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Cinco minutos interessantes André Góis 1
CINCO TEMAS
EM CINCO MINUTOS.
INTERESSANTES.
Cinco minutos interessantes André Góis 2
O QUE É QUE
ELES NÃO ESTÃO
A FAZER
David Geffen era um judeu de Brooklyn.
Mas queria viver entre as beautiful people,
por isso, aos 18, mudou-se para Los Angeles.
O problema era que não tinha jeito para nada.
Uma vez estava a falar acerca disso com um
aspirante a ator, que lhe disse "Não consegues
fazer nada? Então devias ser agente, eles não
fazem nada, mesmo".
E assim foi.
Arranjou emprego na William Morris Agency.
Conseguiu um emprego na distribuição do correio
e teve de mentir no CV para o conseguir.
No seu CV dizia que tinha uma licenciatura. Achou
que não teria importância, que ninguém
ia verificar.
Enganou-se. Verificavam e chegaram a despedir
pessoas por causa disso.
Como trabalhava na distribuição do correio,
passou a chegar cedo todos os dias para verificar
a correspondência, até que intercetou uma carta
da universidade dele.
Descolou a aba do envelope, com vapor,
e apagou apenas uma palavra.
Mudou "David Geffen não é licenciado pela
UCLA" para "David Geffen é licenciado pela
UCLA".
Como chegava cedo todos os dias, o chefe
achava que era um bom exemplo, então
aumentou-o.
Enquanto distribuia o correio pelo escritório, ia
observando aquilo que os outros agentes faziam.
Pensou "a única coisa que eles fazem é estar na
treta ao telefone o dia todo. Eu consigo passar
o dia a fazer conversa de treta."
Reparou que os colegas estavam a tentar
contratar artistas já conhecidos. E não fazia
sentido nenhum.
Cinco minutos interessantes André Góis 3
David Geffen era um judeu de Brooklyn.
Mas queria viver entre as beautiful people,
por isso, aos 18, mudou-se para Los Angeles.
O problema era que não tinha jeito para nada.
Uma vez estava a falar acerca disso com um
aspirante a ator, que lhe disse "Não consegues
fazer nada? Então devias ser agente, eles não
fazem nada, mesmo".
E assim foi.
Arranjou emprego na William Morris Agency.
Conseguiu um emprego na distribuição do correio
e teve de mentir no CV para o conseguir.
No seu CV dizia que tinha uma licenciatura. Achou
que não teria importância, que ninguém
ia verificar.
Enganou-se. Verificavam e chegaram a despedir
pessoas por causa disso.
Como trabalhava na distribuição do correio,
passou a chegar cedo todos os dias para verificar
a correspondência, até que intercetou uma carta
da universidade dele.
Descolou a aba do envelope, com vapor,
e apagou apenas uma palavra.
Mudou "David Geffen não é licenciado pela
UCLA" para "David Geffen é licenciado pela
UCLA".
Como chegava cedo todos os dias, o chefe
achava que era um bom exemplo, então
aumentou-o.
Enquanto distribuia o correio pelo escritório, ia
observando aquilo que os outros agentes faziam.
Pensou "a única coisa que eles fazem é estar na
treta ao telefone o dia todo. Eu consigo passar
o dia a fazer conversa de treta."
Reparou que os colegas estavam a tentar
contratar artistas já conhecidos. E não fazia
sentido nenhum.
O QUE É QUE
ELES NÃO ESTÃO
A FAZER
Cinco minutos interessantes André Góis 4
O QUE É QUE
ELES NÃO ESTÃO
A FAZER
Eram mais caros, havia maior concorrência.
O que fazia sentido era encontrar os artistas antes
de serem conhecidos.
E foi isso que fez. Enquanto os outros agentes iam
para casa ou apenas não queriam ter muito trabalho,
Geffen ia para pequenas salas de concertos e bares
para encontrar novos talentos antes de toda a gente.
Fazia contratos com artistas que ainda não tinham
agentes.
Tornou-se o agente com mais sucesso da William
Morris. Era tão competente que abriu a própria editora
discográfica aos 27 anos: a Asylum Records.
Alguns dos artistas que ele tornou famosos na sua
editora foram Neil Young, os Crosby, Stills and Nash,
os Eagles, Joni Mitchell, Jackson Browne, Tom Waits,
Elton John e Judee Sill. ¬
Mais tarde vendeu a empresa para abrir a Geffen
Records, onde contratou artistas como Donna
Summer, Cher, os Aerosmith, os Guns N' Roses,
os Nirvana e os The Stone Roses.
Mas o que ele queria mesmo era contratar John
Lennon. O problema era que toda a gente também
queria.
Então fez o que mais ninguém estava a fazer.
As outras editoras estavam a falar diretamente com
John Lennon. Geffen falou com Yoko Ono, que achou
que se devia estar a sentir posta de parte.
Convenceu-a e consequentemente ela convenceu
Lennon.
Foi lá que editaram a sua obra-prima, Double Fantasy.
Anos mais tarde vendeu a editora e abriu um estúdio
de cinema com Steven Spielberg: a Dreamworks SKG
(o G é de Geffen).
Ele não conseguiu tudo isto por ser o melhor, mais
duro, mais rápido, mais esperto, mais rico ou mais bem
formado que os outros.
Conseguiu-o por olhar para os outros e perguntar-se:
"o que é que eles não estão a fazer?"
Cinco minutos interessantes André Góis 5
Eram mais caros, havia maior concorrência.
O que fazia sentido era encontrar os artistas antes
de serem conhecidos.
E foi isso que fez. Enquanto os outros agentes iam
para casa ou apenas não queriam ter muito trabalho,
Geffen ia para pequenas salas de concertos e bares
para encontrar novos talentos antes de toda a gente.
Fazia contratos com artistas que ainda não tinham
agentes.
Tornou-se o agente com mais sucesso da William
Morris. Era tão competente que abriu a própria editora
discográfica aos 27 anos: a Asylum Records.
Alguns dos artistas que ele tornou famosos na sua
editora foram Neil Young, os Crosby, Stills and Nash,
os Eagles, Joni Mitchell, Jackson Browne, Tom Waits,
Elton John e Judee Sill. ¬
Mais tarde vendeu a empresa para abrir a Geffen
Records, onde contratou artistas como Donna
Summer, Cher, os Aerosmith, os Guns N' Roses,
os Nirvana e os The Stone Roses.
Mas o que ele queria mesmo era contratar John
Lennon. O problema era que toda a gente também
queria.
Então fez o que mais ninguém estava a fazer.
As outras editoras estavam a falar diretamente com
John Lennon. Geffen falou com Yoko Ono, que achou
que se devia estar a sentir posta de parte.
Convenceu-a e consequentemente ela convenceu
Lennon.
Foi lá que editaram a sua obra-prima, Double Fantasy.
Anos mais tarde vendeu a editora e abriu um estúdio
de cinema com Steven Spielberg: a Dreamworks SKG
(o G é de Geffen).
Ele não conseguiu tudo isto por ser o melhor, mais
duro, mais rápido, mais esperto, mais rico ou mais bem
formado que os outros.
Conseguiu-o por olhar para os outros e perguntar-se:
"o que é que eles não estão a fazer?"
O QUE É QUE
ELES NÃO ESTÃO
A FAZER
Cinco minutos interessantes André Góis 6
ARREPENDER-
-SE É PIOR DO
QUE PASSAR
VERGONHA
Tilly Smith tinha 10 anos de idade.
Estava de férias com a irmã mais nova, Holly, e os pais.
Tinham ido passar férias para perto da praia de Mai
Khao, Tailândia.
Um dia, levantaram-se cedo e foram passear à praia.
Enquanto caminhavam, Tilly reparou que a água
estava espumosa, como uma cerveja e a maré estava
muito, mesmo muito, baixa.
De repente, parou. Aquilo era exatamente como um
filme que o professor de geografia dela lhes tinha
mostrado na escola em Inglaterra.
Na altura era o único filme de tsunamis que existia até
então. Mas Tilly estava convencida de que era o que
estava a acontecer.
Tentou explicar à mãe, que não acreditou.
Pouco se tinha ouvido falar de tsunamis.
Nem os salva-vidas pareciam preocupados.
Porque é que uma miúda de 10 anos de Surrey havia
de saber mais do que pessoas que viviam
e trabalhavam ali?
Tilly começou a gritar com o pai. Tinha mesmo
a certeza do que era.
O pai teve de fazer uma escolha difícil. Ou dava
ouvidos à filha de 10 anos, que estava histérica,
e causava uma onda de pânico na praia ou ignorava
e levava a filha para o hotel para ver se a acalmava.
Falou com os seguranças, que falaram com
os salva-vidas. A praia foi evacuada e voltaram todos
para o hotel e ficaram à espera.
Cinco minutos interessantes André Góis 7
Tilly Smith tinha 10 anos de idade.
Estava de férias com a irmã mais nova, Holly, e os pais.
Tinham ido passar férias para perto da praia de Mai
Khao, Tailândia.
Um dia, levantaram-se cedo e foram passear à praia.
Enquanto caminhavam, Tilly reparou que a água
estava espumosa, como uma cerveja e a maré estava
muito, mesmo muito, baixa.
De repente, parou. Aquilo era exatamente como um
filme que o professor de geografia dela lhes tinha
mostrado na escola em Inglaterra.
Na altura era o único filme de tsunamis que existia até
então. Mas Tilly estava convencida de que era o que
estava a acontecer.
Tentou explicar à mãe, que não acreditou.
Pouco se tinha ouvido falar de tsunamis.
Nem os salva-vidas pareciam preocupados.
Porque é que uma miúda de 10 anos de Surrey havia
de saber mais do que pessoas que viviam
e trabalhavam ali?
Tilly começou a gritar com o pai. Tinha mesmo
a certeza do que era.
O pai teve de fazer uma escolha difícil. Ou dava
ouvidos à filha de 10 anos, que estava histérica,
e causava uma onda de pânico na praia ou ignorava
e levava a filha para o hotel para ver se a acalmava.
Falou com os seguranças, que falaram com
os salva-vidas. A praia foi evacuada e voltaram todos
para o hotel e ficaram à espera.
ARREPENDER-
-SE É PIOR DO
QUE PASSAR
VERGONHA
Cinco minutos interessantes André Góis 8
Porque Tilly, com 10 anos de idade recusou-se a ficar
calada. Porque com 10 anos, não tens idade suficiente
para deixar o medo da vergonha silenciar-te.
Mais tarde foi convidada para ir à Sede das Nações
Unidas, onde o presidente Bill Clinton a congratulou
publicamente.
Porque Tilly salvou imensas vidas por ser irrazoável.
Por insistir que lhe dessem ouvidos.
Isso é algo que todos precisamos de aprender.
Arrepender-se é pior do que passar vergonha.
ARREPENDER-
-SE É PIOR DO
QUE PASSAR
VERGONHA
Não tiveram de esperar muito.
Em menos de um minuto, a primeira de três ondas
gigantes rebentou contra a costa.
Aquelas ondas gigantes atingiram praias em todo
o Sudeste Asiático, naquela manhã.
Foi o famoso tsunami de dia 26 de dezembro de 2004.
No final desse dia, toda a gente no mundo sabia o que
era um tsunami. Porque aquele tsunami matou 250 mil
pessoas em praias de 13 países diferentes.
Mas houve uma praia onde ninguém morreu.
A praia de Mai Khao. A praia onde Tilly tinha estado.
A praia de onde todos saíram antes da onda chegar.
Cinco minutos interessantes André Góis 9
Porque Tilly, com 10 anos de idade recusou-se a ficar
calada. Porque com 10 anos, não tens idade suficiente
para deixar o medo da vergonha silenciar-te.
Mais tarde foi convidada para ir à Sede das Nações
Unidas, onde o presidente Bill Clinton a congratulou
publicamente.
Porque Tilly salvou imensas vidas por ser irrazoável.
Por insistir que lhe dessem ouvidos.
Isso é algo que todos precisamos de aprender.
Arrepender-se é pior do que passar vergonha.
Não tiveram de esperar muito.
Em menos de um minuto, a primeira de três ondas
gigantes rebentou contra a costa.
Aquelas ondas gigantes atingiram praias em todo
o Sudeste Asiático, naquela manhã.
Foi o famoso tsunami de dia 26 de dezembro de 2004.
No final desse dia, toda a gente no mundo sabia o que
era um tsunami. Porque aquele tsunami matou 250 mil
pessoas em praias de 13 países diferentes.
Mas houve uma praia onde ninguém morreu.
A praia de Mai Khao. A praia onde Tilly tinha estado.
A praia de onde todos saíram antes da onda chegar.
ARREPENDER-
-SE É PIOR DO
QUE PASSAR
VERGONHA
Cinco minutos interessantes André Góis 10
O QUE É PARVO
É DESISTIR
John Lasseter sempre quis ser animador. O seu sonho,
claro, era trabalhar na Disney.
Mas o primeiro emprego que teve na Disney foi numa
diversão na Disneylândia.
Mais tarde, acabou por conseguir um trabalho
no estúdio de animação.
Entretanto viu os princípios do filme Tron, um filme live
action com efeitos digitais. Lasseter reconheceu
o potencial que isso representava para animação.
A sua visão era de um filme de animação a
computador completamente a 3D.
Mas os estúdios Disney faziam filmes em 2D há
cinquenta anos. Não precisavam que um miúdo parvo,
com a mania que tinha razão, lhes viesse dizer o que
fazer. Foi despedido por isso.
Já não tinha o seu emprego de sonho, mas arranjou
emprego numa outra empresa digital, a fazer efeitos
especiais para os filmes de George Lucas.
Lasseter era o único animador da empresa,
e conseguiu fazer um filme muito curtinho, muito
interessante, animado a computador.
Depois teve sorte. George Lucas vendeu a empresa
a Steve Jobs.
Jobs tinha pago 10 milhões de dólares, porque achava
que estava a comprar uma empresa de hardware.
Então Lasseter mostrou-lhe a curta-metragem que
tinha feito.
Jobs perguntou o que ele precisava para fazer dessa
parte da empresa um sucesso, ao que ele respondeu
que precisavam de fazer um filme maior, mas que
custaria meio milhão.
Jobs passou-lhe um cheque seu, pessoal, mas antes
de o entregar, disse: "Só uma coisa, John. Faz com
que seja um grande filme".
E Lasseter fez mesmo um grande filme, um filme que
ganhou um Óscar.
Cinco minutos interessantes André Góis 11
John Lasseter sempre quis ser animador. O seu sonho,
claro, era trabalhar na Disney.
Mas o primeiro emprego que teve na Disney foi numa
diversão na Disneylândia.
Mais tarde, acabou por conseguir um trabalho
no estúdio de animação.
Entretanto viu os princípios do filme Tron, um filme live
action com efeitos digitais. Lasseter reconheceu
o potencial que isso representava para animação.
A sua visão era de um filme de animação a
computador completamente a 3D.
Mas os estúdios Disney faziam filmes em 2D há
cinquenta anos. Não precisavam que um miúdo parvo,
com a mania que tinha razão, lhes viesse dizer o que
fazer. Foi despedido por isso.
Já não tinha o seu emprego de sonho, mas arranjou
emprego numa outra empresa digital, a fazer efeitos
especiais para os filmes de George Lucas.
Lasseter era o único animador da empresa,
e conseguiu fazer um filme muito curtinho, muito
interessante, animado a computador.
Depois teve sorte. George Lucas vendeu a empresa
a Steve Jobs.
Jobs tinha pago 10 milhões de dólares, porque achava
que estava a comprar uma empresa de hardware.
Então Lasseter mostrou-lhe a curta-metragem que
tinha feito.
Jobs perguntou o que ele precisava para fazer dessa
parte da empresa um sucesso, ao que ele respondeu
que precisavam de fazer um filme maior, mas que
custaria meio milhão.
Jobs passou-lhe um cheque seu, pessoal, mas antes
de o entregar, disse: "Só uma coisa, John. Faz com
que seja um grande filme".
E Lasseter fez mesmo um grande filme, um filme que
ganhou um Óscar.
O QUE É PARVO
É DESISTIR
Cinco minutos interessantes André Góis 12
O filme era Toy Story, a primeira longa-metragem
da história do cinema produzida com animação digital.
E esse filme lançou uma nova empresa, a Pixar.
E a Pixar lançou um estilo completamente novo
de animação.
Fez algum dos filmes de maior sucesso de todos
os tempos: Toy Story, Uma Vida de Insecto, The
Incredibles, Wall-E e Up - Altamente.
Na verdade, Toy Story 3 foi o primeiro filme de sempre
a ter receitas de mil milhões de dólares.
Up foi o primeiro filme de animação a inaugurar
o Festival de Cinema de Cannes.
Lasseter foi o primeiro animador da história (contando
com Walt Disney) a ganhar o David O. Selznick Award.
Entretanto, a Disney estava com sérios problemas.
O seu estilo antiquado de animação tinha sido
completamente eclipsado pela Pixar.
Por isso em 2006 a Disney comprou a Pixar e impôs
como uma das condições de venda que John
Lasseter dirigisse o estúdio de animação da própria
Disney. A empresa de onde tinha sido despedido
como animador júnior.
Assim, tornou-se diretor criativo da Disney e da Pixar.
Lasseter tem uma estrela com o seu nome na
Walk of Fame.
Parece que o puto parvo afinal não era assim tão
parvo.
O QUE É PARVO
É DESISTIR
Cinco minutos interessantes André Góis 13
O filme era Toy Story, a primeira longa-metragem
da história do cinema produzida com animação digital.
E esse filme lançou uma nova empresa, a Pixar.
E a Pixar lançou um estilo completamente novo
de animação.
Fez algum dos filmes de maior sucesso de todos
os tempos: Toy Story, Uma Vida de Insecto, The
Incredibles, Wall-E e Up - Altamente.
Na verdade, Toy Story 3 foi o primeiro filme de sempre
a ter receitas de mil milhões de dólares.
Up foi o primeiro filme de animação a inaugurar
o Festival de Cinema de Cannes.
Lasseter foi o primeiro animador da história (contando
com Walt Disney) a ganhar o David O. Selznick Award.
Entretanto, a Disney estava com sérios problemas.
O seu estilo antiquado de animação tinha sido
completamente eclipsado pela Pixar.
Por isso em 2006 a Disney comprou a Pixar e impôs
como uma das condições de venda que John
Lasseter dirigisse o estúdio de animação da própria
Disney. A empresa de onde tinha sido despedido
como animador júnior.
Assim, tornou-se diretor criativo da Disney e da Pixar.
Lasseter tem uma estrela com o seu nome na
Walk of Fame.
Parece que o puto parvo afinal não era assim tão
parvo.
O QUE É PARVO
É DESISTIR
Cinco minutos interessantes André Góis 14
No século XVII, um cientista alemão afirmou que
o movimento das árvores causava o vento.
Era uma evidência. Quando as árvores agitavam
os ramos, fazia sempre vento.
Quando as árvores não se moviam, não havia vento.
Tal como quando uma pessoa agita os braços cria
uma ligeira brisa.
O vento era o movimento do ar, por isso algo deveria
estar a causar esse movimento. Era perfeitamente
lógico.
Mas ser lógico não significa que seja verdadeiro.
Porque sabemos que é exatamente o contrário.
O cientista juntou os pontos certos, mas na ordem
errada.
O vento é que faz mexer as árvores e não o contrário.
Mas, para ele, a lógica era sedutora.
A sua lógica era semelhante à de muita da publicidade
que se faz as marcas. A lógica de que a publicidade
de uma marca cria reputação.
Se comunicarmos que a nossa marca é de
determinada forma, as pessoas vão vê-la dessa forma.
Se afirmarmos confiança, vão confiar nela.
Se afirmarmos solidez, vão acreditar que é sólida.
Se comunicarmos modernidade, vão acreditar que
é moderna. Se comunicarmos inovação, vão acreditar
que é inovadora. Vão juntar os pontos, mas na ordem
errada. Marca é sinónimo de reputação ou imagem.
E não se conquista uma determinada reputação só
por afirmar alguma coisa.
É preciso ser alguma coisa. Depois é que se consegue
uma reputação e reivindicá-la.
DE PERNAS
PARA O AR
Cinco minutos interessantes André Góis 15
No século XVII, um cientista alemão afirmou que
o movimento das árvores causava o vento.
Era uma evidência. Quando as árvores agitavam
os ramos, fazia sempre vento.
Quando as árvores não se moviam, não havia vento.
Tal como quando uma pessoa agita os braços cria
uma ligeira brisa.
O vento era o movimento do ar, por isso algo deveria
estar a causar esse movimento. Era perfeitamente
lógico.
Mas ser lógico não significa que seja verdadeiro.
Porque sabemos que é exatamente o contrário.
O cientista juntou os pontos certos, mas na ordem
errada.
O vento é que faz mexer as árvores e não o contrário.
Mas, para ele, a lógica era sedutora.
A sua lógica era semelhante à de muita da publicidade
que se faz as marcas. A lógica de que a publicidade
de uma marca cria reputação.
Se comunicarmos que a nossa marca é de
determinada forma, as pessoas vão vê-la dessa forma.
Se afirmarmos confiança, vão confiar nela.
Se afirmarmos solidez, vão acreditar que é sólida.
Se comunicarmos modernidade, vão acreditar que
é moderna. Se comunicarmos inovação, vão acreditar
que é inovadora. Vão juntar os pontos, mas na ordem
errada. Marca é sinónimo de reputação ou imagem.
E não se conquista uma determinada reputação só
por afirmar alguma coisa.
É preciso ser alguma coisa. Depois é que se consegue
uma reputação e reivindicá-la.
DE PERNAS
PARA O AR
Cinco minutos interessantes André Góis 16
Por isso, cinquenta anos mais tarde, puderam fazer
a campanha com o slogan "Se ao menos tudo na vida
fosse tão fiável como um Volkswagen".
Mas não podiam ter feito essa campanha ao lançar
uma marca, porque há cinquenta anos não tinham
qualquer reputação de solidez.
O produto cria a experiência.
A experiência cria a reputação.
A reputação cria a marca.
Não me venham dizer, por exemplo, que alguém
é humorista; façam-me rir.
DE PERNAS
PARA O AR
A Volkswagen não conquistou uma reputação
de solidez por fazer uma campanha de marca
a afirmar ser sólida.
Há 50 anos fizeram anúncios a dizer que, ao contrário
de outros carros, os deles eram pequenos, baratos
e práticos.
Não tinham radiadores, por isso o motor não gelava
no inverno. Eram pequenos, por isso comsumiam
menos gasolina. As peças eram mais baratas porque
não mudavam de ano para ano.
Estavam a publicitar o produto, não a marca. Mas
a publicidade ao produto construiu a marca. Porque
ao longo dos anos, a experência que as pessoas
tinham da VW era que faziam carros robustos
e sólidos.
Cinco minutos interessantes André Góis 17
Por isso, cinquenta anos mais tarde, puderam fazer
a campanha com o slogan "Se ao menos tudo na vida
fosse tão fiável como um Volkswagen".
Mas não podiam ter feito essa campanha ao lançar
uma marca, porque há cinquenta anos não tinham
qualquer reputação de solidez.
O produto cria a experiência.
A experiência cria a reputação.
A reputação cria a marca.
Não me venham dizer, por exemplo, que alguém
é humorista; façam-me rir.
A Volkswagen não conquistou uma reputação
de solidez por fazer uma campanha de marca
a afirmar ser sólida.
Há 50 anos fizeram anúncios a dizer que, ao contrário
de outros carros, os deles eram pequenos, baratos
e práticos.
Não tinham radiadores, por isso o motor não gelava
no inverno. Eram pequenos, por isso comsumiam
menos gasolina. As peças eram mais baratas porque
não mudavam de ano para ano.
Estavam a publicitar o produto, não a marca. Mas
a publicidade ao produto construiu a marca. Porque
ao longo dos anos, a experência que as pessoas
tinham da VW era que faziam carros robustos
e sólidos.
DE PERNAS
PARA O AR
Cinco minutos interessantes André Góis 18
Paul Smith era produtor, fazia programas de televisão.
Pelo menos, quando os conseguia vender.
Estava há dois anos a tentar vender uma ideia em
particular. Era um quiz show em que os concorrentes
tinham de adivinhar a resposta correta escolhendo
entre quatro respostas projetadas no ecrã. Se os
concorrentes acertassem as respostas todas, podiam
chegar a ganhar um milhão de libras.
Smith tinha enviado a ideia para a BBC, Channel 4,
Channel 5, mas ninguém lhe pegava.
O que motivou para continuar foi que uma pessoa
adorou a ideia: Claudia Rosencrantz da ITV.
Falou ao seu chefe, David Liddiment, mas tinha
reservas em relação à ideia. ¬
Disse que podia acabar por perder um milhão de libras
por episódio, se as respostas estavam no ecrã.
Paul Smith quis apresentar o programa pessoalmente
a Liddiment. Sabia que não valia a pena discutir.
A única maneira era convencê-lo a jogar o jogo.
E assim foi. Assim que foi apresentado, pediu-lhe que
tirasse a carteira do bolso. Depois
perguntou-lhe quanto dinheiro tinha na carteira.
250 libras. Então Smith juntou 250 libras dele ao
momante. "Se conseguir responder a uma pergunta
ganha as 500 libras. Se não, perde as suas 250 libras".
Fez-lhe uma pergunta e mostrou opções de resposta.
Liddiment perguntou a Rosencrantz qual é que ela
escolheria.
"Assim está a usar a opção de telefonar a um amigo",
explicou Smith.
Como Liddiment e Rosencrantz não chegavam
à resposta, Smith disse que podiam usar a opção 50/50.
Liddiment concordou, ficou com duas respostas
possíveis e acertou.
Smith deu-lhe as 500 libras e disse: "São suas, a não
ser que as queira duplicar, acertando na pergunta
seguinte", e pôs um envelope com 500 libras em cima
da mesa.
SABER VENDER,
SABER VIVER
Cinco minutos interessantes André Góis 19
E assim foi. Assim que foi apresentado, pediu-lhe que
tirasse a carteira do bolso. Depois
perguntou-lhe quanto dinheiro tinha na carteira.
250 libras. Então Smith juntou 250 libras dele ao
momante. "Se conseguir responder a uma pergunta
ganha as 500 libras. Se não, perde as suas 250 libras".
Fez-lhe uma pergunta e mostrou opções de resposta.
Liddiment perguntou a Rosencrantz qual é que ela
escolheria.
"Assim está a usar a opção de telefonar a um amigo",
explicou Smith.
Como Liddiment e Rosencrantz não chegavam
à resposta, Smith disse que podiam usar a opção 50/50.
Liddiment concordou, ficou com duas respostas
possíveis e acertou.
Smith deu-lhe as 500 libras e disse: "São suas, a não
ser que as queira duplicar, acertando na pergunta
seguinte", e pôs um envelope com 500 libras em cima
da mesa.
SABER VENDER,
SABER VIVER
Cinco minutos interessantes André Góis 20
Fez a pergunta e Liddiment começou a discuti-las
com Rosencrantz.
"Espere , já usou a hipótese de ligar a um amigo, não
a pode usar outra vez. Mas ainda pode perguntar
ao público".
Então Liddiment abriu a porta do gabinete e discutiu
a pergunta com o seu pessoal.
Mas , como não havia consenso, Liddiment franziu
o sobrolho e fechou a porta.
"Não, vou antes ficar com as 500 libras".
E nesse momento Smith soube que tinha conseguido
vender a ideia. Porque Liddiment percebeu que não
iria perder um milhão de libras por episódio. Tinha tido
a experiência de aversão à perda em primeira mão.
Daniel Kahneman, vencedor do Prémio Nobel, disse
que o medo da perda é mais poderoso do que a ideia
do ganho.
Gostou tanto da ideia que concordou em fazer uma
emissão diária do programa.
E Quem Quer Ser Milionário? é um sucesso
de audiências global.
E isso só aconteceu porque Paul Smith deixou
de esperar que o seu cliente compreendesse
racionalmente a sua ideia e fez antes com que
a sentisse.
Porque é aí que acontece a venda.
Paul Smith transferiu a venda daquilo a que Kahneman
chama pensamento de sistema dois (a mente lenta
e racional) para o pensamento de sistema um
(a mente rápida e emocional).
Em qualquer venda, o desejo tem de preceder
a permissão.
SABER VENDER,
SABER VIVER
Cinco minutos interessantes André Góis 21
Fez a pergunta e Liddiment começou a discuti-las
com Rosencrantz.
"Espere , já usou a hipótese de ligar a um amigo, não
a pode usar outra vez. Mas ainda pode perguntar
ao público".
Então Liddiment abriu a porta do gabinete e discutiu
a pergunta com o seu pessoal.
Mas , como não havia consenso, Liddiment franziu
o sobrolho e fechou a porta.
"Não, vou antes ficar com as 500 libras".
E nesse momento Smith soube que tinha conseguido
vender a ideia. Porque Liddiment percebeu que não
iria perder um milhão de libras por episódio. Tinha tido
a experiência de aversão à perda em primeira mão.
Daniel Kahneman, vencedor do Prémio Nobel, disse
que o medo da perda é mais poderoso do que a ideia
do ganho.
Gostou tanto da ideia que concordou em fazer uma
emissão diária do programa.
E Quem Quer Ser Milionário? é um sucesso
de audiências global.
E isso só aconteceu porque Paul Smith deixou
de esperar que o seu cliente compreendesse
racionalmente a sua ideia e fez antes com que
a sentisse.
Porque é aí que acontece a venda.
Paul Smith transferiu a venda daquilo a que Kahneman
chama pensamento de sistema dois (a mente lenta
e racional) para o pensamento de sistema um
(a mente rápida e emocional).
Em qualquer venda, o desejo tem de preceder
a permissão.
SABER VENDER,
SABER VIVER
Cinco minutos interessantes André Góis 22
DAVE
TROTT
Dave Trott é autor de vários livros sobre marketing,
publicidade e criatividade, sendo que é num
deles, o Um + Um = Três, que estas histórias foram
retiradas/adaptadas. É fundador de quatro agências
publicitárias premiadas.
Em 2004 foi distinguido com o D&AD President's
Award pela sua carreira em publicidade.
Porque é que um mais um é igual a três?
Steve Jobs disse que todas as novas ideias não
passam de combinações novas de elementos velhos.
Disse que a capacidade de fazer essas novas
combinações dependia da nossa capacidade de ver
relações.
É isso que faz com que algumas pessoas sejam mais
criativas.
Têm mais facilidade em ligar os pontos porque têm
mais pontos para ligar.
Steve disse que era esse o problema das indústrias
criativas. A maior parte das pessoas não tem
experiências diversificadas.
Podem saber muito sobre uma coisa, mas apenas
sobre um campo muito específico. Por isso, não têm
pontos suficientes para ligar. E então acabam com
soluções previsíveis e lineares.
Cinco minutos interessantes André Góis 23
DAVE
TROTT
Dave Trott é autor de vários livros sobre marketing,
publicidade e criatividade, sendo que é num
deles, o Um + Um = Três, que estas histórias foram
retiradas/adaptadas. É fundador de quatro agências
publicitárias premiadas.
Em 2004 foi distinguido com o D&AD President's
Award pela sua carreira em publicidade.
Porque é que um mais um é igual a três?
Steve Jobs disse que todas as novas ideias não
passam de combinações novas de elementos velhos.
Disse que a capacidade de fazer essas novas
combinações dependia da nossa capacidade de ver
relações.
É isso que faz com que algumas pessoas sejam mais
criativas.
Têm mais facilidade em ligar os pontos porque têm
mais pontos para ligar.
Steve disse que era esse o problema das indústrias
criativas. A maior parte das pessoas não tem
experiências diversificadas.
Podem saber muito sobre uma coisa, mas apenas
sobre um campo muito específico. Por isso, não têm
pontos suficientes para ligar. E então acabam com
soluções previsíveis e lineares.
Cinco minutos interessantes André Góis 24
DAVE
TROTT
O verdadeiro criativo é alguém que quer ser um
sabichão. Alguém que quer saber tudo acerca das
mais diversas coisas: História, matemática, manufatura,
decoração floral e o futuro da indústria da carne.
Porque nunca se sabe quando é que estas ideias
se podem juntar para formar uma ideia nova.
Pode acontecer em seis minutos ou depois de seis
anos.
E essa é a intenção deste livro, segundo Trott.
Convencionalmente, as pessoas limitam-se a aprender
mais coisas. Sobre o que lhes interessa. Estamos
apenas a acrescentar ao armazenamento aquilo
que já sabemos.
Portanto para termos um desenvolvimento mais
relevante, temos de identificar as áreas em que não
estamos naturalmente interessadas.
Isso aumenta exponencialmente a quantidade de
novas ligações que podemos fazer com
o conhecimento que já temos.
Como já não é previsível, agora é original.

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5MIN INTERESSANTES | 5 temas em 5 min by André Góis

  • 1. Cinco minutos interessantes André Góis 1 CINCO TEMAS EM CINCO MINUTOS. INTERESSANTES.
  • 2. Cinco minutos interessantes André Góis 2 O QUE É QUE ELES NÃO ESTÃO A FAZER David Geffen era um judeu de Brooklyn. Mas queria viver entre as beautiful people, por isso, aos 18, mudou-se para Los Angeles. O problema era que não tinha jeito para nada. Uma vez estava a falar acerca disso com um aspirante a ator, que lhe disse "Não consegues fazer nada? Então devias ser agente, eles não fazem nada, mesmo". E assim foi. Arranjou emprego na William Morris Agency. Conseguiu um emprego na distribuição do correio e teve de mentir no CV para o conseguir. No seu CV dizia que tinha uma licenciatura. Achou que não teria importância, que ninguém ia verificar. Enganou-se. Verificavam e chegaram a despedir pessoas por causa disso. Como trabalhava na distribuição do correio, passou a chegar cedo todos os dias para verificar a correspondência, até que intercetou uma carta da universidade dele. Descolou a aba do envelope, com vapor, e apagou apenas uma palavra. Mudou "David Geffen não é licenciado pela UCLA" para "David Geffen é licenciado pela UCLA". Como chegava cedo todos os dias, o chefe achava que era um bom exemplo, então aumentou-o. Enquanto distribuia o correio pelo escritório, ia observando aquilo que os outros agentes faziam. Pensou "a única coisa que eles fazem é estar na treta ao telefone o dia todo. Eu consigo passar o dia a fazer conversa de treta." Reparou que os colegas estavam a tentar contratar artistas já conhecidos. E não fazia sentido nenhum.
  • 3. Cinco minutos interessantes André Góis 3 David Geffen era um judeu de Brooklyn. Mas queria viver entre as beautiful people, por isso, aos 18, mudou-se para Los Angeles. O problema era que não tinha jeito para nada. Uma vez estava a falar acerca disso com um aspirante a ator, que lhe disse "Não consegues fazer nada? Então devias ser agente, eles não fazem nada, mesmo". E assim foi. Arranjou emprego na William Morris Agency. Conseguiu um emprego na distribuição do correio e teve de mentir no CV para o conseguir. No seu CV dizia que tinha uma licenciatura. Achou que não teria importância, que ninguém ia verificar. Enganou-se. Verificavam e chegaram a despedir pessoas por causa disso. Como trabalhava na distribuição do correio, passou a chegar cedo todos os dias para verificar a correspondência, até que intercetou uma carta da universidade dele. Descolou a aba do envelope, com vapor, e apagou apenas uma palavra. Mudou "David Geffen não é licenciado pela UCLA" para "David Geffen é licenciado pela UCLA". Como chegava cedo todos os dias, o chefe achava que era um bom exemplo, então aumentou-o. Enquanto distribuia o correio pelo escritório, ia observando aquilo que os outros agentes faziam. Pensou "a única coisa que eles fazem é estar na treta ao telefone o dia todo. Eu consigo passar o dia a fazer conversa de treta." Reparou que os colegas estavam a tentar contratar artistas já conhecidos. E não fazia sentido nenhum. O QUE É QUE ELES NÃO ESTÃO A FAZER
  • 4. Cinco minutos interessantes André Góis 4 O QUE É QUE ELES NÃO ESTÃO A FAZER Eram mais caros, havia maior concorrência. O que fazia sentido era encontrar os artistas antes de serem conhecidos. E foi isso que fez. Enquanto os outros agentes iam para casa ou apenas não queriam ter muito trabalho, Geffen ia para pequenas salas de concertos e bares para encontrar novos talentos antes de toda a gente. Fazia contratos com artistas que ainda não tinham agentes. Tornou-se o agente com mais sucesso da William Morris. Era tão competente que abriu a própria editora discográfica aos 27 anos: a Asylum Records. Alguns dos artistas que ele tornou famosos na sua editora foram Neil Young, os Crosby, Stills and Nash, os Eagles, Joni Mitchell, Jackson Browne, Tom Waits, Elton John e Judee Sill. ¬ Mais tarde vendeu a empresa para abrir a Geffen Records, onde contratou artistas como Donna Summer, Cher, os Aerosmith, os Guns N' Roses, os Nirvana e os The Stone Roses. Mas o que ele queria mesmo era contratar John Lennon. O problema era que toda a gente também queria. Então fez o que mais ninguém estava a fazer. As outras editoras estavam a falar diretamente com John Lennon. Geffen falou com Yoko Ono, que achou que se devia estar a sentir posta de parte. Convenceu-a e consequentemente ela convenceu Lennon. Foi lá que editaram a sua obra-prima, Double Fantasy. Anos mais tarde vendeu a editora e abriu um estúdio de cinema com Steven Spielberg: a Dreamworks SKG (o G é de Geffen). Ele não conseguiu tudo isto por ser o melhor, mais duro, mais rápido, mais esperto, mais rico ou mais bem formado que os outros. Conseguiu-o por olhar para os outros e perguntar-se: "o que é que eles não estão a fazer?"
  • 5. Cinco minutos interessantes André Góis 5 Eram mais caros, havia maior concorrência. O que fazia sentido era encontrar os artistas antes de serem conhecidos. E foi isso que fez. Enquanto os outros agentes iam para casa ou apenas não queriam ter muito trabalho, Geffen ia para pequenas salas de concertos e bares para encontrar novos talentos antes de toda a gente. Fazia contratos com artistas que ainda não tinham agentes. Tornou-se o agente com mais sucesso da William Morris. Era tão competente que abriu a própria editora discográfica aos 27 anos: a Asylum Records. Alguns dos artistas que ele tornou famosos na sua editora foram Neil Young, os Crosby, Stills and Nash, os Eagles, Joni Mitchell, Jackson Browne, Tom Waits, Elton John e Judee Sill. ¬ Mais tarde vendeu a empresa para abrir a Geffen Records, onde contratou artistas como Donna Summer, Cher, os Aerosmith, os Guns N' Roses, os Nirvana e os The Stone Roses. Mas o que ele queria mesmo era contratar John Lennon. O problema era que toda a gente também queria. Então fez o que mais ninguém estava a fazer. As outras editoras estavam a falar diretamente com John Lennon. Geffen falou com Yoko Ono, que achou que se devia estar a sentir posta de parte. Convenceu-a e consequentemente ela convenceu Lennon. Foi lá que editaram a sua obra-prima, Double Fantasy. Anos mais tarde vendeu a editora e abriu um estúdio de cinema com Steven Spielberg: a Dreamworks SKG (o G é de Geffen). Ele não conseguiu tudo isto por ser o melhor, mais duro, mais rápido, mais esperto, mais rico ou mais bem formado que os outros. Conseguiu-o por olhar para os outros e perguntar-se: "o que é que eles não estão a fazer?" O QUE É QUE ELES NÃO ESTÃO A FAZER
  • 6. Cinco minutos interessantes André Góis 6 ARREPENDER- -SE É PIOR DO QUE PASSAR VERGONHA Tilly Smith tinha 10 anos de idade. Estava de férias com a irmã mais nova, Holly, e os pais. Tinham ido passar férias para perto da praia de Mai Khao, Tailândia. Um dia, levantaram-se cedo e foram passear à praia. Enquanto caminhavam, Tilly reparou que a água estava espumosa, como uma cerveja e a maré estava muito, mesmo muito, baixa. De repente, parou. Aquilo era exatamente como um filme que o professor de geografia dela lhes tinha mostrado na escola em Inglaterra. Na altura era o único filme de tsunamis que existia até então. Mas Tilly estava convencida de que era o que estava a acontecer. Tentou explicar à mãe, que não acreditou. Pouco se tinha ouvido falar de tsunamis. Nem os salva-vidas pareciam preocupados. Porque é que uma miúda de 10 anos de Surrey havia de saber mais do que pessoas que viviam e trabalhavam ali? Tilly começou a gritar com o pai. Tinha mesmo a certeza do que era. O pai teve de fazer uma escolha difícil. Ou dava ouvidos à filha de 10 anos, que estava histérica, e causava uma onda de pânico na praia ou ignorava e levava a filha para o hotel para ver se a acalmava. Falou com os seguranças, que falaram com os salva-vidas. A praia foi evacuada e voltaram todos para o hotel e ficaram à espera.
  • 7. Cinco minutos interessantes André Góis 7 Tilly Smith tinha 10 anos de idade. Estava de férias com a irmã mais nova, Holly, e os pais. Tinham ido passar férias para perto da praia de Mai Khao, Tailândia. Um dia, levantaram-se cedo e foram passear à praia. Enquanto caminhavam, Tilly reparou que a água estava espumosa, como uma cerveja e a maré estava muito, mesmo muito, baixa. De repente, parou. Aquilo era exatamente como um filme que o professor de geografia dela lhes tinha mostrado na escola em Inglaterra. Na altura era o único filme de tsunamis que existia até então. Mas Tilly estava convencida de que era o que estava a acontecer. Tentou explicar à mãe, que não acreditou. Pouco se tinha ouvido falar de tsunamis. Nem os salva-vidas pareciam preocupados. Porque é que uma miúda de 10 anos de Surrey havia de saber mais do que pessoas que viviam e trabalhavam ali? Tilly começou a gritar com o pai. Tinha mesmo a certeza do que era. O pai teve de fazer uma escolha difícil. Ou dava ouvidos à filha de 10 anos, que estava histérica, e causava uma onda de pânico na praia ou ignorava e levava a filha para o hotel para ver se a acalmava. Falou com os seguranças, que falaram com os salva-vidas. A praia foi evacuada e voltaram todos para o hotel e ficaram à espera. ARREPENDER- -SE É PIOR DO QUE PASSAR VERGONHA
  • 8. Cinco minutos interessantes André Góis 8 Porque Tilly, com 10 anos de idade recusou-se a ficar calada. Porque com 10 anos, não tens idade suficiente para deixar o medo da vergonha silenciar-te. Mais tarde foi convidada para ir à Sede das Nações Unidas, onde o presidente Bill Clinton a congratulou publicamente. Porque Tilly salvou imensas vidas por ser irrazoável. Por insistir que lhe dessem ouvidos. Isso é algo que todos precisamos de aprender. Arrepender-se é pior do que passar vergonha. ARREPENDER- -SE É PIOR DO QUE PASSAR VERGONHA Não tiveram de esperar muito. Em menos de um minuto, a primeira de três ondas gigantes rebentou contra a costa. Aquelas ondas gigantes atingiram praias em todo o Sudeste Asiático, naquela manhã. Foi o famoso tsunami de dia 26 de dezembro de 2004. No final desse dia, toda a gente no mundo sabia o que era um tsunami. Porque aquele tsunami matou 250 mil pessoas em praias de 13 países diferentes. Mas houve uma praia onde ninguém morreu. A praia de Mai Khao. A praia onde Tilly tinha estado. A praia de onde todos saíram antes da onda chegar.
  • 9. Cinco minutos interessantes André Góis 9 Porque Tilly, com 10 anos de idade recusou-se a ficar calada. Porque com 10 anos, não tens idade suficiente para deixar o medo da vergonha silenciar-te. Mais tarde foi convidada para ir à Sede das Nações Unidas, onde o presidente Bill Clinton a congratulou publicamente. Porque Tilly salvou imensas vidas por ser irrazoável. Por insistir que lhe dessem ouvidos. Isso é algo que todos precisamos de aprender. Arrepender-se é pior do que passar vergonha. Não tiveram de esperar muito. Em menos de um minuto, a primeira de três ondas gigantes rebentou contra a costa. Aquelas ondas gigantes atingiram praias em todo o Sudeste Asiático, naquela manhã. Foi o famoso tsunami de dia 26 de dezembro de 2004. No final desse dia, toda a gente no mundo sabia o que era um tsunami. Porque aquele tsunami matou 250 mil pessoas em praias de 13 países diferentes. Mas houve uma praia onde ninguém morreu. A praia de Mai Khao. A praia onde Tilly tinha estado. A praia de onde todos saíram antes da onda chegar. ARREPENDER- -SE É PIOR DO QUE PASSAR VERGONHA
  • 10. Cinco minutos interessantes André Góis 10 O QUE É PARVO É DESISTIR John Lasseter sempre quis ser animador. O seu sonho, claro, era trabalhar na Disney. Mas o primeiro emprego que teve na Disney foi numa diversão na Disneylândia. Mais tarde, acabou por conseguir um trabalho no estúdio de animação. Entretanto viu os princípios do filme Tron, um filme live action com efeitos digitais. Lasseter reconheceu o potencial que isso representava para animação. A sua visão era de um filme de animação a computador completamente a 3D. Mas os estúdios Disney faziam filmes em 2D há cinquenta anos. Não precisavam que um miúdo parvo, com a mania que tinha razão, lhes viesse dizer o que fazer. Foi despedido por isso. Já não tinha o seu emprego de sonho, mas arranjou emprego numa outra empresa digital, a fazer efeitos especiais para os filmes de George Lucas. Lasseter era o único animador da empresa, e conseguiu fazer um filme muito curtinho, muito interessante, animado a computador. Depois teve sorte. George Lucas vendeu a empresa a Steve Jobs. Jobs tinha pago 10 milhões de dólares, porque achava que estava a comprar uma empresa de hardware. Então Lasseter mostrou-lhe a curta-metragem que tinha feito. Jobs perguntou o que ele precisava para fazer dessa parte da empresa um sucesso, ao que ele respondeu que precisavam de fazer um filme maior, mas que custaria meio milhão. Jobs passou-lhe um cheque seu, pessoal, mas antes de o entregar, disse: "Só uma coisa, John. Faz com que seja um grande filme". E Lasseter fez mesmo um grande filme, um filme que ganhou um Óscar.
  • 11. Cinco minutos interessantes André Góis 11 John Lasseter sempre quis ser animador. O seu sonho, claro, era trabalhar na Disney. Mas o primeiro emprego que teve na Disney foi numa diversão na Disneylândia. Mais tarde, acabou por conseguir um trabalho no estúdio de animação. Entretanto viu os princípios do filme Tron, um filme live action com efeitos digitais. Lasseter reconheceu o potencial que isso representava para animação. A sua visão era de um filme de animação a computador completamente a 3D. Mas os estúdios Disney faziam filmes em 2D há cinquenta anos. Não precisavam que um miúdo parvo, com a mania que tinha razão, lhes viesse dizer o que fazer. Foi despedido por isso. Já não tinha o seu emprego de sonho, mas arranjou emprego numa outra empresa digital, a fazer efeitos especiais para os filmes de George Lucas. Lasseter era o único animador da empresa, e conseguiu fazer um filme muito curtinho, muito interessante, animado a computador. Depois teve sorte. George Lucas vendeu a empresa a Steve Jobs. Jobs tinha pago 10 milhões de dólares, porque achava que estava a comprar uma empresa de hardware. Então Lasseter mostrou-lhe a curta-metragem que tinha feito. Jobs perguntou o que ele precisava para fazer dessa parte da empresa um sucesso, ao que ele respondeu que precisavam de fazer um filme maior, mas que custaria meio milhão. Jobs passou-lhe um cheque seu, pessoal, mas antes de o entregar, disse: "Só uma coisa, John. Faz com que seja um grande filme". E Lasseter fez mesmo um grande filme, um filme que ganhou um Óscar. O QUE É PARVO É DESISTIR
  • 12. Cinco minutos interessantes André Góis 12 O filme era Toy Story, a primeira longa-metragem da história do cinema produzida com animação digital. E esse filme lançou uma nova empresa, a Pixar. E a Pixar lançou um estilo completamente novo de animação. Fez algum dos filmes de maior sucesso de todos os tempos: Toy Story, Uma Vida de Insecto, The Incredibles, Wall-E e Up - Altamente. Na verdade, Toy Story 3 foi o primeiro filme de sempre a ter receitas de mil milhões de dólares. Up foi o primeiro filme de animação a inaugurar o Festival de Cinema de Cannes. Lasseter foi o primeiro animador da história (contando com Walt Disney) a ganhar o David O. Selznick Award. Entretanto, a Disney estava com sérios problemas. O seu estilo antiquado de animação tinha sido completamente eclipsado pela Pixar. Por isso em 2006 a Disney comprou a Pixar e impôs como uma das condições de venda que John Lasseter dirigisse o estúdio de animação da própria Disney. A empresa de onde tinha sido despedido como animador júnior. Assim, tornou-se diretor criativo da Disney e da Pixar. Lasseter tem uma estrela com o seu nome na Walk of Fame. Parece que o puto parvo afinal não era assim tão parvo. O QUE É PARVO É DESISTIR
  • 13. Cinco minutos interessantes André Góis 13 O filme era Toy Story, a primeira longa-metragem da história do cinema produzida com animação digital. E esse filme lançou uma nova empresa, a Pixar. E a Pixar lançou um estilo completamente novo de animação. Fez algum dos filmes de maior sucesso de todos os tempos: Toy Story, Uma Vida de Insecto, The Incredibles, Wall-E e Up - Altamente. Na verdade, Toy Story 3 foi o primeiro filme de sempre a ter receitas de mil milhões de dólares. Up foi o primeiro filme de animação a inaugurar o Festival de Cinema de Cannes. Lasseter foi o primeiro animador da história (contando com Walt Disney) a ganhar o David O. Selznick Award. Entretanto, a Disney estava com sérios problemas. O seu estilo antiquado de animação tinha sido completamente eclipsado pela Pixar. Por isso em 2006 a Disney comprou a Pixar e impôs como uma das condições de venda que John Lasseter dirigisse o estúdio de animação da própria Disney. A empresa de onde tinha sido despedido como animador júnior. Assim, tornou-se diretor criativo da Disney e da Pixar. Lasseter tem uma estrela com o seu nome na Walk of Fame. Parece que o puto parvo afinal não era assim tão parvo. O QUE É PARVO É DESISTIR
  • 14. Cinco minutos interessantes André Góis 14 No século XVII, um cientista alemão afirmou que o movimento das árvores causava o vento. Era uma evidência. Quando as árvores agitavam os ramos, fazia sempre vento. Quando as árvores não se moviam, não havia vento. Tal como quando uma pessoa agita os braços cria uma ligeira brisa. O vento era o movimento do ar, por isso algo deveria estar a causar esse movimento. Era perfeitamente lógico. Mas ser lógico não significa que seja verdadeiro. Porque sabemos que é exatamente o contrário. O cientista juntou os pontos certos, mas na ordem errada. O vento é que faz mexer as árvores e não o contrário. Mas, para ele, a lógica era sedutora. A sua lógica era semelhante à de muita da publicidade que se faz as marcas. A lógica de que a publicidade de uma marca cria reputação. Se comunicarmos que a nossa marca é de determinada forma, as pessoas vão vê-la dessa forma. Se afirmarmos confiança, vão confiar nela. Se afirmarmos solidez, vão acreditar que é sólida. Se comunicarmos modernidade, vão acreditar que é moderna. Se comunicarmos inovação, vão acreditar que é inovadora. Vão juntar os pontos, mas na ordem errada. Marca é sinónimo de reputação ou imagem. E não se conquista uma determinada reputação só por afirmar alguma coisa. É preciso ser alguma coisa. Depois é que se consegue uma reputação e reivindicá-la. DE PERNAS PARA O AR
  • 15. Cinco minutos interessantes André Góis 15 No século XVII, um cientista alemão afirmou que o movimento das árvores causava o vento. Era uma evidência. Quando as árvores agitavam os ramos, fazia sempre vento. Quando as árvores não se moviam, não havia vento. Tal como quando uma pessoa agita os braços cria uma ligeira brisa. O vento era o movimento do ar, por isso algo deveria estar a causar esse movimento. Era perfeitamente lógico. Mas ser lógico não significa que seja verdadeiro. Porque sabemos que é exatamente o contrário. O cientista juntou os pontos certos, mas na ordem errada. O vento é que faz mexer as árvores e não o contrário. Mas, para ele, a lógica era sedutora. A sua lógica era semelhante à de muita da publicidade que se faz as marcas. A lógica de que a publicidade de uma marca cria reputação. Se comunicarmos que a nossa marca é de determinada forma, as pessoas vão vê-la dessa forma. Se afirmarmos confiança, vão confiar nela. Se afirmarmos solidez, vão acreditar que é sólida. Se comunicarmos modernidade, vão acreditar que é moderna. Se comunicarmos inovação, vão acreditar que é inovadora. Vão juntar os pontos, mas na ordem errada. Marca é sinónimo de reputação ou imagem. E não se conquista uma determinada reputação só por afirmar alguma coisa. É preciso ser alguma coisa. Depois é que se consegue uma reputação e reivindicá-la. DE PERNAS PARA O AR
  • 16. Cinco minutos interessantes André Góis 16 Por isso, cinquenta anos mais tarde, puderam fazer a campanha com o slogan "Se ao menos tudo na vida fosse tão fiável como um Volkswagen". Mas não podiam ter feito essa campanha ao lançar uma marca, porque há cinquenta anos não tinham qualquer reputação de solidez. O produto cria a experiência. A experiência cria a reputação. A reputação cria a marca. Não me venham dizer, por exemplo, que alguém é humorista; façam-me rir. DE PERNAS PARA O AR A Volkswagen não conquistou uma reputação de solidez por fazer uma campanha de marca a afirmar ser sólida. Há 50 anos fizeram anúncios a dizer que, ao contrário de outros carros, os deles eram pequenos, baratos e práticos. Não tinham radiadores, por isso o motor não gelava no inverno. Eram pequenos, por isso comsumiam menos gasolina. As peças eram mais baratas porque não mudavam de ano para ano. Estavam a publicitar o produto, não a marca. Mas a publicidade ao produto construiu a marca. Porque ao longo dos anos, a experência que as pessoas tinham da VW era que faziam carros robustos e sólidos.
  • 17. Cinco minutos interessantes André Góis 17 Por isso, cinquenta anos mais tarde, puderam fazer a campanha com o slogan "Se ao menos tudo na vida fosse tão fiável como um Volkswagen". Mas não podiam ter feito essa campanha ao lançar uma marca, porque há cinquenta anos não tinham qualquer reputação de solidez. O produto cria a experiência. A experiência cria a reputação. A reputação cria a marca. Não me venham dizer, por exemplo, que alguém é humorista; façam-me rir. A Volkswagen não conquistou uma reputação de solidez por fazer uma campanha de marca a afirmar ser sólida. Há 50 anos fizeram anúncios a dizer que, ao contrário de outros carros, os deles eram pequenos, baratos e práticos. Não tinham radiadores, por isso o motor não gelava no inverno. Eram pequenos, por isso comsumiam menos gasolina. As peças eram mais baratas porque não mudavam de ano para ano. Estavam a publicitar o produto, não a marca. Mas a publicidade ao produto construiu a marca. Porque ao longo dos anos, a experência que as pessoas tinham da VW era que faziam carros robustos e sólidos. DE PERNAS PARA O AR
  • 18. Cinco minutos interessantes André Góis 18 Paul Smith era produtor, fazia programas de televisão. Pelo menos, quando os conseguia vender. Estava há dois anos a tentar vender uma ideia em particular. Era um quiz show em que os concorrentes tinham de adivinhar a resposta correta escolhendo entre quatro respostas projetadas no ecrã. Se os concorrentes acertassem as respostas todas, podiam chegar a ganhar um milhão de libras. Smith tinha enviado a ideia para a BBC, Channel 4, Channel 5, mas ninguém lhe pegava. O que motivou para continuar foi que uma pessoa adorou a ideia: Claudia Rosencrantz da ITV. Falou ao seu chefe, David Liddiment, mas tinha reservas em relação à ideia. ¬ Disse que podia acabar por perder um milhão de libras por episódio, se as respostas estavam no ecrã. Paul Smith quis apresentar o programa pessoalmente a Liddiment. Sabia que não valia a pena discutir. A única maneira era convencê-lo a jogar o jogo. E assim foi. Assim que foi apresentado, pediu-lhe que tirasse a carteira do bolso. Depois perguntou-lhe quanto dinheiro tinha na carteira. 250 libras. Então Smith juntou 250 libras dele ao momante. "Se conseguir responder a uma pergunta ganha as 500 libras. Se não, perde as suas 250 libras". Fez-lhe uma pergunta e mostrou opções de resposta. Liddiment perguntou a Rosencrantz qual é que ela escolheria. "Assim está a usar a opção de telefonar a um amigo", explicou Smith. Como Liddiment e Rosencrantz não chegavam à resposta, Smith disse que podiam usar a opção 50/50. Liddiment concordou, ficou com duas respostas possíveis e acertou. Smith deu-lhe as 500 libras e disse: "São suas, a não ser que as queira duplicar, acertando na pergunta seguinte", e pôs um envelope com 500 libras em cima da mesa. SABER VENDER, SABER VIVER
  • 19. Cinco minutos interessantes André Góis 19 E assim foi. Assim que foi apresentado, pediu-lhe que tirasse a carteira do bolso. Depois perguntou-lhe quanto dinheiro tinha na carteira. 250 libras. Então Smith juntou 250 libras dele ao momante. "Se conseguir responder a uma pergunta ganha as 500 libras. Se não, perde as suas 250 libras". Fez-lhe uma pergunta e mostrou opções de resposta. Liddiment perguntou a Rosencrantz qual é que ela escolheria. "Assim está a usar a opção de telefonar a um amigo", explicou Smith. Como Liddiment e Rosencrantz não chegavam à resposta, Smith disse que podiam usar a opção 50/50. Liddiment concordou, ficou com duas respostas possíveis e acertou. Smith deu-lhe as 500 libras e disse: "São suas, a não ser que as queira duplicar, acertando na pergunta seguinte", e pôs um envelope com 500 libras em cima da mesa. SABER VENDER, SABER VIVER
  • 20. Cinco minutos interessantes André Góis 20 Fez a pergunta e Liddiment começou a discuti-las com Rosencrantz. "Espere , já usou a hipótese de ligar a um amigo, não a pode usar outra vez. Mas ainda pode perguntar ao público". Então Liddiment abriu a porta do gabinete e discutiu a pergunta com o seu pessoal. Mas , como não havia consenso, Liddiment franziu o sobrolho e fechou a porta. "Não, vou antes ficar com as 500 libras". E nesse momento Smith soube que tinha conseguido vender a ideia. Porque Liddiment percebeu que não iria perder um milhão de libras por episódio. Tinha tido a experiência de aversão à perda em primeira mão. Daniel Kahneman, vencedor do Prémio Nobel, disse que o medo da perda é mais poderoso do que a ideia do ganho. Gostou tanto da ideia que concordou em fazer uma emissão diária do programa. E Quem Quer Ser Milionário? é um sucesso de audiências global. E isso só aconteceu porque Paul Smith deixou de esperar que o seu cliente compreendesse racionalmente a sua ideia e fez antes com que a sentisse. Porque é aí que acontece a venda. Paul Smith transferiu a venda daquilo a que Kahneman chama pensamento de sistema dois (a mente lenta e racional) para o pensamento de sistema um (a mente rápida e emocional). Em qualquer venda, o desejo tem de preceder a permissão. SABER VENDER, SABER VIVER
  • 21. Cinco minutos interessantes André Góis 21 Fez a pergunta e Liddiment começou a discuti-las com Rosencrantz. "Espere , já usou a hipótese de ligar a um amigo, não a pode usar outra vez. Mas ainda pode perguntar ao público". Então Liddiment abriu a porta do gabinete e discutiu a pergunta com o seu pessoal. Mas , como não havia consenso, Liddiment franziu o sobrolho e fechou a porta. "Não, vou antes ficar com as 500 libras". E nesse momento Smith soube que tinha conseguido vender a ideia. Porque Liddiment percebeu que não iria perder um milhão de libras por episódio. Tinha tido a experiência de aversão à perda em primeira mão. Daniel Kahneman, vencedor do Prémio Nobel, disse que o medo da perda é mais poderoso do que a ideia do ganho. Gostou tanto da ideia que concordou em fazer uma emissão diária do programa. E Quem Quer Ser Milionário? é um sucesso de audiências global. E isso só aconteceu porque Paul Smith deixou de esperar que o seu cliente compreendesse racionalmente a sua ideia e fez antes com que a sentisse. Porque é aí que acontece a venda. Paul Smith transferiu a venda daquilo a que Kahneman chama pensamento de sistema dois (a mente lenta e racional) para o pensamento de sistema um (a mente rápida e emocional). Em qualquer venda, o desejo tem de preceder a permissão. SABER VENDER, SABER VIVER
  • 22. Cinco minutos interessantes André Góis 22 DAVE TROTT Dave Trott é autor de vários livros sobre marketing, publicidade e criatividade, sendo que é num deles, o Um + Um = Três, que estas histórias foram retiradas/adaptadas. É fundador de quatro agências publicitárias premiadas. Em 2004 foi distinguido com o D&AD President's Award pela sua carreira em publicidade. Porque é que um mais um é igual a três? Steve Jobs disse que todas as novas ideias não passam de combinações novas de elementos velhos. Disse que a capacidade de fazer essas novas combinações dependia da nossa capacidade de ver relações. É isso que faz com que algumas pessoas sejam mais criativas. Têm mais facilidade em ligar os pontos porque têm mais pontos para ligar. Steve disse que era esse o problema das indústrias criativas. A maior parte das pessoas não tem experiências diversificadas. Podem saber muito sobre uma coisa, mas apenas sobre um campo muito específico. Por isso, não têm pontos suficientes para ligar. E então acabam com soluções previsíveis e lineares.
  • 23. Cinco minutos interessantes André Góis 23 DAVE TROTT Dave Trott é autor de vários livros sobre marketing, publicidade e criatividade, sendo que é num deles, o Um + Um = Três, que estas histórias foram retiradas/adaptadas. É fundador de quatro agências publicitárias premiadas. Em 2004 foi distinguido com o D&AD President's Award pela sua carreira em publicidade. Porque é que um mais um é igual a três? Steve Jobs disse que todas as novas ideias não passam de combinações novas de elementos velhos. Disse que a capacidade de fazer essas novas combinações dependia da nossa capacidade de ver relações. É isso que faz com que algumas pessoas sejam mais criativas. Têm mais facilidade em ligar os pontos porque têm mais pontos para ligar. Steve disse que era esse o problema das indústrias criativas. A maior parte das pessoas não tem experiências diversificadas. Podem saber muito sobre uma coisa, mas apenas sobre um campo muito específico. Por isso, não têm pontos suficientes para ligar. E então acabam com soluções previsíveis e lineares.
  • 24. Cinco minutos interessantes André Góis 24 DAVE TROTT O verdadeiro criativo é alguém que quer ser um sabichão. Alguém que quer saber tudo acerca das mais diversas coisas: História, matemática, manufatura, decoração floral e o futuro da indústria da carne. Porque nunca se sabe quando é que estas ideias se podem juntar para formar uma ideia nova. Pode acontecer em seis minutos ou depois de seis anos. E essa é a intenção deste livro, segundo Trott. Convencionalmente, as pessoas limitam-se a aprender mais coisas. Sobre o que lhes interessa. Estamos apenas a acrescentar ao armazenamento aquilo que já sabemos. Portanto para termos um desenvolvimento mais relevante, temos de identificar as áreas em que não estamos naturalmente interessadas. Isso aumenta exponencialmente a quantidade de novas ligações que podemos fazer com o conhecimento que já temos. Como já não é previsível, agora é original.