS DE AMEAÇA OU EXPULSÃO 619 500 CASAS DESTRUÍDAS 760 ROÇAS DESTRUÍDAS 455 BENS DESTRUÍDOS 320 250 FAMÍLIAS ATINGIDAS POR PISTOLAGEM 320 333 INVASÕES 173 1.610 DESMATAMENTO ILEGAL 1.416 GRILAGENS, INCÊNDIOS, ETC. 2.536
  • 36.  O Governo do Estado de Rondônia, em parceria federal, se caracterizou nos últimos anos por uma atuação totalmente parcial.  Intervenção policial imediata e contundente em ocupações de terra, sem ordem judicial.  Tolerância com invasões de Terras Indígenas e Unidades de Conservação. ATUAÇÃO PARCIAL DO ESTADO
  • 37.  Uma atuação dirigida contra as vítimas, os pequenos agricultores em conflito...  Mas que para apoiar uma mais justa distribuição da terra  E efetiva proteção dos últimos remanescentes de floresta de nosso Estado. Ataque de milícia armada aos posseiros do Seringal Belmont, Porto Velho, 18/10/2022.
  • 38. 2 11 1 10 76 0 20 40 60 80 PRESOS POR CONFLITOS NO CAMPO NO BRASIL 2021 Série 1 PRESOS POR CONFLITOS DE TERRA NO BRASIL 2021 BAHIA 2 MARANHÃO 11 CEARÁ 1 PARÁ 10 RONDÔNIA 76 100 CRIMINALIZAÇÃO DA DEMANDA POR REFORMA AGRÁRIA
  • 39. Presos no campo da Amazônia 2017-2021 Fonte: CEDOC Elaboração: Art. Amazônia CPTs 9 12 113 4 58 3 1 1 150 4 2 31 20 20 1 9 1 1 10 38 10 76 11 0 20 40 60 80 100 120 140 160 AC AP RO TO MA 2021 2020 2019 2018 2017
  • 40.  Ameaçados: Rondônia há mais de 20 pessoas ameaçadas de morte, incluídas no programa de proteção aos defensores de direitos humanos;  Impunidade: Quase nenhum dos crimes contra pequenos agricultores são apurados e os autores e mandantes identificados, presos e punidos. Ari Uru Eu Au Au +17.04.2020
  • 41. Amarildo Aparecido Rodrigues, 12/08/2021 Kevin Fernando Holanda de Souza, 12/08/2021 Wesley Flávio da Silva + 17/06/22 Normande e Jheison, + 11.08.22 Josias Vicente Mafra Seringueiras, + 12/03/2022 Edson Lima Rodrigues e Ilma Rodrigues dos Snatos +17/06/2022 07 ASSASSINATOS NO CAMPO DE RONDÔNIA EM 2022
  • 42. 13 assassinados em operações de vingança e extermínio no Acampamento Campin dos Santos (LCP) do Distrito de Nova Mutum de Porto Velho de 2021 a 2023. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 61 Tenente Figueiredo Sobrinho e Sargrento Rodrigues: + 03.10.2020 Jediel Almeida Silva +30.08.2021 Amaral José Stoco Rodrigues e Amarildo Aparecidos Rodrigues, 13.08.2021 Kevin Fernando Holanda de Souza, 13.08.2021 Raniel Barbosa Laurindo 28.01.2023 Rodrigo Hawerroth 28.03.2023, Patrick Gasparini Cardoso, 04.01.2023. Edson Lima Rodrigues e Ilma Rodrigues dos Santos +17/06/2022 Gedeão José Duque. +29.10.21 Rafael Tedesco Gasparini. +29.10.21 Alonso da Conceição +21.05.2021 Roberto Pereira da Silva Pandolfe +27.04.2021
  • 43. O garimpo ilegal Simpósio Territorialidades Amazônicas. 62 - ouro (no Rio Madeira, na TI Uru Eu Au Au), - cassiterita (no Vale do Jamari) - diamantes (TI Rooseveelt, Espigão do Oeste, e TI Sete de Setembro, Cacoal) O garimpo continua atingindo especialmente indígenas e ribeirinhos e provocando divisão social e danos ambientais, como a contaminação de mercúrio. Ponte quebrada TI 7 de setembro Cacoal
  • 44. 3 – Amazônia, terra de Identidades negadas.  O desmatamento prejudica de forma especial os povos das florestas, que vivem dos recursos naturais dos rios e matas.  O avanço da colonização aniquila, acua , invisibiliza e deixa em minoria indígenas e povos tradicionais: seringueiros, ribeirinhos e quilombolas. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 63
  • 45. 64 Alguns povos indígenas permanecem em Rondônia em isolamento voluntário. Do cenário de ocupação incentivada pelos governos militares, de mais de 80 mil indígenas nos anos 1930, restaram pouco mais de 2 mil, no início de 1980 Atualmente a população indígena de Rondônia está estimada em 15.000 pessoas. Rondônia conta com 43 terras indígenas, das quais somente vinte são regularizadas e outras 23 ainda não foram identificadas pela Funai. (Iremar Ferreira) https://teoriaedebate.org.br/2017/12/18/povos-indigenas- rondonia-rumo-518-anos-de-resistencia/) Simpósio Territorialidades Amazônicas. Indígenas Oro Wari e Uru Eu Au Au em G. Mirim Os indígenas sempre resistiram a colonização
  • 47. 66 Vários povos reivindicam seus territórios: Puruborá, miquelenos, cujubim, wuajuru, guaragswé, kassupá... E estão ameaçados pela tese do marco temporal. Todas as áreas indígenas reconhecidas sofrem invasões e assédio: De madeireiros, grileiros, garimpeiros, pescadores e caçadores... Os mais atingidos são as TI Karipuna e a TI. Uru Eu Au Au. Ainda, as raízes culturais e religiosas indígenas têm sido duramente atacadas pelo proselitismo evangélico. Simpósio Territorialidades Amazônicas. Festa do Jacaré, povo arara de Ji Paraná.
  • 48. 67 A presença quilombola do Vale do Guaporé foi resultado da colonização dos portugueses nos séculos XVII e XVIII. Apenas dois territórios foram titulados até o momento dos 0ito reconhecidos. Simpósio Territorialidades Amazônicas.
  • 49. Três regiões de seringueiros permanecem em Rondônia: Em Machadinho, Guajará Mirim e Costa Marques, com reservas extrativistas (resex) criadas pelo projeto Planafloro em 1995. Enfrentam problemas de comercialização dos produtos e também invasões. A Resex Jaci Paraná está completamente invadida por grileiros. As Resex de Machadinho e Vale do Anari sofrem contínuas invasões de madeireiros e grilagem de terras. E venda irregular para compensação de reservas ambientais. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 68
  • 50.  Com o apoio do Estado, usa os recursos públicos para a expansão dos setores que buscam controlar e explorar a todo custo as riquezas naturais existentes (madeira, minério, pesca...) Simpósio Territorialidades Amazônicas. 69 Garimpo diamantes indígenas Cinta Larga D. Ji Paraná.
  • 51. Se polariza a sociedade mobilizando os interesses dos defensores do “desenvolvimento” Entre eles os investimentos hidroelétricos: A usina de Samuel (1988) alagou 540 km2 de Rondônia.  Jirau e Santo Antônio construídas entre 2008 e 2016 em Porto Velho com dois linhões atravessando Rondônia para levar a energia diretamente para SP.  Oito PCHs apenas na bacia do Rio Branco (Alta Floresta do Oeste.  Dois grandes projetos: Tabajara e Ribeirão/G. Mirim. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 70  Usina de Santo Antônio, Porto Velho
  • 52. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 71 Dragas de garimpeiros fechando o Rio Madeira  A atuação de facções que controlam o tráfico de drogas nas cidades e nas fronteiras, está cada vez mais influenciando a política e o aumento de crimes ambientais na Amazônia: desmatamento, grilagem, garimpo em terras indígenas, utilizados para investimento e lavagem de dinheiro do narcotráfico. Região de fronteira e de narcotráfico
  • 53. Amazônia retornou para a política militar da colonização  O bolsonarismo relaxou o controle ambiental sobre as queimadas (dia do fogo).  A grilagem de terras públicas e o garimpo.  Negou o reconhecimento dos territórios aos indígenas, quilombolas e a reforma agrária.  Desviou a demanda por terras, incentivando / tolerando o garimpo e as invasões de Unidades de Conservação, e de terras indígenas. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 72 Parque Estadual de Guajará Mirim. Foto MP RO
  • 54. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 73 Por causa dos saques de madeira e a grilagem, muitos indígenas, seringueiros e extrativistas continuam sendo perseguidos, ameaçados e assassinados ou expulsos de suas áreas.. Resex Massaranduba / Machadinho RO
  • 55. AMACRO: A nova “Fronteira do Desmatamento”  A junção das fronteiras do Amazonas, Acre e Rondônia, denominada AMACRO,  Teve um incremento de 12,3% do desmatamento ocorrido na região em 2022 em relação a 2021.  Foram 7.055 alerta e 231.955 hectares desmatados em 2022 na Amacro – 11,3% da área desmatada no Brasil e aproximadamente 19,4% do que foi perdido na Amazônia.  https://ac24horas.com/2023/06/16/regiao-da- amacro-responde-por-113-da-area-desmatada-no- brasil-e-194-da-amazonia/ Simpósio Territorialidades Amazônicas. 74
  • 56. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 75 Encontro do Rio Acre e o Rio Purus, em Boca do Acre AM O governo Lula tem o desafio de reverter as invasões, o desmatamento, o garimpo e as queimadas ilegais, retomar a reforma agrária e reconhecer os territórios indígenas e tradicionais. Garimpo ilegal na TI Uru Eu Au Au.
  • 57. DESAFIOS DA CPT E DAS IGREJAS. A Igreja postconciliar sulamericana se caracterizou pela teologia da libertação e pela “opção preferencial pelos pobres” A colonização foi um desafio imenso para as Igrejas de Rondônia esteve ao lado dos pequenos agricultores. No dia 24 de julho de 1985, o missionário comboniano italiano Pe Ezequiel Ramin, aos 32 anos de idade, foi brutalmente assassinado na Diocese de Ji Paraná. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 76
  • 58. O desafio do envolvimento e do profetismo da Igreja. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 77 Aqui a CPT começou no Acre e em Rondônia logo enfrentou numerosos conflitos pela terra. Apoiada por sacerdotes e bispos que deram suas vidas na missão. Como Dom Moacyr Grechi, e Dom Antônio Possamai, que “Nunca se deixou contaminar pelos projetos dos poderosos e gananciosos desta terra”. (Nota da CPT no falecimento em 30 de outubro de 2018)
  • 59. O desafio das pastorais sociais ao lado dos indígenas, e dos povos da terra e das águas.  - Frutos do Documento de Santarém, a criação do CIMI (1972) e da CPT (1975) marca presença pastoral da Igreja da Amazônia ao lados dos mais sofridos da terra, apoiando seus direitos e suas lutas.  Registrando e denunciando os conflitos, a violência, as Invasões (de terras indígenas, de reservas extrativistas, de parques e unidades de conservação, a grilagem de terras públicas). Simpósio Territorialidades Amazônicas. 78
  • 60. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 79 O desafio do conservadorismo e da expansão da teologia da prosperidade, nas igrejas evangélicas e na católica.
  • 61. O desafio do apoio aos movimentos populares e organizações sindicais do campo.+*  Como a Via Campesina (MPA, MST, MAB, etc.)  A OSR: organização dos Seringueiros de Rondônia.  A coordenação das associações quilombolas.  Sindicatos: FETAGRO (ligado a CUT).  O enfrentamento ao agronegócio e aos agrotóxicos. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 80 Festa Camponesa Jaru, Julho 2023
  • 62. O desafio da violência e proteção do/as ameaçado/as.  - Apoiando suas lutas pelo reconhecimento dos territórios tradicionais.  As ocupações pela reforma agrária e pela posse da terra.  Reduzindo a violência e impunidade no campo.  Protegendo as comunidades e defensores de direitos humanos ameaçados e perseguidos. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 81
  • 63. O desafio da permanência do povo na terra  Durante muitos anos, as Romarias da Terra sensibilizam as pessoas de Igreja e incentivam o povo para o enraizamento e permanência na terra, valorizando e respeitando as identidades indígenas e tradicionais.  Para uma agricultura que “produza sem destruir”, mais agroecológica e livre de veneno. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 82 Romaria da Terra e das Águas de Iata, G. Mirim, em 2009.
  • 64.  A incorporação do cuidado com a natureza, com a Criação Divina, na missão do cristão, na proposta da Laudato Si.  Os camponeses mais conscientes de nossas comunidades lutam por alternativas agroecológicas de produção, sem agrotóxico, protegem as águas e o chão, recuperam nascentes, matas ciliares e igarapés assoreados, e valorizam a cultura camponesa.  Uma agricultura mais “amazonizada” e adaptada ao bioma amazônico. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 83 Grupo do Projeto Terra Sem Males. Os desafios de cuidar da Criação e da ecologia integral.
  • 65. O desafio do meio ambiente social e natural  Na encíclica Laudato Si o papa Francisco nos lembra do dever de cuidar da criação como nossa casa comum.  Os moradores da Amazônia temos o privilégio de estar chamados a administrar e cuidar este pedaço maravilhoso da Criação que é a região amazônica.  O bioma amazônico é um dos mais ricos em vida e diversidade de todo o mundo.  Um lugar bom para se viver desde milhares de anos. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 84  A Missão na Amazônia tem uma especial dimensão ambiental.  De preferência e prioridade para o cuidado eclesial dos povos que o avanço da colonização deixa mais vulneráveis.  Desde uma “ecologia integral” que se preocupa tanto do meio ambiente natural como do ambiente social.  O Sínodo da Amazônia nos impele a nos “Amazonizar”, também nas igrejas e adaptar nossas estruturas paroquiais e diocesanas. O desafio da articulação na Rede Eclesial Amazônica (REPAM) e na Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)
  • 66. O desafio da crescente concentração urbana amazônica.  Atualmente a Amazônia Legal corresponde a 61% do território nacional  E abriga uma população de aproximadamente 24 milhões de pessoas,  80% destas vivendo nas cidades, com desafios imensos de urbanização, saneamento básico,  Favelização das periferias e despejos das áreas de ocupação urbana. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 85 Alagações em Cacoal, fev 2023
  • 67. O desafio das periferias urbanas e da migração exterior  Periferias cheias dos povos de origem indígena e tradicional, que já perderam seus territórios originais nesta Amazônia devastada.  O aumento de imigração exterior e de refugiados (haitianos, venezuelanos, etc.)  Rondônia se converteu em “corredor de migração”.  Mais do povo de rua, mais violência entre os jovens,  situações precárias de empregos e trabalho escravo. Simpósio Territorialidades Amazônicas. 86 Casas a beira do Purus, em Lábrea.
  • 68.  “Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer- Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir.  No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama.  Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos. Que Ele seja louvado!”  Papa Francisco, Laudato Si.  Obrigado! 87 Simpósio Territorialidades Amazônicas.