O documento discute as limitações dos editais para capturar as novas pesquisas em artes cênicas, especialmente aquelas que usam pouca luz. O grupo tentou gravar seu espetáculo para o edital, mas a iluminação baixa tornou isso impossível. Eles questionam se devem adaptar o espetáculo para se adequar ao edital ou buscar outra forma de inscrição.
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Teatro visual e editais
1. Os editais não comportam as novidades das pesquisas em artes.
O espetáculo “ENTRE” não é convencional como muitos outros que
estão surgindo nessas novas épocas de pesquisas em artes cênicas.
Pensando nisso tentamos participar do primeiro Edital que achamos
interessante e este é o da Trupé de teatro. Sendo assim na ficha de inscrição
nos deparamos com “link do vídeo na íntegra” e tentamos gravar. Sem sucesso
nenhum. A luz usada no nosso espetáculo é muito baixa (propositadamente)
para realçar a experiência da relação do público com os atores e com os
espaços criados que chamamos “espaços de potência” (inspirados na Vontade
de Potência do Nietzsche).
O que são “Espaços de potência”? São os espaços criados pela luz que
de forma alguma são acesos “apenas para iluminar”. As Relações com os
espaços iluminados transformam os mesmos em “espaços de potência” que
revelam o que o grupo acha necessário diante da pesquisa realizada com a
temática “Os 5 sentidos na criação cênica”. Esses espaços criados são
espaços poéticos que, paralelamente, são um convite ao público a imergir na
situação proposta, mas a escolha é livre e de forma alguma primordial para o
andamento da sequência do trabalho. A ideia é sempre a fricção do público
para com a pergunta: “O que eu faço Agora?”.Assim propondo uma nova
experiência de vivenciar o Ato Teatral.
Essa “nova” forma de fazer, que no nosso caso usa em 70% o escuro
total como forma de realçar as atenções do público para os outros sentidos que
não a visão (porque é o mais comumente usados no dia-a-dia) não nos permite
a gravação do espetáculo.
Até tentamos, porém, as câmeras (mesmo sendo uma câmera
profissional da CANNON, com lente adequada e também uma filmadora da
SONY) não foram o suficiente. Então nos perguntamos: “Porque não deu
certo? ”, justamente porque NÃO É PARA SER REGISTRADO.
Percebendo isso detectamos que os Editais não estão preparados para
esse tipo de proposta justamente porque ainda são, de certa forma, uma
novidade no cenário de editais. Logo nos deparamos com a seguinte questão:
“Devemos “adaptar” o nosso espetáculo para tentar participar do Edital?”,
cogitamos até em fazer o espetáculo com luzes acesas... E as respostas
sempre foram as mesmas, estaríamos sacrificando a pesquisa e faríamos outra
coisa qualquer, menos o próprio espetáculo.
2. Como motor da proposta evocamos o Teatro Visual do Polonês Leszek
Madzik que, acredito por ser artista visual, trata a escuridão como “tela em
branco” onde a luz só revela o estritamente necessário a experiência, ou seja,
como fator fundamental (tanto quanto as atores que nessa vertente voltam a
ser parte do espetáculo e não a essência dele). Citando WAGNER CINTRA
(UNESP), temos:
“No teatro visual, o ator deixa de ter a supremacia do teatro para tornar-se uma
substância a mais da construção da cena. O teatro visual é
idiossincrático, e o espectador exerce um papel assaz significativo, pois, por
meio da ação da sua subjetividade e individualidade, reage de maneira
autônoma em relação às imagens apresentadas. As obras, em tal contexto, que
são organizadas em um universo de diferentes meios de expressão,
colocando-se, sobretudo, na ênfase das artes plásticas, da música, da poesia e
da dança, não podem mais ser narradas conforme os paradigmas tradicionais
do teatro. O espectador no chamado teatro convencional está diante de
situações reconhecíveis e confortáveis, pois, mesmo que o drama enuncie
alguma subjetividade, por complexa que seja, ele obedece a leis universais. No
teatro visual, entretanto, o universal é a individualidade. É a autonomia do
espectador diante da obra apresentada.”
Por tudo isso, percebemos que para nos inscrever (porque se inscrever
e passar no Edital é um desejo forte em comum no grupo. Justamente porque
acreditamos que o Espaço da Trupé tem o formato geométrico perfeito para a
realização dessa experiencia) teríamos que também buscar outra forma de
inscrição (a qual ainda desconhecemos a eficácia)
Tendo isso em mente, nos inscrevemos da seguinte forma:
• Ficha de inscrição preenchida como pede o edital
• O Vídeo do Edital é um link para esse artigo com as fotos que,
miraculosamente, conseguimos salvar (créditos das fotos: Paulinho
Batista)
Enfim, desde já pedimos desculpas pelo texto tão longo, porém é a única
forma que encontramos de tentar nos inscrever e levantar essa problemática
para todos do âmbito se desenvolver, incluindo nós mesmos. Agradacemos a
paciência em ler e nos colocamos em TOTAL disposição para nos deslocarmos
até o Espaço da Trupé esclarecer melhor como se dá nossa experiência
cênica, caso haja interesse na proposta.
Sem mais, Muito Obrigado!
OutroLuiz (11)95884-6534 – outroluiz@gmail.com
Coletivo 9
Mairinque, 27 de Julho de 2017