O documento fala sobre o Dia da Árvore e da Floresta e começo da Primavera. Citam-se dois poemas sobre árvores - um descrevendo seu crescimento solitário e outro sobre dormir sob a sombra de uma árvore. Há também uma menção a arvores maltratadas.
4. “As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes, e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós...” António Gedeão
(POEMA DAS ÁRVORES - incompleto)
6. ARVORES MALTRATADAS
As arvores não têm alma
Algumas se encontram no trilho
À sua sombra de tarde calma,
Alguém as trata como um filho
Será mãe, ou será pai
Que a beija sem cobardia
Como é arvore, não dá um ai
Dá sombra e simpatia
Alguém de rosto feio
Ousa, a retalhar sem paixão
Quem a rega, e de permeio
Não deixa de lhe dar um sermão
A arvore não é para maltratar
Mas dar lhes carinho e amor
É que apesar de não falar
Também morrem tristes de dor
Fernando Ramos
7. SE EU ME SENTIR SONO
“Se eu me sentir sono,
E quiser dormir,
Naquele abandono
Que é o não sentir,
Quero que aconteça
Quando eu estiver
Pousando a cabeça,
Não num chão qualquer,
Mas onde sob ramos
Uma árvore faz
A sombra em que bebamos,
A sombra da paz.”
Fernando Pessoa