As circunstâncias e os mecanismos que conduziram à formação da “bolha imobiliária” responsável pela falência do banco americano Lehman Brothers, com a consequente derrocada financeira de países como a Islândia, a Irlanda, a Grécia… e Portugal – é este o tema da próxima produção do Teatro Municipal Joaquim Benite. Numa agência imobiliária dos subúrbios, cinco vendedores sem escrúpulos empenham-se em vender, a crédito, terrenos e apartamentos a pessoas que não têm dinheiro para comprá-los – imigrantes, idosos, solitários que não têm com quem conversar. No seio deste ambiente altamente competitivo (e impiedoso), assistimos à derrocada profissional e emocional de Sílvio Rosa, um vendedor em fim de carreira, que fora outrora um profissional brilhante mas que não soube adaptar-se à mudança dos tempos, e que será a próxima vítima de uma peculiar competição de vendas imaginada pelos dirigentes da empresa em que trabalha: um Mercedes para o melhor vendedor, um jogo de facas de cozinha para o segundo, e para os restantes… o despedimento. Negócio fechado – que Mamet escreveu a partir de uma experiência pessoal, quando trabalhou numa imobiliária nos arredores de Chicago – valeu ao seu autor o Prémio Pulitzer em 1984. Neste texto, David Mamet cumpre exemplarmente aquela que será porventura a principal característica da sua dramaturgia - a crítica acerbada do “sonho americano”: a denúncia da falta de humanidade que se vive, quando o liberalismo selvagem levado ao extremo.

1. INFORMAÇÃO SINDICAL DO SINAPSA – EDIÇÃO DA DELEGAÇÃO REGIONAL SUL
SINAPSA
Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins
NEGÓCIO FECHADO | A ORIGEM DA CRISE
De David Mamet // Encenação de Rodrigo Francisco
Em Negócio fechado (no original, Glengarry Glen Ross), Prémio Pulitzer
1984, David Mamet desmistifica o chamado sonho americano. Centrando-se
no ambiente de uma agência imobiliária, Negócio fechado sintetiza alguns
dos temas habitualmente tratados por Mamet (o excesso de competitivida-
de, a ausência de escrúpulos, e a impiedade para com os mais fracos), im-
putáveis a alguns sectores da sociedade norte-americana. Nesta peça assis-
te-se à ruína de um velho vendedor caído em desgraça, numa empresa que
promove concursos de vendas com prémios peculiares: um Cadillac para o
vencedor, uma colecção de facas para o segundo classificado, e o despe-
dimento imediato para os restantes.
David Mamet (Illinois, 1947) monta as suas primeiras peças no teatro de Saint Nicholas, em Chicago. A partir de 1975
começa a ser produzido no circuito off da Broadway: Perversidade sexual em Chicago (1974), Búfalo americano
(1977), Uma vida de teatro (1977). Mestre do diálogo, o seu estilo é habitualmente equiparado ao de Edward Albee. As
suas peças, breves mas densas, assentam nas vidas das suas personagens, cuja solidão encontra eco na sociedade moder-
na. A linguagem de Mamet, considerado um virtuoso construtor de enredos, distingue-se pelo ritmo quase musical, obti-
do através de pausas, de frases interrompidas, e de um inconfundível jargão realista - simultaneamente violento e poéti-
co.
Intérpretes Alberto Quaresma, Ivo Alexandre, Marques D’Arede, Miguel Sopas, Paulo Guerreiro Pedro Lima e Pedro
Walter | adaptação Rodrigo Francisco | Cenário e figurinos Ana Paula Rocha | Desenho de Luz Guilherme Frazão | Ca-
racterização Sano de Perpessac | Assistente de Encenação Paulo Mendes
SALA EXPERIMENTAL | 28 de MARÇO a 28 de ABRIL | de QUA a SÀB às 21H30, DOM às 16H00 | Duração: 1H30 | M/12
SÓCIO / ACOMPANHANTE (S): € 6,00 | PREÇO BILHETEIRA: € 13,00
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