O vício da pornografia está se tornando cada vez mais comum e está tendo consequências graves. A pornografia causa mudanças neuroplásticas no cérebro que tornam as pessoas dependentes dela. Isso pode levar a relacionamentos destruídos e problemas para as crianças que são expostas a ela. No entanto, há recursos disponíveis para ajudar aqueles que lutam contra o vício da pornografia.
1. A pandemia
pornográfica:
estamos inundados
de pornografia
ESCRITO POR PATRICK TRUEMAN | 15 MARÇO 2012
ARTIGOS - CULTURA
O vício da pornografia é agora comum entre adultos e é até mesmo um problema crescente para
crianças e adolescentes. Poucos dos que são viciados conseguirão ajuda, e as consequências
podem durar a vida inteira, de forma grave.
Numa conversa com um padre em minha diocese, compartilhei o relatório do meu diretor
espiritual de que de cada duas confissões que ele ouve de homens, uma envolve o pecado da
pornografia. A resposta do padre foi chocante: “Oh, é muito pior do que isso!” Desde então, essa
triste realidade vem sendo confirmada por muitos outros: O pecado da pornografia está assolando
os homens católicos.
A pornografia é agora mais popular do que o futebol. Aliás, se tornou o passatempo dos Estados
Unidos, e estamos inundados de pornografia. A pornografia está em nossos computadores, em
nossos smartphones e nossas TV a cabo ou satélite. É comum em nossos hotéis e até mesmo em
muitos estabelecimentos comerciais e postos de gasolina. Para muitos homens — e cada vez mais,
mulheres — é parte de suas vidas diárias.
Contudo, o ensino católico sobre o assunto é claro. O uso da pornografia é uma “ofensa grave”. O
Catecismo da Igreja Católica declara: “A pornografia… é uma ofensa contra a castidade porque
perverte o ato conjugal, a doação íntima dos cônjuges um para o outro. Provoca grave dano à
dignidade de seus participantes (atores, vendedores, o público), pois cada um se torna um objeto
de prazer vil e lucro ilícito para outros” (2354).
2. No livro A Vida de Cristo (Life of Christ), o arcebispo Fulton J. Sheen escreveu: “A pena para
aqueles que vivem perto demais da carne é jamais entenderem o espiritual”. A pornografia
explícita na internet oferece um oceano de perversão.
Leva a mente aonde jamais deveria ir, soltando suas amarras morais e deixando-a a deriva num
traiçoeiro oceano de pecado. Esse é o destino trágico daqueles que se entregam à pornografia:
Eles se acham só com suas imagens e um apetite insaciável por mais.
Embora seja assombroso para muitos, os usuários de pornografia acabam pondo a religião, o
casamento, o trabalho e as amizades em segundo lugar depois de seu desejo por pornografia. Eles
querem mudar, voltar à vida como era antes da pornografia, mas a maioria voltará e descerá
muito mais. A Dra. Mary Anne Layden, diretora do Programa de Trauma Sexual e Psicopatologia do
Centro de Terapia Cognitiva da Universidade da Pensilvânia, assemelha a pornografia ao crack.
Num depoimento juramentado no Senado dos EUA em novembro de 2004, ela comentou: “Esse
material é potente, viciador e fica permanentemente implantado no cérebro”.
Lamentavelmente, para o consumidor normal de pornografia, a confissão e contrição são
geralmente insuficientes para se desprender da pornografia porque, como o vício das drogas, a
pornografia não é só um mau hábito — é muitas vezes um vício.
Um desejo que não satisfaz
O vício da pornografia é agora comum entre adultos e é até mesmo um problema crescente para
crianças e adolescentes. Poucos dos que são viciados conseguirão ajuda, e as consequências
podem durar a vida inteira, de forma grave.
A força viciadora da pornografia é consequência de mudanças neuroplásticas de longa duração, às
vezes permanentes, no cérebro. O psiquiatra Norman Doidge, autor do livro best-seller “O Cérebro
que se Transforma” (The Brain That Changes Itself, Penguin, 2007), escreve: “A pornografia, ao
oferecer um harém interminável de objetos sexuais, hiperativa o sistema apetitivo. Os que veem
pornografia desenvolvem novos mapas em seus cérebros, com base nas fotos e vídeos que veem.
Pelo fato de que se não exercitarmos nosso cérebro, ele ficará fraco, quando desenvolvemos uma
área de mapa, ansiamos mantê-la ativada. Exatamente como nossos músculos se tornam
impacientes para exercício se ficamos o dia inteiro sentados, assim também nossos sentidos têm
fome de ser estimulados” (108).
Com a pornografia, em outras palavras, o sistema de prazer de nosso cérebro que excita nossos
desejos é ativado, mas não há real satisfação. Isso explica a razão por que usuários conseguem
passar horas sem fim fazendo busca por pornografia na internet.
Doidge comenta, além disso, que os que veem pornografia desenvolvem tolerâncias de modo que
eles precisam de níveis cada vez mais elevados de estímulo. Por isso, eles muitas vezes avançam
para pornografia mais explícita e pervertida. Mais de uma década atrás, Margaret A. Healy,
professora adjunta da Escola de Direito da Universidade Fordham, e Muireann O’Brian, ex-diretora
da organização Acabe com a Pornografia, Prostituição e Tráfico de Crianças (APPTC), observaram
3. uma ligação entre pornografia adulta e infantil. Desde aquele tempo, grande número de
autoridades policiais, em atividade ou aposentadas, notou que muitos consumidores de
pornografia adulta acabam avançando para a pornografia infantil, ainda que não sejam pedófilos e
não tivessem nenhum interesse em tal material no início. Essas descobertas explicam, em parte, a
prevalência de pornografia infantil no mundo de hoje.
Ver pornografia muda a atitude do usuário para com o sexo, seu cônjuge e a sociedade. Ele ou ela
usa fantasias sexuais para se estimular sexualmente, tenta fazer com que os parceiros imitem as
cenas pornográficas, tem mais probabilidade de se envolver em assédio sexual ou agressão sexual,
e vê o sexo como um privilégio casual, não íntimo e recreativo. Laydon e outros psicólogos clínicos
relataram que, ironicamente, a disfunção erétil é comumente associada ao constante uso da
pornografia entre os homens. Um dos motivos para isso é que a constante busca de imagens
sexuais e masturbação que muitas vezes acompanha isso levam à insatisfação com o próprio
cônjuge. Afinal, a esposa de um homem não consegue manter uma imagem que compita com as
mulheres no mundo de fantasia dos vídeos e imagens pornográficos. O consumidor normal de
pornografia se prepara para desapontamentos e desintegração quase certa de seu casamento.
O amor conjugal foi feito para ser uma entrega total de si para um parceiro permanente e fiel. É
uma entrega confiante e abnegada. Em contraste, o sexo pornográfico é egoísta, degradante e
mecânico. Em sua catequese sobre a teologia do corpo, o Papa João Paulo 2 frisou que existe uma
“bondade moral” no casamento, que é a fidelidade. Essa bondade pode ser adequadamente
alcançada apenas no relacionamento exclusivo de ambas as partes. Muitas pessoas não
conseguem compreender essa bondade singular e se contentam com o excitamento temporário,
pervertido e insatisfatório da pornografia.
Protegendo nossas crianças
Um pai tem o dever de proteger seus filhos da pornografia e uma obrigação sagrada de dar um
exemplo de pureza para sua família. Que maior autoridade poderia um pai ter acerca dos danos da
pornografia do que as palavras de Cristo? “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa
mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mateus 5:28)
Se você se tornou consumidor de pornografia, faça a seguinte pergunta para você mesmo:
Será que sou o mesmo homem que prometeu fidelidade à minha esposa no dia do meu
casamento? Não dá para se manter fidelidade se há consumo de pornografia. As esposas de
consumidores de pornografia se sentem como se seus maridos estivessem cometendo adultério.
Adultérios mentais são tão destrutivos quanto os adultérios do coração.
Os advogados que trabalham com divórcio relatam que há uma elevada correspondência entre
consumo de pornografia e divórcios. Determinado estudo de 2004 na revista Social Science
Quarterly com o título de “Adult Social Bonds and Use of Internet Pornography” (Vínculos Sociais
Adultos e Uso de Pornografia de Internet) revelou que as pessoas que têm um caso extraconjugal
tinham uma probabilidade três vezes maior de ter acessado a pornografia de internet do que as
4. pessoas que não tinham casos. Além disso, aqueles que tiveram alguma experiência de sexo pago
tinham uma propensão 3,7 maior de estar usando pornografia de internet do que aqueles que não
tiveram.
Se você tem um hábito de pornografia, seus filhos poderão seguir seu hábito.
Muitos viciados em pornografia relatam que sua primeira exposição à pornografia foi quando
descobriram a coleção de pornografia de seus pais, a qual os iniciou numa vida de confusão e
exploração sexual. Uma pesquisa de 2006 do Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e
Exploradas revelou que 79 por cento dos jovens sofrem exposição indesejada à pornografia dentro
de casa.
Para uma criança, a pornografia normaliza os danos sexuais, de acordo com a Dra. Sharon Cooper,
pediatra da Universidade da Carolina do Norte. “As pesquisas mostram que o córtex pré-frontal —
onde reside a capacidade de avaliar, o bom senso, controle de impulsos e emoções — só fica
completamente maduro quando o jovem tem 20-22 anos de idade”, explicou ela. A introdução da
pornografia no córtex pré-frontal do cérebro é, pois devastadora para as principais áreas do
desenvolvimento de uma criança e pode provocar alterações que durarão a vida inteira. “Quando
uma criança vê pornografia adulta… o cérebro dela a convencerá de que ela está realmente
experimentando o que está vendo”, acrescentou Cooper. Em outras palavras, o que uma criança
vê na pornografia é o que ela acredita que é a realidade.
Algumas crianças realmente procurarão imitar o que veem na pornografia e tentarão experiências
com seus irmãos, parentes e amigos. Muitos estudos mostram que crianças expostas à pornografia
iniciam a atividade sexual muito precocemente, têm mais parceiros sexuais e têm múltiplos
parceiros num curto período de tempo. Um estudo de 2001 na revista Pediatrics também revelou
que meninas adolescentes expostas a filmes pornográficos têm sexo mais frequentemente e têm
um desejo forte de engravidar.
Há ajuda e esperança
Felizmente, há organizações, conselheiros e recursos que fornecem esperança para aqueles que
sofrem dos efeitos destrutivos da pornografia em crianças, casamentos, relacionamentos e
sociedade. Muitos que estão viciados — adultos e crianças igualmente — receberam ajuda por
meio de aconselhamento ou instruções detalhadas online oferecidas por serviços de restauração.
Entretanto, é muito importante que cada pessoa e cada família faça uma checagem da realidade.
Pergunte para você mesmo se você e sua família estão protegidos do flagelo da pornografia. Você
exerce controle adequado do que seus filhos veem ou tem softwares de filtragem no computador
de sua casa? O computador está numa área aberta de sua casa? Se você tem filhos, você já
conversou com eles acerca do custo espiritual e social da pornografia?
Você tem canais pagos de satélite ou a cabo em sua TV que oferecem pornografia em pacotes