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C a p aA v e n t u r a
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les se levantam antes do sol. Tomam
um rápido café-da-manhã e começam a
carregar uma picape 4x4, ou uma van,
com os equipamentos que lhes serão
úteis dali a algumas horas. O passo
seguinte é estudar as condições do clima; se
o céu estiver limpo e os ventos amenos, eles
rumarão para um campo aberto, montarão o que
precisam e, em pouco tempo, desafiarão a gravida-
de, elevando-se a muitos, muitos metros do chão.
Esses madrugadores com vocação para pássaro são
os praticantes de um esporte que tem conquistado
cada vez mais adeptos no Brasil e anda, por assim
dizer, nas alturas: o balonismo.
popaO balonismo
conquista cada
vez mais adeptos
no Brasil, aproxima
familiares e vira
um bom negócio
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w e l c o m e c o n g o n h a s
24
Reportagem: Renata Gimenes
CinaraPiccolo
w e l c o m e c o n g o n h a s
26 w e l c o m e c o n g o n h a s
27
como funciona
e quanto custa
• Existem indicações de que o homem já ten-
tava voar em balões há cerca de 2 mil anos.
Consta que em 1709, o padre luso-brasileiro
Bartolomeu de Gusmão teria demonstrado o
funcionamento de um balão ao rei Dom João
V, em Lisboa. Seu maior mérito foi provar que
algo mais pesado que o ar poderia planar. O
balão tem a sua ascensão impulsionada pelo
ar aquecido através da chama de um maçarico
acionado de tempos em tempos durante o vôo.
O combustível utilizado é o gás propano, de
comportamento semelhante ao de cozinha.
• Como o balonismo utiliza uma aeronave sem
dirigibilidade mecânica e dependente das cor-
rentes de vento, a análise das condições do tem-
po é imprescindível para a sua prática. O clima
perfeito para os vôos dessa modalidade esportiva
é de céu azul, com grande visibilidade e ventos
fracos, de até 10 nós, ou seja, de até 18,5 km/h.
Em condições de chuva e fortes ventos, os vôos
não são liberados, por motivos de segurança.
• Segundo a Federação Aeronáutica Internacio-
nal (FAI), os balões de ar quente são considerados
as aeronaves mais seguras existentes no planeta.
O balonismo tem índices de acidentes pratica-
mente nulos. Desde que foi realizado o primeiro
vôo esportivo de balão no Brasil, em 1970, não
houve nenhum acidente grave no país.
O custo de um balão aproxima-se de 45 mil
reais, aí incluídos todos os acessórios: envelope,
maçarico, cesto de vime, ventilador e cilindros,
além de GPS, rádios, mapas e outros equipamen-
tos que são necessários para o vôo. .
A v e n t u r a
Antes do vôo, o trabalho, como já se pode no-
tar, é pesado. No local da decolagem, um ven-
tilador de ar frio ligado e maçaricos infla o cha-
mado envelope – gota colorida que constitui a
parte flutuante do balão. Em poucos minutos,
cheia de ar quente, ela se ergue e começa a
subir. Neste momento, piloto e passageiros de-
vem pular para o cesto de vime preso por cor-
das ao envelope – está começando a viagem.
Perto das nuvens, o único som
que permanece nos ouvidos
dos balonistas é o da chama do
maçarico. Claro que a paisa-
gem vista do alto conta bastan-
te, mas há algo de lúdico para o
espírito, no vôo em si do balão,
que talvez explique por que
tanta gente se aventura nesse
esporte. Atualmente, há em
todo o território nacional pelo
menos uma centena de pilotos
de balonismo na ativa.
O paulista Salvator Haim é um
dos pioneiros dessa aventura
por aqui. Ele elaborou – junto
com o também paulista Vitório
balonistas se preparam para levantar vôo
DURANTE O II Open Brasil de Balonismo, realizado NO
mês de junho, em Rio Claro (SP): trabalho pesado
corda Salvator. “Acabaram tirando o brevê antes
da carta de motorista”, ressalta ele. Sacha Haim,
de 33 anos, é um dos melhores pilotos de com-
petição do Brasil. Embarcou em um balão pela
primeira vez aos 10 anos. “Foi paixão ao pri-
meiro vôo”, brinca. Depois disso, não largou os
cestos de vime. Em seu currículo há três primei-
ros lugares no Campeonato Brasileiro, um no
certame sul-americano e cinco títulos de cam-
peão no festival de balonismo mais tradicional
da América Latina, o do balneário de Torres, no
Rio Grande do Sul. “Graças ao balonismo viajei
muito, e, na maioria das vezes, com a família.
Tenho orgulho de dizer que já voei nos cinco
continentes”, completa Sacha.
Há 15 anos, o ex-analista de sistemas Aquilino
Gimenes, que vive em São Caetano do Sul (SP),
divide o seu tempo entre a terra e o ar – ele
largou a antiga profissão para se tornar piloto e
empresário do mercado de balonismo. “Quan-
do fiz minha primeira viagem de balão eu ainda
era empregado de uma importante multinacio-
nal”, lembra Gimenes. “Mas, assim que deco-
Truffi e o inglês Jonathan Thornton – o estatuto
da Associação Brasileira de Balonismo (ABB),
entidade máxima do esporte no país, fundada
em 1987. Salvator sempre gostou das alturas. Era
alpinista até conhecer, na década de 70, através
de Thorton, os vôos de balão. Hoje participa
como jurado dos grandes eventos nacionais de
balonismo – ou então atua na preparação dos
certames, como diretor técnico e organizador
de campeonatos nacionais e in-
ternacionais. “O prazer foi tão
grande que essa atividade se tor-
nou familiar”, conta Haim. “Eu
levava meus filhos pequenos aos
campeonatos e tenho certeza de
que foi o balonismo que estrei-
tou nossos laços e nos deixou
mais unidos”, afirma.
Sacha e Sandro Haim, filhos do
ex-alpinista nascidos em São Pau-
lo, seguiram as “pegadas aéreas”
do pai: hoje são pilotos e partici-
pantes assíduos de campeonatos
de balonismo mundo afora. “Eles
ficaram fascinados quando viram
um balão pela primeira vez”, re-
o pioneiro Salvator Haim:
estatuto para a Associação
Brasileira de Balonismo (ABB)
Piloto e equipe inflam o balão de ar quente: segurança
LuFernandes
Fotos:RenataGimenes
w e l c o m e c o n g o n h a s
28 w e l c o m e c o n g o n h a s
29
lei, senti que aquilo daria um novo rumo à minha
vida. Percebi o enorme espaço para atividades de
marketing que o balão propiciava. Pedi demis-
são do emprego e fui para Bristol, na Inglaterra,
onde aprendi muitas coisas e comprei equipa-
mentos necessários para o negócio”, relata o
empresário. Seis meses depois do primeiro vôo
ele já era piloto e começava a trabalhar com
balonismo promocional. Com 46 aeronaves, a
Brasília Balonismo, empresa de Gimenes, atua
em eventos por todo o país. Desde 1993, ela já
participou de mais de 800 apresentações.
Ricardo de Almeida, piloto da Aeromagic Ballo-
ons – empresa baseada em São Paulo e reconheci-
da como uma das maiores fornecedoras de balões
da América Latina –, chama a atenção para a
expansão dos negócios em torno do balonismo no
Brasil. “No início de 1992, eu fabricava somente
os cestos de vime e os maçaricos”, diz. “Mas, a
partir de 1995, percebendo a oportunidade e a
expansão do mercado, passamos a fabricar todos
A v e n t u r a
o passo a passo para
torna-se um piloto
contatos para vôos
panorâmicos/turísticos
1) Faça um vôo como passageiro, tendo o cui-
dado de escolher uma empresa habilitada e um
piloto experiente.
2) Freqüente os eventos de balonismo. Ajude na
organização ou na equipe de resgate de algum
piloto. Participe de um vôo como navegador, ou
simplesmente atue na preparação do vôo como
motorista ou “charlie papa”, nome carinhoso que
os veteranos dão ao “carregador de peso”. Ele é
a figura responsável por quase todo o trabalho
pesado na equipe: carregar envelope, completar
cilindros de gás, montar e desmontar o cesto.
3) Para iniciar as aulas de pilotagem procure um
piloto instrutor. Obtém-se o brevê (habilitação)
depois de pelo menos 16 aulas práticas e mais al-
gumas aulas teóricas, cujo número varia de acordo
com a capacidade de aprendizado de cada um.
Importante: a idade mínima para ser reconhecido
piloto é de 18 anos. O curso exigido para conse-
guir o brevê fica entre 5 mil e 10 mil reais. As aulas
abordam as tarefas básicas de montagem, inflagem
e ancoragem do balão. Também há instrução sobre
ascensão, procedimentos de emergência, controle
do balão, recuperação em descidas rápidas, vôo
em rota com referências visuais e navegação esti-
mada, aproximação, pouso e procedimentos para
desmontagem do equipamento.
4) Antes de receber o brevê, o candidato a piloto
deve se submeter a um exame médico completo,
a cargo de especialista credenciado pela Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil). A aprova-
ção no exame é indispensável ao documento ofi-
cial de habilitação como piloto de balões.
São Paulo
Ricardo de Almeida – Boituva (instrutor)
www.aeromagic.com.br
ricardo@aeromagic.com.br
(11) 2684-1206
Jairo Fogaça – Pindamonhangaba
www.voardebalao.com.br
carufogaca@uol.com.br
(12) 3648-8007
Rubens Kalousdian – Capital
www.rubic.com.br
rubic@rubic.com.br
(11) 5031-0807
Rio de Janeiro
Bruno Schwartz
www.airshow.com.br
airshow@airshow.com.br
(21) 2205-2216
Minas Gerais
Lincoln Freire
www.voedebalao.com.br
clube@voedebalao.com.br
(31) 3293-3160
promocionais
São Paulo
Aquilino Gimenes
www.brasiliabalonismo.com.br
contato@brasiliabalonismo.com.br
(11) 4238-1593
Luis Eduardo Consiglio
www.consiglio.com.br
contato@consiglio.com.br
(11) 5093-3781
(também trabalha com vôos turísticos)
Outras informações sobre balonismo
www.balonismonoar.com.br
os acessórios do esporte, inclusive o envelope,
que é feito de nylon especial e projetado seguindo
as normas técnicas de engenharia da Aeronáu-
tica”. A Aeromagic projeta balões de diferentes
e inusitados formatos. Disputando alguns dos
principais festivais realizados fora do Brasil –
como os torneios de Special Shapes (formatos
especiais) do Canadá, e dos Estados Unidos –, as
máquinas voadoras de Almeida ganharam prêmios
e notoriedade. “Em 2005, com uma aeronave
em formato de cachorro beagle, conquistamos o
primeiro lugar numa competição canadense e o
terceiro num torneio norte-americano”, conta o
piloto paulista Paulo Toledo. Nada mau para o
balonismo brasileiro – que, tudo indica, deve
continuar por cima.
Os irmãos Sandro e Sacha Haim estudam o
melhor percurso para voar: herança paterna
balões vistos da
terra: condições
climáticas favoráveis
Fotos:RenataGimenes

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  • 1. C a p aA v e n t u r a E les se levantam antes do sol. Tomam um rápido café-da-manhã e começam a carregar uma picape 4x4, ou uma van, com os equipamentos que lhes serão úteis dali a algumas horas. O passo seguinte é estudar as condições do clima; se o céu estiver limpo e os ventos amenos, eles rumarão para um campo aberto, montarão o que precisam e, em pouco tempo, desafiarão a gravida- de, elevando-se a muitos, muitos metros do chão. Esses madrugadores com vocação para pássaro são os praticantes de um esporte que tem conquistado cada vez mais adeptos no Brasil e anda, por assim dizer, nas alturas: o balonismo. popaO balonismo conquista cada vez mais adeptos no Brasil, aproxima familiares e vira um bom negócio deventoem w e l c o m e c o n g o n h a s 24 Reportagem: Renata Gimenes CinaraPiccolo
  • 2. w e l c o m e c o n g o n h a s 26 w e l c o m e c o n g o n h a s 27 como funciona e quanto custa • Existem indicações de que o homem já ten- tava voar em balões há cerca de 2 mil anos. Consta que em 1709, o padre luso-brasileiro Bartolomeu de Gusmão teria demonstrado o funcionamento de um balão ao rei Dom João V, em Lisboa. Seu maior mérito foi provar que algo mais pesado que o ar poderia planar. O balão tem a sua ascensão impulsionada pelo ar aquecido através da chama de um maçarico acionado de tempos em tempos durante o vôo. O combustível utilizado é o gás propano, de comportamento semelhante ao de cozinha. • Como o balonismo utiliza uma aeronave sem dirigibilidade mecânica e dependente das cor- rentes de vento, a análise das condições do tem- po é imprescindível para a sua prática. O clima perfeito para os vôos dessa modalidade esportiva é de céu azul, com grande visibilidade e ventos fracos, de até 10 nós, ou seja, de até 18,5 km/h. Em condições de chuva e fortes ventos, os vôos não são liberados, por motivos de segurança. • Segundo a Federação Aeronáutica Internacio- nal (FAI), os balões de ar quente são considerados as aeronaves mais seguras existentes no planeta. O balonismo tem índices de acidentes pratica- mente nulos. Desde que foi realizado o primeiro vôo esportivo de balão no Brasil, em 1970, não houve nenhum acidente grave no país. O custo de um balão aproxima-se de 45 mil reais, aí incluídos todos os acessórios: envelope, maçarico, cesto de vime, ventilador e cilindros, além de GPS, rádios, mapas e outros equipamen- tos que são necessários para o vôo. . A v e n t u r a Antes do vôo, o trabalho, como já se pode no- tar, é pesado. No local da decolagem, um ven- tilador de ar frio ligado e maçaricos infla o cha- mado envelope – gota colorida que constitui a parte flutuante do balão. Em poucos minutos, cheia de ar quente, ela se ergue e começa a subir. Neste momento, piloto e passageiros de- vem pular para o cesto de vime preso por cor- das ao envelope – está começando a viagem. Perto das nuvens, o único som que permanece nos ouvidos dos balonistas é o da chama do maçarico. Claro que a paisa- gem vista do alto conta bastan- te, mas há algo de lúdico para o espírito, no vôo em si do balão, que talvez explique por que tanta gente se aventura nesse esporte. Atualmente, há em todo o território nacional pelo menos uma centena de pilotos de balonismo na ativa. O paulista Salvator Haim é um dos pioneiros dessa aventura por aqui. Ele elaborou – junto com o também paulista Vitório balonistas se preparam para levantar vôo DURANTE O II Open Brasil de Balonismo, realizado NO mês de junho, em Rio Claro (SP): trabalho pesado corda Salvator. “Acabaram tirando o brevê antes da carta de motorista”, ressalta ele. Sacha Haim, de 33 anos, é um dos melhores pilotos de com- petição do Brasil. Embarcou em um balão pela primeira vez aos 10 anos. “Foi paixão ao pri- meiro vôo”, brinca. Depois disso, não largou os cestos de vime. Em seu currículo há três primei- ros lugares no Campeonato Brasileiro, um no certame sul-americano e cinco títulos de cam- peão no festival de balonismo mais tradicional da América Latina, o do balneário de Torres, no Rio Grande do Sul. “Graças ao balonismo viajei muito, e, na maioria das vezes, com a família. Tenho orgulho de dizer que já voei nos cinco continentes”, completa Sacha. Há 15 anos, o ex-analista de sistemas Aquilino Gimenes, que vive em São Caetano do Sul (SP), divide o seu tempo entre a terra e o ar – ele largou a antiga profissão para se tornar piloto e empresário do mercado de balonismo. “Quan- do fiz minha primeira viagem de balão eu ainda era empregado de uma importante multinacio- nal”, lembra Gimenes. “Mas, assim que deco- Truffi e o inglês Jonathan Thornton – o estatuto da Associação Brasileira de Balonismo (ABB), entidade máxima do esporte no país, fundada em 1987. Salvator sempre gostou das alturas. Era alpinista até conhecer, na década de 70, através de Thorton, os vôos de balão. Hoje participa como jurado dos grandes eventos nacionais de balonismo – ou então atua na preparação dos certames, como diretor técnico e organizador de campeonatos nacionais e in- ternacionais. “O prazer foi tão grande que essa atividade se tor- nou familiar”, conta Haim. “Eu levava meus filhos pequenos aos campeonatos e tenho certeza de que foi o balonismo que estrei- tou nossos laços e nos deixou mais unidos”, afirma. Sacha e Sandro Haim, filhos do ex-alpinista nascidos em São Pau- lo, seguiram as “pegadas aéreas” do pai: hoje são pilotos e partici- pantes assíduos de campeonatos de balonismo mundo afora. “Eles ficaram fascinados quando viram um balão pela primeira vez”, re- o pioneiro Salvator Haim: estatuto para a Associação Brasileira de Balonismo (ABB) Piloto e equipe inflam o balão de ar quente: segurança LuFernandes Fotos:RenataGimenes
  • 3. w e l c o m e c o n g o n h a s 28 w e l c o m e c o n g o n h a s 29 lei, senti que aquilo daria um novo rumo à minha vida. Percebi o enorme espaço para atividades de marketing que o balão propiciava. Pedi demis- são do emprego e fui para Bristol, na Inglaterra, onde aprendi muitas coisas e comprei equipa- mentos necessários para o negócio”, relata o empresário. Seis meses depois do primeiro vôo ele já era piloto e começava a trabalhar com balonismo promocional. Com 46 aeronaves, a Brasília Balonismo, empresa de Gimenes, atua em eventos por todo o país. Desde 1993, ela já participou de mais de 800 apresentações. Ricardo de Almeida, piloto da Aeromagic Ballo- ons – empresa baseada em São Paulo e reconheci- da como uma das maiores fornecedoras de balões da América Latina –, chama a atenção para a expansão dos negócios em torno do balonismo no Brasil. “No início de 1992, eu fabricava somente os cestos de vime e os maçaricos”, diz. “Mas, a partir de 1995, percebendo a oportunidade e a expansão do mercado, passamos a fabricar todos A v e n t u r a o passo a passo para torna-se um piloto contatos para vôos panorâmicos/turísticos 1) Faça um vôo como passageiro, tendo o cui- dado de escolher uma empresa habilitada e um piloto experiente. 2) Freqüente os eventos de balonismo. Ajude na organização ou na equipe de resgate de algum piloto. Participe de um vôo como navegador, ou simplesmente atue na preparação do vôo como motorista ou “charlie papa”, nome carinhoso que os veteranos dão ao “carregador de peso”. Ele é a figura responsável por quase todo o trabalho pesado na equipe: carregar envelope, completar cilindros de gás, montar e desmontar o cesto. 3) Para iniciar as aulas de pilotagem procure um piloto instrutor. Obtém-se o brevê (habilitação) depois de pelo menos 16 aulas práticas e mais al- gumas aulas teóricas, cujo número varia de acordo com a capacidade de aprendizado de cada um. Importante: a idade mínima para ser reconhecido piloto é de 18 anos. O curso exigido para conse- guir o brevê fica entre 5 mil e 10 mil reais. As aulas abordam as tarefas básicas de montagem, inflagem e ancoragem do balão. Também há instrução sobre ascensão, procedimentos de emergência, controle do balão, recuperação em descidas rápidas, vôo em rota com referências visuais e navegação esti- mada, aproximação, pouso e procedimentos para desmontagem do equipamento. 4) Antes de receber o brevê, o candidato a piloto deve se submeter a um exame médico completo, a cargo de especialista credenciado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A aprova- ção no exame é indispensável ao documento ofi- cial de habilitação como piloto de balões. São Paulo Ricardo de Almeida – Boituva (instrutor) www.aeromagic.com.br ricardo@aeromagic.com.br (11) 2684-1206 Jairo Fogaça – Pindamonhangaba www.voardebalao.com.br carufogaca@uol.com.br (12) 3648-8007 Rubens Kalousdian – Capital www.rubic.com.br rubic@rubic.com.br (11) 5031-0807 Rio de Janeiro Bruno Schwartz www.airshow.com.br airshow@airshow.com.br (21) 2205-2216 Minas Gerais Lincoln Freire www.voedebalao.com.br clube@voedebalao.com.br (31) 3293-3160 promocionais São Paulo Aquilino Gimenes www.brasiliabalonismo.com.br contato@brasiliabalonismo.com.br (11) 4238-1593 Luis Eduardo Consiglio www.consiglio.com.br contato@consiglio.com.br (11) 5093-3781 (também trabalha com vôos turísticos) Outras informações sobre balonismo www.balonismonoar.com.br os acessórios do esporte, inclusive o envelope, que é feito de nylon especial e projetado seguindo as normas técnicas de engenharia da Aeronáu- tica”. A Aeromagic projeta balões de diferentes e inusitados formatos. Disputando alguns dos principais festivais realizados fora do Brasil – como os torneios de Special Shapes (formatos especiais) do Canadá, e dos Estados Unidos –, as máquinas voadoras de Almeida ganharam prêmios e notoriedade. “Em 2005, com uma aeronave em formato de cachorro beagle, conquistamos o primeiro lugar numa competição canadense e o terceiro num torneio norte-americano”, conta o piloto paulista Paulo Toledo. Nada mau para o balonismo brasileiro – que, tudo indica, deve continuar por cima. Os irmãos Sandro e Sacha Haim estudam o melhor percurso para voar: herança paterna balões vistos da terra: condições climáticas favoráveis Fotos:RenataGimenes