SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 36
0. Índice
0.     Índice ........................................................................................................................... 1
1.     Introdução .................................................................................................................... 1
2.     O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade ............................................................ 2
     2.1      Breve Evolução histórica ...................................................................................... 2
     2.2      A actualidade ........................................................................................................ 5
     2.3      - A Câmara Municipal do Entroncamento............................................................ 6
3.     Trabalho em escritório ................................................................................................. 7
4.     Visão e estruturas ......................................................................................................... 9
5.     Visão – Percepção ...................................................................................................... 13
6.     Campo Visual............................................................................................................. 15
7.     Defeitos Visuais e suas Correcções ........................................................................... 16
8.     Medidas preventivas em r elação ao mobiliário ........................................................ 18
     8.1      Postura a adoptar ................................................................................................ 19
9.     Iluminação ambiental ................................................................................................. 21
10.        Ambiente Térmico.................................................................................................. 23
11.        Ambiente Sonoro ................................................................................................... 25
12.        Doenças .................................................................................................................. 29
13.        Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de escritórios ................................ 33
14.        Conclusão ............................................................................................................... 35




1. Introdução

                             Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Este Trabalho pretende ser um manual prático sobre posturas a adoptar e princípios
de prevenção em relação aos principais riscos que afectam os trabalhadores de escritórios.
       A Higiene e Segurança no Trabalho é mais do que o uso de um capacete, e é da
competência dos empregadores informar e formar os seus trabalhadores dos riscos
profissionais a que estão expostos, segundo a lei base da Higiene e Segurança no trabalho
(decreto-lei 441/91).
       Ao longo deste manual que se pretende prático e fácil de consultar, podemos ver
aspectos ergonómicos do trabalho em escritórios, bem como medidas de protecção e
prevenção a adoptar para evitar futuras doenças profissionais.
       O respeito pelas medidas em seguida enunciadas, levará a uma melhor
produtividade da organização pois como poderemos constatar certos pormenores podem
levar a doenças profissionais e logicamente a ausências ao trabalho.
       Este Manual espera poder evitar muitas doenças profissionais e trazer mais
qualidade ao dia a dia dos trabalhadores




2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade

2.1 Breve Evolução histórica

       Foi o encontro de duas linhas, a 22 de Maio de 1864, que fez nascer o aglomerado
populacional ao qual de dá o nome hoje em dia de Entroncamento, foi o apeadeiro da


                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
ponte da pedra o primeiro lugar, lugar este que se deu na construção do troço Santarém
Abrantes.
      Primeiro surgiu a estação e o depósito de máquinas, a estação não foi construída
onde hoje está mas um pouco mais a sul onde se alcança a gare nos dias de hoje.
Devido ao tráfego que se começou a fazer sentir (Passageiros, mercadorias, ferroviários),
rapidamente se sentiu necessidade de novas instalações e pouco depois surgem 24
barracas de madeira de ambos os lados da linha.



      Antes de 1882 são construídas as primeiras 24 casas de pedra e argamassa,
alinhadas junto à estrada, o crescimento continua e antes de 1875, sempre junto à estrada,
surge outra barraca de madeira, é por esta data que, junto à estação velha a companhia
mandou construir o armazém de víveres – armazém que ainda funciona nos nossos dias e
que serve como corporativa para os funcionários da empresa.




      Em 1882 nasce a primeira escola, destinada aos filhos dos ferroviários, junto à
linha e para sul da primitiva Estação, esta escola foi posteriormente tomada pelo estado,
tendo continuado a funcionar mas desde 1932 por conta do estado. O empreiteiro desta
escola, Paulo Zozi, constrói pela mesma altura 22 casas e uma barraca para teatro, é a
segunda rua.
      Em 1920 dá-se como que um Boom no tráfego de passageiros para o
Entroncamento, em consequência as construções continuam e em 1926 nasce o bairro
Camões, o primeiro Bairro-Jardim em Portugal.
      A privilegiada situação geográfica do Entroncamento, no coração do País, e
consequentemente ponto vital dos caminhos-de-ferro dão-lhe capacidade para um grande
crescimento no período de 1900 a 1930, crescimento este que teria mesmo sido maior,
não fosse a primeira guerra mundial.

                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
À medida que a população vai crescendo em número, cresce também em
aspirações de independência, em consequência disso em 1926 este núcleo de 4500
habitantes passou à categoria de freguesia. Abriram-se novos caminhos e ruas com km de
extensão, fomentando-se o desenvolvimento, estimulando-se e facilitando-se as
construções particulares de indústria e comércio, abrem-se inúmeras casas comerciais de
todos os géneros.
       A Junta de freguesia começa a construir infraestruturas para fixação da população
e em 1930 inaugura um mercado de 26 lojas fechadas, pouco depois procede à instalação
da rede eléctrica numa extensão de 16400 metros e ao abastecimento de água à
população, anteriormente era a C.P. que fornecia água aos particulares.




       A freguesia vai crescendo em vários índices de desenvolvimento e apresenta já um
número de habitantes superior a 5000; a Freguesia passa a vila à categoria de vila, isto em
1932. O Bairro Camões fica completo em 1932, este edifício era o melhor da península
Ibérica e neste ano inscrevem-se 166 crianças lá, em 1934 a C.P. constrói um dispensário
anti-tuberculoso, dotando-o de todo o material necessário.
       O Entroncamento vai crescendo em todos os aspectos, população, serviços,
comércio, enfim vai se desenvolvendo e de uma forma rápida.
       Em 24 de Novembro de 1945, foi publicado o decreto nº. 35.184 que criou o
concelho do Entroncamento, abrangendo a área da própria freguesia.




       O Entroncamento fica desta forma, como sede de concelho, a possuir o seu brasão
de armas, Bandeira e selo, cuja simbologia está directamente ligada com o comboio que
lhe deu origem. A nova câmara compreende as suas responsabilidades e continua a sua
obra de urbanização, de progresso, de vida activa. Os trabalhos com vista uma boa
qualidade de vida continuam com frequentes instalações de esgotos e redes eléctricas e
outro tipo de infraestruturas indispensáveis que já haviam começado a ser construídas
pela Junta de Freguesia. O concelho foi crescendo, escolas iam abrindo, serviços iam

                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
abrindo e o comércio ia crescendo a um ritmo impressionante, as obras continuavam a um
bom nível e vários jardins foram inaugurados com vista à qualidade de vida dos
habitantes do concelho, o grande “salto” estava à vista e em 1991 finalmente o concelho é
elevado à categoria de cidade e conta hoje com cerca de 20 mil habitantes, a cidade
cresceu em todas as direcções possíveis e hoje em dia as ruas enchem-se de carros e
pessoas que procuram a enorme variedade de comércio existente, o Entroncamento
nasceu e cresceu graças aos caminhos-de-ferro mas teve arte e engenho para não ficar só
dependente dos caminhos de fero e virou-se para os serviços e comércio, sendo esta a
principal actividade da cidade a par dos ferroviários.




2.2 A actualidade
   Actualmente o Entroncamento é um dos concelhos mais requisitados para habitação,
visto apresentar excelentes condições económico-sociais que por sua vez possibilitam
uma boa qualidade de vida aos seus habitantes.




   A população ocupa-se muito do comércio e dos serviços, ferroviários e militares ainda
representam uma boa fatia do total. A antiga máxima de que o Entroncamento era apenas
uma cidade dormitório está a mudar se bem que muitas pessoas ainda trabalham fora do
concelho e apenas pernoitam neste (facto que me parece normal devido à pouca extensão
do concelho que apresenta somente uma freguesia – a do Entroncamento). Grandes
investidores como o grupo Francês E. Leclerc estão a chegar à cidade o que vem ajudar a


                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
uma maior estabilização e um maior número de ofertas de emprego. Actualmente a cidade
está dotada de todas as Infraestruturas necessárias para assegurar uma boa qualidade de
vida aos seus munícipes, desde escolas de todos os níveis (a única falha passa pelo ensino
superior), locais para a prática desportiva (vários ringues de futebol, piscinas, campo de
ténis, etc.), locais de eventos culturais (centro cultural) e de lazer como o parque o Bonito
(um dos sítios de maior orgulho dos munícipes).
   Futuramente espera-se que continue com o crescimento “fenomenal” que já nos
habituou mas que esse crescimento seja sustentado e não ponha em causa a qualidade das
gerações vindouras. A cidade actualmente apresenta uma elevada qualidade de vida,
apresentando os melhores índices da zona de Lisboa e Vale do Tejo.




2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento


 A Câmara Municipal do Entroncamento conta actualmente nos seus quadros com cerca
de 270 trabalhadores, fica situada no largo José Eduardo Coelho no centro da cidade, o
edifício central já não apresenta as melhores condições para albergar todos os seus
trabalhadores por isso algumas secções funcionam em locais independentes. Actualmente
é o PSD que governa a Autarquia pela mão do Sr. Jaime Ramos (após vários mandatos de
PS), várias iniciativas estão a ser levadas a cabo para modernizar a Cidade e levar mais
longe o nome do Entroncamento, em seguida apresento uma lista das linhas gerais do
programa do PSD para o Conselho:
  Novas instalações para os serviços Municipais
  Revisão do Plano Director Municipal (PDM)
  Captação de investimentos
  Construção de escolas e Jardins-de-infância

                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
 Conclusão de um polidesportivo
  Criar um gabinete de Acção Social
  Dinamizar a cultura
  Implementar acções direccionadas aos jovens
  Promover o nome do Entroncamento
  Limpar a albufeira do bonito


 Estas são algumas das propostas do programa eleitoral, significativas do trabalho que se
propôs realizar e que já começou a ser realizado, espero sinceramente que todos os pontos
sejam atingidos para que o entroncamento tenha o lugar de destaque que merece.




3. Trabalho em escritório

       Neste fim do século XX e do segundo milénio, o motor da nova revolução é a tecnologia,
o aperfeiçoamento dos transportes e das comunicações. A tecnologia na sua eterna mudança,
nunca foi tão rápida e desconcertante. Os meios de transporte vem em sua evolução contínua a
muito tempo, sempre de modo ininterrupto, mas jamais foi possível o transporte de artigos de um
lado para o outro e em grande quantidade grande, numa velocidade tão fantástica. Falemos então
das comunicações, em sua capacidade de conecção instantânea os mais variados pontos do
planeta, tornaram as distâncias insignificantes para quaisquer tipos de operações e finalidades.
       Há uma mudança tão profunda no comércio, na indústria, nas comunicações e nos
transportes que não temos devido senso de avaliação desenvolvido para aquilatar sua magnitude
neste processo chamado de " fenómeno da globalização ". Esta mudança modificou os padrões
do espaço e do tempo. Há uma total modificação no campo da velocidade, cada vez mais
milésima.
Percebemos em primeira instância o uso de networks em substituição a sistemas de grande porte
é uma realidade, assim como o uso do computador nas mais diversas áreas de actividade

                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
profissional e particular, alguns dos instrumentos integrados neste processo vertiginoso de
mudanças. Instrumentação que permite uma maior flexibilidade e integração dos ambientes
internos das corporações, no relacionamento externo entre elas e nas interacções com outras
actividades e /ou pessoas.
       É neste momento que a ergonomia se faz presente, pois a eficácia dos sistemas produtivos
advinda desses ambientes modernizados não depende apenas da performance da tecnologia da
informática - tendo na base o computador, ou melhor a informação - mas, também, da adequação
harmónica deste novo ambiente ao profissional, isto é o trabalhador.
       Tanto o ambiente, como a tarefa e o homem precisam estar sincronizados, porque existem
características intrínsecas, entre eles, que viabilizam a maior parte dos sucessos dos serviços
gerados por estas inovações tecnológicas. Essas características são factores determinantes, como
por exemplo, tornar os locais de trabalho mais confortáveis e seguros, com a iluminação
adequada, o sistema de ventilação e de ar-condicionado bem dimensionados, assim como tantas
outras variáveis que podem interferir no sucesso mencionado.
       Existem mais pontos a serem analisados que confirmam a importância da ergonomia
nesse processo de mudança. Hoje só se fala em "Qualidade Total ", nas empresas, sejam de que
tamanhos forem, ou até no simples processo de vida, como a nossa vida quotidiana doméstica;
sabe-se da importância da competitividade, da saúde, da segurança e da produtividade, que são
exigências do mercado mundial.
       O homem, a máquina, o ambiente, as informações e a organização são factores
importantes e relevantes nesse novo desafio, que é viver-se com "Qualidade Total " sob o maior
número de circunstâncias possíveis. E a Ergonomia é justamente o ponto básico para se atender
as recomendações previstas e atingir a meta colimada.
       Enfim com a evolução diária que conhecemos e com o homem a ter de estar preparado
para as mudanças. Contudo o Homem não é nenhuma máquina e a preocupação crescente pela
qualidade de vida passa por uma maior qualidade de vida no trabalho, visto ser onde os
trabalhadores passam a maior parte do seu tempo. É aqui que a higiene e segurança tem um papel
importante ao garantir as condições de trabalho e propor formas de as melhorar continuamente.




                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
4. Visão e estruturas

          O olho é, basicamente, um receptor de imagens, o nosso scanner.
          A visão é a captação da energia eletromagnética do espectro visível (400 a 700
nm) pelas células foto-receptoras da retina.
          A energia eletromagnética captada é a transformação da energia luminosa, pelas
células retinianas, que após este processo, é descodificada e transferida para o banco de
dados, o Cérebro, onde são codificadas e armazenadas sob forma de imagens, nosso disco
rígido.
          A visão tem como funções principais os sentidos da forma, cor e luz.
          No tempo compreendido entre o nascimento e os 5 anos de idade existem várias
fases a serem ultrapassadas, com suas particularidades e os seus prazos próprios como:
Acuidade Visual, Visão Binocular, Estereo-acuidade ou Visão de Profundidade, Reflexo
de Convergência e Acomodação Visual.
          A partir deste prazo limite (5 anos) a maturação visual está completa e a tendência
é mantê-la, quando em torno dos 40 anos, começa seu declínio (tabelas 1 e 2).

                Desenvolvimento da acuidade visual


                      Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Idade                                        Percentual

             6 meses                                      3%

             9 meses                                      15 %

             1 ano                                        25 %

             2 anos                                       50 %

             3 anos                                       66 %

             4 anos                                       80 %

             5 anos                                       100 %



             Desenvolvimento da visão binocular:
             4 meses de idade

             Desenvolvimento da estéreo-acuidade:
             6 meses de idade

             Desenvolvimento do reflexo de convergência:
             1 ano de idade

             Desenvolvimento da acomodação visual:
             6 meses a 3 anos de idade


      O aparelho visual é composto do olho e as suas estruturas intrínsecas e extrínsecas,
nervo óptico, quiasma óptico, suas derivações e o cérebro




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
O olho e suas estruturas




                         Via óptica e representação do campo visual

       Para que a imagem seja percebida e armazenada no cérebro tem que atravessar
várias estruturas, passando pelos diversos graus que cada meio de transparência possui,
como o da córnea, do humor aquoso, do cristalino e do humor vítreo.
       A imagem é então projectada na retina, onde sofrerá o processo de descodificarão
para cor, forma, luz e contraste.
       Para que esta imagem chegue nítida, clara e focada a retina, terá que ter a sua
quantidade de luz ajustada por um diafragma, a Íris, que é controlado pela Musculatura
Intrínseca Ocular, composta pelos Músculos do Esfíncter e o Dilatador da Pupila; como
também terá sua focalização regulada pelo Músculo Ciliar, que é responsável pelas
olhadelas para perto / longe e o pelo poder de refracção, que proporciona ao cristalino,
modificando seu formato. Chama-se de Acomodação Visual a este mecanismo. Não se
                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
deve mobilizar mais de 2/3 da Acomodação Visual, principalmente em esforços
prolongados do Músculo Ciliar, para não provocarmos sintomas de desconforto visual,
cefaléia, tonteiras e cansaço visual. O movimento de cada olho é feito pela Musculatura
Extrínseca Ocular composta por 3 pares de músculos: Reto Medial e Reto Lateral
(responsáveis pelos movimentos primários horizontais), Reto Superior e Reto Inferior
(responsáveis pelos movimentos primários verticais) e Oblíquo Superior e Oblíquo
Inferior (responsáveis pelos movimentos primários torsionais).




                                  Musculatura extrínseca ocular

       Os movimentos oculares, voluntários e reflexos, são produzidos pela conjugação
com outros sistemas complexos como o do equilíbrio (responsabilidade vestibular - do
ouvido).
       Para o acto de fixação do olhar e mudança de olhar para diversas distâncias, há
necessidade de um ajustamento dos graus de convergência e divergência (ou paralelismo
de eixos visuais), aonde são utilizados os mecanismos de acomodação visual e
ajustamento do tamanho da pupila.
       Quanto mais próximo o objecto, maior a convergência e menor a divergência.
       Quanto mais longe, menor a convergência e maior a divergência.
Pela actividade constante das musculaturas extrínseca e intrínseca oculares, os reajustes
frequentes da visão para diferentes planos de interesse visual, serão tão mais fisiológicos
quanto mais mantivermos as distâncias dos objectos de interesse em planos próximos.
Isso reduzirá a amplitude dos movimentos oculares, tornando a tarefa mais confortável.


                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Sendo o cérebro, o nosso banco de imagens, quaisquer danos ou panes no mesmo,
poderão levar a uma "cegueira de imagens" (ou cerebral), sem que com isso tenhamos
nossos olhos afectados obrigatoriamente.




5. Visão – Percepção


Percepção de formas e Contrastes

       A retina é uma membrana fina e complexa, formada por 12 camadas de células com
funções próprias, sendo sua função captar os estímulos luminosos, transformando-os em
estímulos electromagnéticos.
       Duas camadas de células, em especial, nos são importantes: Camada de Cones e
Bastonetes, responsável pela nitidez, detalhe e contornos, dependendo da quantidade de luz e
Camada de Células Pigmentares, responsáveis pela percepção cromática e adaptação da visão a
luz e a escuridão.




                                           Camadas da Retina

       Dentre as estruturas extrínsecas do Aparelho Visual, as Pálpebras e o sistema Lacrimal
tem capital importância em nossa visão. A Cónea (lente mais externa do olho) tem que ser
mantida limpa, protegida e nutrida para que sua transparência, e consequente poder de
refringência, possibilite a visão normal.




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Pálpebra Superior

Temos a pálpebra como sua protectora, limpadora e auxiliar de nutrição em seu movimento
constante (na frequência média de 10 vezes por minuto).
O aparelho lacrimal é o responsável pela produção, manutenção e drenagem da lágrima e outras
substâncias, que tem a função de nutrição (pelos seus componentes químicos e físicos),
lubrificação, limpeza e protecção enfim manutenção da córnea em condições ideais.




                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
6. Campo Visual

         Como sabemos, cada olho percebe uma imagem que é transmitida ao cérebro, sendo antes
captada de modo próprio por cada olho, com suas desigualdades e peculiaridades. Essas imagens,
quando sobrepostas e revertidas (porque são percebidas invertidas em cada olho), darão a
sensação de profundidade e tridimensionalidade. Campo visual é a percepção de todos os espaços
capazes de transmitir estímulos à retina, quando em situação estática com fixação em ponto
determinado. O campo visual monocular é de 135 graus na vertical (60 graus superior / 75 graus
inferior) e 90 graus na horizontal; sendo portanto o campo visual binocular de 135 graus na
vertical e 180 graus na horizontal.




                                                Campo visual

         Pela distribuição diversa de foto-receptores na camada de cones e bastonetes da retina,
nem todos os objectos são percebidos no campo visual com mesmo grau de nitidez e cor.
         Os objectos percebidos com máxima nitidez e cores são os que estão focalizados pela
fóvea, região de maior concentração de cones, enquanto os de menor nitidez serão os focalizados
pelos de maior concentração de bastonetes.
         São limites anatómicos do nosso campo visual os ossos da órbita, supercílios, malares e
nariz.




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
7. Defeitos Visuais e suas Correcções

          Ametropias ou defeitos visuais são os vícios de refracção (miopia / hipermetropia /
astigmatismo).
          Dependendo de seu montante em graus de dioptria, poderão vir a causar maior ou menor
desconforto visual e físico (cefaléia , tonteira, náuseas, ardência ocular, dores na nuca, etc.),
quando não corrigidos adequadamente e dependendo do tempo, do volume e do interesse que um
trabalho visual exige.




                                                  Ametropias

          Quando um olho está com o poder de refracção e a sua dimensão antero-posterior numa
relação fisiológica, trabalhará em repouso, com pouco esforço de acomodação e convergência,
terá a emetropia (normal).
          Quando o diâmetro antero-posterior é maior do que deve ser, para que a convergência dos
raios luminosos se projectem sobre a retina, sendo os raios projectados anteriormente, temos a
miopia.
          A situação inversa é a hipermetropia, com a imagem sendo projectada posteriormente a
retina.
          Será míope aquele que se aproxima do objecto de interesse e o hipermetrope o que se
afasta, porquanto seus mecanismos de reajuste (acomodação / convergência) não são suficientes
para a correcção necessária, e se o são, dependendo do tempo e/ou do volume de trabalho visual,
gerarão os desconfortos mencionados.


                      Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Resultante da deformação das curvaturas corneanas e/ou cristalineanas temos o
astigmatismo, causando diferentes planos de convergência dos raios luminosos para a retina, com
distorções de imagens, projectando-as parte anterior e parte posteriormente à retina.
       O esforço adicional de acomodação e/ou convergência levará a posturas viciosas de
cabeça, que acarretam maior esforço no músculo ciliar, bem como nos músculos cervicais e
faciais, e consequente, cefaléia, dores na nuca, tonteiras, náuseas, sonolência, etc.
Com o aumento da idade, como já vimos antes, vai havendo uma deterioração da visão pelo
desgaste anatómico das estruturas oculares, e consequente redução da capacidade de
acomodação, sendo a presbiopia o fenómeno ocasionado por tudo isso.
       A Insuficiência de Convergência, causada por anormalidades no equilíbrio da
musculatura extrínseca do olho, dificultando a convergência normal para os objectos de interesse
próximos, gerará danos na interacção das imagens de cada olho, exigindo esforço adicional para
esta musculatura, com consequentes sintomas de fadiga, acarretando a Astenopia.
       O uso prolongado da visão com vícios de refracção não corrigidos, leva as pessoas a
terem sensações de turvação, dificuldade de fixação de detalhes, perda de linhas na leitura,
cefaléia constante, ardência nos olhos, sonolência, náuseas, dores irradiadas para a nuca e
pescoço, pontos móveis no campo de visão, que podem ser negros ou cintilantes e até tremores
nas pálpebras.
       Na correcção dos problemas visuais são utilizadas lentes de vários tipos: divergente para
miopia, convergente para hipermetropia e cilíndrica para astigmatismo.
       Haverá uma variação no tamanho da imagem, que será proporcional ao montante de graus
a serem corrigidos, ou seja, quando maior o grau tanto maior a variação do tamanho da imagem.
       As lentes de contacto proporcionam a imagem do tamanho mais próximo da realidade,
pela diminuição da distância vértice (do olho para a lente corretora).




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Tamanho de imagem

       Haverá necessidade do uso de óculos de distâncias pré-determinadas para a correcção de
ametropias, ao uso do terminal de vídeo, principalmente para pessoas portadoras de presbiopia,
ou seja, acima de 40 anos de idade (lentes bi ou multifocais).
       Na regulação do contraste nos terminais de vídeo é importante se levar em conta que é
necessário, haver um contraste para a percepção dos símbolos, em brilho ou em cor, o que
aumenta a nitidez dos limites do símbolo em relação ao fundo, sem que este contraste esgote os
níveis de tolerância individual.
       Caso esta precaução não seja tomada, podemos nos ver diante de um fenómeno de pós-
imagem que é, fundamentalmente, a combinação de cores e padrões.
       Quando se esgota a capacidade fisiológica de percepção de uma cor, após longo período
de fixação, é realçada sua cor complementar. Por exemplo: em terminais de vídeo verdes
formam-se efeitos vermelhos em fundo branco, em âmbar temos efeitos azuis em fundo branco.




8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário


CADEIRA


       No trabalho com terminal de vídeo, que implica quase sempre em longas jornadas, a
fadiga é a consequência de trabalho muscular estático, de modo que a cadeira deve ter
características que possam facilitar as mudanças posturais confortavelmente.
       Assento e encosto estofado e revestidos de material perspirante, com densidade e
consistência à suportar até 2 cm de depressão, pelo peso do usuário, sem ser mole ou duro.
       Assento e encosto reajustáveis para a altura e suporte lombar, para manutenção da
anatomia da coluna vertebral; braços para suporte e apoio, sem contudo interferir nos
movimentos e na aproximação com a mesa.




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
O assento terá extremidades arredondadas para não interferir na circulação dos membros
inferiores, e os pés da cadeira devem ser os mais estáveis possíveis, com 5 pés e rodízios para sua
movimentação.



MESA


        Com dimensões apropriadas ao tipo de tarefa a ser desenvolvida e espaço suficiente para
a movimentação do usuário, fazendo com que adopte uma postura correcta.
        Regulável para manter os terminais de vídeo e teclados, nas altura e posições a serem
ainda indicados; ser de material anti-reflexivo para evitar incidências desagradáveis de reflexos
luminosos nos olhos dos usuários.
Com inclinação de 20 graus para melhorar a firmeza do corpo do operador, bem como para
melhorar a circulação venosa de retorno e ajudar na postura angular das articulações de membros
inferiores.




8.1 Postura a adoptar


        Sentar de modo direito preservando as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral,
distribuindo a pressão sobre os discos inter-vertebrais.
        Os braços formando ângulo de 90 graus com antebraços, aliviando o trabalho dos
ombros, estando os punhos na linha do antebraço, não flectindo além de 25 graus, nem desviando
lateralmente.
        Apoio na região lombar e coxas nos assentos, ficando mantidas as articulações do quadril,
do joelho e do pé em aproximadamente 90 graus; com os joelhos ligeiramente acima da
articulação do quadril, para não desestabilizar a coluna vertebral, e apoio para os pés.




                     Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Postura correcta



Posicionamento


           O posicionamento do terminal de vídeo deve estar em 90 graus com o plano da mesa,
sendo a sua distância para os olhos de 35 cm a 50 cm, dependendo do tamanho dos caracteres e
da tela.
           A altura do terminal de vídeo será de 10 graus abaixo da linha do horizonte visual do
usuário (+/- 15 cm de diferença), considera-se também um ângulo visual de 30 graus adicional de
modo a que a linha visual caia na metade superior do terminal de vídeo.
           O posicionamento do terminal de vídeo deve ser feito de modo que a tela fique
perpendicular às janelas ou aberturas, sendo as mesmas protegidas por cortinas que tornem a
iluminação natural difusa.




                                       Posição da iluminação natural
                       Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Quanto ao teclado, deverá ser mantido directamente a frente do usuário, evitando desvios
laterais que podem levar a problemas de punho; em altura que permitam que a mão repouse sobre
apoio palmar com leve flexão dorsal.
       Manter suportes ou clipes para documentos ou tarefas a serem desenvolvidas, no mesmo
plano da tela, colocados lateralmente, para evitar esforços visuais e trabalhos da musculatura do
pescoço desnecessários.




                                   Posição do teclado e "paper clip"




9. Iluminação ambiental

       A iluminação é condição capital no desenvolvimento da tarefa, influindo
decisivamente no seu conforto e na sua eficiência, devendo ser mantido um nível ideal em
redor de 500 lux, sendo a iluminação ideal, a natural difusa (indirecta, de preferência
filtrada por aparato) para evitar reflexões e ofuscamentos.
O encadeamento acontece quando o fundo é mais brilhante que o objecto para o qual se
olha. Pode ser directo (por fonte luminosa) ou indirecto (por reflexo de superfície).
Seus efeitos são:


  Incomodo directo ao trabalho
  Fadiga visual
  Sentimento subjectivo de desconforto

                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
São medidas para eliminar o encadeamento:
DIRETAS:
  Redução da luminosidade
  Deslocamento das fontes luminosas para fora do campo visual
  Aumento da iluminação de zonas próximas


INDIRETAS:
  Modificação na fonte luminosa
  Disfarce das superfícies reflectoras, substituindo as superfícies polidas e lisas das
  mesas e objectos por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz.




A iluminação insuficiente leva a:
  Diminuição de produção
  Prejuízo na qualidade do trabalho
  Aumento das falhas
  Aumento da frequência de acidentes
A iluminação exagerada leva a:
  Reflexos perturbadores
  Sombras pronunciadas
  Contrastes exagerado


       A colocação das luminárias, de preferência parabólicas de luz mista (uma branca e
outra amarela), deve ser paralela ao usuário e perpendicular ao teclado, ficando longe da
linha visual do usuário.




                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
A iluminação artificial




       As luminárias devem conter, desde que fluorescente, sempre mais de um tubo para
evitar fenómenos estroboscópicos. Em algumas situações a iluminação acessória será
necessária, devendo ser dirigida para a tarefa e nunca para a tela.




                                        Iluminação acessória




10. Ambiente Térmico



                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Aconselham-se temperaturas entre 18 e 27 graus centígrados, porque o ambiente
excessivamente quente leva ao cansaço e sonolência.
O Cansaço induz a
  Diminuição da actividade física
  Redução da formação de calor no organismo
A Sonolência induz a
  Redução da prontidão da resposta
  Aumento da tendência de falha
  Diminuição da sensibilidade
  Diminuição de coordenação
  Diminuição de atenção


      No calor excessivo faz-se necessário o aumento da circulação periférica no
organismo humano, para melhorar a dissipação do calor interno, levando com isso ao
trabalho forçado todo sistema Cardiovascular, porque deve ser transportado cada vez
mais calor pelo sangue para a pele, às custas da irrigação dos músculos e dos órgãos
internos, como os da digestão, por exemplo.
      A evaporação do suor é de importância decisiva para a manutenção de uma
economia calórica equilibrada, pois junto com o suor, o organismo perde também sal,
alterando com isto a composição salina dos tecidos enquanto a quantidade de sal no
sangue fica constante.




No ambiente excessivamente frio (abaixo de 15 graus centígrados) leva a:
  Diminuição da concentração
  Reduz a capacidade de pensar e de julgar
  Afecta a destreza e a força
  Reduz a capacidade motora
  Torna mais lentos os movimentos
  Diminui a sensibilidade táctil


                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
O organismo estará actuando a favor do balanço térmico, produzindo mais calor
pelo metabolismo.


       A unidade relativa do ar deve flutuar entre 30% e 70%, evitando portanto descarga
de electricidade estática, o ressecamento da pele e das mucosas.
A manutenção da ventilação constante do ambiente deve ser feita, para evitar a saturação
de gases, que induzam ao desconforto físico e mental.




11. Ambiente Sonoro

       O Ruído age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando não só o
funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a actividade física, fisiológica
e mental do indivíduo a ele exposto.
       Todos conhecemos, por experiência própria, as sensações determinadas pela
proximidade de fonte sonora de elevada intensidade, seja sob a forma de tensão dolorosa
da cabeça, de contracção dos músculos faciais, seja como distúrbios auditivos ou visuais,
sensação de constrição torácica, palpitações e mal-estar.
       Os ouvidos ficam zunindo, aparece a cefaléia, o atordoamento e, sobretudo, a
sensação de fadiga semelhante à que ocorre após intenso esforço.
       O ruído tem como conceito ser "um fenómeno físico vibratório de um meio
elástico, audível, com características indefinidas de vibração de pressão e frequência
desarmoniosamente misturadas entre si ".
       A perda auditiva ocupacional ou profissional, induzida pelo ruído é uma doença
progressiva, directamente relacionada com a exposição ao ruído e, o que é pior, tem
carácter permanente, pois resulta na degeneração do Órgão de Corti e de outras lesões dos
elementos nervosos, cocleares e retrococleares, do aparelho auditivo.



                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Os efeitos mais conhecidos e mais estudados do ruído intenso, nos ouvidos, são:

Perda Auditiva:
  Trauma acústico que é a perda auditiva de instalação súbita, provocada por ruído
  repentino e de grande intensidade, como uma explosão por exemplo.
  Perda auditiva temporária que ocorre após exposição a ruído intenso, por um curto
  período de tempo.
  Perda auditiva permanente que é ocasionada à exposição repetida, dia após dia, ao
  ruído excessivo, que pode levar ao cabo de anos, a uma perda auditiva irreversível.


Zumbidos são uma queixa constante em pessoas com lesões auditivas induzidas por
Ruído que podem prejudicar o sono, sendo que não tem tratamento específico mas podem
desaparecer espontaneamente.


Recrutamento é a sensação por sons de alta intensidade. No recrutamento, a percepção
de "altura" do som cresce de modo anormalmente rápido, à medida que a intensidade do
som aumenta.


Deterioração da Discriminação da Fala é a redução da capacidade de distinguir
detalhes dos sons da fala em condições ambientais favoráveis. O mascaramento e a
reverberação ambientais afectam o mecanismo de compensação, reduzindo a
inteligibilidade dos sons.


Otalgia ou "dor de ouvido" pode ser provocada por sons excessivamente intensos, acima
do limiar de desconforto, podendo provocar até distúrbios neurovegetativos,
eventualmente ruptura do tímpano.


       Tudo demonstra que o fenómeno do ruído actua no homem como um verdadeiro
stress e provoca uma reacção ergotrópica. Sob a acção de um ruído repentino, os olhos
cerram, a respiração pára e a pressão arterial aumenta, além de outras reacções
características. Uma vez que o ruído pode modificar os processos fisiológicos, torna-se

                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
necessário citar os efeitos extra-otológicos e saber se existe realmente uma adaptação
funcional ao ruído.


Efeitos gerais no organismo provocados pelo ruído excessivo:

No Comportamento do Sistema Neurovegetativo temos à instabilidade, que como
consequência geram dispepsia (arrotos), úlcera gastro-duodenal, distúrbios digestivos (má
digestão), aerofagia (gases), obstipação (prisão de ventre), hiperreflexia, inquietação e
angústia
No Comportamento do Sistema Cardiovascular ocasiona uma vaso contracção
periférica.


No Comportamento do Sistema Endócrino leva a uma hiperactividade glandular, da
tiróide, supra-renal e hipófise


No Comportamento do Sistema Nervoso Central leva a fadiga dos centros cerebrais,
perturbando o seu funcionamento, impedindo o sono e o relaxamento.


No Comportamento da Área Psicológica conduz a irritabilidade e a instabilidade,
provocando um agravamento nas pessoas deprimidas e obsessão nos nas angustiadas. Nos
histéricos e epilépticos pode provocar crises. Pode-se também encontrar fenómenos de
excitação e inibição, assim como atordoamento, enfraquecimento da fala e obnubilação
sensorial.
       O ruído dificulta o intercâmbio verbal, diminui a capacidade de comunicação por
meio da palavra. Para que uma frase seja entendida é necessário que se ouça e se
compreenda pelo menos 90 % dos fonemas que a compõem. Quando o ruído ambiente
aumenta, a pessoa que fala se vê obrigada a alterar a voz ou aproximar-se dos ouvintes.


Limites de Tolerância por tempo de exposição
para barulhos contínuos e intermitentes



                      Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Nível de Barulho                       Máxima exposição diária permitida


      85 dB                                                  08 hs.


      86 dB                                                  07 hs.


      87 dB                                                  06 hs.


      88 dB                                                  05 hs.


      90 dB                                                  04 hs.


      92 dB                                                  03 hs.


      95 dB                                                  02 hs.


     100 dB                                                  01 hs.


     102 dB                                                 45 min.


     104 dB                                                 35 min.


     105 dB                                                 30 min.


     106 dB                                                 25 min.


     108 dB                                                 20 min.


     110 dB                                                 15 min.


     112 dB                                                 10 min.


     114 dB                                                 08 min.




  Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
115 dB                                                 07 min.



       Tudo quanto foi exposto revela-nos seguramente os efeitos patológicos do ruído
sobre a actividade física, fisiológica e psicológica das pessoas, tanto na vida comum das
cidades, como no exercício de actividades profissionais.




12. Doenças

       Podemos definir o LER (Lesões por Estímulos Repetidos) ou mais modernamente
o DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas com Trabalho) como "afectações que
atacam tendões, músculos, ligamentos, fáscias e nervos de origem ocupacional, e
resultam em dor, fadiga e queda de performance no trabalho e muitas vezes agravada por
factores psíquicos.

As lesões derivam de:
  Uso repetido de grupos musculares
  Uso forçado de grupos musculares
  Posturas inadequadas
  Compressão mecânica
As lesões se manifestam principalmente nos membros superiores,
cinturaescapular(ombros) e pescoço.

Entre as diversas lesões encontradas, podemos citar:
  Lesões de tendão (tendinites, tenossinovites, epicondilites)
  Musculares (síndrome tensional do pescoço, distonia facial, miosites)
  Articulares (artrite, bursite, capsulite adesivo)
  Vascular (síndrome de Raynaud, anorexamento dos dedos da mão)
  Neuropatias compressivas (síndrome do desfiladeiro torácico e outras)




                      Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Alguns factores de risco relacionados à actividade exercida pelo trabalhador e
inerentes ao próprio indivíduo:


   Relativos ao sexo, as mulheres tem duas vezes mais risco que os homens, devido a
   terem ligamentos e tendões menos resistentes que os homens, As mulheres são mais
   propensas à doença, sobretudo as em gestação e na menopausa.
   Invariabilidade da tarefa, postura estática, tensão no trabalho, exigência de manter ou
   aumentar a produtividade, insatisfação com a atividade, considerações relativas à
   carreira, risco e carga de trabalho e ao ambiente social.
   Aspectos psicológicos têm importância, isto que as pessoas tensas, deprimidas e
   ansiosas têm maior propensão à doença.
   Quanto mais factores estiverem presentes, maior probabilidade de desenvolver DORT.
A mão desempenha funções importantíssimas, e é um maravilhoso instrumento que,
combinado com o punho, realiza tarefas das mais variadas e complexas na vida do
Homem.
       Compõe-se a mão de 27 ossinhos unidos entre si e por complexas articulações e
sistemas de ligamentos, que permitem os mais variados movimentos na execução de
tarefas.
       A mão é envolvida por um grande número de músculos, que ao se contraírem
transferem sua força para os ossos por meio de estruturas chamadas tendões.
       Os músculos da mão que transferem sua força aos ossos estão no antebraço, muitos
tendões atravessam o punho em direcção a seus pontos de inserção.


       Partes desses tendões estão envolvidos por bainhas protectoras e lubrificadoras,
permitindo livre movimentação deslizante.




                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
Dorso da mão




                                              Palma da mão

       Mesmo com toda protecção da mão, os esforços e movimentos repetidos,
provocam atrito excessivo e irritações dos tendões, das suas bainhas ou bursas dando
origem respectivamente a tendinites, sinovites e bursites.
       A irritação estendendo-se para o tendão e sua bainha conjuntamente recebe o nome
de Tenossinovite. As Tenossinovites podem ser classificadas quanto a causa
determinantes em infecciosas, traumáticas, metabólicas, degenerativas etc. E quanto a
duração classificam-se em agudas, sub-agudas e crónicas.
       Todos os tendões do corpo também podem ser afectados pelas causas supracitadas.
De modo geral, o que mais ocorre é a Tenossinovite, que afecta o punho devido aos
movimentos constantes e repetitivos da mão ou punho, em ângulos impróprios e por
tempos prolongados.
       Entre os exemplos de tarefas mais comuns que podem causar a Tenossinovite são
os actos de tricotar, dactilografar, empacotar, etc.
       O quadro clínico dos portadores da Tenossinovite é o aparecimento de dor na
região dorsal da extremidade que liga o antebraço ao punho (distal), aumentada por
movimentos e aliviada pelo repouso. Pode acontecer também um edema e rubor
localizados e uma sensação de fina crepitação nos movimentos dos tendões, como
também aparecer uma dificuldade em movimentar os dedos.
       A afecção é geralmente de carácter benigno, diminuindo com a imobilização do
punho, uso de medicamentos anti-inflamatórios e precocidade do diagnóstico e do
tratamento adequado.
                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
A Tenossinovite é considerada uma doença de formação profissional, pois
acontece na fase de aprendizagem do profissional, que tem que exercitar os dedos e as
mãos sincronizadas, dentro de um ritmo e tempo até alcançar a performance exigida para
o desempenho da função, por não estar com as mãos e dedos acostumados.
         Sua prevenção se faz possibilitando ao aprendiz uma introdução gradual e
progressiva na tarefa, permitindo tempo para que as estruturas anatómicas se ajustem às
suas demandas e acompanhado de um instrutor, para lhe dar orientações sobre posturas
corretas de trabalho e técnicas para alcançar o desempenho ideal da função requerida pelo
cargo.
         Os usuários de computadores devem ter conhecimento das correctas posições do
teclado em relação aos antebraços.
Bauk (1986, p. 33) enfatiza:
         "Quando o punho é flexionado, os tendões são pressionados contra o ligamento
transverso do corpo ou contra seus ossos, aumentando o atrito e o risco de irritação Por
esse motivo, ao teclar, deve-se observar que as mãos estejam alinhadas em relação aos
antebraços, e que os punhos não estejam flectidos nem desviados lateralmente.
         A execução de movimentos repetitivos como os de digitar, com um ângulo do
punho superior a 25° pode acarretar riscos de outro tipo de afecção: a Síndrome do Túnel
Carpal.
         Os tendões flexores dos dedos juntamente, com vasos sanguíneos e nervos,
atravessam uma espécie de túnel na parte inferior do punho, chamado túnel carpal.
         Durante a flexão ou extensão do punho, esses tendões são sustentados em posição
por uma espécie de manguito fibroso. Por isso quando estirados exercem uma força
compressiva sobre as estruturas anatómicas adjacentes.
         Dessa forma o nervo mediano pode ser comprimido dentro do túnel carpico contra
o plano ósseo, na hiperextensão, contra o ligamento transverso do carpo, na hiperflexão.
         A compressão do nervo mediano pode desencadear a síndrome, que se caracteriza
por sensações de queimaduras, prurido, agulhadas ou formigueiro do punho ou do polegar
e nos três dedos vizinhos. Em casos graves, pode ocorrer atrofia do polegar e fraqueza
muscular generalizada da mão."
         O diagnóstico precoce sempre facilita o tratamento clínico. Em casos avançados,
                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
sempre se impõe o tratamento cirúrgico para descompressão do nervo e alívio dos
sintomas.




                       Prevenção não é moda mas sim segurança.

A prevenção é a única saída para a doença. São medidas prevenção:

    Exames de pré-admissão;

      Evitar horas extras;

      Evitar segundo emprego em actividades em que se exige esforço com os braços e
       mãos;

      Pausa programada;

      Optimização dos postos de trabalho e organização do trabalho e a prática de
       exercícios para evitar a Tenossinovite.

   É importante e fundamental a identificação de actividades de risco na linha de
montagem, pelos profissionais de segurança do trabalho e estabelecer rodízios de
actividades, montar nova organização de tarefas. Muitas vezes apenas esta medida já
resolve o problema. Fundamental é instituir os exercícios nas zonas de risco.




13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de
escritórios


                   Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
1. Porque sinto dores de cabeça e até tonturas, quando uso por certo tempo o computador?
A dor de cabeça tem muitas causas, mas ao uso do computador, podemos enumerar várias, por
exemplo, iluminação inadequada, postura viciosa, tempo excessivo a frente do terminal de vídeo,
tarefa não condizente com o usuário, problemas físicos não conhecidos pelo usuário, assim como
problemas emocionais também, em resumo é multi-fatorial.


2. Poderia falar sobre algumas destas causas?
Vamos por partes. Quanto a iluminação, devemos tê-la sempre constante, indirecta, de modo
quem não reflicta nos olhos e no terminal de vídeo, quanto a postura, devemos nos colocar de
modo anatomicamente equilibrado diante do computador para respeitarmos nosso corpo diante
de cada tarefa, quanto ao tempo de trabalho, devemos levar em conta que cada pessoa tem um
limiar de tolerância para cada tarefa, mas fica sugerido pelos estudiosos em ergonomia que a
cada 50 minutos trabalho correspondam 10 minutos de descanso, e isto está regulamentado por
Portaria do Ministério do Trabalho. Quanto a tarefa, devemos procurar não só ajustar o tempo
mas também o tipo de tarefa a cada pessoa.
Por último, quanto a problemas físicos e emocionais, devemos proceder a um Check-up anual
para   sabermos     de    nossas       actuais      condições,        diante      dos      desafios   da   vida.
Você já fez o seu este ano???


3. Porque sinto os olhos arderem após longo tempo de trabalho no computador?
Primeiramente há a necessidade de sabermos se está usando o computador na iluminação
adequada, se os contrates de cores também estão ajustados para a sua pessoa, a partir daí
passamos a nos perguntar, como está a sua visão? Será que não há nenhuma ametropia, erro de
refracção preexistente? estará usando os olhos de modo correto, ou seja, piscando, pelo menos 10
vezes por minuto?




4. Porque após algumas horas de trabalho num terminal de vídeo de cor verde, ao levantar
a cabeça e olhar para as coisas a minha volta, vejo uma mancha vermelha em tudo?
Como sabemos os nossos olhos, assim como os nossos ouvidos, tem uma faixa de percepção, no
caso, para algumas cores. Dentre estas estão as três cores básicas (azul, vermelho, verde). Temos
estruturas oculares responsáveis pela manutenção desta capacidade de percebermos estas e outras



                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
cores. Quando excedemos esta quota de tolerância, passamos a ter este fenómeno visual,
chamado de pós-imagem


5. É verdade que pessoa grávida e / ou crianças não podem ficar muito perto do terminal de
vídeo?
Nada tem de verdade esta afirmação porquanto, segundo pesquisadores e técnicos, a partir de 5
centímetros da tela do terminal de vídeo, inexistem quaisquer radiações nocivas.


6. Existe verdade, na afirmação de que se deve sempre ter o computador aonde haja ar
condicionado e pouco ruído para trabalhar?
Existe verdade sim, quando se afirma que se deve trabalhar entre 18 a 27 graus centígrados de
temperatura e em até 85 dB (decibel) de ruído, que são os parâmetros usados pela Ergonomia,
para optimização de tarefas.




14. Conclusão
No fim da leitura deste Manual os Trabalhadores deverão estar com noção dos riscos
diários que enfrentam apesar de trabalharem em escritórios e serem supostamente lugares
livres de perigo. Os trabalhadores encontram neste trabalho um guia prático que pode
ajudá-los a ultrapassar problemas actuais e futuros a nível de saúde.
         Em anexo encontra-se um folheto que pode ser guardado na secretária de modo a
não esquecer os procedimentos aconselhados a nível ergonómico.
Quaisquer duvidas deverá contactar o responsável do manual para mais esclarecimentos.




                    Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
INSTITUTO SUPERIOR DE LÍNGUAS E ADMINISTRAÇÃO
                         ISLA – SANTARÉM




PÓS GRADUAÇÃO EM HIGIENE E SEGURANÇA NO TRBALHO




          MÓDULO - GESTÃO DA PREVENÇÃO




  MANUAL DE SEGURANÇA E HIGIENE NO
       TRABALHO EM ESCRITÓRIOS




                              Autor:
                              HUGO RAFAEL




                                 SANTARÉM
                                 JULHO 2003




       Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael

Mais conteúdo relacionado

Destaque

EPI Interfejs użytkownika - lab. 4
EPI Interfejs użytkownika - lab. 4EPI Interfejs użytkownika - lab. 4
EPI Interfejs użytkownika - lab. 4Emilia Obrzut
 
Informe Encuesta de Satisfacción en PDF
Informe Encuesta de Satisfacción en PDFInforme Encuesta de Satisfacción en PDF
Informe Encuesta de Satisfacción en PDFRicardo Zambrano
 
Plan de trabajo sobre redes (
Plan de trabajo sobre redes (Plan de trabajo sobre redes (
Plan de trabajo sobre redes (Raffaello Samiir
 
Déus olímpics
Déus olímpicsDéus olímpics
Déus olímpicsssoliva
 
Como insertar un canal de chat en mi
Como insertar un canal de chat en miComo insertar un canal de chat en mi
Como insertar un canal de chat en miXaVy Escudero
 
Naturegirls 1 De 4
Naturegirls 1 De 4Naturegirls 1 De 4
Naturegirls 1 De 4Rute Silva
 
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσας
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσαςκριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσας
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσαςSerafeim Zotis
 
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTES
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTESPROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTES
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTESyanet43033
 
Mountain top propuesta2
Mountain top propuesta2Mountain top propuesta2
Mountain top propuesta2Andrea Belmont
 
Issues in the 21th century sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work
Issues in the 21th century   sifa arifhodzic - 07061765 - the future of workIssues in the 21th century   sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work
Issues in the 21th century sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work07061765
 
Jane melisa arzuzar ardila gracias
Jane melisa arzuzar ardila graciasJane melisa arzuzar ardila gracias
Jane melisa arzuzar ardila graciasmeloardilla
 

Destaque (20)

EPI Interfejs użytkownika - lab. 4
EPI Interfejs użytkownika - lab. 4EPI Interfejs użytkownika - lab. 4
EPI Interfejs użytkownika - lab. 4
 
Estructuras
EstructurasEstructuras
Estructuras
 
Andres casanova
Andres casanovaAndres casanova
Andres casanova
 
Informe Encuesta de Satisfacción en PDF
Informe Encuesta de Satisfacción en PDFInforme Encuesta de Satisfacción en PDF
Informe Encuesta de Satisfacción en PDF
 
Plan de trabajo sobre redes (
Plan de trabajo sobre redes (Plan de trabajo sobre redes (
Plan de trabajo sobre redes (
 
Déus olímpics
Déus olímpicsDéus olímpics
Déus olímpics
 
Como insertar un canal de chat en mi
Como insertar un canal de chat en miComo insertar un canal de chat en mi
Como insertar un canal de chat en mi
 
Dir 505 a1-qig_v1.00(di) (1)
Dir 505 a1-qig_v1.00(di) (1)Dir 505 a1-qig_v1.00(di) (1)
Dir 505 a1-qig_v1.00(di) (1)
 
Naturegirls 1 De 4
Naturegirls 1 De 4Naturegirls 1 De 4
Naturegirls 1 De 4
 
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσας
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσαςκριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσας
κριτικός γραμματισμός και διδασκαλία της γλώσσας
 
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTES
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTESPROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTES
PROYECTO RELATIVO A LAS NORMAS UNESCO SOBRE COMPETENCIAS EN TIC PARA DOCENTES
 
Rss
RssRss
Rss
 
Curriculum oculto
Curriculum ocultoCurriculum oculto
Curriculum oculto
 
Confia en mi_2 (1)
Confia en mi_2 (1)Confia en mi_2 (1)
Confia en mi_2 (1)
 
Abs 2
Abs 2Abs 2
Abs 2
 
Mountain top propuesta2
Mountain top propuesta2Mountain top propuesta2
Mountain top propuesta2
 
Issues in the 21th century sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work
Issues in the 21th century   sifa arifhodzic - 07061765 - the future of workIssues in the 21th century   sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work
Issues in the 21th century sifa arifhodzic - 07061765 - the future of work
 
Srd
SrdSrd
Srd
 
Jane melisa arzuzar ardila gracias
Jane melisa arzuzar ardila graciasJane melisa arzuzar ardila gracias
Jane melisa arzuzar ardila gracias
 
Practicas de educacion_y_sociedad
Practicas de educacion_y_sociedadPracticas de educacion_y_sociedad
Practicas de educacion_y_sociedad
 

Semelhante a Manual de seg trab esc

Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptx
Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptxAula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptx
Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptxLeonardoCardoso43425
 
Mudancas sociais no_barreiro
Mudancas sociais no_barreiroMudancas sociais no_barreiro
Mudancas sociais no_barreiroMélanie Rosa
 
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009cduptl
 
Relatório consolidado estudo qualidade urbana local
Relatório consolidado   estudo qualidade urbana localRelatório consolidado   estudo qualidade urbana local
Relatório consolidado estudo qualidade urbana localPatricia Almeida Ashley
 
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de VilelaJornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilelaclcoimbra
 
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdf
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdfA Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdf
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdfRAFAELASCARI1
 
Trabalho actv. económicas
Trabalho actv. económicasTrabalho actv. económicas
Trabalho actv. económicasRaquel Silva
 
Trabalho power pointe actv. económicas
Trabalho power pointe  actv. económicasTrabalho power pointe  actv. económicas
Trabalho power pointe actv. económicasRaquel Silva
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014Johtu4
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014jacksonjf123
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014jacksonjf123
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014Lucreciia
 

Semelhante a Manual de seg trab esc (20)

Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptx
Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptxAula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptx
Aula 1 - Engenharia, Ciência e Tecnologia.pptx
 
Mudancas sociais no_barreiro
Mudancas sociais no_barreiroMudancas sociais no_barreiro
Mudancas sociais no_barreiro
 
Atividades económicas
Atividades económicasAtividades económicas
Atividades económicas
 
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009
Programa CDU Ponte de Lima Autárquicas 2009
 
Relatório consolidado estudo qualidade urbana local
Relatório consolidado   estudo qualidade urbana localRelatório consolidado   estudo qualidade urbana local
Relatório consolidado estudo qualidade urbana local
 
Carta Nautica outubro 2020
Carta Nautica outubro 2020Carta Nautica outubro 2020
Carta Nautica outubro 2020
 
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de VilelaJornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
 
86 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
86 JTR 15 à 30 de novembro de 201386 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
86 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
 
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdf
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdfA Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdf
A Importância da Revolução Industrial no Mundo.pdf
 
Programa Câmara
Programa CâmaraPrograma Câmara
Programa Câmara
 
Trabalho actv. económicas
Trabalho actv. económicasTrabalho actv. económicas
Trabalho actv. económicas
 
Trabalho power pointe actv. económicas
Trabalho power pointe  actv. económicasTrabalho power pointe  actv. económicas
Trabalho power pointe actv. económicas
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014H8 2 bim_aluno_2014
H8 2 bim_aluno_2014
 
01 texto abre
01 texto abre01 texto abre
01 texto abre
 

Manual de seg trab esc

  • 1. 0. Índice 0. Índice ........................................................................................................................... 1 1. Introdução .................................................................................................................... 1 2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade ............................................................ 2 2.1 Breve Evolução histórica ...................................................................................... 2 2.2 A actualidade ........................................................................................................ 5 2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento............................................................ 6 3. Trabalho em escritório ................................................................................................. 7 4. Visão e estruturas ......................................................................................................... 9 5. Visão – Percepção ...................................................................................................... 13 6. Campo Visual............................................................................................................. 15 7. Defeitos Visuais e suas Correcções ........................................................................... 16 8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário ........................................................ 18 8.1 Postura a adoptar ................................................................................................ 19 9. Iluminação ambiental ................................................................................................. 21 10. Ambiente Térmico.................................................................................................. 23 11. Ambiente Sonoro ................................................................................................... 25 12. Doenças .................................................................................................................. 29 13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de escritórios ................................ 33 14. Conclusão ............................................................................................................... 35 1. Introdução Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 2. Este Trabalho pretende ser um manual prático sobre posturas a adoptar e princípios de prevenção em relação aos principais riscos que afectam os trabalhadores de escritórios. A Higiene e Segurança no Trabalho é mais do que o uso de um capacete, e é da competência dos empregadores informar e formar os seus trabalhadores dos riscos profissionais a que estão expostos, segundo a lei base da Higiene e Segurança no trabalho (decreto-lei 441/91). Ao longo deste manual que se pretende prático e fácil de consultar, podemos ver aspectos ergonómicos do trabalho em escritórios, bem como medidas de protecção e prevenção a adoptar para evitar futuras doenças profissionais. O respeito pelas medidas em seguida enunciadas, levará a uma melhor produtividade da organização pois como poderemos constatar certos pormenores podem levar a doenças profissionais e logicamente a ausências ao trabalho. Este Manual espera poder evitar muitas doenças profissionais e trazer mais qualidade ao dia a dia dos trabalhadores 2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade 2.1 Breve Evolução histórica Foi o encontro de duas linhas, a 22 de Maio de 1864, que fez nascer o aglomerado populacional ao qual de dá o nome hoje em dia de Entroncamento, foi o apeadeiro da Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 3. ponte da pedra o primeiro lugar, lugar este que se deu na construção do troço Santarém Abrantes. Primeiro surgiu a estação e o depósito de máquinas, a estação não foi construída onde hoje está mas um pouco mais a sul onde se alcança a gare nos dias de hoje. Devido ao tráfego que se começou a fazer sentir (Passageiros, mercadorias, ferroviários), rapidamente se sentiu necessidade de novas instalações e pouco depois surgem 24 barracas de madeira de ambos os lados da linha. Antes de 1882 são construídas as primeiras 24 casas de pedra e argamassa, alinhadas junto à estrada, o crescimento continua e antes de 1875, sempre junto à estrada, surge outra barraca de madeira, é por esta data que, junto à estação velha a companhia mandou construir o armazém de víveres – armazém que ainda funciona nos nossos dias e que serve como corporativa para os funcionários da empresa. Em 1882 nasce a primeira escola, destinada aos filhos dos ferroviários, junto à linha e para sul da primitiva Estação, esta escola foi posteriormente tomada pelo estado, tendo continuado a funcionar mas desde 1932 por conta do estado. O empreiteiro desta escola, Paulo Zozi, constrói pela mesma altura 22 casas e uma barraca para teatro, é a segunda rua. Em 1920 dá-se como que um Boom no tráfego de passageiros para o Entroncamento, em consequência as construções continuam e em 1926 nasce o bairro Camões, o primeiro Bairro-Jardim em Portugal. A privilegiada situação geográfica do Entroncamento, no coração do País, e consequentemente ponto vital dos caminhos-de-ferro dão-lhe capacidade para um grande crescimento no período de 1900 a 1930, crescimento este que teria mesmo sido maior, não fosse a primeira guerra mundial. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 4. À medida que a população vai crescendo em número, cresce também em aspirações de independência, em consequência disso em 1926 este núcleo de 4500 habitantes passou à categoria de freguesia. Abriram-se novos caminhos e ruas com km de extensão, fomentando-se o desenvolvimento, estimulando-se e facilitando-se as construções particulares de indústria e comércio, abrem-se inúmeras casas comerciais de todos os géneros. A Junta de freguesia começa a construir infraestruturas para fixação da população e em 1930 inaugura um mercado de 26 lojas fechadas, pouco depois procede à instalação da rede eléctrica numa extensão de 16400 metros e ao abastecimento de água à população, anteriormente era a C.P. que fornecia água aos particulares. A freguesia vai crescendo em vários índices de desenvolvimento e apresenta já um número de habitantes superior a 5000; a Freguesia passa a vila à categoria de vila, isto em 1932. O Bairro Camões fica completo em 1932, este edifício era o melhor da península Ibérica e neste ano inscrevem-se 166 crianças lá, em 1934 a C.P. constrói um dispensário anti-tuberculoso, dotando-o de todo o material necessário. O Entroncamento vai crescendo em todos os aspectos, população, serviços, comércio, enfim vai se desenvolvendo e de uma forma rápida. Em 24 de Novembro de 1945, foi publicado o decreto nº. 35.184 que criou o concelho do Entroncamento, abrangendo a área da própria freguesia. O Entroncamento fica desta forma, como sede de concelho, a possuir o seu brasão de armas, Bandeira e selo, cuja simbologia está directamente ligada com o comboio que lhe deu origem. A nova câmara compreende as suas responsabilidades e continua a sua obra de urbanização, de progresso, de vida activa. Os trabalhos com vista uma boa qualidade de vida continuam com frequentes instalações de esgotos e redes eléctricas e outro tipo de infraestruturas indispensáveis que já haviam começado a ser construídas pela Junta de Freguesia. O concelho foi crescendo, escolas iam abrindo, serviços iam Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 5. abrindo e o comércio ia crescendo a um ritmo impressionante, as obras continuavam a um bom nível e vários jardins foram inaugurados com vista à qualidade de vida dos habitantes do concelho, o grande “salto” estava à vista e em 1991 finalmente o concelho é elevado à categoria de cidade e conta hoje com cerca de 20 mil habitantes, a cidade cresceu em todas as direcções possíveis e hoje em dia as ruas enchem-se de carros e pessoas que procuram a enorme variedade de comércio existente, o Entroncamento nasceu e cresceu graças aos caminhos-de-ferro mas teve arte e engenho para não ficar só dependente dos caminhos de fero e virou-se para os serviços e comércio, sendo esta a principal actividade da cidade a par dos ferroviários. 2.2 A actualidade Actualmente o Entroncamento é um dos concelhos mais requisitados para habitação, visto apresentar excelentes condições económico-sociais que por sua vez possibilitam uma boa qualidade de vida aos seus habitantes. A população ocupa-se muito do comércio e dos serviços, ferroviários e militares ainda representam uma boa fatia do total. A antiga máxima de que o Entroncamento era apenas uma cidade dormitório está a mudar se bem que muitas pessoas ainda trabalham fora do concelho e apenas pernoitam neste (facto que me parece normal devido à pouca extensão do concelho que apresenta somente uma freguesia – a do Entroncamento). Grandes investidores como o grupo Francês E. Leclerc estão a chegar à cidade o que vem ajudar a Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 6. uma maior estabilização e um maior número de ofertas de emprego. Actualmente a cidade está dotada de todas as Infraestruturas necessárias para assegurar uma boa qualidade de vida aos seus munícipes, desde escolas de todos os níveis (a única falha passa pelo ensino superior), locais para a prática desportiva (vários ringues de futebol, piscinas, campo de ténis, etc.), locais de eventos culturais (centro cultural) e de lazer como o parque o Bonito (um dos sítios de maior orgulho dos munícipes). Futuramente espera-se que continue com o crescimento “fenomenal” que já nos habituou mas que esse crescimento seja sustentado e não ponha em causa a qualidade das gerações vindouras. A cidade actualmente apresenta uma elevada qualidade de vida, apresentando os melhores índices da zona de Lisboa e Vale do Tejo. 2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento A Câmara Municipal do Entroncamento conta actualmente nos seus quadros com cerca de 270 trabalhadores, fica situada no largo José Eduardo Coelho no centro da cidade, o edifício central já não apresenta as melhores condições para albergar todos os seus trabalhadores por isso algumas secções funcionam em locais independentes. Actualmente é o PSD que governa a Autarquia pela mão do Sr. Jaime Ramos (após vários mandatos de PS), várias iniciativas estão a ser levadas a cabo para modernizar a Cidade e levar mais longe o nome do Entroncamento, em seguida apresento uma lista das linhas gerais do programa do PSD para o Conselho:  Novas instalações para os serviços Municipais  Revisão do Plano Director Municipal (PDM)  Captação de investimentos  Construção de escolas e Jardins-de-infância Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 7.  Conclusão de um polidesportivo  Criar um gabinete de Acção Social  Dinamizar a cultura  Implementar acções direccionadas aos jovens  Promover o nome do Entroncamento  Limpar a albufeira do bonito Estas são algumas das propostas do programa eleitoral, significativas do trabalho que se propôs realizar e que já começou a ser realizado, espero sinceramente que todos os pontos sejam atingidos para que o entroncamento tenha o lugar de destaque que merece. 3. Trabalho em escritório Neste fim do século XX e do segundo milénio, o motor da nova revolução é a tecnologia, o aperfeiçoamento dos transportes e das comunicações. A tecnologia na sua eterna mudança, nunca foi tão rápida e desconcertante. Os meios de transporte vem em sua evolução contínua a muito tempo, sempre de modo ininterrupto, mas jamais foi possível o transporte de artigos de um lado para o outro e em grande quantidade grande, numa velocidade tão fantástica. Falemos então das comunicações, em sua capacidade de conecção instantânea os mais variados pontos do planeta, tornaram as distâncias insignificantes para quaisquer tipos de operações e finalidades. Há uma mudança tão profunda no comércio, na indústria, nas comunicações e nos transportes que não temos devido senso de avaliação desenvolvido para aquilatar sua magnitude neste processo chamado de " fenómeno da globalização ". Esta mudança modificou os padrões do espaço e do tempo. Há uma total modificação no campo da velocidade, cada vez mais milésima. Percebemos em primeira instância o uso de networks em substituição a sistemas de grande porte é uma realidade, assim como o uso do computador nas mais diversas áreas de actividade Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 8. profissional e particular, alguns dos instrumentos integrados neste processo vertiginoso de mudanças. Instrumentação que permite uma maior flexibilidade e integração dos ambientes internos das corporações, no relacionamento externo entre elas e nas interacções com outras actividades e /ou pessoas. É neste momento que a ergonomia se faz presente, pois a eficácia dos sistemas produtivos advinda desses ambientes modernizados não depende apenas da performance da tecnologia da informática - tendo na base o computador, ou melhor a informação - mas, também, da adequação harmónica deste novo ambiente ao profissional, isto é o trabalhador. Tanto o ambiente, como a tarefa e o homem precisam estar sincronizados, porque existem características intrínsecas, entre eles, que viabilizam a maior parte dos sucessos dos serviços gerados por estas inovações tecnológicas. Essas características são factores determinantes, como por exemplo, tornar os locais de trabalho mais confortáveis e seguros, com a iluminação adequada, o sistema de ventilação e de ar-condicionado bem dimensionados, assim como tantas outras variáveis que podem interferir no sucesso mencionado. Existem mais pontos a serem analisados que confirmam a importância da ergonomia nesse processo de mudança. Hoje só se fala em "Qualidade Total ", nas empresas, sejam de que tamanhos forem, ou até no simples processo de vida, como a nossa vida quotidiana doméstica; sabe-se da importância da competitividade, da saúde, da segurança e da produtividade, que são exigências do mercado mundial. O homem, a máquina, o ambiente, as informações e a organização são factores importantes e relevantes nesse novo desafio, que é viver-se com "Qualidade Total " sob o maior número de circunstâncias possíveis. E a Ergonomia é justamente o ponto básico para se atender as recomendações previstas e atingir a meta colimada. Enfim com a evolução diária que conhecemos e com o homem a ter de estar preparado para as mudanças. Contudo o Homem não é nenhuma máquina e a preocupação crescente pela qualidade de vida passa por uma maior qualidade de vida no trabalho, visto ser onde os trabalhadores passam a maior parte do seu tempo. É aqui que a higiene e segurança tem um papel importante ao garantir as condições de trabalho e propor formas de as melhorar continuamente. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 9. 4. Visão e estruturas O olho é, basicamente, um receptor de imagens, o nosso scanner. A visão é a captação da energia eletromagnética do espectro visível (400 a 700 nm) pelas células foto-receptoras da retina. A energia eletromagnética captada é a transformação da energia luminosa, pelas células retinianas, que após este processo, é descodificada e transferida para o banco de dados, o Cérebro, onde são codificadas e armazenadas sob forma de imagens, nosso disco rígido. A visão tem como funções principais os sentidos da forma, cor e luz. No tempo compreendido entre o nascimento e os 5 anos de idade existem várias fases a serem ultrapassadas, com suas particularidades e os seus prazos próprios como: Acuidade Visual, Visão Binocular, Estereo-acuidade ou Visão de Profundidade, Reflexo de Convergência e Acomodação Visual. A partir deste prazo limite (5 anos) a maturação visual está completa e a tendência é mantê-la, quando em torno dos 40 anos, começa seu declínio (tabelas 1 e 2). Desenvolvimento da acuidade visual Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 10. Idade Percentual 6 meses 3% 9 meses 15 % 1 ano 25 % 2 anos 50 % 3 anos 66 % 4 anos 80 % 5 anos 100 % Desenvolvimento da visão binocular: 4 meses de idade Desenvolvimento da estéreo-acuidade: 6 meses de idade Desenvolvimento do reflexo de convergência: 1 ano de idade Desenvolvimento da acomodação visual: 6 meses a 3 anos de idade O aparelho visual é composto do olho e as suas estruturas intrínsecas e extrínsecas, nervo óptico, quiasma óptico, suas derivações e o cérebro Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 11. O olho e suas estruturas Via óptica e representação do campo visual Para que a imagem seja percebida e armazenada no cérebro tem que atravessar várias estruturas, passando pelos diversos graus que cada meio de transparência possui, como o da córnea, do humor aquoso, do cristalino e do humor vítreo. A imagem é então projectada na retina, onde sofrerá o processo de descodificarão para cor, forma, luz e contraste. Para que esta imagem chegue nítida, clara e focada a retina, terá que ter a sua quantidade de luz ajustada por um diafragma, a Íris, que é controlado pela Musculatura Intrínseca Ocular, composta pelos Músculos do Esfíncter e o Dilatador da Pupila; como também terá sua focalização regulada pelo Músculo Ciliar, que é responsável pelas olhadelas para perto / longe e o pelo poder de refracção, que proporciona ao cristalino, modificando seu formato. Chama-se de Acomodação Visual a este mecanismo. Não se Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 12. deve mobilizar mais de 2/3 da Acomodação Visual, principalmente em esforços prolongados do Músculo Ciliar, para não provocarmos sintomas de desconforto visual, cefaléia, tonteiras e cansaço visual. O movimento de cada olho é feito pela Musculatura Extrínseca Ocular composta por 3 pares de músculos: Reto Medial e Reto Lateral (responsáveis pelos movimentos primários horizontais), Reto Superior e Reto Inferior (responsáveis pelos movimentos primários verticais) e Oblíquo Superior e Oblíquo Inferior (responsáveis pelos movimentos primários torsionais). Musculatura extrínseca ocular Os movimentos oculares, voluntários e reflexos, são produzidos pela conjugação com outros sistemas complexos como o do equilíbrio (responsabilidade vestibular - do ouvido). Para o acto de fixação do olhar e mudança de olhar para diversas distâncias, há necessidade de um ajustamento dos graus de convergência e divergência (ou paralelismo de eixos visuais), aonde são utilizados os mecanismos de acomodação visual e ajustamento do tamanho da pupila. Quanto mais próximo o objecto, maior a convergência e menor a divergência. Quanto mais longe, menor a convergência e maior a divergência. Pela actividade constante das musculaturas extrínseca e intrínseca oculares, os reajustes frequentes da visão para diferentes planos de interesse visual, serão tão mais fisiológicos quanto mais mantivermos as distâncias dos objectos de interesse em planos próximos. Isso reduzirá a amplitude dos movimentos oculares, tornando a tarefa mais confortável. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 13. Sendo o cérebro, o nosso banco de imagens, quaisquer danos ou panes no mesmo, poderão levar a uma "cegueira de imagens" (ou cerebral), sem que com isso tenhamos nossos olhos afectados obrigatoriamente. 5. Visão – Percepção Percepção de formas e Contrastes A retina é uma membrana fina e complexa, formada por 12 camadas de células com funções próprias, sendo sua função captar os estímulos luminosos, transformando-os em estímulos electromagnéticos. Duas camadas de células, em especial, nos são importantes: Camada de Cones e Bastonetes, responsável pela nitidez, detalhe e contornos, dependendo da quantidade de luz e Camada de Células Pigmentares, responsáveis pela percepção cromática e adaptação da visão a luz e a escuridão. Camadas da Retina Dentre as estruturas extrínsecas do Aparelho Visual, as Pálpebras e o sistema Lacrimal tem capital importância em nossa visão. A Cónea (lente mais externa do olho) tem que ser mantida limpa, protegida e nutrida para que sua transparência, e consequente poder de refringência, possibilite a visão normal. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 14. Pálpebra Superior Temos a pálpebra como sua protectora, limpadora e auxiliar de nutrição em seu movimento constante (na frequência média de 10 vezes por minuto). O aparelho lacrimal é o responsável pela produção, manutenção e drenagem da lágrima e outras substâncias, que tem a função de nutrição (pelos seus componentes químicos e físicos), lubrificação, limpeza e protecção enfim manutenção da córnea em condições ideais. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 15. 6. Campo Visual Como sabemos, cada olho percebe uma imagem que é transmitida ao cérebro, sendo antes captada de modo próprio por cada olho, com suas desigualdades e peculiaridades. Essas imagens, quando sobrepostas e revertidas (porque são percebidas invertidas em cada olho), darão a sensação de profundidade e tridimensionalidade. Campo visual é a percepção de todos os espaços capazes de transmitir estímulos à retina, quando em situação estática com fixação em ponto determinado. O campo visual monocular é de 135 graus na vertical (60 graus superior / 75 graus inferior) e 90 graus na horizontal; sendo portanto o campo visual binocular de 135 graus na vertical e 180 graus na horizontal. Campo visual Pela distribuição diversa de foto-receptores na camada de cones e bastonetes da retina, nem todos os objectos são percebidos no campo visual com mesmo grau de nitidez e cor. Os objectos percebidos com máxima nitidez e cores são os que estão focalizados pela fóvea, região de maior concentração de cones, enquanto os de menor nitidez serão os focalizados pelos de maior concentração de bastonetes. São limites anatómicos do nosso campo visual os ossos da órbita, supercílios, malares e nariz. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 16. 7. Defeitos Visuais e suas Correcções Ametropias ou defeitos visuais são os vícios de refracção (miopia / hipermetropia / astigmatismo). Dependendo de seu montante em graus de dioptria, poderão vir a causar maior ou menor desconforto visual e físico (cefaléia , tonteira, náuseas, ardência ocular, dores na nuca, etc.), quando não corrigidos adequadamente e dependendo do tempo, do volume e do interesse que um trabalho visual exige. Ametropias Quando um olho está com o poder de refracção e a sua dimensão antero-posterior numa relação fisiológica, trabalhará em repouso, com pouco esforço de acomodação e convergência, terá a emetropia (normal). Quando o diâmetro antero-posterior é maior do que deve ser, para que a convergência dos raios luminosos se projectem sobre a retina, sendo os raios projectados anteriormente, temos a miopia. A situação inversa é a hipermetropia, com a imagem sendo projectada posteriormente a retina. Será míope aquele que se aproxima do objecto de interesse e o hipermetrope o que se afasta, porquanto seus mecanismos de reajuste (acomodação / convergência) não são suficientes para a correcção necessária, e se o são, dependendo do tempo e/ou do volume de trabalho visual, gerarão os desconfortos mencionados. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 17. Resultante da deformação das curvaturas corneanas e/ou cristalineanas temos o astigmatismo, causando diferentes planos de convergência dos raios luminosos para a retina, com distorções de imagens, projectando-as parte anterior e parte posteriormente à retina. O esforço adicional de acomodação e/ou convergência levará a posturas viciosas de cabeça, que acarretam maior esforço no músculo ciliar, bem como nos músculos cervicais e faciais, e consequente, cefaléia, dores na nuca, tonteiras, náuseas, sonolência, etc. Com o aumento da idade, como já vimos antes, vai havendo uma deterioração da visão pelo desgaste anatómico das estruturas oculares, e consequente redução da capacidade de acomodação, sendo a presbiopia o fenómeno ocasionado por tudo isso. A Insuficiência de Convergência, causada por anormalidades no equilíbrio da musculatura extrínseca do olho, dificultando a convergência normal para os objectos de interesse próximos, gerará danos na interacção das imagens de cada olho, exigindo esforço adicional para esta musculatura, com consequentes sintomas de fadiga, acarretando a Astenopia. O uso prolongado da visão com vícios de refracção não corrigidos, leva as pessoas a terem sensações de turvação, dificuldade de fixação de detalhes, perda de linhas na leitura, cefaléia constante, ardência nos olhos, sonolência, náuseas, dores irradiadas para a nuca e pescoço, pontos móveis no campo de visão, que podem ser negros ou cintilantes e até tremores nas pálpebras. Na correcção dos problemas visuais são utilizadas lentes de vários tipos: divergente para miopia, convergente para hipermetropia e cilíndrica para astigmatismo. Haverá uma variação no tamanho da imagem, que será proporcional ao montante de graus a serem corrigidos, ou seja, quando maior o grau tanto maior a variação do tamanho da imagem. As lentes de contacto proporcionam a imagem do tamanho mais próximo da realidade, pela diminuição da distância vértice (do olho para a lente corretora). Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 18. Tamanho de imagem Haverá necessidade do uso de óculos de distâncias pré-determinadas para a correcção de ametropias, ao uso do terminal de vídeo, principalmente para pessoas portadoras de presbiopia, ou seja, acima de 40 anos de idade (lentes bi ou multifocais). Na regulação do contraste nos terminais de vídeo é importante se levar em conta que é necessário, haver um contraste para a percepção dos símbolos, em brilho ou em cor, o que aumenta a nitidez dos limites do símbolo em relação ao fundo, sem que este contraste esgote os níveis de tolerância individual. Caso esta precaução não seja tomada, podemos nos ver diante de um fenómeno de pós- imagem que é, fundamentalmente, a combinação de cores e padrões. Quando se esgota a capacidade fisiológica de percepção de uma cor, após longo período de fixação, é realçada sua cor complementar. Por exemplo: em terminais de vídeo verdes formam-se efeitos vermelhos em fundo branco, em âmbar temos efeitos azuis em fundo branco. 8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário CADEIRA No trabalho com terminal de vídeo, que implica quase sempre em longas jornadas, a fadiga é a consequência de trabalho muscular estático, de modo que a cadeira deve ter características que possam facilitar as mudanças posturais confortavelmente. Assento e encosto estofado e revestidos de material perspirante, com densidade e consistência à suportar até 2 cm de depressão, pelo peso do usuário, sem ser mole ou duro. Assento e encosto reajustáveis para a altura e suporte lombar, para manutenção da anatomia da coluna vertebral; braços para suporte e apoio, sem contudo interferir nos movimentos e na aproximação com a mesa. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 19. O assento terá extremidades arredondadas para não interferir na circulação dos membros inferiores, e os pés da cadeira devem ser os mais estáveis possíveis, com 5 pés e rodízios para sua movimentação. MESA Com dimensões apropriadas ao tipo de tarefa a ser desenvolvida e espaço suficiente para a movimentação do usuário, fazendo com que adopte uma postura correcta. Regulável para manter os terminais de vídeo e teclados, nas altura e posições a serem ainda indicados; ser de material anti-reflexivo para evitar incidências desagradáveis de reflexos luminosos nos olhos dos usuários. Com inclinação de 20 graus para melhorar a firmeza do corpo do operador, bem como para melhorar a circulação venosa de retorno e ajudar na postura angular das articulações de membros inferiores. 8.1 Postura a adoptar Sentar de modo direito preservando as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, distribuindo a pressão sobre os discos inter-vertebrais. Os braços formando ângulo de 90 graus com antebraços, aliviando o trabalho dos ombros, estando os punhos na linha do antebraço, não flectindo além de 25 graus, nem desviando lateralmente. Apoio na região lombar e coxas nos assentos, ficando mantidas as articulações do quadril, do joelho e do pé em aproximadamente 90 graus; com os joelhos ligeiramente acima da articulação do quadril, para não desestabilizar a coluna vertebral, e apoio para os pés. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 20. Postura correcta Posicionamento O posicionamento do terminal de vídeo deve estar em 90 graus com o plano da mesa, sendo a sua distância para os olhos de 35 cm a 50 cm, dependendo do tamanho dos caracteres e da tela. A altura do terminal de vídeo será de 10 graus abaixo da linha do horizonte visual do usuário (+/- 15 cm de diferença), considera-se também um ângulo visual de 30 graus adicional de modo a que a linha visual caia na metade superior do terminal de vídeo. O posicionamento do terminal de vídeo deve ser feito de modo que a tela fique perpendicular às janelas ou aberturas, sendo as mesmas protegidas por cortinas que tornem a iluminação natural difusa. Posição da iluminação natural Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 21. Quanto ao teclado, deverá ser mantido directamente a frente do usuário, evitando desvios laterais que podem levar a problemas de punho; em altura que permitam que a mão repouse sobre apoio palmar com leve flexão dorsal. Manter suportes ou clipes para documentos ou tarefas a serem desenvolvidas, no mesmo plano da tela, colocados lateralmente, para evitar esforços visuais e trabalhos da musculatura do pescoço desnecessários. Posição do teclado e "paper clip" 9. Iluminação ambiental A iluminação é condição capital no desenvolvimento da tarefa, influindo decisivamente no seu conforto e na sua eficiência, devendo ser mantido um nível ideal em redor de 500 lux, sendo a iluminação ideal, a natural difusa (indirecta, de preferência filtrada por aparato) para evitar reflexões e ofuscamentos. O encadeamento acontece quando o fundo é mais brilhante que o objecto para o qual se olha. Pode ser directo (por fonte luminosa) ou indirecto (por reflexo de superfície). Seus efeitos são: Incomodo directo ao trabalho Fadiga visual Sentimento subjectivo de desconforto Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 22. São medidas para eliminar o encadeamento: DIRETAS: Redução da luminosidade Deslocamento das fontes luminosas para fora do campo visual Aumento da iluminação de zonas próximas INDIRETAS: Modificação na fonte luminosa Disfarce das superfícies reflectoras, substituindo as superfícies polidas e lisas das mesas e objectos por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz. A iluminação insuficiente leva a: Diminuição de produção Prejuízo na qualidade do trabalho Aumento das falhas Aumento da frequência de acidentes A iluminação exagerada leva a: Reflexos perturbadores Sombras pronunciadas Contrastes exagerado A colocação das luminárias, de preferência parabólicas de luz mista (uma branca e outra amarela), deve ser paralela ao usuário e perpendicular ao teclado, ficando longe da linha visual do usuário. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 23. A iluminação artificial As luminárias devem conter, desde que fluorescente, sempre mais de um tubo para evitar fenómenos estroboscópicos. Em algumas situações a iluminação acessória será necessária, devendo ser dirigida para a tarefa e nunca para a tela. Iluminação acessória 10. Ambiente Térmico Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 24. Aconselham-se temperaturas entre 18 e 27 graus centígrados, porque o ambiente excessivamente quente leva ao cansaço e sonolência. O Cansaço induz a Diminuição da actividade física Redução da formação de calor no organismo A Sonolência induz a Redução da prontidão da resposta Aumento da tendência de falha Diminuição da sensibilidade Diminuição de coordenação Diminuição de atenção No calor excessivo faz-se necessário o aumento da circulação periférica no organismo humano, para melhorar a dissipação do calor interno, levando com isso ao trabalho forçado todo sistema Cardiovascular, porque deve ser transportado cada vez mais calor pelo sangue para a pele, às custas da irrigação dos músculos e dos órgãos internos, como os da digestão, por exemplo. A evaporação do suor é de importância decisiva para a manutenção de uma economia calórica equilibrada, pois junto com o suor, o organismo perde também sal, alterando com isto a composição salina dos tecidos enquanto a quantidade de sal no sangue fica constante. No ambiente excessivamente frio (abaixo de 15 graus centígrados) leva a: Diminuição da concentração Reduz a capacidade de pensar e de julgar Afecta a destreza e a força Reduz a capacidade motora Torna mais lentos os movimentos Diminui a sensibilidade táctil Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 25. O organismo estará actuando a favor do balanço térmico, produzindo mais calor pelo metabolismo. A unidade relativa do ar deve flutuar entre 30% e 70%, evitando portanto descarga de electricidade estática, o ressecamento da pele e das mucosas. A manutenção da ventilação constante do ambiente deve ser feita, para evitar a saturação de gases, que induzam ao desconforto físico e mental. 11. Ambiente Sonoro O Ruído age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando não só o funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a actividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto. Todos conhecemos, por experiência própria, as sensações determinadas pela proximidade de fonte sonora de elevada intensidade, seja sob a forma de tensão dolorosa da cabeça, de contracção dos músculos faciais, seja como distúrbios auditivos ou visuais, sensação de constrição torácica, palpitações e mal-estar. Os ouvidos ficam zunindo, aparece a cefaléia, o atordoamento e, sobretudo, a sensação de fadiga semelhante à que ocorre após intenso esforço. O ruído tem como conceito ser "um fenómeno físico vibratório de um meio elástico, audível, com características indefinidas de vibração de pressão e frequência desarmoniosamente misturadas entre si ". A perda auditiva ocupacional ou profissional, induzida pelo ruído é uma doença progressiva, directamente relacionada com a exposição ao ruído e, o que é pior, tem carácter permanente, pois resulta na degeneração do Órgão de Corti e de outras lesões dos elementos nervosos, cocleares e retrococleares, do aparelho auditivo. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 26. Os efeitos mais conhecidos e mais estudados do ruído intenso, nos ouvidos, são: Perda Auditiva: Trauma acústico que é a perda auditiva de instalação súbita, provocada por ruído repentino e de grande intensidade, como uma explosão por exemplo. Perda auditiva temporária que ocorre após exposição a ruído intenso, por um curto período de tempo. Perda auditiva permanente que é ocasionada à exposição repetida, dia após dia, ao ruído excessivo, que pode levar ao cabo de anos, a uma perda auditiva irreversível. Zumbidos são uma queixa constante em pessoas com lesões auditivas induzidas por Ruído que podem prejudicar o sono, sendo que não tem tratamento específico mas podem desaparecer espontaneamente. Recrutamento é a sensação por sons de alta intensidade. No recrutamento, a percepção de "altura" do som cresce de modo anormalmente rápido, à medida que a intensidade do som aumenta. Deterioração da Discriminação da Fala é a redução da capacidade de distinguir detalhes dos sons da fala em condições ambientais favoráveis. O mascaramento e a reverberação ambientais afectam o mecanismo de compensação, reduzindo a inteligibilidade dos sons. Otalgia ou "dor de ouvido" pode ser provocada por sons excessivamente intensos, acima do limiar de desconforto, podendo provocar até distúrbios neurovegetativos, eventualmente ruptura do tímpano. Tudo demonstra que o fenómeno do ruído actua no homem como um verdadeiro stress e provoca uma reacção ergotrópica. Sob a acção de um ruído repentino, os olhos cerram, a respiração pára e a pressão arterial aumenta, além de outras reacções características. Uma vez que o ruído pode modificar os processos fisiológicos, torna-se Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 27. necessário citar os efeitos extra-otológicos e saber se existe realmente uma adaptação funcional ao ruído. Efeitos gerais no organismo provocados pelo ruído excessivo: No Comportamento do Sistema Neurovegetativo temos à instabilidade, que como consequência geram dispepsia (arrotos), úlcera gastro-duodenal, distúrbios digestivos (má digestão), aerofagia (gases), obstipação (prisão de ventre), hiperreflexia, inquietação e angústia No Comportamento do Sistema Cardiovascular ocasiona uma vaso contracção periférica. No Comportamento do Sistema Endócrino leva a uma hiperactividade glandular, da tiróide, supra-renal e hipófise No Comportamento do Sistema Nervoso Central leva a fadiga dos centros cerebrais, perturbando o seu funcionamento, impedindo o sono e o relaxamento. No Comportamento da Área Psicológica conduz a irritabilidade e a instabilidade, provocando um agravamento nas pessoas deprimidas e obsessão nos nas angustiadas. Nos histéricos e epilépticos pode provocar crises. Pode-se também encontrar fenómenos de excitação e inibição, assim como atordoamento, enfraquecimento da fala e obnubilação sensorial. O ruído dificulta o intercâmbio verbal, diminui a capacidade de comunicação por meio da palavra. Para que uma frase seja entendida é necessário que se ouça e se compreenda pelo menos 90 % dos fonemas que a compõem. Quando o ruído ambiente aumenta, a pessoa que fala se vê obrigada a alterar a voz ou aproximar-se dos ouvintes. Limites de Tolerância por tempo de exposição para barulhos contínuos e intermitentes Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 28. Nível de Barulho Máxima exposição diária permitida 85 dB 08 hs. 86 dB 07 hs. 87 dB 06 hs. 88 dB 05 hs. 90 dB 04 hs. 92 dB 03 hs. 95 dB 02 hs. 100 dB 01 hs. 102 dB 45 min. 104 dB 35 min. 105 dB 30 min. 106 dB 25 min. 108 dB 20 min. 110 dB 15 min. 112 dB 10 min. 114 dB 08 min. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 29. 115 dB 07 min. Tudo quanto foi exposto revela-nos seguramente os efeitos patológicos do ruído sobre a actividade física, fisiológica e psicológica das pessoas, tanto na vida comum das cidades, como no exercício de actividades profissionais. 12. Doenças Podemos definir o LER (Lesões por Estímulos Repetidos) ou mais modernamente o DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas com Trabalho) como "afectações que atacam tendões, músculos, ligamentos, fáscias e nervos de origem ocupacional, e resultam em dor, fadiga e queda de performance no trabalho e muitas vezes agravada por factores psíquicos. As lesões derivam de: Uso repetido de grupos musculares Uso forçado de grupos musculares Posturas inadequadas Compressão mecânica As lesões se manifestam principalmente nos membros superiores, cinturaescapular(ombros) e pescoço. Entre as diversas lesões encontradas, podemos citar: Lesões de tendão (tendinites, tenossinovites, epicondilites) Musculares (síndrome tensional do pescoço, distonia facial, miosites) Articulares (artrite, bursite, capsulite adesivo) Vascular (síndrome de Raynaud, anorexamento dos dedos da mão) Neuropatias compressivas (síndrome do desfiladeiro torácico e outras) Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 30. Alguns factores de risco relacionados à actividade exercida pelo trabalhador e inerentes ao próprio indivíduo: Relativos ao sexo, as mulheres tem duas vezes mais risco que os homens, devido a terem ligamentos e tendões menos resistentes que os homens, As mulheres são mais propensas à doença, sobretudo as em gestação e na menopausa. Invariabilidade da tarefa, postura estática, tensão no trabalho, exigência de manter ou aumentar a produtividade, insatisfação com a atividade, considerações relativas à carreira, risco e carga de trabalho e ao ambiente social. Aspectos psicológicos têm importância, isto que as pessoas tensas, deprimidas e ansiosas têm maior propensão à doença. Quanto mais factores estiverem presentes, maior probabilidade de desenvolver DORT. A mão desempenha funções importantíssimas, e é um maravilhoso instrumento que, combinado com o punho, realiza tarefas das mais variadas e complexas na vida do Homem. Compõe-se a mão de 27 ossinhos unidos entre si e por complexas articulações e sistemas de ligamentos, que permitem os mais variados movimentos na execução de tarefas. A mão é envolvida por um grande número de músculos, que ao se contraírem transferem sua força para os ossos por meio de estruturas chamadas tendões. Os músculos da mão que transferem sua força aos ossos estão no antebraço, muitos tendões atravessam o punho em direcção a seus pontos de inserção. Partes desses tendões estão envolvidos por bainhas protectoras e lubrificadoras, permitindo livre movimentação deslizante. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 31. Dorso da mão Palma da mão Mesmo com toda protecção da mão, os esforços e movimentos repetidos, provocam atrito excessivo e irritações dos tendões, das suas bainhas ou bursas dando origem respectivamente a tendinites, sinovites e bursites. A irritação estendendo-se para o tendão e sua bainha conjuntamente recebe o nome de Tenossinovite. As Tenossinovites podem ser classificadas quanto a causa determinantes em infecciosas, traumáticas, metabólicas, degenerativas etc. E quanto a duração classificam-se em agudas, sub-agudas e crónicas. Todos os tendões do corpo também podem ser afectados pelas causas supracitadas. De modo geral, o que mais ocorre é a Tenossinovite, que afecta o punho devido aos movimentos constantes e repetitivos da mão ou punho, em ângulos impróprios e por tempos prolongados. Entre os exemplos de tarefas mais comuns que podem causar a Tenossinovite são os actos de tricotar, dactilografar, empacotar, etc. O quadro clínico dos portadores da Tenossinovite é o aparecimento de dor na região dorsal da extremidade que liga o antebraço ao punho (distal), aumentada por movimentos e aliviada pelo repouso. Pode acontecer também um edema e rubor localizados e uma sensação de fina crepitação nos movimentos dos tendões, como também aparecer uma dificuldade em movimentar os dedos. A afecção é geralmente de carácter benigno, diminuindo com a imobilização do punho, uso de medicamentos anti-inflamatórios e precocidade do diagnóstico e do tratamento adequado. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 32. A Tenossinovite é considerada uma doença de formação profissional, pois acontece na fase de aprendizagem do profissional, que tem que exercitar os dedos e as mãos sincronizadas, dentro de um ritmo e tempo até alcançar a performance exigida para o desempenho da função, por não estar com as mãos e dedos acostumados. Sua prevenção se faz possibilitando ao aprendiz uma introdução gradual e progressiva na tarefa, permitindo tempo para que as estruturas anatómicas se ajustem às suas demandas e acompanhado de um instrutor, para lhe dar orientações sobre posturas corretas de trabalho e técnicas para alcançar o desempenho ideal da função requerida pelo cargo. Os usuários de computadores devem ter conhecimento das correctas posições do teclado em relação aos antebraços. Bauk (1986, p. 33) enfatiza: "Quando o punho é flexionado, os tendões são pressionados contra o ligamento transverso do corpo ou contra seus ossos, aumentando o atrito e o risco de irritação Por esse motivo, ao teclar, deve-se observar que as mãos estejam alinhadas em relação aos antebraços, e que os punhos não estejam flectidos nem desviados lateralmente. A execução de movimentos repetitivos como os de digitar, com um ângulo do punho superior a 25° pode acarretar riscos de outro tipo de afecção: a Síndrome do Túnel Carpal. Os tendões flexores dos dedos juntamente, com vasos sanguíneos e nervos, atravessam uma espécie de túnel na parte inferior do punho, chamado túnel carpal. Durante a flexão ou extensão do punho, esses tendões são sustentados em posição por uma espécie de manguito fibroso. Por isso quando estirados exercem uma força compressiva sobre as estruturas anatómicas adjacentes. Dessa forma o nervo mediano pode ser comprimido dentro do túnel carpico contra o plano ósseo, na hiperextensão, contra o ligamento transverso do carpo, na hiperflexão. A compressão do nervo mediano pode desencadear a síndrome, que se caracteriza por sensações de queimaduras, prurido, agulhadas ou formigueiro do punho ou do polegar e nos três dedos vizinhos. Em casos graves, pode ocorrer atrofia do polegar e fraqueza muscular generalizada da mão." O diagnóstico precoce sempre facilita o tratamento clínico. Em casos avançados, Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 33. sempre se impõe o tratamento cirúrgico para descompressão do nervo e alívio dos sintomas. Prevenção não é moda mas sim segurança. A prevenção é a única saída para a doença. São medidas prevenção:  Exames de pré-admissão;  Evitar horas extras;  Evitar segundo emprego em actividades em que se exige esforço com os braços e mãos;  Pausa programada;  Optimização dos postos de trabalho e organização do trabalho e a prática de exercícios para evitar a Tenossinovite. É importante e fundamental a identificação de actividades de risco na linha de montagem, pelos profissionais de segurança do trabalho e estabelecer rodízios de actividades, montar nova organização de tarefas. Muitas vezes apenas esta medida já resolve o problema. Fundamental é instituir os exercícios nas zonas de risco. 13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de escritórios Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 34. 1. Porque sinto dores de cabeça e até tonturas, quando uso por certo tempo o computador? A dor de cabeça tem muitas causas, mas ao uso do computador, podemos enumerar várias, por exemplo, iluminação inadequada, postura viciosa, tempo excessivo a frente do terminal de vídeo, tarefa não condizente com o usuário, problemas físicos não conhecidos pelo usuário, assim como problemas emocionais também, em resumo é multi-fatorial. 2. Poderia falar sobre algumas destas causas? Vamos por partes. Quanto a iluminação, devemos tê-la sempre constante, indirecta, de modo quem não reflicta nos olhos e no terminal de vídeo, quanto a postura, devemos nos colocar de modo anatomicamente equilibrado diante do computador para respeitarmos nosso corpo diante de cada tarefa, quanto ao tempo de trabalho, devemos levar em conta que cada pessoa tem um limiar de tolerância para cada tarefa, mas fica sugerido pelos estudiosos em ergonomia que a cada 50 minutos trabalho correspondam 10 minutos de descanso, e isto está regulamentado por Portaria do Ministério do Trabalho. Quanto a tarefa, devemos procurar não só ajustar o tempo mas também o tipo de tarefa a cada pessoa. Por último, quanto a problemas físicos e emocionais, devemos proceder a um Check-up anual para sabermos de nossas actuais condições, diante dos desafios da vida. Você já fez o seu este ano??? 3. Porque sinto os olhos arderem após longo tempo de trabalho no computador? Primeiramente há a necessidade de sabermos se está usando o computador na iluminação adequada, se os contrates de cores também estão ajustados para a sua pessoa, a partir daí passamos a nos perguntar, como está a sua visão? Será que não há nenhuma ametropia, erro de refracção preexistente? estará usando os olhos de modo correto, ou seja, piscando, pelo menos 10 vezes por minuto? 4. Porque após algumas horas de trabalho num terminal de vídeo de cor verde, ao levantar a cabeça e olhar para as coisas a minha volta, vejo uma mancha vermelha em tudo? Como sabemos os nossos olhos, assim como os nossos ouvidos, tem uma faixa de percepção, no caso, para algumas cores. Dentre estas estão as três cores básicas (azul, vermelho, verde). Temos estruturas oculares responsáveis pela manutenção desta capacidade de percebermos estas e outras Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 35. cores. Quando excedemos esta quota de tolerância, passamos a ter este fenómeno visual, chamado de pós-imagem 5. É verdade que pessoa grávida e / ou crianças não podem ficar muito perto do terminal de vídeo? Nada tem de verdade esta afirmação porquanto, segundo pesquisadores e técnicos, a partir de 5 centímetros da tela do terminal de vídeo, inexistem quaisquer radiações nocivas. 6. Existe verdade, na afirmação de que se deve sempre ter o computador aonde haja ar condicionado e pouco ruído para trabalhar? Existe verdade sim, quando se afirma que se deve trabalhar entre 18 a 27 graus centígrados de temperatura e em até 85 dB (decibel) de ruído, que são os parâmetros usados pela Ergonomia, para optimização de tarefas. 14. Conclusão No fim da leitura deste Manual os Trabalhadores deverão estar com noção dos riscos diários que enfrentam apesar de trabalharem em escritórios e serem supostamente lugares livres de perigo. Os trabalhadores encontram neste trabalho um guia prático que pode ajudá-los a ultrapassar problemas actuais e futuros a nível de saúde. Em anexo encontra-se um folheto que pode ser guardado na secretária de modo a não esquecer os procedimentos aconselhados a nível ergonómico. Quaisquer duvidas deverá contactar o responsável do manual para mais esclarecimentos. Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
  • 36. INSTITUTO SUPERIOR DE LÍNGUAS E ADMINISTRAÇÃO ISLA – SANTARÉM PÓS GRADUAÇÃO EM HIGIENE E SEGURANÇA NO TRBALHO MÓDULO - GESTÃO DA PREVENÇÃO MANUAL DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO EM ESCRITÓRIOS Autor: HUGO RAFAEL SANTARÉM JULHO 2003 Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael