O documento descreve a experiência de colocar uma escola primária dentro das instalações da Escola Prática de Polícia em Torres Novas. 278 alunos frequentam aulas na escola da polícia há um ano. Pais, professores e alunos estão satisfeitos com a mudança, citando melhores instalações, mais segurança e uma visão positiva dos policias. A única reclamação dos alunos é não poderem jogar bola no pátio para não quebrarem vidros.
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SEGURANÇA Domingo _20 de janeiro de 2013. Diário de Notícias
BALANÇO
‘Tudo corre bem’,
diz diretor da PSP
› Do outro lado, da PSP já se
,
habituaram aos “estorni-
nhos” (passarinhos ruidosos
e irrequietos), como são cari-
nhosamente chamados os
alunos. O superintendente
chefe PintoVieira, diretor da
Escola Prática de Polícia, des-
taca a“dinâmica diferente”
que o projeto trouxe. Neste
momento está a decorrer um
curso para agentes, com
299 alunos.“Havia espaço
disponível e acabámos tam-
bém por, com o apoio da câ-
mara, fazer algumas obras
necessárias”, salienta. A repa-
vimentação total da zona da
parada foi uma delas. Aulas
práticas têm uma assistência
diferente, tendo a polícia or-
ganizado uma demonstração
de cães e atividades de segu-
FOTOS DE PEDRO ROCHA / GLOBAL IMAGENS rança rodoviária.
Crianças e agentes convivem no pátio, onde, para desgosto dos rapazes, é proibido jogar para que não se partam vidros
A escola primária “mais
segura do mundo”
funciona dentro da PSP
Torres Novas. Edifício da Escola Prática da Polícia recebe, há um ano,
278 alunos do ensino básico. Experiência tem funcionado muito bem
semcomadireçãodaEPPecomos rança” que podem ir observando
VALENTINA MARCELINO
responsáveis daautarquia”, conta na sua rotina. O professor Paulo
Paulo Renato.“Viramsalas de aula Renato também tem lá o filho e
Usaratradicional ameaça“se não melhores, um grande recreio, um contaqueeste“sesenteimportan-
comeres a sopa chamo o polícia pavilhãogimnodesportivoeumre- teporestarnaescoladapolícia,pa- Pais gostam da segurança que a escola da polícia fornece
mau” é escusado com estes miú- feitórioacimadaprevisãomaisoti- raele foi como umapromoção”. O
dos. O mais provável é responde- mistaeissoajudou-osacompreen- professor não tem dúvida de que
rem: “Então chama que ele man-
da-te embora!” No último ano ha-
dere aaceitaramudança, pois era
paramelhor”, acrescentao profes-
“este grupo de alunos vai ter uma
visão muito diferente dos polícias
Requalificação
bituaram-se a conviver diaria-
mente com eles, não porque se
tenhamportadomalousejamalvo
sor.Quaseumanodepoisninguém
searrependeu.
Essa satisfação é comprovável
e perceberão que o seu trabalho
nos ajudano diaadia”.
Numadas salas de aula, aturma
motivou a mudança
de alguma experiência pedagó- emconversacomalgunsdospaise do 4.º ano da professora Anabela ALTERNATIVA Em vez de colo- tral, entre o agrupamento escolar,
gica. Simplesmente porque todos avós que, logo pelamanhã, vão ali Fernandes, hámuitos braços no ar car os alunos em contento- aCâmaraMunicipal e aPSP .
os dias vão para as aulas que deixar os filhos. Recebidos por a pedir para responder à nossa res, escolaVisconde de São “Eraumdesafio, mas comtodas
decorrem nas instalações dapró- agentesdaPSP ,queestãonaporta- perguntasobre se gostamde estar as condições paradarcerto”, subli-
priaPSP aEscolaPráticade Polícia
, ria,quejásehabituaramàantesin- naquelaescola. Aline, André, Ma-
Gião preferiu outrasolução nha Paulo Renato. O soberbo edi-
(EPP), em Torres Novas. São 278 vulgar algazarra infantil na zona, ria, João, Diogo, Bernardo, Eva, Jo- e encontrou aPSP fício da escola da polícia, com di-
alunos, entre os 6e os 10 anos, e di- confessam-se tranquilos.“Naver- sé ganham avez. Porém, os gene- versas salas de aula disponíveis,
zemque andamnaescolamais se- dade,odiaadiaescolarnãosealte- ralizados “gosto muito de estar Arequalificação da escola básica áreas de recreio e até umrefeitório
gurado mundo. Reclamações, há rou,masemtermosdeinstalações aqui” ou o“sentimo-nos mais se- Visconde de São Gião obrigou a espaçoso tornaram-se apelativos
uma grande: não podem jogar à estão muito melhores”, diz o casal guros” vêm quase todos com um pensar num espaço alternativo para quem vinha de uma escola
bolaparanão partiros vidros! Margaridae Paulo Rosário, pais de “mas…” logo a seguir. O descon- para alojar as 12 turmas. “Não antiga, já bastante degradada e
Olhando o edifício da EPP de um menino de oito anos. O fator tentamento vai, por exemplo, pa- queríamos a habitual, neste tipo com um pátio de poeira e pedras.
frente,aescolaprimáriaficadolado “segurança” é também mais um ra o chão do recreio de alcatrão, de casos, alternativa dos conten- “Fomos muito bemrecebidos”, su-
esquerdoeapolíciadoladodireito. ponto positivo e não veem qual- “que magoa mais quando se cai”, tores”, explica o professor Paulo blinha a coordenadora da escola
Emvésperadamudança, emabril querproblemanoconvíviocomos ou“não poderfazerpinos e rodas”, Renato, responsável pelo agrupa- básica, professora Helena Rosa,
de 2012, havia no ar um misto de polícias.“Ficam mais informados ou“a sopa não é grande coisa” ou mento escolar. Foram pensadas “fizeram tudo o que puderam pa-
expectativaemrelaçãoànovaexpe- e despertos para esta profissão”, ainda“não podemos dartiros com “várias hipóteses juntamente com ra ficarmos bem instalados, in-
riência, aliada a um, nos dias de consideraMargarida.Omesmogé- eles (os polícias)”. No entanto, há aautarquiae surgiu apossibilida- cluindo algumas obras de adapta-
hoje, enorme conforto pelasegu- nerodeapreciaçãotemamãeSan- umacoisaaindamais“grave”, que de daEPP”. ção originais, como usarem os es-
rançaquerepresentariaterosfilhos draEstêvão,quecontaqueoseufi- nasuasinceridade politicamente O pioneirismo da opção – ter trados que antes estavam junto
naescoladapolícia.“No primeiro lho, tambémde oito anos,“dizque incorreta,confessampublicamen- crianças apartilhar um espaço de aos quadros das salas de aula, pa-
diade aulas trouxemos cáos pais andanaescoladapolíciaequetem te: “Não nos deixam jogar à bola formação e treino de futuros polí- ra elevar o piso nas casas de ba-
paraveras instalações. Quisemos muitos amigos polícias”. O avô de paranão partiros vidros”, desaba- cias –não crioureceio nos respon- nho”. Os pais foram atempada-
que se identificassemcomo espa- Carolina de 7 anos, Luís Alcobia, fao inconformado André que, por sáveis escolares e foram iniciadas mente informados e não houve
çoequeconhecessemeconversas- gostada“ideiadedisciplinaesegu- acaso, querserfutebolista. conversações, a nível local e cen- notade oposição. V.M.