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Ronaldo Viveiros de Sousa
Universidade de Brasília
Universidade de Brasília
• A estimativa do tempo post mortem (PMI) é um dos
grandes desafios da investigação forense, especialmente
quando se tem um avançado estado de decomposição;
• Usando métodos tradicionais a imprecisão da datação
aumenta quanto mais avança a decomposição;
• Técnicas tradicionais: Macroscopia, microscopia,
morfológia, datação radiométrica (C-14; Pb-210 e Sr-90),
dados moleculares e químicos em conjunto com técnicas
extrínsecas (estratigrafia).
Universidade de Brasília
A botânica forense é uma disciplina relativamente nova;
É utilizada quando métodos tradicionais não são possíveis;
No campo judicial as briófitas foram utilizadas com sucesso
em duas ocasiões:
Cardoso et al. 2010 e Caccianiga & Compostella 2009
Ambos utilizaram a taxa de crescimento de briófitas para a
estimativa do tempo post mortem.
O presente artigo trata de um caso semelhante
Universidade de Brasília
 Em 2010 um esqueleto humano foi encontrado perto de
Perugia na Itália central.
 Dados morfológicos, morfométricos, antropológicos e
radiológicos permitiram obter os seguintes dados:
Estudo de caso
 Mulher caucasiana.
 Altura aproximada de 1,60 m.
Crânio, mandíbula e fêmur.
Um musgo colonizou a região
inferior do crânio.
[1]
Universidade de Brasília
Amblystegiaceae - Leptodictyum riparium (Hedw.) Warnst.
Identificação do espécimen
 Pleurocárpico;
 Distribuição ampla;
 Cresce em
diferentes
substratos.
[1][1]
Universidade de Brasília
 Não existe dados de crescimento para o L. riparium;
 Foi aplicado o conhecimento de uma espécie similar,
Hypnum cupressiforme (a mesma utilizada em outro caso em 2009)
Estimativa da idade do musgo
Simpodial Monopodial
[2] [2]
Universidade de Brasília
A contagem dos segmento coloca a idade do musgo entre
24 a 30 meses (havia 2 segmentos e meio).
Estimativa da idade do musgo
Monopodial
Assumindo esse valor como o tempo mínimo post mortem foi
possível reduzir a busca para as pessoas desaparecidas a 2 e
meio anos antes da localização do esqueleto.
[2]
Universidade de Brasília
A suspeita foi reduzida para uma mulher
de 80 anos que vivia na cidade de
Umbria;
Ela desapareceu em 2007 quando foi
visitar os seus parentes na região do
ocorrido;
Identificação da pessoa
Comparação de radiografias dela quando
viva e com o esqueleto;
Perfeita correspondência das
características dentárias;
Correspondência com o desvio do septo
nasal.
Confirmações
[3]
[4]
Universidade de Brasília
 O uso de musgos é particularmente importante quando o
corpo encontra-se completamente esqueletizado;
 Condições ambientais não afetam o desenvolvimento dos
segmentos anuais;
Conclusões
 Algumas espécies podem apresentar 2 pulsos de crescimento
por ano, causando superestimação da idade;
 Não da para saber se a colonização do musgo se deu logo após
a exposição dos ossos;
 Musgos não crescem em tecido macio, por isso é possível
estimar apenas o tempo mínimo após a morte.
Universidade de Brasília
[1] Lancia, M.; Conforti, F.; Aleffi, M.; Caccianiga, M.; Bacci, M. & Rossi,
R. 2013. The use of Leptodyctium riparium (Hedw.) Warnst in the
estimation of minimum postmortem interval. J. Forensic Sci. 2013
Jan;58 Suppl 1:S239-42.
[2] Ross, S.E.; Callaghan, T.V.; Ennos, A.R. & Sheffield, E. 1998.
Mechanics and growth form of the moss Hylocomium splendens. Ann.
Bot. 82:787–793.
[3] http://www.adequacao.com.br/blog/wp-
content/uploads/interrogacao.png
[4] http://www.maraoonline.com/marao/marao_online/A26DBC4F-FAC3-
4CE2-AFAB-94A0C24B9A2B_files/mulher%20silhueta%203.jpg
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Botânica Forense - Briófitas

  • 1. Ronaldo Viveiros de Sousa Universidade de Brasília
  • 2. Universidade de Brasília • A estimativa do tempo post mortem (PMI) é um dos grandes desafios da investigação forense, especialmente quando se tem um avançado estado de decomposição; • Usando métodos tradicionais a imprecisão da datação aumenta quanto mais avança a decomposição; • Técnicas tradicionais: Macroscopia, microscopia, morfológia, datação radiométrica (C-14; Pb-210 e Sr-90), dados moleculares e químicos em conjunto com técnicas extrínsecas (estratigrafia).
  • 3. Universidade de Brasília A botânica forense é uma disciplina relativamente nova; É utilizada quando métodos tradicionais não são possíveis; No campo judicial as briófitas foram utilizadas com sucesso em duas ocasiões: Cardoso et al. 2010 e Caccianiga & Compostella 2009 Ambos utilizaram a taxa de crescimento de briófitas para a estimativa do tempo post mortem. O presente artigo trata de um caso semelhante
  • 4. Universidade de Brasília  Em 2010 um esqueleto humano foi encontrado perto de Perugia na Itália central.  Dados morfológicos, morfométricos, antropológicos e radiológicos permitiram obter os seguintes dados: Estudo de caso  Mulher caucasiana.  Altura aproximada de 1,60 m. Crânio, mandíbula e fêmur. Um musgo colonizou a região inferior do crânio. [1]
  • 5. Universidade de Brasília Amblystegiaceae - Leptodictyum riparium (Hedw.) Warnst. Identificação do espécimen  Pleurocárpico;  Distribuição ampla;  Cresce em diferentes substratos. [1][1]
  • 6. Universidade de Brasília  Não existe dados de crescimento para o L. riparium;  Foi aplicado o conhecimento de uma espécie similar, Hypnum cupressiforme (a mesma utilizada em outro caso em 2009) Estimativa da idade do musgo Simpodial Monopodial [2] [2]
  • 7. Universidade de Brasília A contagem dos segmento coloca a idade do musgo entre 24 a 30 meses (havia 2 segmentos e meio). Estimativa da idade do musgo Monopodial Assumindo esse valor como o tempo mínimo post mortem foi possível reduzir a busca para as pessoas desaparecidas a 2 e meio anos antes da localização do esqueleto. [2]
  • 8. Universidade de Brasília A suspeita foi reduzida para uma mulher de 80 anos que vivia na cidade de Umbria; Ela desapareceu em 2007 quando foi visitar os seus parentes na região do ocorrido; Identificação da pessoa Comparação de radiografias dela quando viva e com o esqueleto; Perfeita correspondência das características dentárias; Correspondência com o desvio do septo nasal. Confirmações [3] [4]
  • 9. Universidade de Brasília  O uso de musgos é particularmente importante quando o corpo encontra-se completamente esqueletizado;  Condições ambientais não afetam o desenvolvimento dos segmentos anuais; Conclusões  Algumas espécies podem apresentar 2 pulsos de crescimento por ano, causando superestimação da idade;  Não da para saber se a colonização do musgo se deu logo após a exposição dos ossos;  Musgos não crescem em tecido macio, por isso é possível estimar apenas o tempo mínimo após a morte.
  • 10. Universidade de Brasília [1] Lancia, M.; Conforti, F.; Aleffi, M.; Caccianiga, M.; Bacci, M. & Rossi, R. 2013. The use of Leptodyctium riparium (Hedw.) Warnst in the estimation of minimum postmortem interval. J. Forensic Sci. 2013 Jan;58 Suppl 1:S239-42. [2] Ross, S.E.; Callaghan, T.V.; Ennos, A.R. & Sheffield, E. 1998. Mechanics and growth form of the moss Hylocomium splendens. Ann. Bot. 82:787–793. [3] http://www.adequacao.com.br/blog/wp- content/uploads/interrogacao.png [4] http://www.maraoonline.com/marao/marao_online/A26DBC4F-FAC3- 4CE2-AFAB-94A0C24B9A2B_files/mulher%20silhueta%203.jpg Referências das figuras