O documento descreve uma pesquisa sobre como professores de Ciências da Natureza discutem sexualidade em sala de aula no município de Jaguaribe, Ceará. Os professores conseguem discutir abertamente o tema e têm recursos e apoio da gestão, mas enfrentam desafios como criar confiança com os alunos e lidar com o medo de descontextualização de suas falas.
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Sexualidade na Escola e a Prática Docente na Educação Básica
Maria Boniza Nogueira Neta1, João Tiago Moura da Silva2, Silvânia Maria de Oliveira
Sousa3, Carlúcia Angélica de Sousa Santos4, Lydia Dayanne Maia Pantoja5, Germana
Costa Paixão6
1
Curso de Ciências Biológicas a distância da Universidade Estadual do Ceará, Universidade Aberta do
Brasil – BioEaD – UECE/UAB, Centro de Ciências da Saúde, maria.boniza@aluno.uece.br; 2
BioEaD
– UECE/UAB, Centro de Ciências da Saúde, joao.tiago@aluno.uece.br; 3
BioEaD – UECE/UAB,
Centro de Ciências da Saúde, silvania.maria@aluno.uece.br; 4
BioEaD – UECE/UAB, Centro de
Ciências da Saúde, carlucia.sousa@uece.br, 5
BioEaD – UECE/UAB, Centro de Ciências da Saúde,
lydia.pantoja@uece.br, 6
BioEaD – UECE/UAB, Centro de Ciências da Saúde,
germana.paixao@uece.br
RESUMO. Objetivou-se descrever como o tema sexualidade faz parte da prática de
professores de Ciências da Natureza do município de Jaguaribe, Ceará. Trata-se de uma
pesquisa descritiva de abordagem quantitativa e qualitativa, os dados foram catalogados
através de questionário eletrônico. Observou-se que os professores conseguem discutir
abertamente sobre sexualidade com seus alunos, tem recursos e apoio da gestão para isso. Os
principais desafios são criar confiança com o aluno e ultrapassar o medo de uma
descontextualização de sua fala e repercussão disso em redes sociais. Por fim, a percepção do
docente é necessária para termos um retrato real de como o tema é trabalho no município.
Palavras-chave: Professor. Sala de aula. Ciências da Natureza.
1. INTRODUÇÃO
Apesar da importância e necessidade de debater questões relacionadas à sexualidade no
contexto escolar, a temática ainda gera tabu e é tida como um desafio pelos professores. Muitos
profissionais misturam o tema sexualidade com questões pessoais, alguns consideram aspectos
religiosos e familiares (BARBOSA; FOLMER, 2019), complementando a isso, Moreira e
Folmer (2015) ressaltam que a falta de preparo dos profissionais da educação também é um
fator determinante aos desafios do ensino de sexualidade na escola.
A Unesco (2018) ressalta que:
Educação em sexualidade desempenha um papel central na preparação de jovens
para uma vida segura, produtiva e satisfatória em um mundo onde HIV e AIDS,
infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), gravidez indesejada, violência baseada
em gênero (VBG) e a desigualdade de gênero ainda representa sérios riscos ao seu
bem-estar e, compreende e assegura a proteção de seus direitos ao longo de suas vidas
(UNESCO, 2018, p. 12).
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Diante da importância e abrangência do tema, esperava-se a garantia de acesso às
informações sobre sexualidade em documentos nacionais norteadores, entretanto, a Base
Nacional Comum Curricular apresenta orientações do trabalho docente sobre a sexualidade
apenas na área de Ciências da Natureza e no oitavo ano de Ensino Fundamental, não se podendo
negar a redução do suporte curricular ao tema na Educação Básica (BURCHARD; BARBOSA;
COPETTI, 2020).
Nesse ínterim, os pesquisadores partiram do seguinte questionamento central como os
professores de Ciências da Natureza do município de Jaguaribe, Ceará trabalham esse tema e
quais os desafios enfrentam? Na tentativa de responder, surge a presente pesquisa que objetivou
descrever como o tema sexualidade faz parte da prática docente na Educação Básica.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa e qualitativa. Os dados
foram catalogados através de um questionário eletrônico elaborado no Google Forms®,
disponibilizado aos professores atuantes em Ciências da Natureza do município de Jaguaribe-
Ceará.
O instrumento de coleta foi organizado em duas seções, a primeira com sete questões
de múltipla escolha sobre o perfil sociodemográfico e a segunda seção com sete questões, sendo
duas de múltipla escola e as demais subjetivas sobre os desafios de tema Sexualidade em sala
de aula.
Os dados foram apresentados através de percentagens e técnicas de estatística simples,
em seguida, os resultados foram confrontados a luz da literatura atual e pertinente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total sete professores participaram da pesquisa, 57,1% são do sexo feminino e 42,9%
do sexo masculino, a faixa etária vai de 23 a 42 anos, 57,1% são solteiros e 42,9% estão casados
ou em união estável. Quanto ao número de pessoas que moram na mesma residência, 57,1%
moram com 2 pessoas contando com ele mesmo e 42,9% moram com 3 pessoas.
Todos são graduados em Ciências Biológicas, 5 professores fizeram ou estão fazendo
especialização, um está no mestrado e um professor não almeja a pós-graduação. 57,1%
lecionam em rede estadual, 14,3% em rede municipal, 14,3% em rede federal e 14,3% em pelo
menos duas das opções apresentadas.
Sobre os desafios do tema sexualidade em sala de aula, 100% dos professores discutem
abertamente sobre sexualidade com seus alunos, 85,7% se sentem confortáveis ao tratar do tema
com os alunos, enquanto 14,3% não se sentem confortáveis ao falar sobre sexualidade.
Para 100% dos professores a aula sobre sexualidade é bem recebida pelos alunos e
71,4% recebem apoio da gestão escolar para lidar com o tema , 28,6% responderam que não
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recebem apoio. Quanto as ferramentas e metodologias que são aplicadas em sala de aula,
observou-se diversidade, conforme visto na Figura 1, em especial uso de slides, modelos
didáticos como peças anatômicas.
Figura 1. Nuvem de palavras sobre os recursos didáticos usamos pelos docentes para tratar o tema
sexualidade em sala de aula.
Foi indagado o que poderiam fazer para melhorar a sua prática, eles indicaram:
Não generalizar, usar exemplos. (PROFESSOR, 01, 2023).
Trazer pessoas diferentes para tratar do assunto juntamente com o professor.
(PROFESSOR 02, 2023).
Disponibilidade e parceria com profissionais da saúde para falar de doenças.
(PROFESSOR 03, 2023).
Observa-se que trazer um convidado ajuda, conforme Moreira e Folmer (2015), o
conhecimento técnico-científico é necessário para que o profissional se sinta seguro em abordar
o tema sexualidade em sala de aula.
Por fim, foi dado espaço para fazerem um relato, uma indicação ou uma sugestão, os
professores abordaram que é importante o professor ser receptivo ao aluno, para que assim crie
confiança para dialogar e relataram o medo que existe de algum aluno gravar e divulgar falas
fora do contexto ou que alguém da comunidade escolar tente usar discursos negacionistas,
conservadores ou extremistas para atacar a liberdade da cátedra. Para Burchard, Barbosa e
Copetti (2020) é necessária uma formação docente que amplie os conhecimentos sobre as
dimensões da sexualidade em sala de aula, devendo ultrapassar seus medos para isso.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os professores de Ciências da Natureza do município de Jaguaribe, Ceará conseguem
discutir abertamente sobre sexualidade com seus alunos, tem recursos e apoio da gestão para
isso. Os principais desafios são criar confiança com o aluno e ultrapassar o medo de uma
descontextualização de sua fala e repercussão disso em redes sociais. Por fim, a percepção do
docente é necessária para termos um retrato real de como o tema é trabalho no município.
5. REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. U.; FOLMER, V. Facilidades e dificuldades da educação sexual na escola:
percepções de professores da educação básica. Revista De Educação Da Universidade
Federal Do Vale Do São Francisco, v. 9, n. 19, p. 221–243, 2019.
BURCHARD, C. P.; BARBOSA, L. U.; COPETTI, J. Teaching practice on the topic of
sexuality: a systematic review. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p.
e821974993, 2020.
MOREIRA, B. L. R.; FOLMER, V. Percepções de professores de ciências e educação física
acerca da educação sexual na escola. Experiências em Ensino de Ciências, v. 10, n. 3, 2015.
UNESCO. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. International
technical guidance on sexuality education. 2 ed. revisada. Paris, 2018. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002607/260770e.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2023.