Gestão de custos e análise de lucratividade na produção de soja e milho em propriedade rural de Goiás
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ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO: UM ESTUDO DE CASO
EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM SERRANÓPOLIS - GO
Aline Eduarda Ferreira Rodrigues1
Valcesa Gusatti Rosa2
Data da submissão
02.10.2017
Data da aprovação
22.11.2017
RESUMO
A produção da soja e milho é uma atividade de grande expressão no ramo do agronegócio
do estado de Goiás. Esta pesquisa é um estudo de caso que analisou a safra/soja e
safrinha/milho em uma propriedade rural no município de Serranópolis – GO. Neste
trabalho buscou-se verificar a importância do processo de apuração de resultados na
agricultura da propriedade, com o intuito de demonstrar a viabilidade econômica e a
rentabilidade da cultura da soja e milho. A análise envolve aspectos em relação aos custos
do ciclo produtivo das culturas, destacando-se a relevância da gestão de custos e a
importância de suas informações para a tomada de decisão, pois a contabilidade, com
seus conceitos e definições, é fator indispensável na estruturação dos custos de produção
para mensuração, análise e controle. Foi implantado um sistema de controle através de
planilhas fornecidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) - Projeto
Campo Futuro - Gestão de custos e riscos para produtores rurais para auxílio na análise
dos dados coletados.
Palavras-chaves: Produtividade; Diagnóstico; Custos; Agricultura, lucratividade.
SUMMARY
The production of soybean and corn is an activity of great expression in the agribusiness
sector of the State of Goiás. This research is a case study that analyzed the crop / soybean
and safrinha / maize in a rural property in the municipality of Serranópolis - GO. The
objective of this work was to verify the importance of the results verification process in the
agriculture of the property, with the purpose of demonstrating the economic feasibility and
profitability of the soybean and corn crop. The analysis involves aspects related to the
costs of the crop production cycle, highlighting the relevance of cost management and the
importance of its information for decision making, since accounting, with its concepts and
definitions, is an indispensable factor in structuring of production costs for measurement,
analysis and control. A control system was implemented through spreadsheets provided by
the National Rural Apprenticeship Service (SENAR) - Future Field Project - Cost and risk
management for rural producers to assist in the analysis of collected data.
Keywords: Productivity; Diagnosis; Costs; Agriculture, profitability.
1
Graduada em Administração de Empresas pelo Centro de Ensino Superior de Jataí, Jataí-GO.
2
Pós-graduada em Administração de Empresas, professora do Centro de Ensino Superior de Jataí, Jataí-GO.
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INTRODUÇÃO
O agronegócio é um dos setores que mais vem se destacando nos últimos anos. A
expansão do agronegócio vem ocorrendo principalmente pela globalização e pela
alavancagem da economia. Com o crescimento do setor de agronegócios, surge um
desafio para o proprietário quanto à competitividade econômica de mercado e gestão dos
custos desenvolvida em suas propriedades e a apuração dos resultados através de
diagnóstico do levantamento de dados. A administração rural apoia esse processo e
contribui no avanço e organização estratégica do ambiente, viabilizando o conhecimento
das atividades desenvolvidas, assim como os processos dos custos de produção, gerando
uma estrutura de acompanhamento acessível ao proprietário. Além disso, também se faz
necessário a liderança e controle do desenvolvimento das atividades, o que vem exigindo
do empresário rural um melhor gerenciamento da propriedade, uma vez que este precisa
conhecer sua empresa em todos os aspectos. Inclusive, não basta só produzir e vender
seu produto; o produtor deve acompanhar como, quando e quanto produzir, e também
como e para quem vender, além do seu custo de produção.
Nos últimos trinta anos houve um desenvolvimento do estado de Goiás,
principalmente da região Sudoeste, que tem a agricultura como o seu principal setor
econômico. Goiás tinha a maior produção na pecuária extensiva; com a chegada da soja,
houve uma grande ampliação da produção agrícola. Esse processo teve início na região
sul do estado e se desenvolveu para o sudoeste de Goiás, onde a prática de rotação de
safra de soja com milho safrinha é muito comum.
1 Contextualização da pesquisa
Para a realização desse trabalho, houve uma pesquisa exploratória, utilizando
materiais impressos como livros, artigos, revistas, além de levantamento de dados em
uma propriedade rural para análise e apresentação de resultados.
1.1 Problema da pesquisa
O gerenciamento da empresa Rural é um processo contínuo e interativo, indo além
do sistema interno, passando pela integração no seu ambiente externo. A fazenda deixou
de ser apenas uma propriedade rural genérica para se transformar em empresa rural
especializada. Assim, sua gestão precisa ser adequada a seu produto final. Há questões
econômicas e produtivas que deverão estrategicamente ser indagadas no planejamento
da empresa. Diante dessa perspectiva, questiona-se:
A empresa rural está se adequando às necessidades do mercado e usando
adequadamente os recursos gerenciais disponíveis para fazer a apuração de seus
resultados e avaliação da sua lucratividade?
1.2 Justificativa
Devido à competitividade econômica e de mercado, a gestão, juntamente com um bom
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planejamento administrativo de eficiência, é, atualmente, de suma importância para o
desenvolvimento e lucratividades das propriedades. O agricultor precisa encarar que não
deve ser apenas o dono da propriedade, mas entender que é necessário ter visão
empresarial, visando lucros, controlando custos, planejando e gerenciando a sua atividade
juntamente com os técnicos responsáveis pela produção. Sobretudo, com intuito de
adquirir inovações para maximizar sua receita e gerenciar o uso dos recursos disponíveis
na propriedade (terra, trabalho e capital). A escolha deste tema para elaboração do estudo
foi enfatizar a importância da administração nas propriedades rurais.
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Avaliar a gestão de uma propriedade rural quanto à apuração dos resultados,
através do levantamento de custos de produção e o resultado final da atividade rural.
1.3.2 Específicos
- A importância da administração de empresas rurais;
- Identificar os produtos que são produzidos na propriedade;
- Levantar contabilidade de custos e receita de cada produção;
- Identificar demais gastos inerentes à propriedade;
- Apuração dos resultados finais de cada produção a partir de análises de viabilidade
econômica.
1.4 Metodologia
Esta monografia tem por base a pesquisa bibliográfica e de estudo de caso. De
acordo com Fonseca (2002, p. 32)
“A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas
já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas
publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios
sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta”.
Segundo LAKATOS e MARCONI (2003, p. 183)
“A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita
magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham
sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas”.
Estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e
o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas
(Yin, 1989, p. 23).
Segundo Yin (2005) trata-se de uma forma de se fazer pesquisa investigativa de
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fenômenos atuais dentro de seu contexto real, em situações em que as fronteiras entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidos.
De acordo com Gil (1991), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo exaustivo
e em profundidade de poucos objetos, de forma a permitir conhecimento amplo e
específico do mesmo; tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos
considerados.
2.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Agricultura da soja e do milho safrinha em Goiás
O início da agricultura no estado era de tipo familiar e de subsistência como
segmento produtivo gerador de renda e emprego vendendo o excedente para as cidades e
comunidades urbanas. Mas foi a partir dos anos 80 que a agricultura passa a ser a
principal atividade econômica do estado com a chegada do plantio de soja. Goiás possuía
a maior produção na pecuária extensiva, mas houve uma grande ampliação da produção
agrícola. A soja constitui a principal cultura de verão que antecede outras culturas, dentre
elas, o milho safrinha. O cultivo do milho safrinha tem por objetivo não deixar a área
agrícola ociosa e o solo sem cobertura vegetal na entressafra, além de proporcionar renda
extra para o produtor rural.
Nos últimos anos, o milho safrinha tornou-se uma atividade rentável, com adoção
de alta tecnologia nas propriedades rurais do estado, resultando assim em altos
rendimentos produtivos e econômicos. Segundo Couto e Monteiro (1999),
A microrregião tem na agricultura a sua crescente base de sustentação
econômica, sendo a produção de grãos e de gado de corte os itens de maior
destaque e a soja o principal produto cultivado com a finalidade apenas
comercial em função da sua grande participação nas transações comerciais,
onde geralmente é negociada a um preço melhor, acabando por constituir o
produto mais importante na renda do agricultor.
2.2 A administração da empresa rural
Para Silva (2013), empresa rural é uma unidade de produção que possui elevado
nível de capital de exploração e alto grau de comercialização tendo como objetivo técnico
e sobrevivência, o crescimento e busca de lucro.
Segundo Callado (2007), “a maior parte das atividades rurais desenvolve-se
geralmente de forma irregular durante o exercício anual, e a administração enfrenta o
desafio de atenuar ou remediar a irregularidade natural do curso dos trabalhos,
intensificando outras atividades conexas” (beneficiamento e industrialização dos produtos
colhidos) ou reparando as benfeitorias.
Segundo Santos, Marion e Segatti (2002), o principal papel do administrador rural é
planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à maximização dos lucros, a
permanente motivação e bem estar de seus empregados.
A administração rural visa adaptar os fatores de produção, aperfeiçoando os
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resultados do empresário rural; administrar com eficácia, aplicando fatores de produção
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disponíveis (solo, benfeitorias, maquinários, insumos e mão de obra), utilizando técnicas
adequadas conforme as condições da propriedade e recursos do produtor, administrando
os custos de produção da empresa rural, diminuir riscos de produção e mercado
econômico, criar um bom ambiente de trabalho, onde haja harmonia entre patrão e
empregados, garantindo qualidade de vida a todos aqueles que auxiliam no trabalho da
propriedade, levando ao aumento da produtividade e lucratividade do mesmo.
De acordo com Hoffmann (1987), a “Administração Rural é o estudo que considera
a organização e operação agrícola, visando ao uso mais eficiente dos recursos para obter
resultados compensadores contínuos”.
O conceito geral de administração rural se relaciona à necessidade de controlar e
gerenciar um número cada vez maior de atividades, que podem ser envolvidas dentro de
uma propriedade do setor agropecuário (ANTUNES, 1999).
Corroborando com os autores acima, Guimarães e Brisola (2001) enfatizam que:
“Este novo cenário está demandando dos empreendimentos rurais à
necessidade de serem competitivos e de buscar retornos econômicos
crescentes. Para que isto seja alcançado, a redução de custos e o aumento da
produção em escala, como métodos básicos para atingir alta produtividade,
principalmente se tratando da produção de commodities, têm sido bastante
enfatizados.”
Estas práticas, no entanto, embora modernas, e já aplicadas nas empresas
industriais, confrontam com as peculiaridades encontradas no setor rural: trabalhadores
com pouco tempo de educação formal e reduzida sintonia com práticas tecnologicamente
avançadas. Apesar destas necessidades, inserir-se neste novo contexto com uma visão
mais empresarial e estratégica não tem sido fácil para o conjunto dos agricultores. Salazar
(1999, p. 188) afirma ainda que na área rural esta concepção está mais fortemente
arraigada, pois os proprietários rurais sempre estiveram exageradamente preocupados
com as necessidades e valores pessoais de terceiros: os gerentes de bancos, de
empresas fornecedoras de insumo, de cooperativas e com os próprios trabalhadores. Eles
não privilegiam as necessidades e valores empresariais e/ou empreendedores. Ou seja,
atendem aos requisitos para adequação legal da propriedade para atenderem exigências
para concessão de crédito, assim como atender exigências do Ministério do Trabalho, mas
preocupa-se pouco com a gestão financeira da atividade.
Lacki (2000) tem a mesma opinião: pare ele, neste novo cenário só obterão êxito
aqueles agricultores que estiverem capacitados e organizados com propósitos
empresariais. Sugere ser necessário, para que a agricultura brasileira seja eficiente e
competitiva, sair da posição de dependência do estado. Segundo Lacki,
“os agricultores deveriam exigir do estado, instrumentos que
possibilitem sua emancipação - estímulo à organização, tecnologias, formação
e capacitação - e não sua dependência, como tem ocorrido: Só através de um
forte componente educativo os governos poderão promover um modelo mais
endógeno, mais auto gestionário, mais autossustentado, de maneira que os
agricultores possam desenvolver-se com menos dependência dos recursos e
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serviços oficiais, os quais devido à sua flagrante insuficiência o estado não está
em condições de proporcionar-lhes; isto é, através de uma estratégica
essencialmente educativa, o poder público deveria adotar um modelo
emancipado de dependências em substituição ao obsoleto e esgotado modelo
perpetuador de dependências.” (LACKI, 2000, p. 174).
A competitividade imposta ao homem do campo demanda práticas administrativas
modernas e inovações tecnológicas. Neste novo paradigma, a busca do comprometimento
do “empreendedor rural” e seu grupo de trabalho (trabalhadores rurais e/ou familiares)
com os objetivos organizacionais torna-se fundamental. Portanto, ao buscar uma maior
eficiência organizacional, é necessário que os “empresários rurais” estejam atentos aos
comportamentos das pessoas envolvidas nos processos de produção.
Ao conhecer os sentimentos e percepções dos empregados em relação ao
ambiente de trabalho, por exemplo, torna-se possível a adoção de práticas de gestão de
pessoal que gerem satisfação e atendam às expectativas, tanto dos trabalhadores, quanto
da empresa.
Tais práticas promovem um ambiente de trabalho mais saudável e permitem maior
comprometimento e lealdade, aspectos considerados de suma importância para o
desempenho organizacional e para a competitividade.
A administração rural passa por várias modificações estruturais e comportamentais
frente à nova ordem mundial de globalização, consumindo conceitos antigos e
reconhecendo suas teorias na busca do aperfeiçoamento organizacional para a empresa
rural.
A nova ordem da administração rural vem mostrar aos administradores uma
quebra de paradigma, onde os conceitos de propriedade rural familiar deram
lugar à empresa rural administrada por profissionais detentores do
conhecimento científico, adaptando de forma flexível os conceitos
administrativos à realidade das empresas agrícolas brasileiras. (AZER, 2009)
Conforme Santos, Marion e Segatti (2002), o administrador rural deve estar muito
atento aos fatores externos e internos referentes à empresa. Por mais que o administrador
não tenha controle sobre os fatores externos (preço de produtos, clima, política de crédito
e financiamento etc.), deve conhecê-los para tomar as decisões que lhe permitam ajustar-
se a eles, aproveitando assim ao máximo as condições favoráveis.
2.3 A gestão na contabilidade de custos
A gestão contábil é um método que tem por meta controlar, observando todo
procedimento de custo da empresa; é necessária para prover os administradores com
orientações na tomada de decisão. Atualmente, a gestão é fundamental para a base
produtiva na empresa rural. Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos
de melhores qualidades, a gestão leva o produtor rural a desenvolver técnicas apuradas
tanto na área de produção, como também no gerenciamento financeiro de sua
propriedade, assim como buscar um assessoramento para gestão das suas atividades e
para tomada de decisões rápidas e eficientes, conseguindo, assim, mais espaço no
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mercado e o aprimoramento dos produtos agrícolas (MIRANDA, 2007).
Segundo Callado (2007), “a contabilidade rural é uma das ferramentas menos
utilizadas pelos produtores rurais brasileiros, pois é vista como uma técnica complexa e
que apresenta um baixo retorno prático.”
Para Miranda (2007,),
A contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta
gerencial, através de informações que permitam o planejamento, o controle e a
tomada de decisão acompanhando assim a evolução do setor quanto à
administração financeira, controle de custos e comparação de resultados.
Segundo Iribarrem (2007), as propriedades rurais que não têm controle dos seus
custos e orçamentos apresentam certos riscos, dentre eles: desconhecimento do resultado
do negócio, aumento ou diminuição das atividades exploradas, investimentos
desnecessários, facilidade de endividar-se e perda de ganhos obtidos por produtividade.
Entre os elementos que criam a necessidade de reestruturação na gestão da propriedade,
há o alto endividamento, descapitalização, aumento do custo financeiro, margens de
lucros declinantes, escassez ou aumento dos custos dos insumos e serviços e falta de
crédito.
Crepaldi (2004), descreve a finalidade da contabilidade rural como a de:
Orientar as operações agrícolas e pecuárias; medir e controlar o desempenho
econômico financeiro da empresa e de cada atividade produtiva; apoiar as tomadas
de decisões no planejamento da produção, das vendas e investimentos; auxiliar
nas projeções de fluxos de caixas; permitir comparações à performance da
empresa com outras; conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua
família; justificar a liquidez e a capacidade de pagamento junto aos credores; servir
de base para seguros, arrendamentos e outros contratos e gerar informações para
a Declaração do Imposto de Renda.
Para Ludícibus (1980),
Dentre as várias aplicações, a contabilidade de custos fornece informações
contábeis e financeiras para a decisão entre cursos de ação alternativos onde
afirma que este tipo de decisão requer informações contábeis que não são
facilmente encontradas nos registros da contabilidade financeira. Na melhor das
hipóteses, para obter tais informações é necessário que um esforço extra de 4
classificação, agregação e refinamento seja aplicado para que elas possam ser
utilizadas em tais decisões.
Segundo Leone (1987), a contabilidade de custos pode ser conceituada como o
ramo da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos
produtos, dos estoques, dos componentes da organização, dos planos operacionais e das
atividades de distribuição para determinar o lucro, para controlar as operações e para
auxiliar o administrador no processo de tomada de decisões e de planejamento.
Para Lawrence (1975), contabilidade de custos é o processo de usar os princípios da
contabilidade geral para registrar os custos de operação de um negócio de tal maneira
que, com os dados de produção e das vendas, torne-se possível à administração utilizar
as contas para estabelecer os custos de produção e distribuição, tanto por unidade como
pelo total, para um ou para todos os produtos fabricados ou serviços prestados e os cinco
custos das outras diversas funções do negócio com a finalidade de obter operação
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eficiente, econômica e lucrativa.
2.4 Planejamento do diagnóstico na empresa rural
O planejamento oportuniza que as empresas adotem um comportamento pró-ativo
em relação ao futuro, contribuindo para a melhoria da produtividade, da qualidade e dos
resultados financeiros.
Segundo Oliveira (1995), o planejamento tem influência direta na qualidade das
decisões tomadas pelas empresas; é um processo de estabelecimento de um estado
futuro almejado e um delineamento dos meios efetivos de torná-lo realidade.
Para Tiffany (1999), planejar é uma estratégia para sobreviver, é uma forma de se
adiantar e enfrentar os fatos desconhecidos e incertos, é uma estratégia para aumentar as
chances de sucesso em um mundo de negócios que muda constantemente.
O produtor rural também observa o monitoramento da complexidade que a área
rural traz, procurando ter uma visão sistêmica da atividade desenvolvida, tomando cuidado
com a elaboração de estratégias para defenderem-se das ameaças e saber aproveitar as
oportunidades. Trata-se de uma análise do ambiente externo à empresa, ou seja, das
condições externas que rodeiam a empresa e que lhe impõem desafios e oportunidades.
A análise externa envolve os mercados abrangidos pela empresa, características
atuais e tendências futuras, oportunidades e perspectivas; a concorrência ou competição,
isto é, empresas que atuam no mercado, disputando os mesmos clientes, consumidores
ou recursos; a conjuntura econômica, tendências políticas, sociais, culturais, legais etc.,
que afetam a sociedade e todas as demais empresas.
2.5 Sistemas de gestão de custos
Uma boa gestão de custos tem o objetivo de maximizar os lucros, obtendo assim
uma conquista e uma estratégia competitiva para levar uma empresa ou propriedade rural
a crescer cada vez mais.
A gestão de custos pode ser utilizada como um importante instrumento gerencial na
condução dos negócios para uma melhor compreensão. Ela é de extrema importância no
processo de tomada de decisão através de dados obtidos em uma produção.
Para obter a renda agrícola, utilizaram-se os dados da receita de cada um dos
produtos, a análise de produtividade do solo, o cálculo de fatores de produção como: custo
operacional efetivo (COE), custo operacional total (COT), e custo total (CT), análise dos
indicadores de resultados de cada produção mostrando a receita líquida (RL) e receita
bruta (RB), margem bruta e líquida (RB – COE) , resultando o lucro total (LT), (RB – CT).
3.0 Estudo de caso: O uso do sistema de gestão na propriedade
A propriedade analisada caracteriza-se como pertencente à agricultura comercial.
Nela, os proprietários, pai e filho, juntamente com seus colaboradores, são responsáveis
pelas atividades agrícolas.
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A propriedade localiza-se no município de Serranópolis (GO). Sua área total é de
1109 há; a área agricultável é de 1000 ha, sendo a área de reserva legal é de 109 ha, e
500 hectares arrendados de terceiros.
As principais atividades agropecuárias desenvolvidas, por grau de importância
econômica, são: produção de soja (safra de verão) do período de planta e colheita entre
outubro a março, e milho (safrinha de inverno) período de planta e colheita entre fevereiro
a julho, e produção de subsistência como suinocultura e avicultura.
O desenvolvimento de todos os processos na propriedade de agricultores é
complexo devido à interação das necessidades dos funcionários que fazem parte do
desenvolvimento da produção (estilo de vida dos colaboradores), com os requisitos e
exigências do negócio (objetivos comerciais).
Além disso, trata-se de um ambiente permeado de mudanças e incertezas de
mercado e de fatores climáticos, em que são necessárias informações precisas e
prontamente disponíveis para a realização dos processos de decisão.
Quando questionado quanto ao desenvolvimento de suas atividades, pode-se dizer
que o “dentro da porteira” o agricultor conhece muito bem, pois vive isso em sua prática e
cultura diária, porém as relações “antes e depois da porteira” são mais complexas e de
difícil desenvolvimento por parte do agricultor.
No “Antes da porteira” da propriedade, neste segmento, evidencia-se a grande
necessidade de insumos, como contratação de mão de obra, serviços de mecanização
terceirizados, compra de sementes, adubos, medicamentos e agrotóxicos.
Além disso, necessita-se de assistência técnica para o acompanhamento da
produção. Quanto à assistência técnica, o proprietário busca comunicação de
conhecimentos próprios e/ou com amigos e conhecidos, em busca de novas tecnologias
que o ajudem nas suas atividades. Também recebe informações da empresa fornecedora
dos insumos.
O produtor estabelece metas evidentes. Elabora projetos para execução das
atividades a serem desempenhadas. E em tomada de decisões evidencia seus projetos a
partir de seus próprios conhecimentos.
O “Dentro da porteira” da propriedade possui dois produtos para a comercialização,
e também dois produtos para a subsistência, citados anteriormente. Verificou-se que não
possui escala variável de produção, ficando, portanto, à mercê dos preços de seus
produtos pagos pelo mercado.
Apesar do controle da produção ser estável, mesmo assim há necessidade de
avaliar com precisão a oscilação de preços de mercado que ocorre ao longo de cada
época de comercialização do ano, impactando diretamente sua receita média.
O produtor tem controle sobre a média do que é vendido a cada safra, mas precisa
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analisar com eficiência o custo de produção, despesas e depreciação, evitando perdas
significativas, pois há um grande risco de oscilação na comercialização dos produtos.
3.1 Planos de coleta de dados
A coleta de dados do estudo foi necessária para a elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso. As informações foram coletadas por meio de entrevistas
estruturadas com os proprietários, com o contador responsável, e com o setor financeiro
da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano – COMIGO,
buscando dados necessários para o diagnóstico da propriedade. Essas informações foram
bastante significativas, dando estrutura para a realização do estudo. Informações também
foram levantadas a partir da observação dos participantes.
3.2 Análise de rentabilidade da propriedade
Segundo um dos produtores, apesar das dificuldades de organização, eles estão
bem satisfeitos com o resultado das produções. Eles pretendem, a cada safra, organizar
através desse sistema de planilhas o passo a passo do que é necessário para a
produtividade e a lucratividade do produto. Um dos proprietários mencionou que o próximo
projeto é fazer a integração lavoura-pecuária na propriedade. Com essa implementação,
qualquer problema que surgir com a agricultura ou pecuária, uma produção pode ser
equilibrada à outra.
Diante disso, pode-se dizer que a técnica de gestão empregada pelos agricultores é
viável, porém necessita de uma gestão administrativa eficiente para o acompanhamento
mensal dos dados. Quanto à tomada de decisão da propriedade, observa-se que o
agricultor procura realizar de forma mais precisa possível, utilizando-se do maior número
de informações, as quais tem acesso.
3.3 Fluxogramas de produção
A seguir, pode-se verificar como ocorre a produção da soja e do milho na propriedade em
estudo, através dos fluxogramas.
3.3.1 Processo de produção da cultura da soja
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Figura 1: Fluxograma da Produção da Soja
3.3.2 Processo de produção da cultura do milho
Figura 2: Fluxograma da Produção do Milho.
3.4 TABELAS REFERENTES AOS DADOS PARA O DIAGNÓSTICO
TABELA 1 - Informações gerais da propriedade
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TABELA 2- Construções e benfeitorias
TABELA 3 - Máquinas Agrícolas
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TABELA 4- Implementos e equipamentos
Tabela 4.1- Implementos e equipamentos TABELA 5 – Insumos soja PRÉ-PLANTIO
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TABELA 6 - Insumos soja- PLANTIO
TABELA 7 - Insumos milho safrinha- PRÉ PLANTIO
TABELA 8- Insumos milho safrinha- PLANTIO
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TABELA 9 - Mão de obra permanente
TABELA 10 - Mão de obra temporária
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TABELA 11- Renumeração dos produtores rurais
Tabela 12 - Custos gerais
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Tabela 13- Síntese dos custos e análise de rentabilidade
TABELA 14- Produtividade
TABELA 15- Custo operacional total
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TABELA 16- Custo total
TABELA 17- Indicadores de resultados
TABELA 18- Análise soja
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TABELA 19- Análise milho safrinha
3.5 Técnicas de viabilidade econômica utilizadas para a conclusão de resultados
De acordo com Kuhen e Bauer (2001):
O conceito de análise de investimento pode hoje ser um conjunto de técnicas
que permitem a comparação entre resultados de tomada de decisões referentes
a alternativas diferentes de uma maneira científica.
3.5.1 Taxa interna de retorno (TIR)
O indicador obtido com o cálculo da TIR serve para analisar a alternativa de risco e
retorno. Segundo Souza e Clemente (2009), na dimensão retorno ela pode ser
interpretada como um limite superior para a rentabilidade de um projeto de investimento.
3.5.2 Valor presente líquido (VPL)
Para Souza e Clemente (2009), o valor presente líquido é a concentração de todos
os valores esperados de um fluxo de caixa na data zero. O autor afirma ainda que o VPL,
com certeza, é a técnica robusta de análise de investimento mais conhecida e mais
utilizada.
Quanto aos ganhos e retornos do projeto, Gitman (1992), afirma que os ganhos de
um projeto podem ser representados tanto por entradas de caixa, quanto por economia
obtida em função da implantação, por isso vale avaliar o custo benefício do projeto de
investimento.
3.6 Tabelas referentes às técnicas de análises de viabilidade econômicas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi desenvolvido em uma propriedade rural - Fazenda São Jorge,
município de Serranópolis – GO, realizando-se um estudo de caso, observando os dados
financeiros e a viabilidade econômica da atividade de produção soja/safra e milho/safrinha
do ano 2016/2017, com dados atualizados.
Esse trabalho foi constituído por base teórica, buscando confrontar teoria e prática,
também um estudo por meio de dados de análise utilizando uma planilha - Projeto Campo
Futuro - Gestão de custos e riscos para produtores rurais, fornecida pelo SENAR.
Através do estudo e dos resultados encontrados, percebe-se que a propriedade
rural tem uma atividade lucrativa. Com o produto soja/safra apurou-se um total de
R$5,31/SC/ha, evidenciando um lucro total de R$ 371.700, 00 e no produto milho/safrinha
foi apurado um lucro total de R$ 4,59/SC/ha, com o lucro total de R$ 550.800.
A partir dos resultados das análises de viabilidade econômica, percebe-se que o
retorno de investimento começou a ser viável a partir do vigésimo ano de cultura na
propriedade, concluindo assim que a agricultura é uma atividade de grande risco como
uma situação em que há probabilidade mais ou menos previsível de perda ou ganho, ou
seja, o risco é um evento incerto, mas esperável.
Observa-se que, embora o produtor não utilizasse sistema de planilhas para o
controle de custos, mantinha as contas em dia; a utilização das planilhas, entretanto,
facilitou a apuração dos resultados, possibilitando agilidade nos processos e maior
embasamento para a tomada de decisão quanto à manutenção da produção e também
para investimentos futuros.
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