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Resumo
1. Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar os relatos históricos referentes à síntese
artificial da ureia encontrados em livros didáticos de química. Nossa amostra é
composta por seis livros recomendados no Programa Nacional do Livro
Didático para o Ensino Médio (PNLEM 2007). Os relatos sobre o episódio em
questão foram analisados à luz de trabalhos produzidos por historiadores da
ciência. De maneira geral, podemos verificar alguns consensos entre os
autores dos livros didáticos em seus relatos históricos. Primeiro, existe
unanimidade na afirmação de que a síntese da ureia, realizada por Friedrich
Wöhler (1800-1882) em 1828, contribuiu para o descrédito em relação à “força
vital”, defendida por estudiosos da época. O segundo consenso diz respeito a
considerar a classificação do cianato de amônio como uma substância
inorgânica não problemática na época de Wöhler. O terceiro consenso,
implícito como o segundo, é considerar a questão da distinção trivial entre
compostos químicos orgânicos e inorgânicos. Esses relatos diferem dos
produzidos por historiadores da ciência. Inicialmente o vitalismo não era uma
doutrina monolítica, existindo diversas concepções a respeito da força vital;
alguns historiadores sugerem que muitos pesquisadores da época
consideravam relevante que o cianato de amônio não era preparado a partir de
elementos, mas por oxidação de um cianeto proveniente de cascos e chifres de
animais, logo, a origem inorgânica do reagente poderia ser posta em questão;
e não existia uma linha bem definida para separar todos os compostos
químicos em dois grupos distintos. A partir dos resultados sugerimos alguns
pontos que poderiam ser utilizados no ensino de química.