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A tecnologia em minha vida A tecnologia sempre existiu, independente do tempo que passa, mas quando ouvimos falar em tecnologia associamos logo o computador, celular, aparelhos de MP3,  MP9 e assim por diante. Não vamos negar aqui que o homem está no auge das descobertas científicas, no que diz respeito á tecnologia. Não podemos esquecer que o homem evolui a cada dia  e, por isso nunca deixou de investir na tecnologia. Se analizarmos os meios de comunicação, duas décadas atrás, não dá nem para se comparar com o  mundo moderno. Não quero ser ingênua  em dizer que não existia computadores, telefones e outros meios de comunicação, mas quero ressalvar que por conta do valor muito alto dos aparelhos eletrônicos, apenas as pessoas de classe média ou alta tinham o privilégio de adquirir equipamentos tecnológicos. Enquanto isso, a classe baixa   só  ouvia falar, ou conhecia  através da televisão- sem contar que nem todo mundo tinha acesso a TV. Mas  já que estamos falando em tecnologia, quero recordar uma história bastante interessante, pelo menos para mim e para minha família, sobre um canal de comunicação: o rádio.  Morávamos em Quinta do Sol no norte do Paraná, uma família composta por nove pessoas, sendo sete irmãos, o pai e a mãe. Meu pai trabalhava na prefeitura e ganhava pouco para sustentar tanta gente. Minha mãe sempre o ajudava, trabalhando na roça para cobrir as despesas. Lembro-me que quando criança, não tínhamos televisão em  casa, então meu pai comprou um rádio. Foi com muito sacrifício, que o pai, já cansado de brigar conosco porque emprestávamos o rádio do vizinho, resolveu comprar um equipamento.  Até hoje permanece vivo na minha memória, o modelo do rádio. Ele era da marca Motorola, estilo madeira, na cor marrom e com seis faixas. FM naquela época, nem sabia o que era isso. Era só AM. O pai chegou com o rádio e o colocou em cima de uma prateleira que tínhamos na cozinha. Sempre pedia para nós não mexer, pois havia pagado uma fortuna. O rádio, para funcionar precisava de quatro pilhas enormes. Quando ligava, parecia um enxame em movimento. Até descobrir que tinha que puxar a antena e colocar Bombril na ponta, ou colocar um fio terra, demorou um bom tempo. A única coisa que meu pai fazia era ouvir um programa jornalístico chamado “A voz do Brasil,” cujo programa existe até os dias atuais. Sentava bem próximo ao rádio e ninguém podia dar uma só palavra que ele ficava zangado. Já minha mãe, levantava de madrugada para trabalhar e ligava o rádio para ouvir histórias contadas  em forma de novela. Cada dia era transmitido um capítulo.Eram histórias muito interessantes, por isso ela nos acordava para acompanharmos o enredo. Na época do frio, ela aumentava o volume, nós ouvíamos a história deitados na cama até o momento de levantar e ir para a escola. Meus irmãos e eu, aproveitava que nossos pais não se encontravam em casa, durante o dia, ficamos mexendo no rádio, com o objetivo de encontrar outras sintonias. Foi então que descobrimos a rádio Atalaia ,da cidade de Maringá, apresentado pelo locutor Dion  que apresentava um programa chamado “Quadro da saudade” e logo após apresentava  “História que o povo conta”. No primeiro, as pessoas escreviam cartas     de saudade de namorados, parentes, amigos e entes queridos. Já no segundo, os ouvintes escreviam cartas contando histórias assustadoras das mais variadas: mula-sem-cabeça, bruxa, Saci-Pererê, assombração e outras. Essa era uma hora sagrada, sentávamos ao redor do rádio e ficávamos quietos, nós quase nem respirávamos direito para ouvir aquelas histórias horripilantes. O locutor fazia toda uma entonação na voz e colocava um fundo musical de suspense que  nos arrepiava dos pés a cabeça. Tínhamos muito medo disso e durante a noite dormíamos em três numa cama de casal. A mãe sempre nos chamava atenção pedindo para que parássemos de ouvir essas estórias, porém era inútil. Aquele rádio para nós era tudo, fantástico. Anunciávamos para toda a vizinhança sobre ele. Entretanto o pior aconteceu. Certo dia o rádio caiu de cima da copa e nunca mais  funcionou. Não tínhamos dinheiro para  levar para o concerto. Foi a maior tristeza. Algum tempo depois, meu pai comprou um rádio gravador do Paraguai- daquela época da fita cassete. Parecia coisa de outro mundo. Este era elétrico e prata era muito bonito o admirávamos e cuidávamos como se fosse ouro. Este funcionava FM, por isso passávamos praticamente o dia todo, ouvindo músicas e fazendo gravações. Gravávamos programas em forma de   novela, e também músicas -na qual nós mesmos éramos os cantores. Era muita diversão. Convidávamos nossos amigos para participarem das gravações e após ouvíamos todos sentados em círculos. Se não desse certo, gravávamos novamente até ficar do jeito que queríamos. É claro que eu era a chefe de tudo isso, já tinha minha habilidade na comunicação e não foi a toa que escolhi curso de Letras. Durante um longo período, meus irmãos e eu aproveitamos bastante o rádio-gravador. Todavia, por ser do Paraguai, não resistiu muito tempo e começou a engolir as fitas até que travou tudo.  Bom se eu fosse contar detalhadamente a história do rádio em minha vida, ficaria aqui um bom tempo escrevendo. Porém o que importa  mesmo são essas lembranças que permanecem em nossa mente independente do tempo que passa. Por isso dizem que o nosso cérebro é um computador, mas a vantagem ( ou desvantagem)  que nos torna  diferente desta máquina  é que não conseguimos deletar os arquivos da memória. Então levamos para sempre em nossa mente essas recordações e transmitimos para  outras gerações.  Quando paro e reflito sobre essa evolução na tecnologia, fico feliz,  pois naquela época, nem todos tinham  acesso a informações a nível mundial, éramos medíocres. Hoje, mesmo a população da classe baixa possui equipamentos tecnológicos. Por conta do avanço e a  concorrência das empresa as  mercadorias e os equipamentos tornaram-se mais baratos e quase toda a população brasileira passou a adquirir esses produtos. A maioria das pessoas de classe baixa já possui computador, celular, MP3, entre outros. Sinto me realizada por ser uma pessoa moderna e conectada com o mundo da tecnologia através da rede de informação que é totalmente diferente do período da minha infância. Sendo o homem inventor desses equipamentos tecnológicos  vale aqui lançar um elogio de parabéns pelas conquistas.             Sandra Maria Alves de Souza Escola Municipal São Pedro   20/06/2009
Minhas memórias com a tecnologia da infância

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Mas já que estamos falando em tecnologia, quero recordar uma história bastante interessante, pelo menos para mim e para minha família, sobre um canal de comunicação: o rádio. Morávamos em Quinta do Sol no norte do Paraná, uma família composta por nove pessoas, sendo sete irmãos, o pai e a mãe. Meu pai trabalhava na prefeitura e ganhava pouco para sustentar tanta gente. Minha mãe sempre o ajudava, trabalhando na roça para cobrir as despesas. Lembro-me que quando criança, não tínhamos televisão em casa, então meu pai comprou um rádio. Foi com muito sacrifício, que o pai, já cansado de brigar conosco porque emprestávamos o rádio do vizinho, resolveu comprar um equipamento. Até hoje permanece vivo na minha memória, o modelo do rádio. Ele era da marca Motorola, estilo madeira, na cor marrom e com seis faixas. FM naquela época, nem sabia o que era isso. Era só AM. O pai chegou com o rádio e o colocou em cima de uma prateleira que tínhamos na cozinha. Sempre pedia para nós não mexer, pois havia pagado uma fortuna. O rádio, para funcionar precisava de quatro pilhas enormes. Quando ligava, parecia um enxame em movimento. Até descobrir que tinha que puxar a antena e colocar Bombril na ponta, ou colocar um fio terra, demorou um bom tempo. A única coisa que meu pai fazia era ouvir um programa jornalístico chamado “A voz do Brasil,” cujo programa existe até os dias atuais. Sentava bem próximo ao rádio e ninguém podia dar uma só palavra que ele ficava zangado. Já minha mãe, levantava de madrugada para trabalhar e ligava o rádio para ouvir histórias contadas em forma de novela. Cada dia era transmitido um capítulo.Eram histórias muito interessantes, por isso ela nos acordava para acompanharmos o enredo. Na época do frio, ela aumentava o volume, nós ouvíamos a história deitados na cama até o momento de levantar e ir para a escola. Meus irmãos e eu, aproveitava que nossos pais não se encontravam em casa, durante o dia, ficamos mexendo no rádio, com o objetivo de encontrar outras sintonias. Foi então que descobrimos a rádio Atalaia ,da cidade de Maringá, apresentado pelo locutor Dion que apresentava um programa chamado “Quadro da saudade” e logo após apresentava “História que o povo conta”. No primeiro, as pessoas escreviam cartas de saudade de namorados, parentes, amigos e entes queridos. Já no segundo, os ouvintes escreviam cartas contando histórias assustadoras das mais variadas: mula-sem-cabeça, bruxa, Saci-Pererê, assombração e outras. Essa era uma hora sagrada, sentávamos ao redor do rádio e ficávamos quietos, nós quase nem respirávamos direito para ouvir aquelas histórias horripilantes. O locutor fazia toda uma entonação na voz e colocava um fundo musical de suspense que nos arrepiava dos pés a cabeça. Tínhamos muito medo disso e durante a noite dormíamos em três numa cama de casal. A mãe sempre nos chamava atenção pedindo para que parássemos de ouvir essas estórias, porém era inútil. Aquele rádio para nós era tudo, fantástico. Anunciávamos para toda a vizinhança sobre ele. Entretanto o pior aconteceu. Certo dia o rádio caiu de cima da copa e nunca mais funcionou. Não tínhamos dinheiro para levar para o concerto. Foi a maior tristeza. Algum tempo depois, meu pai comprou um rádio gravador do Paraguai- daquela época da fita cassete. Parecia coisa de outro mundo. Este era elétrico e prata era muito bonito o admirávamos e cuidávamos como se fosse ouro. Este funcionava FM, por isso passávamos praticamente o dia todo, ouvindo músicas e fazendo gravações. Gravávamos programas em forma de novela, e também músicas -na qual nós mesmos éramos os cantores. Era muita diversão. Convidávamos nossos amigos para participarem das gravações e após ouvíamos todos sentados em círculos. Se não desse certo, gravávamos novamente até ficar do jeito que queríamos. É claro que eu era a chefe de tudo isso, já tinha minha habilidade na comunicação e não foi a toa que escolhi curso de Letras. Durante um longo período, meus irmãos e eu aproveitamos bastante o rádio-gravador. Todavia, por ser do Paraguai, não resistiu muito tempo e começou a engolir as fitas até que travou tudo. Bom se eu fosse contar detalhadamente a história do rádio em minha vida, ficaria aqui um bom tempo escrevendo. Porém o que importa mesmo são essas lembranças que permanecem em nossa mente independente do tempo que passa. Por isso dizem que o nosso cérebro é um computador, mas a vantagem ( ou desvantagem) que nos torna diferente desta máquina é que não conseguimos deletar os arquivos da memória. Então levamos para sempre em nossa mente essas recordações e transmitimos para outras gerações. Quando paro e reflito sobre essa evolução na tecnologia, fico feliz, pois naquela época, nem todos tinham acesso a informações a nível mundial, éramos medíocres. Hoje, mesmo a população da classe baixa possui equipamentos tecnológicos. Por conta do avanço e a concorrência das empresa as mercadorias e os equipamentos tornaram-se mais baratos e quase toda a população brasileira passou a adquirir esses produtos. A maioria das pessoas de classe baixa já possui computador, celular, MP3, entre outros. Sinto me realizada por ser uma pessoa moderna e conectada com o mundo da tecnologia através da rede de informação que é totalmente diferente do período da minha infância. Sendo o homem inventor desses equipamentos tecnológicos vale aqui lançar um elogio de parabéns pelas conquistas. Sandra Maria Alves de Souza Escola Municipal São Pedro 20/06/2009