O documento discute como o policiamento comunitário permanece consistente em sua essência, mas adota novas tecnologias para se conectar melhor com o público. Embora os fundamentos do policiamento, como prevenir o crime, não tenham mudado desde os princípios estabelecidos por Peel no século 19, as agências agora usam dados abertos e mídias sociais para promover a transparência e a confiança. Isso permite que o policiamento comunitário se espalhe para além das interações pessoais.
Policiamento Comunitário: Como a Tecnologia Apoia sua Missão Fundamental
1. Policiamento Comunitário: Por que Nada Mudou,
no Entanto, Tudo é Diferente
Por Ross Venhuizen
Se há uma coisa que é consistente no policiamento, é que nada muda, mas ainda
assim há sempre algo novo.
Não faz sentido? Deixe-me explicar...
Em 1829, a primeira polícia de Londres foi criada por Sir Robert Peel. Este ato foi
recebido com grande oposição pois muitos londrinos temiam as forças policiais, tendo
apenas experimentado a Gendarmerie francesa (similar a uma polícia na época),
conhecida por ser secreta e militarizada. Para aliviar esses temores, Sir Robert queria que
as pessoas soubessem que a força policial de Londres seria diferente. Eles estavam lá
para fazer o policiamento de uma maneira correta então delineou nove princípios para
uma força policial ética.
Princípio 1: "A missão básica pelo qual a polícia existe é prevenir o crime e a desordem."
Princípio 2: "A capacidade da polícia em exercer suas funções depende de aprovação pública das ações da
polícia."
Princípio 3: "A polícia deve garantir a cooperação voluntária do público no cumprimento da lei, para ser
capaz de garantir e manter o respeito do público."
Princípio 4: "O grau de cooperação do público que pode ser assegurado diminui proporcionalmente à
necessidade do uso da força física."
Princípio 5: "A polícia busca e preserva a favor do público, não se abastecendo da opinião pública, mas
constantemente demonstrando um serviço imparcial e absoluto à lei."
Princípio 6: "A polícia usa a força física na medida necessária para garantir o controle da lei ou para
preservar a ordem apenas quando o exercício da persuasão, aconselhamento e aviso é tido insuficiente."
Princípio 7: "Em todos os momentos, a políciadeve manter um relacionamento com o público que ofereça
uma realidade à tradição histórica, que a polícia é o público e o público é a polícia;ela deve ter apenas
membros do público que são pagos para dar atenção integral aos deveres que incumbem a cada cidadão
visando o interesse do bem-estar da comunidade e existência. "
Princípio 8: "A polícia deve sempre dirigir a suas ações estritamente no sentido da sua funcionalidade e
nunca aparecer para usurpar os poderes do judiciário."
Princípio 9: "O teste de eficácia da polícia é a ausência de crime e desordem, não a evidência visível da ação
policial em lidar com eles."
Quase 200 anos depois, esses princípios ainda servem como referênciapara a segurança
pública, como o policial Bratton da NYPD (sigla em inglês para Polícia de New York). E
lendo através deles é claro ver o porquê: os fundamentos de aplicação da lei não
mudaram. E os dos crimes também não. As pessoas continuam a brigar, roubar e matar.
2. Em 1800, os roubos eram feitos porbatedores de carteiras, um crime onde o dinheiro
literalmenteera tomado dos bolsos das vítimas. Hoje em dia, os ladrões tiram dinheiro de
nossos bolsos em um sentido figurado, usando técnicas tais como pescando seu dinheiro
ou até mesmo sendo um hacker. Os crimes não mudam, seus métodos sim.
Como com o clássico policiamento e crime, os métodos baseados em comunidades são
iguais em sua essência, mas os detalhes são diferentes. O policiamento comunitário
ainda é sobre a construção da confiança através de interações positivas. Mas para muitas
agências, a natureza dessas interações mudou, com mais foco em pontos de contato
digitais. O policiamento não mudou, mas seus veículos estão precisando ser
atualizados.São várias as maneiras que a nova tecnologia está permitindo respostas mais
inteligentes, e rápidas. Depois de falar com vários oficiais, as ideias de policiamento com
base em informações eas abordagens para a segurança contra o tráfico e crime ressoam.
Mas o que dizer sobre o policiamento voltado para a comunidade? Como pode uma
filosofia que tem como foco as relações pessoais ser afetada positivamente pela
tecnologia?
Tomemos, por exemplo, agências, como as de Ottawa em Ontário (Canadá), Fort Worth
no Texas e San José na Califórnia, que implementaram o software de mapeamento de
crime para simplificar o acesso dos cidadãos aos dados de criminalidade, reduzir os
pedidos de informação e aumentar a confiança do público. As mesmas interações
positivas com a comunidade que foram realizadas anteriormente pessoalmente ou por
telefone foram automatizados e digitalizadas. Páginas Web como CrimeReports.com e
RaidsOnline.com recebem milhares de visitas a cada semana de visitantes curiosos à
procura de mais informações sobre o crime na sua cidade.
Outras cidades dos Estados Unidos como Seattle e Baltimore deram um passo adiante
com portais abertos de dados que vão além do que apenas das informações de
segurança pública, proporcionando a transparência de dados do Governo. Da mesma
forma, esses portais abertos servem para melhorar o policiamento voltado para a
comunidade, promovendo um governo que seja transparente, participativo e colaborativo.
"A visão é a de transformar a maneira como os cidadãos e o Governo interagem.
Facilitamos para que os cidadãos tenham o que precisam", declarou Kristin Russell, CIO e
Secretário de Tecnologia do Estado do Colorado nos EUA. A medida que os cidadãos se
beneficiam de uma maior transparência e de pedidos de informações mais rápidos, eles
ficam mais comprometidos, ea confiança do público na cidade e nos oficiais de segurança
pública aumentam.
Até mesmo as interações humanas agora estão sendo complementadas com tecnologia.
Muitos policiais estão migrando para asmídias sociais para melhorar suas relações com a
comunidade. O oficial Tommy Norman, da polícia de North Little Rock, estado de
Arkansas, começou a publicar suas interações na cidade em sua página no Instagram, há
alguns anos, e através de imagens e vídeos interativos, ele ganhou mais de 100.000
seguidores. Seus esforços de policiamento comunitário não afetaram apenas North Little
Rock, mas agora milhares de pessoas dentro e fora de sua área experimentam também
essas interações positivas.
Para atingir o mesmo fim, o oficialDaniels não necessariamente foca suas postagens
sociais sobre policiamento comunitário, mas envia lotes de conteúdo para seus 400 mil
3. seguidores sobre sua vida como um policial: interações com a comunidade, piadas
policiais, memes e tendências atuais. Todos esses esforços humanizam a profissão, e
mostram que a polícia também é gente.
O elemento humano do policiamento voltado para a comunidade é fundamental para a
construir relações sustentáveis e de confiança, mas o advento da tecnologia permitiu que
isso se espalhe mais do que nunca. Embora os fundamentos permanecem consistentes, é
importante que agências de segurança pública abracem as novas mídias através da qual
elas possam manter sua comunidade conectada, segura e confiante.
Ross Venhuizen é o Especialista Global em Marketing para as Soluções Inteligentes em
Segurança Pública da Motorola Solutions. Conecte-se com ele pelo Linkedin
em:www.linkedin.com/in/rossvenhuizen