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TELENOVELA E SUBJETIVIDADE:
REPRESENTAÇÕES MIDIÁTICAS
DO NARCISISMO CONTEMPORÂNEO,
ESTUDO DE CASO DA TELENOVELA
SANGUE BOM
BANCA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO
Aluna: Nina Nunes Rodrigues Cunha
Orientador: Prof. Dr. Gustavo Fortes Said
Programa de Pós-graduação em Comunicação - UFPI
Linha de pesquisa: Mídia e produção de subjetividades
Pressupostos iniciais
• Entender como a telenovela, que se propõe a retratar
ficcionalmente recortes da realidade, representa a
subjetividade atual, sobretudo acerca das questões que
contornam o narcisismo contemporâneo;
• Estudo de Caso da telenovela Sangue Bom;
• Quais os núcleos temáticos mais suscetíveis às
características presentes no narcisismo contemporâneo e
quais os atributos mais sobrelevantes a este respeito;
• De acordo com os mecanismos interpretativos
disponibilizados pela análise textual-discursiva, foi feita a
análise das cenas das personagens da telenovela e as
respectivas relações estabelecidas com os “outros” sociais
e com a cultura;
Cap. 1 - SUBJETIVIDADE E
NARCISISMO
1.1 Subjetividade contemporânea, uma
subjetividade marcada pelo narcisismo?
1.2 Narcisismo e Psicanálise
1.2.1 Narcisismo em Freud
1.2.2 Outras interpretações sobre o
Narcisismo freudiano: autores
contemporâneos
1.3 Narcisismo contemporâneo: consumo,
mídia e violência
Cap2. TELENOVELA E
REPRESENTAÇÕES
2.1 História da telenovela no Brasil
2.1.1 Rede Globo e o protagonismo na
produção de telenovelas
2.2 Telenovela brasileira: um recorte de
realidade na tela
2.3 Ficção e realidade: representações e
construções da sociedade contemporânea
Cap3. PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
3.1 Referencial teórico-metodológico: Estudos
culturais britânicos
3.2 Estudo de Caso
3.3 Técnicas de Análise Textual-Discursiva
3.4 Descrição geral do objeto: a telenovela e
suas peculiaridades
3.5 Descrição específica do objeto: Sangue
Bom
3.1 Referencial teórico-metodológico:
Estudos culturais britânicos
• Nesta vertente de estudo, a mídia é
encarada mediante o relacionamento com
outras instituições da sociedade, e seu
conteúdo e desenvolvimento são
compreendidos como reflexos dessa relação.
Também interessa a esta corrente, a
compreensão dos meios de comunicação
dentro da esfera cultural.
3.2 Estudo de Caso
• Segundo Goode e Hatt (1979), o estudo de caso
contribui para coordenar dados,
compreendendo o objeto analisado em sua
abrangência e unicidade.
• Rede Globo – pioneirismo;
• Horário das sete horas – Público, comicidade e
escassez;
• Tempo – Guerra dos Sexos, Sangue Bom e
Além do horizonte;
• Temática – SANGUE BOM
3.3 Técnicas de Análise Textual-
Discursiva
• Processo organizado de edificação
interpretativa. Com a análise textual-
discursiva novos entendimentos surgem por
meio de uma sequência composta por algumas
fases;
• Esse método visa o entendimento criativo e
detalhado do objeto a ser pesquisado, de
acordo com aprofundamento intenso do
referencial teórico utilizado para análise.
(MORAES, 2003)
3.4 Descrição geral do objeto: a
telenovela e suas peculiaridades
Optamos por encarar a telenovela em sua
complexidade, como um produto polissêmico,
que une padrões mercadológicos, artísticos,
produtivo-tecnológicos e ético-culturais
(TÁVOLA, 1996) – pois compreendemos que
todos esses padrões contribuem para que este
gênero tenha significativo alcance na
sociedade brasileira.
3.5 Descrição específica do objeto:
Sangue Bom
• O enredo de Sangue Bom foi exibido ao longo de 160
capítulos, do dia 29 de abril a 1° de novembro de 2013.
• O enredo se passa na cidade de São Paulo, envolta de
tendências de moda, publicidade e consumo. Quando
pequenos, Bento , Amora e Fabinho se conheceram no
lar de adoção do Tio Gilson, no bairro da Casa
Verde. Mas o destino se encarregou de separar os três
órfãos, Amora foi adotada pela rica e inescrupulosa atriz
Bárbara Ellen, mãe de Malu, e Fabinho foi adotado por
uma família do interior. Bento continuou no lar e fundou
sua cooperativa de flores, a “Acácia Amarela”,
juntamente com sua sócia Giane, vizinha e amiga de
infância, que nutre uma paixão secreta por ele.
Cap4. ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO
NARCISISMO CONTEMPORÂNEO NA
TELENOVELA SANGUE BOM
4.1 Contexto sociocultural construído pela telenovela Sangue Bom
4.1.1 Família: primeiro ambiente formador do sujeito
4.1.2 Política: descrédito governamental x consciência social
4.1.3 Religião: distância e deboche
4.1.4 Avanço tecnológico e suas implicações
4.1.5 Mídia: reflexo do eu grandioso nas telas
4.1.6 Consumo: desejo e diferenciação social
4.1.7 Fenômenos aparentes
4.1.8 Relação com o outro: empatia e competição
4.1.9 Amor: instabilidade e redenção
4.2 Análise das personagens com características do Narcisismo contemporâneo
4.2.1 Amora Campana, consumista e sobrevivencialista
4.2.2 Bárbara Ellen, histriônica e egoísta
4.2.3 Fabinho Queiroz, rebelde e sem limites
4.2.1 Amora Campana, consumista e
sobrevivencialista
• Perfil sobrevivencialista – trauma do abandono
• Fortalecimento do ego ideal – eu narcísico/autopreservação
• Dificuldade em lidar com a diferença, outro como semelhante
• Características de privação (Baudrillard, 1995)
• Obsessão por sapatos, sensação de segurança
• Falsa projeção, descalça
• Obstrução dos laços
• Consumo que afasta do
Autoconhecimento
• It-girl – garota objeto
(narcisismo dirigido)
4.2.2 Bárbara Ellen, histriônica e egoísta
• Perfil sobrevivencialista e autocentrado, voltado para o ego ideal
• Não há redenção, nem justificativa explícita sobre trauma
• Reconhecida por não gostar de ninguém
• Figura majestosa, devaneios megalomaníacos
• Sonho narcisista de admiração, abomina o anonimato
• Relações encaradas pelos benefícios
que pode galgar e plateia
• Horror a pobreza material, refém dos
padrões normatizantes de consumo, ideais
privatistas – competição por diferenciação
• Refém dos exemplos de sucesso
• Permanecer gozando daquilo que considera
fonte de satisfação
• Construção exagerada e caricata
4.2.3 Fabinho Queiroz, rebelde e sem limites
• Dinheiro como sinônimo de onipotência
• Ego ideal que comporta a fantasia de soberania,
distanciamento da realidade e dos outros
• Dificuldade em acatar ordens, não respeita o convívio
pacífico e harmonioso – sem empatia
• Sentimentos de frustração e raiva pela pobreza
• Plenos poderes do dinheiro
• Tenta o suicídio –
narcisismo negativo (GREEN,
1990)
• Ódio – autoaversão
• Narcisismo regenerador
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A preocupação em evidenciar os fatores que propiciam, na
telenovela, a associação da subjetividade atual a uma subjetividade
narcísica, reafirma o potencial de adoecimento presente na
conformação cultural contemporânea
• Evidenciamos a construção dos traços narcísicos mais presente
nas personagens circunscritas no mundo das celebridades e da
publicidade, ou seja, na mídia. Com o ambiente envolto em
competições por desempenho, aquisição de bens materiais,
admiração, além das disputas por projeção e legitimação de
imagens.
• As relações com o outro, ao invés de envolvimento e afetividade,
são erigidas em clima de rivalidade e inveja ou assinaladas por
interesses em benefícios próprios. Mas o desinteresse em
vínculos com a alteridade, não impede que ela seja levada em
consideração para agigantar a autoestima do sujeito ou tomada
como modelo para adequação aos padrões impostos pelos
próprios veículos midiáticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Em contrapartida, embora convivam com o mesmo contexto sociocultural de
violência, midiatização e consumo, no núcleo da Casa Verde, a diferença está
alocada na forma de se relacionar com o outro. As relações são retratadas de
maneira harmoniosa, com respeito e cooperação mútua, norteadas pela
colaboração lúdica na cooperativa de flores. De acordo com Freud (1996), a
relação de identificação recíproca entre os sujeitos ocorre por meio do controle
da extensão narcísica do ego, que possibilita a empatia e coesão social
• Neste caso, compreendemos a afabilidade das relações mantidas pelos
moradores e simpatizantes do bairro, ligada à representação estereotipada –
tão cara ao gênero novelístico. Trata-se de reunir os “bons” que se identificam
e se gostam em um ambiente propício as trocas afetivas e demarcar os “maus”
em conflituosas relações com os demais. A negação à Casa Verde simboliza
uma espécie de renúncia à convivência aprazível e construtiva com a
alteridade.
• Entretanto, apesar da rigidez nas representações que trazem posicionamentos
até certo ponto maniqueístas, percebemos uma tendência à flexibilidade no
campo de sentidos. Nas representações de natureza mais cambiantes, os
extremos dissolvem a rigidez da divisão antitética. A ressignificação se
relaciona ao fato dos protagonistas, Amora e Fabinho, incorporarem um perfil
impreciso, ora odioso, ora justificável pelo que viveram.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Em um comparativo entre personagens analisadas, a busca por
dinheiro e bens de consumo atravessa com igual importância as três
descrições.
• O consumo aparece como saída imediata de investimento na esfera
privada, contrapondo preocupações mais coletivas. As imposições
articuladas por publicidade e propaganda agem na captura do sujeito
estruturalmente insatisfeito e incutem a necessidade de satisfação e
diferenciação social, a fim de alimentar o intenso ritmo produtivo.
• Ainda dentro das questões de consumo, os padrões midiáticos
subsequentes a essa lógica, adicionam preocupação com a aparência e
com imagem, fazendo com que o sujeito busque modelos legitimados
pela eficiência e prestígio.
• Essa busca por modelos fabricados distancia do outro e, por
conseguinte, o priva do conhecimento de si mesmo. Especialmente
porque a relação com o consumo não age no fortalecimento do eu, mas
o fragiliza ainda mais, abrindo caminho para os imperativos
consumistas associados a satisfação instantânea.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A análise efetuada, apesar de compreender a
produção como sintomática em se tratando da
relação mantida com sociedade, não buscou
sacramentar a intenção dos autores ao escrever
o enredo ou a forma de apreensão pelo público.
Ativemo-nos à análise das pistas deixadas pelo
produto pronto, exibido no ano de 2003 e
integralmente disponível no site da emissora,
analisado conforme os referenciais teóricos
discutidos sobre narcisismo e sociedade
contemporânea e acerca do gênero novelístico.
BIBLIOGRAFIA
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Thedoro. & HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento –
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa-Portugal: Edições
70, 1995.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1998.
______., Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
______., Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
______., Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
______., Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
______., Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
BIRMAN, Joel. Mal estar na atualidade: a psicanálise e a novas formas de
subjetivação. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
BIBLIOGRAFIA
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Thedoro. & HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento –
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa-Portugal: Edições
70, 1995.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1998.
______., Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
______., Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio
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______., Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
______., Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
______., Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
BIRMAN, Joel. Mal estar na atualidade: a psicanálise e a novas formas de
subjetivação. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
BIBLIOGRAFIA
BORELLI, Sílvia. Telenovelas brasileiras: balanços e perspectivas. São Paulo:
Perspectiva, v. 15, n. 3, pp. 29-36. 2001.
BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. GOULART, Iris Barbosa.
Interacionismo Simbólico: uma perspectiva psicossociológica. In: Em Aberto.
Brasília. Ano 9, n.48, out/dez, 1990.
CAMPEDELLI, Samira. A telenovela. São Paulo: Ática, 1985.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das
Letras, 1999.
FRANÇA, Vera; SIMÕES, Paula Guimarães. Telenovelas, telespectadores e
representações do amor. ECO-PÓS- v.10, n.2, julho-dezembro 2007, pp. 48-69.
FREIRE COSTA, Jurandir. Violência e Psicanálise. Rio de Janeiro: Edições Graal,
1984.
______., Jurandir. Narcisismo em tempos sombrios. In: BIRMAN, Joel. Percursos
na história da psicanálise. Rio de Janeiro: Taurus, 1988. (p.151-174)
BIBLIOGRAFIA
FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo: uma introdução. In: FREUD, S. Edição
Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.14. Rio
de Janeiro: Imago, 1990.
______., Sigmund. O mal estar na civilização. In: Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
______., Sigmund. Psicologia de Grupo e análise do Ego. In: Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro:
Imago, 1996.
GIDDENS, Anthony. A Transformação da Intimidade: sexualidade, amor e
erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora Unesp, 1993.
______., Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora
Unesp,1991.
GOFFMAN, Erving. A Representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis (RJ):
Vozes, 1992.
BIBLIOGRAFIA
GREEN, André. Narcisismo de vida, Narcisismo de Morte. São Paulo: Escuta,
1988.
HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da
mudança cultural. 19ed. São Paulo: Loyola, 2010.
JAMESON, Frederic. Pós-Modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio.
São Paulo: Editora Ática, 1997.
KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio de subjetivação. Estados Gerais da
Psicanálise: Segundo Encontro Mundial, Rio de Janeiro, 2003.
LASCH, Christopher. O mínimo eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis.
São Paulo: Brasiliense, 1990.
______., Christopher. A cultura do narcisismo: a vida americanada numa era de
esperanças em declínio. Rio de Janeiro: Imago,1983.
LAZZARINI, Eliana Rigotto. Emergência do narcisismo na cultura e na clínica
psicanalítica contemporânea: novos rumos, reiteradas questões. Universidade de
Brasília. Programa de pós-graduação em Psicologia. Tese. 2006
BIBLIOGRAFIA
LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
_____., Gilles. A Era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo.
Barueri: Manole, 2006.
______., Gilles. A felicidade paradoxal: Ensaio sobre a sociedade de
hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
LYOTARD, Jean-François. A Condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2011.
MALDONADO, Alberto Efendy. Produtos midiáticos, estratégias, recepção: a
perspectiva transmetodológica. Revista Ciberlegenda. UFF. n.9, 2002.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michele. O carnaval das imagens: a
ficção na TV. São Paulo: Brasiliense, 1989.
MEZAN, Renato. Freud, Pensador da Cultura. Brasília: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1985.
MORAES, Roque. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela
análise textual discursiva. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MOTTER, Maria de Lourdes. Ficção e Realidade: a construção do cotidiano na
telenovela. São Paulo: Alexa Cultural, Comunicação & Cultura, 2003.
NASCIMENTO, Mérly Luane Vargas do. O narcisismo contemporâneo: da
barbárie social à tirania íntima. Universidade Estadual de Maringá – Pará.
Programa de pós-graduação em Psicologia. Dissertação. 2011.
ORTIZ, Renato; BORELLI, Silvia Helena Simões; RAMOS, José Mário Ortiz.
Telenovela: história e produção. São Paulo: Brasiliense, 1989.
PALLOTTINI, Renata. Dramaturgia de televisão. São Paulo: Modernas, 1998.
Paulo: Cortez, 1990.
PEDROSSIAN, Dulce Regina dos Santos. O sofrimento do corpo e da psique
sob a dominação social. Psicol. USP vol.19 no.2 São Paulo Abril/Junho 2008.
SEVERIANO, Maria de Fátima & ESTRAMIANA, José Luis Álvaro. Consumo,
narcisismo e identidades contemporâneas: uma análise psicossocial. Rio de
Janeiro: EdUERJ, 2006.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
______., Maria de Fátima Vieira. Narcisismo e publicidade: uma análise
psicossocial dos ideais do consumo na contemporaneidade. São Paulo: Annablume,
2001.
SILVA, Cristiane Valéria da. Telenovela e Sociedade Contemporânea:
apontamentos acerca das possibilidades de identificação. Dissertação (mestrado).
Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. 2010.
SODRÉ, Muniz. A máquina de Narciso: Televisão, indivíduo e poder no Brasil.
São
TÁVOLA, Artur da. A telenovela brasileira: história, análise e conteúdo. São
Paulo:Editora Globo, 1996.
VASSALO LOPES, Maria Immacolata. Telenovela brasileira: uma narrativa
sobre a nação. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 1, n. 26, p. 17-34, 2003.
_____., Maria Immacolata. Telenovela e direitos humanos: a narrativa de ficção
como recurso comunicativo. In: Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação/INTERCOM. Anais. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação, 2009..

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Slides defesa

  • 1. TELENOVELA E SUBJETIVIDADE: REPRESENTAÇÕES MIDIÁTICAS DO NARCISISMO CONTEMPORÂNEO, ESTUDO DE CASO DA TELENOVELA SANGUE BOM BANCA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO Aluna: Nina Nunes Rodrigues Cunha Orientador: Prof. Dr. Gustavo Fortes Said Programa de Pós-graduação em Comunicação - UFPI Linha de pesquisa: Mídia e produção de subjetividades
  • 2. Pressupostos iniciais • Entender como a telenovela, que se propõe a retratar ficcionalmente recortes da realidade, representa a subjetividade atual, sobretudo acerca das questões que contornam o narcisismo contemporâneo; • Estudo de Caso da telenovela Sangue Bom; • Quais os núcleos temáticos mais suscetíveis às características presentes no narcisismo contemporâneo e quais os atributos mais sobrelevantes a este respeito; • De acordo com os mecanismos interpretativos disponibilizados pela análise textual-discursiva, foi feita a análise das cenas das personagens da telenovela e as respectivas relações estabelecidas com os “outros” sociais e com a cultura;
  • 3. Cap. 1 - SUBJETIVIDADE E NARCISISMO 1.1 Subjetividade contemporânea, uma subjetividade marcada pelo narcisismo? 1.2 Narcisismo e Psicanálise 1.2.1 Narcisismo em Freud 1.2.2 Outras interpretações sobre o Narcisismo freudiano: autores contemporâneos 1.3 Narcisismo contemporâneo: consumo, mídia e violência
  • 4. Cap2. TELENOVELA E REPRESENTAÇÕES 2.1 História da telenovela no Brasil 2.1.1 Rede Globo e o protagonismo na produção de telenovelas 2.2 Telenovela brasileira: um recorte de realidade na tela 2.3 Ficção e realidade: representações e construções da sociedade contemporânea
  • 5. Cap3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Referencial teórico-metodológico: Estudos culturais britânicos 3.2 Estudo de Caso 3.3 Técnicas de Análise Textual-Discursiva 3.4 Descrição geral do objeto: a telenovela e suas peculiaridades 3.5 Descrição específica do objeto: Sangue Bom
  • 6. 3.1 Referencial teórico-metodológico: Estudos culturais britânicos • Nesta vertente de estudo, a mídia é encarada mediante o relacionamento com outras instituições da sociedade, e seu conteúdo e desenvolvimento são compreendidos como reflexos dessa relação. Também interessa a esta corrente, a compreensão dos meios de comunicação dentro da esfera cultural.
  • 7. 3.2 Estudo de Caso • Segundo Goode e Hatt (1979), o estudo de caso contribui para coordenar dados, compreendendo o objeto analisado em sua abrangência e unicidade. • Rede Globo – pioneirismo; • Horário das sete horas – Público, comicidade e escassez; • Tempo – Guerra dos Sexos, Sangue Bom e Além do horizonte; • Temática – SANGUE BOM
  • 8. 3.3 Técnicas de Análise Textual- Discursiva • Processo organizado de edificação interpretativa. Com a análise textual- discursiva novos entendimentos surgem por meio de uma sequência composta por algumas fases; • Esse método visa o entendimento criativo e detalhado do objeto a ser pesquisado, de acordo com aprofundamento intenso do referencial teórico utilizado para análise. (MORAES, 2003)
  • 9. 3.4 Descrição geral do objeto: a telenovela e suas peculiaridades Optamos por encarar a telenovela em sua complexidade, como um produto polissêmico, que une padrões mercadológicos, artísticos, produtivo-tecnológicos e ético-culturais (TÁVOLA, 1996) – pois compreendemos que todos esses padrões contribuem para que este gênero tenha significativo alcance na sociedade brasileira.
  • 10. 3.5 Descrição específica do objeto: Sangue Bom • O enredo de Sangue Bom foi exibido ao longo de 160 capítulos, do dia 29 de abril a 1° de novembro de 2013. • O enredo se passa na cidade de São Paulo, envolta de tendências de moda, publicidade e consumo. Quando pequenos, Bento , Amora e Fabinho se conheceram no lar de adoção do Tio Gilson, no bairro da Casa Verde. Mas o destino se encarregou de separar os três órfãos, Amora foi adotada pela rica e inescrupulosa atriz Bárbara Ellen, mãe de Malu, e Fabinho foi adotado por uma família do interior. Bento continuou no lar e fundou sua cooperativa de flores, a “Acácia Amarela”, juntamente com sua sócia Giane, vizinha e amiga de infância, que nutre uma paixão secreta por ele.
  • 11. Cap4. ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO NARCISISMO CONTEMPORÂNEO NA TELENOVELA SANGUE BOM 4.1 Contexto sociocultural construído pela telenovela Sangue Bom 4.1.1 Família: primeiro ambiente formador do sujeito 4.1.2 Política: descrédito governamental x consciência social 4.1.3 Religião: distância e deboche 4.1.4 Avanço tecnológico e suas implicações 4.1.5 Mídia: reflexo do eu grandioso nas telas 4.1.6 Consumo: desejo e diferenciação social 4.1.7 Fenômenos aparentes 4.1.8 Relação com o outro: empatia e competição 4.1.9 Amor: instabilidade e redenção 4.2 Análise das personagens com características do Narcisismo contemporâneo 4.2.1 Amora Campana, consumista e sobrevivencialista 4.2.2 Bárbara Ellen, histriônica e egoísta 4.2.3 Fabinho Queiroz, rebelde e sem limites
  • 12. 4.2.1 Amora Campana, consumista e sobrevivencialista • Perfil sobrevivencialista – trauma do abandono • Fortalecimento do ego ideal – eu narcísico/autopreservação • Dificuldade em lidar com a diferença, outro como semelhante • Características de privação (Baudrillard, 1995) • Obsessão por sapatos, sensação de segurança • Falsa projeção, descalça • Obstrução dos laços • Consumo que afasta do Autoconhecimento • It-girl – garota objeto (narcisismo dirigido)
  • 13. 4.2.2 Bárbara Ellen, histriônica e egoísta • Perfil sobrevivencialista e autocentrado, voltado para o ego ideal • Não há redenção, nem justificativa explícita sobre trauma • Reconhecida por não gostar de ninguém • Figura majestosa, devaneios megalomaníacos • Sonho narcisista de admiração, abomina o anonimato • Relações encaradas pelos benefícios que pode galgar e plateia • Horror a pobreza material, refém dos padrões normatizantes de consumo, ideais privatistas – competição por diferenciação • Refém dos exemplos de sucesso • Permanecer gozando daquilo que considera fonte de satisfação • Construção exagerada e caricata
  • 14. 4.2.3 Fabinho Queiroz, rebelde e sem limites • Dinheiro como sinônimo de onipotência • Ego ideal que comporta a fantasia de soberania, distanciamento da realidade e dos outros • Dificuldade em acatar ordens, não respeita o convívio pacífico e harmonioso – sem empatia • Sentimentos de frustração e raiva pela pobreza • Plenos poderes do dinheiro • Tenta o suicídio – narcisismo negativo (GREEN, 1990) • Ódio – autoaversão • Narcisismo regenerador
  • 15. CONSIDERAÇÕES FINAIS • A preocupação em evidenciar os fatores que propiciam, na telenovela, a associação da subjetividade atual a uma subjetividade narcísica, reafirma o potencial de adoecimento presente na conformação cultural contemporânea • Evidenciamos a construção dos traços narcísicos mais presente nas personagens circunscritas no mundo das celebridades e da publicidade, ou seja, na mídia. Com o ambiente envolto em competições por desempenho, aquisição de bens materiais, admiração, além das disputas por projeção e legitimação de imagens. • As relações com o outro, ao invés de envolvimento e afetividade, são erigidas em clima de rivalidade e inveja ou assinaladas por interesses em benefícios próprios. Mas o desinteresse em vínculos com a alteridade, não impede que ela seja levada em consideração para agigantar a autoestima do sujeito ou tomada como modelo para adequação aos padrões impostos pelos próprios veículos midiáticos.
  • 16. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Em contrapartida, embora convivam com o mesmo contexto sociocultural de violência, midiatização e consumo, no núcleo da Casa Verde, a diferença está alocada na forma de se relacionar com o outro. As relações são retratadas de maneira harmoniosa, com respeito e cooperação mútua, norteadas pela colaboração lúdica na cooperativa de flores. De acordo com Freud (1996), a relação de identificação recíproca entre os sujeitos ocorre por meio do controle da extensão narcísica do ego, que possibilita a empatia e coesão social • Neste caso, compreendemos a afabilidade das relações mantidas pelos moradores e simpatizantes do bairro, ligada à representação estereotipada – tão cara ao gênero novelístico. Trata-se de reunir os “bons” que se identificam e se gostam em um ambiente propício as trocas afetivas e demarcar os “maus” em conflituosas relações com os demais. A negação à Casa Verde simboliza uma espécie de renúncia à convivência aprazível e construtiva com a alteridade. • Entretanto, apesar da rigidez nas representações que trazem posicionamentos até certo ponto maniqueístas, percebemos uma tendência à flexibilidade no campo de sentidos. Nas representações de natureza mais cambiantes, os extremos dissolvem a rigidez da divisão antitética. A ressignificação se relaciona ao fato dos protagonistas, Amora e Fabinho, incorporarem um perfil impreciso, ora odioso, ora justificável pelo que viveram.
  • 17. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Em um comparativo entre personagens analisadas, a busca por dinheiro e bens de consumo atravessa com igual importância as três descrições. • O consumo aparece como saída imediata de investimento na esfera privada, contrapondo preocupações mais coletivas. As imposições articuladas por publicidade e propaganda agem na captura do sujeito estruturalmente insatisfeito e incutem a necessidade de satisfação e diferenciação social, a fim de alimentar o intenso ritmo produtivo. • Ainda dentro das questões de consumo, os padrões midiáticos subsequentes a essa lógica, adicionam preocupação com a aparência e com imagem, fazendo com que o sujeito busque modelos legitimados pela eficiência e prestígio. • Essa busca por modelos fabricados distancia do outro e, por conseguinte, o priva do conhecimento de si mesmo. Especialmente porque a relação com o consumo não age no fortalecimento do eu, mas o fragiliza ainda mais, abrindo caminho para os imperativos consumistas associados a satisfação instantânea.
  • 18. CONSIDERAÇÕES FINAIS • A análise efetuada, apesar de compreender a produção como sintomática em se tratando da relação mantida com sociedade, não buscou sacramentar a intenção dos autores ao escrever o enredo ou a forma de apreensão pelo público. Ativemo-nos à análise das pistas deixadas pelo produto pronto, exibido no ano de 2003 e integralmente disponível no site da emissora, analisado conforme os referenciais teóricos discutidos sobre narcisismo e sociedade contemporânea e acerca do gênero novelístico.
  • 19. BIBLIOGRAFIA • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Thedoro. & HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento – fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa-Portugal: Edições 70, 1995. BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. ______., Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ______., Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. ______., Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. ______., Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. ______., Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. BIRMAN, Joel. Mal estar na atualidade: a psicanálise e a novas formas de subjetivação. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
  • 20. BIBLIOGRAFIA • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Thedoro. & HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento – fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa-Portugal: Edições 70, 1995. BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. ______., Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ______., Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. ______., Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. ______., Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. ______., Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. BIRMAN, Joel. Mal estar na atualidade: a psicanálise e a novas formas de subjetivação. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
  • 21. BIBLIOGRAFIA BORELLI, Sílvia. Telenovelas brasileiras: balanços e perspectivas. São Paulo: Perspectiva, v. 15, n. 3, pp. 29-36. 2001. BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. GOULART, Iris Barbosa. Interacionismo Simbólico: uma perspectiva psicossociológica. In: Em Aberto. Brasília. Ano 9, n.48, out/dez, 1990. CAMPEDELLI, Samira. A telenovela. São Paulo: Ática, 1985. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011. ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. FRANÇA, Vera; SIMÕES, Paula Guimarães. Telenovelas, telespectadores e representações do amor. ECO-PÓS- v.10, n.2, julho-dezembro 2007, pp. 48-69. FREIRE COSTA, Jurandir. Violência e Psicanálise. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984. ______., Jurandir. Narcisismo em tempos sombrios. In: BIRMAN, Joel. Percursos na história da psicanálise. Rio de Janeiro: Taurus, 1988. (p.151-174)
  • 22. BIBLIOGRAFIA FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo: uma introdução. In: FREUD, S. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.14. Rio de Janeiro: Imago, 1990. ______., Sigmund. O mal estar na civilização. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. ______., Sigmund. Psicologia de Grupo e análise do Ego. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. GIDDENS, Anthony. A Transformação da Intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora Unesp, 1993. ______., Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora Unesp,1991. GOFFMAN, Erving. A Representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis (RJ): Vozes, 1992.
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