Este documento discute como a psicoterapia se relaciona com a era da técnica moderna. Ele contrasta as abordagens da psicoterapia, como a daseinsanalyse, com os valores da objetividade, eficiência e controle que dominam a era da técnica. Também discute como a daseinsanalyse vê o ser humano como tendo uma história e identidade que transcende as demandas da técnica moderna.
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A Psicoterapia e a Era
da Técnica - Dialogando
com o filme Click
Fontes:
• Pompeia, J. e Sapienza, B. (2011) Os dois
nascimentos do homem: escritos sobre
terapia e educação na era da técnica
• Direção: Frank Coraci Ano: 2006
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Resumo dos dois filmes para dialogar com o texto
Psicoterapia e a Era da Técnica
Click filme de 2006
• Um arquiteto casado e com filhos está cada vez mais
frustrado por passar a maior parte de seu tempo
trabalhando. Um dia, ele encontra um inventor
excêntrico que lhe dá um controle remoto universal,
com capacidade de acelerar o tempo. No início, ele
usa o aparelho para acelerar qualquer momento
tedioso, mas se dá conta de que está acelerando o
tempo demais e deixando de viver preciosos
momentos em família. Desesperado, ele procura o
inventor para ajudá-lo a reverter o que fez.
• Bill Murray vive o personagem Phil, um arrogante
meteorologista de um canal de televisão, fica preso em
uma espécie de túnel do tempo, condenado a reviver
indefinidamente o mesmo dia até que mude suas
atitudes.
Feitiço do Tempo de 1993
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o Quando falamos que em daseinsanalyse ou em fenomenologia-existencial, pelo fato de ter uma
base da filosofia, significa que esta abordagem não tem compromisso com nada?
o Qual é o efeito desta psicoterapia?
o Quais são os seus critérios?
o Há alguma medida objetiva se a terapia produz mudança?
o Na nossa época a funcionalidade é exigida em tudo o que fazemos, pensamos etc.
o Afinal de contas, todos estamos imersos no mundo da técnica. Embora não haja propriamente
conflito entre esse mundo e a nossa concepção de terapia, reconhecemos que ela não se encaixa
nos parâmetros que vigoram neste nosso tempo, em que as palavras de ordem são:
o objetividade; pressa, controle.
o Então:
o Como é que se tem o “controle de qualidade “ da terapia?
o Qual o “produto” que ela oferece?
Psicoterapia funciona?
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o Tendo como ponto de partida o pensamento heidegggiano, a questão da técnica é o que
fundamentalmente caracteriza a nossa época. Tudo pode ser produzido, tudo é factível, de maneira
cada vez melhor e mais rápido e, por isso, tudo pode ser substituído por um modelo mais novo, não só
no que diz respeito aos artefatos, mas em todas as áreas. Não há mais lugar para os mistérios, para
nada encoberto. Se não conhece ou não se sabe algo, é só uma questão de tempo.
o Tudo para trazer facilidades, bem-estar saúde e felicidade. E, realmente, salvo certos acidentes de
percurso, tudo funciona bem mesmo.
o É como se não só a natureza, mas todo o real é visto como aquilo que subsiste para ser explorado.
o Mesmo o homem, aí ele está incluído como o material humano, também como fundo de reserva a
ser convocado pelas exigências da técnica.
Técnica na nossa Era
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o Techne designava para os gregos antigos o controle de um processo de produção e incluía também
as artes.
o O importante da técnica não era o fato de empregar meios, mas o fato de que, ao produzir alguma
coisa, essa alguma coisa, que até aquele momento não existia como realidade, estava no
encobrimento, passava a ser real, era traduzida à luz; alguma coisa que ainda não era, passava a
ser.
o Isso era produzir (poesis) e produzir implicava a presença de um techne.
o Ao mesmo tempo, também fazia parte daquele mundo a compreensão de que havia coisas que não
eram produzíveis.
o Hoje tudo o que faz parte da realidade é visto como produção ou como matéria-prima para a
produção, tudo se enquadra nesse esquema, e o que não se enquadra não é digno de ser pensado.
o A própria técnica gera mais técnica
Técnica para os gregos antigos – poesis
E hoje?
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o De forma geral , a pessoa em busca de psicoterapia quer se tornar capaz de eliminar de si mesma
certas coisas que a estão atrapalhando, quer ter mais poder para conseguir isso, e ela conta com o
terapeuta como alguém que certamente tem poder para fazer com que ela atinja esse objetivo.
o Claro que em cada uma das situações tem sofrimento; O que é preciso ser notado é que, em geral, a
pessoa ao chegar, expressar o seu desejo de que o terapeuta seja capaz de livrá-la de alguma coisa
que está atrapalhando e precisa ser extirpada de sua vida e depressa!
o Ali existe certamente uma questão humana em jogo, cujo sentido mais amplo fica perdido na
maneira como o mundo da técnica costuma se aproximar do humano.
o O que oferecemos na psicologia como técnica de nosso tempo?
No mundo que vivemos, como fica a psicoterapia?
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o Este terapeuta compartilha o mesmo mundo da técnica, entretanto, tendo se aproximado das
experiências de mundo e de ser humano próprios da Daseinsanalyse, ele insiste em pensar o mundo,
como horizonte a partir do qual todos os entes podem ser, inclusive a técnica, sempre recua para
mais longe, ganha uma distância, não está contido no âmbito da técnica;
o Ele insiste em pensar que o ser humano, em sua condição de ser o dasein, o ser-aí, aquele para quem
todos os entes se manifestam, têm uma destinação existencial que o distingue de todos os outros
entes, ou seja, ele é chamado a ser o poder-ser que ele é.
o E esse poder-ser não se limita a corresponder às solicitações feitas pela técnica, mas abre para muito
além disso.
o O que este terapeuta pode oferecer honestamente ao paciente é a parceria na procura pela verdade
de sua história, da qual fazem parte o seu momento atual, o já vivido e o que está por vir, pois esta
história está sempre em aberto: história que reúne sua realidade e seus sonhos, suas conquistas e
suas perdas; história que é a sua identidade.
Na Daseinsanalyse como se situa o psicoterapeuta?
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o O tempo que durar essa procura poderá ser a oportunidade para que o paciente se dê conta de
seu jeito de ser no mundo, para que ele amplie sua compreensão de si mesmo como alguém que
tem a responsabilidade pelo cuidado de sua vida, cuidado esse que abrange os outros e o
mundo.
o É importante lembrar que o terapeuta não sabe quanto tempo será necessário.
o Basta isso para vermos como essa concepção de terapia se afasta dos parâmetros do tempo da
técnica.
o Lidar com o tempo que não cabe nos padrões do mundo da técnica.
O tempo de terapia na daseinsanalyse
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o O encontro terapêutico é, ele mesmo tempo, um tempo privilegiado, a ocasião em que o
paciente pode se aproximar do seu existir.
o É o quando, não importando se passado, presente ou futuro, tudo pode se apresentar a ele.
o É quando ele pode ser como uma história que está acontecendo.
o É um se apropriar-se de sua história.
O encontro terapêutico
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o É o horizonte das possibilidades de manifestação dos entes, e a configuração do nosso mundo atualmente é dada pela
técnica.
o E embora o dasein seja sempre enraizada em seu mundo fático, embora ele possa se perder nas referências
cristalizadas de seu mundo cotidiano, ele também pode ser, “em sintonia com o que está silenciado em seu mundo e
que, ao mesmo tempo, espera para ser acordado” .
o O que silencia é aquilo que permanece retraído, encoberto, não como mera negação dos entes, mas como o que, no
encobrimento, traz, em si mesmo a possibilidade de que haja a abertura para a manifestação dos entes, para o mundo
como horizonte.
E o Mundo?
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• Talvez nos lembremos de que o essencial do homem não consiste em ser aquele que é
convocado a ver nas coisas, na natureza, nas pessoas, um fundo reserva para ser explorado,
usado, tendo como meta a produção de algo.
• Talvez assim nos seja dado um espaço em que possamos não submergir na necessidade da
pressa, do controle, do imediato.
• Talvez possamos ir além, mais longe, mais distante, numa distância em que tudo pode se dar!
Não concluindo...
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