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1 Nome dos acadêmicos
2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I – 20/10/22
Adriana Melo e Silva¹
Daniele Miguel da Costa
Telma Souza Pimentel
Viviane Costa Xavier
Flávia Cristina C. B Costa²
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo, traz enfoque quanto a potenciais da farmacogenética/farmacogenômica no
tratamento de algumas doenças, como exemplificado neste estudo, Diabetes Mellitus. A escolha
por este enfoque partiu devido que a diabetes é uma grande ameaça para a saúde das pessoas e
tornou-se um relevante no cenário da saúde pública.
Mesmo tendo atualmente vários medicamentos utilizados no tratamento desta patologia, há ainda
algumas limitações, como diferentes respostas aos medicamentos entre os indivíduos, falha no
controle glicêmico e efeitos adversos. Com isso, tem-se observado a necessidade de explorar
estratégias terapêuticas mais eficazes para pacientes com diabetes. E, atualmente, a
farmacogenômica tem fornecido potencial para terapia medicamentosa individualizada com base
em informações genéticas e genômicas de pacientes e tornou possível a medicina de precisão, isso
porque, respostas e efeitos adversos aos medicamentos antidiabéticos estão significativamente
associados a polimorfismos genéticos em pacientes (ARAÚJO et al, 2015).
Devido a isso, muitos novos medicamentos para tratamento de diabetes tem sido estudados e
desenvolvidos, e até entraram em fases de testes clínicos. E, portanto, sendo fundamental que se
demonstre a importância de que profissionais de saúde, inclusive farmacêuticos, detenham de
conhecimento da farmacogenética/farmacogenômica, para assim buscar melhor opção de
tratamento de doenças crônicas, garantindo mais efetividade e segurança dos pacientes.
O objetivo deste estudo de forma geral então é abordar os potenciais da
farmacogenética/farmacogenômica de drogas antidiabéticas e assim deter de melhor tratamento em
pacientes com diabetes. De forma específica, descrever enfoque quanto a farmacogenética /
farmacogenômica de medicamentos; apresentar a importância destas estratégias terapêuticas mais
eficazes para pacientes com diabetes, e por fim, abordar a importância do conhecimento da
farmacogenômica das doenças crônicas para a melhoria do manejo ao paciente no cuidado à saúde,
aumentando sua segurança e a efetividade dos tratamentos pelos profissionais da área da saúde.
Dessa forma, busca-se por meio deste estudo responder a seguinte questão problema: De que forma
farmacogenética/farmacogenômica de drogas antidiabéticas pode colaborar para terapêutica mais
individualizada junto a pacientes com diabetes?
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Diabetes Mellitus e sua representatividade em saúde pública
Doenças não transmissíveis são doenças de natureza não infecciosa que causam doenças graves e
debilitantes, tendo notoriedade no campo da saúde pública, visto que, são causas de morbidade e
mortalidade, além de que tem-se aumentado em prevalência, e com isso tornando-as foco de
intensa pesquisa. No caso da diabetes, essa se refere a uma doença metabólica crônica causada pela
secreção insuficiente de insulina, resistência à insulina ou ambas (BRAGANÇA, 2020).
Pode ser dividida em: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, tendo também formas híbridas de diabetes, e
APLICAÇÕES ATUAIS E POTENCIAIS DA
FARMACOGENÉTICA/FARMACOGENÔMICA,
ASSOCIADA À DOENÇAS CRÔNICAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS ESPECIALMENTE NA ÁREA
DA DIABETES
2
outros tipos específicos como a diabetes gestacional. Referente a representatividade no cenário da
saúde pública, reitera-se que pessoas com diabetes correm maior risco de complicações clínicas,
como doença cardiovascular, retinopatia, neuropatia e doença renal devido a níveis elevados de
glicose, e portanto sendo fundamental tratamento adequado pelo paciente (ARAÚJO et al., 2015).
Tratamento atual de diabetes mellitus
O tratamento do diabetes é uma questão clínica oportuna. Além da modulação da dieta e exercícios
adequados, os medicamentos antidiabéticos são abordagens vitais no manejo clínico do diabetes. A
terapia farmacológica atual para diabetes inclui: agentes hipoglicemiantes orais e insulina. Os
hipoglicemiantes orais são divididos em oito categorias: sulfoniluréias, biguanidas, glinidas,
tiazolidinedionas, inibidores de alfa-glicosidase, agonistas do receptor GLP-1, inibidores de DPP4
e inibidores de SGLT2 (BRAGANÇA, 2020), cada qual tendo objetivo específicico que são:
Figura 1: Ações e busca terapêutica de hipoglicemiantes orais
Fonte: Bragança (2020, p. 33).
Podendo assim colocar que, mesmo com múltiplos fármacos anti-hiperglicémicos disponíveis, e,
ao fato de um mesmo agente antidiabético podendo conduzir a várias respostas terapêuticas e, até
acometer efeitos adversos graves, tem ocorrido uma crescente incerteza quanto à seleção e rastreio
adequados dos agentes antidiabéticos. Isso em parte devido a metabolização de fármacos,
conforme descreveu Maioral (2020, p. 167) de que “as principais enzimas atuantes na
metabolização de fármacos são as enzimas da família do citocromo P450 ou CYP450. Assim,
alterações em enzimas pertencentes a essa família influenciam diretamente na ação de diferentes
fármacos”.
Vale reiterar ainda que medicamentos potenciais para diabetes continuam a surgir, em particular,
espera-se que aqueles com novos alvos ofereçam tratamento mais eficaz. Isso porque a genômica
está revolucionando nossa compreensão da base biológica da doença, e é indiscutível que os
genótipos individuais, em combinação com exposições ao longo da vida (ambientes), são
determinantes críticos do risco de doenças não transmissíveis (DCNT) (ARAÚJO et al., 2015).
Entendimento quanto a farmacogenética e a farmacogenômica
Uma das formas de alcançar medicina de precisão e orientar o uso adequado de agentes
antidiabéticos é fornecer medicamentos baseados na informação genética dos indivíduos por meio
de abordagens farmacogenômicas, conforme representado na figura 2 abaixo:
3
Figura 2: Resposta de determinado medicamento a pacientes
Fonte: Reis (2006).
Essa resposta diferente está relacionada a genética diferente que os indivíduos apresentam, e com
isso, podendo haver interação da droga com receptor de forma diferente. Tanto os fatores genéticos
quanto os não genéticos contribuem para diferentes respostas a medicamentos em indivíduos. Vale
reiterar que, a farmacogenética e a farmacogenômica estudam a associação entre diferentes
respostas a medicamentos e fatores genéticos em cada indivíduo (ARAÚJO et al., 2015).
Reitera-se neste contexto a farmacogenética, que se refere a um estudo, focado na variação do
genoma humano e sua influência na resposta individual a drogas, eficácia e toxicidade de drogas.
Conforme explicado por Maioral (2020, p. 167) de que:
As diferenças genotípicas entre os indivíduos muitas vezes refletem em diferenças
fenotípicas entre eles. Esse conceito se aplica também no que se refere a diferentes
respostas a fármacos, pois tanto a farmacocinética quanto a farmacodinâmica estão
associadas à ação de diferentes enzimas e proteínas, as quais, por sua vez, são codificadas
por genes que podem conter diferenças entre os diferentes indivíduos. Tais diferenças
podem representar fator determinante para a eficácia de um medicamento ou ainda a
probabilidade da ocorrência de efeitos colaterais e até mesmo tóxicos, tornando-se
interessante conhecer tais diferenças na busca pela aplicação da medicina personalizada
Pode-se então colocar que, a farmacogenômica considera os fatores genéticos dos indivíduos e
orienta a seleção de medicamentos e o uso mais eficiente de medicamentos de acordo com
informações genômicas e outras ‘ômicas’, o que pode melhorar a eficácia da farmacoterapia e
reduzir os riscos de efeitos adversos (FERNANDES, 2020).
Pesquisa farmacogenética em Diabetes Mellitus
A pesquisa farmacogenética em DM já avançou em compreensão da fisiopatologia da
hiperglicemia, destacando a célula β como um ponto nodal em sua patogênese. Além disso, a
investigação farmacogenética já começou a cumprir a promessa de terapia individualizada para
algumas formas monogênicas de diabetes. No entanto, potenciais para a tradução de descobertas
farmacogenéticas para o manejo clínico do diabetes ainda permanecem (MAIORIAL, 2020).
Assim, a medicina de precisão é a prática de fornecer tratamentos personalizados para pacientes
com base em características individuais, incluindo fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida,
e é benéfica para superar as limitações existentes de intervenções terapêuticas. E, com isso,
podendo colocar que a farmacogenômica, que estuda quase todos os agentes antidiabéticos atuais,
está se tornando uma abordagem mais eficaz para prevenir, classificar, controlar e tratar o diabetes
(ARAÚJO et al., 2015).
4
3. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desse artigo foi utilizado à pesquisa bibliográfica, que se respalda no
trabalho desenvolvido por pesquisadores do assunto pretendido.
A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias [...] trata-se de levantamento de toda
bibliográfica já publicada, em formas de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa
escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi
escrito sobre determinado assunto (LAKATOS; MARCONI, 2016, p 43).
A esse respeito é possível perceber que a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador conhecer
os problemas já apresentados, como também explorar novas áreas de conhecimentos. E, portanto,
de abordagem qualitativa descritiva, composto por artigos científicos, livros, legislações e notas
técnicas.
Para a realização desse estudo primeiramente foram identificados e localizados artigos compatíveis
com os objetivos propostos nesse tema. As bases de dados que foram utilizadas para a pesquisa em
biblioteca virtual nas seguintes bases de dados: Google acadêmico, Scientific Electronic Library
Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Os
termos de busca utilizados para encontrar os artigos foram: farmacogenética; farmacogenômica;
diabetes; fármacos; medicina personalizada. Os artigos selecionados foram publicados entre 2000 a
2020 em periódicos nacionais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Observou-se por meio deste estudo que embora drogas tenham efeitos terapêuticos relevantes no
diabetes, sua manutenção em longo prazo algumas vezes não demonstra resposta favorável, e em
alguns casos até mesmo apresentando respostas em indivíduos como reações adversas
(MAIORIAL, 2020). Assim, alguns agentes produzem efeitos adversos, como hipoglicemia, ganho
de peso, desconforto gastrointestinal, infecções urogenitais, desconforto no local da injeção e
insuficiência cardíaca (FERNANDES, 2020). Com isso, tem-se buscado cada vez mais, melhorar
os efeitos terapêuticos dos medicamentos antidiabéticos atuais, diminuir o risco de efeitos adversos
e até mesmo reverter fundamentalmente o desenvolvimento do diabetes por meio da descoberta e
desenvolvimento de novos alvos (ARAÚJO et al., 2015). Assim, agentes antidiabéticos com novos
alvos estão passando por ensaios clínicos; esses agentes podem se tornar novas abordagens de
tratamento para diabetes e fornecer mais opções terapêuticas para pacientes com diabetes
(BRAGANÇA, 2020).
Melhor explicando esse processo, a pesquisa farmacogenética tem buscado estudar como a
variação genética pode influenciar a eficácia e/ou toxicidade do medicamento; a farmacogenômica
expande essa busca para todo o genoma (FERNANDES, 2020).
Assim, descobertas farmacogenéticas e farmacogenômica tem colaborado então no intuito de
descobrir novos alvos de drogas, iluminar a fisiopatologia, esclarecer a heterogeneidade da doença,
auxiliar no mapeamento fino de associações genéticas e contribuir para o tratamento
personalizado. No diabetes, há um precedente para a aplicação bem-sucedida de conceitos
farmacogenéticos a formas monogênicas da doença. E, no caso da Diabetes Mellitus, a descoberta
de determinantes genéticos que modulam a resposta glicêmica pode fornecer uma pista para o
mecanismo de tratamento do DM2 e, finalmente, pode avançar no desenvolvimento de tratamento
personalizado (MAIORIAL, 2020).
Com isso, podendo colocar que a farmacogenômica significa formular um plano terapêutico
geneticamente adaptado para alcançar a melhor resposta individual ideal. O perfil genético do
indivíduo é considerado para otimizar a farmacocinética e a farmacodinâmica, na obtenção da
eficácia e resposta medicamentosa desejadas (REIS, 2006).
Nos últimos anos, vários polimorfismos de genes na resposta terapêutica de vários medicamentos
5
antidiabéticos têm sido estudados. Portanto, dar importância à variabilidade genética
interindividual em resposta aos antidiabéticos é o fator primordial para alcançar a ‘diabetologia
personalizada’ (FERNANDES, 2020).
Estudos de farmacogenômica reitera que muitos fármacos utilizados no tratamento de Diabetes
Mellitus como metformina e sulfonilureias demonstram ineficaz para alguns pacientes, e trazendo
efeitos adversos relevantes, e, com isso, tem-se buscado tratamento da diabetes baseados em
medicina de precisão para a diabetes no futuro (ARAÚJO et al., 2015).
Assim, medicamentos com novos alvos para o diabetes têm sido desenvolvidos, buscando novas
opções de tratamento. Mas, ainda há um longo caminho a percorrer para melhorar o tratamento do
diabetes para atingir os objetivos terapêuticos de maneira melhor e mais rápida. E, com isso, tem-
se investigado a farmacogenômica de agentes antidiabéticos em maior profundidade, acumulando
evidências clínicas definitivas (BRAGANÇA, 2020; FERNANDES, 2020).
Dessa forma, podendo colocar que a farmacogenômica e a farmacogenética tem demonstrado ser
uma ferramenta importante para entender melhor a variabilidade interindividual mas também para
avaliar o potencial terapêutico de tal variabilidade na individualização da droga e otimização
terapêutica (MAIORIAL, 2020; FERNANDES, 2020).
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Rian Felipe de; PINTO, Giovanny Rebouças; CARVALHO, Lino Camila de;
KARICIA, Bonfim de Lima de Freitas; NUNES, Lívio Cesar Cunha. Considerações sobre a
farmacogenética da diabetes mellitus tipo 2 como subsídio para a P&D de medicamentos. Boletim
Informativo Geum. v. 6, n. 4, 2015.
BRAGANÇA, Luiz Antônio Ranzeiro de. Farmacologia dos Antidiabéticos Orais. TCC.
Universidade Federal Fluminense Instituto Biomédico. Faculdade de Medicina. 2020. Disponível
em: https://farmacoclinica.uff.br/wp-content/uploads/sites/237/2020/08/0_1_Antidiabeticos_orais
_agosto_de_2017.pdf. Acesso em 01 mai 2023.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa,
pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de
curso. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
FERNANDES, Letícia da Silva Pereira. Biologia molecular. Indaial: UNIASSELVI, 2020.
MAIORIAL, Mariana Franzoni. Genética humana e médica. Indaial: UNIASSELVI, 2020.
REIS, M. Farmacogenética aplicada ao câncer: quimioterapia individualizada e especificidade
molecular. Revista da USP, v. 29, n. 4, 2006.

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  • 1. 1 Nome dos acadêmicos 2 Nome do Professor tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I – 20/10/22 Adriana Melo e Silva¹ Daniele Miguel da Costa Telma Souza Pimentel Viviane Costa Xavier Flávia Cristina C. B Costa² 1. INTRODUÇÃO O presente artigo, traz enfoque quanto a potenciais da farmacogenética/farmacogenômica no tratamento de algumas doenças, como exemplificado neste estudo, Diabetes Mellitus. A escolha por este enfoque partiu devido que a diabetes é uma grande ameaça para a saúde das pessoas e tornou-se um relevante no cenário da saúde pública. Mesmo tendo atualmente vários medicamentos utilizados no tratamento desta patologia, há ainda algumas limitações, como diferentes respostas aos medicamentos entre os indivíduos, falha no controle glicêmico e efeitos adversos. Com isso, tem-se observado a necessidade de explorar estratégias terapêuticas mais eficazes para pacientes com diabetes. E, atualmente, a farmacogenômica tem fornecido potencial para terapia medicamentosa individualizada com base em informações genéticas e genômicas de pacientes e tornou possível a medicina de precisão, isso porque, respostas e efeitos adversos aos medicamentos antidiabéticos estão significativamente associados a polimorfismos genéticos em pacientes (ARAÚJO et al, 2015). Devido a isso, muitos novos medicamentos para tratamento de diabetes tem sido estudados e desenvolvidos, e até entraram em fases de testes clínicos. E, portanto, sendo fundamental que se demonstre a importância de que profissionais de saúde, inclusive farmacêuticos, detenham de conhecimento da farmacogenética/farmacogenômica, para assim buscar melhor opção de tratamento de doenças crônicas, garantindo mais efetividade e segurança dos pacientes. O objetivo deste estudo de forma geral então é abordar os potenciais da farmacogenética/farmacogenômica de drogas antidiabéticas e assim deter de melhor tratamento em pacientes com diabetes. De forma específica, descrever enfoque quanto a farmacogenética / farmacogenômica de medicamentos; apresentar a importância destas estratégias terapêuticas mais eficazes para pacientes com diabetes, e por fim, abordar a importância do conhecimento da farmacogenômica das doenças crônicas para a melhoria do manejo ao paciente no cuidado à saúde, aumentando sua segurança e a efetividade dos tratamentos pelos profissionais da área da saúde. Dessa forma, busca-se por meio deste estudo responder a seguinte questão problema: De que forma farmacogenética/farmacogenômica de drogas antidiabéticas pode colaborar para terapêutica mais individualizada junto a pacientes com diabetes? 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diabetes Mellitus e sua representatividade em saúde pública Doenças não transmissíveis são doenças de natureza não infecciosa que causam doenças graves e debilitantes, tendo notoriedade no campo da saúde pública, visto que, são causas de morbidade e mortalidade, além de que tem-se aumentado em prevalência, e com isso tornando-as foco de intensa pesquisa. No caso da diabetes, essa se refere a uma doença metabólica crônica causada pela secreção insuficiente de insulina, resistência à insulina ou ambas (BRAGANÇA, 2020). Pode ser dividida em: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, tendo também formas híbridas de diabetes, e APLICAÇÕES ATUAIS E POTENCIAIS DA FARMACOGENÉTICA/FARMACOGENÔMICA, ASSOCIADA À DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS ESPECIALMENTE NA ÁREA DA DIABETES
  • 2. 2 outros tipos específicos como a diabetes gestacional. Referente a representatividade no cenário da saúde pública, reitera-se que pessoas com diabetes correm maior risco de complicações clínicas, como doença cardiovascular, retinopatia, neuropatia e doença renal devido a níveis elevados de glicose, e portanto sendo fundamental tratamento adequado pelo paciente (ARAÚJO et al., 2015). Tratamento atual de diabetes mellitus O tratamento do diabetes é uma questão clínica oportuna. Além da modulação da dieta e exercícios adequados, os medicamentos antidiabéticos são abordagens vitais no manejo clínico do diabetes. A terapia farmacológica atual para diabetes inclui: agentes hipoglicemiantes orais e insulina. Os hipoglicemiantes orais são divididos em oito categorias: sulfoniluréias, biguanidas, glinidas, tiazolidinedionas, inibidores de alfa-glicosidase, agonistas do receptor GLP-1, inibidores de DPP4 e inibidores de SGLT2 (BRAGANÇA, 2020), cada qual tendo objetivo específicico que são: Figura 1: Ações e busca terapêutica de hipoglicemiantes orais Fonte: Bragança (2020, p. 33). Podendo assim colocar que, mesmo com múltiplos fármacos anti-hiperglicémicos disponíveis, e, ao fato de um mesmo agente antidiabético podendo conduzir a várias respostas terapêuticas e, até acometer efeitos adversos graves, tem ocorrido uma crescente incerteza quanto à seleção e rastreio adequados dos agentes antidiabéticos. Isso em parte devido a metabolização de fármacos, conforme descreveu Maioral (2020, p. 167) de que “as principais enzimas atuantes na metabolização de fármacos são as enzimas da família do citocromo P450 ou CYP450. Assim, alterações em enzimas pertencentes a essa família influenciam diretamente na ação de diferentes fármacos”. Vale reiterar ainda que medicamentos potenciais para diabetes continuam a surgir, em particular, espera-se que aqueles com novos alvos ofereçam tratamento mais eficaz. Isso porque a genômica está revolucionando nossa compreensão da base biológica da doença, e é indiscutível que os genótipos individuais, em combinação com exposições ao longo da vida (ambientes), são determinantes críticos do risco de doenças não transmissíveis (DCNT) (ARAÚJO et al., 2015). Entendimento quanto a farmacogenética e a farmacogenômica Uma das formas de alcançar medicina de precisão e orientar o uso adequado de agentes antidiabéticos é fornecer medicamentos baseados na informação genética dos indivíduos por meio de abordagens farmacogenômicas, conforme representado na figura 2 abaixo:
  • 3. 3 Figura 2: Resposta de determinado medicamento a pacientes Fonte: Reis (2006). Essa resposta diferente está relacionada a genética diferente que os indivíduos apresentam, e com isso, podendo haver interação da droga com receptor de forma diferente. Tanto os fatores genéticos quanto os não genéticos contribuem para diferentes respostas a medicamentos em indivíduos. Vale reiterar que, a farmacogenética e a farmacogenômica estudam a associação entre diferentes respostas a medicamentos e fatores genéticos em cada indivíduo (ARAÚJO et al., 2015). Reitera-se neste contexto a farmacogenética, que se refere a um estudo, focado na variação do genoma humano e sua influência na resposta individual a drogas, eficácia e toxicidade de drogas. Conforme explicado por Maioral (2020, p. 167) de que: As diferenças genotípicas entre os indivíduos muitas vezes refletem em diferenças fenotípicas entre eles. Esse conceito se aplica também no que se refere a diferentes respostas a fármacos, pois tanto a farmacocinética quanto a farmacodinâmica estão associadas à ação de diferentes enzimas e proteínas, as quais, por sua vez, são codificadas por genes que podem conter diferenças entre os diferentes indivíduos. Tais diferenças podem representar fator determinante para a eficácia de um medicamento ou ainda a probabilidade da ocorrência de efeitos colaterais e até mesmo tóxicos, tornando-se interessante conhecer tais diferenças na busca pela aplicação da medicina personalizada Pode-se então colocar que, a farmacogenômica considera os fatores genéticos dos indivíduos e orienta a seleção de medicamentos e o uso mais eficiente de medicamentos de acordo com informações genômicas e outras ‘ômicas’, o que pode melhorar a eficácia da farmacoterapia e reduzir os riscos de efeitos adversos (FERNANDES, 2020). Pesquisa farmacogenética em Diabetes Mellitus A pesquisa farmacogenética em DM já avançou em compreensão da fisiopatologia da hiperglicemia, destacando a célula β como um ponto nodal em sua patogênese. Além disso, a investigação farmacogenética já começou a cumprir a promessa de terapia individualizada para algumas formas monogênicas de diabetes. No entanto, potenciais para a tradução de descobertas farmacogenéticas para o manejo clínico do diabetes ainda permanecem (MAIORIAL, 2020). Assim, a medicina de precisão é a prática de fornecer tratamentos personalizados para pacientes com base em características individuais, incluindo fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, e é benéfica para superar as limitações existentes de intervenções terapêuticas. E, com isso, podendo colocar que a farmacogenômica, que estuda quase todos os agentes antidiabéticos atuais, está se tornando uma abordagem mais eficaz para prevenir, classificar, controlar e tratar o diabetes (ARAÚJO et al., 2015).
  • 4. 4 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento desse artigo foi utilizado à pesquisa bibliográfica, que se respalda no trabalho desenvolvido por pesquisadores do assunto pretendido. A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias [...] trata-se de levantamento de toda bibliográfica já publicada, em formas de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto (LAKATOS; MARCONI, 2016, p 43). A esse respeito é possível perceber que a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador conhecer os problemas já apresentados, como também explorar novas áreas de conhecimentos. E, portanto, de abordagem qualitativa descritiva, composto por artigos científicos, livros, legislações e notas técnicas. Para a realização desse estudo primeiramente foram identificados e localizados artigos compatíveis com os objetivos propostos nesse tema. As bases de dados que foram utilizadas para a pesquisa em biblioteca virtual nas seguintes bases de dados: Google acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Os termos de busca utilizados para encontrar os artigos foram: farmacogenética; farmacogenômica; diabetes; fármacos; medicina personalizada. Os artigos selecionados foram publicados entre 2000 a 2020 em periódicos nacionais. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Observou-se por meio deste estudo que embora drogas tenham efeitos terapêuticos relevantes no diabetes, sua manutenção em longo prazo algumas vezes não demonstra resposta favorável, e em alguns casos até mesmo apresentando respostas em indivíduos como reações adversas (MAIORIAL, 2020). Assim, alguns agentes produzem efeitos adversos, como hipoglicemia, ganho de peso, desconforto gastrointestinal, infecções urogenitais, desconforto no local da injeção e insuficiência cardíaca (FERNANDES, 2020). Com isso, tem-se buscado cada vez mais, melhorar os efeitos terapêuticos dos medicamentos antidiabéticos atuais, diminuir o risco de efeitos adversos e até mesmo reverter fundamentalmente o desenvolvimento do diabetes por meio da descoberta e desenvolvimento de novos alvos (ARAÚJO et al., 2015). Assim, agentes antidiabéticos com novos alvos estão passando por ensaios clínicos; esses agentes podem se tornar novas abordagens de tratamento para diabetes e fornecer mais opções terapêuticas para pacientes com diabetes (BRAGANÇA, 2020). Melhor explicando esse processo, a pesquisa farmacogenética tem buscado estudar como a variação genética pode influenciar a eficácia e/ou toxicidade do medicamento; a farmacogenômica expande essa busca para todo o genoma (FERNANDES, 2020). Assim, descobertas farmacogenéticas e farmacogenômica tem colaborado então no intuito de descobrir novos alvos de drogas, iluminar a fisiopatologia, esclarecer a heterogeneidade da doença, auxiliar no mapeamento fino de associações genéticas e contribuir para o tratamento personalizado. No diabetes, há um precedente para a aplicação bem-sucedida de conceitos farmacogenéticos a formas monogênicas da doença. E, no caso da Diabetes Mellitus, a descoberta de determinantes genéticos que modulam a resposta glicêmica pode fornecer uma pista para o mecanismo de tratamento do DM2 e, finalmente, pode avançar no desenvolvimento de tratamento personalizado (MAIORIAL, 2020). Com isso, podendo colocar que a farmacogenômica significa formular um plano terapêutico geneticamente adaptado para alcançar a melhor resposta individual ideal. O perfil genético do indivíduo é considerado para otimizar a farmacocinética e a farmacodinâmica, na obtenção da eficácia e resposta medicamentosa desejadas (REIS, 2006). Nos últimos anos, vários polimorfismos de genes na resposta terapêutica de vários medicamentos
  • 5. 5 antidiabéticos têm sido estudados. Portanto, dar importância à variabilidade genética interindividual em resposta aos antidiabéticos é o fator primordial para alcançar a ‘diabetologia personalizada’ (FERNANDES, 2020). Estudos de farmacogenômica reitera que muitos fármacos utilizados no tratamento de Diabetes Mellitus como metformina e sulfonilureias demonstram ineficaz para alguns pacientes, e trazendo efeitos adversos relevantes, e, com isso, tem-se buscado tratamento da diabetes baseados em medicina de precisão para a diabetes no futuro (ARAÚJO et al., 2015). Assim, medicamentos com novos alvos para o diabetes têm sido desenvolvidos, buscando novas opções de tratamento. Mas, ainda há um longo caminho a percorrer para melhorar o tratamento do diabetes para atingir os objetivos terapêuticos de maneira melhor e mais rápida. E, com isso, tem- se investigado a farmacogenômica de agentes antidiabéticos em maior profundidade, acumulando evidências clínicas definitivas (BRAGANÇA, 2020; FERNANDES, 2020). Dessa forma, podendo colocar que a farmacogenômica e a farmacogenética tem demonstrado ser uma ferramenta importante para entender melhor a variabilidade interindividual mas também para avaliar o potencial terapêutico de tal variabilidade na individualização da droga e otimização terapêutica (MAIORIAL, 2020; FERNANDES, 2020). REFERÊNCIAS ARAÚJO, Rian Felipe de; PINTO, Giovanny Rebouças; CARVALHO, Lino Camila de; KARICIA, Bonfim de Lima de Freitas; NUNES, Lívio Cesar Cunha. Considerações sobre a farmacogenética da diabetes mellitus tipo 2 como subsídio para a P&D de medicamentos. Boletim Informativo Geum. v. 6, n. 4, 2015. BRAGANÇA, Luiz Antônio Ranzeiro de. Farmacologia dos Antidiabéticos Orais. TCC. Universidade Federal Fluminense Instituto Biomédico. Faculdade de Medicina. 2020. Disponível em: https://farmacoclinica.uff.br/wp-content/uploads/sites/237/2020/08/0_1_Antidiabeticos_orais _agosto_de_2017.pdf. Acesso em 01 mai 2023. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. FERNANDES, Letícia da Silva Pereira. Biologia molecular. Indaial: UNIASSELVI, 2020. MAIORIAL, Mariana Franzoni. Genética humana e médica. Indaial: UNIASSELVI, 2020. REIS, M. Farmacogenética aplicada ao câncer: quimioterapia individualizada e especificidade molecular. Revista da USP, v. 29, n. 4, 2006.