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Modos de impressão
• Os quatro principais são:
• Impressão em relevo. A superfície que imprime
sobressai do resto do bloco.
• Calcografia ou Impressão em oco. A imagem
está gravada, sulcada, numa chapa metálica.
• Impressão planográfica. A imagem está no
mesmo plano, no mesmo nível que a parte não
trabalhada da superfície.
• Impressão serigráfica (permeografia). Faz-se
passar a tinta através da trama duma tela/écran.
Fotogravura
Carborundo
e outros
materiais
para granidos
Água-tinta
Ponta seca
(directa)
Verniz
mole
Maneira negra
(directa)
Água-forte
Gravura a
enxofre
Gravura
a sal
Água-tinta
de acúcar
Buril
(Directa)
Calcografia
GRAVURA
Calcografia ou técnicas de gravura em oco
Metais e ferramentas
• Choupa: serve para modelar linhas de grossura variável. Exige muita
destreza manual.
• Raspador-brunidor: o lado raspador elimina e raspa zonas de metal
indesejadas. O lado brunidor nivela e afaga.
• Buril: Barra de aço ou ferro temperado, direita, normalmente de secção
quadrangular e de faces planas. Na extremidade encontra-se a parte
cortante com uma secção de 45º.
• Granidor (Berceau): Instrumento de aço com lâmina curva constituída por
múltiplas ranhuras, muito cortantes.
• Roullete: Instrumento formado por uma roda de mental dentada que
permite granir o metal. Existem roulletes de diversas larguras e com
diferentes espaços entre os “dentes”.
Metais
• Cobre: é aconselhável o cobre duro, pois o cobre recozido, de natureza mais macia,
desgasta-se com mais facilidade. O metal mais aconselhável para a Calcografia
• Zinco: Metal mais macio que o cobre, não suporta grandes tiragens.
• Latão (mistura de cobre [67º] e zinco [33º]
• Ferro (Duro e económico) muito útil para gravuras de grande formato.
• A utilização deste metal propagou-se lentamente de Oriente para Ocidente,
demorando alguns séculos a ser conhecido e utilizado em toda a Europa. Trazido
pelos Celtas e pelos Fenícios, manipulado num reduzido número de locais, de onde
era exportado sob a forma de ferramentas, armas, vasos e muitos outros objectos de
utilidade e adorno.
• Alumínio (metal muito macio, pouco indicado para a Calcografia). Não resiste muito
aos mordentes, dá imprecisões indesejadas e não permite grandes tiragens
• Os plásticos (acetatos): inseridos no âmbito da ponta seca
Buril
(Talhe doce)
• O primeiro autor de relevo a usar esta técnica, no séc. XV, foi Martin Schongauer, ao
qual sucederam Lucas van Leyden e Dürer.
• Em Itália, Florença, quase em simultâneo, surgem Mantegna e António Pallaiuolo
com grande domínio da mesma.
• Reaparecerá ao mais alto nível, no séc. XVIII, com William Blake. No séc. XX surge
Hayter, no Atelier 17, a relançá-la.
• Designa-se também de talhe doce devido ao recorte nítido que produz no metal. As
linhas de talhe doce são reconhecíveis por se iniciarem com um traço fino, tornarem-
se mais densas, e por fim voltarem a ser finas, devido á menor pressão usada pelo
gravador no início e no fim da linha sulcada.
• A técnica exige uma árdua aprendizagem. Executa-se com um instrumento de aço
bem temperado, quase idêntico ao usado na xilogravura de topo, sendo que estes
têm uma secção mais aguda (30º).
• Metal mais indicado: cobre
Ponta seca
• Tal como no Buril, esta técnica é directa, mas ao contrário da anterior,
produz linhas e tramas que soltando rebarbas de metal, uma vez
impressas, produzem linhas e manchas aveludadas e imprecisas.
• A técnica não permite grandes tiragens devido ao facto das rebarbas que
resultam dos sulcos se desvanecerem com a pressão do tórculo.
• A ponta deve ser de um metal mais duro que o metal da matriz a elaborar,
por exemplo de aço duro e pontiaguda.
• A mais antiga prova conhecida data de finais do séc. XV, e está atribuída
ao Maestro del Libro di casa (Maestro del Gabinetto di Amsterdam). Dürer
terá produzido três pontas secas.
• Rembrandt tê-la-á usado para complementar as suas águas-fortes.
Técnicas indirectas
• Todas aquelas em que é necessário um agente intermédio para se fazer a
gravação (água-forte; água-tinta; água-tinta de açúcar; verniz mole; etc.)
• Aviso: quando pretendemos aplicar vernizes ou resinas é imprescindível
que se desengordure bem a chapa polida. Este problema não se verifica
com as técnicas directas ( maneira negra; ponta seca; buril).
Água-forte
Do latim aqua fortis, faz referência ao ácido nítrico (ácido
azótico, chuva ácida), por extensão, dá nome a todas as
técnicas realizadas com ácidos, incluindo o mordente
holandês e o percloreto de ferro
• A origem desta técnica remonta aos joalheiros e artífices de armaduras do
séc. XV que se serviram do ácido para simplificar o seu árduo trabalho com
os metais.
• Como alternativa ao buril, as primeiras experiências realizaram-se na
Alemanha e em Itália sobre placas de ferro.
• Dürer realizou algumas águas-fortes. Lucas van Leyden, Schongauer,
Mantegna, também. Contudo, o uso mais livre da técnica na sua vertente
linear, só se verificará no séc. XVI com Altdorfer, Hirchvogel, Il
Parmigianino, e outros.
Água Forte
• Passou-se do ferro para o cobre. Os mordentes evoluíram. A técnica aprofundou-se
e acrescentaram-se novas ferramentas como o échoppe, designadamente por
intermédio de Callot.
• No séc. XVII, a Holanda torna-se num centro de especialização de gravura a água-
forte, designadamente por intermédio de Rembrandt, que dá um impulso definitivo à
técnica, em qualidade e em quantidade (cerca de 330 águas fortes), arrancando-lhe
os resultados universais que conhecemos, e libertando os gravadores dos sacrifícios
do buril.
• Em pleno séc. XVIII, destacam-se em Itália: Tiepolo, Canalleto, Piranesi (cerca de
2000 matrizes) com as suas Vedutas e a série Carceri
• Hogarth, em Inglaterra, apresenta igualmente uma obra extensa, colocando a água
forte sob um desígnio fortemente satírico da sociedade coeva.
• Goya, em meados do séc. XVIII, vai combinar magistralmente a água-forte e a água-
tinta.
Materiais
• Ferramentas: ponta de gravar romba, isto é menos afiada que a ponta
seca.
• Metais: cobre com 2mm; 1,5 mm; 1mm; 0,5mm/ferro/zinco/latão
• Vernizes: verniz negro acetinado aplicado sobre aquecedor de chapas
(50g de aguarrás/50g de benzina/25 g de cera virgem/225 g de betume)
• O reverso da chapa deve ser recoberto com fita cola de PVC; betume; ou
verniz de álcool.
• A profundidade do ataque do mordente é determinada pelos factores:
tempo de exposição ao ácido; rapidez do ácido (o percloreto de ferro é
mais lento que o nítrico); a temperatura do ácido (quanto mais elevada
mais rápida será a mordedura); concentração de ácido na solução

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Modos de impressão e técnicas de gravura

  • 1. Modos de impressão • Os quatro principais são: • Impressão em relevo. A superfície que imprime sobressai do resto do bloco. • Calcografia ou Impressão em oco. A imagem está gravada, sulcada, numa chapa metálica. • Impressão planográfica. A imagem está no mesmo plano, no mesmo nível que a parte não trabalhada da superfície. • Impressão serigráfica (permeografia). Faz-se passar a tinta através da trama duma tela/écran.
  • 2. Fotogravura Carborundo e outros materiais para granidos Água-tinta Ponta seca (directa) Verniz mole Maneira negra (directa) Água-forte Gravura a enxofre Gravura a sal Água-tinta de acúcar Buril (Directa) Calcografia
  • 4. Metais e ferramentas • Choupa: serve para modelar linhas de grossura variável. Exige muita destreza manual. • Raspador-brunidor: o lado raspador elimina e raspa zonas de metal indesejadas. O lado brunidor nivela e afaga. • Buril: Barra de aço ou ferro temperado, direita, normalmente de secção quadrangular e de faces planas. Na extremidade encontra-se a parte cortante com uma secção de 45º. • Granidor (Berceau): Instrumento de aço com lâmina curva constituída por múltiplas ranhuras, muito cortantes. • Roullete: Instrumento formado por uma roda de mental dentada que permite granir o metal. Existem roulletes de diversas larguras e com diferentes espaços entre os “dentes”.
  • 5. Metais • Cobre: é aconselhável o cobre duro, pois o cobre recozido, de natureza mais macia, desgasta-se com mais facilidade. O metal mais aconselhável para a Calcografia • Zinco: Metal mais macio que o cobre, não suporta grandes tiragens. • Latão (mistura de cobre [67º] e zinco [33º] • Ferro (Duro e económico) muito útil para gravuras de grande formato. • A utilização deste metal propagou-se lentamente de Oriente para Ocidente, demorando alguns séculos a ser conhecido e utilizado em toda a Europa. Trazido pelos Celtas e pelos Fenícios, manipulado num reduzido número de locais, de onde era exportado sob a forma de ferramentas, armas, vasos e muitos outros objectos de utilidade e adorno. • Alumínio (metal muito macio, pouco indicado para a Calcografia). Não resiste muito aos mordentes, dá imprecisões indesejadas e não permite grandes tiragens • Os plásticos (acetatos): inseridos no âmbito da ponta seca
  • 6. Buril (Talhe doce) • O primeiro autor de relevo a usar esta técnica, no séc. XV, foi Martin Schongauer, ao qual sucederam Lucas van Leyden e Dürer. • Em Itália, Florença, quase em simultâneo, surgem Mantegna e António Pallaiuolo com grande domínio da mesma. • Reaparecerá ao mais alto nível, no séc. XVIII, com William Blake. No séc. XX surge Hayter, no Atelier 17, a relançá-la. • Designa-se também de talhe doce devido ao recorte nítido que produz no metal. As linhas de talhe doce são reconhecíveis por se iniciarem com um traço fino, tornarem- se mais densas, e por fim voltarem a ser finas, devido á menor pressão usada pelo gravador no início e no fim da linha sulcada. • A técnica exige uma árdua aprendizagem. Executa-se com um instrumento de aço bem temperado, quase idêntico ao usado na xilogravura de topo, sendo que estes têm uma secção mais aguda (30º). • Metal mais indicado: cobre
  • 7. Ponta seca • Tal como no Buril, esta técnica é directa, mas ao contrário da anterior, produz linhas e tramas que soltando rebarbas de metal, uma vez impressas, produzem linhas e manchas aveludadas e imprecisas. • A técnica não permite grandes tiragens devido ao facto das rebarbas que resultam dos sulcos se desvanecerem com a pressão do tórculo. • A ponta deve ser de um metal mais duro que o metal da matriz a elaborar, por exemplo de aço duro e pontiaguda. • A mais antiga prova conhecida data de finais do séc. XV, e está atribuída ao Maestro del Libro di casa (Maestro del Gabinetto di Amsterdam). Dürer terá produzido três pontas secas. • Rembrandt tê-la-á usado para complementar as suas águas-fortes.
  • 8. Técnicas indirectas • Todas aquelas em que é necessário um agente intermédio para se fazer a gravação (água-forte; água-tinta; água-tinta de açúcar; verniz mole; etc.) • Aviso: quando pretendemos aplicar vernizes ou resinas é imprescindível que se desengordure bem a chapa polida. Este problema não se verifica com as técnicas directas ( maneira negra; ponta seca; buril).
  • 9. Água-forte Do latim aqua fortis, faz referência ao ácido nítrico (ácido azótico, chuva ácida), por extensão, dá nome a todas as técnicas realizadas com ácidos, incluindo o mordente holandês e o percloreto de ferro • A origem desta técnica remonta aos joalheiros e artífices de armaduras do séc. XV que se serviram do ácido para simplificar o seu árduo trabalho com os metais. • Como alternativa ao buril, as primeiras experiências realizaram-se na Alemanha e em Itália sobre placas de ferro. • Dürer realizou algumas águas-fortes. Lucas van Leyden, Schongauer, Mantegna, também. Contudo, o uso mais livre da técnica na sua vertente linear, só se verificará no séc. XVI com Altdorfer, Hirchvogel, Il Parmigianino, e outros.
  • 10. Água Forte • Passou-se do ferro para o cobre. Os mordentes evoluíram. A técnica aprofundou-se e acrescentaram-se novas ferramentas como o échoppe, designadamente por intermédio de Callot. • No séc. XVII, a Holanda torna-se num centro de especialização de gravura a água- forte, designadamente por intermédio de Rembrandt, que dá um impulso definitivo à técnica, em qualidade e em quantidade (cerca de 330 águas fortes), arrancando-lhe os resultados universais que conhecemos, e libertando os gravadores dos sacrifícios do buril. • Em pleno séc. XVIII, destacam-se em Itália: Tiepolo, Canalleto, Piranesi (cerca de 2000 matrizes) com as suas Vedutas e a série Carceri • Hogarth, em Inglaterra, apresenta igualmente uma obra extensa, colocando a água forte sob um desígnio fortemente satírico da sociedade coeva. • Goya, em meados do séc. XVIII, vai combinar magistralmente a água-forte e a água- tinta.
  • 11. Materiais • Ferramentas: ponta de gravar romba, isto é menos afiada que a ponta seca. • Metais: cobre com 2mm; 1,5 mm; 1mm; 0,5mm/ferro/zinco/latão • Vernizes: verniz negro acetinado aplicado sobre aquecedor de chapas (50g de aguarrás/50g de benzina/25 g de cera virgem/225 g de betume) • O reverso da chapa deve ser recoberto com fita cola de PVC; betume; ou verniz de álcool. • A profundidade do ataque do mordente é determinada pelos factores: tempo de exposição ao ácido; rapidez do ácido (o percloreto de ferro é mais lento que o nítrico); a temperatura do ácido (quanto mais elevada mais rápida será a mordedura); concentração de ácido na solução