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FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA
BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES
CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A
RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS
CAICÓ/RN
2017
ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES
CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A
RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS
Monografia apresentada ao Curso
de Bacharelado em Ciências
Contábeis da Faculdade Católica
Santa Teresinha como requisito
parcial para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Esp. Salmo Batista
de Araújo.
CAICÓ/RN
2017
ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES
CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A
RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS
Monografia apresentada ao Curso
de Bacharelado em Ciências
Contábeis da Faculdade Católica
Santa Teresinha como requisito
parcial para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Esp. Salmo Batista
de Araújo.
MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2017
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Esp. Salmo Batista de Araújo
Faculdade Católica Santa Teresinha
Orientador
______________________________________
Prof. Esp.
Faculdade Católica Santa Teresinha
Examinador
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, quero agradecer a Deus por me ofertar saúde e perseverança
para chegar até aqui. Agradeço imensamente a minha mãe Izaura Emília que me
criou e me educou sempre sozinha e, mesmo sem poder, financiou parte dos meus
estudos, nunca mediu esforços para fazer de mim uma pessoa de caráter. Agradeço
ao meu namorado que sempre segurou a barra quando quis pesar e não foram
poucas as vezes, sempre me dando forças e buscando junto comigo alternativas e
resolução. Aos meus professores e mestres que me passaram ensinamentos
valiosos, em especial meu orientador Salmo Batista, os professores Marco Antônio,
Clara Monise, Tatiane, Sônia e Tiago, que me deram ajuda de grande importância.
Agradeço aos meus gestores Salmo e Lucinete, pois me acolheram em sua
empresa e me fizeram me sentir em casa, me dando total possibilidade de trabalhar
e aprender. Às minhas colegas de trabalho, que fizeram questão de me passar todo
o conhecimento adquirido ao longo de suas carreiras. Agradeço também a
Sayonara, que abriu as portas do seu negócio, depositando total confiança e
possibilitando que eu pudesse desenvolver meu trabalho com qualidade e
veracidade.
Por fim, mas não menos importante, quero agradecer aos meus amigos
inseparáveis que a vida acadêmica me presenteou, que sempre estiveram comigo
ao longo de todo esse tempo, trocando forças, companheirismo e momentos
incríveis juntos.
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a
pena acreditar nos sonhos que se tem ou
que seus planos nunca vão dar certo ou que
você nunca vai ser alguém”
(Renato Russo)
RESUMO
Este estudo visa analisar a aplicabilidade de métodos de custeio para uma pequena
indústria de marmitas. A definição do tema objeto deste estudo se deu pela
necessidade de obter conhecimentos quanto ao funcionamento dos custos de uma
pequena indústria, cuja finalidade é produzir e vender com o máximo de
aproveitamento, eliminando gastos e despesas desnecessários. A pesquisa se
propõe a responder qual o produto que se apresenta com menor custo e qual o mais
rentável, tendo como objetivo geral analisar qual o produto é mais rentável a ser
fabricado e, como objetivos específicos, discriminar os métodos de custeio possíveis
de utilização pela Mini Marmita Universitária, descrever a classificação dos custos e
suas terminologias, avaliar qual produto é mais rentável por meio do método de
custeio, de modo a produzir informações que melhor auxiliem os gestores nas
tomadas de decisões, assim como também definir o ponto de equilíbrio para saber
quanto precisa fabricar e vender para obter lucro e descobrir através do Mark-up
qual o preço ideal a se trabalhar. O estudo tem sua relevância para as empresas de
forma geral, pois, como a temática é algo abrangente e pode atender todos os
segmentos empresariais, servirá de fonte de conhecimento sobre custos e trará uma
melhor visão sobre finanças. Para a comunidade acadêmica ficará à disposição a
outros pesquisadores que desejem estudar a temática. Foi realizada uma pesquisa
de caráter quantitativo Mini Marmita Universitária, visando avaliar a aplicabilidade de
métodos de custeios para a empresa em questão. Para a elaboração deste trabalho
foram realizadas pesquisas baseadas em grandes autores da contabilidade de
custos, como Silvio Crepaldi (2004), Padoveze (2004) e Elizeu Martins (2003), tendo
como principais aspectos o estudo da contabilidade de custos, enfocando sua
relevância dentro de uma indústria de massas.
Palavras-chaves: métodos de custeio, custos, despesas, tomada de decisão.
ABSTRACT
This study aims to analyze the applicability of methods of costing for a small packed
lunch manufacturer. The selection of the subject matter to be studied was due to the
need of obtaining knowledge about the operation costs of a small manufacturer,
whose purpose is to produce and sell at maximum profit, eliminating unnecessary
expenses. The research proposes to identify which product presents the lowest cost
and which is the most profitable; having as general objective to analyze which
product is more profitable to be manufactured, and, as specific objectives, to
discriminate the possible methods of costing applied at the Mini College Packed
Lunch, to describe the classification of costs and their terminologies, to evaluate
which product is more profitable by means of the method of costing in order to
provide information that better assists the managers in their decision-making, as well
as to set a balance aiming to stablish how much one need to manufacture and sell in
order to profit, and to find out by Mark-up what is the ideal price to work with. The
study is relevant for companies in general, for it has a broad theme and can serve all
business segments; it will also serve as a source of knowledge about costs and will
bring a better view on finance. Concerning the academic community, it will be
available to other researchers who wish to study the subject. A quantitative research
was carried out on the Mini College Packed Lunch, aiming to evaluate the methods
of costing applicability to the company in question. For the production of this work
researches were carried out based on great authors of cost accounting, such as
Silvio Crepaldi (2004), Padoveze (2004) e Elizeu Martins (2003), having as main
aspects the study of cost accounting, focusing its relevance within a mass industry.
KEYWORDS: methods of costing, costs, expenses, decision-making.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Fórmula para cálculo do ponto de equilíbrio 23
Figura 02: Processo de apropriação dos custos fixos, em direto e indireto 25
Figura 03: Fórmula do Mark-up 31
Figura 04: Regra de três simples 34
Figura 05: Cálculo do filé à parmegiana utilizando o custeio variável 40
Figura 06: Cálculo da lasanha utilizando o custeio variável 41
Figura 07: Cálculo da x-tudo utilizando o custeio variável 42
Figura 08: Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção 43
Figura 09: Cálculo do preço de venda por mark-up 47
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Objetivos da apuração de custos e os sistemas de custeio
correspondentes 16
Quadro 02: Calculo para MEI saber se está obrigado a entregar imposto de renda
32
Quadro 03: Custos diretos para produzir o filé à parmegiana 33
Quadro 04: Custos diretos para produzir a lasanha 35
Quadro 05: Custos diretos para produzir o X-Tudo 35
Quadro 06: Separação dos Custos e Despesas 36
Quadro 07: Rateio pelo custo Direto Total 37
Quadro 08: Custos diretos e indiretos do filé à parmegiana 38
Quadro 09: Custos diretos e indiretos da Lasanha 38
Quadro 10: Custos diretos e indiretos do X-Tudo 38
Quadro 11: Custos fixos e variáveis 39
Quadro 12: Despesas Fixas e variáveis 39
Quadro 13: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do filé à parmegiana 44
Quadro 14: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio da lasanha 45
Quadro 15: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do X-Tudo 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Exemplo de Margem de Contribuição 21
Tabela 02: Demonstração do lucro no ponto de equilíbrio 23
Tabela 03: Formula para encontrar o CMV 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CIF – Custos Indiretos de Fabricação
CMV - Custo da Mercadoria Vendida
CMV – Custo da Mercadoria Vendida
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPA – Custo da Produção Acabada
CPV – Custo dos Produtos Vendidos
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CSP – Custo do Serviço Prestado
Custeio ABC – Custeio Baseado em Atividades
CVu – Custo Variável Unitário
DVu – Despesa Variável Unitária
FCST – Faculdade Católica Santa Teresinha
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
Institute of Cost and Works Accountants – Instituto de Contadores de Custo e Obras
IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados
IR – Imposto de Renda
IRPF – Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física.
ISS – Imposto sobre Serviços
MCu – Margem de Contribuição Unitária (MCu)
MEI – Micro Empreendedor Individual
MOD – Mão de Obra
MP – Matérias-primas
PE – Ponto de Equilíbrio
PIS – Programa de Integração Social
PVu – Preço de Venda Unitário
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
UFRN – Federal do Rio Grande do Norte
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15
2.1 CONTABILIDADE 15
2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS 15
2.3 SISTEMAS DE CUSTOS 16
2.3.1 Terminologias Utilizadas em Custos 17
2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO 19
2.4.1 Custeio por Absorção 19
2.4.2 Custeio Variável 20
2.4.3 Custeio Baseado em Atividade (ABC) 20
2.3 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 21
2.4 PONTO DE EQUILÍBRIO 22
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS 24
2.6 SEPARAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS 27
2.7 VANTAGENS DOS MÉTODOS DE CUSTEIO 28
2.8 PRECIFICAÇÃO: MARK-UP 29
3 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS DADOS 33
3.1 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL
40
3.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO POR
ABSORÇÃO 43
3.3 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO 44
3.4 MARK-UP: FORMAÇÃO DE PREÇO 46
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
12
1 INTRODUÇÃO
Para uma empresa sobreviver e prosperar na atual conjuntura empresarial da
sociedade brasileira se faz necessária uma constante atualização das mudanças
que acontecem rotineiramente, seja utilizando métodos de inovação, seja utilizando
formas de comercialização, com o objetivo de conquistar novos clientes e manter de
forma fidelizada aqueles já existentes. É importante obter e dispor de conhecimentos
acerca do comportamento dos custos. Com o auxílio de um sistema de custos
adequado, o gestor obtém informações essenciais para a tomada de decisões,
podendo incrementar seus investimentos e analisar a rentabilidade dos seus
produtos da melhor forma, evitando desperdícios e informações distorcidas.
Na Mini Marmita Universitária, são produzidos vários tipos de comidas com
ingredientes diferentes, o preço de venda é estabelecido sem utilizar cálculos ou
métodos, demonstrando, com isso, a falta de conhecimento relacionado à utilização
eficiente de um sistema de custeio. Considerando a hipótese da implementação de
um sistema de custeio adequado para utilizar informações produzidas pela
contabilidade dos custos, questiona-se: Qual o produto que se apresenta com menor
custo e qual o mais rentável?
Tendo como objetivo geral analisar qual o produto é mais rentável a ser
fabricado e, como objetivos específicos, discriminar os métodos de custeio possíveis
de utilização pela Mini Marmita Universitária, descrever a classificação dos custos e
suas terminologias, avaliar qual produto é mais rentável por meio do método de
custeio que produza informações que melhor auxiliem os gestores nas tomadas de
decisões, assim como também definir o ponto e equilíbrio para saber quanto precisa
fabricar e vender para obter lucro, e descobrir através do Mark-up qual o preço ideal
a se trabalhar.
A definição do tema objeto deste estudo se deu pela necessidade de
obtenção de conhecimentos quanto ao funcionamento dos custos de uma entidade,
cuja finalidade é produzir e vender com o máximo de aproveitamento, eliminando
gastos e despesas desnecessários, de forma a conseguir um retorno positivo e uma
maior rentabilidade do negócio.
O presente estudo tem sua relevância para as empresas de forma geral, pois,
como a temática é algo abrangente que atende a todos os segmentos empresariais,
servirá de fonte de conhecimento acerca de custos e finanças. É fundamental
13
possuir tal conhecimento que possibilite encontrar o melhor método de custeio em
meio a uma produção, oportunizando a correção de falhas, chegando, inclusive, a
constatar a rentabilidade dos produtos fabricados.
Para a empresa, cenário de atuação da presente pesquisa, sua importância
se encontra no fato de que será possível conhecer a distinção dos seus custos,
podendo alocá-los da forma devida, auxiliando na formação de preços de venda,
cujos resultados sejam mais satisfatórios. Seu gestor terá relatórios que contribuirão
para uma tomada de decisão, com margens de erro menores, tendo o conhecimento
a respeito do preço adequado do produto e honrar suas despesas e, assim,
administrá-las de forma a satisfazer as necessidades da entidade.
O estudo tem sua relevância para a comunidade acadêmica, pois ficará à
disposição de outros pesquisadores que desejem estudar a temática e,
especificamente para a pesquisadora, pela possibilidade de adquirir conhecimentos
que lhe serão úteis quando do exercício da prática profissional.
Foram feitas pesquisas bibliográfica e documental acerca da movimentação
financeira da entidade, para entender como a gestora lida com os custos e despesas
da produção. A pesquisa se enquadra como aplicada, pois objetiva gerar
conhecimentos para resolução de problemas específicos, visto que a empresa não
trabalhava com métodos de custeio, onde se fez necessário explanar sobre três
métodos possíveis de implementação e, posteriormente, se fazer os devidos
cálculos para a obtenção de qual seria o melhor método.
O estudo se enquadra como quantitativo, pois lida com fatos, podendo ser
traduzido em inúmeras opiniões e informações por meio de recursos e técnicas
estatísticas. Por se tratar de um assunto complexo e baseado numa pesquisa
documental realizada em um curto espaço de tempo, foram encontradas algumas
dificuldades que impossibilitaram um estudo mais aprofundado, como a falta de
informações precisas e necessárias, não disponibilizadas pela empresa por não
deterem tais informações.
A pesquisa objetivou encontrar um método de custeio que se adequasse a
uma pequena indústria para auxiliar a gestora em suas tomadas de decisões, com
informações hábeis e tempestivas. Foram coletados dados dos arquivos da entidade
a título de informação para calcular os métodos de custeio e observar os resultados
apresentados por cada método e sua consequente relevância.
14
O trabalho está estruturado em tópicos e sub tópicos a começar por uma
breve introdução sobre a contabilidade, depois é falado sobre a contabilidade
custos, as terminologias utilizadas, assim como os métodos de custeio possíveis de
utilização e suas vantagens, ponto de equilíbrio, o mark-up que irá auxiliar na
formação do preço de venda, a apresentação das análises e discussões dos dados
e, por fim, as conclusões que a pesquisadora chegou.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONTABILIDADE
A contabilidade é uma grande aliada das empresas, sejam de pequeno,
médio ou grande porte, pois através da contabilidade e suas informações, é possível
que os gestores formulem uma tomada de decisão confiável. A contabilidade é muito
antiga para Marion (2009, p.28) “com o passar dos tempos o governo começou a
utilizar-se dela para arrecadar impostos tornando-a obrigatória para maioria das
empresas”. Através da contabilidade o governo toma conhecimento do operacional
das empresas, sendo possível calcular os impostos referentes aos faturamentos.
Diversos são os usuários da contabilidade, diferente do que muitos pensam.
Ela não fica restrita a gerentes de uma empresa ou interessados imediatos, mas
pode auxiliar toda e qualquer pessoa que precise de informações úteis e
tempestivas para saber como está a situação da empresa. Se forem investidores,
necessitam de informações acerca do grau de relevância e segurança da empresa
que se pretende investir. Se forem instituições financeiras, as informações contábeis
externam a possibilidade ou não de concessão de crédito, o poder de solvência
contratual da empresa.
Segundo Marion (2009) a contabilidade pode ser feita tanto para pessoa
jurídica quanto para pessoa física. A pessoa física é toda e qualquer pessoa o ser
humano, já a pessoa jurídica é uma personalidade reconhecida por lei, que na
maioria das vezes tem fins lucrativos.
2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS
A contabilidade de custos processa as informações e produz relatórios que
auxiliam nas tomadas de decisão, no planejamento e controle de uma entidade e na
correta alocação dos custos, receitas e despesas, assim como irá também auxiliar
na apresentação dos detalhes da evolução financeira e patrimonial da entidade ao
longo dos anos.
“Era por meio da contabilidade de custos que o comerciante tinha resposta se
estava lucrando com o seu negócio, pois bastava confrontar as receitas com as
despesas do mesmo período”, explanou Santos (2005, p. 21). A contabilidade de
16
custos nessa época era bem rústica, pois se baseava em relatórios e fatos
passados, sem análise de fatos presentes e descartando as possibilidades futuras
de mudança.
2.3 SISTEMAS DE CUSTOS
As existências de ferramentas que irão auxiliar os gestores no processo de
tomada de decisões devem fazer parte de qualquer organização buscando melhorar
a competitividade de sua entidade dentro da sua atuação no mercado.
O sistema de custos está dentro destas ferramentas e é de grande
importância. O sistema de custos abastece o gestor de informações a respeito da
estrutura de custos de sua entidade. Trata-se, pois, de um instrumento eficiente que
pode ser utilizado nos campos tático, estratégico e operacional da entidade.
O sistema de custos é, dessa forma, a união, classificação e ordenação de
dados no que se alega aos custos de produtos e serviços da entidade, de forma a
tornar tais informações em relatórios de dados padronizados e estatísticos.
Martins (2001, p. 50), utilizando do mesmo raciocínio, afirma que “o sistema
representa um conduto que recolhe dados em diversos pontos, processa-os e emite,
com base neles, relatórios na outra extremidade”.
Segundo Hernandez, Martins e Guedes (2001, p.30), “os objetivos da
apuração de custos e os correspondentes sistemas de custeio que os atendam
podem ser resumidos”, de acordo com a forma representada pelo quadro abaixo.
Quadro 01: Objetivos da apuração de custos e os sistemas de custeio correspondentes.
Objetivo Sistema de Custeio
Apuração do custo dos produtos e dos departamentos Por Absorção ou ABC
Contábil Por Absorção
Fiscal Por Absorção ou Arbitrado
Controle Padrão ou Standard
Melhoria de processo Por Atividades
Gerencial Variável ou Direto
Otimização de resultados Teoria das restrições
Fonte: Perez JR, Oliveira e Costa (2001, p.30)
17
O objetivo principal de todos os sistemas de custeio é identificar os custos
ocorridos nos processos de produção ou das prestações de serviços, podendo ser
utilizado o sistema de custeio que melhor identifique as informações desejadas pelos
gestores da organização.
A partir da Revolução Industrial que surgiu na Inglaterra, em meados do
século XVIII, de acordo com Bomfim e Passarelli (2006), nascem as primeiras
indústrias onde houve a substituição da mão-de-obra utilizada na produção pelo
método fabril, surgindo assim as necessidades de obtenção de informações para
mensurar os custos em um grande volume de produção. Entretanto, foi a França
que a alavancou e se revelou nos estudos da contabilidade de custos.
Nos finais do século XIX e durante o século XX, os Estados Unidos tomaram
uma posição primordial na indústria e na contabilidade. O Presidente do Institute of
Cost and Works Accountants (Instituto de Contadores de Custo e Obras) Alexander
Hamilton Church, fez com que os sistemas de custeio ganhassem contornos que
são conhecidos até hoje (IUDICÍBUS, 2000).
2.3.1 Terminologias Utilizadas em Custos
Existe uma terminologia própria relacionada à área de custos, que muitas
vezes é aplicada de maneira equivocada, onde alguns dos termos utilizados com
certa frequência, apesar de parecerem similares, possuem significados diferentes. A
definição das terminologias é fundamental para compreender a apuração do custo
da produção, assim como dos resultados.
O primeiro termo a ser definido é o Gasto, que é o consumo genérico de
bens, um sacrifício financeiro para adquirir bens ou serviços que geram uma perda
no ativo. Segundo Martins (2003) o gasto só existe na passagem da propriedade da
entidade do serviço ou bem, logo existindo o reconhecimento contábil da dívida ou
da redução do ativo dado em pagamento. Como exemplo tem-se os gastos com
material de expediente, telefone, energia elétrica, gastos com mercadorias, gastos
com pessoal, dentre outros.
Em seguida, se apresenta o Desembolso, como sendo a saída de dinheiro
das contas bancárias ou do caixa, para aumentar a receita sem ser através da
principal atividade da entidade. Martins (2003, p.26) afirma que “pode ocorrer antes,
durante ou após a entrada de utilidade comprada, portanto defasada ou não do
18
momento do gasto”. Como, por exemplo, a aquisição de matérias primas à vista para
o estoque.
Já no que tange a Investimento, diz respeito a gasto realizado para benefícios
futuros, aquisição de um ativo. Para Martins (2003, p.25),
Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos)
que são “estocados” nos Ativos da empresa para baixa ou amortização
quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua
desvalorização são especificamente chamados de investimentos.
Tem-se como exemplo máquinas, equipamentos, ferramentas de outros do
gênero.
Existe também a terminologia denominada Custo, que é o gasto efetuado em
um serviço ou bem utilizado diretamente na produção do produto, ou seja, é o
dispêndio financeiro necessário para que seja fabricado o produto, que tem, como
exemplo, a matéria prima.
Outra terminologia bastante conhecida é a Despesa, que por sua vez,
significa o sacrifício financeiro para se obtiver um aumento na receita, de consumo
direto ou indireto. Segundo Ching (2001, p.16) “propagando, pesquisa e
desenvolvimento podem ser considerados despesas, por não poderem ser
associados com a venda e fabricação dos produtos”. Para Martins (2003, p.26):
Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas
quando da entrega dos bens ou serviços a que se referem. Muitos gastos
são automaticamente transformados em despesas, outros passam primeiro
pela fase de custos e outros ainda fazem a via-sacra completa, passando
por investimento, custo e despesa.
Pode ser citado como exemplo as comissões dos vendedores, é um gasto
realizado pela empresa que automaticamente se torna uma despesa.
E por fim, mas não menos importante, temos a Perda, que são os gastos
incorridos de forma inesperada e involuntária. Não deve ser confundido com custos
ou despesas, por ter a anormalidade como característica. A título de exemplo, o
19
gasto como mão de obra durante uma greve, perdas com incêndios, estoques
obsoletos entre outros.
2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO
Os sistemas de custeio definem como os custos são registrados e
transferidos dentro da entidade, estruturando como deve ser mensurado o custo do
produto. Pode-se dizer que é o método de custeio quem fornece embasamento para
mensuração e informação na tomada de decisão.
Os sistemas de custeio desempenham o papel de conceder as informações
necessárias sobre o que realmente é importante para o cliente, gerar informação
que vise melhorar a qualidade dos produtos e dos processos de produção, identificar
os custos relevantes e identificar atividades que não geram retornos satisfatórios.
Custeio nada mais é que o método de Apropriação de Custos, subdividido em
Custeio por Absorção, Custeio direto ou variável e Custeio ABC (custeio baseado
em atividades). Antes de apresentá-los se faz necessário conhecer alguns termos
próprios utilizados na contabilidade de custos.
2.4.1 Custeio por Absorção
Este método de custeio é também conhecido como custeio integral, que
consiste em apropriar todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do
custo fixo, utilizando o método de rateio.
O sistema de custeio por absorção é falho em muitas circunstâncias, como
instrumento gerencial de tomada de decisão, porque tem como premissa
básica os rateios dos chamados custos fixos, que apesar de aparentarem
lógicos, poderão levar a alocações arbitrárias e até enganosas. (SANTOS,
2005, p. 83)
O custeio por absorção diferencia principalmente os custos das despesas. As
despesas são contabilizadas em lançamentos de crédito, debitando o resultado do
período, por isso é importante tal diferenciação, visto que apenas os custos
pertencentes aos produtos vendidos terão o mesmo tratamento.
20
2.4.2 Custeio Variável
Esse método de custeio é bastante utilizado para fins gerenciais, não sendo
permitido seu uso para fins contábil e fiscal. Alocam ao custo de produção do
período apenas os custos variáveis de produção. Os custos fixos não são tratados
como custos do produto e sim como custos do período, logo os estoques de
Produtos em Elaboração e Produtos Acabados não contêm parcela de custos fixos,
contendo somente custos variáveis de produção. O Método de Custeio Variável é
utilizado pelas entidades no auxílio à tomada de decisões, tendo como objetivo
apresentar a Margem de Contribuição (Distinção entre a Receita e o Custo variável)
que cada produto aponta para cobrir gastos fixos da entidade e gerar lucro.
Megliorini (2001, p.31) afirma que “enquanto no custeio por absorção eles são
rateados aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período,
indo diretamente para o resultado igualmente as despesas”.
O custeio variável possibilita identificar os custos fixos de cada produto,
enquanto que no custo por absorção é feito um rateio de todos os produtos
fabricados naquele período.
2.4.3 Custeio Baseado em Atividade (ABC)
O Custeio Baseado em Atividades (ABC) tem como objetivo avaliar com
exatidão as atividades desenvolvidas em uma entidade, conduzindo as despesas e
os custos indiretos para uma alocação mais realista aos produtos e serviços. O ABC
defende o princípio de que não é o produto ou serviço que absorve os recursos, mas
sim as atividades que consomem tais recursos que, por vez, são consumidas pelos
produtos ou serviços.
O método de custeio por atividades pretende segmentar a entidade em
atividades, para que possam ser definidas as atividades desenvolvidas e, em
seguida, determinar qual o seu custo e só assim mensurar seu comportamento
econômico.
No sistema ABC, as atividades são o foco do processo de custeio. Os
custos são investigados, relacionando-se as atividades aos produtos, com
base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de
produção. Portanto, as bases de alocação usadas no custeio baseado na
21
atividade são medições de atividades executadas que podem incluir horas
do tempo de ajuste de máquina ou número de vezes em que isso foi feito.
(CREPALDI, 2004, p.223)
No custeio por absorção os custos são mensurados por rateio para todos os
produtos fabricados naquele período.
2.3 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
A margem de contribuição é o valor que cobrirá as despesas fixas e os custos
da entidade proporcionando lucro, segundo Crepaldi (2004), a margem de
contribuição corresponde à diferença entre o preço de venda e a soma dos custos
variáveis. O resultado deve ser suficiente para cobrir os custos fixos e obter o lucro
desejado pela entidade.
Existem grandes vantagens em conhecer as margens de contribuição de cada
produto ou linha de produto, pois ajuda a entidade a decidir quais mercadorias
merecem um maior esforço de vendas e qual será o preço mínimo para realizar
promoções, além de que são essenciais para auxiliar a administração da entidade a
decidir por fazer manutenção ou não de determinados produtos e pela manutenção
ou não de determinada filial. As margens de contribuição podem ser usadas para
avaliar meios de reduzir preços e aumentar o volume de vendas, além de ser
utilizada também para determinar o ponto de equilíbrio da empresa o que será
explanado no próximo tópico.
Em uma situação hipotética, uma indústria de massas fabrica dois produtos, X
e Y. O produto X é vendido por R$ 2.000,00 (dois mil reais) e o produto Y por R$
2.200,00 (dois mil e duzentos reais). O custo unitário do produto X é de R$ 900,00 e
o custo variável unitário do produto Y é R$ 1.500,00, conforme tabela abaixo:
Tabela 01: Exemplo de Margem de Contribuição
DADOS PRODUTO X PRODUTO Y
Preço de venda Unitário R$ 2.000,00 R$ 2.200,00
Custos Variáveis Totais Unitários R$ 900,00 R$ 1.500,00
Margem de Contribuição Unitária R$ 1.100,00 R$ 700,00
Fonte: dados da autora, 2017.
22
Conforme exemplificado na tabela 01, o produto que apresenta uma maior
rentabilidade é o produto X, visto que, apresenta uma maior margem de contribuição
unitária.
2.4 PONTO DE EQUILÍBRIO
As pequenas entidades empresariais muitas vezes não sabem que existe
uma quantidade mínima para produzir ou vender seus produtos para que venham a
obter resultados satisfatórios, talvez por não haver conhecimento ou até mesmo não
achar uma ferramenta muito útil e de aplicabilidade fácil.
É fundamental que a entidade obtenha informações quanto ao ponto de
equilíbrio de seus produtos vendidos e ou fabricados, pois chegando no ponto de
equilíbrio a entidade não terá prejuízo nem lucro. Para Joel (2005, p.46), “o ponto de
equilíbrio será obtido quando o total dos lucros marginais, de todos os produtos
comercializados, equivalerem ao custo estrutural fixo do mesmo período de tempo
objeto da análise”.
Ou seja, é a quantidade ou o valor que a entidade deve vender para poder
cobrir o custo de aquisição das mercadorias vendidas. Isto é, as despesas fixas e as
despesas variáveis. O ponto de equilíbrio é de grande importância no processo de
gestão da entidade. Não necessariamente serve apenas para obter a quantidade de
vendas a ser atingida para que venha a não ter nem lucro, nem prejuízo. Serve
como auxilio relevante para tomada de decisões, pois é uma ferramenta gerencial
que possibilita ao gestor traças metas e alcançar objetivos de vendas, reduzindo ou
expandindo a produção entre outros.
Segundo Joel (2005, p.46),
Para determinar o ponto de equilíbrio, a empresa necessita classificar de
forma adequada seus custos estruturais fixos, por exemplo, de um mês, e
conhecer o lucro marginal formado pelo “mix” de todos os produtos
vendidos no mesmo mês.
Isto é, descobrir o lucro que teria caso fosse produzida e vendida uma
unidade adicional de um serviço ou produto. Sabe-se que não existe um ponto de
23
equilíbrio ideal, ele deve ter o nível menor possível, já que quanto menor der o ponto
de equilíbrio maior será sua segurança passada para a entidade.
Para encontrar o ponto de equilíbrio (PE) de um produto ou serviço é
necessário entender alguns pontos. A margem de contribuição unitária (MCu) é de
extrema importância para se obter o resultado correto, que nada mais é que o preço
de venda unitário (PVu) menos o custo variável unitário (CVu) e despesa variável
unitária (DVu). Após obter a margem de contribuição unitária é possível calcular o
ponto de equilíbrio conforme figura abaixo:
Figura 01: Fórmula para cálculo do ponto de equilíbrio.
Fonte: Martins, 2003.
Com essa formula facilmente será encontrado o ponto de equilíbrio de um
produto ou serviço, podendo ser calculado o ponto de equilíbrio unitário (de uma
única unidade) ou da produção total.
Tabela 02: Demonstração do lucro no ponto de equilíbrio.
DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO (NO PONTO DE EQUILIBRIO)
Vendas R$ 1.018,52 100%
(-) Custos Marginais -R$ 468,52 46%
{=} Lucros Marginais R$ 550,00 54%
(-) Custos Estruturais Fixos -R$ 550,00 -54%
{=} Lucro Operacional R$ 0,00 0%
Fonte: Joel (2005, p.47)
No caso citado, o autor obteve o ponto de equilíbrio R$ 1.018,00 (um mil e
dezoito reais) e, após deduzir os custos marginais que, segundo Joel (2005), são
aqueles que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda. E
os custos estruturais fixos chegaram ao resultado zero, vindo a confirmar a teoria do
ponto de equilíbrio.
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 ( 𝑃𝐸) =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 + 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑥𝑎𝑠
𝑀𝐶𝑢 𝑥 100
24
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS
Como foi mencionado anteriormente, custo é o gasto efetuado em um serviço
ou bem que é utilizado diretamente no processo de produção, ou seja, é o gasto
necessário para que seja fabricado o produto. Como exemplo tem-se a matéria-
prima, a mão de obra e os gastos gerais de fabricação, como energia elétrica,
manutenção e depreciação de máquinas e equipamentos, materiais de limpeza e
conservação para a fábrica, dentre outros.
Os custos podem ser classificados de diversas formas. Em relação ao produto
fabricado, eles classificam-se em direto, quando o custo está diretamente ligado ao
produto, podendo ser mensuradas as quantidades consumidas, ou indireto, que
necessita do uso de rateio para apropriação dos custos por não ter suas
quantidades consumidas de forma clara e objetiva. Existem também os custos fixos,
variáveis, semifixos e semivariáveis, cuja classificação pode ser, tanto em relação a
custos, como a despesas e são relacionados ao volume de produção ou venda,
conhecidos como comportamento de custo, que trata o crescimento dos custos
variáveis e fixos correspondente ao volume de atividades.
Em virtude do que foi mencionado, Padoveze (2004) afirma que tal
classificação não terá significado algum caso não seja identificado primeiro alguma
atividade operacional ou segmento da organização para que sejam relacionados os
custos.
São chamados de custos diretos, quando se é possível alocar os custos aos
produtos fabricados de maneira objetiva e clara. Se estiver sendo fabricada uma
série de produtos e se tem a convicção do que está em uso e o quanto é consumido
na fabricação, a mão de obra e os materiais utilizados são considerados custos
diretos. Em relação a essa realidade, não se faz necessário o uso de rateio, visto
que existe um controle da quantidade utilizada por cada produto. Segundo Padoveze
(2004), quando relacionados com os produtos finais, os custos diretos são os gastos
industriais que podem ser alocados direta e objetivamente aos produtos, podendo
ser fixos e variáveis.
Como exemplo de custos diretos tem-se embalagens, matérias primas, mão
de obra direta, energia elétrica, quando há a possibilidade de obter informações por
meio de medidores.
25
Figura 02: Processo de apropriação dos custos fixos, em direto e indireto.
Fonte: dados da autora, 2017.
Em se tratando dos custos indiretos, não há tanta facilidade e praticidade para
alocá-los aos produtos, pois são os custos incorridos dentro da produção, mas que
não estão diretamente ligados ao produto. Para identificá-los se faz necessário o uso
de rateio, ou seja, dividi-los proporcionalmente à quantidade de produto fabricado.
Como exemplo tem-se as máquinas utilizadas, aluguel da fábrica, mão de obra
indireta, gasto com energia quando não dispuserem de um medidor, materiais
indiretos, quando são utilizados nas atividades auxiliares de produção ou cuja
ligação com o produto é irrelevante, como lubrificantes, graxas, lixas, entre outros.
Maher (2001, p.231), explica que o “rateio de custos representa a atribuição
de um custo indireto a um objeto do custo, segundo certa base”. Esta é a base de
rateio que será empregada para dividir os itens de custo indireto. Em relação ao
volume de produção ou venda, como anteriormente foi dito, são classificados como
custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis, que podem ser custos ou
despesas, conhecidos como comportamento de custo, que trata o crescimento dos
custos variáveis e fixos correspondentes ao volume de atividades.
Os custos fixos são aqueles que, dentro da entidade, não sofrem alterações
independentemente do volume da produção, ou seja, permanecem os mesmos.
Podem ser citados como exemplos o aluguel da fábrica e os seguranças, cujos
valores pagos serão os mesmos independentemente do volume da produção.
Uma característica importante a observar em relação aos custos fixos é que
eles se tornam variáveis quando são calculados unitariamente em função da escala
produzida. O cálculo por escala existe, pois os custos fixos serão divididos entre os
CUSTO INDIRETOCUSTO DIRETO
PRODUTO A RATEIO
PRODUTO A
PRODUTO B
26
produtos fabricados, quanto maior for a produção de determinado produto menor
será o valor do custo fixo sobre o mesmo.
Conforme Padoveze (2004, p.328):
Apesar de serem conceitualmente fixos, tais custos podem aumentar ou
diminuir em função da capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os
custos são fixos dentro de um intervalo relevante de produção ou venda, e
podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem
significativos.
Por exemplo, se uma entidade tem um custo fixo de R$ 2.000,00 (dois mil
reais) e produz 100 (cem) unidades do produto X, logo o custo fixo sobre o produto
X será de R$ 20,00. Porém, se esta entidade começar a produzir 200 (duzentas)
unidades do mesmo produto, o custo fixo do produto X será de R$ 10,00 (dez reais0.
Em virtude disto, o custo fixo torna-se variável quando calculado por unidade.
Diferente dos custos fixos, os custos variáveis estão direta e objetivamente ligados
com o volume de produção e, quanto maior for a escala de produção da entidade,
maior será o custo variável.
Os custos semivariáveis ou mistos variam com o nível de produção, porém,
têm uma parcela fixa ainda que nada seja produzido, como por exemplo a conta de
água da fábrica. Mesmo que não haja consumo de água naquele determinado mês é
cobrado uma taxa mínima. Segue esta mesma linha de raciocínio os gastos com
lenha ou combustível para aquecimento de uma fornalha, já que a fornalha não pode
esfriar.
Por fim, os custos semifixos são custos que são fixos até um limite de
produção, mas que podem variar caso haja uma mudança neste limite.
Para Padoveze (2004, p.331):
Outros custos considerados mistos são aqueles que têm dentro de si uma
parcela fixa e uma parcela variável, tornando-se semivariáveis ou semifixos.
Damos como exemplo os gastos com energia elétrica, cujos valores pagos
pela manutenção da demanda são fixos dentro do período e os valores
pagos pelo consumo de quilowatts consumidos são variáveis em relação à
utilização do parque industrial.
27
Como exemplo de custos semifixos tem-se a água utilizada numa indústria,
que tem um valor fixado até determinado volume de produção, como também para
as limpezas necessárias, até que a produção aumente e tenha que ser usada em
uma quantidade relativamente superior ao valor que era usado anteriormente.
2.6 SEPARAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS
O primeiro passo para separação dos custos e despesas é saber o que são
gastos pertencentes ao processo de produção que estes são denominados de
custos, que inclui os custos de aquisição de materiais e todos os gastos incorridos
na produção.
Existem alguns elementos básicos utilizados para definir setores da produção
e obter uma comunicação específica da contabilidade de custos. É necessário que
os responsáveis pela preparação e os que irão se valer de tais dados utilizem a
mesma linguagem, são classificadas: Matérias-primas ou MP materiais constituintes
no produto acabado, tem também a Mão de obra ou MOD que é relacionado
diretamente com os produtos ou serviço especifico, os Custos indiretos de
fabricação ou CIF que são todos os custos incorridos da fabricação, com exceção de
matérias primas e mão de obra, os Insumos que são bens utilizados para a
produção de mercadorias ou serviços, o Custo da Produção Acabada ou CPA é
constituído pela soma de todos os custos incorridos na produção acabada, e o Custo
dos Produtos Vendidos ou CPV que refere-se a soma de todos os custos da
produção de produtos que está sendo vendido, podendo conter custos de vários
períodos, caso os produtos tenham sido produzidos em períodos diferentes.
Já os gastos pertencentes à administração e às vendas são chamados de
despesas, como por exemplo, o salário da administração, materiais de escritório,
entre outros.
Algumas vezes, entretanto, não é possível haver uma separação tão uniforme
e objetiva, sendo necessário o uso do rateio para separar os gastos, que segundo
Martins (2001) é sempre arbitrário, por não haver a possibilidade prática de uma
divisão científica. A divisão é feita em função da proporcionalidade entre número de
pessoas na fábrica e fora dela, ou com base nos demais gastos, ou em
porcentagens fixadas pela diretoria. Como exemplo tem-se uma fábrica que possui
28
uma única administração, não sendo possível identificar o que realmente pertence à
fábrica, então se faz o rateio e separa o que é despesa e o que é custo.
Posterior à separação dos custos e despesas, vem a apropriação dos custos
diretos e indiretos. Como os custos são apropriados aos produtos, é necessário
estabelecer critérios para medi-los. A separação desses custos em diretos e
indiretos é o que permite que isso seja feito (MEGLIONI, 2006). Como foi
mencionado anteriormente, todos os gastos incorridos na fábrica são classificados
como custos, e subdivididos em diretos e indiretos.
A mensuração da apropriação de um custo direto é feita pelo que foi
consumido por tal produto. A mão de obra direta é calculada pela quantidade de
horas trabalhadas, já a matéria prima pela quantidade utilizada de fato na produção.
Martins e Rocha (2010) afirmam que quando identificado e mensurado de forma
clara, precisa, objetiva e economicamente viável, cada elemento objeto de custeio
são considerados custos diretos. Por outro lado a apropriação dos custos indiretos
se dá pelo uso do rateio, por não ser possível identificar quantidades utilizadas e
consumidas.
2.7 VANTAGENS DOS MÉTODOS DE CUSTEIO
Determinar qual será a melhor escolha para mensurar e apropriar o custo no
preço de venda é fundamental para um resultado positivo da entidade.
O custeio variável possibilita que os produtos mais rentáveis sejam
identificados com mais segurança, viabilizando aos gestores informações precisas e
confiáveis para saber determinar quais os melhores preços, estratégias de venda e
promoções a aplicar sem que tenham prejuízos indesejados.
Para Crepaldi (2004) o custeio variável pode ser considerado positivo por
facilitar o tempo e trabalho consumido, tornando a apuração e a apresentação de
informações mais práticas. Os custos fixos apresentam-se separadamente nas
demonstrações, o que proporciona um melhor controle. Os custos dos produtos
podem ser mensurados por unidade, independente do volume de produção. O
custeio variável fornece informações e ferramentas satisfatórias para entidades que
buscam mensurar e quantificar os custos de cada produto fabricado.
Como foi visto anteriormente, o custeio por absorção consiste em apropriar
todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do custo fixo utilizando o
29
método de rateio. Segundo Crepaldi (2004) dentre as vantagens do método de
custeio por absorção estão: o custeio por absorção se destaca principalmente por
ser aceito pelo fisco no Brasil, engloba todos os custos da entidade nos custos dos
produtos, o que valoriza a fixação de preços de venda mais reais. Para Leone
(1997), as principais vantagens estão no fato de ser usado para obtenção de
soluções de longo prazo, onde, normalmente, as informações do custeio por
absorção são recomendadas e os resultados pelo custeio por absorção serem
aceitos para a preparação de demonstrações contábeis de uso externo.
Já o custeio por atividades ou ABC tem como vantagem a redução de rateio,
o que proporciona mais confiabilidade nas informações gerenciais, obrigando que a
entidade tenha um controle interno mais rigoroso. Para Padoveze (2004) o custeio
por atividades ou ABC permite apurar os custos de forma mais clara e precisa, ao
mesmo tempo auxilia no processo de controle dos custos das atividades.
2.8 PRECIFICAÇÃO: MARK-UP
Quando se oferece um serviço ou se vende um produto, o valor a ser cobrado
aos clientes tem um efeito direto no êxito do negócio, visto que a inexistência de
planejamento e precificação poderá significar uma redução considerável da
lucratividade dos negócios. Um fator de grande influência na decisão dos clientes
em comprar ou não comprar é a formação do preço de venda, quando a entidade
trabalha com preços muito elevados acaba afastando seus clientes e perdendo
mercado e, trabalhando com preços abaixo do normal, a entidade poderá sofrer
prejuízos, não conseguindo obter o valor necessário para cobrir seus custos e
despesas, muito menos lucratividade.
O preço que seja ideal para venda é o que encobre os custos do serviço ou
produto e ainda possibilita o retorno almejado pela entidade. Sendo assim, ela irá
avaliar se o preço ideal de venda da entidade é compatível com o preço de venda
existente no mercado. Para (PARENTE, 2000), de todas as variáveis que compõem
o mix de marketing, o preço é aquele que mais afeta a competitividade, o volume de
vendas e a lucratividade das empresas varejistas, tornando a política de preços um
fator crucial de seu posicionamento estratégico.
30
Nesse trabalho será abordado a formação do preço de venda baseada nos
custos, ou seja, Mark-up, que segundo Mendes (2009, p.127), o “Mark-up é uma das
práticas mais comuns de política de preços”. Para Cogan (1999, p. 133),
É um índice aplicado sobre o custo de um bem ou serviço para a formação
do preço de venda. Esse índice é tal que cobre os impostos e as taxas
aplicadas sobre as vendas, as despesas administrativas fixas, os custos
indiretos fixos de fabricação e o lucro.
Ou seja, é o valor a ser cobrado ao longo do custo total de um serviço ou
produto para chegar ao lucro almejado.
O Mark-up, conforme Santos (2005, p. 129), tem for finalidade cobrir as
seguintes contas:
 Impostos sobre vendas;
 Taxas variáveis sobre vendas;
 Despesas administrativas fixas;
 Despesas de vendas fixas;
 Custos indiretos de produção fixos; e
 Lucro.
Sabe-se que o preço de venda baseado por Mark-up pode ser calculada de
duas formas, seja individualmente por cada produto, seja para os produtos na sua
totalidade.
Para calcular o Mark-up e utilizá-lo no preço de venda deve-se conhecer
algumas variáveis do serviço ou produto. São eles: custo da mercadoria vendida,
tributos sobre a venda, comissões, custo fixo e lucro. O primeiro, como foi dito, é o
custo da mercadoria vendida (CMV) para empresas que fabricam ou vendem
produtos, ou custo do serviço prestado (CSP), para entidades que prestam serviços,
levando sempre em consideração os materiais necessários, assim como a mão de
obra direta.
A tabela abaixo mostra como encontrar o custo da mercadoria vendida ou
(CMV).
31
Tabela 03: Formula para encontrar o CMV.
CMV = Custo de Aquisição
(-) Descontos Obtidos
(-) Impostos Recuperáveis
(+) Impostos não Recuperáveis
(+) Fretes
(+) Seguros
(+) Outas despesas Incidentes na aquisição
Fonte: Martins, 2003.
Conforme exemplificado acima na tabela 03, fazendo as somatórias dos
custos agregados e as devidas deduções chegam-se ao valor exato do custo da
mercadoria vendida, assim como também no custo no serviço prestado.
Após conhecer as variáveis necessárias para o cálculo do Mark-up, acha-se a
porcentagem de cada uma e aplica na fórmula, conforme exemplo abaixo.
Figura 03: Fórmula do Mark-up.
Fonte: Martins, 2003.
É fundamental para calcular o custo do serviço prestado ou da mercadoria
vendida saber qual o regime tributário da entidade, ou seja, qual regime incide
crédito e débito de ICMS, podendo ser lucro presumido, lucro real ou Simples
Nacional. Caso seja um MEI (Micro Empreendedor Individual), não é necessário
apuração de ICMS, segundo o portal (SEBRAE, 2017):
MEI significa microempreendedor individual. Para ser um MEI é necessário
faturar hoje até R$ 81.000,00 por ano ou R$ 6.750,00 por mês, não ter
participação em outra empresa como sócio ou titular e ter no máximo um
empregado contratado que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria.
O MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos
federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Se recebeu
rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 no ano anterior (cerca de R$
2.380 por mês). Ou seja, se a sua parcela tributável do lucro é maior que
este valor, você é obrigado a declarar.
𝑀𝐴𝑅𝐾𝑈𝑃 =
100
100 − (% 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 + % 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝐹𝑖𝑥𝑎 + % 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜)
32
Quadro 02: Calculo para MEI saber se está obrigado a entregar imposto de renda.
Descrição Valor
Receita bruta anual R$ 60.000
Despesas comprovadas do MEI
(água, luz, telefone, aluguel)
R$ 10.000
Lucro evidenciado
(Receita bruta menos despesas comprovadas)
R$ 60.000 – R$ 10.000 = R$ 50.000
Parcela isenta
(32% da receita bruta anual de R$ 60.000)
R$ 60.000 x 0,32 = R$ 19.200
Parcela tributável do lucro
(Lucro evidenciado menos parcela isenta)
R$ 50.000 – R$ 19.200 = 30.800
Fonte: Portal SEBRAE1, 2017
Neste exemplo, os rendimentos tributáveis excederam R$ 28.559,70 (vinte e
oito mil quinhentos e cinquenta e nove mil reais e setenta centavos). Portanto,
estaria obrigado a entregar a (IRPF) Declaração de Imposto de Renda Pessoa
Física.
Ainda segundo o portal (SEBRAE, 2017), o MEI tem direito aos benefícios
previdenciários, como auxílios doença e maternidade, aposentadoria e outros, tem
acesso ao CNPJ para emissão de notas ficais, acesso facilitado à abertura de
contas e empréstimos bancários. Dentre tantos direitos, há algumas obrigações que
devem ser cumpridas, que é o pagamento de uma taxa mensal de R$ 45,00
(quarenta e cinco reais) para Comércio ou Indústria, R$ 49,00 (quarenta e nove
reais) para prestadores de serviços ou R$ 50,00 (cinquenta reais) para Comércio e
Serviço. O cálculo corresponde a 5% (cinco por cento) do salário mínimo, a título da
Contribuição para a Seguridade Social, mais R$ 1,00 (um real) de Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e/ou R$ 5,00 (cinco reais) de Imposto
sobre Serviços (ISS).
Deve ser levadas em consideração também as comissões sobre as vendas,
que são pagas em percentual aos vendedores, os custos fixos, que já foram falados
no tópico 2.3, que são aqueles que, dentro da entidade, não sofrem alterações
independentemente do volume da produção, ou seja, permanecem os mesmos. Por
fim o lucro, que nada mais é que o percentual de lucro que a entidade deseja
conseguir em cada serviço ou venda.
1 Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-o-mei-faz-a-declaracao-
de-imposto-de-renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD
33
3 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS DADOS
Para demonstrar os resultados da pesquisa, foram elaboradas planilhas de
custos utilizando o Excel como ferramenta e as informações disponibilizadas pela
entidade. Foram concedidas informações sobre gastos diretos e indiretos de
fabricação de três produtos, sendo eles: o filé à parmegiana, a lasanha e o X-tudo,
responsáveis pelo maior número da receita, buscando identificar qual o produto mais
rentável a ser fabricado e se os preços de venda possibilitam um lucro satisfatório,
analisando os resultados pelo método de custeio que melhor se encaixa para os
objetivos da entidade.
Quadro 03: Custos diretos para produzir o filé à parmegiana
Fonte: Mini Marmita Universitária2, 2017
A quantidade citada no quadro 03 (três) produz 40 (quarenta) marmitas de filé
à parmegiana, onde serão vendidos a R$ 3,00 (três reais) cada marmita, gerando
uma receita bruta de R$ 120,00 (cento e vinte reais)
2 Informações colhidasda empresa Mini Marmita Universitária eelaborada emforma de quadro pela autora.
FILÉ À PARMEGIANA
INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL
Carne moída 2KG R$ 0,60 R$ 24,00
Macarrão 4 PCT R$ 0,20 R$ 8,00
Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00
Óleo 500 ML R$ 0,05 R$ 2,00
Farinha de Trigo 60 G R$ 0,003 R$ 0,13
MOLHO
Cebola 2 UNID R$ 0,05 R$ 2,00
Tomate 6 UNID R$ 0,11 R$ 4,20
Pimentão 2 UNID R$ 0,03 R$ 1,20
Alho 6 UNID R$ 0,075 R$ 3,00
Água 3 LT R$ 0,015 R$ 0,60
Embalagens 40 UNID R$ 0,15 R$ 6,00
TOTAL R$ 1,53 R$ 57,98
34
Alguns produtos tiveram que ser rateados para alocar o custo exato da
quantidade utilizada na produção e também para descobrir o valor unitário, como por
exemplo, a água e a farinha de trigo, que foram utilizados 60 (sessenta) gramas,
visto que só é possível comprar um pacote de 01 (um) quilograma, logo se fez
necessário utilizar o método de cálculo por regra de três simples para auxiliar a
descobrir o custo unitário que, segundo Martins (2003, p.30), é um processo que se
destina a resolver problemas que envolvam grandezas inversamente ou diretamente
proporcionais. A figura 4 exemplificará como foram feitos os rateios.
Figura 04: Regra de três simples
Fonte: Dados da autora, 2017.
Para fazer o cálculo regra de três simples, coloca-se a quantidade total do
produto que são 1000g (um mil gramas), ou seja, 1kg (um quilograma) sob a
quantidade utilizada 60g (sessenta gramas), ao lado o valor total do produto sob x
para descobrir o valor de 60g (sessenta gramas), multiplicasse em x, chegando a
uma equação e por fim o resultado.
Com base nos dados coletados nos relatórios da entidade, o quadro 04
(quatro) detalha cada ingrediente do segundo produto fabricado, que é a lasanha,
junto com seu valor total e também o custo unitário de cada um deles, para o qual foi
utilizado também o método regra de três simples.
35
Quadro 04: Custos diretos para produzir a lasanha
LASANHA
INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL
Peito de Frango Grande 1 UNID R$ 0,30 R$ 12,00
Creme de Leite 3 UNID R$ 0,15 R$ 6,00
Caldo Knorr Caixa C/12 1 UNID R$ 0,11 R$ 4,20
Maisena Pequena 1 UNID R$ 0,05 R$ 2,00
Macarrão Parafuso 2 UNID R$ 0,13 R$ 5,00
Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00
Verduras 1 KG R$ 0,15 R$ 6,00
Água 2 LT R$ 0,01 R$ 0,40
Embalagens 40 UNID R$ 0,15 R$ 6,00
TOTAL R$ 1,29 R$ 51,60
Fonte: Mini Marmita Universitária, 2017.
A quantidade citada no quadro 04 (quatro) produz 40 (quarenta) marmitas de
lasanha, onde serão vendidas a R$ 3,00 (três reais) cada marmita, gerando uma
receita bruta de R$ 120,00 (cento e vinte reais)
A seguir quadro 05 demonstrará cada ingrediente do terceiro produto
fabricado que é o X-tudo junto com seu valor total, e o custo unitário de cada um
deles o qual foi utilizado também o método regra de três simples para obtê-los.
Quadro 05: Custos diretos para produzir o X-Tudo
X – TUDO
INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL
Pão 40 UNID R$ 0,20 R$ 8,00
Carne 02 KG R$ 0,50 R$ 20,00
Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00
Salsicha 20 UNID R$ 0,175 R$ 7,00
Ovos 40 UNID R$ 0,30 R$ 12,00
Presunto 20 UNID R$ 0,125 R$ 5,00
Peito de Frango 01 UNID R$ 0,175 R$ 7,00
Água 01 LT R$ 0,005 R$ 0,20
Embalagens 40 UNID R$ 0,025 R$ 1,00
TOTAL R$ 1,76 R$ 70,20
Fonte: Mini Marmita Universitária, 2017.
36
A quantidade citada no quadro 05 (cinco) produz 40 sanduíches, onde serão
vendidas a R$ 4,00 (quatro reais) cada sanduíche, gerando uma receita bruta de R$
160,00 (cento e sessenta reais)
A empreendedora responsável pela empresa relatou que a produção gira em
torno de 60 (sessenta) refeições ao dia, sendo 20 (vinte) refeições de cada produto,
de segunda a sexta, ou seja, em um mês ela fabrica e vende cerca de 1.200 (um mil
e duzentas) unidades, funciona com dois pontos de venda, um ponto na frente da
Faculdade Católica Santa Teresinha (FCST) e o outro na frente da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ficando a mesma responsável pela
produção de seus produtos, com o auxílio do filho para realizar as vendas.
Primeiramente, se faz necessária a separação dos custos e despesas, depois
classificar os custos em custos diretos e indiretos, se são fixos ou variáveis e, por
fim, classificar as despesas em fixas ou variáveis.
Quadro 06: Separação dos Custos e Despesas.
CUSTOS VALOR DESPESA VALOR
MP Filé à parmegiana R$ 579,80 Gasolina R$ 28,00
MP Lasanha R$ 516,00
MP X-Tudo R$ 702,00
Gás R$ 22,00
Mão de Obra R$1.000,00
TOTAL R$ 2.819,80 R$ 28,00
Fonte: Dados da autora, 2017.
O quadro 06 separa os custos das despesas e mostra quantos foram os
custos e as despesas de fabricação de um mês, totalizando 400 (quatrocentas)
unidades de cada produto, conforme explicado acima. Para poder analisar de
maneira comparativa como funcionam os métodos de custeio, conforme informações
colhidas, foram levantadas uma produção e venda de 60 (sessenta) refeições ao dia,
20 (vinte) refeições de cada produto, de segunda a sexta, totalizando 1.200 (um mil
e duzentas) unidades no mês. Foi usado como base para o rateio do gás as horas
de trabalho, ou seja, a quantidade de horas em que o gás permanece ligado por dia.
Vale ressaltar que não havia produtos acabados e nem estoques iniciais de produtos
acabados ou produtos na parte de elaboração.
37
Foi informado à pesquisadora que o botijão de gás custa R$ 65,00 (sessenta
e cinco reais) e que ele rende cerca de 60 (sessenta) dias, sendo utilizados 20
(vinte) dias por mês, de segunda a sexta, durante 05 (cinco) horas seguidas. Logo,
60 (sessenta) dias a 05 (cinco) horas, rendem 300 (trezentas) horas até acabar o
gás por completo. Sabendo que o botijão de gás custa R$ 65,00 (sessenta e cinco
reais) e rende 300 (trezentas) horas, R$ 65,00 (sessenta e cinco reais) dividido por
300 horas resultará em R$ 0,22 (vinte e dois centavos), que será o valor da hora,
multiplicado por 05 (cinco) horas, chegará a um resultado de R$ 1,10 (um real e dez
centavos), ou seja, em um dia são produzidas 60 (sessenta) refeições, com um
custo de gás de R$ 1,10 (um real e dez centavos). Portanto, em um mês ou
especificamente 20 (vinte) dias são gastos com gás R$ 22,00 (vinte e dois reais).
Após encontrar o valor que é gasto com gás no mês para fabricar todos os
produtos, é preciso alocar o valor exato que cada um gastou para ser elaborado. O
método utilizado para rateio do gás, assim como o da gasolina e da mão de obra, foi
o rateio por custos diretos. Foi utilizado o custo total direto que cada produto gerou
no mês, e calculado o percentual que cada um representou do todo, cujo exemplo
segue abaixo no quadro 07.
Quadro 07: Rateio pelo custo Direto Total.
CUSTO TOTAL DIRETO VALOR %
Filé à Parmegiana R$ 579,80 32,25%
Lasanha R$ 516,00 28,70%
X-Tudo R$ 702,00 39,05%
TOTAL R$ 1.797,80 100%
Fonte: Dados da autora, 2017.
Nos quadros 08, 09 e 10 serão apresentados os custos diretos e indiretos
separadamente de cada produto.
38
Quadro 08: Custos diretos e indiretos do filé à parmegiana
CUSTOS
DIRETOS
VALOR
CUSTOS
INDIRETOS
VALOR
MP Filé à parmegiana R$ 519,80 Gasolina R$ 9,03
Embalagens R$ 60,00
Mão de Obra R$ 322,50
Gás R$ 7,095
TOTAL R$ 909,40 R$ 9,03
Fonte: Dados da autora, 2017.
Quadro 09: Custos diretos e indiretos da Lasanha
CUSTOS
DIRETOS
VALOR
CUSTOS
INDIRETOS
VALOR
MP Lasanha R$ 456,00 Gasolina R$ 8,04
Embalagens R$ 60,00
Mão de Obra R$ 287,00
Gás R$ 6,314
TOTAL R$ 809,31 R$ 8,04
Fonte: Dados da autora, 2017.
Quadro 10: Custos diretos e indiretos do X-Tudo.
CUSTOS
DIRETOS
VALOR
CUSTOS
INDIRETOS
VALOR
MP X-Tudo R$ 692,00 Gasolina R$ 10,93
Embalagens R$ 40,00
Mão de Obra R$ 390,50
Gás R$ 8,591
TOTAL R$ 1.131,09 R$ 10,93
Fonte: Dados da autora, 2017.
Em seguida, se apresenta no quadro 11 os custos fixos e variáveis de cada
produto, que foram rateados pelo custo total direto especificado no quadro 06 e que
serão utilizados para o cálculo do custeio por absorção.
39
Quadro 11: Custos fixos e variáveis
Custos Fixos e Variáveis do Filé à parmegiana
Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor
Mão de obra (Salários) R$ 322,50 Matéria Prima R$ 519,80
Embalagens R$ 60,00
Gás R$ 7,095
TOTAL R$ 322,50 R$ 586,90
Custos Fixos e Variáveis da Lasanha
Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor
Mão de obra (Salários) R$ 287,00 Matéria Prima R$ 456,00
Embalagens R$ 60,00
Gás R$ 6,314
TOTAL R$ 287,00 R$ 522,31
Custos Fixos e Variáveis do X-Tudo
Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor
Mão de obra (Salários) R$ 390,50 Matéria Prima R$ 692,00
Embalagens R$ 40,00
Gás R$ 8,591
TOTAL R$ 390,50 R$ 740,59
Fonte: Dados da autora, 2017.
O quadro 12 apresenta as despesas fixas, que foram rateadas pelo método
custo total direto, conforme foi explicado no quadro 06, necessário para cálculo do
custeio por absorção.
Quadro 12: Despesas Fixas e variáveis
Despesas Fixas e Variáveis do Filé à parmegiana
Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor
Gasolina R$ 9,03
TOTAL R$ 0,00 R$ 9,03
Despesas Fixas e Variáveis da Lasanha
Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor
Gasolina R$ 8,04
TOTAL R$ 0,00 R$ 8,04
Despesas Fixas e Variáveis do X-Tudo
Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor
Gasolina R$ 10,93
TOTAL R$ 0,00 R$ 10,93
Fonte: Dados da autora, 2017.
40
3.1 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL
Feitas as separações dos custos e despesas conforme apresentado no
quadro 06, foi realizada a classificação dos mesmos, onde segue a demonstração
utilizando o método de custeio variável para observar como se comportam os custos
utilizando este método.
Para o cálculo do custeio variável os custos fixos são tratados como
despesas, não sendo necessário o rateio dos custos e das despesas fixas. Foram
utilizados os valores fixados no quadro 06 para referência.
Figura 05: Cálculo do filé à parmegiana utilizando o custeio variável
Fonte: Dados da autora, 2017.
41
Através do custeio variável foi possível encontrar a margem de contribuição
do filé à parmegiana que foi de R$ 604,07 (seiscentos e quatro reais e sete
centavos) e descobrir o lucro operacional liquido após deduzir os custos e despesas
variáveis e os custos e despesas fixas, que foi de R$ 281,57 (duzentos e oitenta e
um reais e cinquenta e sete centavos)
Figura 06: Cálculo da lasanha utilizando o custeio variável
Fonte: Dados da autora, 2017.
A margem de contribuição da lasanha obtida através do custeio variável foi de
R$ 669,65 (seiscentos e sessenta e nove e sessenta e cinco centavos). O lucro
operacional liquido após deduzir os custos e despesas variáveis e os custos e
42
despesas fixas que foi de R$ 382,65 (trezentos e oitenta e dois e sessenta e cinco
centavos).
Figura 07: Cálculo do x-tudo utilizando o custeio variável
Fonte: Dados da autora, 2017.
A margem de contribuição do X-tudo, obtida através do custeio variável, foi de
R$ 848,48 (oitocentos e quarenta e oito reais e quarenta e oito centavos). O lucro
operacional liquido, após deduzir os custos e despesas variáveis e os custos e
despesas fixas, foi de R$ 457,98 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e noventa e
oito centavos).
43
3.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO POR
ABSORÇÃO
Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção. Foram
apropriados todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do custo fixo
rateado pela porcentagem obtida através do método custo total direto, com posterior
demonstração do resultado do exercício.
Figura 08: Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção.
Fonte: Dados da autora, 2017.
44
Através do método de custeio por absorção foi possível identificar o custo
total da produção de cada produto, ou seja, para fabricar 400 (quatrocentas)
unidades do filé à parmegiana tem-se um custo total de R$ 909,40 (novecentos e
nove reais e quarenta centavos). Já para produzir a mesma quantidade de lasanha
chega-se um custo total de R$ 809,31 (oitocentos e nove reais e trinta e um
centavos) e para produzir a mesma quantidade do X-tudo, R$ 1.131,09 (um mil,
cento e trinta e um reais e nove centavos).
Através do custeio por absorção foi constatado também o lucro antes do
imposto de renda de cada produto, sendo do filé à parmegiana R$ 281,57 (duzentos
e oitenta e um reais e cinquenta e sete centavos), da lasanha R$ 382,65 (trezentos e
oitenta e dois reais e sessenta e cinco centavos) e do X-tudo R$ 457,98
(quatrocentos e cinquenta e sete reais e noventa e oito centavos).
3.3 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO
Como já foi explicado anteriormente, o ponto de equilíbrio é o ponto em que a
empresa não terá lucro nem prejuízo, ou seja, quando ela chega ao zero. A margem
de contribuição unitária (MCu) é de extrema importância para se obter o resultado
correto, sendo necessário encontrar a MCu para poder calcular o PE.
Os quadros, 13,14 e 15 apresentam a Margem de Contribuição, que é o preço
de venda menos os custos e as despesas variáveis. Já o ponto de equilíbrio é o
custo fixo total dividido pela margem de contribuição.
Quadro 13: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do filé à parmegiana.
QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DO FILÉ À PARMEGIANA: 400
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Valor Unitário Valor Total Percentual
Preço de venda R$ 3,00 R$ 1.200,00 100%
(-) Custo variável R$ 1,47 R$ 586,90 48,91%
(-) Despesas variáveis R$ 0,0225 R$ 9,03 0,7525%
(=) Margem de Contribuição R$ 1,51 R$ 604,07 50,34%
Custos Fixos R$ 322,50
PONTO DE
EQUILÍBRIO
Qtda. Produtos Vlr Faturamento
% x Faturamento
total
≈ 213 R$ 640,64 53,39%
Fonte: Dados da autora, 2017.
45
Conforme o quadro 13, a margem de contribuição unitária do filé à
parmegiana é de R$ 1,51 (um real e cinquenta e um centavos), ou seja, é o valor
unitário disponível para cobrir os custos fixos unitários, Ao serem fabricadas 400
(quatrocentas) unidades mensalmente obtêm-se uma margem de contribuição de R$
604,07 (seiscentos e quatro reais e sete centavos) para cobrir um custo fixo de R$
322,50 (trezentos e vinte e dois reais e cinquenta centavos), alcançando assim um
percentual de 50,34% (cinquenta vírgula trinta e quatro por cento).
O ponto de equilíbrio é o momento em que o produto não gera lucro e nem
prejuízo, chega ao zero. O ponto de equilíbrio do filé à parmegiana é de
aproximadamente 213 (duzentas e treze) unidades, ou seja, para que o produto
comece a dar lucro é necessário fabricar e vender acima de 213 unidades.
Quadro 14: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio da lasanha.
QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DA LASANHA: 400
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Vlr Unitário Valor Total Percentual
Preço de venda R$ 3,00 R$ 1.200,00 100%
(-) Custo variável R$ 1,31 R$ 522,31 43,53%
(-) Despesas variáveis R$ 0,020 R$ 8,04 0,67%
(=) Margem de Contribuição R$ 1,67 R$ 669,65 55,80%
Custos Fixos R$ 287,00
PONTO DE
EQUILÍBRIO
Qtda Produtos Vlr Faturamento
% x Faturamento
total
≈ 171 R$ 514,34 42,86%
Fonte: Dados da autora, 2017.
O quadro 14 mostra que a margem de contribuição unitária da lasanha é de
R$ 1,67 (um real e sessenta e sete centavos), ou seja, é o valor unitário disponível
para cobrir os custos fixos unitários. Assim, ao serem fabricadas 400 (quatrocentas)
unidades mensais obtêm-se uma margem de contribuição de R$ 669,65 (seiscentos
e sessenta e nove e sessenta e cinco centavos) para cobrir um custo fixo de R$
287,00 (duzentos e oitenta e sete reais), alcançando um percentual de 55,80%
(cinquenta e cinco vírgula oitenta por cento).
46
O ponto de equilíbrio da lasanha é de aproximadamente 171 (cento e setenta
e uma) unidades, ou seja, para que o produto comece a dar lucro é necessário
fabricar e vender acima de 171 unidades, pois abaixo dessa quantidade ele estará
rendendo prejuízo.
Quadro 15: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do X-Tudo.
QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DO X-TUDO: 400
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Vlr Unitário Valor Total Percentual
Preço de venda R$ 4,00 R$ 1.600,00 100%
(-) Custo variável R$ 1,85 R$ 740,59 46,30%
(-) Despesas variáveis R$ 0,027 R$ 10,93 0,68%
(=) Margem de Contribuição R$ 0,98 R$ 848,48 53,03%
Custos Fixos R$ 390,50
PONTO DE
EQUILÍBRIO
Qtda Produtos Vlr Faturamento
% x Faturamento
total
≈ 51 R$ 207,08 12,94%
Fonte: Dados da autora, 2017.
No quadro 15 a margem de contribuição unitária do x-tudo é de R$ 0,98
(noventa e oito centavos), ou seja, é o valor unitário disponível para cobrir os custos
fixos unitários; Ao serem fabricadas 400 (quatrocentas) unidades mensais obtêm-se
uma margem de contribuição de R$ 848,48 (oitocentos e quarenta e oito reais e
quarenta e oito centavos) para cobrir um custo fixo de R$ 390,50 (trezentos e
noventa reais e cinquenta centavos), alcançando um percentual de 53,03%
(cinquenta e três vírgula zero três por cento).
O ponto de equilíbrio do x-tudo é de aproximadamente 51 (cinquenta e uma)
unidades, ou seja, para que o produto comece a dar lucro é necessário fabricar e
vender acima de 51 (cinquenta e uma) unidades, pois abaixo dessa quantidade ele
estará rendendo prejuízo.
3.4 MARK-UP: FORMAÇÃO DE PREÇO
O preço ideal para venda é o que encobre os custos do serviço ou produto e
ainda possibilita o retorno almejado pela entidade. Assim, ela irá avaliar se o preço
47
ideal de venda da entidade é compatível com o preço de venda existente no
mercado. O Mark-up é usado como um índice multiplicador que é aplicado sobre o
custo do serviço ou produto, chegando ao preço de venda. Para calcular o Mark-up
é necessário incluir taxas, tributos, despesas financeiras e administrativas e o
percentual de lucro que deseja obter. Foi elaborado uma planilha em Excel com os
dados fornecidos pela entidade, para o cálculo do mark-up conforme a figura 09
abaixo.
Figura 09: Cálculo do preço de venda por mark-up.
Fonte: Dados da autora, 2017.
48
Segundo a proprietária da entidade ela deseja lucrar 40% (quarenta por
cento) em cima de cada unidade vendida dos três produtos. Através do Mark-up foi
constatado que, para que isso ocorra, o preço do filé à parmegiana deve ser de R$
3,86 (três reais e oitenta e seis centavos), o preço da lasanha deve ser de R$ 3,44
(três reais e quarenta e quatro centavos) e o preço do x-tudo deve ser de R$ 4,79
(quatro reais e setenta e nove centavos).
49
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mundo tem passado por constantes mudanças e o mercado cada vez mais
competitivo demonstra que os consumidores estão bem informados e mais
exigentes no que tange a preço e qualidade. Pensando nisso, foi observado numa
indústria de massas de pequeno porte, com um fluxo considerável de clientes, como
se comportam seus custos e despesas e como são tratados. Para isso, foi
desenvolvido um estudo acerca da possibilidade de implementação de um sistema
de custeio adequado para auxiliar nas tomadas de decisão. A definição do tema
objeto deste estudo se deu pela necessidade de obtenção de conhecimentos quanto
ao funcionamento dos custos de uma entidade, cuja finalidade é produzir e vender
com o máximo de aproveitamento, eliminando gastos e despesas desnecessários,
de forma a conseguir um retorno positivo e uma maior rentabilidade do negócio.
Foram feitas pesquisas bibliográfica e documental acerca da movimentação
financeira da entidade, para entender como a gestora lida com os custos e despesas
da produção. A pesquisa se enquadra como aplicada, pois objetiva gerar
conhecimentos para resolução de problemas específicos, visto que a empresa não
trabalhava com métodos de custeio, onde se fez necessário explanar sobre três
métodos possíveis de implementação e, posteriormente, se fazer os devidos
cálculos para a obtenção de qual seria o melhor método.
O estudo se enquadra como quantitativo, pois lida com fatos, podendo ser
traduzido em inúmeras opiniões e informações por meio de recursos e técnicas
estatísticas. Por se tratar de um assunto complexo e baseado numa pesquisa
documental realizada em um curto espaço de tempo, foram encontradas algumas
dificuldades que impossibilitaram um estudo mais aprofundado, como a falta de
informações precisas e necessárias, não disponibilizadas pela empresa por não
deterem tais informações.
A pesquisa objetivou encontrar um método de custeio que se adequasse a
uma pequena indústria para auxiliar a gestora em suas tomadas de decisão, com
informações hábeis e tempestivas. Foram coletados dados dos arquivos da entidade
a título de informação para calcular os métodos de custeio e observar os resultados
apresentados por cada método e sua consequente relevância. Após a coleta dos
valores correspondentes às despesas e aos custos da fábrica, foi calculado o custo
unitário dos componentes de fabricação fazendo o comparativo entre três produtos
50
específicos, analisando como funcionam os métodos de custeio. Foi levantada uma
produção e venda de 400 (quatrocentas) unidades de cada produto, usando como
parâmetro de rateio o custo direto total. Por exemplo, para fabricar 400
(quatrocentas) unidades de filé à parmegiana tem-se um custo total de R$ 579,80
(quinhentos e setenta e nove reais e oitenta centavos), para fabricar a mesma
quantidade da lasanha tem-se um custo total de R$ 516,00 (quinhentos e dezesseis
reais) e para fabricar também a mesma quantidade de x-tudo tem-se um custo total
de R$ 702,00 (setecentos e dois reais), totalizando R$ 1.797,80 (um mil, setecentos
e noventa e sete reais e oitenta centavos), que equivalem a 100% (cem por cento)
do custo total. Logo, o filé á parmegiana detém 32,25% (trinta e dois vírgula vinte e
cinco por cento) dos custos totais, a lasanha 28,70% (vinte e oito vírgula setenta por
cento) e o x-tudo 39,05% (trinta e nove vírgula zero cinco por cento). Usando os
percentuais encontrados dos custos diretos de cada produto, foi feito o rateio dos
custos fixos para que, posteriormente, se realizassem os cálculos no método de
custeio por absorção e no método variável.
Foram apresentadas três propostas de métodos de custeio, sendo elas o
custeio por absorção, o custeio variável e o custeio por atividade ou ABC. Porém,
após a análise dos dados da empresa foi constatado que o método de custeio por
atividade não seria viável, pois a entidade ainda não utilizava nenhum método para
este custeio e, tendo em vista que o ABC trabalha por departamentalização, não
seria interessante para a empresa começar com um método mais complexo.
Foram feitos os cálculos de produção pelo método de custeio variável,
conforme os quadros 08, 09 e 10, chegando a obter qual seria a margem de
contribuição do produto fabricado, que é o valor que cobrirá as despesas fixas e os
custos da entidade, proporcionando lucro e o valor do lucro líquido operacional, isto
é, quanto será o resultado daquela produção e venda, informação muito importante
para o gestor saber se sua empresa está dando lucro ou prejuízo.
Também foram feitos os cálculos pelo método de custeio por absorção,
conforme o quadro 11, onde foram obtidos dos três produtos o lucro bruto, que é a
diferença entre o valor faturado e o custo do produto fabricado antes de deduzir os
custos variáveis. Saber o lucro bruto da entidade é muito importante na hora de
planejar o futuro operacional. Foi obtido também, através do custeio por absorção, o
lucro líquido antes do imposto de renda, que possibilita estimar o resultado
operacional sem incluir receitas ou despesas financeiras, importante ferramenta para
51
estimar a capacidade da entidade de gerar receita com suas atividades e como ela
se comporta no mercado financeiro.
De acordo com as informações obtidas recomenda-se que a entidade
necessita adotar um modelo de custeio, sendo mais viável o custeio por absorção
por ser o único método aceito pela legislação fiscal no Brasil, pois segue os
princípios da contabilidade, além de ser o método que o fisco reconhece a
capacidade da entidade em gerar receita e fazer o recolhimento dos tributos.
Todavia, se faz necessário um estudo mais aprofundado acerca de qual diretriz de
rateio deve ser usada, porque na maioria das empresas é utilizado o tempo.
Entretanto, foi usado o custo direto total por não ser possível cronometrar o tempo
estimado de produção, já que a entidade não detinha essa informação.
Recomenda-se também que a entidade trabalhe com o método do custeio
variável, pois, por meio dele, o gestor obtém várias oportunidades de verificar pontos
estratégicos para gerir seus negócios, principalmente considerando que a sua
produção e venda oferecem resultados de lucro ou prejuízo, obtendo respostas
quanto à rentabilidade de seus produtos. Possibilita ainda a identificação do custo
fixo de cada produto, apresentando a margem de contribuição e informando para o
gestor qual o valor que cobrirá as despesas fixas e os custos da entidade para
atingir seus objetivos.
Ao analisar o ponto de equilíbrio dos três produtos foi constatado que para
obter lucro no filé à parmegiana é necessário produzir e vender acima de 213
(duzentos e treze) unidades, 171 (cento e setenta e uma) unidades de lasanha e 51
(cinquenta e uma) unidades de x-tudo. Levando em consideração que a produção e
o preço de venda da lasanha e do filé à parmegiana é o mesmo, fica evidente que é
mais viável investir na lasanha, pois, dos três produtos, foi o que apresentou um
menor custo a ser fabricado, mas, por outro lado, o mais rentável a ser fabricado e
vendido é o x-tudo, sendo necessário produzir e vender acima de apenas 51
(cinquenta e uma) unidades para começar a obter lucro, é necessário investir mais,
pois seu custo é maior que dos outros dois, mas em poucas unidades se obtém
lucro, diferente dos demais.
Ao ser questionada sobre porcentagem de lucro, a gestora disse que deseja
obter cerca de 40% (quarenta por cento) em cada unidade produzida e vendida.
Através do mark-up a pesquisadora chegou ao resultado de que para obter tal lucro
é necessário que o preço de venda do filé à parmegiana passe a ser de R$ 3,86
52
(três reais e oitenta e seis centavos), o preço da lasanha passe a ser de R$ 3,44
(três reais e quarenta e quatro centavos e do x-tudo passe a ser de R$ 4,79 (quatro
reais e setenta e nove centavos).
Após as análises, a pesquisadora aconselha que a gestora procure se
enquadrar no regime tributário MEI (Micro Empreendedor Individual), visto que a
mesma opera de modo informal, ficando completamente desassistida em caso de
doença ou até mesmo numa eventual necessidade de obter crédito junto a
instituições financeiras. Ao fazer o cadastro no portal do empreendedor ela obterá
um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) assim com as inscrições na junta
comercial, no INSS, terá também o alvará de licenciamento e passará a funcionar de
forma legalizada, não sendo obrigada a emitir nota fiscal, apenas deverá fazer um
controle mensal de seu faturamento em um relatório simplificado e, no final do
exercício, deverá informar o seu faturamento anual, valendo lembrar que o MEI
também irá possibilitar a contratação de um empregado, o que seria um ponto
importante a analisar sua viabilidade. Aconselha também que a mesma abra uma
conta jurídica e passe a alimentá-la com o lucro líquido após deduzir todos os custos
e despesas, inclusive o seu salário, pois é essencial separar o patrimônio do sócio
do patrimônio da empresa, formando assim um capital de giro que trará uma
segurança para os meses de crise, até mesmo os meses de férias, visto que suas
vendas são voltadas exclusivamente aos alunos de faculdades.
53
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e Margens Analisados Sob Diferentes Perspectivas. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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PEREZ JR, Jose Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins de; COSTA, Rogério Guedes.
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renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 02 ago.
2017.

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Roberta reges da silva fernandes tcc

  • 1. FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS CAICÓ/RN 2017
  • 2. ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Católica Santa Teresinha como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Esp. Salmo Batista de Araújo. CAICÓ/RN 2017
  • 3. ROBERTA REGES DA SILVA FERNANDES CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ANÁLISE INFORMATIVA SOBRE A RENTABILIDADE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Católica Santa Teresinha como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Esp. Salmo Batista de Araújo. MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2017 BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Prof. Esp. Salmo Batista de Araújo Faculdade Católica Santa Teresinha Orientador ______________________________________ Prof. Esp. Faculdade Católica Santa Teresinha Examinador
  • 4. AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer a Deus por me ofertar saúde e perseverança para chegar até aqui. Agradeço imensamente a minha mãe Izaura Emília que me criou e me educou sempre sozinha e, mesmo sem poder, financiou parte dos meus estudos, nunca mediu esforços para fazer de mim uma pessoa de caráter. Agradeço ao meu namorado que sempre segurou a barra quando quis pesar e não foram poucas as vezes, sempre me dando forças e buscando junto comigo alternativas e resolução. Aos meus professores e mestres que me passaram ensinamentos valiosos, em especial meu orientador Salmo Batista, os professores Marco Antônio, Clara Monise, Tatiane, Sônia e Tiago, que me deram ajuda de grande importância. Agradeço aos meus gestores Salmo e Lucinete, pois me acolheram em sua empresa e me fizeram me sentir em casa, me dando total possibilidade de trabalhar e aprender. Às minhas colegas de trabalho, que fizeram questão de me passar todo o conhecimento adquirido ao longo de suas carreiras. Agradeço também a Sayonara, que abriu as portas do seu negócio, depositando total confiança e possibilitando que eu pudesse desenvolver meu trabalho com qualidade e veracidade. Por fim, mas não menos importante, quero agradecer aos meus amigos inseparáveis que a vida acadêmica me presenteou, que sempre estiveram comigo ao longo de todo esse tempo, trocando forças, companheirismo e momentos incríveis juntos.
  • 5. “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem ou que seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vai ser alguém” (Renato Russo)
  • 6. RESUMO Este estudo visa analisar a aplicabilidade de métodos de custeio para uma pequena indústria de marmitas. A definição do tema objeto deste estudo se deu pela necessidade de obter conhecimentos quanto ao funcionamento dos custos de uma pequena indústria, cuja finalidade é produzir e vender com o máximo de aproveitamento, eliminando gastos e despesas desnecessários. A pesquisa se propõe a responder qual o produto que se apresenta com menor custo e qual o mais rentável, tendo como objetivo geral analisar qual o produto é mais rentável a ser fabricado e, como objetivos específicos, discriminar os métodos de custeio possíveis de utilização pela Mini Marmita Universitária, descrever a classificação dos custos e suas terminologias, avaliar qual produto é mais rentável por meio do método de custeio, de modo a produzir informações que melhor auxiliem os gestores nas tomadas de decisões, assim como também definir o ponto de equilíbrio para saber quanto precisa fabricar e vender para obter lucro e descobrir através do Mark-up qual o preço ideal a se trabalhar. O estudo tem sua relevância para as empresas de forma geral, pois, como a temática é algo abrangente e pode atender todos os segmentos empresariais, servirá de fonte de conhecimento sobre custos e trará uma melhor visão sobre finanças. Para a comunidade acadêmica ficará à disposição a outros pesquisadores que desejem estudar a temática. Foi realizada uma pesquisa de caráter quantitativo Mini Marmita Universitária, visando avaliar a aplicabilidade de métodos de custeios para a empresa em questão. Para a elaboração deste trabalho foram realizadas pesquisas baseadas em grandes autores da contabilidade de custos, como Silvio Crepaldi (2004), Padoveze (2004) e Elizeu Martins (2003), tendo como principais aspectos o estudo da contabilidade de custos, enfocando sua relevância dentro de uma indústria de massas. Palavras-chaves: métodos de custeio, custos, despesas, tomada de decisão.
  • 7. ABSTRACT This study aims to analyze the applicability of methods of costing for a small packed lunch manufacturer. The selection of the subject matter to be studied was due to the need of obtaining knowledge about the operation costs of a small manufacturer, whose purpose is to produce and sell at maximum profit, eliminating unnecessary expenses. The research proposes to identify which product presents the lowest cost and which is the most profitable; having as general objective to analyze which product is more profitable to be manufactured, and, as specific objectives, to discriminate the possible methods of costing applied at the Mini College Packed Lunch, to describe the classification of costs and their terminologies, to evaluate which product is more profitable by means of the method of costing in order to provide information that better assists the managers in their decision-making, as well as to set a balance aiming to stablish how much one need to manufacture and sell in order to profit, and to find out by Mark-up what is the ideal price to work with. The study is relevant for companies in general, for it has a broad theme and can serve all business segments; it will also serve as a source of knowledge about costs and will bring a better view on finance. Concerning the academic community, it will be available to other researchers who wish to study the subject. A quantitative research was carried out on the Mini College Packed Lunch, aiming to evaluate the methods of costing applicability to the company in question. For the production of this work researches were carried out based on great authors of cost accounting, such as Silvio Crepaldi (2004), Padoveze (2004) e Elizeu Martins (2003), having as main aspects the study of cost accounting, focusing its relevance within a mass industry. KEYWORDS: methods of costing, costs, expenses, decision-making.
  • 8. LISTA DE FIGURAS Figura 01: Fórmula para cálculo do ponto de equilíbrio 23 Figura 02: Processo de apropriação dos custos fixos, em direto e indireto 25 Figura 03: Fórmula do Mark-up 31 Figura 04: Regra de três simples 34 Figura 05: Cálculo do filé à parmegiana utilizando o custeio variável 40 Figura 06: Cálculo da lasanha utilizando o custeio variável 41 Figura 07: Cálculo da x-tudo utilizando o custeio variável 42 Figura 08: Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção 43 Figura 09: Cálculo do preço de venda por mark-up 47
  • 9. LISTA DE QUADROS Quadro 01: Objetivos da apuração de custos e os sistemas de custeio correspondentes 16 Quadro 02: Calculo para MEI saber se está obrigado a entregar imposto de renda 32 Quadro 03: Custos diretos para produzir o filé à parmegiana 33 Quadro 04: Custos diretos para produzir a lasanha 35 Quadro 05: Custos diretos para produzir o X-Tudo 35 Quadro 06: Separação dos Custos e Despesas 36 Quadro 07: Rateio pelo custo Direto Total 37 Quadro 08: Custos diretos e indiretos do filé à parmegiana 38 Quadro 09: Custos diretos e indiretos da Lasanha 38 Quadro 10: Custos diretos e indiretos do X-Tudo 38 Quadro 11: Custos fixos e variáveis 39 Quadro 12: Despesas Fixas e variáveis 39 Quadro 13: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do filé à parmegiana 44 Quadro 14: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio da lasanha 45 Quadro 15: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do X-Tudo 46
  • 10. LISTA DE TABELAS Tabela 01: Exemplo de Margem de Contribuição 21 Tabela 02: Demonstração do lucro no ponto de equilíbrio 23 Tabela 03: Formula para encontrar o CMV 31
  • 11. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIF – Custos Indiretos de Fabricação CMV - Custo da Mercadoria Vendida CMV – Custo da Mercadoria Vendida CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPA – Custo da Produção Acabada CPV – Custo dos Produtos Vendidos CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSP – Custo do Serviço Prestado Custeio ABC – Custeio Baseado em Atividades CVu – Custo Variável Unitário DVu – Despesa Variável Unitária FCST – Faculdade Católica Santa Teresinha ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços INSS – Instituto Nacional do Seguro Social Institute of Cost and Works Accountants – Instituto de Contadores de Custo e Obras IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados IR – Imposto de Renda IRPF – Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física. ISS – Imposto sobre Serviços MCu – Margem de Contribuição Unitária (MCu) MEI – Micro Empreendedor Individual MOD – Mão de Obra MP – Matérias-primas PE – Ponto de Equilíbrio PIS – Programa de Integração Social PVu – Preço de Venda Unitário SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas UFRN – Federal do Rio Grande do Norte
  • 12. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15 2.1 CONTABILIDADE 15 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS 15 2.3 SISTEMAS DE CUSTOS 16 2.3.1 Terminologias Utilizadas em Custos 17 2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO 19 2.4.1 Custeio por Absorção 19 2.4.2 Custeio Variável 20 2.4.3 Custeio Baseado em Atividade (ABC) 20 2.3 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 21 2.4 PONTO DE EQUILÍBRIO 22 2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS 24 2.6 SEPARAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS 27 2.7 VANTAGENS DOS MÉTODOS DE CUSTEIO 28 2.8 PRECIFICAÇÃO: MARK-UP 29 3 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS DADOS 33 3.1 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL 40 3.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO 43 3.3 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO 44 3.4 MARK-UP: FORMAÇÃO DE PREÇO 46 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
  • 13. 12 1 INTRODUÇÃO Para uma empresa sobreviver e prosperar na atual conjuntura empresarial da sociedade brasileira se faz necessária uma constante atualização das mudanças que acontecem rotineiramente, seja utilizando métodos de inovação, seja utilizando formas de comercialização, com o objetivo de conquistar novos clientes e manter de forma fidelizada aqueles já existentes. É importante obter e dispor de conhecimentos acerca do comportamento dos custos. Com o auxílio de um sistema de custos adequado, o gestor obtém informações essenciais para a tomada de decisões, podendo incrementar seus investimentos e analisar a rentabilidade dos seus produtos da melhor forma, evitando desperdícios e informações distorcidas. Na Mini Marmita Universitária, são produzidos vários tipos de comidas com ingredientes diferentes, o preço de venda é estabelecido sem utilizar cálculos ou métodos, demonstrando, com isso, a falta de conhecimento relacionado à utilização eficiente de um sistema de custeio. Considerando a hipótese da implementação de um sistema de custeio adequado para utilizar informações produzidas pela contabilidade dos custos, questiona-se: Qual o produto que se apresenta com menor custo e qual o mais rentável? Tendo como objetivo geral analisar qual o produto é mais rentável a ser fabricado e, como objetivos específicos, discriminar os métodos de custeio possíveis de utilização pela Mini Marmita Universitária, descrever a classificação dos custos e suas terminologias, avaliar qual produto é mais rentável por meio do método de custeio que produza informações que melhor auxiliem os gestores nas tomadas de decisões, assim como também definir o ponto e equilíbrio para saber quanto precisa fabricar e vender para obter lucro, e descobrir através do Mark-up qual o preço ideal a se trabalhar. A definição do tema objeto deste estudo se deu pela necessidade de obtenção de conhecimentos quanto ao funcionamento dos custos de uma entidade, cuja finalidade é produzir e vender com o máximo de aproveitamento, eliminando gastos e despesas desnecessários, de forma a conseguir um retorno positivo e uma maior rentabilidade do negócio. O presente estudo tem sua relevância para as empresas de forma geral, pois, como a temática é algo abrangente que atende a todos os segmentos empresariais, servirá de fonte de conhecimento acerca de custos e finanças. É fundamental
  • 14. 13 possuir tal conhecimento que possibilite encontrar o melhor método de custeio em meio a uma produção, oportunizando a correção de falhas, chegando, inclusive, a constatar a rentabilidade dos produtos fabricados. Para a empresa, cenário de atuação da presente pesquisa, sua importância se encontra no fato de que será possível conhecer a distinção dos seus custos, podendo alocá-los da forma devida, auxiliando na formação de preços de venda, cujos resultados sejam mais satisfatórios. Seu gestor terá relatórios que contribuirão para uma tomada de decisão, com margens de erro menores, tendo o conhecimento a respeito do preço adequado do produto e honrar suas despesas e, assim, administrá-las de forma a satisfazer as necessidades da entidade. O estudo tem sua relevância para a comunidade acadêmica, pois ficará à disposição de outros pesquisadores que desejem estudar a temática e, especificamente para a pesquisadora, pela possibilidade de adquirir conhecimentos que lhe serão úteis quando do exercício da prática profissional. Foram feitas pesquisas bibliográfica e documental acerca da movimentação financeira da entidade, para entender como a gestora lida com os custos e despesas da produção. A pesquisa se enquadra como aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para resolução de problemas específicos, visto que a empresa não trabalhava com métodos de custeio, onde se fez necessário explanar sobre três métodos possíveis de implementação e, posteriormente, se fazer os devidos cálculos para a obtenção de qual seria o melhor método. O estudo se enquadra como quantitativo, pois lida com fatos, podendo ser traduzido em inúmeras opiniões e informações por meio de recursos e técnicas estatísticas. Por se tratar de um assunto complexo e baseado numa pesquisa documental realizada em um curto espaço de tempo, foram encontradas algumas dificuldades que impossibilitaram um estudo mais aprofundado, como a falta de informações precisas e necessárias, não disponibilizadas pela empresa por não deterem tais informações. A pesquisa objetivou encontrar um método de custeio que se adequasse a uma pequena indústria para auxiliar a gestora em suas tomadas de decisões, com informações hábeis e tempestivas. Foram coletados dados dos arquivos da entidade a título de informação para calcular os métodos de custeio e observar os resultados apresentados por cada método e sua consequente relevância.
  • 15. 14 O trabalho está estruturado em tópicos e sub tópicos a começar por uma breve introdução sobre a contabilidade, depois é falado sobre a contabilidade custos, as terminologias utilizadas, assim como os métodos de custeio possíveis de utilização e suas vantagens, ponto de equilíbrio, o mark-up que irá auxiliar na formação do preço de venda, a apresentação das análises e discussões dos dados e, por fim, as conclusões que a pesquisadora chegou.
  • 16. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CONTABILIDADE A contabilidade é uma grande aliada das empresas, sejam de pequeno, médio ou grande porte, pois através da contabilidade e suas informações, é possível que os gestores formulem uma tomada de decisão confiável. A contabilidade é muito antiga para Marion (2009, p.28) “com o passar dos tempos o governo começou a utilizar-se dela para arrecadar impostos tornando-a obrigatória para maioria das empresas”. Através da contabilidade o governo toma conhecimento do operacional das empresas, sendo possível calcular os impostos referentes aos faturamentos. Diversos são os usuários da contabilidade, diferente do que muitos pensam. Ela não fica restrita a gerentes de uma empresa ou interessados imediatos, mas pode auxiliar toda e qualquer pessoa que precise de informações úteis e tempestivas para saber como está a situação da empresa. Se forem investidores, necessitam de informações acerca do grau de relevância e segurança da empresa que se pretende investir. Se forem instituições financeiras, as informações contábeis externam a possibilidade ou não de concessão de crédito, o poder de solvência contratual da empresa. Segundo Marion (2009) a contabilidade pode ser feita tanto para pessoa jurídica quanto para pessoa física. A pessoa física é toda e qualquer pessoa o ser humano, já a pessoa jurídica é uma personalidade reconhecida por lei, que na maioria das vezes tem fins lucrativos. 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS A contabilidade de custos processa as informações e produz relatórios que auxiliam nas tomadas de decisão, no planejamento e controle de uma entidade e na correta alocação dos custos, receitas e despesas, assim como irá também auxiliar na apresentação dos detalhes da evolução financeira e patrimonial da entidade ao longo dos anos. “Era por meio da contabilidade de custos que o comerciante tinha resposta se estava lucrando com o seu negócio, pois bastava confrontar as receitas com as despesas do mesmo período”, explanou Santos (2005, p. 21). A contabilidade de
  • 17. 16 custos nessa época era bem rústica, pois se baseava em relatórios e fatos passados, sem análise de fatos presentes e descartando as possibilidades futuras de mudança. 2.3 SISTEMAS DE CUSTOS As existências de ferramentas que irão auxiliar os gestores no processo de tomada de decisões devem fazer parte de qualquer organização buscando melhorar a competitividade de sua entidade dentro da sua atuação no mercado. O sistema de custos está dentro destas ferramentas e é de grande importância. O sistema de custos abastece o gestor de informações a respeito da estrutura de custos de sua entidade. Trata-se, pois, de um instrumento eficiente que pode ser utilizado nos campos tático, estratégico e operacional da entidade. O sistema de custos é, dessa forma, a união, classificação e ordenação de dados no que se alega aos custos de produtos e serviços da entidade, de forma a tornar tais informações em relatórios de dados padronizados e estatísticos. Martins (2001, p. 50), utilizando do mesmo raciocínio, afirma que “o sistema representa um conduto que recolhe dados em diversos pontos, processa-os e emite, com base neles, relatórios na outra extremidade”. Segundo Hernandez, Martins e Guedes (2001, p.30), “os objetivos da apuração de custos e os correspondentes sistemas de custeio que os atendam podem ser resumidos”, de acordo com a forma representada pelo quadro abaixo. Quadro 01: Objetivos da apuração de custos e os sistemas de custeio correspondentes. Objetivo Sistema de Custeio Apuração do custo dos produtos e dos departamentos Por Absorção ou ABC Contábil Por Absorção Fiscal Por Absorção ou Arbitrado Controle Padrão ou Standard Melhoria de processo Por Atividades Gerencial Variável ou Direto Otimização de resultados Teoria das restrições Fonte: Perez JR, Oliveira e Costa (2001, p.30)
  • 18. 17 O objetivo principal de todos os sistemas de custeio é identificar os custos ocorridos nos processos de produção ou das prestações de serviços, podendo ser utilizado o sistema de custeio que melhor identifique as informações desejadas pelos gestores da organização. A partir da Revolução Industrial que surgiu na Inglaterra, em meados do século XVIII, de acordo com Bomfim e Passarelli (2006), nascem as primeiras indústrias onde houve a substituição da mão-de-obra utilizada na produção pelo método fabril, surgindo assim as necessidades de obtenção de informações para mensurar os custos em um grande volume de produção. Entretanto, foi a França que a alavancou e se revelou nos estudos da contabilidade de custos. Nos finais do século XIX e durante o século XX, os Estados Unidos tomaram uma posição primordial na indústria e na contabilidade. O Presidente do Institute of Cost and Works Accountants (Instituto de Contadores de Custo e Obras) Alexander Hamilton Church, fez com que os sistemas de custeio ganhassem contornos que são conhecidos até hoje (IUDICÍBUS, 2000). 2.3.1 Terminologias Utilizadas em Custos Existe uma terminologia própria relacionada à área de custos, que muitas vezes é aplicada de maneira equivocada, onde alguns dos termos utilizados com certa frequência, apesar de parecerem similares, possuem significados diferentes. A definição das terminologias é fundamental para compreender a apuração do custo da produção, assim como dos resultados. O primeiro termo a ser definido é o Gasto, que é o consumo genérico de bens, um sacrifício financeiro para adquirir bens ou serviços que geram uma perda no ativo. Segundo Martins (2003) o gasto só existe na passagem da propriedade da entidade do serviço ou bem, logo existindo o reconhecimento contábil da dívida ou da redução do ativo dado em pagamento. Como exemplo tem-se os gastos com material de expediente, telefone, energia elétrica, gastos com mercadorias, gastos com pessoal, dentre outros. Em seguida, se apresenta o Desembolso, como sendo a saída de dinheiro das contas bancárias ou do caixa, para aumentar a receita sem ser através da principal atividade da entidade. Martins (2003, p.26) afirma que “pode ocorrer antes, durante ou após a entrada de utilidade comprada, portanto defasada ou não do
  • 19. 18 momento do gasto”. Como, por exemplo, a aquisição de matérias primas à vista para o estoque. Já no que tange a Investimento, diz respeito a gasto realizado para benefícios futuros, aquisição de um ativo. Para Martins (2003, p.25), Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são “estocados” nos Ativos da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos. Tem-se como exemplo máquinas, equipamentos, ferramentas de outros do gênero. Existe também a terminologia denominada Custo, que é o gasto efetuado em um serviço ou bem utilizado diretamente na produção do produto, ou seja, é o dispêndio financeiro necessário para que seja fabricado o produto, que tem, como exemplo, a matéria prima. Outra terminologia bastante conhecida é a Despesa, que por sua vez, significa o sacrifício financeiro para se obtiver um aumento na receita, de consumo direto ou indireto. Segundo Ching (2001, p.16) “propagando, pesquisa e desenvolvimento podem ser considerados despesas, por não poderem ser associados com a venda e fabricação dos produtos”. Para Martins (2003, p.26): Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços a que se referem. Muitos gastos são automaticamente transformados em despesas, outros passam primeiro pela fase de custos e outros ainda fazem a via-sacra completa, passando por investimento, custo e despesa. Pode ser citado como exemplo as comissões dos vendedores, é um gasto realizado pela empresa que automaticamente se torna uma despesa. E por fim, mas não menos importante, temos a Perda, que são os gastos incorridos de forma inesperada e involuntária. Não deve ser confundido com custos ou despesas, por ter a anormalidade como característica. A título de exemplo, o
  • 20. 19 gasto como mão de obra durante uma greve, perdas com incêndios, estoques obsoletos entre outros. 2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO Os sistemas de custeio definem como os custos são registrados e transferidos dentro da entidade, estruturando como deve ser mensurado o custo do produto. Pode-se dizer que é o método de custeio quem fornece embasamento para mensuração e informação na tomada de decisão. Os sistemas de custeio desempenham o papel de conceder as informações necessárias sobre o que realmente é importante para o cliente, gerar informação que vise melhorar a qualidade dos produtos e dos processos de produção, identificar os custos relevantes e identificar atividades que não geram retornos satisfatórios. Custeio nada mais é que o método de Apropriação de Custos, subdividido em Custeio por Absorção, Custeio direto ou variável e Custeio ABC (custeio baseado em atividades). Antes de apresentá-los se faz necessário conhecer alguns termos próprios utilizados na contabilidade de custos. 2.4.1 Custeio por Absorção Este método de custeio é também conhecido como custeio integral, que consiste em apropriar todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do custo fixo, utilizando o método de rateio. O sistema de custeio por absorção é falho em muitas circunstâncias, como instrumento gerencial de tomada de decisão, porque tem como premissa básica os rateios dos chamados custos fixos, que apesar de aparentarem lógicos, poderão levar a alocações arbitrárias e até enganosas. (SANTOS, 2005, p. 83) O custeio por absorção diferencia principalmente os custos das despesas. As despesas são contabilizadas em lançamentos de crédito, debitando o resultado do período, por isso é importante tal diferenciação, visto que apenas os custos pertencentes aos produtos vendidos terão o mesmo tratamento.
  • 21. 20 2.4.2 Custeio Variável Esse método de custeio é bastante utilizado para fins gerenciais, não sendo permitido seu uso para fins contábil e fiscal. Alocam ao custo de produção do período apenas os custos variáveis de produção. Os custos fixos não são tratados como custos do produto e sim como custos do período, logo os estoques de Produtos em Elaboração e Produtos Acabados não contêm parcela de custos fixos, contendo somente custos variáveis de produção. O Método de Custeio Variável é utilizado pelas entidades no auxílio à tomada de decisões, tendo como objetivo apresentar a Margem de Contribuição (Distinção entre a Receita e o Custo variável) que cada produto aponta para cobrir gastos fixos da entidade e gerar lucro. Megliorini (2001, p.31) afirma que “enquanto no custeio por absorção eles são rateados aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período, indo diretamente para o resultado igualmente as despesas”. O custeio variável possibilita identificar os custos fixos de cada produto, enquanto que no custo por absorção é feito um rateio de todos os produtos fabricados naquele período. 2.4.3 Custeio Baseado em Atividade (ABC) O Custeio Baseado em Atividades (ABC) tem como objetivo avaliar com exatidão as atividades desenvolvidas em uma entidade, conduzindo as despesas e os custos indiretos para uma alocação mais realista aos produtos e serviços. O ABC defende o princípio de que não é o produto ou serviço que absorve os recursos, mas sim as atividades que consomem tais recursos que, por vez, são consumidas pelos produtos ou serviços. O método de custeio por atividades pretende segmentar a entidade em atividades, para que possam ser definidas as atividades desenvolvidas e, em seguida, determinar qual o seu custo e só assim mensurar seu comportamento econômico. No sistema ABC, as atividades são o foco do processo de custeio. Os custos são investigados, relacionando-se as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção. Portanto, as bases de alocação usadas no custeio baseado na
  • 22. 21 atividade são medições de atividades executadas que podem incluir horas do tempo de ajuste de máquina ou número de vezes em que isso foi feito. (CREPALDI, 2004, p.223) No custeio por absorção os custos são mensurados por rateio para todos os produtos fabricados naquele período. 2.3 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO A margem de contribuição é o valor que cobrirá as despesas fixas e os custos da entidade proporcionando lucro, segundo Crepaldi (2004), a margem de contribuição corresponde à diferença entre o preço de venda e a soma dos custos variáveis. O resultado deve ser suficiente para cobrir os custos fixos e obter o lucro desejado pela entidade. Existem grandes vantagens em conhecer as margens de contribuição de cada produto ou linha de produto, pois ajuda a entidade a decidir quais mercadorias merecem um maior esforço de vendas e qual será o preço mínimo para realizar promoções, além de que são essenciais para auxiliar a administração da entidade a decidir por fazer manutenção ou não de determinados produtos e pela manutenção ou não de determinada filial. As margens de contribuição podem ser usadas para avaliar meios de reduzir preços e aumentar o volume de vendas, além de ser utilizada também para determinar o ponto de equilíbrio da empresa o que será explanado no próximo tópico. Em uma situação hipotética, uma indústria de massas fabrica dois produtos, X e Y. O produto X é vendido por R$ 2.000,00 (dois mil reais) e o produto Y por R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais). O custo unitário do produto X é de R$ 900,00 e o custo variável unitário do produto Y é R$ 1.500,00, conforme tabela abaixo: Tabela 01: Exemplo de Margem de Contribuição DADOS PRODUTO X PRODUTO Y Preço de venda Unitário R$ 2.000,00 R$ 2.200,00 Custos Variáveis Totais Unitários R$ 900,00 R$ 1.500,00 Margem de Contribuição Unitária R$ 1.100,00 R$ 700,00 Fonte: dados da autora, 2017.
  • 23. 22 Conforme exemplificado na tabela 01, o produto que apresenta uma maior rentabilidade é o produto X, visto que, apresenta uma maior margem de contribuição unitária. 2.4 PONTO DE EQUILÍBRIO As pequenas entidades empresariais muitas vezes não sabem que existe uma quantidade mínima para produzir ou vender seus produtos para que venham a obter resultados satisfatórios, talvez por não haver conhecimento ou até mesmo não achar uma ferramenta muito útil e de aplicabilidade fácil. É fundamental que a entidade obtenha informações quanto ao ponto de equilíbrio de seus produtos vendidos e ou fabricados, pois chegando no ponto de equilíbrio a entidade não terá prejuízo nem lucro. Para Joel (2005, p.46), “o ponto de equilíbrio será obtido quando o total dos lucros marginais, de todos os produtos comercializados, equivalerem ao custo estrutural fixo do mesmo período de tempo objeto da análise”. Ou seja, é a quantidade ou o valor que a entidade deve vender para poder cobrir o custo de aquisição das mercadorias vendidas. Isto é, as despesas fixas e as despesas variáveis. O ponto de equilíbrio é de grande importância no processo de gestão da entidade. Não necessariamente serve apenas para obter a quantidade de vendas a ser atingida para que venha a não ter nem lucro, nem prejuízo. Serve como auxilio relevante para tomada de decisões, pois é uma ferramenta gerencial que possibilita ao gestor traças metas e alcançar objetivos de vendas, reduzindo ou expandindo a produção entre outros. Segundo Joel (2005, p.46), Para determinar o ponto de equilíbrio, a empresa necessita classificar de forma adequada seus custos estruturais fixos, por exemplo, de um mês, e conhecer o lucro marginal formado pelo “mix” de todos os produtos vendidos no mesmo mês. Isto é, descobrir o lucro que teria caso fosse produzida e vendida uma unidade adicional de um serviço ou produto. Sabe-se que não existe um ponto de
  • 24. 23 equilíbrio ideal, ele deve ter o nível menor possível, já que quanto menor der o ponto de equilíbrio maior será sua segurança passada para a entidade. Para encontrar o ponto de equilíbrio (PE) de um produto ou serviço é necessário entender alguns pontos. A margem de contribuição unitária (MCu) é de extrema importância para se obter o resultado correto, que nada mais é que o preço de venda unitário (PVu) menos o custo variável unitário (CVu) e despesa variável unitária (DVu). Após obter a margem de contribuição unitária é possível calcular o ponto de equilíbrio conforme figura abaixo: Figura 01: Fórmula para cálculo do ponto de equilíbrio. Fonte: Martins, 2003. Com essa formula facilmente será encontrado o ponto de equilíbrio de um produto ou serviço, podendo ser calculado o ponto de equilíbrio unitário (de uma única unidade) ou da produção total. Tabela 02: Demonstração do lucro no ponto de equilíbrio. DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO (NO PONTO DE EQUILIBRIO) Vendas R$ 1.018,52 100% (-) Custos Marginais -R$ 468,52 46% {=} Lucros Marginais R$ 550,00 54% (-) Custos Estruturais Fixos -R$ 550,00 -54% {=} Lucro Operacional R$ 0,00 0% Fonte: Joel (2005, p.47) No caso citado, o autor obteve o ponto de equilíbrio R$ 1.018,00 (um mil e dezoito reais) e, após deduzir os custos marginais que, segundo Joel (2005), são aqueles que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda. E os custos estruturais fixos chegaram ao resultado zero, vindo a confirmar a teoria do ponto de equilíbrio. 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 ( 𝑃𝐸) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 + 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑥𝑎𝑠 𝑀𝐶𝑢 𝑥 100
  • 25. 24 2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS Como foi mencionado anteriormente, custo é o gasto efetuado em um serviço ou bem que é utilizado diretamente no processo de produção, ou seja, é o gasto necessário para que seja fabricado o produto. Como exemplo tem-se a matéria- prima, a mão de obra e os gastos gerais de fabricação, como energia elétrica, manutenção e depreciação de máquinas e equipamentos, materiais de limpeza e conservação para a fábrica, dentre outros. Os custos podem ser classificados de diversas formas. Em relação ao produto fabricado, eles classificam-se em direto, quando o custo está diretamente ligado ao produto, podendo ser mensuradas as quantidades consumidas, ou indireto, que necessita do uso de rateio para apropriação dos custos por não ter suas quantidades consumidas de forma clara e objetiva. Existem também os custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis, cuja classificação pode ser, tanto em relação a custos, como a despesas e são relacionados ao volume de produção ou venda, conhecidos como comportamento de custo, que trata o crescimento dos custos variáveis e fixos correspondente ao volume de atividades. Em virtude do que foi mencionado, Padoveze (2004) afirma que tal classificação não terá significado algum caso não seja identificado primeiro alguma atividade operacional ou segmento da organização para que sejam relacionados os custos. São chamados de custos diretos, quando se é possível alocar os custos aos produtos fabricados de maneira objetiva e clara. Se estiver sendo fabricada uma série de produtos e se tem a convicção do que está em uso e o quanto é consumido na fabricação, a mão de obra e os materiais utilizados são considerados custos diretos. Em relação a essa realidade, não se faz necessário o uso de rateio, visto que existe um controle da quantidade utilizada por cada produto. Segundo Padoveze (2004), quando relacionados com os produtos finais, os custos diretos são os gastos industriais que podem ser alocados direta e objetivamente aos produtos, podendo ser fixos e variáveis. Como exemplo de custos diretos tem-se embalagens, matérias primas, mão de obra direta, energia elétrica, quando há a possibilidade de obter informações por meio de medidores.
  • 26. 25 Figura 02: Processo de apropriação dos custos fixos, em direto e indireto. Fonte: dados da autora, 2017. Em se tratando dos custos indiretos, não há tanta facilidade e praticidade para alocá-los aos produtos, pois são os custos incorridos dentro da produção, mas que não estão diretamente ligados ao produto. Para identificá-los se faz necessário o uso de rateio, ou seja, dividi-los proporcionalmente à quantidade de produto fabricado. Como exemplo tem-se as máquinas utilizadas, aluguel da fábrica, mão de obra indireta, gasto com energia quando não dispuserem de um medidor, materiais indiretos, quando são utilizados nas atividades auxiliares de produção ou cuja ligação com o produto é irrelevante, como lubrificantes, graxas, lixas, entre outros. Maher (2001, p.231), explica que o “rateio de custos representa a atribuição de um custo indireto a um objeto do custo, segundo certa base”. Esta é a base de rateio que será empregada para dividir os itens de custo indireto. Em relação ao volume de produção ou venda, como anteriormente foi dito, são classificados como custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis, que podem ser custos ou despesas, conhecidos como comportamento de custo, que trata o crescimento dos custos variáveis e fixos correspondentes ao volume de atividades. Os custos fixos são aqueles que, dentro da entidade, não sofrem alterações independentemente do volume da produção, ou seja, permanecem os mesmos. Podem ser citados como exemplos o aluguel da fábrica e os seguranças, cujos valores pagos serão os mesmos independentemente do volume da produção. Uma característica importante a observar em relação aos custos fixos é que eles se tornam variáveis quando são calculados unitariamente em função da escala produzida. O cálculo por escala existe, pois os custos fixos serão divididos entre os CUSTO INDIRETOCUSTO DIRETO PRODUTO A RATEIO PRODUTO A PRODUTO B
  • 27. 26 produtos fabricados, quanto maior for a produção de determinado produto menor será o valor do custo fixo sobre o mesmo. Conforme Padoveze (2004, p.328): Apesar de serem conceitualmente fixos, tais custos podem aumentar ou diminuir em função da capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os custos são fixos dentro de um intervalo relevante de produção ou venda, e podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem significativos. Por exemplo, se uma entidade tem um custo fixo de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e produz 100 (cem) unidades do produto X, logo o custo fixo sobre o produto X será de R$ 20,00. Porém, se esta entidade começar a produzir 200 (duzentas) unidades do mesmo produto, o custo fixo do produto X será de R$ 10,00 (dez reais0. Em virtude disto, o custo fixo torna-se variável quando calculado por unidade. Diferente dos custos fixos, os custos variáveis estão direta e objetivamente ligados com o volume de produção e, quanto maior for a escala de produção da entidade, maior será o custo variável. Os custos semivariáveis ou mistos variam com o nível de produção, porém, têm uma parcela fixa ainda que nada seja produzido, como por exemplo a conta de água da fábrica. Mesmo que não haja consumo de água naquele determinado mês é cobrado uma taxa mínima. Segue esta mesma linha de raciocínio os gastos com lenha ou combustível para aquecimento de uma fornalha, já que a fornalha não pode esfriar. Por fim, os custos semifixos são custos que são fixos até um limite de produção, mas que podem variar caso haja uma mudança neste limite. Para Padoveze (2004, p.331): Outros custos considerados mistos são aqueles que têm dentro de si uma parcela fixa e uma parcela variável, tornando-se semivariáveis ou semifixos. Damos como exemplo os gastos com energia elétrica, cujos valores pagos pela manutenção da demanda são fixos dentro do período e os valores pagos pelo consumo de quilowatts consumidos são variáveis em relação à utilização do parque industrial.
  • 28. 27 Como exemplo de custos semifixos tem-se a água utilizada numa indústria, que tem um valor fixado até determinado volume de produção, como também para as limpezas necessárias, até que a produção aumente e tenha que ser usada em uma quantidade relativamente superior ao valor que era usado anteriormente. 2.6 SEPARAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS O primeiro passo para separação dos custos e despesas é saber o que são gastos pertencentes ao processo de produção que estes são denominados de custos, que inclui os custos de aquisição de materiais e todos os gastos incorridos na produção. Existem alguns elementos básicos utilizados para definir setores da produção e obter uma comunicação específica da contabilidade de custos. É necessário que os responsáveis pela preparação e os que irão se valer de tais dados utilizem a mesma linguagem, são classificadas: Matérias-primas ou MP materiais constituintes no produto acabado, tem também a Mão de obra ou MOD que é relacionado diretamente com os produtos ou serviço especifico, os Custos indiretos de fabricação ou CIF que são todos os custos incorridos da fabricação, com exceção de matérias primas e mão de obra, os Insumos que são bens utilizados para a produção de mercadorias ou serviços, o Custo da Produção Acabada ou CPA é constituído pela soma de todos os custos incorridos na produção acabada, e o Custo dos Produtos Vendidos ou CPV que refere-se a soma de todos os custos da produção de produtos que está sendo vendido, podendo conter custos de vários períodos, caso os produtos tenham sido produzidos em períodos diferentes. Já os gastos pertencentes à administração e às vendas são chamados de despesas, como por exemplo, o salário da administração, materiais de escritório, entre outros. Algumas vezes, entretanto, não é possível haver uma separação tão uniforme e objetiva, sendo necessário o uso do rateio para separar os gastos, que segundo Martins (2001) é sempre arbitrário, por não haver a possibilidade prática de uma divisão científica. A divisão é feita em função da proporcionalidade entre número de pessoas na fábrica e fora dela, ou com base nos demais gastos, ou em porcentagens fixadas pela diretoria. Como exemplo tem-se uma fábrica que possui
  • 29. 28 uma única administração, não sendo possível identificar o que realmente pertence à fábrica, então se faz o rateio e separa o que é despesa e o que é custo. Posterior à separação dos custos e despesas, vem a apropriação dos custos diretos e indiretos. Como os custos são apropriados aos produtos, é necessário estabelecer critérios para medi-los. A separação desses custos em diretos e indiretos é o que permite que isso seja feito (MEGLIONI, 2006). Como foi mencionado anteriormente, todos os gastos incorridos na fábrica são classificados como custos, e subdivididos em diretos e indiretos. A mensuração da apropriação de um custo direto é feita pelo que foi consumido por tal produto. A mão de obra direta é calculada pela quantidade de horas trabalhadas, já a matéria prima pela quantidade utilizada de fato na produção. Martins e Rocha (2010) afirmam que quando identificado e mensurado de forma clara, precisa, objetiva e economicamente viável, cada elemento objeto de custeio são considerados custos diretos. Por outro lado a apropriação dos custos indiretos se dá pelo uso do rateio, por não ser possível identificar quantidades utilizadas e consumidas. 2.7 VANTAGENS DOS MÉTODOS DE CUSTEIO Determinar qual será a melhor escolha para mensurar e apropriar o custo no preço de venda é fundamental para um resultado positivo da entidade. O custeio variável possibilita que os produtos mais rentáveis sejam identificados com mais segurança, viabilizando aos gestores informações precisas e confiáveis para saber determinar quais os melhores preços, estratégias de venda e promoções a aplicar sem que tenham prejuízos indesejados. Para Crepaldi (2004) o custeio variável pode ser considerado positivo por facilitar o tempo e trabalho consumido, tornando a apuração e a apresentação de informações mais práticas. Os custos fixos apresentam-se separadamente nas demonstrações, o que proporciona um melhor controle. Os custos dos produtos podem ser mensurados por unidade, independente do volume de produção. O custeio variável fornece informações e ferramentas satisfatórias para entidades que buscam mensurar e quantificar os custos de cada produto fabricado. Como foi visto anteriormente, o custeio por absorção consiste em apropriar todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do custo fixo utilizando o
  • 30. 29 método de rateio. Segundo Crepaldi (2004) dentre as vantagens do método de custeio por absorção estão: o custeio por absorção se destaca principalmente por ser aceito pelo fisco no Brasil, engloba todos os custos da entidade nos custos dos produtos, o que valoriza a fixação de preços de venda mais reais. Para Leone (1997), as principais vantagens estão no fato de ser usado para obtenção de soluções de longo prazo, onde, normalmente, as informações do custeio por absorção são recomendadas e os resultados pelo custeio por absorção serem aceitos para a preparação de demonstrações contábeis de uso externo. Já o custeio por atividades ou ABC tem como vantagem a redução de rateio, o que proporciona mais confiabilidade nas informações gerenciais, obrigando que a entidade tenha um controle interno mais rigoroso. Para Padoveze (2004) o custeio por atividades ou ABC permite apurar os custos de forma mais clara e precisa, ao mesmo tempo auxilia no processo de controle dos custos das atividades. 2.8 PRECIFICAÇÃO: MARK-UP Quando se oferece um serviço ou se vende um produto, o valor a ser cobrado aos clientes tem um efeito direto no êxito do negócio, visto que a inexistência de planejamento e precificação poderá significar uma redução considerável da lucratividade dos negócios. Um fator de grande influência na decisão dos clientes em comprar ou não comprar é a formação do preço de venda, quando a entidade trabalha com preços muito elevados acaba afastando seus clientes e perdendo mercado e, trabalhando com preços abaixo do normal, a entidade poderá sofrer prejuízos, não conseguindo obter o valor necessário para cobrir seus custos e despesas, muito menos lucratividade. O preço que seja ideal para venda é o que encobre os custos do serviço ou produto e ainda possibilita o retorno almejado pela entidade. Sendo assim, ela irá avaliar se o preço ideal de venda da entidade é compatível com o preço de venda existente no mercado. Para (PARENTE, 2000), de todas as variáveis que compõem o mix de marketing, o preço é aquele que mais afeta a competitividade, o volume de vendas e a lucratividade das empresas varejistas, tornando a política de preços um fator crucial de seu posicionamento estratégico.
  • 31. 30 Nesse trabalho será abordado a formação do preço de venda baseada nos custos, ou seja, Mark-up, que segundo Mendes (2009, p.127), o “Mark-up é uma das práticas mais comuns de política de preços”. Para Cogan (1999, p. 133), É um índice aplicado sobre o custo de um bem ou serviço para a formação do preço de venda. Esse índice é tal que cobre os impostos e as taxas aplicadas sobre as vendas, as despesas administrativas fixas, os custos indiretos fixos de fabricação e o lucro. Ou seja, é o valor a ser cobrado ao longo do custo total de um serviço ou produto para chegar ao lucro almejado. O Mark-up, conforme Santos (2005, p. 129), tem for finalidade cobrir as seguintes contas:  Impostos sobre vendas;  Taxas variáveis sobre vendas;  Despesas administrativas fixas;  Despesas de vendas fixas;  Custos indiretos de produção fixos; e  Lucro. Sabe-se que o preço de venda baseado por Mark-up pode ser calculada de duas formas, seja individualmente por cada produto, seja para os produtos na sua totalidade. Para calcular o Mark-up e utilizá-lo no preço de venda deve-se conhecer algumas variáveis do serviço ou produto. São eles: custo da mercadoria vendida, tributos sobre a venda, comissões, custo fixo e lucro. O primeiro, como foi dito, é o custo da mercadoria vendida (CMV) para empresas que fabricam ou vendem produtos, ou custo do serviço prestado (CSP), para entidades que prestam serviços, levando sempre em consideração os materiais necessários, assim como a mão de obra direta. A tabela abaixo mostra como encontrar o custo da mercadoria vendida ou (CMV).
  • 32. 31 Tabela 03: Formula para encontrar o CMV. CMV = Custo de Aquisição (-) Descontos Obtidos (-) Impostos Recuperáveis (+) Impostos não Recuperáveis (+) Fretes (+) Seguros (+) Outas despesas Incidentes na aquisição Fonte: Martins, 2003. Conforme exemplificado acima na tabela 03, fazendo as somatórias dos custos agregados e as devidas deduções chegam-se ao valor exato do custo da mercadoria vendida, assim como também no custo no serviço prestado. Após conhecer as variáveis necessárias para o cálculo do Mark-up, acha-se a porcentagem de cada uma e aplica na fórmula, conforme exemplo abaixo. Figura 03: Fórmula do Mark-up. Fonte: Martins, 2003. É fundamental para calcular o custo do serviço prestado ou da mercadoria vendida saber qual o regime tributário da entidade, ou seja, qual regime incide crédito e débito de ICMS, podendo ser lucro presumido, lucro real ou Simples Nacional. Caso seja um MEI (Micro Empreendedor Individual), não é necessário apuração de ICMS, segundo o portal (SEBRAE, 2017): MEI significa microempreendedor individual. Para ser um MEI é necessário faturar hoje até R$ 81.000,00 por ano ou R$ 6.750,00 por mês, não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e ter no máximo um empregado contratado que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria. O MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Se recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 no ano anterior (cerca de R$ 2.380 por mês). Ou seja, se a sua parcela tributável do lucro é maior que este valor, você é obrigado a declarar. 𝑀𝐴𝑅𝐾𝑈𝑃 = 100 100 − (% 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 + % 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝐹𝑖𝑥𝑎 + % 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜)
  • 33. 32 Quadro 02: Calculo para MEI saber se está obrigado a entregar imposto de renda. Descrição Valor Receita bruta anual R$ 60.000 Despesas comprovadas do MEI (água, luz, telefone, aluguel) R$ 10.000 Lucro evidenciado (Receita bruta menos despesas comprovadas) R$ 60.000 – R$ 10.000 = R$ 50.000 Parcela isenta (32% da receita bruta anual de R$ 60.000) R$ 60.000 x 0,32 = R$ 19.200 Parcela tributável do lucro (Lucro evidenciado menos parcela isenta) R$ 50.000 – R$ 19.200 = 30.800 Fonte: Portal SEBRAE1, 2017 Neste exemplo, os rendimentos tributáveis excederam R$ 28.559,70 (vinte e oito mil quinhentos e cinquenta e nove mil reais e setenta centavos). Portanto, estaria obrigado a entregar a (IRPF) Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física. Ainda segundo o portal (SEBRAE, 2017), o MEI tem direito aos benefícios previdenciários, como auxílios doença e maternidade, aposentadoria e outros, tem acesso ao CNPJ para emissão de notas ficais, acesso facilitado à abertura de contas e empréstimos bancários. Dentre tantos direitos, há algumas obrigações que devem ser cumpridas, que é o pagamento de uma taxa mensal de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) para Comércio ou Indústria, R$ 49,00 (quarenta e nove reais) para prestadores de serviços ou R$ 50,00 (cinquenta reais) para Comércio e Serviço. O cálculo corresponde a 5% (cinco por cento) do salário mínimo, a título da Contribuição para a Seguridade Social, mais R$ 1,00 (um real) de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e/ou R$ 5,00 (cinco reais) de Imposto sobre Serviços (ISS). Deve ser levadas em consideração também as comissões sobre as vendas, que são pagas em percentual aos vendedores, os custos fixos, que já foram falados no tópico 2.3, que são aqueles que, dentro da entidade, não sofrem alterações independentemente do volume da produção, ou seja, permanecem os mesmos. Por fim o lucro, que nada mais é que o percentual de lucro que a entidade deseja conseguir em cada serviço ou venda. 1 Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-o-mei-faz-a-declaracao- de-imposto-de-renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD
  • 34. 33 3 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS DADOS Para demonstrar os resultados da pesquisa, foram elaboradas planilhas de custos utilizando o Excel como ferramenta e as informações disponibilizadas pela entidade. Foram concedidas informações sobre gastos diretos e indiretos de fabricação de três produtos, sendo eles: o filé à parmegiana, a lasanha e o X-tudo, responsáveis pelo maior número da receita, buscando identificar qual o produto mais rentável a ser fabricado e se os preços de venda possibilitam um lucro satisfatório, analisando os resultados pelo método de custeio que melhor se encaixa para os objetivos da entidade. Quadro 03: Custos diretos para produzir o filé à parmegiana Fonte: Mini Marmita Universitária2, 2017 A quantidade citada no quadro 03 (três) produz 40 (quarenta) marmitas de filé à parmegiana, onde serão vendidos a R$ 3,00 (três reais) cada marmita, gerando uma receita bruta de R$ 120,00 (cento e vinte reais) 2 Informações colhidasda empresa Mini Marmita Universitária eelaborada emforma de quadro pela autora. FILÉ À PARMEGIANA INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL Carne moída 2KG R$ 0,60 R$ 24,00 Macarrão 4 PCT R$ 0,20 R$ 8,00 Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00 Óleo 500 ML R$ 0,05 R$ 2,00 Farinha de Trigo 60 G R$ 0,003 R$ 0,13 MOLHO Cebola 2 UNID R$ 0,05 R$ 2,00 Tomate 6 UNID R$ 0,11 R$ 4,20 Pimentão 2 UNID R$ 0,03 R$ 1,20 Alho 6 UNID R$ 0,075 R$ 3,00 Água 3 LT R$ 0,015 R$ 0,60 Embalagens 40 UNID R$ 0,15 R$ 6,00 TOTAL R$ 1,53 R$ 57,98
  • 35. 34 Alguns produtos tiveram que ser rateados para alocar o custo exato da quantidade utilizada na produção e também para descobrir o valor unitário, como por exemplo, a água e a farinha de trigo, que foram utilizados 60 (sessenta) gramas, visto que só é possível comprar um pacote de 01 (um) quilograma, logo se fez necessário utilizar o método de cálculo por regra de três simples para auxiliar a descobrir o custo unitário que, segundo Martins (2003, p.30), é um processo que se destina a resolver problemas que envolvam grandezas inversamente ou diretamente proporcionais. A figura 4 exemplificará como foram feitos os rateios. Figura 04: Regra de três simples Fonte: Dados da autora, 2017. Para fazer o cálculo regra de três simples, coloca-se a quantidade total do produto que são 1000g (um mil gramas), ou seja, 1kg (um quilograma) sob a quantidade utilizada 60g (sessenta gramas), ao lado o valor total do produto sob x para descobrir o valor de 60g (sessenta gramas), multiplicasse em x, chegando a uma equação e por fim o resultado. Com base nos dados coletados nos relatórios da entidade, o quadro 04 (quatro) detalha cada ingrediente do segundo produto fabricado, que é a lasanha, junto com seu valor total e também o custo unitário de cada um deles, para o qual foi utilizado também o método regra de três simples.
  • 36. 35 Quadro 04: Custos diretos para produzir a lasanha LASANHA INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL Peito de Frango Grande 1 UNID R$ 0,30 R$ 12,00 Creme de Leite 3 UNID R$ 0,15 R$ 6,00 Caldo Knorr Caixa C/12 1 UNID R$ 0,11 R$ 4,20 Maisena Pequena 1 UNID R$ 0,05 R$ 2,00 Macarrão Parafuso 2 UNID R$ 0,13 R$ 5,00 Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00 Verduras 1 KG R$ 0,15 R$ 6,00 Água 2 LT R$ 0,01 R$ 0,40 Embalagens 40 UNID R$ 0,15 R$ 6,00 TOTAL R$ 1,29 R$ 51,60 Fonte: Mini Marmita Universitária, 2017. A quantidade citada no quadro 04 (quatro) produz 40 (quarenta) marmitas de lasanha, onde serão vendidas a R$ 3,00 (três reais) cada marmita, gerando uma receita bruta de R$ 120,00 (cento e vinte reais) A seguir quadro 05 demonstrará cada ingrediente do terceiro produto fabricado que é o X-tudo junto com seu valor total, e o custo unitário de cada um deles o qual foi utilizado também o método regra de três simples para obtê-los. Quadro 05: Custos diretos para produzir o X-Tudo X – TUDO INGREDIENTES QUANTIDADE VLR UNITÁRIO VLR TOTAL Pão 40 UNID R$ 0,20 R$ 8,00 Carne 02 KG R$ 0,50 R$ 20,00 Queijo 20 UNID R$ 0,25 R$ 10,00 Salsicha 20 UNID R$ 0,175 R$ 7,00 Ovos 40 UNID R$ 0,30 R$ 12,00 Presunto 20 UNID R$ 0,125 R$ 5,00 Peito de Frango 01 UNID R$ 0,175 R$ 7,00 Água 01 LT R$ 0,005 R$ 0,20 Embalagens 40 UNID R$ 0,025 R$ 1,00 TOTAL R$ 1,76 R$ 70,20 Fonte: Mini Marmita Universitária, 2017.
  • 37. 36 A quantidade citada no quadro 05 (cinco) produz 40 sanduíches, onde serão vendidas a R$ 4,00 (quatro reais) cada sanduíche, gerando uma receita bruta de R$ 160,00 (cento e sessenta reais) A empreendedora responsável pela empresa relatou que a produção gira em torno de 60 (sessenta) refeições ao dia, sendo 20 (vinte) refeições de cada produto, de segunda a sexta, ou seja, em um mês ela fabrica e vende cerca de 1.200 (um mil e duzentas) unidades, funciona com dois pontos de venda, um ponto na frente da Faculdade Católica Santa Teresinha (FCST) e o outro na frente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ficando a mesma responsável pela produção de seus produtos, com o auxílio do filho para realizar as vendas. Primeiramente, se faz necessária a separação dos custos e despesas, depois classificar os custos em custos diretos e indiretos, se são fixos ou variáveis e, por fim, classificar as despesas em fixas ou variáveis. Quadro 06: Separação dos Custos e Despesas. CUSTOS VALOR DESPESA VALOR MP Filé à parmegiana R$ 579,80 Gasolina R$ 28,00 MP Lasanha R$ 516,00 MP X-Tudo R$ 702,00 Gás R$ 22,00 Mão de Obra R$1.000,00 TOTAL R$ 2.819,80 R$ 28,00 Fonte: Dados da autora, 2017. O quadro 06 separa os custos das despesas e mostra quantos foram os custos e as despesas de fabricação de um mês, totalizando 400 (quatrocentas) unidades de cada produto, conforme explicado acima. Para poder analisar de maneira comparativa como funcionam os métodos de custeio, conforme informações colhidas, foram levantadas uma produção e venda de 60 (sessenta) refeições ao dia, 20 (vinte) refeições de cada produto, de segunda a sexta, totalizando 1.200 (um mil e duzentas) unidades no mês. Foi usado como base para o rateio do gás as horas de trabalho, ou seja, a quantidade de horas em que o gás permanece ligado por dia. Vale ressaltar que não havia produtos acabados e nem estoques iniciais de produtos acabados ou produtos na parte de elaboração.
  • 38. 37 Foi informado à pesquisadora que o botijão de gás custa R$ 65,00 (sessenta e cinco reais) e que ele rende cerca de 60 (sessenta) dias, sendo utilizados 20 (vinte) dias por mês, de segunda a sexta, durante 05 (cinco) horas seguidas. Logo, 60 (sessenta) dias a 05 (cinco) horas, rendem 300 (trezentas) horas até acabar o gás por completo. Sabendo que o botijão de gás custa R$ 65,00 (sessenta e cinco reais) e rende 300 (trezentas) horas, R$ 65,00 (sessenta e cinco reais) dividido por 300 horas resultará em R$ 0,22 (vinte e dois centavos), que será o valor da hora, multiplicado por 05 (cinco) horas, chegará a um resultado de R$ 1,10 (um real e dez centavos), ou seja, em um dia são produzidas 60 (sessenta) refeições, com um custo de gás de R$ 1,10 (um real e dez centavos). Portanto, em um mês ou especificamente 20 (vinte) dias são gastos com gás R$ 22,00 (vinte e dois reais). Após encontrar o valor que é gasto com gás no mês para fabricar todos os produtos, é preciso alocar o valor exato que cada um gastou para ser elaborado. O método utilizado para rateio do gás, assim como o da gasolina e da mão de obra, foi o rateio por custos diretos. Foi utilizado o custo total direto que cada produto gerou no mês, e calculado o percentual que cada um representou do todo, cujo exemplo segue abaixo no quadro 07. Quadro 07: Rateio pelo custo Direto Total. CUSTO TOTAL DIRETO VALOR % Filé à Parmegiana R$ 579,80 32,25% Lasanha R$ 516,00 28,70% X-Tudo R$ 702,00 39,05% TOTAL R$ 1.797,80 100% Fonte: Dados da autora, 2017. Nos quadros 08, 09 e 10 serão apresentados os custos diretos e indiretos separadamente de cada produto.
  • 39. 38 Quadro 08: Custos diretos e indiretos do filé à parmegiana CUSTOS DIRETOS VALOR CUSTOS INDIRETOS VALOR MP Filé à parmegiana R$ 519,80 Gasolina R$ 9,03 Embalagens R$ 60,00 Mão de Obra R$ 322,50 Gás R$ 7,095 TOTAL R$ 909,40 R$ 9,03 Fonte: Dados da autora, 2017. Quadro 09: Custos diretos e indiretos da Lasanha CUSTOS DIRETOS VALOR CUSTOS INDIRETOS VALOR MP Lasanha R$ 456,00 Gasolina R$ 8,04 Embalagens R$ 60,00 Mão de Obra R$ 287,00 Gás R$ 6,314 TOTAL R$ 809,31 R$ 8,04 Fonte: Dados da autora, 2017. Quadro 10: Custos diretos e indiretos do X-Tudo. CUSTOS DIRETOS VALOR CUSTOS INDIRETOS VALOR MP X-Tudo R$ 692,00 Gasolina R$ 10,93 Embalagens R$ 40,00 Mão de Obra R$ 390,50 Gás R$ 8,591 TOTAL R$ 1.131,09 R$ 10,93 Fonte: Dados da autora, 2017. Em seguida, se apresenta no quadro 11 os custos fixos e variáveis de cada produto, que foram rateados pelo custo total direto especificado no quadro 06 e que serão utilizados para o cálculo do custeio por absorção.
  • 40. 39 Quadro 11: Custos fixos e variáveis Custos Fixos e Variáveis do Filé à parmegiana Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor Mão de obra (Salários) R$ 322,50 Matéria Prima R$ 519,80 Embalagens R$ 60,00 Gás R$ 7,095 TOTAL R$ 322,50 R$ 586,90 Custos Fixos e Variáveis da Lasanha Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor Mão de obra (Salários) R$ 287,00 Matéria Prima R$ 456,00 Embalagens R$ 60,00 Gás R$ 6,314 TOTAL R$ 287,00 R$ 522,31 Custos Fixos e Variáveis do X-Tudo Custos Fixos Valor Custos Variáveis Valor Mão de obra (Salários) R$ 390,50 Matéria Prima R$ 692,00 Embalagens R$ 40,00 Gás R$ 8,591 TOTAL R$ 390,50 R$ 740,59 Fonte: Dados da autora, 2017. O quadro 12 apresenta as despesas fixas, que foram rateadas pelo método custo total direto, conforme foi explicado no quadro 06, necessário para cálculo do custeio por absorção. Quadro 12: Despesas Fixas e variáveis Despesas Fixas e Variáveis do Filé à parmegiana Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor Gasolina R$ 9,03 TOTAL R$ 0,00 R$ 9,03 Despesas Fixas e Variáveis da Lasanha Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor Gasolina R$ 8,04 TOTAL R$ 0,00 R$ 8,04 Despesas Fixas e Variáveis do X-Tudo Despesas Fixas Valor Despesas Variáveis Valor Gasolina R$ 10,93 TOTAL R$ 0,00 R$ 10,93 Fonte: Dados da autora, 2017.
  • 41. 40 3.1 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL Feitas as separações dos custos e despesas conforme apresentado no quadro 06, foi realizada a classificação dos mesmos, onde segue a demonstração utilizando o método de custeio variável para observar como se comportam os custos utilizando este método. Para o cálculo do custeio variável os custos fixos são tratados como despesas, não sendo necessário o rateio dos custos e das despesas fixas. Foram utilizados os valores fixados no quadro 06 para referência. Figura 05: Cálculo do filé à parmegiana utilizando o custeio variável Fonte: Dados da autora, 2017.
  • 42. 41 Através do custeio variável foi possível encontrar a margem de contribuição do filé à parmegiana que foi de R$ 604,07 (seiscentos e quatro reais e sete centavos) e descobrir o lucro operacional liquido após deduzir os custos e despesas variáveis e os custos e despesas fixas, que foi de R$ 281,57 (duzentos e oitenta e um reais e cinquenta e sete centavos) Figura 06: Cálculo da lasanha utilizando o custeio variável Fonte: Dados da autora, 2017. A margem de contribuição da lasanha obtida através do custeio variável foi de R$ 669,65 (seiscentos e sessenta e nove e sessenta e cinco centavos). O lucro operacional liquido após deduzir os custos e despesas variáveis e os custos e
  • 43. 42 despesas fixas que foi de R$ 382,65 (trezentos e oitenta e dois e sessenta e cinco centavos). Figura 07: Cálculo do x-tudo utilizando o custeio variável Fonte: Dados da autora, 2017. A margem de contribuição do X-tudo, obtida através do custeio variável, foi de R$ 848,48 (oitocentos e quarenta e oito reais e quarenta e oito centavos). O lucro operacional liquido, após deduzir os custos e despesas variáveis e os custos e despesas fixas, foi de R$ 457,98 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e noventa e oito centavos).
  • 44. 43 3.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção. Foram apropriados todos os custos da produção ao produto fabricado e, parte do custo fixo rateado pela porcentagem obtida através do método custo total direto, com posterior demonstração do resultado do exercício. Figura 08: Cálculo dos três produtos utilizando o custeio por absorção. Fonte: Dados da autora, 2017.
  • 45. 44 Através do método de custeio por absorção foi possível identificar o custo total da produção de cada produto, ou seja, para fabricar 400 (quatrocentas) unidades do filé à parmegiana tem-se um custo total de R$ 909,40 (novecentos e nove reais e quarenta centavos). Já para produzir a mesma quantidade de lasanha chega-se um custo total de R$ 809,31 (oitocentos e nove reais e trinta e um centavos) e para produzir a mesma quantidade do X-tudo, R$ 1.131,09 (um mil, cento e trinta e um reais e nove centavos). Através do custeio por absorção foi constatado também o lucro antes do imposto de renda de cada produto, sendo do filé à parmegiana R$ 281,57 (duzentos e oitenta e um reais e cinquenta e sete centavos), da lasanha R$ 382,65 (trezentos e oitenta e dois reais e sessenta e cinco centavos) e do X-tudo R$ 457,98 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e noventa e oito centavos). 3.3 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO Como já foi explicado anteriormente, o ponto de equilíbrio é o ponto em que a empresa não terá lucro nem prejuízo, ou seja, quando ela chega ao zero. A margem de contribuição unitária (MCu) é de extrema importância para se obter o resultado correto, sendo necessário encontrar a MCu para poder calcular o PE. Os quadros, 13,14 e 15 apresentam a Margem de Contribuição, que é o preço de venda menos os custos e as despesas variáveis. Já o ponto de equilíbrio é o custo fixo total dividido pela margem de contribuição. Quadro 13: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do filé à parmegiana. QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DO FILÉ À PARMEGIANA: 400 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Valor Unitário Valor Total Percentual Preço de venda R$ 3,00 R$ 1.200,00 100% (-) Custo variável R$ 1,47 R$ 586,90 48,91% (-) Despesas variáveis R$ 0,0225 R$ 9,03 0,7525% (=) Margem de Contribuição R$ 1,51 R$ 604,07 50,34% Custos Fixos R$ 322,50 PONTO DE EQUILÍBRIO Qtda. Produtos Vlr Faturamento % x Faturamento total ≈ 213 R$ 640,64 53,39% Fonte: Dados da autora, 2017.
  • 46. 45 Conforme o quadro 13, a margem de contribuição unitária do filé à parmegiana é de R$ 1,51 (um real e cinquenta e um centavos), ou seja, é o valor unitário disponível para cobrir os custos fixos unitários, Ao serem fabricadas 400 (quatrocentas) unidades mensalmente obtêm-se uma margem de contribuição de R$ 604,07 (seiscentos e quatro reais e sete centavos) para cobrir um custo fixo de R$ 322,50 (trezentos e vinte e dois reais e cinquenta centavos), alcançando assim um percentual de 50,34% (cinquenta vírgula trinta e quatro por cento). O ponto de equilíbrio é o momento em que o produto não gera lucro e nem prejuízo, chega ao zero. O ponto de equilíbrio do filé à parmegiana é de aproximadamente 213 (duzentas e treze) unidades, ou seja, para que o produto comece a dar lucro é necessário fabricar e vender acima de 213 unidades. Quadro 14: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio da lasanha. QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DA LASANHA: 400 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Vlr Unitário Valor Total Percentual Preço de venda R$ 3,00 R$ 1.200,00 100% (-) Custo variável R$ 1,31 R$ 522,31 43,53% (-) Despesas variáveis R$ 0,020 R$ 8,04 0,67% (=) Margem de Contribuição R$ 1,67 R$ 669,65 55,80% Custos Fixos R$ 287,00 PONTO DE EQUILÍBRIO Qtda Produtos Vlr Faturamento % x Faturamento total ≈ 171 R$ 514,34 42,86% Fonte: Dados da autora, 2017. O quadro 14 mostra que a margem de contribuição unitária da lasanha é de R$ 1,67 (um real e sessenta e sete centavos), ou seja, é o valor unitário disponível para cobrir os custos fixos unitários. Assim, ao serem fabricadas 400 (quatrocentas) unidades mensais obtêm-se uma margem de contribuição de R$ 669,65 (seiscentos e sessenta e nove e sessenta e cinco centavos) para cobrir um custo fixo de R$ 287,00 (duzentos e oitenta e sete reais), alcançando um percentual de 55,80% (cinquenta e cinco vírgula oitenta por cento).
  • 47. 46 O ponto de equilíbrio da lasanha é de aproximadamente 171 (cento e setenta e uma) unidades, ou seja, para que o produto comece a dar lucro é necessário fabricar e vender acima de 171 unidades, pois abaixo dessa quantidade ele estará rendendo prejuízo. Quadro 15: Margem de Contribuição e ponto de equilíbrio do X-Tudo. QUANTIDADE VENDIDA MENSAL DO X-TUDO: 400 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Vlr Unitário Valor Total Percentual Preço de venda R$ 4,00 R$ 1.600,00 100% (-) Custo variável R$ 1,85 R$ 740,59 46,30% (-) Despesas variáveis R$ 0,027 R$ 10,93 0,68% (=) Margem de Contribuição R$ 0,98 R$ 848,48 53,03% Custos Fixos R$ 390,50 PONTO DE EQUILÍBRIO Qtda Produtos Vlr Faturamento % x Faturamento total ≈ 51 R$ 207,08 12,94% Fonte: Dados da autora, 2017. No quadro 15 a margem de contribuição unitária do x-tudo é de R$ 0,98 (noventa e oito centavos), ou seja, é o valor unitário disponível para cobrir os custos fixos unitários; Ao serem fabricadas 400 (quatrocentas) unidades mensais obtêm-se uma margem de contribuição de R$ 848,48 (oitocentos e quarenta e oito reais e quarenta e oito centavos) para cobrir um custo fixo de R$ 390,50 (trezentos e noventa reais e cinquenta centavos), alcançando um percentual de 53,03% (cinquenta e três vírgula zero três por cento). O ponto de equilíbrio do x-tudo é de aproximadamente 51 (cinquenta e uma) unidades, ou seja, para que o produto comece a dar lucro é necessário fabricar e vender acima de 51 (cinquenta e uma) unidades, pois abaixo dessa quantidade ele estará rendendo prejuízo. 3.4 MARK-UP: FORMAÇÃO DE PREÇO O preço ideal para venda é o que encobre os custos do serviço ou produto e ainda possibilita o retorno almejado pela entidade. Assim, ela irá avaliar se o preço
  • 48. 47 ideal de venda da entidade é compatível com o preço de venda existente no mercado. O Mark-up é usado como um índice multiplicador que é aplicado sobre o custo do serviço ou produto, chegando ao preço de venda. Para calcular o Mark-up é necessário incluir taxas, tributos, despesas financeiras e administrativas e o percentual de lucro que deseja obter. Foi elaborado uma planilha em Excel com os dados fornecidos pela entidade, para o cálculo do mark-up conforme a figura 09 abaixo. Figura 09: Cálculo do preço de venda por mark-up. Fonte: Dados da autora, 2017.
  • 49. 48 Segundo a proprietária da entidade ela deseja lucrar 40% (quarenta por cento) em cima de cada unidade vendida dos três produtos. Através do Mark-up foi constatado que, para que isso ocorra, o preço do filé à parmegiana deve ser de R$ 3,86 (três reais e oitenta e seis centavos), o preço da lasanha deve ser de R$ 3,44 (três reais e quarenta e quatro centavos) e o preço do x-tudo deve ser de R$ 4,79 (quatro reais e setenta e nove centavos).
  • 50. 49 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O mundo tem passado por constantes mudanças e o mercado cada vez mais competitivo demonstra que os consumidores estão bem informados e mais exigentes no que tange a preço e qualidade. Pensando nisso, foi observado numa indústria de massas de pequeno porte, com um fluxo considerável de clientes, como se comportam seus custos e despesas e como são tratados. Para isso, foi desenvolvido um estudo acerca da possibilidade de implementação de um sistema de custeio adequado para auxiliar nas tomadas de decisão. A definição do tema objeto deste estudo se deu pela necessidade de obtenção de conhecimentos quanto ao funcionamento dos custos de uma entidade, cuja finalidade é produzir e vender com o máximo de aproveitamento, eliminando gastos e despesas desnecessários, de forma a conseguir um retorno positivo e uma maior rentabilidade do negócio. Foram feitas pesquisas bibliográfica e documental acerca da movimentação financeira da entidade, para entender como a gestora lida com os custos e despesas da produção. A pesquisa se enquadra como aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para resolução de problemas específicos, visto que a empresa não trabalhava com métodos de custeio, onde se fez necessário explanar sobre três métodos possíveis de implementação e, posteriormente, se fazer os devidos cálculos para a obtenção de qual seria o melhor método. O estudo se enquadra como quantitativo, pois lida com fatos, podendo ser traduzido em inúmeras opiniões e informações por meio de recursos e técnicas estatísticas. Por se tratar de um assunto complexo e baseado numa pesquisa documental realizada em um curto espaço de tempo, foram encontradas algumas dificuldades que impossibilitaram um estudo mais aprofundado, como a falta de informações precisas e necessárias, não disponibilizadas pela empresa por não deterem tais informações. A pesquisa objetivou encontrar um método de custeio que se adequasse a uma pequena indústria para auxiliar a gestora em suas tomadas de decisão, com informações hábeis e tempestivas. Foram coletados dados dos arquivos da entidade a título de informação para calcular os métodos de custeio e observar os resultados apresentados por cada método e sua consequente relevância. Após a coleta dos valores correspondentes às despesas e aos custos da fábrica, foi calculado o custo unitário dos componentes de fabricação fazendo o comparativo entre três produtos
  • 51. 50 específicos, analisando como funcionam os métodos de custeio. Foi levantada uma produção e venda de 400 (quatrocentas) unidades de cada produto, usando como parâmetro de rateio o custo direto total. Por exemplo, para fabricar 400 (quatrocentas) unidades de filé à parmegiana tem-se um custo total de R$ 579,80 (quinhentos e setenta e nove reais e oitenta centavos), para fabricar a mesma quantidade da lasanha tem-se um custo total de R$ 516,00 (quinhentos e dezesseis reais) e para fabricar também a mesma quantidade de x-tudo tem-se um custo total de R$ 702,00 (setecentos e dois reais), totalizando R$ 1.797,80 (um mil, setecentos e noventa e sete reais e oitenta centavos), que equivalem a 100% (cem por cento) do custo total. Logo, o filé á parmegiana detém 32,25% (trinta e dois vírgula vinte e cinco por cento) dos custos totais, a lasanha 28,70% (vinte e oito vírgula setenta por cento) e o x-tudo 39,05% (trinta e nove vírgula zero cinco por cento). Usando os percentuais encontrados dos custos diretos de cada produto, foi feito o rateio dos custos fixos para que, posteriormente, se realizassem os cálculos no método de custeio por absorção e no método variável. Foram apresentadas três propostas de métodos de custeio, sendo elas o custeio por absorção, o custeio variável e o custeio por atividade ou ABC. Porém, após a análise dos dados da empresa foi constatado que o método de custeio por atividade não seria viável, pois a entidade ainda não utilizava nenhum método para este custeio e, tendo em vista que o ABC trabalha por departamentalização, não seria interessante para a empresa começar com um método mais complexo. Foram feitos os cálculos de produção pelo método de custeio variável, conforme os quadros 08, 09 e 10, chegando a obter qual seria a margem de contribuição do produto fabricado, que é o valor que cobrirá as despesas fixas e os custos da entidade, proporcionando lucro e o valor do lucro líquido operacional, isto é, quanto será o resultado daquela produção e venda, informação muito importante para o gestor saber se sua empresa está dando lucro ou prejuízo. Também foram feitos os cálculos pelo método de custeio por absorção, conforme o quadro 11, onde foram obtidos dos três produtos o lucro bruto, que é a diferença entre o valor faturado e o custo do produto fabricado antes de deduzir os custos variáveis. Saber o lucro bruto da entidade é muito importante na hora de planejar o futuro operacional. Foi obtido também, através do custeio por absorção, o lucro líquido antes do imposto de renda, que possibilita estimar o resultado operacional sem incluir receitas ou despesas financeiras, importante ferramenta para
  • 52. 51 estimar a capacidade da entidade de gerar receita com suas atividades e como ela se comporta no mercado financeiro. De acordo com as informações obtidas recomenda-se que a entidade necessita adotar um modelo de custeio, sendo mais viável o custeio por absorção por ser o único método aceito pela legislação fiscal no Brasil, pois segue os princípios da contabilidade, além de ser o método que o fisco reconhece a capacidade da entidade em gerar receita e fazer o recolhimento dos tributos. Todavia, se faz necessário um estudo mais aprofundado acerca de qual diretriz de rateio deve ser usada, porque na maioria das empresas é utilizado o tempo. Entretanto, foi usado o custo direto total por não ser possível cronometrar o tempo estimado de produção, já que a entidade não detinha essa informação. Recomenda-se também que a entidade trabalhe com o método do custeio variável, pois, por meio dele, o gestor obtém várias oportunidades de verificar pontos estratégicos para gerir seus negócios, principalmente considerando que a sua produção e venda oferecem resultados de lucro ou prejuízo, obtendo respostas quanto à rentabilidade de seus produtos. Possibilita ainda a identificação do custo fixo de cada produto, apresentando a margem de contribuição e informando para o gestor qual o valor que cobrirá as despesas fixas e os custos da entidade para atingir seus objetivos. Ao analisar o ponto de equilíbrio dos três produtos foi constatado que para obter lucro no filé à parmegiana é necessário produzir e vender acima de 213 (duzentos e treze) unidades, 171 (cento e setenta e uma) unidades de lasanha e 51 (cinquenta e uma) unidades de x-tudo. Levando em consideração que a produção e o preço de venda da lasanha e do filé à parmegiana é o mesmo, fica evidente que é mais viável investir na lasanha, pois, dos três produtos, foi o que apresentou um menor custo a ser fabricado, mas, por outro lado, o mais rentável a ser fabricado e vendido é o x-tudo, sendo necessário produzir e vender acima de apenas 51 (cinquenta e uma) unidades para começar a obter lucro, é necessário investir mais, pois seu custo é maior que dos outros dois, mas em poucas unidades se obtém lucro, diferente dos demais. Ao ser questionada sobre porcentagem de lucro, a gestora disse que deseja obter cerca de 40% (quarenta por cento) em cada unidade produzida e vendida. Através do mark-up a pesquisadora chegou ao resultado de que para obter tal lucro é necessário que o preço de venda do filé à parmegiana passe a ser de R$ 3,86
  • 53. 52 (três reais e oitenta e seis centavos), o preço da lasanha passe a ser de R$ 3,44 (três reais e quarenta e quatro centavos e do x-tudo passe a ser de R$ 4,79 (quatro reais e setenta e nove centavos). Após as análises, a pesquisadora aconselha que a gestora procure se enquadrar no regime tributário MEI (Micro Empreendedor Individual), visto que a mesma opera de modo informal, ficando completamente desassistida em caso de doença ou até mesmo numa eventual necessidade de obter crédito junto a instituições financeiras. Ao fazer o cadastro no portal do empreendedor ela obterá um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) assim com as inscrições na junta comercial, no INSS, terá também o alvará de licenciamento e passará a funcionar de forma legalizada, não sendo obrigada a emitir nota fiscal, apenas deverá fazer um controle mensal de seu faturamento em um relatório simplificado e, no final do exercício, deverá informar o seu faturamento anual, valendo lembrar que o MEI também irá possibilitar a contratação de um empregado, o que seria um ponto importante a analisar sua viabilidade. Aconselha também que a mesma abra uma conta jurídica e passe a alimentá-la com o lucro líquido após deduzir todos os custos e despesas, inclusive o seu salário, pois é essencial separar o patrimônio do sócio do patrimônio da empresa, formando assim um capital de giro que trará uma segurança para os meses de crise, até mesmo os meses de férias, visto que suas vendas são voltadas exclusivamente aos alunos de faculdades.
  • 54. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOMFIM, Eunir de Amorim; PASSARELLI, João. Custos e formação de preço. 4. ed. São Paulo: Thomson, 2006. CHING, Hong. Manual de Custos de Instituições de Saúde: Sistemas Tradicionais e Sistemas de Custeio Baseado em Atividades (ABC). São Paulo: Atlas, 2001. COGAN, Samuel. Custos e Preços: formação e análise. São Paulo: Pioneira, 1999. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2004. __________. Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. IUDÍCIBUS, Sergio. Teoria da Contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997. MAHER, Michael. Contabilidade de Custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: Incluindo o ABC. 8. Ed. São Paulo: Atlas, 2001. __________. Contabilidade de Custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Métodos de Custeio Comparados: Custos e Margens Analisados Sob Diferentes Perspectivas. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2001. __________. Custos Analise e Gestão. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Pearson, 2006.
  • 55. 54 MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: Fundamentos e Aplicações. 2ª Ed. São Paulo: Pearson, 2009. PADOVEZE, Clóvis. Contabilidade Gerencial: Um enfoque em sistema de informação contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. PEREZ JR, Jose Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão Estratégica de Custos. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2001. SANTOS, Joel. Contabilidade e analise de custos. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2005. SEBRAE (Brasil). Como o MEI faz a Declaração de Imposto de Renda. 2017. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-o-mei- faz-a-declaracao-de-imposto-de- renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 02 ago. 2017.