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SUMÁRIO
Introdução 02
Teoriadascores 03
Cartela de cores para uma coleção de acessórios 13
Criatividade e percepção 16
Descrição técnica de acessórios 19
História das biojoias 20
Proporções do corpo humano 24
Processo de colheita e secagem da matéria prima 27
Conceito de marca e adequação do produto ao mercado 32
As diferenças sociais, políticas, culturais e suas influências nas concepções estética de cada época 37
Desenho de peças em croquis 43
Técnica de desenho de biojoias e ecojoias 53
Elementos da linguagem plástica 68
Leitura de imagens 75
A composição nas artes visuais 78
Artesão regional 83
Nr 17 - norma regulamentadora 17 91
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INTRODUÇÃO
A produção de biojoias é uma grande oportunidade de negócio, visto que o mundo busca maneiras corretas
de sustentabilidade.
O mercado de produtos ecologicamente corretos cresce significativamente em todo o mundo, sendo com
isso o ramo da bijuteria essencialmente potencial para a busca de oportunidade a pessoas que possuam
criatividade e estilo na confecção de bijuterias.
Empreendedores do mercado de biojoias dedicam-se a criações de coleções e artigos de belezas
sustentáveis, economicamente viávéis, e socialmente justas. A confecção de biojoias envolve vários
processos desde o desenho da peça, até a confecção da embalagem e o acabamento das peças. É
fundamental que o confeccionador de biojoias tenha uma determinada criatividade e persistência na criação
e elaboração das bijuterias, já que artesãos que somente copiam peças não conseguem grandes feitos nesse
ramo. É necessário que o artesão procure sempre cursos para aperfeiçoar suas técnicas e que possa está
trocando informações com outros artesãos.
Mas antes de se iniciar um negócio próprio, é importante que o artesão procure informações, na sua região,
de locais que forneçam matéria prima e que faça detalhadamente uma pesquisa de mercado para que
futuramente não se decepcione.
As ameaças para o negócio são definidas com não controláveis e que pode interferir nos resultados.
A busca por novas técnicas e uma boa pesquisa de mercado faz com que diminua esses riscos. O risco de
abrir um comércio e iniciar a produção sem conhecimento do mercado, dos concorrentes, da clientela e
fornecedores de matéria prima é muito grande.
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TEORIADASCORES
O que é teoria das cores?
Wallpaper de cores – by Alessandro Pautasso.
Teoria das cores é o estudo sobre as cores, que vai desde a da fisiologia, ou seja, como ela é interpretada
pelo nosso cérebro até a aplicação e utilização em peças de comunicação visual.
Na teoria das cores podemos entender como a cor age no ser humano e como podemos utilizar isso a nosso
favor, manipulando as cores para passar uma determinada mensagem ou transmitir determinada sensação.
Conhecer a teoria das cores é algo imprescindível para todo artista, designer, publicitário e todos que lidam
com design, arte e comunicação visual.
Como vemos as cores?
Na história vários cientistas estudaram as cores. Aristóteles, Plínio, Leonardo da Vinci, Le Blon e Goethe, com
certeza um dos mais importantes e que veremos também nessa série.
“Johann Wofgang von Goethe (1749-1832), que em sua “Doutrina das Cores”, de 1810, ressalta o sentido
estético, moral e filosófico, defendendo as funções fisiológicas e os efeitos psicológicos das cores. Goethe
opunha-se ao sentido metódico e matemático da óptica newtoniana, fato polêmico com os simpatizantes dos
trabalhos de Newton, porque foi enfaticamente contrário às teorias dele.”
Mas, por enquanto falaremos da parte física da coisa, o estudo do Isaac Newton (aquele cara das “três leis”,
lembra?) no século XVII. Ele observou que o prisma era capaz de dividir um feixe de luz em sete cores:
vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Não por acaso as cores do arco íris (onde as gotículas
de cor fazem a função do prisma).
As cores são faixas de ondas que são possíveis de serem vistas pelo olho humano. E o comprimento das ondas
é o que define as cores, ou seja, é o que a define, o verde, o amarelo, o azul que enxergamos.
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Logo a cor não existe de forma tangível. Cor é uma sensação produzida pelo olho. É a impressão produzida
na retina do olho pela luz refletida/difundida pelos objetos.
E o físico inglês Thomas Young no século XIX formulou a primeira teoria científica para a sensibilidade do olho
humano às cores (mais tarde estudada e comprovada pelo alemão Hermann von Helmholtz).
Young e Helmholtz, chegaram a conclusão que dentro do olho existem receptores que processam a luz, “os
cones”, e que estes são compostos por três tipos de nervos.
Esses três nervos são responsáveis pela percepção de uma certa região do espectro luminoso,
respectivamente, eram o vermelho, o verde e o azul e que o restante das cores que vemos na verdade são
provenientes da soma dessas três cores “primárias”.
Ah David, então porque eu vejo o vermelho no fusca do meu vizinho?
Simples, a cor que vemos é a cor que o objeto (no caso o fusca) reflete.
Ele recebe todas as cores e as absorve, exceto o vermelho, que é a cor ele reflete para nós.
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Cores Primárias, Secundárias e Terciárias
Dentro da teoria das cores temos as cores primárias, secundárias e terciárias. Começando pelas cores
primárias, são cores que não podem ser decompostas em outras cores e quando combinadas criam outras.
Elas podem ser definidas por aditivas e subtrativas.
Cor Luz – aditivas
É a cor através da incidência de raio de luz. A luz é emitida pelo objeto.
Pode ser natural, como o sol, ou artificial como TVs, monitores, câmeras digitais, etc. A soma das três cores
primárias produz o branco.
Este sistema é o RGB (red, green and blue) que usamos quando produzimos algo para a web, por exemplo.
É o sistema oposto físico/matemático ao CMY.
Também existem os sistemas HSB (HSV), HSL, HSI que usam a matiz, a saturação e o brilho para a definição
de cores.
Cor Pigmento- subtrativas
É a cor proveniente da absorção de luz, ou seja, a cor visível é aquela que não foi absorvida pelo objeto.
As cores pigmento podem ser divididas em opacas e transparentes:
Opacas – RYB:
É um sistema bastante usado nas artes plásticas, fabricações caseiras, tecelagem e etc.
As cores primárias pigmentos são o amarelo, o azul e o vermelho ( RYB – red, yellow and blue).
A mistura das três cores produz o cinza através da síntese subtrativa.
O sistema RYB necessita da adição da cor branca (para clarear) e do do preto (para escurecer).
Este sistema não possui outro sistema equivalente (como acontece do caso do RGB & CMY), por isso não é
possível fazer uma conversão exata para nenhum outro sistema, no máximo uma aproximação.
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Transparentes – CMYK:
É o sistema usado por impressoras, gráficas, artes gráficas, etc. É a versão industrial do CMY que é o sistema
oposto físico/matemático ao RGB.
As cores primárias são magenta, cyan e amarelo. E a mistura das três cores produz o cinza através da síntese
subtrativa.
O sistema, óbvio, utilizado é o CMYK.
A letra “K” no final significa “black” (preto). A adição do preto se deve ao fato que embora a mistura das
cores ciano, magenta e amarelo, produzam um cinza bem próximo ao preto, ele ainda assim é inviável em
questões de materiais (gasto com cores e papéis) e insatisfatório em questões de qualidade no acabamento.
Secundária e terciárias
Todas as outras cores que existem são provenientes da mistura das cores primárias.
Quando combinamos duas cores primárias, conseguimos uma cor secundária, e ao combinarmos uma cor
secundária com uma primária adquirimos uma cor terciária.
Propriedade da cor
As cores possuem três propriedades: matiz, saturação e brilho.
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Matiz
É o primeiro atributo da cor. É o resultado da nossa percepção da luz refletida. Matiz é nome da cor:
vermelho, azul, verde, amarelo, etc.
Saturação
Também conhecido como croma, refere-se a pureza da cor. É definida pela quantidade de cinza que a cor
contém. Então, ajusta-se a saturação de uma cor adicionando-se quantidades de cinza, por isso quanto mais
pura for a cor, mais saturada ela é.
Brilho
Também chamado de Valor ou Luminosidade, diz respeito a claridade, ou a falta dela, da cor. Uma cor pode
ser mais luminosa que a outra, por exemplo, o amarelo é mais luminoso que o azul. E também uma cor pode
ter variação na sua própria luminosidade, adicionando branco (mais luminosidade) ou preto (menos
luminosidade).
Temperaturas das cores
As cores têm temperaturas. Na verdade, essa questão é mais subjetiva e tem muito mais a ver com a
experiências e percepções de quem as vê. Entretanto, podemos defini-las entre quentes e frias.
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Cores quentes:
São as cores em que o vermelho e o amarelo predominam. São chamadas de quentes porque criam uma
sensação de calor, proximidade e estão associadas ao sol, ao fogo, etc.
Cores frias:
São as cores em que o azul e o verde predominam. Estão associadas ao gelo, a água, e criam sensações
calmas, de frescor e de tranquilidade.
A questão da temperatura também é relativa e depende da combinação feita. Por exemplo: se o amarelo é
aplicado com o vermelho sua temperatura diminui, porque o vermelho é mais intenso, mas se for combinado
com o azul ele torna-se mais quente.
Harmonia das cores
Para obter um visual agradável, efetivo, precisa-se combinar as cores de uma forma harmoniosa. Não existe
dogmas sobre isso, tudo depende da finalidade que você pretende atingir. Mas existem combinações
eficientes que podem te ajudar na escolha certa.
A seguir usaremos o Círculo Cromático para visualizarmos os principais esquemas harmônicos.
Vamos conferir?
Teoria das cores – Cores Complementares
A cor complementar de uma primária é a soma das duas outras primárias em proporções iguais, ou seja, uma
cor secundária.
São as combinações que tem mais contraste: vermelho e verde, azul e laranja e amarelo e violeta.
Para encontrá-las, no círculo cromático, é só verificar aquela a cor que está na posição diretamente oposta a
cor escolhida.
Cores Complementares divididas
Essa harmonia é variação da complementar. Ela usa uma cor principal e duas cores adjacentes como
complementar.
Essa harmonia tem bastante contraste, mas ele é mais “suave” do que a complementar direta.
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Cores análogas
É uma combinação com três cores consecutivas (vizinhas) no círculo de cores.
Normalmente é composta por uma cor primária e suas adjacentes. Como as cores tem a mesma base, essa é
uma composição de pouco contraste.
Análogas mais uma Complementar
Usa combinação de três cores adjacentes mais uma complementar. A inclusão de mais uma cor dá mais
contraste a combinação, quebrando o ritmo das cores análogas.
Análogas relacionadas
Essa harmonia consiste em escolher duas cores análogas e pular a terceira cor, para a direita ou esquerda,
adicionando a cor seguinte. Possui mais contraste que a análoga simples.
Cores intercaladas
Essa harmonia consiste em escolher três cores intercaladas no círculo cromático. É um esquema com bom
contraste, mas é uma composição por vezes um pouco mais difícil de se lidar.
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Cores triádicas
Consiste na utilização de três cores com a mesma distância (equidistante) no círculo cromático. É uma
combinação que possui um alto contraste com riqueza de cores.
Cores tetrádicas
Esse esquema de teoria das cores usa dois pares de cores complementares. É uma combinação com bastante
contraste e que possibilita inúmeras variações.
Cores em quadrado (harmonia 90°)
É bem semelhante ao esquema tetraédrico, mas com cores equidistantes formando um quadrado dentro do
círculo cromático.
Monocromia
Se refere a harmonia que utiliza somente uma cor, alterando apenas a tonalidade da cor escolhida, ou seja,
mudando apenas a saturação e o brilho da cor.
É uma combinação com pouquíssimo contraste, mas pode criar um efeito visual agradável, como por
exemplo, o efeito “degradê”.
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O Contraste da cor
O contraste é um poderoso elemento no design.
Contraste cromático é a relação entre as cores que define as suas diferenças. Quando duas cores diferentes
entram em contraste, este intensifica as diferenças entre ambas.
Existem inúmeras formas de se criar contraste, como já vimos na harmonia das cores, mas a seguir mostrarei
algumas aplicações na prática de contraste.
Cor pura
O contraste que usa as cores saturadas círculo cromático.
Complementares
Trata-se do contraste entre uma cor e sua complementar. É um dos mais fortes contrastes que podemos
obter.
Claro e Escuro
Este contraste explora a luminosidade, o branco, o preto e a gama de cinza.
Ocorre quando coloca-se uma cor clara próxima a uma cor escura.
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Quente e Frio
Refere-se as ao contraste das cores quentes com as cores frias e vice e versa.
Saturação
Utiliza-se apenas um cor. Esse contraste usa a intensidade, o tom e a luminosidade da cor.
Conclusão
A utilização correta das cores possibilita além de algo agradável aos olhos uma eficiência na hora de
transmitir a mensagem que queremos passar. Por isso precisamos conhecer a teoria das cores e saber como
ela funciona. Independente se você é designer ou não, se trabalha com comunicação visual precisa entender
sobre a teoria das cores. É algum imprescindível.
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CARTELA DE CORES PARA UMA COLEÇÃO DE ACESSÓRIOS
Uma coleção consiste em todos os lançamentos de uma determinada estação. Mas porque se lançam
coleções?
 Para acompanhar as inovações das indústrias têxtil e de aviamentos;
 Para acompanhar as tendências de moda;
 Para se ter um melhor controle da produção, dando condições para o estabelecimento de metas
(prazo de entregas das peças);
As coleções são lançadas de acordo com um calendário seguido pela maioria das confecções. O calendário
oficial para o lançamento de coleções é de três em três meses, ou seja, de acordo com as estações do ano:
primavera-verão, outono-inverno. Na região Nordeste do país não temos estas estações muito definidas,
então fazemos sempre coleções destinadas ao verão, por não termos necessidade de roupas de frio. Algumas
empresas estão optando por lançarem minicoleções em um espaço menor de tempo, o que pode ser uma
boa estratégia para oferecer maior variedade de produtos para os clientes.
QUANDO VAMOS LANÇAR UMA COLEÇÃO, DEVEMOS OBSERVAR BEM ALGUNS FATORES:
Estilo: é aquilo que dá característica a uma roupa. Ex: estilo clássico, estilo punk, estilo anos 60, etc;
Linha: é o tipo de roupa que se vai produzir. Ex: linha surf, linha sportwear, linha moda praia, linha aeróbica,
etc.
Segmento: segmento masculino, segmento, feminino, segmento infantil, etc.;
Público-alvo: são as pessoas para quem pretendemos vender a coleção que iremos lançar. Ex: homens,
mulheres, adolescentes, etc.;
Faixa etária: é a idade do público-alvo que deve ser definida para se possa modelar as peças nos tamanhos
certos.
COMPOSIÇÃO DA COLEÇÃO
As coleções precisam ser bem organizadas para facilitar o trabalho de modelagem e montagem das peças.
Mas como se organiza uma coleção? Primeiro devemos dividi-la em partes que chamamos de famílias.
Família: é um grupo que deve ter pelo menos 4 peças que são confeccionadas seguindo uma mesma
programação visual, ou seja, usando mesmo tecido ou os mesmos aviamentos, diferindo no modelo e nas
cores. O objetivo das famílias é enfatizar as características da coleção, oferecendo ao cliente várias opções
de peças do mesmo estilo.
VARIAÇÃO DOS PRODUTOS DA COLEÇÃO
Produto sazonal: lançado em períodos festivos.
Produto de oportunidade: aqueles que são lançados por apresentadores e atores da televisão, cantores, etc.
Estes produtos ficam pouco tempo na moda, por isso devem ser lançados e vendidos rapidamente.
Produto de tendência: inspirado nas pesquisas de tendências atuais.
Desenvolvimento da Coleção
Quando vamos desenvolver uma coleção, precisamos definir algumas coisas antes para garantir que seremos
bem-sucedidos em nossas vendas.
A moda segue algumas tendências que precisamos conhecer antes de produzir roupas destinadas para
venda. Temos que escolher os tecidos, os aviamentos, as cores e os modelos de acordo com essas tendências.
As principais fontes de pesquisa são as publicações de moda como revistas e catálogos, bem como os sites
da internet especializados na área.
Depois de pesquisarmos as tendências podemos escolher um tema ou assunto para a nossa coleção. A
escolha de um tema ajuda a manter uma unidade na coleção.
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A produção de uma coleção segue várias etapas. Pode haver algumas modificações dependendo do tipo de
empresa e de produto.
CARTELA DE CORES
A cor exerce uma atração psicológica no ser humano. Esta muita além de assumir apenas um papel decorativo
ou estético, está ligada “à expressão de valores sensuais e espirituais” (FARINA, 1982). A cor pode ser
utilizada de maneira simbólica ou como forma de estímulo visual, pois é o elemento que mais proporciona
impacto e predomina numa imagem.
Portanto, a utilização da cor não pode ser feita arbitrariamente numa coleção. É preciso encontrar uma
linguagem específica por meio da qual se consiga atingir os objetivos desejados junto ao público-alvo. A
simples pesquisa das tendências atuais de moda não basta para definir a cartela de cores de uma coleção,
pois é necessário levar em conta o público e suas particularidades, a personalidade da marca e o tema
predominante na coleção.
Por exemplo, se o público for jovem estima-se que a preferência predominante é por cores fortes, já que se
trata de pessoas mais abertas a estímulos externos e mais propensas às influências da moda. Há uma reação
corporal do jovem em relação às cores fortes, podendo ser este um fator decisivo no comportamento de
compra. “Pelas próprias exigências da idade e porque sabe que poderá substituir os objetos dentro de um
prazo relativamente curto, ele se inclina ao uso de cores vivas”.
Se o público for feminino essa tendência se acentua. Segundo pesquisas já realizadas, as mulheres são mais
receptivas às mudanças, o que parece explicar as rápidas mudanças na moda feminina. Há uma grande
variedade de cores para esta estação.
Ao elaborar uma coleção deve-se pesquisar quais cores estão em moda, para definir a cartela de cores.
Geralmente se trabalha com 8 cores, subdivididas em quatro tons frios e quatro quentes, podendo se
acrescentar o preto e o branco, se este for o caso da coleção. As pessoas que trabalham com moda devem
prestar muita atenção quando forem fazer combinação de cores, para que o resultado seja agradável. Porém,
o número de cores também não é uma regra fixa, pois isso dependerá da proposta.
Matéria-prima
Chamamos de matéria-prima os aviamentos e os tecidos usados para confeccionar as peças. A escolha da
matéria-prima deve levar em conta o público-alvo, o segmento, o estilo da coleção, a viabilidade de utilização
e principalmente se estes materiais são encontrados com facilidade no mercado.
As características dessa matéria-prima precisam também atender às exigências do consumidor, e
consequentemente aos padrões de qualidade da empresa. As matérias-primas são selecionadas e
especificadas na fase de desenvolvimento do produto, durante a confecção dos protótipos, de maneira clara
e em linguagem escrita, constando sempre amostras.
Desenho dos Croquis
Chamamos de croquis os desenhos das peças da coleção. Antes de fazer os croquis definitivos, fazemos os
esboços, que são as ideias iniciais, que serão selecionadas para compor a coleção. Os desenhos da coleção
devem ser claros e de fácil compreensão, contendo indicação de costuras, detalhes, aviamentos, etc. A
coleção também pode ser apresentada através de desenho técnico, que deve seguir as regras de proporção.
Alguns estilistas apresentam as suas coleções tanto em croquis como em desenhos técnicos.
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ACRILICOS TRANSPARENTES
ACRILICOS IMITAÇÃO DE PEDRAS
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CRIATIVIDADE E PERCEPÇÃO
Desenvolver criatividade para produzir ecojoias e biojoias
Diante do excesso de informações divulgadas diariamente e também a facilidade em adentrar aos grandes
centros comerciais, isso faz com que o mercado consumidor seja cada vez mais exigente. Cobrando, assim,
dos fornecedores novidades constantes. E os adornos pessoais, no caso das ecojoias e biojoias, não ficam de
fora dessa exigência comercial.
O primeiro passo, para o artista artesão de ecojoias e biojoias não ser esquecido ou até mesmo excluído
rapidamente do mercado produtivo, é ter um olhar observador, ser curioso e inventivo. A observação deve
ser uma constante em seu dia-a-dia. É necessária uma atenta observação ao que está acontecendo ao seu
redor, como por exemplo: o estilo cultural que as novelas estão veiculando, tendências de cores, as estações
do ano etc. A devida reflexão a tudo isso e também coisas simples, como uma festa regional em sua cidade,
torna-se mais fácil a inserção de novos materiais, cores e formas diferenciadas em suas peças. Um olhar
observador torna-o criativo, sendo capaz de pesquisar e inventar novos acessórios para sua clientela.
Para desenvolver a criatividade não há regras pré-estabelecidas, há sim necessidade de ser curioso e
verdadeiramente gostar do que se faz ou do que se dispôs a fazer. Trabalhar com entusiasmo deve ser sua
meta constante.
Com a finalidade de auxiliar no desenvolvimento de todas as regiões do país, o governo federal, por meio do
Ministério da Cultura (MinC), criou a Secretaria da Economia Criativa
Criada pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012, a Secretaria da Economia Criativa (SEC) tem
como missão conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas
para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos
micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O objetivo é tornar a cultura um eixo
estratégico nas políticas públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro.
Um dos setores que tem recebido investimento da Secretaria da Economia Criativa é o artesanato. Uma vez
que tal economia está ligada ao setor de criação, produção, divulgação e aos produtos e serviços que têm
como base a criatividade no uso de materiais e recursos que estejam disponíveis a sua volta. Enfim, uma boa
reflexão e observação do mundo que o cerca aguça a criatividade para desenvolver peças de ecojoias e
biojoias com autenticidade, sem a necessidade de fazer cópias das ecojoias e biojoias comumente
encontradas no comércio. Lembrando que fazer cópias de peças não é uma atitude ética. O que é permitido
fazer é usá-las como fonte de inspiração.
DICAS: Eventos de repercussão mundial, como o fato de o Brasil sediou a Copa do Mundo e Olimpíadas foram
ótimas oportunidades para criar ecojoias e biojoias voltadas para o nacionalismo.
A criatividade como qualidade
Criatividade é uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em informações,
com sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas criativas possuem comportamentos
diferentes: são curiosas ao extremo, persistentes, bem-humoradas, são independentes em seus atos e
responsáveis por tais. Fazem conexões entre sons e imagens, possuem rápida desenvoltura em
atividades, fácil percepção, habilidade no aprendizado e são grandes visionárias. Ou seja, enxergam o
novo, já que conseguem prever as possíveis consequências de ocorrer em criações por erros ou
imprevistos.
A criatividade é uma qualidade que também pode se desenvolver após a infância. Por isso, a importância
de manter vivo nas crianças algumas de suas vocações, por exemplo: se dançam na infância, continuem.
Se desenham, continuem trabalhando os traços. Portanto, deve-se adquirir alguns hábitos como dormir
no mínimo oito horas por noite ou caminhar ao ar livre. Anotar ideias que surgem no decorrer do dia
para executá-las e evitar locais com barulhos evitam o enfraquecimento do cérebro. Além disso, paute
objetivos, utilize o tempo ocioso a favor da criatividade e seja curioso em todos os aspectos.
Novas abordagens alimentam e são alimentadas por novas ideias, as quais requerem novas técnicas que
sustentem o progresso criativo, mantendo o processo em movimento. Assim, precisamos nos atualizar
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no estado da arte da criatividade. E aqui lembro que os educadores são os primeiros arquitetos do
processo perceptivo e devem ser instigadores em suas aulas. É o “aprender a aprender e a criar”. Além
da atualização profissional, educar a mente criativamente tanto quanto exercitar o corpo fisicamente,
adiciona saúde a ambos e nos torna mais aptos a viver neste mundo, cuja exigência de produção de
ideias tende a aumentar exponencialmente no mundo dos negócios.
Cada dia mais, é exigido a capacidade de conectar o que é aparentemente desconexo e fundir o conhecimento
existente em uma nova visão sobre algum elemento de como o mundo funciona. Viveremos a criatividade na prática
em tudo!
Aí vai um conselho: antes da criatividade vem a imaginação, então nada de fobia em pensar “eu não sou
criativo”. Imagine e mentalize um futuro desejável, para então tangibilizar para as pessoas aquilo que
você imaginou. Criatividade é isso: dar uma nova atividade para aquilo que você conhece e quer ver de
outra maneira.
Quando você pensa em negócios logo supõe ou imagina o que o mercado necessita, pensa claramente
na solução de um problema.
Como essa solução pode virar negócio e dinheiro?
Seja embebido em uma causa, tenha claro o que você deseja transformar para a criatividade acontecer!
As ideias não surgem num surto, amadurecem a partir da percepção e do olhar mais aprofundado, elas
precisam de um tempo para a incubação, ficam um bom período como “palpite parcial”, daí o interesse
em colidir com outros palpites para tomar forma. Precisamos criar sistemas para unir essas sugestões
em algo maior, ou seja, transformar um palpite em algo inovador.
Os cafés no iluminismo e os salões parisienses eram motores de criatividade, as ideias eram ventiladas
e se misturavam, eram conectadas e religadas em conversas aleatórias. Não precisa massacrar a mente
para sair a boa ideia, estamos ficando desgastados com essa conexão 24 horas por dia. Então é preciso
se desprender para fazer conexões mentais. O grande propulsor da criatividade é a capacidade de trocar
ideias e captar nos palpites alheios, informações valiosas, esse sim é o motor primordial para a inovação
há séculos.
Lembre-se: “O acaso favorece a mente atenta!”
Criatividade não é dom divino, ela está em você, basta ativá-la para converter algo ordinário em extraordinário!
Relato de experiência
Olá, pessoal! Quero partilhar com vocês um pouco da trajetória de uma empreendedora na confecção de
ecojoias e biojoias.
Meu nome é Valéria Cristina, hoje sou artesã de ecojoias e biojoias com muito orgulho. Desde a infância gosto
de trabalhos manuais por influência das minhas tias que eram artesãs. Aos poucos fui aprendendo algumas
técnicas simples, mas sem compromisso. Com o passar do tempo, a vida me levou por outros caminhos e
passei a me dedicar aos estudos. Ao terminar o Ensino Médio, fiz vestibular para licenciatura em Geografia
na Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Durante o período de estudos na faculdade, fazia
bolsas e blusas bordadas. Na mesma época, comecei a fazer ecojoias e biojoias para o próprio uso. As colegas
e professoras elogiavam os trabalhos e começaram a encomendar. Com a conclusão do curso em 2003, fui
lecionar em Engenheiro Navarro e para complementar a renda fazia ecojoias e biojoias e vendia para as
colegas de trabalho. Nesta época, já tinha um mostruário de peças para oferecer e também recebia
encomendas de ecojoias e biojoias personalizadas e para datas especiais.
Como não era professora efetiva, mudei para um povoado chamado Terra Branca, próximo à Diamantina,
pois era onde havia aulas disponíveis. Continuei a lecionar e confeccionar ecojoias e biojoias. Foi quando
descobri que tinha mais prazer em fazer ecojoias e biojoias que planejar aulas. Terra Branca é um povoado
situado no Vale do Jequitinhonha, onde tem tradição em trabalhos manuais e lá aprendi outras técnicas como
tear de pregos. Fiquei neste povoado por volta de três anos, retornando a Montes Claros em 2008. Assim que
retornei a Montes Claros comecei a lecionar Geografia em uma escola privada. Ainda no primeiro semestre,
comecei também a comercializar minhas ecojoias e biojoias na feira de artesanato, na Praça da Matriz. No
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segundo semestre, já estava casada e meu esposo sempre me incentivou a fazer o que realmente gosto. Desde
então, a confecção de ecojoias e biojoias passou a ser a minha profissão e, consequentemente, abri mão da
profissão de professora.
Passei a me dedicar à confecção e comercialização de ecojoias e biojoias e, por estar cadastrada na feira de
artesanato, tenho oportunidade de participar dos festejos culturais da cidade vendendo ecojoias e biojoias,
como nas festas de agosto, Festa do Pequi etc.
Para melhor atender minhas clientes fiz curso de crochê, decupagem e também de ecojoias e biojoias. E, para
inovar nas peças, sempre pesquiso na internet as novidades na área. Levo meu mostruário a todos os lugares
e à vizinhança. Vendo os meus trabalhos em salões de beleza e até em padarias e/ou açougues.
Em 2012, tive a oportunidade de montar uma loja. Para financiar meu sonho, meu esposo, que é músico,
vendeu algumas violas, que eram uns dos seus instrumentos de trabalho. Hoje, mantenho a loja Flor de Minas
e continuo na feira de artesanato. É óbvio que ainda tenho sonhos a conquistar, mas o pontapé inicial já foi
dado. Meu trabalho me faz muito feliz.
Valéria Cristina da Silva Gonçalves
Praticando
Discuta com seus colegas quais as atitudes devem ser tomadas para desenvolver a criatividade e percepção
na confecção de Biojoias e Ecojoias. Relacione-as e procure colocá-las em prática.
Diante de um relato de experiência como o da Valéria Cristina da Silva Gonçalves, você seria capaz de abrir
mão de uma profissão estável para dedicar-se à realização de um novo empreendimento profissional?
Justifique sua resposta.
19
DESCRIÇÃO TÉCNICA DE ACESSORIOS
Colar Árvore.
A técnica e o acabamento são importantíssimos em uma peça de joalheria. Pois, pode se modificar
totalmente uma peça. E o caminho para se chegar ao resultado final de determinada peça vai depender muito
do artesão, pois uma mesma peça pode ser estruturada de diversas maneiras. E o resultado final será o
mesmo, o que irá modificar será o caminho seguido pelo artesão. E é justamente aí que está o charme e
deslumbre da joia artesanal. Nela se localiza o toque de quem a produziu, com criatividade,
comprometimento, arte e beleza.
Para se produzir uma peça, o produtor de joias deve inicialmente designar o caminho de produção, decidir a
técnica a ser utilizada e o tipo de acabamento. Uma peça artesanal não é apenas a concepção do desenho,
mas também o modo como a peça é executada. E pode possuir uma ou mais técnicas de confecção e
acabamento.
A descrição de um produto é a “vendedora” de Sua Loja Virtual. Ela deve ser longa e descrever cada detalhe
do produto, para que o cliente não tenha dúvidas na hora de finalizar a compra.
1- Parte emocional: As pessoas compram os produtos por motivos emocionais (mas gostam de racionalizar),
por isso ponha primeiro a mensagem mais emocional.
Exemplo na venda de uma biojoia: Com esta biofoia você vai arrasar, não ligue se for o centro das atenções…
Mencione os Benefícios e as vantagens: qual o diferencial do seu produto? Quais são os benefícios, o que ele
resolve na vida do cliente?
2 – A descrição física do produto tais como tamanho, peso e tipo de material.
3 – A informação Técnica do produto: funções, qualidade, procedência, cores disponíveis, entre outros
FICHA TÉCNICA
Nome: Data:
Descrição:
DESENHO TÉCNICO E ANOTAÇÕES
MATERIAIS
QTD DESCRIÇÃO COR MATERIAL FORNECEDOR CUSTO UNITÁRIO
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HISTORIA DAS BIOJOIAS
As “biojóias” ou “ecojóias” são artigos de joalheria produzidos de forma exclusivamente artesanal que
mesclam metais preciosos (ouro, prata, ródio etc.) com gemas (rubis, esmeraldas, diamantes etc.) e uma
variedade enorme de materiais orgânicos, como sementes, frutos, lascas de madeira, fibras vegetais, capim,
casca do coco, couro, ossos, penas, escamas, madrepérola, conchas, entre outros.
Atualmente a produção de biojóias envolve uma grande diversidade de peças que agregam os mais variados
conceitos, passando pelos designs contemporâneos até os mais sofisticados sempre envolvendo a utilização
de metais e elementos da natureza. Assim, é possível encontrar biojóias em forma de alianças, anéis,
braceletes, brincos, colares, correntes, gargantilhas, pingentes, tiaras e muitos outros adornos.
Um grande diferencial das biojóias em relação às bijuterias e jóias tradicionais se trata da originalidade, pois
cada biojóia é única. Enquanto que as demais peças em geral são produzidas de forma industrial em grande
escala, as biojóias por serem derivadas de materiais naturais sempre apresentam variações nos seus
detalhes, nas cores e formas, proporcionando a cada peça uma personalidade exclusiva. Quem usa uma
biojóia pode ter certeza que estará usando algo único e exclusivo.
As biojóias são produzidas de forma artesanal levando-se em conta os princípios da conservação ambiental.
A coleta da matéria-prima para fabricação das biojóias é feita de maneira sustentável, sem agredir o meio
ambiente e ainda com objetivo de sustentar das comunidades envolvidas com a extração.
Antes do conceito de biojóias, o mercado de joalherias e bijuterias era organizado dentro da lógica capitalista
de aumentar o consumo e lucros sem levar em conta os princípios da ecologia e do desenvolvimento social.
A produção de biojóias trouxe uma nova visão que vai contra a ideia arcaica e ultrapassada de que a moda é
totalmente extravagante, fútil e contra a sustentabilidade, pois ela demonstra que é possível fazer belas
criações mesclando o equilíbrio entre as ações do homem com o meio ambiente.
Felizmente, as pessoas estão cada vez mais conscientes que não é possível ser chique e moderno sem levar
em consideração o equilíbrio do planeta. Para mim, nada é mais belo do que ver alguém bem adornado,
trazendo perto do peito, nas orelhas ou nas mãos uma dessas genuínas peças feitas com elementos naturais.
Acredito que quem usa uma biojóia carrega consigo muito mais do que um simples adorno para o corpo ou
para face, pois ao portar um desses elementos a pessoa está levando consigo o valor e admiração pela nossa
preciosa natureza.
História Das Joias
A arte de produzir joias e semi joias é uma arte extremamente antiga, e esteve durante vários anos ligada às
classes dominantes, e significava dizer que, quem as possuía, detinha o poder e o status. As joias, os metais
preciosos e as gemas estavam ligadas a diversos sentimentos humanos: como a cobiça, o desejo pelos
enfeites e a superstição ligada a algumas gemas. A história da joalheria compreende um grande período no
progresso da civilização que abrange as tarefas, a inventabilidade e a habilidade de contínuas gerações de
artesãos no desafio de transformar materiais preciosos em adereços pessoais de altíssimo valor artístico.
Este rico e diversificado cenário começa na Antiguidade, técnicas básicas utilizadas na época se tornaram
técnicas mais sofisticadas: os Etruscos alcançaram um requinte nunca antes atingido nas técnicas de filigrana
e granulação em ouro, durante o período Helenístico no procedimento de moldar formas humanas para
compor brincos colares e braceletes, como pode se observar as imagens dos Camafeus.
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Camafeu do período Helenístico.
Os luxuosos adereços romanos em ouro, esmeraldas, safiras e pérolas brancas assinalam um grande
contraste com as joias policrômicas da Idade Média, que expressavam os ideais do cristianismo e do amor
idealizado, tema central de praticamente toda a joalheria da época.
Joia do Império Romano.
No Renascimento, foram criadas peças históricas decoradas com esmaltes e pedras preciosas, cujo
nível artístico é comparado aos da pintura e da escultura do mesmo período: artistas como Hans
Holbein, Albrecht Dürer e Benvenuto Cellini eram contratados por mecenas para desenhar peças que
estimulassem os ourives renascentistas a chegar a níveis nunca antes alcançados nas técnicas de
esmaltação, gravação e cravação. No período seguinte, o Barroco, a troca de estilo foi evidente, com
as joias tornando-se mais um símbolo de status social devido à grande quantidade de gemas na
mesma peça em detrimento do design, que perde sua expressão artística. (PEDROSA, 2014; p. 01)
Imagem do período do Renascimento.
Segundo Motta, as joias do período Rococó eram dessimétricas, de pouco peso, e fascinantes. Empregavam-
se muitas gemas coloridas e diamantes. As técnicas de lapidação foram aprimoradas. As peças tinham muito
fulgor e eram mais majestosas.
Surgem os conjuntos de joias, brincos, anéis, pendentes em formatos de buquês e laços são joias muito
utilizadas.
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Imagem do Período Rococó.
No século XIX, a história da joalheria deu início através das majestosas joias criadas para o Imperador
Napoleão I, e que se tornaram modelo para toda a Europa. E pouco mais, surgia o Romantismo, com uma
volta ao design das joias da Antiguidade e dos tempos medievais. A crescente apreciação pela magnificência
das joias, animado por um momento de prosperidade, impostos com valores pequenos e uma sociedade
elitizada, nascida com a expansão da Revolução Industrial, foi expressa pelas diversas joias ornadas
exclusivamente com diamantes, sobretudo depois do descobrimento das minas da África do Sul, na década
de 60 (PEDROSA, 2014).
Imagem de Parure.
Com o início do século XX, os joalheiros, adotaram um novo estilo, chamado de Belle Èpoque, compondo-se
assim joia onde a fineza das guirlandas, das flores estilizadas e da utilização da platina, era uma reação à
banalidade das joias recobertas de diamantes.
Os joalheiros da corrente Art Nouveau, liderados por René Lalique, criaram furor na Exposição de Paris
de 1900, com designs inspirados na natureza e executados em materiais como marfim e chifres de
animais, escolhidos mais pela sua qualidade estética do que por seu valor intrínseco. Como não eram
joias[sic] práticas para uso, o estilo rapidamente desapareceu, com o início da 1ª Guerra Mundial.Com a
paz, em 1918, impõe-se na joalheria o estilo Art Decó, com seu design associado ao Cubismo, ao
Abstracionismo e a arquitetura da Bauhaus, suavizado na década de 30 pelos motivos figurativos e florais
reintroduzidos por Cartier. A arte da joalheria, depois da 2ª Guerra Mundial, adaptou – se a.uma clientela
que comprava não só para uso, mas também como investimento. A ênfase passou a ser na qualidade
das gemas, perfeitamente facetadas e montadas em peças de design de acordo com a moda. A partir
da segunda metade do século XX, novas ideias[sic] e conceitos, assim como novos materiais passaram
a ser utilizados pelos designers, como os metais titânio e nióbio, e também diferentes tipos de plásticos
e papéis, buscando novos caminhos de expressão.
O pingente para o pescoço ‘Mulher-libélula, asas abertas’, com gargantilha de ouro, é de 1898-1900.
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Ultimamente, a joalheria mundial está virada para o design, que deve ser criativo, de fácil identificação e
satisfazer a um mercado consumidor sempre crescente e apreensivo por novidades tanto nas técnicas de
fabricação, quanto na expressão dos estilos, cabendo a todos os profissionais envolvidos, cooperar para a
qualidade do produto final, e dentro das cobranças do mercado consumista que visa a qualidade, a
inventividade e o estilo individualizado.
Bijuterias expostas na Mundial Art – Feira Internacional de Artesanato.
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PROPORÇÕES DO CORPO HUMANO
O que é Antropometria
 Do grego: antropos = corpo humano metria = medida
 Ciência que estuda as medidas e proporções do corpo humano.
 Egípcios e gregos já estudavam as proporções do corpo humano.
Vitruvian
Arquiteto romano
 Os edifícios devem ter as mesmas proporções (em escala) do corpo
humano.
 Leonardo da Vinci
 Arte (pintura, escultura)
 Ciência
 Indústria
Vitruviano de Da Vinci
"Os 4 dedos fazem uma palma e 4 palmas fazem 1 pé, 6 palmas fazem um cúbito; 4 cúbitos fazem a altura de
um homem. 4 cúbitos fazem um passo e 24 palmas fazem um homem. Se abrir as pernas até termos descido
1/14 de altura e abrirmos os braços até os dedos estarem ao nível do topo da cabeça então o centro dos
membros abertos será no umbigo. O espaço entre as pernas abertas será um triângulo equilátero. O
comprimento dos braços abertos de um homem é igual à sua altura. Desde as raízes dos cabelos até ao fundo
do queixo é um décimo da altura do homem; desde o fundo do queixo até ao topo da cabeça é um oitavo da
altura do homem; desde o topo do peito até ao topo da cabeça é um sexto da altura do homem; desde o
topo do peito até às raízes do cabelo é um sétimo da altura do homem; desde os mamilos até ao topo da
cabeça é um quarto da altura do homem. A maior largura dos ombros contém em si própria a quarta parte
do homem. Desde o cotovelo até à ponta dos dedos é um quinto da altura do homem e desde o cotovelo até
ao ângulo da axila é um oitavo da altura do homem. A mão inteira será um décimo da altura do homem. O
início dos órgãos genitais marca o centro do homem. O pé é um sétimo do homem. Da sola do pé até debaixo
do joelho é um quarto da altura do homem. Desde debaixo do joelho até o início dos órgãos genitais é um
quarto do homem. A distância entre o fundo do queixo e o nariz e entre as raízes dos cabelos e as
sobrancelhas é a mesma e é, como a orelha, um terço da cara”. (Leonardo da Vinci, 1490).
"Meçam a distância do ombro às pontas dos dedos, e então dividam-na pela distância do cotovelo às
pontas dos dedos. Outra vez PHI. Mais uma? Anca ao chão a dividir por joelho ao chão. PHI. Articulação dos
dedos das mãos. Dos pés. Divisões espinais. PHI, PHI, PHI. Meus amigos, cada um de vocês é um tributo
ambulante à Proporção Divina." trecho retirado do livro"O Código Da Vinci".
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MASSA DOS SEGMENTOS CORPORAIS EM % DA MASSA TOTAL
COMPRIMENTO DOS SEGMENTOS EM % DA ESTATURA
LOCALIZAÇÃO DO CG EM % (A PARTIR DO PONTO PROXIMAL)
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VOLUME MÉDIO DOS SEGMENTOS CORPORAIS EM % DO VOLUME TOTAL
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PROCESSO DE COLHEITA E SECAGEM DA MATÉRIA PRIMA
INTRODUÇÃO
A colheita de sementes com grau de umidade acima dos recomendados para armazenamento seguro torna-
se uma prática comum entre os produtores de sementes, pois, as sementes permanecendo na lavoura após
a maturidade fisiológica, ficam expostas à ação das flutuações de temperatura e umidade relativa e do
orvalho e/ou chuvas que, em processos alternados de sorção e dessorção de água, podem causar
significativos danos físicos e fisiológicos.
Assim, para evitar o “armazenamento de campo” torna-se necessário antecipar ao máximo o momento de
colheita, obtendo sementes com grau de umidade tal que ocorrerá a necessidade de secagem imediata, mas,
em contrapartida, possibilitando obter sementes que apresentem reduzidos índices de danificação e
deterioração, permitindo ao produtor melhor planejar a colheita.
O intervalo de tempo que separa o final da colheita do início do processo de secagem deve ser o mais
reduzido possível porque, nesta fase do processo, as sementes com umidade elevada apresentam altas taxas
de atividade respiratória e, o consumo antecipado de reservas provoca um desgaste fisiológico que, na
prática, produzirão baixos índices de germinação e vigor no futuro.
COLHEITA
Os recursos florestais têm sofrido uma grande pressão ao longo dos tempos, tanto através do desmatamento
para fins agropecuários, como para produção de bens de origem florestal. Lenha e carvão vegetal para a
produção de energia destinada às indústrias e domicílios, madeira para fabricação de móveis e utensílios,
forragem, plantas medicinais e para artesanato, são apenas alguns exemplos desses produtos.
Em muitas regiões, estes recursos já foram explorados de tal forma que estas necessidades são supridas com
matéria-prima oriunda de regiões cada vez mais distantes. Os plantios florestais, em pequena ou grande
escala, podem ser, nos casos extremos, a única solução para reverter o quadro de escassez de matéria-prima
e de mitigação da degradação ambiental. Nestes casos as sementes florestais de boa qualidade constituem-
se em insumos essenciais para a formação desses plantios.
Duas características fazem com que as sementes florestais sejam fundamentais na formação de plantios
florestais tanto para produção de bens e serviços como para a recuperação de áreas já degradadas: sua
capacidade de distribuir a germinação no espaço (pelos mecanismos de dispersão) e no tempo (pelo
mecanismo de dormência).
Tendo em vista o seu tamanho, geralmente pequeno, e a sua fácil conservação ao longo do tempo, seu
manuseio torna-se fácil e a produção de mudas a partir das sementes pode ser realizada em regiões ou
épocas distintas daquelas em que as mesmas foram produzidas.
Por outro lado, a colheita, o beneficiamento e a posterior comercialização da semente florestal podem
significar uma fonte importante de recursos adicionais para o produtor rural, principalmente para aquele que
ainda dispõe de cobertura florestal na sua propriedade.
A escolha da Árvore Matriz (ou árvore-mãe), dentro de uma floresta, mostra que há grandes diferenças entre
as árvores de uma mesma espécie. A coleta de sementes deve ser feita de árvores selecionadas,
considerando os objetivos do plantio florestal que será formado, chamadas de árvores matrizes.
Geralmente, a árvore matriz é aquela que apresenta características superiores às demais, na altura, no
diâmetro e na forma do tronco, no vigor da planta, no tamanho e forma da copa, na frutificação, na produção
de sementes e na qualidade da madeira.
No entanto, deve-se ter em mente que os critérios a serem considerados para a escolha das árvores matrizes
vão depender da finalidade a ser dada às árvores produzidas com as sementes colhidas. Por exemplo: se a
finalidade é plantar árvores para obtenção de madeira, a altura e o diâmetro do caule são características
muito importantes.
Porém, se o que se quer é plantar árvores para produção de frutos ou sementes, deve-se dar maior
importância ao tamanho e à forma da copa, ao volume e qualidade dos frutos produzidos. Quando o objetivo
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é recuperar ou restaurar áreas degradadas, uma seleção aleatória (amostragem) das árvores matrizes, em
regiões com as mesmas características daquela onde vai ser feito o plantio, é o procedimento mais
recomendado, pois é importante que a futura floresta tenha a maior variabilidade genética possível. Por
outro lado, no caso de espécies ameaçadas de extinção, deve-se colher frutos e sementes de todas as árvores
encontradas, independentemente de suas características.
Em qualquer um dos casos acima citados, é sempre importante lembrar que a árvore matriz esteja livre de
pragas e doenças.
O bom desempenho do futuro plantio florestal depende de vários fatores, sendo a boa qualidade da semente
o primeiro deles. Para isso é importante selecionar as melhores árvores de cada espécie para serem as
matrizes ou mães.
A árvore matriz normalmente é melhor do que as demais porque herdou de seus pais aquelas características
superiores. Então, é muito provável que essa árvore também passe para os seus filhos, através das sementes,
essas mesmas características.
Além disto, as condições do clima e do solo e a presença de doenças determinam a qualidade das sementes.
A árvore matriz, não estando sadia ou bem nutrida, pode gerar sementes malformadas, chochas e com pouca
reserva nutricional para germinar. Assim, as mudas geradas têm grande chance de serem fracas, ocasionando
insucesso no plantio definitivo, aumentando os custos de implantação e, o que é pior, perde-se tempo
plantando árvores que não responderão satisfatoriamente, tanto do ponto de vista econômico, como
ecológico.
Cuidados na coleta
As árvores matrizes podem ser selecionadas em florestas naturais ou plantadas. As sementes devem ser
coletadas, preferencialmente, em várias árvores da mesma espécie, respeitando-se uma distância mínima
entre as mesmas. Sempre que possível, deve-se colher sementes de, no mínimo, 15 árvores por espécie, com
distâncias que variam de50 a 100 metros entre elas. Quando árvores de uma mesma espécie localizarem-se
próximas umas das outras, ou em touceiras (açaí, p.ex.), elas devem ser consideradas como um grupo (ou
família), e deve-se colher os frutos em, no mínimo, 5 grupos com distâncias que variam de 50 a 100 metros
entre si, e em3 árvores diferentes por grupo no mínimo. Em florestas plantadas deve-se colher as sementes
do maior número de árvores possível, na suposição de que as características superiores foram mantidas na
seleção das árvores matrizes que originaram tal plantio.
Recomenda-se evitar a colheita de todas as sementes produzidas pelas árvores matrizes, permitindo, assim,
que a espécie possa continuar disseminando-se de forma natural, além de garantir a sobrevivência dos
animais que delas se alimentam, sem alterar o equilíbrio ecológico. Visando acompanhar a produção de flores
e frutos, cada árvore matriz deve ser identificada, colocando-se uma plaqueta com números e/ou letras para
identificação, e relacionada em uma ficha de acompanhamento. É importante que se tenha um mapa bem
simples (croquis) da área de coleta, permitindo a qualquer pessoa encontrar a árvore matriz.
A época mais recomendada para se fazer a colheita é quando os frutos começam a se abrir ou mudar a sua
coloração (maturação). Frutos leves e sementes com as as(aladas), plumas ou pêlos (como é o caso dos ipês,
das barrigudas e do cumaru) devem ser colhidos antes que os frutos se abram, evitando-se assim, que as
sementes sejam levadas pelo vento. Já no caso de frutos pesados como goiti, oiti e jatobá, pode-se colhê-los
no chão, logo após a sua queda, evitando-se danos causados por animais e microrganismos.
Os frutos, depois de colhidos, deverão receber cuidados especiais para que não sejam contaminados por
insetos ou doenças que possam prejudicar a semente.
O modo de colher a semente depende da forma e altura da árvore, do equipamento disponível e do
conhecimento técnico do pessoal envolvido na colheita. Os métodos mais utilizados são:
A colheita direta no chão pode ser usada para frutos grandes que caem próximo à copa e cujas sementes não
sejam aladas. Geralmente a colheita é feita quando os frutos se desprendem da árvore, seja de forma
espontânea ou com a ajuda de alguém. Geralmente é o método mais difícil. No entanto, é o que apresenta
os melhores resultados em termos de qualidade das sementes colhidas.
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A maneira de colher as sementes vai depender da forma e da altura da árvore, do tipo de casca, da presença
de espinhos, do tipo do terreno, do equipamento disponível e do conhecimento técnico do pessoal envolvido
na colheita. Em qualquer caso, sempre que for necessária a escalada da árvore, deve-se recorrer a uma
pessoa capacitada que sempre utilizará equipamentos de segurança.
Os equipamentos mais utilizados para essa forma de colheita são: Peia: Consiste de uma peça de couro ou
corda revestida com material disponível (pano, borracha, etc.). Muito utilizado para a colheita de sementes
de palmeiras.
 Podão: Ferramenta que consiste de cortador ou gancho com um cabo longo. Utilizado para a colheita
em arbustos ou árvores de pequeno e médio portes.
 Escadas: Pode ser confeccionada em alumínio, fibra ou madeira. Mais utilizadas em árvores retas e
nas que não suportam injúrias causadas pelos métodos das esporas.
 Equipamento de alpinismo: Apesar de seu uso exigir treinamento de pessoal, é um dos métodos
mais práticos e de fácil condução dentro da mata. Pode ser utilizado na colheita em árvores de grande
porte.
 Esporas: Pode ser empregado em qualquer tipo de árvore, exceto as palmeiras. Requer treinamento
de pessoal. Apesar das injúrias causadas pelas esporas, este é um método de colheita bastante
praticado.
 Blocante ao tronco: Com nós especiais em uma corda se faz um conjunto de laços que envolvem a
árvore, servindo para impulsionar os pés e dar segurança a quem usa.
BENEFICIAMENTO
A forma de remoção das sementes depende do tipo de fruto. Nos frutos carnosos com o uso de água corrente
e, em alguns casos, com o auxílio de uma peneira, os frutos são amassados e suas polpas são retiradas
(despolpamento) e separadas das sementes que são postas a secar. Esta prática é fundamental para se evitar
o ataque de insetos e o desenvolvimento de fungos e bactérias, que podem causar o apodrecimento das
sementes e é bastante utilizada para limpar sementes de goiti, araçá, jambo, mangaba, cajarana, cajá etc.
Quando a polpa é muito resistente, os frutos podem ficar dentro d’água por um período de 12 a 24 horas,
sendo despolpados em seguida.
Os frutos secos são aqueles que se abrem naturalmente e liberam as sementes quando estão secos devem
ser colhidos antes que isto aconteça (deve-se acompanhar a mudança de coloração e início da abertura dos
frutos). Quando ocorrer a mudança de coloração, os frutos são retirados e colocados em pátio de secagem
ou lonas para que completem a sua abertura, liberando as sementes. Aqui se enquadram, dentre outros, os
frutos dos ipês, cedro, sabiá, pau-brasil e aroeira. Para os frutos secos que não se abrem naturalmente, são
utilizados facas, tesouras, facões e até mesmo o machado. Para algumas espécies que apresentam esta
característica, como o jucá, vem se utilizando com sucesso o pilão caseiro. É preciso ter bastante cuidado
nesse método, pois as sementes poderão ser danificadas caso o esforço utilizado seja superior ao necessário
na separação da semente do fruto.
Depois de colhidas, as sementes contêm materiais indesejáveis (como restos de frutos, galhos, sementes
chochas e de outras espécies, etc.), que devem ser removidos afim de facilitar a secagem, o armazenamento
e a semeadura. Essa limpeza aumenta a qualidade do lote de sementes, e a sua longevidade, fazendo com
que ele tenha maior valor de comercialização.
Para retirar aqueles materiais indesejáveis, pode-se utilizar uma máquina de ar e peneira. No entanto, essa
prática é mais comum em espécies agrícolas de alto valor comercial. Para as espécies florestais,
principalmente as nativas, é mais comum utilizar peneiras ou fazer a catação de forma manual desses
materiais.
Logo após a colheita, as sementes ainda detêm um teor de água (umidade) bastante elevado. Além disso,
muitas sementes encontram-se aderidas ao fruto, o que dificulta sua extração. Assim, para facilitar essa
operação e, se for o caso, possibilitar o seu armazenamento, os frutos e sementes são submetidos ao
processo de secagem.
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A semente absorve ou libera umidade dependendo das suas características, da temperatura do ambiente e
da umidade do ar. É importante que as sementes sequem até atingirem a umidade adequada para a espécie
(que varia bastante, podendo ser de aproximadamente 5% para algumas e de 40% para outras), quando
estarão prontas para serem armazenadas. Isto diminui o risco de que elas sejam atacadas por fungos e outros
microrganismos ou que percam sua capacidade de germinar.
Frutos ou sementes com excesso de umidade devem ser submetidos a uma pré secagem denominada de
cura. Ou seja, depois de colhidos, são colocados para secagem à sombra, por 2 a 5 dias, quando perdem o
excesso de umidade.
A forma de secagem mais utilizada é aquela em que se colocam as sementes em pátios de secagem, sobre
lonas ou outro recipiente que possibilite a exposição das mesmas durante o dia, por um período que varia
entre 7 a 15 dias.
Outra forma de secagem é a utilização de estufa, processo artificial onde é possível controlar a temperatura
e a umidade. Apesar de não depender das condições climáticas, esse método aumenta os custos de
produção.
Pátio de secagem nada mais é do que um terreiro, preferencialmente cimentado ou de terra batida. Do ponto
de vista econômico, esta é a melhor forma de secagem das sementes, uma vez que utiliza o sole/ou o vento.
AS PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE BIOJOIAS SÃO:
• Sementes em suas formas naturais, tingidas, fatiadas, entre outras, como por exemplo:
 Açaí, palmeira da região amazônica, da qual se extrai o vinho, um suco feito da polpa e da casca de
seus frutos. Encontrado em grande variedade na Amazônia, sendo que hoje é uma das espécies mais
utilizadas na fabricação de biojoias;
 Buriti, proveniente de diversas regiões brasileiras tais como Maranhão, Pará, Bahia, Ceará, Distrito
Federal, Tocantins, Minas Gerais, outras, cuja árvore, o buritizeiro, é denominada pelos indígenas de
“árvore da vida”; Babaçu, de grande valor industrial e comercial e é encontrado em extensas
formações naturais em estados como Maranhão, Piauí e Tocantins;
 Tucumã, fruto que tem grande valor nutritivo e pode ser consumido na forma de sorvetes, doces e
compotas. Com a polpa prepara-se o vinho de tucumã.Os caroços são resistentes, com alto teor de
dureza. As peças de tucum são, indiscutivelmente, um aliado muito especial para a confecção de
joias, pois chegam a ser tão resistentes quanto um metal;
 Jarina, também conhecida como marfim vegetal, palmeira pequena, de tronco grosso, com
numerosas raízes adventícias e flores de forte perfume.
É nativa da região equatorial da América Central e do Sul. Quando amadurecidos, os frutos caem e soltam as
sementes, permitindo que elas sequem em um prazo que varia de quatro semanas a quatro meses,
dependendo das condições climáticas. As sementes amadurecidas tornam-se duras, brancas e opacas como
o marfim, tendo a vantagem de não serem quebradiças e de serem mais dóceis ao trabalho
• Fibras naturais e outros materiais, por exemplo:
 Capim dourado, existente em todo o cerrado brasileiro, apesar de sua fama estar relacionada
principalmente à região do Jalapão, no estado do Tocantins, onde ele pode ser encontrado em
abundância. É de lá que sai a maior produção do capim dourado em forma de artesanato. O brilho
dourado e fascinante do capim inspira a produção de peças utilitárias e ornamentais. O capim
dourado, depois de seco, está pronto para ser trabalhado com a palha do qual se faz artesanatos,
tais como pulseiras, brincos, entre outros;
 Juta, fibra têxtil vegetal, proveniente de climas úmidos e tropicais, introduzida no Brasil pela cultura
japonesa e bastante utilizada nas atividades econômicas das populações ribeirinhas da Amazônia;
 Palha da bananeira, de onde se extraem cinco tipos de fibras, mas apenas um tipo pode ser tingido;
 Coco, fruto do coqueiro, um tipo de palmeira que cresce em climas úmidos e quentes, cujo caroço,
chamado de endocarpo, é a parte do fruto utilizada como insumo para biojoia;
 Bambu, que possui mais de mil espécies encontradas em sua forma nativa na maioria dos
continentes. No Brasil é encontrado em praticamente todos os estados da federação.
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• Madeira, sendo que, geralmente, utilizam-se as menos nobres, oriundas de madeiras de reflorestamentos,
mas em algumas peças de biojoias é possível encontrar lâminas de madeiras retiradas de palmeiras como a
tucumã, pupunha, mogno, imbuia, e outras, presentes na região da Amazônia. Alguns artesãos do nordeste
também utilizam cascas de árvores como a cajazeira. Utiliza-se, também, o chamado MDF, que é feito a partir
de fibras de madeira associadas à resina sintética, muito utilizada hoje na fabricação de móveis.
• Pedras, como por exemplo, turquesa, ametista, pedra-sabão, turmalina, água-marinha, entre outras.
Além dos citados, há uma diversidade muito grande de outros insumos utilizados na criação de biojoias, como
por exemplo: abalone, couro, conchas, penas e escamas.
Também são utilizados insumos de descarte como, por exemplo, os chifres de animais abatidos em
frigoríficos, além dos metais como o cobre, o ouro e a prata, que em geral agregam ainda mais beleza e valor
aos elementos naturais.
Outros insumos são utilizados como, por exemplo, cola, cera, pequenos parafusos, entre outros.
Ao recorrer aos fornecedores para a compra de matérias-primas e outros insumos necessários, é de
fundamental importância que tal aquisição aconteça dentro de padrões ecologicamente corretos e sem
impacto negativo social.
Boa parte das matérias-primas vindas da natureza é obtida pelo trabalho de comunidades que vivem
próximas a florestas, por exemplo. A valorização deste trabalho como forma de sustento destas famílias é
atitude desejada.
É preciso verificar junto aos fornecedores a procedência, a forma como foram coletadas as matérias-primas
vendidas, se não há utilização de trabalho escravo ou infantil, bem como os cuidados que são necessários
para armazenar dos itens comprados.
Mantenha a área de estoque organizada conforme as condições necessárias para preservar as matérias-
primas.
Com relações às biojoias prontas para venda, convém a mesma atenção para organizar o estoque e/ou área
de vendas, de forma que tais cuidados garantam a manutenção da qualidade e da durabilidade das peças.
O empreendedor deve pesquisar junto ao IBAMA e outras instituições sobre legislação vigente para verificar
possíveis impedimentos na extração e utilização de matérias-primas da fauna e flora silvestre brasileira.
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CONCEITO DE MARCA E ADEQUAÇÃO DO PRODUTO AO MERCADO
A Biojoia é um adorno produzido a partir de materiais vindos da natureza, tais como sementes diversas, fibras
naturais, casca do coco, frutos secos, conchas, madrepérola, capim, madeira, ossos, penas, escamas, dentre
outros. Tais materiais são extraídos da natureza sem causar quaisquer prejuízos à mesma, ou seja, a busca
de matérias-primas é feita de forma sustentável: não agride o meio ambiente e nem o meio social, e
possibilita a produção de peças que sejam viáveis para comercialização.
Ainda, as biojoias se caracterizam pela valorização da cultura brasileira, pois se identificam e resgatam
elementos da história, crenças, valores e tradições do povo brasileiro, considerando aspectos regionais.
Na produção de biojoias há o predomínio da utilização de materiais de origem natural.
A união destes elementos com o ouro, pedras preciosas e semipreciosas ou outros materiais nobres
transformam as biojoias em produtos com alto valor agregado, reconhecidas como “joias naturais”. Trata-
se, portanto, de criações artísticas tipicamente brasileiras, que aproveitam a riqueza de cores, texturas e
formas da flora brasileira para criação de peças com valor agregado, promovendo a sustentabilidade e
valorização cultural.
Para melhor entendimento do termo “biojoia”, será feita diferenciação entre joia, bijuteria, biojoia, como
segue:
 Joia: peça feita com metais nobres como o ouro e a platina, pedras preciosas e semipreciosas que
são cravadas, tendo alto valor comercial e desenvolvidas, normalmente, a partir de desenhos
exclusivos elaborados para coleções de acessórios desta natureza.
 Bijuteria: peça produzida com materiais sintéticos ou naturais, sem metais nobres ou pedras
preciosas. Quando são usadas outras pedras, estas são coladas ao adorno produzido. A prata, no
entanto, é utilizada na produção de joias e também de bijuterias.
 Biojoia: peça produzida com a combinação harmoniosa de elementos naturais, agregando-se, em
diferentes proporções, metais nobres, pedras preciosas e/ou semipreciosas.
As biojoias são produzidas por artesãos que valorizam a cultura e a diversidade regional para a elaboração
criativa de diferentes tipos de peças como colares, brincos, anéis, entre outras. Já existe no mercado o
profissional conhecido como “biodesigner”.
Este profissional assessora o artesão para que a busca por insumos na natureza se realize dentro de
parâmetros de responsabilidade com o meio ambiente e também orienta quanto aos cuidados necessários
para que as biojoias tenham qualidade e durabilidade, uma vez que as matérias-primas devem estar livres
de fungos e não podem germinar.
É importante frisar que a produção de biojoias se caracteriza, essencialmente, pelo desenvolvimento de um
processo feito de modo sustentável, não agredindo a natureza, nem lançando nenhum tipo de resíduo nas
etapas de produção das peças. Também é um processo produtivo que fortalece a cultura brasileira, uma vez
que os materiais buscados na natureza, bem suas combinações na criação das mais variadas peças, refletem
valores, costumes e tradições das diferentes regiões do país.
Mercado
O mercado de biojoias é um mercado em expansão e com potencial de exportação. A beleza e originalidade
das biojoias, bem como a vertente da sustentabilidade aliada ao desenvolvimento dos produtos, atraem
consumidores, fazendo crescer a demanda por sua comercialização.
Apesar de a maior parte da produção de biojoias estar concentrada em determinadas regiões do Brasil, onde
há comunidades que se beneficiam da atividade, gerando de emprego e renda, as biojoias hoje são
elaboradas e comercializadas em praticamente todo o território nacional. Na cidade de Manaus, por
exemplo, o mercado de biojoias ganha espaço a cada dia, assim como em outras cidades do Norte e Nordeste
do país, em função da diversidade de matéria-prima e da variedade de peças produzidas e oferecidas ao
consumidor. Isso tem atraído grandes joalherias do Brasil, que estão, cada vez mais, apostando na mistura
de materiais naturais com pedras preciosas, semipreciosas e metais nobres.
33
Não foram localizados registros que informem a quantidade de produtores de biojoias no Brasil. É comum
que a produção seja feita na própria residência do artesão e, na maioria dos casos, informalmente.
Muitos artesãos não têm estrutura física própria montada para a comercialização de seus produtos. Investem
expondo-os em showrooms, feiras, congressos, desfiles e eventos do gênero, por acreditarem que os
acessórios fazem parte de um componente essencial e caracterizador do vestuário, e que por isso não deve
ser apreciado isoladamente.
A cooperação entre artesãos é, além de possível, desejável para o mercado. Entre várias ações que podem
ser desenvolvidas de forma cooperativa, os artesãos podem unir o volume de produção que alcançam,
definindo espaços e estratégias comuns de comercialização. Além de benefícios comerciais, a cooperação
entre artesãos e empreendedores que atuam na fabricação de biojoias pode trazer vantagens de redução de
custos produtivos, troca de experiências, melhora do contexto social, entre outras.
A comercialização de biojoias pela internet tem se mostrado crescente, uma vez que as peças podem ser
mostradas em imagens postadas para apreciação dos compradores em potencial.
Empreendedores do mercado que biojoias que não necessariamente se dedicam à elaboração das peças
buscam parcerias constantes com artesãos para o desenvolvimento de seus empreendimentos, sempre
considerando uma atuação baseada em práticas sustentáveis desde a busca dos materiais a serem utilizados,
no processo produtivo e na comercialização, bem como na promoção social dos parceiros envolvidos.
A produção de biojoias, como se percebe, é uma oportunidade de atividade empreendedora fortemente
ligada às práticas sustentáveis que devem, muito além de discurso, se concretizar nas ações desenvolvidas.
A produção de biojoias, assim, será considerada uma atividade sustentável ao se desenvolver como um
empreendimento economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo:
 Economicamente viável: é necessário que tal empreendimento alcance condições de se manter em
atividade e gerar lucros para os empreendedores e parceiros envolvidos.
 Ambientalmente correto: é imprescindível respeito ao meio ambiente em todas as etapas do
trabalho, adotando ações ecologicamente corretas desde a busca de materiais na natureza, até o
momento de vender as biojoias para os clientes, por exemplo.
 Socialmente justo: considerando que todo negócio está inserido num determinado contexto social
e o afeta com suas ações, um empreendimento que produza biojoias deverá se relacionar de maneira
justa e, preferencialmente, favorecer a ampliação do bem-estar social, conforme tal contexto.
Atrelado ao aspecto social, um negócio sustentável é também aquele que é culturalmente aceito e diverso,
ou seja, um empreendimento que valorize e fortaleça a cultura local, respeitando e reconhecendo a
diversidade de seus múltiplos elementos.
A sustentabilidade é um aspecto determinante para a competitividade dos empreendimentos nos dias atuais.
A produção de biojoias, pela utilização de recursos da natureza, valorização da cultura e mão de obra local,
entre outros fatores, contribui significativamente para a sustentabilidade, para o desenvolvimento
sustentável local, regional e global.
Desenvolvimento sustentável é entendido como o desenvolvimento que ocorre sendo capaz de suprir as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Notícias em diferentes meios de comunicação mostram que o mercado consumidor tem, cada vez mais,
buscado comprar produtos que contribuam para a sustentabilidade. Não seria diferente para as biojoias. É
possível dizer até que, para a produção das biojoias, a sustentabilidade é exigida pelo mercado e se torna
uma responsabilidade para os empreendedores praticá-la conscientemente no desenvolvimento do negócio.
No mercado internacional cresce o sucesso das biojoias brasileiras. Os produtos naturais estão claramente
valorizados também no mercado externo. A diversidade e beleza das peças produzidas no Brasil, aliadas à
criatividade do brasileiro, enchem as vitrines das lojas de “Tropic Concept” (um conceito adotado pelas lojas
estrangeiras ao se referirem às biojoias brasileiras e outros produtos que possuem uma conotação tropical),
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que ganham mais espaço mundo afora. Empreendedores de biojoias da cidade de Ribeirão Preto/SP afirmam
que a maior parte da produção daquela região, 90%, é adquirida por estrangeiros.
Ameaças e oportunidades
Como em todo empreendimento, na atividade de fabricação de biojoias o confeccionador deve estar
preparado para antever possíveis riscos e, a partir daí, lançar mão de ações estratégicas que diminuam as
ameaças e aumentem as possibilidades de atrair e aproveitar oportunidades para favorecer o sucesso de seu
negócio.
As oportunidades de negócios são definidas pelas possibilidades de bons resultados que o empreendedor
vislumbra ao implantar um novo empreendimento.
As ameaças para o negócio são definidas como situações não controláveis pelo empreendedor e que podem
interferir de maneira a reduzir ou impedir os resultados esperados para o negócio.
O conhecimento real das possibilidades de sucesso, considerando a busca de informações para identificar
oportunidades e ameaças, somente será possível através de pesquisa de mercado.
Uma pesquisa não precisa ser sofisticada, dispendiosa - em termos financeiros - ou complexa. Ela pode ser
elaborada de forma simplificada e aplicada pelo próprio empresário, para estudar as preferências e
expectativas daqueles que se esperam como consumidores, as práticas de mercado dos fornecedores
(formas de pagamento, de entrega, etc.) e a concorrência já instalada em termos de qualidade das
instalações, valores praticados, tendências de design, entre outros fatores.
O risco de abrir as portas e iniciar a produção de biojoias sem conhecimento do mercado consumidor,
concorrente e fornecedor local é muito grande.
Oportunidades
Podem ser oportunidades no ramo de fabricação de biojoias:
 Implantação e desenvolvimento de um negócio sustentável
 Criações exclusivas e com alto valor agregado;
 Valorização do produto no mercado nacional e internacional;
 Flexibilidade de venda do produto em lojas e eventos de moda de maneira geral, ampliando as
possibilidades de comercialização;
 Possibilidade de venda pela internet;
 Associação a comunidades e projetos sociais locais para busca de matéria-prima e/ou produção e
comercialização das peças, visando à geração de emprego e/ou trabalho e renda;
 Desenvolvimento de projetos que promovam o resgate da cultura regional, como base para
elaboração de biojoias;
 Criação de espaços para ensino de técnicas artesanais utilizadas na elaboração das biojoias.
Ameaças
Algumas ameaças que podem ser previstas na fabricação de biojoias:
 Capital insuficiente para investimento no negócio;
 Crises na economia, que desfavoreçam a moeda nacional e dificultem os investimentos;
 Mão de obra não qualificada, que comprometa a qualidade dos produtos;
 Inviabilidade de investimento em estratégias de marketing para divulgação e venda das biojoias;
 Cultura instalada em alguns profissionais do ramo de apenas copiar peças de outros fabricantes, sem
acrescentar diferencial competitivo;
 Aspectos culturais que não favoreçam práticas sustentáveis;
 Exigência de cuidados específicos para que a matéria-prima e/ou o produto não se deteriore.
Marketing: o Poder da Marca
A marca de um produto é como a sua imagem, mas deve ser uma marca de valor capaz de cativar e conquistar
o cliente.
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A marca simboliza um compromisso da empresa junto a seus clientes, para que através dela, os consumidores
percebam características, propriedades e a qualidade do produto através da sua marca.
O trabalho de marketing não é uma fórmula mágica, nem uma receita eficaz. É um caminho longo e com o
percurso difícil, mas para as empresas compensa investir em criar uma marca. Pois, segundo a ABAP-
Associação Brasileira de Agencia de Publicidade - não existem grandes empresas sem grandes marcas. E pelo
que se percebe no mercado consumidor ela está com a total razão, ´pois, é cada vez maior o número de
consumidores que fazem as suas compras baseados nas marcas e não nos produtos e ou serviços prestados.
Tipos de marcas.
O conceito de Marca é a reprodução simbólica de uma entidade, qualquer que seja, algo que admite
identificá-la imediatamente como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Pode ser um
símbolo, um emblema ou um ícone.
Uma simples palavra com a capacidade de se referir a uma marca. E quanto mais forte é a marca, mais ela
acrescenta valores e conceitos. Seu convite permite as empresas aumentarem os seus lucros, uma vez que
as pessoas compram determinados produtos, porque confiam na empresa que está por trás de determinado
emblema.
Segundo Philip Kotler, um dos papas do marketing, uma marca é complexa e pode apresentar até seis níveis
de significado. Primeiro, ela traz à mente do comprador certos atributos. A marca Tiffany & Co., por exemplo,
sugere produtos refinados, de bom gosto e prestígio. Em segundo lugar, estão os benefícios. Os atributos
relacionam-se com os benefícios, que podem ser divididos em funcionais e emocionais.
O atributo prestígio pode ser traduzido no benefício emocional: “esse produto me faz sentir importante e
admirado”. Já a o atributo qualidade, liga-se ao benefício funcional “sei que o produto tem qualidade e não
vai me causar problemas”.
Em terceiro lugar, vêm os valores. A Van Cleef & Arpels, por exemplo, possui uma marca que simboliza
tradição, prestígio e valor artístico. Em quarto, temos a cultura, que a marca também pode representar. No
caso da Maison Cartier, a cultura representada é a francesa, ou a parisiense, ou, mais especificamente, a
Place Vendôme. Quando a marca cita esses nomes, vêm à tona na cabeça do consumidor todo o refinamento,
a arte e riqueza cultural, além do glamour do berço das grandes Maisons parisienses.
O quinto significa que uma marca pode conter a personalidade projetada pela empresa. A Tiffany & Co. Pode
sugerir uma mulher elegante e sonhadora, como Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo (pessoa). Já a
Ferrari pode lembrar um guepardo, o felino mais rápido que existe, enquanto que a Choppard pode lembrar
uma mansão extravagante, com tudo o que há de mais caro e precioso.
Finalmente, o sexto atributo refere-se ao usuário. Determinada marca pode associar um determinado tipo
de comprador a ela. A Swatch, por exemplo, pode sugerir um consumidor adolescente ou jovem, fashion e
despojado, enquanto que a Omega simboliza um consumidor não tão jovem quanto o primeiro, porém
clássico.
A Rolex, por sua vez, representa um consumidor mais maduro e conservador.
Não imaginamos um jovem de 20 anos, “antenado”, usando um Rolex. Da mesma forma, um executivo de
50 anos não é o tipo de consumidor da Swatch que nos vem à cabeça.
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Estes inúmeros exemplos exemplificam o evidente, que infelizmente para algumas pessoas não é observado
adequadamente, por acreditarem que uma marca não deve ser acertada apenas como um nome. Todas as
grandes empresas começaram pequenas, com apenas um ourives ou um técnico que aproveitou o nome da
família para emprestar a sua empresa. E para que este nome possa crescer é necessário um trabalho árduo,
e muita dedicação.
Dentre os maiores erros cometidos pelas empresas, está o de promover apenas atributos a sua marca. Uma
vez que o consumidor procura mais pelos melhoramentos do que pelas peculiaridades do produto.
Até mesmo pelo fato de que algumas características podem ser plagiadas pelas empresas adversárias, e
determinada especificidade pode deixar de ser um elemento de aspiração do consumidor. Por isso quando
se trabalha com benefícios, tem que se promover o maior número possível, pois alguma outra marca pode
ofertar o mesmo tipo.
Os valores, a cultura e a individualidade, que uma marca acrescenta, são seus sentidos mais intensos e
permanentes. Ao se lançar um produto a empresa deve seguir três quesitos. Pois, para edificar uma marca
leva anos, mas para destruir, são necessárias apenas algumas falhas. Por isso ela deve ser tratada com toda
dedicação.
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AS DIFERENÇAS SOCIAIS, POLITICAS, CULTURAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NAS
CONCEPÇÕES ESTÉTICAW DE CADA ÉPOCA
Os adornos corporais marcam presença desde as primeiras manifestações do homem, possibilitando uma
gama de referências para a contemporaneidade. Assim como as demais manifestações artísticas, a joia
evoluiu junto com a humanidade, marcando incisivamente cada época.
Você já pensou nas joias da pré-história, como eram confeccionadas? Segundo Gola (2008), “Apesar da
dificuldade em determinar a origem dos adornos que hoje chamamos de joias, pode-se dizer que sua
existência está documentada desde aproximadamente 35 mil anos antes de Cristo”. Tais adereços foram
feitos basicamente de conchas, pedras e dentes, havendo também registros de adornos mais trabalhados,
com incisões e recortes. Por essa razão, conchas e pedras são encontradas, hoje, em lojas especializadas de
material de confecção de bijuteria.
Adornos pré-históricos.
Você já pensou em uma definição para a palavra joia? Para Gola (2008), o conceito de joia é amplo, uma vez
que compreende os adornos existentes desde a pré-história, feitos com matéria-prima e ferramentas
rudimentares como as folhas finas de ouro. A autora Gola (2008) ainda explica que estudiosos presumem
que o “trabalho em ouro pela maleabilidade e resistência do metal talvez tenha sido a primeira forma de
manipulação de trabalho em metal”. Ainda de acordo com a mesma autora, na antiguidade, com o
desenvolvimento da escrita e conhecimento sobre os metais, os adornos também evoluíram e ganharam
características de cada civilização. De acordo com Gola (2008), “a construção da joia de ouro ou de prata e a
combinação desses metais com pedras de cor começam, de forma mais efetiva, no início da chamada idade
de bronze”. Portanto, são muitos os significados da palavra joia, assim como a variedade de materiais
utilizados na confecção.
Muitas foram as civilizações que contribuíram com o desenvolvimento da joalheria. Dentre elas, podem-se
citar os egípcios, gregos, persas, etruscos, romanos etc. Quanto às joias egípcias, por exemplo, há muitos
registros, uma vez que esses povos tinham uma grande preocupação com a vida pós-morte, além de deter
conhecimento da escrita deixando registrados seus feitos para a posteridade. De acordo com Gola (2008),
“achados arqueólogos em tumbas egípcias foram encontrados intactos: anéis, broches, brincos, colares,
diademas [...] em ouro puro e maciço”, os quais servem de estudos para os joalheiros modernos e inspiração
para a confecção de adornos mais simples. A seguir exemplos de joias em determinadas civilizações:
Joias egípcias
Joias egípcias
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Joias gregas
Joias romanas
Você pode buscar inspiração nas joias das antigas civilizações e realizar montagens de suas peças de bijuteria.
É importante que pesquise e leia assuntos relacionados à cultura desses povos, com intuito de agregar
informação e valor em sua peça.
Transição da joia para a bijuteria
“Eu fiz joia para o lado alternativo das mulheres, para suas loucuras”.
(Paco Rabanne)
Em 1929, a crise econômica influenciou todos os setores e não foi diferente com a joalheria. Surge, então, a
necessidade de inovar, nascendo a bijuteria. O termo vem do Francês bijouteire que designa joia. Há alguns
autores que preferem usar o termo “joia de imitação”, sendo que seguiam o estilo das artes decorativas,
como as pinturas dos artistas que estavam em evidência. Gola evidencia que:
“Os materiais empregados nessas peças não eram caros, ainda que algumas delas tenham sido
elaboradas em materiais preciosos, o que permitiu uma variedade de joias interessantes e adaptadas
ao orçamento de todas as mulheres” (GOLA, 2008, p.103).
A adaptação a novos conceitos sociais, impostos por uma sociedade que refletia a crise econômica e
transformações na política abriu um leque de oportunidades na confecção de joias de imitação com pedras
semipreciosas e peças feitas com material totalmente alternativo.
Na década de 1940, o Brasil entra no mundo das joias e, para Gola (2008), quem impulsionou tal feito foi a
diva Carmem Miranda com seus balangandãs, suas fantasias, acessórios típicos, apresentando ao mundo as
referências de um país colorido e alegre, por meio da canção: “O que é que a baiana tem?”, de Dorival
Caymmi, composta em 1939.
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Carmen Miranda.
Os anos 1950 são vistos como “anos dourados” não pelo ouro, mas pelos significativos avanços em todas as
áreas, principalmente os científicos e tecnológicos, marcados pelo pós-guerra, quando a ostentação das
riquíssimas joias ficou comprometida e as joias de imitações e bijuterias tornaram-se evidentes. Sobre a
ourivesaria neste período, Gola afirma que:
Pode se dizer que, dos anos 40 aos anos 50, a joia de imitação rivalizou com a joalheria genuína. Com
o uso dessas joias de imitação, as mulheres de classe média podiam adquirir o glamour das estrelas
dos filmes de Hollywood ou de pessoas ricas da sociedade. (GOLA, 2008, p.111).
Os anseios juvenis foram valorizados nos anos 1960, período em que os jovens aspiravam a mudanças,
principalmente, no que dizia respeito aos direitos sociais. Para Gola (2008), “criaram um estilo tempestuoso”.
Vale ressaltar que nessa década um nome que ajudou na repercussão e divulgação da joia de imitação foi
Paco Rabanne que, segundo Gola (2008), “experimentou novos materiais, tais como madeira, papel e
plásticos brilhantes ou PVC, escolhendo os menos valiosos”.
Em decorrência do alto preço do ouro, o que esteve em evidência na década de 1970 foram as joias de caráter
comercial, sendo que as joias de imitação e bijuterias ganharam destaque. Gola expõe:
A década de 70 pode ser considerada o único período da história em que a ornamentação com joias
genuínas esteve fora de moda. As peças usadas eram confeccionadas em resina plástica, seguindo
motivos cada vez maiores e ousados, mas notavelmente simples e modernos, aos quais se unia o
colorido luminoso e rico dos esmaltes. (GOLA, 2008, p.124).
Outro destaque nas bijuterias dos anos 1970 foi a exaltação de diferentes culturas, que serviu de inspiração
na montagem de bijuterias com tecidos e temas variados.
Alguns movimentos sociais que, mais tarde, se tornaram estilo de vida, como punk e hippie, também serviram
de inspiração e divulgação das bijuterias.
Mudanças sociais e, principalmente, comportamentais marcaram os anos 1980, em que a população menos
favorecida passou a seguir os modelos usados pela princesa Diana. Gola (2008) ressalta que houve uma onda
romântica, evidenciada pelo casamento do príncipe Charles com a princesa Diana. Ainda de acordo com a
mesma autora, após o ano de 1981 houve um crescimento significativo na indústria de joias de imitação,
como destaca a seguir:
E o comércio dos acessórios, no geral, tornou-se mais saudável. A joia de imitação e a bijuteria
melhoram de qualidade e seus preços subiram vertiginosamente. […] Os anos 1980 trouxeram uma
liberdade nova à joia e intenso interesse por adornos e feminilidade. (GOLA, 2008, p.127).
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No transcorrer da história, o ato de fazer joias e bijuterias teve expressivos ajustes para adaptar ao que pedia
cada época. E, de acordo com Gola (2008), o que prevaleceu nos anos de 1990 e começo de 2000, na entrada
do século XXI, foi o artista que conseguiu unir valores da arte e individualismo, com as inquietações da moda,
comércio e indústria. Veja exemplos de adereços dos anos 30, 40, 50 e 60.
Coco Chanel.
Adereços.
Alguns itens colocam a bijuteria em evidência perante as joias, a mistura de materiais, variedade de cores
oriundas dos materiais sintéticos, o custo mais baixo, além de ser mais seguro exibir uma bijuteria. Existem
fábricas especializadas na fabricação de bijuterias, mas nada se compara à delicadeza e ao valor implícito do
trabalho artesanal.
Moda e bijuteria / Biojoias
A partir do surgimento, as bijuterias/biojoias foram se adaptando às tendências para satisfazer aos anseios e
criatividade dos profissionais da moda, além de agradarem aos consumidores exigentes e conhecedores da
constante evolução no mundo fashion.
Para usar bijuterias/biojoias não há distinção de classe social, credo, sexo, nível cultural etc. Toda a
população, da mais abastada ou popular, faz uso de bijuterias e tende a fazer combinações com peças do
vestuário.
A entrada da mulher no mercado de trabalho proporcionou maior liberdade para consumir e,
consequentemente, enfeitar seu corpo de acordo com seu gosto e intenção de se revelar ao mundo que a
cerca. Quem mais adquire bijuteria são as pessoas do sexo feminino. Raro é a mulher que possui só um par
de brincos. Até mesmo a questão do valor auxilia na aquisição do maior número de bijuterias/biojoias, visto
que podem ser usadas em todas as ocasiões evidenciando a feminilidade, além de combinar com todo tipo
de visual - das roupas básicas às mais elegantes. Para usar bijuterias/biojoias não há regras, mas requer bom
senso e gosto. Antes de tudo, é preciso se sentir bem, tendo em vista que há pessoas que dizem que as
bijuterias iluminam a aparência e alegram o dia.
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Bijuterias/biojoias combinadas com roupas básicas
Bijuterias combinadas com roupas básicas.
Bijuterias/biojoias para festas
Bijuterias para festas.
USO DA BIJUTERIA EM CULTURAS COMO: INDÍGENA, AFRICANA E INDIANA
Bijuteria na cultura indígena
A expressão artística indígena é marcada pela arte plumária, que vai além do simples adorno e é impregnada
de simbolismo, pois é usada em rituais e cerimônias. São feitas só por homens e representam mensagens
como posição social, sexo, idade. Para os povos indígenas, as bijuterias feitas com penas possuem
semelhante valor e respeito ao que os diamantes causam em outras culturas.
Com penas e sementes são feitas pulseiras, colares, adornos para cabeça etc.
Adornos.
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Adornos.
Bijuteria na cultura africana
A arte africana é marcada pelas cores fortes e chamativas, sendo um reflexo da história, dos cultos, crenças
e filosofia de vida dos habitantes. Isso é porque o continente africano acolhe uma grande variedade de
culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas diferenciadas.
Para a confecção de bijuterias, buscam-se referências nas cores, na geometrização das formas e no próprio
estilo de vida dos povos africanos.
Bijuterias com tendências africanas.
Bijuteria na cultura indiana
A cultura indiana é marcada pela diversidade de usos e costumes. Investir em joias e adereços faz parte dessa
cultura que é passada de geração em geração. Mesmo sofrendo influência de outras culturas, essa é uma
marca da tradição indiana, o que a distingue das demais.
Adereços na cultura indiana.
O uso da bijuteria em algumas culturas inspira modismo ao redor do mundo. Outros povos e culturas também
são marcados pelo uso de bijuterias, porém, as três culturas citadas - indígena, africana e indiana - são as que
mais influenciam a confecção de bijuterias no cenário mundial.
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DESENHO DE PEÇAS EM CROQUIS
Sketches, Croquis e esboços
Enquanto o desenho técnico é codificado e tem interpretação única, o desenho à mão livre tem traços fortes
Dentre as principais habilidades a serem desenvolvidas para um profissional que queira atuar como designer
do setor joalheiro, as relacionadas ao desenho devem ser priorizadas. Inicialmente aqueles feitos à mão livre
e, posteriormente, os com instrumentos e o desenho em programas digitais. Ele é o principal instrumento de
comunicação entre o designer e a produção.
Mas como foi visto no capítulo dedicado ao desenho no processo criativo, o desenho faz parte de diferentes
etapas do desenvolvimento do projeto. Na etapa inicial entende-se que os primeiros traços, também aqui
identificados como rabiscos, rascunhos ou sketches são os estudos preliminares para posterior definição com
maior exatidão de formas e medidas. No entanto, os sketches, os rabiscos, fazem parte de um conjunto
conexo, onde os elementos compõem a estrutura do futuro objeto tridimensional.
Em Portugal, observou-se o uso do termo croqui para o desenho técnico feito à mão, já com medidas, vistas
e especificações. Como comentam Berenguer e Pastor no livro Desenho para joalheiros:
O croqui é um desenho à mão alçada, elaborado com meios tradicionais do desenho
técnico. O croqui oferece dois tipos de informação: as vistas (dados formais da
peça) e as medidas (dados técnicos). Para tal, o desenhador parte dos esboços
prévios e das maquetas e aplica as normas gerais do sistema diédrico e da cota do
desenho industrial segundo as normas internacionais.188
É importante lembrar, de modo a firmar uma nomenclatura, que se está aqui definindo os traços iniciais,
descompromissados, como sketches, rabiscos ou rascunhos, procurando encontrar uma nomenclatura que
revele estes estudos iniciais, diferentes daqueles já mais definidos, embora ainda não com as características
do desenho técnico, uma vez que os termos esboços e croquis, são utilizados com o mesmo emprego no
Brasil, definindo como o desenho do objeto ou construção já em suas proporções, da mesma forma como os
desenhos de estudos e observação de objetos e edificações. O desenho técnico é claramente entendido
como o desenho de definição de medidas, vistas e especificações técnicas, seja ele feito à mão com
instrumentos ou por meios digitais, sendo um desenho de precisão.
Na produção joalheira, esse desenho assume características próximas às do desenho feito nos projetos de
Arquitetura. Iniciam-se por rascunhos e caminham pelos esboços determinantes da forma e de suas
proporções. No desenho dos arquitetos, os primeiros traços, os estudos preliminares, servem como forma
de analisar a relação espaço e forma (Fig. 1).
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Figura 1 – Desenho de arquitetura – Guilherme Motta – estudos e croqui
Luciana Preuss, designer de joias carioca, em seu livro, Desenho Técnico de Joias, comenta: “A capacidade de
realizar esboços é fundamental para o desenho de joias, pois estes são utilizados em todo processo de
desenvolvimento de uma peça. ” E propõe um diagrama (Fig. 2) onde analisa os desdobramentos dos esboços
criativos.
Figura 2 – Esboço – diagrama
Esses estudos iniciais servem de referência para avaliar-se o processo em que se desenvolvem as ideias.
Muitas vezes é preciso rever esse caminho porque algumas escolhas fazem com que em determinados
momentos se deixe de lado uma boa solução. Ajudam a solidificar ideias, a justifica-las.
O arquiteto Renzo Piano explica da seguinte maneira seu método de trabalho:
“Começamos fazendo esboços, depois traçamos um desenho e em seguida fazemos
um modelo, para então chegar à realidade – vamos ao espaço em questão -,
voltando mais uma vez ao desenho. Estabelecemos uma espécie de circularidade
entre o desenho e a concretização e de volta novamente ao desenho. ” Sobre a
repetição e a prática, observa Piano: “É perfeitamente característico da abordagem
do artífice. Ao mesmo tempo pensar e fazer. Desenhamos e fazemos. O ato de
desenhar é revisitado. Fazer, refazer e fazer mais uma vez.
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No estudo de Mirela Vigevani (Fig. 3), designer de joias que se especializou no desenho e prototipagem
digital, vê-se um breve rascunho para um brinco. Feito apenas em caneta mostra os traços principais do que
será desenhado com detalhamento. As especificações estão anotadas informalmente ao lado, não
compondo, ainda, a ficha técnica. São indicações de gemas e suas medidas para melhor definição. Nesse caso
o desenho final foi feito no programa RhinoGold para posterior modelagem digital.
Figura 3 – Mirela Vigevani – estudos para brincos com especificações de gemas.
Os sketches, estudos ou rabiscos, são o início de ideias, muitas vezes ainda sem a exata proporção, sem a
definição final, mas simplesmente um meio de trazer à forma aquilo que se delineia na imaginação ou é
elaborado a partir de uma cena ou objeto registrado que lhe remete como referência para novas
composições.
São estudos, porque são um exercício de experimentação da forma e das proporções. Em joalheria dá-se
conta da necessidade do treino do olhar para pequenas medidas e as relações entre elas.
Ao pensar o objeto, o profissional, designer ou o joalheiro, deve desenvolver a habilidade de visualizar a
forma total projetada antes de estar materializada.
Desde os sketches iniciais até o desenho técnico, essa visualização conduzirá o processo de confecção do
desenho. Trabalha-se com a ideia do “cubo de vidro”, que será abordada no capítulo destinado ao desenho
técnico, e que propõe imaginar-se o objeto dentro de um cubo imaginário, a partir do qual seria possível
observar todas as faces do objeto para desenhá-lo. Este é também um dos meios de se entender as projeções
ortogonais.
Rodrigo Ferreira Silva, joalheiro, técnico em joalheria do SENAI, Unidade Artefatos de Couro e Joias, onde é
professor de joalheria, é graduado em Design de Joias pelo Istituto Europeo di Design de São Paulo. Rodrigo
acumula alguns prêmios importantes em sua jovem carreira, entre eles a Medalha de Ouro no World Skills
London, 2011. Ele utiliza os desenhos como rascunhos de suas ideias.
Considera que colocar no papel os estudos formais antes de executar no metal, pode auxiliar a resolver um
ou outro problema que possa haver na construção da peça. No entanto, por sua prática em joalheria, muitas
vezes acaba resolvendo diretamente na bancada, durante a confecção de uma ideia que existe apenas
mentalmente.
Rodrigo desenha muito bem, com traço bem definido, e seus esboços têm a qualidade para uma boa
simulação de suas ideias (Fig. 4-5). Graduado pelo IED, contou, assim como Ícaro Carlos, que o desenho
técnico não fazia parte do currículo do curso. O desenho ensinado era esquemático na construção de peças
em perspectiva e uma parte de ilustração. Nas imagens a seguir, os sketches e as fotos de seu projeto de TCC
concluído em 2015.
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Figura 4 – Rodrigo Ferreira Silva – projeto de TCC, IED/SP, 2015 / esboços Título: “Erosão que causamos é a
erosão que sofremos”
Figura 5 – Rodrigo Ferreira Silva – projeto de TCC, IED/SP, 2015 / fotos Título: “Erosão que causamos é a
erosão que sofremos”.
Nessa etapa inicial os desenhos expressam experimentações que podem ser adotadas ou descartadas, ou
ainda arquivadas para serem revistas posteriormente, servindo a outros projetos. Muitos joalheiros os
utilizam como registro de sua criação.
Muitas vezes os rascunhos são o único tipo de desenho adotado pelo profissional na joalheria artesanal, pois
sua prática o leva diretamente à execução no metal, servindo como base para o que definirá posteriormente
na bancada.
Reny Golcman mantém um caderno de registros de suas criações. Durante a entrevista para essa pesquisa
que já se iniciou no Mestrado em 2007, Reny falou sobre como esses rascunhos servem como arquivo do que
produziu, Reny contou sobre o fato de não ter se preocupado em registrar seus primeiros trabalhos. Muitos
foram vendidos, antes de serem fotografados e não podem ser resgatadas. Foi esse fato que fez com que
passasse a fazer pequenos desenhos, com traços breves, em um caderno de anotações que, de acordo com
o último levantamento feito por Ana Passos no livro que conta a história dessa artista plástica carioca,
pintora, escultora e joalheira, já somam 1780 registros. Sente não ter iniciado antes as anotações das suas
produções. Hoje seu marido as fotografa, como ressalta Ana Passos.
Produzindo em bancada suas peças ainda hoje, com mais de 70 anos, Reny é um ícone da joalheria brasileira,
por sua forma de criar, por sua disposição em manter-se produzindo. Conhecer seu ateliê, a forma como
organiza seus materiais, suas ferramentas e, principalmente, suas memórias, é penetrar no universo da arte,
da artista, da poesia encontrada nos detalhes.
Reny valoriza cada página em que seu trabalho foi comentado. Possui diversas pastas com recortes de
matérias e comentários sobre sua obra (Fig. 6-7).
Teoria das cores: entendendo como funcionam as cores e suas combinações
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  • 1. 1 SUMÁRIO Introdução 02 Teoriadascores 03 Cartela de cores para uma coleção de acessórios 13 Criatividade e percepção 16 Descrição técnica de acessórios 19 História das biojoias 20 Proporções do corpo humano 24 Processo de colheita e secagem da matéria prima 27 Conceito de marca e adequação do produto ao mercado 32 As diferenças sociais, políticas, culturais e suas influências nas concepções estética de cada época 37 Desenho de peças em croquis 43 Técnica de desenho de biojoias e ecojoias 53 Elementos da linguagem plástica 68 Leitura de imagens 75 A composição nas artes visuais 78 Artesão regional 83 Nr 17 - norma regulamentadora 17 91
  • 2. 2 INTRODUÇÃO A produção de biojoias é uma grande oportunidade de negócio, visto que o mundo busca maneiras corretas de sustentabilidade. O mercado de produtos ecologicamente corretos cresce significativamente em todo o mundo, sendo com isso o ramo da bijuteria essencialmente potencial para a busca de oportunidade a pessoas que possuam criatividade e estilo na confecção de bijuterias. Empreendedores do mercado de biojoias dedicam-se a criações de coleções e artigos de belezas sustentáveis, economicamente viávéis, e socialmente justas. A confecção de biojoias envolve vários processos desde o desenho da peça, até a confecção da embalagem e o acabamento das peças. É fundamental que o confeccionador de biojoias tenha uma determinada criatividade e persistência na criação e elaboração das bijuterias, já que artesãos que somente copiam peças não conseguem grandes feitos nesse ramo. É necessário que o artesão procure sempre cursos para aperfeiçoar suas técnicas e que possa está trocando informações com outros artesãos. Mas antes de se iniciar um negócio próprio, é importante que o artesão procure informações, na sua região, de locais que forneçam matéria prima e que faça detalhadamente uma pesquisa de mercado para que futuramente não se decepcione. As ameaças para o negócio são definidas com não controláveis e que pode interferir nos resultados. A busca por novas técnicas e uma boa pesquisa de mercado faz com que diminua esses riscos. O risco de abrir um comércio e iniciar a produção sem conhecimento do mercado, dos concorrentes, da clientela e fornecedores de matéria prima é muito grande.
  • 3. 3 TEORIADASCORES O que é teoria das cores? Wallpaper de cores – by Alessandro Pautasso. Teoria das cores é o estudo sobre as cores, que vai desde a da fisiologia, ou seja, como ela é interpretada pelo nosso cérebro até a aplicação e utilização em peças de comunicação visual. Na teoria das cores podemos entender como a cor age no ser humano e como podemos utilizar isso a nosso favor, manipulando as cores para passar uma determinada mensagem ou transmitir determinada sensação. Conhecer a teoria das cores é algo imprescindível para todo artista, designer, publicitário e todos que lidam com design, arte e comunicação visual. Como vemos as cores? Na história vários cientistas estudaram as cores. Aristóteles, Plínio, Leonardo da Vinci, Le Blon e Goethe, com certeza um dos mais importantes e que veremos também nessa série. “Johann Wofgang von Goethe (1749-1832), que em sua “Doutrina das Cores”, de 1810, ressalta o sentido estético, moral e filosófico, defendendo as funções fisiológicas e os efeitos psicológicos das cores. Goethe opunha-se ao sentido metódico e matemático da óptica newtoniana, fato polêmico com os simpatizantes dos trabalhos de Newton, porque foi enfaticamente contrário às teorias dele.” Mas, por enquanto falaremos da parte física da coisa, o estudo do Isaac Newton (aquele cara das “três leis”, lembra?) no século XVII. Ele observou que o prisma era capaz de dividir um feixe de luz em sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Não por acaso as cores do arco íris (onde as gotículas de cor fazem a função do prisma). As cores são faixas de ondas que são possíveis de serem vistas pelo olho humano. E o comprimento das ondas é o que define as cores, ou seja, é o que a define, o verde, o amarelo, o azul que enxergamos.
  • 4. 4 Logo a cor não existe de forma tangível. Cor é uma sensação produzida pelo olho. É a impressão produzida na retina do olho pela luz refletida/difundida pelos objetos. E o físico inglês Thomas Young no século XIX formulou a primeira teoria científica para a sensibilidade do olho humano às cores (mais tarde estudada e comprovada pelo alemão Hermann von Helmholtz). Young e Helmholtz, chegaram a conclusão que dentro do olho existem receptores que processam a luz, “os cones”, e que estes são compostos por três tipos de nervos. Esses três nervos são responsáveis pela percepção de uma certa região do espectro luminoso, respectivamente, eram o vermelho, o verde e o azul e que o restante das cores que vemos na verdade são provenientes da soma dessas três cores “primárias”. Ah David, então porque eu vejo o vermelho no fusca do meu vizinho? Simples, a cor que vemos é a cor que o objeto (no caso o fusca) reflete. Ele recebe todas as cores e as absorve, exceto o vermelho, que é a cor ele reflete para nós.
  • 5. 5 Cores Primárias, Secundárias e Terciárias Dentro da teoria das cores temos as cores primárias, secundárias e terciárias. Começando pelas cores primárias, são cores que não podem ser decompostas em outras cores e quando combinadas criam outras. Elas podem ser definidas por aditivas e subtrativas. Cor Luz – aditivas É a cor através da incidência de raio de luz. A luz é emitida pelo objeto. Pode ser natural, como o sol, ou artificial como TVs, monitores, câmeras digitais, etc. A soma das três cores primárias produz o branco. Este sistema é o RGB (red, green and blue) que usamos quando produzimos algo para a web, por exemplo. É o sistema oposto físico/matemático ao CMY. Também existem os sistemas HSB (HSV), HSL, HSI que usam a matiz, a saturação e o brilho para a definição de cores. Cor Pigmento- subtrativas É a cor proveniente da absorção de luz, ou seja, a cor visível é aquela que não foi absorvida pelo objeto. As cores pigmento podem ser divididas em opacas e transparentes: Opacas – RYB: É um sistema bastante usado nas artes plásticas, fabricações caseiras, tecelagem e etc. As cores primárias pigmentos são o amarelo, o azul e o vermelho ( RYB – red, yellow and blue). A mistura das três cores produz o cinza através da síntese subtrativa. O sistema RYB necessita da adição da cor branca (para clarear) e do do preto (para escurecer). Este sistema não possui outro sistema equivalente (como acontece do caso do RGB & CMY), por isso não é possível fazer uma conversão exata para nenhum outro sistema, no máximo uma aproximação.
  • 6. 6 Transparentes – CMYK: É o sistema usado por impressoras, gráficas, artes gráficas, etc. É a versão industrial do CMY que é o sistema oposto físico/matemático ao RGB. As cores primárias são magenta, cyan e amarelo. E a mistura das três cores produz o cinza através da síntese subtrativa. O sistema, óbvio, utilizado é o CMYK. A letra “K” no final significa “black” (preto). A adição do preto se deve ao fato que embora a mistura das cores ciano, magenta e amarelo, produzam um cinza bem próximo ao preto, ele ainda assim é inviável em questões de materiais (gasto com cores e papéis) e insatisfatório em questões de qualidade no acabamento. Secundária e terciárias Todas as outras cores que existem são provenientes da mistura das cores primárias. Quando combinamos duas cores primárias, conseguimos uma cor secundária, e ao combinarmos uma cor secundária com uma primária adquirimos uma cor terciária. Propriedade da cor As cores possuem três propriedades: matiz, saturação e brilho.
  • 7. 7 Matiz É o primeiro atributo da cor. É o resultado da nossa percepção da luz refletida. Matiz é nome da cor: vermelho, azul, verde, amarelo, etc. Saturação Também conhecido como croma, refere-se a pureza da cor. É definida pela quantidade de cinza que a cor contém. Então, ajusta-se a saturação de uma cor adicionando-se quantidades de cinza, por isso quanto mais pura for a cor, mais saturada ela é. Brilho Também chamado de Valor ou Luminosidade, diz respeito a claridade, ou a falta dela, da cor. Uma cor pode ser mais luminosa que a outra, por exemplo, o amarelo é mais luminoso que o azul. E também uma cor pode ter variação na sua própria luminosidade, adicionando branco (mais luminosidade) ou preto (menos luminosidade). Temperaturas das cores As cores têm temperaturas. Na verdade, essa questão é mais subjetiva e tem muito mais a ver com a experiências e percepções de quem as vê. Entretanto, podemos defini-las entre quentes e frias.
  • 8. 8 Cores quentes: São as cores em que o vermelho e o amarelo predominam. São chamadas de quentes porque criam uma sensação de calor, proximidade e estão associadas ao sol, ao fogo, etc. Cores frias: São as cores em que o azul e o verde predominam. Estão associadas ao gelo, a água, e criam sensações calmas, de frescor e de tranquilidade. A questão da temperatura também é relativa e depende da combinação feita. Por exemplo: se o amarelo é aplicado com o vermelho sua temperatura diminui, porque o vermelho é mais intenso, mas se for combinado com o azul ele torna-se mais quente. Harmonia das cores Para obter um visual agradável, efetivo, precisa-se combinar as cores de uma forma harmoniosa. Não existe dogmas sobre isso, tudo depende da finalidade que você pretende atingir. Mas existem combinações eficientes que podem te ajudar na escolha certa. A seguir usaremos o Círculo Cromático para visualizarmos os principais esquemas harmônicos. Vamos conferir? Teoria das cores – Cores Complementares A cor complementar de uma primária é a soma das duas outras primárias em proporções iguais, ou seja, uma cor secundária. São as combinações que tem mais contraste: vermelho e verde, azul e laranja e amarelo e violeta. Para encontrá-las, no círculo cromático, é só verificar aquela a cor que está na posição diretamente oposta a cor escolhida. Cores Complementares divididas Essa harmonia é variação da complementar. Ela usa uma cor principal e duas cores adjacentes como complementar. Essa harmonia tem bastante contraste, mas ele é mais “suave” do que a complementar direta.
  • 9. 9 Cores análogas É uma combinação com três cores consecutivas (vizinhas) no círculo de cores. Normalmente é composta por uma cor primária e suas adjacentes. Como as cores tem a mesma base, essa é uma composição de pouco contraste. Análogas mais uma Complementar Usa combinação de três cores adjacentes mais uma complementar. A inclusão de mais uma cor dá mais contraste a combinação, quebrando o ritmo das cores análogas. Análogas relacionadas Essa harmonia consiste em escolher duas cores análogas e pular a terceira cor, para a direita ou esquerda, adicionando a cor seguinte. Possui mais contraste que a análoga simples. Cores intercaladas Essa harmonia consiste em escolher três cores intercaladas no círculo cromático. É um esquema com bom contraste, mas é uma composição por vezes um pouco mais difícil de se lidar.
  • 10. 10 Cores triádicas Consiste na utilização de três cores com a mesma distância (equidistante) no círculo cromático. É uma combinação que possui um alto contraste com riqueza de cores. Cores tetrádicas Esse esquema de teoria das cores usa dois pares de cores complementares. É uma combinação com bastante contraste e que possibilita inúmeras variações. Cores em quadrado (harmonia 90°) É bem semelhante ao esquema tetraédrico, mas com cores equidistantes formando um quadrado dentro do círculo cromático. Monocromia Se refere a harmonia que utiliza somente uma cor, alterando apenas a tonalidade da cor escolhida, ou seja, mudando apenas a saturação e o brilho da cor. É uma combinação com pouquíssimo contraste, mas pode criar um efeito visual agradável, como por exemplo, o efeito “degradê”.
  • 11. 11 O Contraste da cor O contraste é um poderoso elemento no design. Contraste cromático é a relação entre as cores que define as suas diferenças. Quando duas cores diferentes entram em contraste, este intensifica as diferenças entre ambas. Existem inúmeras formas de se criar contraste, como já vimos na harmonia das cores, mas a seguir mostrarei algumas aplicações na prática de contraste. Cor pura O contraste que usa as cores saturadas círculo cromático. Complementares Trata-se do contraste entre uma cor e sua complementar. É um dos mais fortes contrastes que podemos obter. Claro e Escuro Este contraste explora a luminosidade, o branco, o preto e a gama de cinza. Ocorre quando coloca-se uma cor clara próxima a uma cor escura.
  • 12. 12 Quente e Frio Refere-se as ao contraste das cores quentes com as cores frias e vice e versa. Saturação Utiliza-se apenas um cor. Esse contraste usa a intensidade, o tom e a luminosidade da cor. Conclusão A utilização correta das cores possibilita além de algo agradável aos olhos uma eficiência na hora de transmitir a mensagem que queremos passar. Por isso precisamos conhecer a teoria das cores e saber como ela funciona. Independente se você é designer ou não, se trabalha com comunicação visual precisa entender sobre a teoria das cores. É algum imprescindível.
  • 13. 13 CARTELA DE CORES PARA UMA COLEÇÃO DE ACESSÓRIOS Uma coleção consiste em todos os lançamentos de uma determinada estação. Mas porque se lançam coleções?  Para acompanhar as inovações das indústrias têxtil e de aviamentos;  Para acompanhar as tendências de moda;  Para se ter um melhor controle da produção, dando condições para o estabelecimento de metas (prazo de entregas das peças); As coleções são lançadas de acordo com um calendário seguido pela maioria das confecções. O calendário oficial para o lançamento de coleções é de três em três meses, ou seja, de acordo com as estações do ano: primavera-verão, outono-inverno. Na região Nordeste do país não temos estas estações muito definidas, então fazemos sempre coleções destinadas ao verão, por não termos necessidade de roupas de frio. Algumas empresas estão optando por lançarem minicoleções em um espaço menor de tempo, o que pode ser uma boa estratégia para oferecer maior variedade de produtos para os clientes. QUANDO VAMOS LANÇAR UMA COLEÇÃO, DEVEMOS OBSERVAR BEM ALGUNS FATORES: Estilo: é aquilo que dá característica a uma roupa. Ex: estilo clássico, estilo punk, estilo anos 60, etc; Linha: é o tipo de roupa que se vai produzir. Ex: linha surf, linha sportwear, linha moda praia, linha aeróbica, etc. Segmento: segmento masculino, segmento, feminino, segmento infantil, etc.; Público-alvo: são as pessoas para quem pretendemos vender a coleção que iremos lançar. Ex: homens, mulheres, adolescentes, etc.; Faixa etária: é a idade do público-alvo que deve ser definida para se possa modelar as peças nos tamanhos certos. COMPOSIÇÃO DA COLEÇÃO As coleções precisam ser bem organizadas para facilitar o trabalho de modelagem e montagem das peças. Mas como se organiza uma coleção? Primeiro devemos dividi-la em partes que chamamos de famílias. Família: é um grupo que deve ter pelo menos 4 peças que são confeccionadas seguindo uma mesma programação visual, ou seja, usando mesmo tecido ou os mesmos aviamentos, diferindo no modelo e nas cores. O objetivo das famílias é enfatizar as características da coleção, oferecendo ao cliente várias opções de peças do mesmo estilo. VARIAÇÃO DOS PRODUTOS DA COLEÇÃO Produto sazonal: lançado em períodos festivos. Produto de oportunidade: aqueles que são lançados por apresentadores e atores da televisão, cantores, etc. Estes produtos ficam pouco tempo na moda, por isso devem ser lançados e vendidos rapidamente. Produto de tendência: inspirado nas pesquisas de tendências atuais. Desenvolvimento da Coleção Quando vamos desenvolver uma coleção, precisamos definir algumas coisas antes para garantir que seremos bem-sucedidos em nossas vendas. A moda segue algumas tendências que precisamos conhecer antes de produzir roupas destinadas para venda. Temos que escolher os tecidos, os aviamentos, as cores e os modelos de acordo com essas tendências. As principais fontes de pesquisa são as publicações de moda como revistas e catálogos, bem como os sites da internet especializados na área. Depois de pesquisarmos as tendências podemos escolher um tema ou assunto para a nossa coleção. A escolha de um tema ajuda a manter uma unidade na coleção.
  • 14. 14 A produção de uma coleção segue várias etapas. Pode haver algumas modificações dependendo do tipo de empresa e de produto. CARTELA DE CORES A cor exerce uma atração psicológica no ser humano. Esta muita além de assumir apenas um papel decorativo ou estético, está ligada “à expressão de valores sensuais e espirituais” (FARINA, 1982). A cor pode ser utilizada de maneira simbólica ou como forma de estímulo visual, pois é o elemento que mais proporciona impacto e predomina numa imagem. Portanto, a utilização da cor não pode ser feita arbitrariamente numa coleção. É preciso encontrar uma linguagem específica por meio da qual se consiga atingir os objetivos desejados junto ao público-alvo. A simples pesquisa das tendências atuais de moda não basta para definir a cartela de cores de uma coleção, pois é necessário levar em conta o público e suas particularidades, a personalidade da marca e o tema predominante na coleção. Por exemplo, se o público for jovem estima-se que a preferência predominante é por cores fortes, já que se trata de pessoas mais abertas a estímulos externos e mais propensas às influências da moda. Há uma reação corporal do jovem em relação às cores fortes, podendo ser este um fator decisivo no comportamento de compra. “Pelas próprias exigências da idade e porque sabe que poderá substituir os objetos dentro de um prazo relativamente curto, ele se inclina ao uso de cores vivas”. Se o público for feminino essa tendência se acentua. Segundo pesquisas já realizadas, as mulheres são mais receptivas às mudanças, o que parece explicar as rápidas mudanças na moda feminina. Há uma grande variedade de cores para esta estação. Ao elaborar uma coleção deve-se pesquisar quais cores estão em moda, para definir a cartela de cores. Geralmente se trabalha com 8 cores, subdivididas em quatro tons frios e quatro quentes, podendo se acrescentar o preto e o branco, se este for o caso da coleção. As pessoas que trabalham com moda devem prestar muita atenção quando forem fazer combinação de cores, para que o resultado seja agradável. Porém, o número de cores também não é uma regra fixa, pois isso dependerá da proposta. Matéria-prima Chamamos de matéria-prima os aviamentos e os tecidos usados para confeccionar as peças. A escolha da matéria-prima deve levar em conta o público-alvo, o segmento, o estilo da coleção, a viabilidade de utilização e principalmente se estes materiais são encontrados com facilidade no mercado. As características dessa matéria-prima precisam também atender às exigências do consumidor, e consequentemente aos padrões de qualidade da empresa. As matérias-primas são selecionadas e especificadas na fase de desenvolvimento do produto, durante a confecção dos protótipos, de maneira clara e em linguagem escrita, constando sempre amostras. Desenho dos Croquis Chamamos de croquis os desenhos das peças da coleção. Antes de fazer os croquis definitivos, fazemos os esboços, que são as ideias iniciais, que serão selecionadas para compor a coleção. Os desenhos da coleção devem ser claros e de fácil compreensão, contendo indicação de costuras, detalhes, aviamentos, etc. A coleção também pode ser apresentada através de desenho técnico, que deve seguir as regras de proporção. Alguns estilistas apresentam as suas coleções tanto em croquis como em desenhos técnicos.
  • 16. 16 CRIATIVIDADE E PERCEPÇÃO Desenvolver criatividade para produzir ecojoias e biojoias Diante do excesso de informações divulgadas diariamente e também a facilidade em adentrar aos grandes centros comerciais, isso faz com que o mercado consumidor seja cada vez mais exigente. Cobrando, assim, dos fornecedores novidades constantes. E os adornos pessoais, no caso das ecojoias e biojoias, não ficam de fora dessa exigência comercial. O primeiro passo, para o artista artesão de ecojoias e biojoias não ser esquecido ou até mesmo excluído rapidamente do mercado produtivo, é ter um olhar observador, ser curioso e inventivo. A observação deve ser uma constante em seu dia-a-dia. É necessária uma atenta observação ao que está acontecendo ao seu redor, como por exemplo: o estilo cultural que as novelas estão veiculando, tendências de cores, as estações do ano etc. A devida reflexão a tudo isso e também coisas simples, como uma festa regional em sua cidade, torna-se mais fácil a inserção de novos materiais, cores e formas diferenciadas em suas peças. Um olhar observador torna-o criativo, sendo capaz de pesquisar e inventar novos acessórios para sua clientela. Para desenvolver a criatividade não há regras pré-estabelecidas, há sim necessidade de ser curioso e verdadeiramente gostar do que se faz ou do que se dispôs a fazer. Trabalhar com entusiasmo deve ser sua meta constante. Com a finalidade de auxiliar no desenvolvimento de todas as regiões do país, o governo federal, por meio do Ministério da Cultura (MinC), criou a Secretaria da Economia Criativa Criada pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012, a Secretaria da Economia Criativa (SEC) tem como missão conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O objetivo é tornar a cultura um eixo estratégico nas políticas públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro. Um dos setores que tem recebido investimento da Secretaria da Economia Criativa é o artesanato. Uma vez que tal economia está ligada ao setor de criação, produção, divulgação e aos produtos e serviços que têm como base a criatividade no uso de materiais e recursos que estejam disponíveis a sua volta. Enfim, uma boa reflexão e observação do mundo que o cerca aguça a criatividade para desenvolver peças de ecojoias e biojoias com autenticidade, sem a necessidade de fazer cópias das ecojoias e biojoias comumente encontradas no comércio. Lembrando que fazer cópias de peças não é uma atitude ética. O que é permitido fazer é usá-las como fonte de inspiração. DICAS: Eventos de repercussão mundial, como o fato de o Brasil sediou a Copa do Mundo e Olimpíadas foram ótimas oportunidades para criar ecojoias e biojoias voltadas para o nacionalismo. A criatividade como qualidade Criatividade é uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em informações, com sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas criativas possuem comportamentos diferentes: são curiosas ao extremo, persistentes, bem-humoradas, são independentes em seus atos e responsáveis por tais. Fazem conexões entre sons e imagens, possuem rápida desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no aprendizado e são grandes visionárias. Ou seja, enxergam o novo, já que conseguem prever as possíveis consequências de ocorrer em criações por erros ou imprevistos. A criatividade é uma qualidade que também pode se desenvolver após a infância. Por isso, a importância de manter vivo nas crianças algumas de suas vocações, por exemplo: se dançam na infância, continuem. Se desenham, continuem trabalhando os traços. Portanto, deve-se adquirir alguns hábitos como dormir no mínimo oito horas por noite ou caminhar ao ar livre. Anotar ideias que surgem no decorrer do dia para executá-las e evitar locais com barulhos evitam o enfraquecimento do cérebro. Além disso, paute objetivos, utilize o tempo ocioso a favor da criatividade e seja curioso em todos os aspectos. Novas abordagens alimentam e são alimentadas por novas ideias, as quais requerem novas técnicas que sustentem o progresso criativo, mantendo o processo em movimento. Assim, precisamos nos atualizar
  • 17. 17 no estado da arte da criatividade. E aqui lembro que os educadores são os primeiros arquitetos do processo perceptivo e devem ser instigadores em suas aulas. É o “aprender a aprender e a criar”. Além da atualização profissional, educar a mente criativamente tanto quanto exercitar o corpo fisicamente, adiciona saúde a ambos e nos torna mais aptos a viver neste mundo, cuja exigência de produção de ideias tende a aumentar exponencialmente no mundo dos negócios. Cada dia mais, é exigido a capacidade de conectar o que é aparentemente desconexo e fundir o conhecimento existente em uma nova visão sobre algum elemento de como o mundo funciona. Viveremos a criatividade na prática em tudo! Aí vai um conselho: antes da criatividade vem a imaginação, então nada de fobia em pensar “eu não sou criativo”. Imagine e mentalize um futuro desejável, para então tangibilizar para as pessoas aquilo que você imaginou. Criatividade é isso: dar uma nova atividade para aquilo que você conhece e quer ver de outra maneira. Quando você pensa em negócios logo supõe ou imagina o que o mercado necessita, pensa claramente na solução de um problema. Como essa solução pode virar negócio e dinheiro? Seja embebido em uma causa, tenha claro o que você deseja transformar para a criatividade acontecer! As ideias não surgem num surto, amadurecem a partir da percepção e do olhar mais aprofundado, elas precisam de um tempo para a incubação, ficam um bom período como “palpite parcial”, daí o interesse em colidir com outros palpites para tomar forma. Precisamos criar sistemas para unir essas sugestões em algo maior, ou seja, transformar um palpite em algo inovador. Os cafés no iluminismo e os salões parisienses eram motores de criatividade, as ideias eram ventiladas e se misturavam, eram conectadas e religadas em conversas aleatórias. Não precisa massacrar a mente para sair a boa ideia, estamos ficando desgastados com essa conexão 24 horas por dia. Então é preciso se desprender para fazer conexões mentais. O grande propulsor da criatividade é a capacidade de trocar ideias e captar nos palpites alheios, informações valiosas, esse sim é o motor primordial para a inovação há séculos. Lembre-se: “O acaso favorece a mente atenta!” Criatividade não é dom divino, ela está em você, basta ativá-la para converter algo ordinário em extraordinário! Relato de experiência Olá, pessoal! Quero partilhar com vocês um pouco da trajetória de uma empreendedora na confecção de ecojoias e biojoias. Meu nome é Valéria Cristina, hoje sou artesã de ecojoias e biojoias com muito orgulho. Desde a infância gosto de trabalhos manuais por influência das minhas tias que eram artesãs. Aos poucos fui aprendendo algumas técnicas simples, mas sem compromisso. Com o passar do tempo, a vida me levou por outros caminhos e passei a me dedicar aos estudos. Ao terminar o Ensino Médio, fiz vestibular para licenciatura em Geografia na Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Durante o período de estudos na faculdade, fazia bolsas e blusas bordadas. Na mesma época, comecei a fazer ecojoias e biojoias para o próprio uso. As colegas e professoras elogiavam os trabalhos e começaram a encomendar. Com a conclusão do curso em 2003, fui lecionar em Engenheiro Navarro e para complementar a renda fazia ecojoias e biojoias e vendia para as colegas de trabalho. Nesta época, já tinha um mostruário de peças para oferecer e também recebia encomendas de ecojoias e biojoias personalizadas e para datas especiais. Como não era professora efetiva, mudei para um povoado chamado Terra Branca, próximo à Diamantina, pois era onde havia aulas disponíveis. Continuei a lecionar e confeccionar ecojoias e biojoias. Foi quando descobri que tinha mais prazer em fazer ecojoias e biojoias que planejar aulas. Terra Branca é um povoado situado no Vale do Jequitinhonha, onde tem tradição em trabalhos manuais e lá aprendi outras técnicas como tear de pregos. Fiquei neste povoado por volta de três anos, retornando a Montes Claros em 2008. Assim que retornei a Montes Claros comecei a lecionar Geografia em uma escola privada. Ainda no primeiro semestre, comecei também a comercializar minhas ecojoias e biojoias na feira de artesanato, na Praça da Matriz. No
  • 18. 18 segundo semestre, já estava casada e meu esposo sempre me incentivou a fazer o que realmente gosto. Desde então, a confecção de ecojoias e biojoias passou a ser a minha profissão e, consequentemente, abri mão da profissão de professora. Passei a me dedicar à confecção e comercialização de ecojoias e biojoias e, por estar cadastrada na feira de artesanato, tenho oportunidade de participar dos festejos culturais da cidade vendendo ecojoias e biojoias, como nas festas de agosto, Festa do Pequi etc. Para melhor atender minhas clientes fiz curso de crochê, decupagem e também de ecojoias e biojoias. E, para inovar nas peças, sempre pesquiso na internet as novidades na área. Levo meu mostruário a todos os lugares e à vizinhança. Vendo os meus trabalhos em salões de beleza e até em padarias e/ou açougues. Em 2012, tive a oportunidade de montar uma loja. Para financiar meu sonho, meu esposo, que é músico, vendeu algumas violas, que eram uns dos seus instrumentos de trabalho. Hoje, mantenho a loja Flor de Minas e continuo na feira de artesanato. É óbvio que ainda tenho sonhos a conquistar, mas o pontapé inicial já foi dado. Meu trabalho me faz muito feliz. Valéria Cristina da Silva Gonçalves Praticando Discuta com seus colegas quais as atitudes devem ser tomadas para desenvolver a criatividade e percepção na confecção de Biojoias e Ecojoias. Relacione-as e procure colocá-las em prática. Diante de um relato de experiência como o da Valéria Cristina da Silva Gonçalves, você seria capaz de abrir mão de uma profissão estável para dedicar-se à realização de um novo empreendimento profissional? Justifique sua resposta.
  • 19. 19 DESCRIÇÃO TÉCNICA DE ACESSORIOS Colar Árvore. A técnica e o acabamento são importantíssimos em uma peça de joalheria. Pois, pode se modificar totalmente uma peça. E o caminho para se chegar ao resultado final de determinada peça vai depender muito do artesão, pois uma mesma peça pode ser estruturada de diversas maneiras. E o resultado final será o mesmo, o que irá modificar será o caminho seguido pelo artesão. E é justamente aí que está o charme e deslumbre da joia artesanal. Nela se localiza o toque de quem a produziu, com criatividade, comprometimento, arte e beleza. Para se produzir uma peça, o produtor de joias deve inicialmente designar o caminho de produção, decidir a técnica a ser utilizada e o tipo de acabamento. Uma peça artesanal não é apenas a concepção do desenho, mas também o modo como a peça é executada. E pode possuir uma ou mais técnicas de confecção e acabamento. A descrição de um produto é a “vendedora” de Sua Loja Virtual. Ela deve ser longa e descrever cada detalhe do produto, para que o cliente não tenha dúvidas na hora de finalizar a compra. 1- Parte emocional: As pessoas compram os produtos por motivos emocionais (mas gostam de racionalizar), por isso ponha primeiro a mensagem mais emocional. Exemplo na venda de uma biojoia: Com esta biofoia você vai arrasar, não ligue se for o centro das atenções… Mencione os Benefícios e as vantagens: qual o diferencial do seu produto? Quais são os benefícios, o que ele resolve na vida do cliente? 2 – A descrição física do produto tais como tamanho, peso e tipo de material. 3 – A informação Técnica do produto: funções, qualidade, procedência, cores disponíveis, entre outros FICHA TÉCNICA Nome: Data: Descrição: DESENHO TÉCNICO E ANOTAÇÕES MATERIAIS QTD DESCRIÇÃO COR MATERIAL FORNECEDOR CUSTO UNITÁRIO
  • 20. 20 HISTORIA DAS BIOJOIAS As “biojóias” ou “ecojóias” são artigos de joalheria produzidos de forma exclusivamente artesanal que mesclam metais preciosos (ouro, prata, ródio etc.) com gemas (rubis, esmeraldas, diamantes etc.) e uma variedade enorme de materiais orgânicos, como sementes, frutos, lascas de madeira, fibras vegetais, capim, casca do coco, couro, ossos, penas, escamas, madrepérola, conchas, entre outros. Atualmente a produção de biojóias envolve uma grande diversidade de peças que agregam os mais variados conceitos, passando pelos designs contemporâneos até os mais sofisticados sempre envolvendo a utilização de metais e elementos da natureza. Assim, é possível encontrar biojóias em forma de alianças, anéis, braceletes, brincos, colares, correntes, gargantilhas, pingentes, tiaras e muitos outros adornos. Um grande diferencial das biojóias em relação às bijuterias e jóias tradicionais se trata da originalidade, pois cada biojóia é única. Enquanto que as demais peças em geral são produzidas de forma industrial em grande escala, as biojóias por serem derivadas de materiais naturais sempre apresentam variações nos seus detalhes, nas cores e formas, proporcionando a cada peça uma personalidade exclusiva. Quem usa uma biojóia pode ter certeza que estará usando algo único e exclusivo. As biojóias são produzidas de forma artesanal levando-se em conta os princípios da conservação ambiental. A coleta da matéria-prima para fabricação das biojóias é feita de maneira sustentável, sem agredir o meio ambiente e ainda com objetivo de sustentar das comunidades envolvidas com a extração. Antes do conceito de biojóias, o mercado de joalherias e bijuterias era organizado dentro da lógica capitalista de aumentar o consumo e lucros sem levar em conta os princípios da ecologia e do desenvolvimento social. A produção de biojóias trouxe uma nova visão que vai contra a ideia arcaica e ultrapassada de que a moda é totalmente extravagante, fútil e contra a sustentabilidade, pois ela demonstra que é possível fazer belas criações mesclando o equilíbrio entre as ações do homem com o meio ambiente. Felizmente, as pessoas estão cada vez mais conscientes que não é possível ser chique e moderno sem levar em consideração o equilíbrio do planeta. Para mim, nada é mais belo do que ver alguém bem adornado, trazendo perto do peito, nas orelhas ou nas mãos uma dessas genuínas peças feitas com elementos naturais. Acredito que quem usa uma biojóia carrega consigo muito mais do que um simples adorno para o corpo ou para face, pois ao portar um desses elementos a pessoa está levando consigo o valor e admiração pela nossa preciosa natureza. História Das Joias A arte de produzir joias e semi joias é uma arte extremamente antiga, e esteve durante vários anos ligada às classes dominantes, e significava dizer que, quem as possuía, detinha o poder e o status. As joias, os metais preciosos e as gemas estavam ligadas a diversos sentimentos humanos: como a cobiça, o desejo pelos enfeites e a superstição ligada a algumas gemas. A história da joalheria compreende um grande período no progresso da civilização que abrange as tarefas, a inventabilidade e a habilidade de contínuas gerações de artesãos no desafio de transformar materiais preciosos em adereços pessoais de altíssimo valor artístico. Este rico e diversificado cenário começa na Antiguidade, técnicas básicas utilizadas na época se tornaram técnicas mais sofisticadas: os Etruscos alcançaram um requinte nunca antes atingido nas técnicas de filigrana e granulação em ouro, durante o período Helenístico no procedimento de moldar formas humanas para compor brincos colares e braceletes, como pode se observar as imagens dos Camafeus.
  • 21. 21 Camafeu do período Helenístico. Os luxuosos adereços romanos em ouro, esmeraldas, safiras e pérolas brancas assinalam um grande contraste com as joias policrômicas da Idade Média, que expressavam os ideais do cristianismo e do amor idealizado, tema central de praticamente toda a joalheria da época. Joia do Império Romano. No Renascimento, foram criadas peças históricas decoradas com esmaltes e pedras preciosas, cujo nível artístico é comparado aos da pintura e da escultura do mesmo período: artistas como Hans Holbein, Albrecht Dürer e Benvenuto Cellini eram contratados por mecenas para desenhar peças que estimulassem os ourives renascentistas a chegar a níveis nunca antes alcançados nas técnicas de esmaltação, gravação e cravação. No período seguinte, o Barroco, a troca de estilo foi evidente, com as joias tornando-se mais um símbolo de status social devido à grande quantidade de gemas na mesma peça em detrimento do design, que perde sua expressão artística. (PEDROSA, 2014; p. 01) Imagem do período do Renascimento. Segundo Motta, as joias do período Rococó eram dessimétricas, de pouco peso, e fascinantes. Empregavam- se muitas gemas coloridas e diamantes. As técnicas de lapidação foram aprimoradas. As peças tinham muito fulgor e eram mais majestosas. Surgem os conjuntos de joias, brincos, anéis, pendentes em formatos de buquês e laços são joias muito utilizadas.
  • 22. 22 Imagem do Período Rococó. No século XIX, a história da joalheria deu início através das majestosas joias criadas para o Imperador Napoleão I, e que se tornaram modelo para toda a Europa. E pouco mais, surgia o Romantismo, com uma volta ao design das joias da Antiguidade e dos tempos medievais. A crescente apreciação pela magnificência das joias, animado por um momento de prosperidade, impostos com valores pequenos e uma sociedade elitizada, nascida com a expansão da Revolução Industrial, foi expressa pelas diversas joias ornadas exclusivamente com diamantes, sobretudo depois do descobrimento das minas da África do Sul, na década de 60 (PEDROSA, 2014). Imagem de Parure. Com o início do século XX, os joalheiros, adotaram um novo estilo, chamado de Belle Èpoque, compondo-se assim joia onde a fineza das guirlandas, das flores estilizadas e da utilização da platina, era uma reação à banalidade das joias recobertas de diamantes. Os joalheiros da corrente Art Nouveau, liderados por René Lalique, criaram furor na Exposição de Paris de 1900, com designs inspirados na natureza e executados em materiais como marfim e chifres de animais, escolhidos mais pela sua qualidade estética do que por seu valor intrínseco. Como não eram joias[sic] práticas para uso, o estilo rapidamente desapareceu, com o início da 1ª Guerra Mundial.Com a paz, em 1918, impõe-se na joalheria o estilo Art Decó, com seu design associado ao Cubismo, ao Abstracionismo e a arquitetura da Bauhaus, suavizado na década de 30 pelos motivos figurativos e florais reintroduzidos por Cartier. A arte da joalheria, depois da 2ª Guerra Mundial, adaptou – se a.uma clientela que comprava não só para uso, mas também como investimento. A ênfase passou a ser na qualidade das gemas, perfeitamente facetadas e montadas em peças de design de acordo com a moda. A partir da segunda metade do século XX, novas ideias[sic] e conceitos, assim como novos materiais passaram a ser utilizados pelos designers, como os metais titânio e nióbio, e também diferentes tipos de plásticos e papéis, buscando novos caminhos de expressão. O pingente para o pescoço ‘Mulher-libélula, asas abertas’, com gargantilha de ouro, é de 1898-1900.
  • 23. 23 Ultimamente, a joalheria mundial está virada para o design, que deve ser criativo, de fácil identificação e satisfazer a um mercado consumidor sempre crescente e apreensivo por novidades tanto nas técnicas de fabricação, quanto na expressão dos estilos, cabendo a todos os profissionais envolvidos, cooperar para a qualidade do produto final, e dentro das cobranças do mercado consumista que visa a qualidade, a inventividade e o estilo individualizado. Bijuterias expostas na Mundial Art – Feira Internacional de Artesanato.
  • 24. 24 PROPORÇÕES DO CORPO HUMANO O que é Antropometria  Do grego: antropos = corpo humano metria = medida  Ciência que estuda as medidas e proporções do corpo humano.  Egípcios e gregos já estudavam as proporções do corpo humano. Vitruvian Arquiteto romano  Os edifícios devem ter as mesmas proporções (em escala) do corpo humano.  Leonardo da Vinci  Arte (pintura, escultura)  Ciência  Indústria Vitruviano de Da Vinci "Os 4 dedos fazem uma palma e 4 palmas fazem 1 pé, 6 palmas fazem um cúbito; 4 cúbitos fazem a altura de um homem. 4 cúbitos fazem um passo e 24 palmas fazem um homem. Se abrir as pernas até termos descido 1/14 de altura e abrirmos os braços até os dedos estarem ao nível do topo da cabeça então o centro dos membros abertos será no umbigo. O espaço entre as pernas abertas será um triângulo equilátero. O comprimento dos braços abertos de um homem é igual à sua altura. Desde as raízes dos cabelos até ao fundo do queixo é um décimo da altura do homem; desde o fundo do queixo até ao topo da cabeça é um oitavo da altura do homem; desde o topo do peito até ao topo da cabeça é um sexto da altura do homem; desde o topo do peito até às raízes do cabelo é um sétimo da altura do homem; desde os mamilos até ao topo da cabeça é um quarto da altura do homem. A maior largura dos ombros contém em si própria a quarta parte do homem. Desde o cotovelo até à ponta dos dedos é um quinto da altura do homem e desde o cotovelo até ao ângulo da axila é um oitavo da altura do homem. A mão inteira será um décimo da altura do homem. O início dos órgãos genitais marca o centro do homem. O pé é um sétimo do homem. Da sola do pé até debaixo do joelho é um quarto da altura do homem. Desde debaixo do joelho até o início dos órgãos genitais é um quarto do homem. A distância entre o fundo do queixo e o nariz e entre as raízes dos cabelos e as sobrancelhas é a mesma e é, como a orelha, um terço da cara”. (Leonardo da Vinci, 1490). "Meçam a distância do ombro às pontas dos dedos, e então dividam-na pela distância do cotovelo às pontas dos dedos. Outra vez PHI. Mais uma? Anca ao chão a dividir por joelho ao chão. PHI. Articulação dos dedos das mãos. Dos pés. Divisões espinais. PHI, PHI, PHI. Meus amigos, cada um de vocês é um tributo ambulante à Proporção Divina." trecho retirado do livro"O Código Da Vinci".
  • 25. 25 MASSA DOS SEGMENTOS CORPORAIS EM % DA MASSA TOTAL COMPRIMENTO DOS SEGMENTOS EM % DA ESTATURA LOCALIZAÇÃO DO CG EM % (A PARTIR DO PONTO PROXIMAL)
  • 26. 26 VOLUME MÉDIO DOS SEGMENTOS CORPORAIS EM % DO VOLUME TOTAL
  • 27. 27 PROCESSO DE COLHEITA E SECAGEM DA MATÉRIA PRIMA INTRODUÇÃO A colheita de sementes com grau de umidade acima dos recomendados para armazenamento seguro torna- se uma prática comum entre os produtores de sementes, pois, as sementes permanecendo na lavoura após a maturidade fisiológica, ficam expostas à ação das flutuações de temperatura e umidade relativa e do orvalho e/ou chuvas que, em processos alternados de sorção e dessorção de água, podem causar significativos danos físicos e fisiológicos. Assim, para evitar o “armazenamento de campo” torna-se necessário antecipar ao máximo o momento de colheita, obtendo sementes com grau de umidade tal que ocorrerá a necessidade de secagem imediata, mas, em contrapartida, possibilitando obter sementes que apresentem reduzidos índices de danificação e deterioração, permitindo ao produtor melhor planejar a colheita. O intervalo de tempo que separa o final da colheita do início do processo de secagem deve ser o mais reduzido possível porque, nesta fase do processo, as sementes com umidade elevada apresentam altas taxas de atividade respiratória e, o consumo antecipado de reservas provoca um desgaste fisiológico que, na prática, produzirão baixos índices de germinação e vigor no futuro. COLHEITA Os recursos florestais têm sofrido uma grande pressão ao longo dos tempos, tanto através do desmatamento para fins agropecuários, como para produção de bens de origem florestal. Lenha e carvão vegetal para a produção de energia destinada às indústrias e domicílios, madeira para fabricação de móveis e utensílios, forragem, plantas medicinais e para artesanato, são apenas alguns exemplos desses produtos. Em muitas regiões, estes recursos já foram explorados de tal forma que estas necessidades são supridas com matéria-prima oriunda de regiões cada vez mais distantes. Os plantios florestais, em pequena ou grande escala, podem ser, nos casos extremos, a única solução para reverter o quadro de escassez de matéria-prima e de mitigação da degradação ambiental. Nestes casos as sementes florestais de boa qualidade constituem- se em insumos essenciais para a formação desses plantios. Duas características fazem com que as sementes florestais sejam fundamentais na formação de plantios florestais tanto para produção de bens e serviços como para a recuperação de áreas já degradadas: sua capacidade de distribuir a germinação no espaço (pelos mecanismos de dispersão) e no tempo (pelo mecanismo de dormência). Tendo em vista o seu tamanho, geralmente pequeno, e a sua fácil conservação ao longo do tempo, seu manuseio torna-se fácil e a produção de mudas a partir das sementes pode ser realizada em regiões ou épocas distintas daquelas em que as mesmas foram produzidas. Por outro lado, a colheita, o beneficiamento e a posterior comercialização da semente florestal podem significar uma fonte importante de recursos adicionais para o produtor rural, principalmente para aquele que ainda dispõe de cobertura florestal na sua propriedade. A escolha da Árvore Matriz (ou árvore-mãe), dentro de uma floresta, mostra que há grandes diferenças entre as árvores de uma mesma espécie. A coleta de sementes deve ser feita de árvores selecionadas, considerando os objetivos do plantio florestal que será formado, chamadas de árvores matrizes. Geralmente, a árvore matriz é aquela que apresenta características superiores às demais, na altura, no diâmetro e na forma do tronco, no vigor da planta, no tamanho e forma da copa, na frutificação, na produção de sementes e na qualidade da madeira. No entanto, deve-se ter em mente que os critérios a serem considerados para a escolha das árvores matrizes vão depender da finalidade a ser dada às árvores produzidas com as sementes colhidas. Por exemplo: se a finalidade é plantar árvores para obtenção de madeira, a altura e o diâmetro do caule são características muito importantes. Porém, se o que se quer é plantar árvores para produção de frutos ou sementes, deve-se dar maior importância ao tamanho e à forma da copa, ao volume e qualidade dos frutos produzidos. Quando o objetivo
  • 28. 28 é recuperar ou restaurar áreas degradadas, uma seleção aleatória (amostragem) das árvores matrizes, em regiões com as mesmas características daquela onde vai ser feito o plantio, é o procedimento mais recomendado, pois é importante que a futura floresta tenha a maior variabilidade genética possível. Por outro lado, no caso de espécies ameaçadas de extinção, deve-se colher frutos e sementes de todas as árvores encontradas, independentemente de suas características. Em qualquer um dos casos acima citados, é sempre importante lembrar que a árvore matriz esteja livre de pragas e doenças. O bom desempenho do futuro plantio florestal depende de vários fatores, sendo a boa qualidade da semente o primeiro deles. Para isso é importante selecionar as melhores árvores de cada espécie para serem as matrizes ou mães. A árvore matriz normalmente é melhor do que as demais porque herdou de seus pais aquelas características superiores. Então, é muito provável que essa árvore também passe para os seus filhos, através das sementes, essas mesmas características. Além disto, as condições do clima e do solo e a presença de doenças determinam a qualidade das sementes. A árvore matriz, não estando sadia ou bem nutrida, pode gerar sementes malformadas, chochas e com pouca reserva nutricional para germinar. Assim, as mudas geradas têm grande chance de serem fracas, ocasionando insucesso no plantio definitivo, aumentando os custos de implantação e, o que é pior, perde-se tempo plantando árvores que não responderão satisfatoriamente, tanto do ponto de vista econômico, como ecológico. Cuidados na coleta As árvores matrizes podem ser selecionadas em florestas naturais ou plantadas. As sementes devem ser coletadas, preferencialmente, em várias árvores da mesma espécie, respeitando-se uma distância mínima entre as mesmas. Sempre que possível, deve-se colher sementes de, no mínimo, 15 árvores por espécie, com distâncias que variam de50 a 100 metros entre elas. Quando árvores de uma mesma espécie localizarem-se próximas umas das outras, ou em touceiras (açaí, p.ex.), elas devem ser consideradas como um grupo (ou família), e deve-se colher os frutos em, no mínimo, 5 grupos com distâncias que variam de 50 a 100 metros entre si, e em3 árvores diferentes por grupo no mínimo. Em florestas plantadas deve-se colher as sementes do maior número de árvores possível, na suposição de que as características superiores foram mantidas na seleção das árvores matrizes que originaram tal plantio. Recomenda-se evitar a colheita de todas as sementes produzidas pelas árvores matrizes, permitindo, assim, que a espécie possa continuar disseminando-se de forma natural, além de garantir a sobrevivência dos animais que delas se alimentam, sem alterar o equilíbrio ecológico. Visando acompanhar a produção de flores e frutos, cada árvore matriz deve ser identificada, colocando-se uma plaqueta com números e/ou letras para identificação, e relacionada em uma ficha de acompanhamento. É importante que se tenha um mapa bem simples (croquis) da área de coleta, permitindo a qualquer pessoa encontrar a árvore matriz. A época mais recomendada para se fazer a colheita é quando os frutos começam a se abrir ou mudar a sua coloração (maturação). Frutos leves e sementes com as as(aladas), plumas ou pêlos (como é o caso dos ipês, das barrigudas e do cumaru) devem ser colhidos antes que os frutos se abram, evitando-se assim, que as sementes sejam levadas pelo vento. Já no caso de frutos pesados como goiti, oiti e jatobá, pode-se colhê-los no chão, logo após a sua queda, evitando-se danos causados por animais e microrganismos. Os frutos, depois de colhidos, deverão receber cuidados especiais para que não sejam contaminados por insetos ou doenças que possam prejudicar a semente. O modo de colher a semente depende da forma e altura da árvore, do equipamento disponível e do conhecimento técnico do pessoal envolvido na colheita. Os métodos mais utilizados são: A colheita direta no chão pode ser usada para frutos grandes que caem próximo à copa e cujas sementes não sejam aladas. Geralmente a colheita é feita quando os frutos se desprendem da árvore, seja de forma espontânea ou com a ajuda de alguém. Geralmente é o método mais difícil. No entanto, é o que apresenta os melhores resultados em termos de qualidade das sementes colhidas.
  • 29. 29 A maneira de colher as sementes vai depender da forma e da altura da árvore, do tipo de casca, da presença de espinhos, do tipo do terreno, do equipamento disponível e do conhecimento técnico do pessoal envolvido na colheita. Em qualquer caso, sempre que for necessária a escalada da árvore, deve-se recorrer a uma pessoa capacitada que sempre utilizará equipamentos de segurança. Os equipamentos mais utilizados para essa forma de colheita são: Peia: Consiste de uma peça de couro ou corda revestida com material disponível (pano, borracha, etc.). Muito utilizado para a colheita de sementes de palmeiras.  Podão: Ferramenta que consiste de cortador ou gancho com um cabo longo. Utilizado para a colheita em arbustos ou árvores de pequeno e médio portes.  Escadas: Pode ser confeccionada em alumínio, fibra ou madeira. Mais utilizadas em árvores retas e nas que não suportam injúrias causadas pelos métodos das esporas.  Equipamento de alpinismo: Apesar de seu uso exigir treinamento de pessoal, é um dos métodos mais práticos e de fácil condução dentro da mata. Pode ser utilizado na colheita em árvores de grande porte.  Esporas: Pode ser empregado em qualquer tipo de árvore, exceto as palmeiras. Requer treinamento de pessoal. Apesar das injúrias causadas pelas esporas, este é um método de colheita bastante praticado.  Blocante ao tronco: Com nós especiais em uma corda se faz um conjunto de laços que envolvem a árvore, servindo para impulsionar os pés e dar segurança a quem usa. BENEFICIAMENTO A forma de remoção das sementes depende do tipo de fruto. Nos frutos carnosos com o uso de água corrente e, em alguns casos, com o auxílio de uma peneira, os frutos são amassados e suas polpas são retiradas (despolpamento) e separadas das sementes que são postas a secar. Esta prática é fundamental para se evitar o ataque de insetos e o desenvolvimento de fungos e bactérias, que podem causar o apodrecimento das sementes e é bastante utilizada para limpar sementes de goiti, araçá, jambo, mangaba, cajarana, cajá etc. Quando a polpa é muito resistente, os frutos podem ficar dentro d’água por um período de 12 a 24 horas, sendo despolpados em seguida. Os frutos secos são aqueles que se abrem naturalmente e liberam as sementes quando estão secos devem ser colhidos antes que isto aconteça (deve-se acompanhar a mudança de coloração e início da abertura dos frutos). Quando ocorrer a mudança de coloração, os frutos são retirados e colocados em pátio de secagem ou lonas para que completem a sua abertura, liberando as sementes. Aqui se enquadram, dentre outros, os frutos dos ipês, cedro, sabiá, pau-brasil e aroeira. Para os frutos secos que não se abrem naturalmente, são utilizados facas, tesouras, facões e até mesmo o machado. Para algumas espécies que apresentam esta característica, como o jucá, vem se utilizando com sucesso o pilão caseiro. É preciso ter bastante cuidado nesse método, pois as sementes poderão ser danificadas caso o esforço utilizado seja superior ao necessário na separação da semente do fruto. Depois de colhidas, as sementes contêm materiais indesejáveis (como restos de frutos, galhos, sementes chochas e de outras espécies, etc.), que devem ser removidos afim de facilitar a secagem, o armazenamento e a semeadura. Essa limpeza aumenta a qualidade do lote de sementes, e a sua longevidade, fazendo com que ele tenha maior valor de comercialização. Para retirar aqueles materiais indesejáveis, pode-se utilizar uma máquina de ar e peneira. No entanto, essa prática é mais comum em espécies agrícolas de alto valor comercial. Para as espécies florestais, principalmente as nativas, é mais comum utilizar peneiras ou fazer a catação de forma manual desses materiais. Logo após a colheita, as sementes ainda detêm um teor de água (umidade) bastante elevado. Além disso, muitas sementes encontram-se aderidas ao fruto, o que dificulta sua extração. Assim, para facilitar essa operação e, se for o caso, possibilitar o seu armazenamento, os frutos e sementes são submetidos ao processo de secagem.
  • 30. 30 A semente absorve ou libera umidade dependendo das suas características, da temperatura do ambiente e da umidade do ar. É importante que as sementes sequem até atingirem a umidade adequada para a espécie (que varia bastante, podendo ser de aproximadamente 5% para algumas e de 40% para outras), quando estarão prontas para serem armazenadas. Isto diminui o risco de que elas sejam atacadas por fungos e outros microrganismos ou que percam sua capacidade de germinar. Frutos ou sementes com excesso de umidade devem ser submetidos a uma pré secagem denominada de cura. Ou seja, depois de colhidos, são colocados para secagem à sombra, por 2 a 5 dias, quando perdem o excesso de umidade. A forma de secagem mais utilizada é aquela em que se colocam as sementes em pátios de secagem, sobre lonas ou outro recipiente que possibilite a exposição das mesmas durante o dia, por um período que varia entre 7 a 15 dias. Outra forma de secagem é a utilização de estufa, processo artificial onde é possível controlar a temperatura e a umidade. Apesar de não depender das condições climáticas, esse método aumenta os custos de produção. Pátio de secagem nada mais é do que um terreiro, preferencialmente cimentado ou de terra batida. Do ponto de vista econômico, esta é a melhor forma de secagem das sementes, uma vez que utiliza o sole/ou o vento. AS PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE BIOJOIAS SÃO: • Sementes em suas formas naturais, tingidas, fatiadas, entre outras, como por exemplo:  Açaí, palmeira da região amazônica, da qual se extrai o vinho, um suco feito da polpa e da casca de seus frutos. Encontrado em grande variedade na Amazônia, sendo que hoje é uma das espécies mais utilizadas na fabricação de biojoias;  Buriti, proveniente de diversas regiões brasileiras tais como Maranhão, Pará, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Tocantins, Minas Gerais, outras, cuja árvore, o buritizeiro, é denominada pelos indígenas de “árvore da vida”; Babaçu, de grande valor industrial e comercial e é encontrado em extensas formações naturais em estados como Maranhão, Piauí e Tocantins;  Tucumã, fruto que tem grande valor nutritivo e pode ser consumido na forma de sorvetes, doces e compotas. Com a polpa prepara-se o vinho de tucumã.Os caroços são resistentes, com alto teor de dureza. As peças de tucum são, indiscutivelmente, um aliado muito especial para a confecção de joias, pois chegam a ser tão resistentes quanto um metal;  Jarina, também conhecida como marfim vegetal, palmeira pequena, de tronco grosso, com numerosas raízes adventícias e flores de forte perfume. É nativa da região equatorial da América Central e do Sul. Quando amadurecidos, os frutos caem e soltam as sementes, permitindo que elas sequem em um prazo que varia de quatro semanas a quatro meses, dependendo das condições climáticas. As sementes amadurecidas tornam-se duras, brancas e opacas como o marfim, tendo a vantagem de não serem quebradiças e de serem mais dóceis ao trabalho • Fibras naturais e outros materiais, por exemplo:  Capim dourado, existente em todo o cerrado brasileiro, apesar de sua fama estar relacionada principalmente à região do Jalapão, no estado do Tocantins, onde ele pode ser encontrado em abundância. É de lá que sai a maior produção do capim dourado em forma de artesanato. O brilho dourado e fascinante do capim inspira a produção de peças utilitárias e ornamentais. O capim dourado, depois de seco, está pronto para ser trabalhado com a palha do qual se faz artesanatos, tais como pulseiras, brincos, entre outros;  Juta, fibra têxtil vegetal, proveniente de climas úmidos e tropicais, introduzida no Brasil pela cultura japonesa e bastante utilizada nas atividades econômicas das populações ribeirinhas da Amazônia;  Palha da bananeira, de onde se extraem cinco tipos de fibras, mas apenas um tipo pode ser tingido;  Coco, fruto do coqueiro, um tipo de palmeira que cresce em climas úmidos e quentes, cujo caroço, chamado de endocarpo, é a parte do fruto utilizada como insumo para biojoia;  Bambu, que possui mais de mil espécies encontradas em sua forma nativa na maioria dos continentes. No Brasil é encontrado em praticamente todos os estados da federação.
  • 31. 31 • Madeira, sendo que, geralmente, utilizam-se as menos nobres, oriundas de madeiras de reflorestamentos, mas em algumas peças de biojoias é possível encontrar lâminas de madeiras retiradas de palmeiras como a tucumã, pupunha, mogno, imbuia, e outras, presentes na região da Amazônia. Alguns artesãos do nordeste também utilizam cascas de árvores como a cajazeira. Utiliza-se, também, o chamado MDF, que é feito a partir de fibras de madeira associadas à resina sintética, muito utilizada hoje na fabricação de móveis. • Pedras, como por exemplo, turquesa, ametista, pedra-sabão, turmalina, água-marinha, entre outras. Além dos citados, há uma diversidade muito grande de outros insumos utilizados na criação de biojoias, como por exemplo: abalone, couro, conchas, penas e escamas. Também são utilizados insumos de descarte como, por exemplo, os chifres de animais abatidos em frigoríficos, além dos metais como o cobre, o ouro e a prata, que em geral agregam ainda mais beleza e valor aos elementos naturais. Outros insumos são utilizados como, por exemplo, cola, cera, pequenos parafusos, entre outros. Ao recorrer aos fornecedores para a compra de matérias-primas e outros insumos necessários, é de fundamental importância que tal aquisição aconteça dentro de padrões ecologicamente corretos e sem impacto negativo social. Boa parte das matérias-primas vindas da natureza é obtida pelo trabalho de comunidades que vivem próximas a florestas, por exemplo. A valorização deste trabalho como forma de sustento destas famílias é atitude desejada. É preciso verificar junto aos fornecedores a procedência, a forma como foram coletadas as matérias-primas vendidas, se não há utilização de trabalho escravo ou infantil, bem como os cuidados que são necessários para armazenar dos itens comprados. Mantenha a área de estoque organizada conforme as condições necessárias para preservar as matérias- primas. Com relações às biojoias prontas para venda, convém a mesma atenção para organizar o estoque e/ou área de vendas, de forma que tais cuidados garantam a manutenção da qualidade e da durabilidade das peças. O empreendedor deve pesquisar junto ao IBAMA e outras instituições sobre legislação vigente para verificar possíveis impedimentos na extração e utilização de matérias-primas da fauna e flora silvestre brasileira.
  • 32. 32 CONCEITO DE MARCA E ADEQUAÇÃO DO PRODUTO AO MERCADO A Biojoia é um adorno produzido a partir de materiais vindos da natureza, tais como sementes diversas, fibras naturais, casca do coco, frutos secos, conchas, madrepérola, capim, madeira, ossos, penas, escamas, dentre outros. Tais materiais são extraídos da natureza sem causar quaisquer prejuízos à mesma, ou seja, a busca de matérias-primas é feita de forma sustentável: não agride o meio ambiente e nem o meio social, e possibilita a produção de peças que sejam viáveis para comercialização. Ainda, as biojoias se caracterizam pela valorização da cultura brasileira, pois se identificam e resgatam elementos da história, crenças, valores e tradições do povo brasileiro, considerando aspectos regionais. Na produção de biojoias há o predomínio da utilização de materiais de origem natural. A união destes elementos com o ouro, pedras preciosas e semipreciosas ou outros materiais nobres transformam as biojoias em produtos com alto valor agregado, reconhecidas como “joias naturais”. Trata- se, portanto, de criações artísticas tipicamente brasileiras, que aproveitam a riqueza de cores, texturas e formas da flora brasileira para criação de peças com valor agregado, promovendo a sustentabilidade e valorização cultural. Para melhor entendimento do termo “biojoia”, será feita diferenciação entre joia, bijuteria, biojoia, como segue:  Joia: peça feita com metais nobres como o ouro e a platina, pedras preciosas e semipreciosas que são cravadas, tendo alto valor comercial e desenvolvidas, normalmente, a partir de desenhos exclusivos elaborados para coleções de acessórios desta natureza.  Bijuteria: peça produzida com materiais sintéticos ou naturais, sem metais nobres ou pedras preciosas. Quando são usadas outras pedras, estas são coladas ao adorno produzido. A prata, no entanto, é utilizada na produção de joias e também de bijuterias.  Biojoia: peça produzida com a combinação harmoniosa de elementos naturais, agregando-se, em diferentes proporções, metais nobres, pedras preciosas e/ou semipreciosas. As biojoias são produzidas por artesãos que valorizam a cultura e a diversidade regional para a elaboração criativa de diferentes tipos de peças como colares, brincos, anéis, entre outras. Já existe no mercado o profissional conhecido como “biodesigner”. Este profissional assessora o artesão para que a busca por insumos na natureza se realize dentro de parâmetros de responsabilidade com o meio ambiente e também orienta quanto aos cuidados necessários para que as biojoias tenham qualidade e durabilidade, uma vez que as matérias-primas devem estar livres de fungos e não podem germinar. É importante frisar que a produção de biojoias se caracteriza, essencialmente, pelo desenvolvimento de um processo feito de modo sustentável, não agredindo a natureza, nem lançando nenhum tipo de resíduo nas etapas de produção das peças. Também é um processo produtivo que fortalece a cultura brasileira, uma vez que os materiais buscados na natureza, bem suas combinações na criação das mais variadas peças, refletem valores, costumes e tradições das diferentes regiões do país. Mercado O mercado de biojoias é um mercado em expansão e com potencial de exportação. A beleza e originalidade das biojoias, bem como a vertente da sustentabilidade aliada ao desenvolvimento dos produtos, atraem consumidores, fazendo crescer a demanda por sua comercialização. Apesar de a maior parte da produção de biojoias estar concentrada em determinadas regiões do Brasil, onde há comunidades que se beneficiam da atividade, gerando de emprego e renda, as biojoias hoje são elaboradas e comercializadas em praticamente todo o território nacional. Na cidade de Manaus, por exemplo, o mercado de biojoias ganha espaço a cada dia, assim como em outras cidades do Norte e Nordeste do país, em função da diversidade de matéria-prima e da variedade de peças produzidas e oferecidas ao consumidor. Isso tem atraído grandes joalherias do Brasil, que estão, cada vez mais, apostando na mistura de materiais naturais com pedras preciosas, semipreciosas e metais nobres.
  • 33. 33 Não foram localizados registros que informem a quantidade de produtores de biojoias no Brasil. É comum que a produção seja feita na própria residência do artesão e, na maioria dos casos, informalmente. Muitos artesãos não têm estrutura física própria montada para a comercialização de seus produtos. Investem expondo-os em showrooms, feiras, congressos, desfiles e eventos do gênero, por acreditarem que os acessórios fazem parte de um componente essencial e caracterizador do vestuário, e que por isso não deve ser apreciado isoladamente. A cooperação entre artesãos é, além de possível, desejável para o mercado. Entre várias ações que podem ser desenvolvidas de forma cooperativa, os artesãos podem unir o volume de produção que alcançam, definindo espaços e estratégias comuns de comercialização. Além de benefícios comerciais, a cooperação entre artesãos e empreendedores que atuam na fabricação de biojoias pode trazer vantagens de redução de custos produtivos, troca de experiências, melhora do contexto social, entre outras. A comercialização de biojoias pela internet tem se mostrado crescente, uma vez que as peças podem ser mostradas em imagens postadas para apreciação dos compradores em potencial. Empreendedores do mercado que biojoias que não necessariamente se dedicam à elaboração das peças buscam parcerias constantes com artesãos para o desenvolvimento de seus empreendimentos, sempre considerando uma atuação baseada em práticas sustentáveis desde a busca dos materiais a serem utilizados, no processo produtivo e na comercialização, bem como na promoção social dos parceiros envolvidos. A produção de biojoias, como se percebe, é uma oportunidade de atividade empreendedora fortemente ligada às práticas sustentáveis que devem, muito além de discurso, se concretizar nas ações desenvolvidas. A produção de biojoias, assim, será considerada uma atividade sustentável ao se desenvolver como um empreendimento economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo:  Economicamente viável: é necessário que tal empreendimento alcance condições de se manter em atividade e gerar lucros para os empreendedores e parceiros envolvidos.  Ambientalmente correto: é imprescindível respeito ao meio ambiente em todas as etapas do trabalho, adotando ações ecologicamente corretas desde a busca de materiais na natureza, até o momento de vender as biojoias para os clientes, por exemplo.  Socialmente justo: considerando que todo negócio está inserido num determinado contexto social e o afeta com suas ações, um empreendimento que produza biojoias deverá se relacionar de maneira justa e, preferencialmente, favorecer a ampliação do bem-estar social, conforme tal contexto. Atrelado ao aspecto social, um negócio sustentável é também aquele que é culturalmente aceito e diverso, ou seja, um empreendimento que valorize e fortaleça a cultura local, respeitando e reconhecendo a diversidade de seus múltiplos elementos. A sustentabilidade é um aspecto determinante para a competitividade dos empreendimentos nos dias atuais. A produção de biojoias, pela utilização de recursos da natureza, valorização da cultura e mão de obra local, entre outros fatores, contribui significativamente para a sustentabilidade, para o desenvolvimento sustentável local, regional e global. Desenvolvimento sustentável é entendido como o desenvolvimento que ocorre sendo capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Notícias em diferentes meios de comunicação mostram que o mercado consumidor tem, cada vez mais, buscado comprar produtos que contribuam para a sustentabilidade. Não seria diferente para as biojoias. É possível dizer até que, para a produção das biojoias, a sustentabilidade é exigida pelo mercado e se torna uma responsabilidade para os empreendedores praticá-la conscientemente no desenvolvimento do negócio. No mercado internacional cresce o sucesso das biojoias brasileiras. Os produtos naturais estão claramente valorizados também no mercado externo. A diversidade e beleza das peças produzidas no Brasil, aliadas à criatividade do brasileiro, enchem as vitrines das lojas de “Tropic Concept” (um conceito adotado pelas lojas estrangeiras ao se referirem às biojoias brasileiras e outros produtos que possuem uma conotação tropical),
  • 34. 34 que ganham mais espaço mundo afora. Empreendedores de biojoias da cidade de Ribeirão Preto/SP afirmam que a maior parte da produção daquela região, 90%, é adquirida por estrangeiros. Ameaças e oportunidades Como em todo empreendimento, na atividade de fabricação de biojoias o confeccionador deve estar preparado para antever possíveis riscos e, a partir daí, lançar mão de ações estratégicas que diminuam as ameaças e aumentem as possibilidades de atrair e aproveitar oportunidades para favorecer o sucesso de seu negócio. As oportunidades de negócios são definidas pelas possibilidades de bons resultados que o empreendedor vislumbra ao implantar um novo empreendimento. As ameaças para o negócio são definidas como situações não controláveis pelo empreendedor e que podem interferir de maneira a reduzir ou impedir os resultados esperados para o negócio. O conhecimento real das possibilidades de sucesso, considerando a busca de informações para identificar oportunidades e ameaças, somente será possível através de pesquisa de mercado. Uma pesquisa não precisa ser sofisticada, dispendiosa - em termos financeiros - ou complexa. Ela pode ser elaborada de forma simplificada e aplicada pelo próprio empresário, para estudar as preferências e expectativas daqueles que se esperam como consumidores, as práticas de mercado dos fornecedores (formas de pagamento, de entrega, etc.) e a concorrência já instalada em termos de qualidade das instalações, valores praticados, tendências de design, entre outros fatores. O risco de abrir as portas e iniciar a produção de biojoias sem conhecimento do mercado consumidor, concorrente e fornecedor local é muito grande. Oportunidades Podem ser oportunidades no ramo de fabricação de biojoias:  Implantação e desenvolvimento de um negócio sustentável  Criações exclusivas e com alto valor agregado;  Valorização do produto no mercado nacional e internacional;  Flexibilidade de venda do produto em lojas e eventos de moda de maneira geral, ampliando as possibilidades de comercialização;  Possibilidade de venda pela internet;  Associação a comunidades e projetos sociais locais para busca de matéria-prima e/ou produção e comercialização das peças, visando à geração de emprego e/ou trabalho e renda;  Desenvolvimento de projetos que promovam o resgate da cultura regional, como base para elaboração de biojoias;  Criação de espaços para ensino de técnicas artesanais utilizadas na elaboração das biojoias. Ameaças Algumas ameaças que podem ser previstas na fabricação de biojoias:  Capital insuficiente para investimento no negócio;  Crises na economia, que desfavoreçam a moeda nacional e dificultem os investimentos;  Mão de obra não qualificada, que comprometa a qualidade dos produtos;  Inviabilidade de investimento em estratégias de marketing para divulgação e venda das biojoias;  Cultura instalada em alguns profissionais do ramo de apenas copiar peças de outros fabricantes, sem acrescentar diferencial competitivo;  Aspectos culturais que não favoreçam práticas sustentáveis;  Exigência de cuidados específicos para que a matéria-prima e/ou o produto não se deteriore. Marketing: o Poder da Marca A marca de um produto é como a sua imagem, mas deve ser uma marca de valor capaz de cativar e conquistar o cliente.
  • 35. 35 A marca simboliza um compromisso da empresa junto a seus clientes, para que através dela, os consumidores percebam características, propriedades e a qualidade do produto através da sua marca. O trabalho de marketing não é uma fórmula mágica, nem uma receita eficaz. É um caminho longo e com o percurso difícil, mas para as empresas compensa investir em criar uma marca. Pois, segundo a ABAP- Associação Brasileira de Agencia de Publicidade - não existem grandes empresas sem grandes marcas. E pelo que se percebe no mercado consumidor ela está com a total razão, ´pois, é cada vez maior o número de consumidores que fazem as suas compras baseados nas marcas e não nos produtos e ou serviços prestados. Tipos de marcas. O conceito de Marca é a reprodução simbólica de uma entidade, qualquer que seja, algo que admite identificá-la imediatamente como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Pode ser um símbolo, um emblema ou um ícone. Uma simples palavra com a capacidade de se referir a uma marca. E quanto mais forte é a marca, mais ela acrescenta valores e conceitos. Seu convite permite as empresas aumentarem os seus lucros, uma vez que as pessoas compram determinados produtos, porque confiam na empresa que está por trás de determinado emblema. Segundo Philip Kotler, um dos papas do marketing, uma marca é complexa e pode apresentar até seis níveis de significado. Primeiro, ela traz à mente do comprador certos atributos. A marca Tiffany & Co., por exemplo, sugere produtos refinados, de bom gosto e prestígio. Em segundo lugar, estão os benefícios. Os atributos relacionam-se com os benefícios, que podem ser divididos em funcionais e emocionais. O atributo prestígio pode ser traduzido no benefício emocional: “esse produto me faz sentir importante e admirado”. Já a o atributo qualidade, liga-se ao benefício funcional “sei que o produto tem qualidade e não vai me causar problemas”. Em terceiro lugar, vêm os valores. A Van Cleef & Arpels, por exemplo, possui uma marca que simboliza tradição, prestígio e valor artístico. Em quarto, temos a cultura, que a marca também pode representar. No caso da Maison Cartier, a cultura representada é a francesa, ou a parisiense, ou, mais especificamente, a Place Vendôme. Quando a marca cita esses nomes, vêm à tona na cabeça do consumidor todo o refinamento, a arte e riqueza cultural, além do glamour do berço das grandes Maisons parisienses. O quinto significa que uma marca pode conter a personalidade projetada pela empresa. A Tiffany & Co. Pode sugerir uma mulher elegante e sonhadora, como Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo (pessoa). Já a Ferrari pode lembrar um guepardo, o felino mais rápido que existe, enquanto que a Choppard pode lembrar uma mansão extravagante, com tudo o que há de mais caro e precioso. Finalmente, o sexto atributo refere-se ao usuário. Determinada marca pode associar um determinado tipo de comprador a ela. A Swatch, por exemplo, pode sugerir um consumidor adolescente ou jovem, fashion e despojado, enquanto que a Omega simboliza um consumidor não tão jovem quanto o primeiro, porém clássico. A Rolex, por sua vez, representa um consumidor mais maduro e conservador. Não imaginamos um jovem de 20 anos, “antenado”, usando um Rolex. Da mesma forma, um executivo de 50 anos não é o tipo de consumidor da Swatch que nos vem à cabeça.
  • 36. 36 Estes inúmeros exemplos exemplificam o evidente, que infelizmente para algumas pessoas não é observado adequadamente, por acreditarem que uma marca não deve ser acertada apenas como um nome. Todas as grandes empresas começaram pequenas, com apenas um ourives ou um técnico que aproveitou o nome da família para emprestar a sua empresa. E para que este nome possa crescer é necessário um trabalho árduo, e muita dedicação. Dentre os maiores erros cometidos pelas empresas, está o de promover apenas atributos a sua marca. Uma vez que o consumidor procura mais pelos melhoramentos do que pelas peculiaridades do produto. Até mesmo pelo fato de que algumas características podem ser plagiadas pelas empresas adversárias, e determinada especificidade pode deixar de ser um elemento de aspiração do consumidor. Por isso quando se trabalha com benefícios, tem que se promover o maior número possível, pois alguma outra marca pode ofertar o mesmo tipo. Os valores, a cultura e a individualidade, que uma marca acrescenta, são seus sentidos mais intensos e permanentes. Ao se lançar um produto a empresa deve seguir três quesitos. Pois, para edificar uma marca leva anos, mas para destruir, são necessárias apenas algumas falhas. Por isso ela deve ser tratada com toda dedicação.
  • 37. 37 AS DIFERENÇAS SOCIAIS, POLITICAS, CULTURAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NAS CONCEPÇÕES ESTÉTICAW DE CADA ÉPOCA Os adornos corporais marcam presença desde as primeiras manifestações do homem, possibilitando uma gama de referências para a contemporaneidade. Assim como as demais manifestações artísticas, a joia evoluiu junto com a humanidade, marcando incisivamente cada época. Você já pensou nas joias da pré-história, como eram confeccionadas? Segundo Gola (2008), “Apesar da dificuldade em determinar a origem dos adornos que hoje chamamos de joias, pode-se dizer que sua existência está documentada desde aproximadamente 35 mil anos antes de Cristo”. Tais adereços foram feitos basicamente de conchas, pedras e dentes, havendo também registros de adornos mais trabalhados, com incisões e recortes. Por essa razão, conchas e pedras são encontradas, hoje, em lojas especializadas de material de confecção de bijuteria. Adornos pré-históricos. Você já pensou em uma definição para a palavra joia? Para Gola (2008), o conceito de joia é amplo, uma vez que compreende os adornos existentes desde a pré-história, feitos com matéria-prima e ferramentas rudimentares como as folhas finas de ouro. A autora Gola (2008) ainda explica que estudiosos presumem que o “trabalho em ouro pela maleabilidade e resistência do metal talvez tenha sido a primeira forma de manipulação de trabalho em metal”. Ainda de acordo com a mesma autora, na antiguidade, com o desenvolvimento da escrita e conhecimento sobre os metais, os adornos também evoluíram e ganharam características de cada civilização. De acordo com Gola (2008), “a construção da joia de ouro ou de prata e a combinação desses metais com pedras de cor começam, de forma mais efetiva, no início da chamada idade de bronze”. Portanto, são muitos os significados da palavra joia, assim como a variedade de materiais utilizados na confecção. Muitas foram as civilizações que contribuíram com o desenvolvimento da joalheria. Dentre elas, podem-se citar os egípcios, gregos, persas, etruscos, romanos etc. Quanto às joias egípcias, por exemplo, há muitos registros, uma vez que esses povos tinham uma grande preocupação com a vida pós-morte, além de deter conhecimento da escrita deixando registrados seus feitos para a posteridade. De acordo com Gola (2008), “achados arqueólogos em tumbas egípcias foram encontrados intactos: anéis, broches, brincos, colares, diademas [...] em ouro puro e maciço”, os quais servem de estudos para os joalheiros modernos e inspiração para a confecção de adornos mais simples. A seguir exemplos de joias em determinadas civilizações: Joias egípcias Joias egípcias
  • 38. 38 Joias gregas Joias romanas Você pode buscar inspiração nas joias das antigas civilizações e realizar montagens de suas peças de bijuteria. É importante que pesquise e leia assuntos relacionados à cultura desses povos, com intuito de agregar informação e valor em sua peça. Transição da joia para a bijuteria “Eu fiz joia para o lado alternativo das mulheres, para suas loucuras”. (Paco Rabanne) Em 1929, a crise econômica influenciou todos os setores e não foi diferente com a joalheria. Surge, então, a necessidade de inovar, nascendo a bijuteria. O termo vem do Francês bijouteire que designa joia. Há alguns autores que preferem usar o termo “joia de imitação”, sendo que seguiam o estilo das artes decorativas, como as pinturas dos artistas que estavam em evidência. Gola evidencia que: “Os materiais empregados nessas peças não eram caros, ainda que algumas delas tenham sido elaboradas em materiais preciosos, o que permitiu uma variedade de joias interessantes e adaptadas ao orçamento de todas as mulheres” (GOLA, 2008, p.103). A adaptação a novos conceitos sociais, impostos por uma sociedade que refletia a crise econômica e transformações na política abriu um leque de oportunidades na confecção de joias de imitação com pedras semipreciosas e peças feitas com material totalmente alternativo. Na década de 1940, o Brasil entra no mundo das joias e, para Gola (2008), quem impulsionou tal feito foi a diva Carmem Miranda com seus balangandãs, suas fantasias, acessórios típicos, apresentando ao mundo as referências de um país colorido e alegre, por meio da canção: “O que é que a baiana tem?”, de Dorival Caymmi, composta em 1939.
  • 39. 39 Carmen Miranda. Os anos 1950 são vistos como “anos dourados” não pelo ouro, mas pelos significativos avanços em todas as áreas, principalmente os científicos e tecnológicos, marcados pelo pós-guerra, quando a ostentação das riquíssimas joias ficou comprometida e as joias de imitações e bijuterias tornaram-se evidentes. Sobre a ourivesaria neste período, Gola afirma que: Pode se dizer que, dos anos 40 aos anos 50, a joia de imitação rivalizou com a joalheria genuína. Com o uso dessas joias de imitação, as mulheres de classe média podiam adquirir o glamour das estrelas dos filmes de Hollywood ou de pessoas ricas da sociedade. (GOLA, 2008, p.111). Os anseios juvenis foram valorizados nos anos 1960, período em que os jovens aspiravam a mudanças, principalmente, no que dizia respeito aos direitos sociais. Para Gola (2008), “criaram um estilo tempestuoso”. Vale ressaltar que nessa década um nome que ajudou na repercussão e divulgação da joia de imitação foi Paco Rabanne que, segundo Gola (2008), “experimentou novos materiais, tais como madeira, papel e plásticos brilhantes ou PVC, escolhendo os menos valiosos”. Em decorrência do alto preço do ouro, o que esteve em evidência na década de 1970 foram as joias de caráter comercial, sendo que as joias de imitação e bijuterias ganharam destaque. Gola expõe: A década de 70 pode ser considerada o único período da história em que a ornamentação com joias genuínas esteve fora de moda. As peças usadas eram confeccionadas em resina plástica, seguindo motivos cada vez maiores e ousados, mas notavelmente simples e modernos, aos quais se unia o colorido luminoso e rico dos esmaltes. (GOLA, 2008, p.124). Outro destaque nas bijuterias dos anos 1970 foi a exaltação de diferentes culturas, que serviu de inspiração na montagem de bijuterias com tecidos e temas variados. Alguns movimentos sociais que, mais tarde, se tornaram estilo de vida, como punk e hippie, também serviram de inspiração e divulgação das bijuterias. Mudanças sociais e, principalmente, comportamentais marcaram os anos 1980, em que a população menos favorecida passou a seguir os modelos usados pela princesa Diana. Gola (2008) ressalta que houve uma onda romântica, evidenciada pelo casamento do príncipe Charles com a princesa Diana. Ainda de acordo com a mesma autora, após o ano de 1981 houve um crescimento significativo na indústria de joias de imitação, como destaca a seguir: E o comércio dos acessórios, no geral, tornou-se mais saudável. A joia de imitação e a bijuteria melhoram de qualidade e seus preços subiram vertiginosamente. […] Os anos 1980 trouxeram uma liberdade nova à joia e intenso interesse por adornos e feminilidade. (GOLA, 2008, p.127).
  • 40. 40 No transcorrer da história, o ato de fazer joias e bijuterias teve expressivos ajustes para adaptar ao que pedia cada época. E, de acordo com Gola (2008), o que prevaleceu nos anos de 1990 e começo de 2000, na entrada do século XXI, foi o artista que conseguiu unir valores da arte e individualismo, com as inquietações da moda, comércio e indústria. Veja exemplos de adereços dos anos 30, 40, 50 e 60. Coco Chanel. Adereços. Alguns itens colocam a bijuteria em evidência perante as joias, a mistura de materiais, variedade de cores oriundas dos materiais sintéticos, o custo mais baixo, além de ser mais seguro exibir uma bijuteria. Existem fábricas especializadas na fabricação de bijuterias, mas nada se compara à delicadeza e ao valor implícito do trabalho artesanal. Moda e bijuteria / Biojoias A partir do surgimento, as bijuterias/biojoias foram se adaptando às tendências para satisfazer aos anseios e criatividade dos profissionais da moda, além de agradarem aos consumidores exigentes e conhecedores da constante evolução no mundo fashion. Para usar bijuterias/biojoias não há distinção de classe social, credo, sexo, nível cultural etc. Toda a população, da mais abastada ou popular, faz uso de bijuterias e tende a fazer combinações com peças do vestuário. A entrada da mulher no mercado de trabalho proporcionou maior liberdade para consumir e, consequentemente, enfeitar seu corpo de acordo com seu gosto e intenção de se revelar ao mundo que a cerca. Quem mais adquire bijuteria são as pessoas do sexo feminino. Raro é a mulher que possui só um par de brincos. Até mesmo a questão do valor auxilia na aquisição do maior número de bijuterias/biojoias, visto que podem ser usadas em todas as ocasiões evidenciando a feminilidade, além de combinar com todo tipo de visual - das roupas básicas às mais elegantes. Para usar bijuterias/biojoias não há regras, mas requer bom senso e gosto. Antes de tudo, é preciso se sentir bem, tendo em vista que há pessoas que dizem que as bijuterias iluminam a aparência e alegram o dia.
  • 41. 41 Bijuterias/biojoias combinadas com roupas básicas Bijuterias combinadas com roupas básicas. Bijuterias/biojoias para festas Bijuterias para festas. USO DA BIJUTERIA EM CULTURAS COMO: INDÍGENA, AFRICANA E INDIANA Bijuteria na cultura indígena A expressão artística indígena é marcada pela arte plumária, que vai além do simples adorno e é impregnada de simbolismo, pois é usada em rituais e cerimônias. São feitas só por homens e representam mensagens como posição social, sexo, idade. Para os povos indígenas, as bijuterias feitas com penas possuem semelhante valor e respeito ao que os diamantes causam em outras culturas. Com penas e sementes são feitas pulseiras, colares, adornos para cabeça etc. Adornos.
  • 42. 42 Adornos. Bijuteria na cultura africana A arte africana é marcada pelas cores fortes e chamativas, sendo um reflexo da história, dos cultos, crenças e filosofia de vida dos habitantes. Isso é porque o continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas diferenciadas. Para a confecção de bijuterias, buscam-se referências nas cores, na geometrização das formas e no próprio estilo de vida dos povos africanos. Bijuterias com tendências africanas. Bijuteria na cultura indiana A cultura indiana é marcada pela diversidade de usos e costumes. Investir em joias e adereços faz parte dessa cultura que é passada de geração em geração. Mesmo sofrendo influência de outras culturas, essa é uma marca da tradição indiana, o que a distingue das demais. Adereços na cultura indiana. O uso da bijuteria em algumas culturas inspira modismo ao redor do mundo. Outros povos e culturas também são marcados pelo uso de bijuterias, porém, as três culturas citadas - indígena, africana e indiana - são as que mais influenciam a confecção de bijuterias no cenário mundial.
  • 43. 43 DESENHO DE PEÇAS EM CROQUIS Sketches, Croquis e esboços Enquanto o desenho técnico é codificado e tem interpretação única, o desenho à mão livre tem traços fortes Dentre as principais habilidades a serem desenvolvidas para um profissional que queira atuar como designer do setor joalheiro, as relacionadas ao desenho devem ser priorizadas. Inicialmente aqueles feitos à mão livre e, posteriormente, os com instrumentos e o desenho em programas digitais. Ele é o principal instrumento de comunicação entre o designer e a produção. Mas como foi visto no capítulo dedicado ao desenho no processo criativo, o desenho faz parte de diferentes etapas do desenvolvimento do projeto. Na etapa inicial entende-se que os primeiros traços, também aqui identificados como rabiscos, rascunhos ou sketches são os estudos preliminares para posterior definição com maior exatidão de formas e medidas. No entanto, os sketches, os rabiscos, fazem parte de um conjunto conexo, onde os elementos compõem a estrutura do futuro objeto tridimensional. Em Portugal, observou-se o uso do termo croqui para o desenho técnico feito à mão, já com medidas, vistas e especificações. Como comentam Berenguer e Pastor no livro Desenho para joalheiros: O croqui é um desenho à mão alçada, elaborado com meios tradicionais do desenho técnico. O croqui oferece dois tipos de informação: as vistas (dados formais da peça) e as medidas (dados técnicos). Para tal, o desenhador parte dos esboços prévios e das maquetas e aplica as normas gerais do sistema diédrico e da cota do desenho industrial segundo as normas internacionais.188 É importante lembrar, de modo a firmar uma nomenclatura, que se está aqui definindo os traços iniciais, descompromissados, como sketches, rabiscos ou rascunhos, procurando encontrar uma nomenclatura que revele estes estudos iniciais, diferentes daqueles já mais definidos, embora ainda não com as características do desenho técnico, uma vez que os termos esboços e croquis, são utilizados com o mesmo emprego no Brasil, definindo como o desenho do objeto ou construção já em suas proporções, da mesma forma como os desenhos de estudos e observação de objetos e edificações. O desenho técnico é claramente entendido como o desenho de definição de medidas, vistas e especificações técnicas, seja ele feito à mão com instrumentos ou por meios digitais, sendo um desenho de precisão. Na produção joalheira, esse desenho assume características próximas às do desenho feito nos projetos de Arquitetura. Iniciam-se por rascunhos e caminham pelos esboços determinantes da forma e de suas proporções. No desenho dos arquitetos, os primeiros traços, os estudos preliminares, servem como forma de analisar a relação espaço e forma (Fig. 1).
  • 44. 44 Figura 1 – Desenho de arquitetura – Guilherme Motta – estudos e croqui Luciana Preuss, designer de joias carioca, em seu livro, Desenho Técnico de Joias, comenta: “A capacidade de realizar esboços é fundamental para o desenho de joias, pois estes são utilizados em todo processo de desenvolvimento de uma peça. ” E propõe um diagrama (Fig. 2) onde analisa os desdobramentos dos esboços criativos. Figura 2 – Esboço – diagrama Esses estudos iniciais servem de referência para avaliar-se o processo em que se desenvolvem as ideias. Muitas vezes é preciso rever esse caminho porque algumas escolhas fazem com que em determinados momentos se deixe de lado uma boa solução. Ajudam a solidificar ideias, a justifica-las. O arquiteto Renzo Piano explica da seguinte maneira seu método de trabalho: “Começamos fazendo esboços, depois traçamos um desenho e em seguida fazemos um modelo, para então chegar à realidade – vamos ao espaço em questão -, voltando mais uma vez ao desenho. Estabelecemos uma espécie de circularidade entre o desenho e a concretização e de volta novamente ao desenho. ” Sobre a repetição e a prática, observa Piano: “É perfeitamente característico da abordagem do artífice. Ao mesmo tempo pensar e fazer. Desenhamos e fazemos. O ato de desenhar é revisitado. Fazer, refazer e fazer mais uma vez.
  • 45. 45 No estudo de Mirela Vigevani (Fig. 3), designer de joias que se especializou no desenho e prototipagem digital, vê-se um breve rascunho para um brinco. Feito apenas em caneta mostra os traços principais do que será desenhado com detalhamento. As especificações estão anotadas informalmente ao lado, não compondo, ainda, a ficha técnica. São indicações de gemas e suas medidas para melhor definição. Nesse caso o desenho final foi feito no programa RhinoGold para posterior modelagem digital. Figura 3 – Mirela Vigevani – estudos para brincos com especificações de gemas. Os sketches, estudos ou rabiscos, são o início de ideias, muitas vezes ainda sem a exata proporção, sem a definição final, mas simplesmente um meio de trazer à forma aquilo que se delineia na imaginação ou é elaborado a partir de uma cena ou objeto registrado que lhe remete como referência para novas composições. São estudos, porque são um exercício de experimentação da forma e das proporções. Em joalheria dá-se conta da necessidade do treino do olhar para pequenas medidas e as relações entre elas. Ao pensar o objeto, o profissional, designer ou o joalheiro, deve desenvolver a habilidade de visualizar a forma total projetada antes de estar materializada. Desde os sketches iniciais até o desenho técnico, essa visualização conduzirá o processo de confecção do desenho. Trabalha-se com a ideia do “cubo de vidro”, que será abordada no capítulo destinado ao desenho técnico, e que propõe imaginar-se o objeto dentro de um cubo imaginário, a partir do qual seria possível observar todas as faces do objeto para desenhá-lo. Este é também um dos meios de se entender as projeções ortogonais. Rodrigo Ferreira Silva, joalheiro, técnico em joalheria do SENAI, Unidade Artefatos de Couro e Joias, onde é professor de joalheria, é graduado em Design de Joias pelo Istituto Europeo di Design de São Paulo. Rodrigo acumula alguns prêmios importantes em sua jovem carreira, entre eles a Medalha de Ouro no World Skills London, 2011. Ele utiliza os desenhos como rascunhos de suas ideias. Considera que colocar no papel os estudos formais antes de executar no metal, pode auxiliar a resolver um ou outro problema que possa haver na construção da peça. No entanto, por sua prática em joalheria, muitas vezes acaba resolvendo diretamente na bancada, durante a confecção de uma ideia que existe apenas mentalmente. Rodrigo desenha muito bem, com traço bem definido, e seus esboços têm a qualidade para uma boa simulação de suas ideias (Fig. 4-5). Graduado pelo IED, contou, assim como Ícaro Carlos, que o desenho técnico não fazia parte do currículo do curso. O desenho ensinado era esquemático na construção de peças em perspectiva e uma parte de ilustração. Nas imagens a seguir, os sketches e as fotos de seu projeto de TCC concluído em 2015.
  • 46. 46 Figura 4 – Rodrigo Ferreira Silva – projeto de TCC, IED/SP, 2015 / esboços Título: “Erosão que causamos é a erosão que sofremos” Figura 5 – Rodrigo Ferreira Silva – projeto de TCC, IED/SP, 2015 / fotos Título: “Erosão que causamos é a erosão que sofremos”. Nessa etapa inicial os desenhos expressam experimentações que podem ser adotadas ou descartadas, ou ainda arquivadas para serem revistas posteriormente, servindo a outros projetos. Muitos joalheiros os utilizam como registro de sua criação. Muitas vezes os rascunhos são o único tipo de desenho adotado pelo profissional na joalheria artesanal, pois sua prática o leva diretamente à execução no metal, servindo como base para o que definirá posteriormente na bancada. Reny Golcman mantém um caderno de registros de suas criações. Durante a entrevista para essa pesquisa que já se iniciou no Mestrado em 2007, Reny falou sobre como esses rascunhos servem como arquivo do que produziu, Reny contou sobre o fato de não ter se preocupado em registrar seus primeiros trabalhos. Muitos foram vendidos, antes de serem fotografados e não podem ser resgatadas. Foi esse fato que fez com que passasse a fazer pequenos desenhos, com traços breves, em um caderno de anotações que, de acordo com o último levantamento feito por Ana Passos no livro que conta a história dessa artista plástica carioca, pintora, escultora e joalheira, já somam 1780 registros. Sente não ter iniciado antes as anotações das suas produções. Hoje seu marido as fotografa, como ressalta Ana Passos. Produzindo em bancada suas peças ainda hoje, com mais de 70 anos, Reny é um ícone da joalheria brasileira, por sua forma de criar, por sua disposição em manter-se produzindo. Conhecer seu ateliê, a forma como organiza seus materiais, suas ferramentas e, principalmente, suas memórias, é penetrar no universo da arte, da artista, da poesia encontrada nos detalhes. Reny valoriza cada página em que seu trabalho foi comentado. Possui diversas pastas com recortes de matérias e comentários sobre sua obra (Fig. 6-7).