1. O documento descreve os direitos autorais e créditos referentes a um livro de física traduzido do inglês para o português.
2. É informado que eventuais erros no texto são inevitáveis e que comentários dos leitores para melhorias futuras são bem-vindos.
3. São fornecidos detalhes sobre a tradução, editora, ISBN e direitos autorais da versão em português.
18. Department, Cleveland State University, Cleveland, OH 44115 USA; endereço do meu site:
www.flyingcircusofphysics.com). Talvez não seja possível responder a todas as sugestões, mas lemos e
consideramos cada uma delas.
O QUE HÁ DE NOVO NESTA EDIÇÃO?
Módulos e Objetivos do Aprendizado “— O que eu deveria ter aprendido nesta seção?” Os alunos
vêm me fazendo essa pergunta há décadas, independentemente de serem bons ou maus alunos. O
problema é que mesmo os alunos mais atentos podem não ter certeza de que assimilaram todos os pontos
importantes de uma seção do livro. Eu me sentia da mesma forma quando estava usando a primeira
edição de Halliday e Resnick no primeiro ano da faculdade.
Nesta edição, para minimizar o problema, dividi os capítulos em módulos conceituais, dedicados a
temas básicos, e comecei cada módulo com uma lista de objetivos do aprendizado desse módulo. A lista
é uma declaração explícita dos conhecimentos que devem ser adquiridos através da leitura do módulo e é
seguida por um breve resumo das ideias-chave que também devem ser assimiladas. Para você ter uma
noção de como o sistema funciona, observe o primeiro módulo do Capítulo 16, em que o estudante se vê
diante de um grande número de conceitos e definições. Em vez de deixar por conta do aluno a tarefa de
identificar e dissecar essas ideias, tomei a iniciativa de fornecer uma lista que funciona como a lista de
verificação consultada pelos pilotos de avião antes de cada decolagem.
Capítulos Reformulados Como meus alunos continuavam a ter dificuldades em alguns capítulos
importantes e em certos tópicos de outros capítulos, reescrevi boa parte do texto. Assim, por exemplo,
introduzi mudanças profundas nos capítulos a respeito da lei de Gauss e do potencial elétrico, que a
19. maioria dos estudantes considerava de difícil compreensão. As apresentações agora são mais enxutas e
têm uma ligação mais direta com as ideias-chave. Nos capítulos que tratam da Mecânica Quântica,
expandi o estudo da equação de Schrödinger para incluir a reflexão de ondas de matéria por um degrau
de potencial. Atendendo a sugestões de vários professores, separei a discussão do átomo de Bohr da
solução de Schrödinger do átomo de hidrogênio para que o professor possa omitir o relato histórico do
trabalho de Bohr, se assim desejar, sem prejudicar a compreensão do assunto. Incluí também um novo
módulo a respeito da radiação de corpo negro de Planck.
Novos Exemplos, Perguntas e Problemas Dezesseis novos exemplos foram introduzidos nos
capítulos para facilitar a compreensão de alguns tópicos considerados difíceis pelos alunos. Além disso,
cerca de 250 problemas e 50 perguntas foram acrescentados às listas de exercícios do final dos
capítulos. Alguns dos problemas foram recuperados de edições anteriores do livro, a pedido de vários
professores.
21. AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas contribuíram para este livro. Sen-Ben Liao do Lawrence Livermore National Laboratory,
James Whitenton, da Southern Polytechnic State University, e Jerry Shi, do Pasadena City College, foram
responsáveis pela tarefa hercúlea de resolver todos os problemas do livro. Na John Wiley, o projeto
deste livro recebeu o apoio de Stuart Johnson, Geraldine Osnato e Aly Rentrop, os editores que o
supervisionaram do início ao fim. Agradecemos a Elizabeth Swain, a editora de produção, por juntar as
peças durante o complexo processo de produção. Agradecemos também a Maddy Lesure pela
diagramação do texto e pela direção de arte da capa; a Lee Goldstein, pela diagramação da capa; a Helen
Walden, pelo copidesque; e a Lilian Brady, pela revisão. Jennifer Atkins foi brilhante na busca de
fotografias inusitadas e interessantes. Tanto a editora, John Wiley & Sons, Inc., como Jearl Walker
gostariam de agradecer às seguintes pessoas por seus comentários e ideias a respeito das recentes
edições:
Jonathan Abramson, Portland State University; Omar Adawi, Parkland College; Edward Adelson, The
Ohio State University; Steven R. Baker, Naval Postgraduate School; George Caplan, Wellesley College;
Richard Kass, The Ohio State University; M.R. Khoshbin-e-Khoshnazar, Research Institution for
Curriculum Development & Educational Innovations (Teerã); Craig Kletzing, University of Iowa; Stuart
Loucks, American River College; Laurence Lurio, Northern Illinois University; Ponn Maheswaranathan,
Winthrop University; Joe McCullough, Cabrillo College; Carl E. Mungan, U. S. Naval Academy; Don N.
Page, University of Alberta; Elie Riachi, Fort Scott Community College; Andrew G. Rinzler, University
of Florida; Dubravka Rupnik, Louisiana State University; Robert Schabinger, Rutgers University; Ruth
Schwartz, Milwaukee School of Engineering; Carol Strong, University of Alabama at Huntsville; Nora
Thornber, Raritan Valley Community College; Frank Wang, LaGuardia Community College; Graham W.
Wilson, University of Kansas; Roland Winkler, Northern Illinois University; William Zacharias,
Cleveland State University; Ulrich Zurcher, Cleveland State University.
Finalmente, nossos revisores externos realizaram um trabalho excepcional e expressamos a cada um
deles nossos agradecimentos.
Maris A. Abolins, Michigan State University
Edward Adelson, Ohio State University
Nural Akchurin, Texas Tech
Yildirim Aktas, University of North Carolina-Charlotte
Barbara Andereck, Ohio Wesleyan University
Tetyana Antimirova, Ryerson University
29. Ideias-Chave
• Uma onda eletromagnética é formada por campos elétricos e magnéticos que variam com o
tempo.
• As várias frequências possíveis das ondas eletromagnéticas formam um espectro, uma
pequena parte do qual é a luz visível.
• Uma onda eletromagnética que se propaga na direção do eixo x possui um campo elétrico
e um campo magnético cujos módulos dependem de x e t:
E = Em sen(kx – ωt)
e
B = Bm sen(kx – ωt),
em que Em e Bm são as amplitudes de e de . O campo elétrico induz o campo magnético, e
vice-versa.
• A velocidade de qualquer onda eletromagnética no vácuo é c, que pode ser escrita como
em que E e B são os módulos dos campos em um instante qualquer.
O que É Física?
A era da informação em que vivemos se baseia quase totalmente na física das ondas eletromagnéticas.
Queiramos ou não, estamos globalmente conectados pela televisão, telefonia e internet. Além disso,
queiramos ou não, estamos imersos em ondas eletromagnéticas por causa das transmissões de rádio,
televisão e telefone celular.
Há 40 anos, nem os engenheiros mais visionários imaginavam que essa rede global de processadores
de informação pudesse ser implantada em tão curto espaço de tempo. O desafio para os engenheiros de
hoje é tentar prever como serão as interconexões globais daqui a 40 anos. O ponto de partida para
enfrentar esse desafio é compreender a física básica das ondas eletromagnéticas, que existem em tantas
formas diferentes que receberam o nome poético de arco-íris de Maxwell.
O Arco-Íris de Maxwell
A grande contribuição de James Clerk Maxwell (veja o Capítulo 32) foi mostrar que um raio luminoso
nada mais é que a propagação, no espaço, de campos elétricos e magnéticos (ou seja, é uma onda
eletromagnética) e que, portanto, a ótica, o estudo da luz visível, é um ramo do eletromagnetismo. Neste
capítulo, passamos do geral para o particular: concluímos a discussão dos fenômenos elétricos e
magnéticos e estabelecemos os fundamentos para o estudo da ótica.
Na época de Maxwell (meados do século XIX), a luz visível e os raios infravermelho e ultravioleta
30. eram as únicas ondas eletromagnéticas conhecidas. Inspirado pelas previsões teóricas de Maxwell,
Heinrich Hertz descobriu o que hoje chamamos de ondas de rádio e observou que essas ondas se
propagam à mesma velocidade que a luz visível.
Como mostra a Fig. 33-1, hoje conhecemos um largo espectro de ondas eletromagnéticas: o arco-íris
de Maxwell. Estamos imersos em ondas eletromagnéticas pertencentes a esse espectro. O Sol, cujas
radiações definem o meio ambiente no qual nós, como espécie, evoluímos e nos adaptamos, é a fonte
predominante. Nossos corpos são também atravessados por sinais de rádio, televisão e telefonia celular.
Micro-ondas de aparelhos de radar podem chegar até nós. Temos também as ondas eletromagnéticas
provenientes das lâmpadas, dos motores quentes dos automóveis, das máquinas de raios X, dos
relâmpagos e dos elementos radioativos existentes no solo. Além disso, somos banhados pelas radiações
das estrelas e de outros corpos de nossa galáxia e de outras galáxias. As ondas eletromagnéticas também
viajam no sentido oposto. Os sinais de televisão, produzidos na Terra desde 1950, já levaram notícias a
nosso respeito (juntamente com episódios de I Love Lucy, embora com intensidade muito baixa) a
qualquer civilização tecnicamente sofisticada que porventura habite um planeta em órbita de uma das 400
estrelas mais próximas da Terra.
Na escala de comprimentos de onda da Fig. 33-1 (e na escala de frequências correspondente), cada
marca representa uma variação do comprimento de onda (e da frequência) de 10 vezes. As extremidades
da escala estão em aberto; o espectro eletromagnético não tem limites definidos.
Algumas regiões do espectro eletromagnético da Fig. 33-1 são identificadas por nomes familiares
como raios X e micro-ondas. Esses nomes indicam intervalos de comprimentos de onda, não muito bem
definidos, dentro dos quais são usados os mesmos tipos de fontes e detectores de radiação. Outras
regiões da Fig. 33-1, como as indicadas como canais de TV e de rádio AM, representam bandas
específicas definidas legalmente para fins comerciais ou outros propósitos. Não existem lacunas no
espectro eletromagnético; além disso, todas as ondas eletromagnéticas, não importa onde elas se situem
no espectro, se propagam no espaço livre (vácuo) à mesma velocidade c.
31. Figura 33-1 O espectro eletromagnético.
A região visível do espectro é, naturalmente, de particular interesse para nós. A Fig. 33-2 mostra a
sensibilidade relativa do olho humano a radiações de vários comprimentos de onda. O centro da região
visível corresponde aproximadamente a 555 nm; uma luz com esse comprimento de onda produz a
sensação de verde-claro.
Os limites do espectro visível não são bem definidos, já que a curva de sensibilidade do olho tende
assintoticamente para a linha de sensibilidade zero, tanto para grandes como para pequenos
comprimentos de onda. Se tomarmos arbitrariamente como limites os comprimentos de onda para os
quais a sensibilidade do olho é 1% do valor máximo, esses limites serão aproximadamente 430 e 690
nm; entretanto, o olho pode detectar radiações fora desses limites, se essas radiações forem
suficientemente intensas.
Figura 33-2 Sensibilidade relativa do olho humano a ondas eletromagnéticas de diferentes
comprimentos de onda. A parte do espectro eletromagnético à qual o olho é sensível é chamada de luz
visível.
32. Descrição Qualitativa de uma Onda Eletromagnética
Algumas ondas eletromagnéticas, como os raios X, os raios gama e a luz visível, são produzidas por
fontes de dimensões atômicas ou nucleares, governadas pela física quântica. Vamos agora discutir como é
gerado outro tipo de onda eletromagnética. Para simplificar a discussão, vamos nos restringir à região do
espectro (comprimento de onda λ ≈ 1 m) na qual a fonte de radiação (as ondas emitidas) é macroscópica,
mas de dimensões relativamente pequenas.
A Fig. 33-3 mostra, de forma esquemática, uma fonte desse tipo. O componente principal é um
oscilador LC, que estabelece uma frequência angular . As cargas e correntes do circuito
variam senoidalmente com essa frequência, como mostra a Fig. 31-1. Uma fonte externa (um gerador de
CA, por exemplo) fornece a energia necessária para compensar, não só as perdas térmicas, mas também a
energia extraída pela onda eletromagnética.
O oscilador LC da Fig. 33-3 está acoplado, por meio de um transformador e de uma linha de
transmissão, a uma antena, que consiste essencialmente em dois condutores retilíneos dispostos como na
figura. Por meio do acoplamento, a corrente senoidal do oscilador produz correntes senoidais, com a
frequência angular ω do oscilador LC, nos elementos da antena. Como essas correntes fazem com que as
cargas nos elementos da antena se aproximem e se afastem periodicamente, a antena pode ser vista como
um dipolo elétrico cujo momento dipolar elétrico varia senoidalmente em módulo e sentido ao longo do
eixo da antena.
Como o módulo e o sentido do momento dipolar variam com o tempo, o módulo e o sentido do campo
elétrico produzido pelo dipolo também variam. Além disso, como a corrente elétrica varia com o tempo,
o módulo e o sentido do campo magnético produzido pela corrente variam com o tempo. As variações
dos campos elétrico e magnético não acontecem instantaneamente em toda parte, mas se afastam da antena
à velocidade c da luz. Os campos variáveis formam uma onda eletromagnética que se propaga com
velocidade c. A frequência angular da onda é ω, a mesma do oscilador LC.
Figura 33-3 Sistema usado para gerar uma onda eletromagnética na região de ondas curtas de rádio do
espectro eletromagnético: um oscilador LC produz uma corrente senoidal na antena, que gera a onda. P é
um ponto distante no qual um detector pode indicar a presença da onda.
33. 1.
2.
3.
4.
Figura 33-4 (a)-(h) Variação do campo elétrico e do campo magnético no ponto distante P da Fig.
33-3 quando um ciclo da onda eletromagnética passa pelo ponto. Nesta visão, a onda está se propagando
para fora do papel, perpendicularmente ao plano do desenho. O módulo e o sentido dos dois campos
variam periodicamente. Note que o campo elétrico e o campo magnético são mutuamente perpendiculares
e perpendiculares à direção de propagação da onda.
Onda Eletromagnética. A Fig. 33-4 mostra de que forma o campo elétrico e o campo magnético
variam com o tempo quando a onda passa por um ponto distante P da Fig. 33-3; em todas as partes da
Fig. 33-4, a onda está se propagando para fora do papel. (Escolhemos um ponto distante para que a
curvatura das ondas representadas na Fig. 33-3 fosse suficientemente pequena para ser desprezada.
Quando isso acontece, dizemos que a onda é uma onda plana, e a discussão do problema se torna muito
mais simples.) Várias propriedades importantes das ondas eletromagnéticas podem ser observadas na
Fig. 33-4; elas são sempre as mesmas, independentemente da forma como as ondas foram criadas.
Os campos e são perpendiculares à direção de propagação da onda. Como vimos no Capítulo
16, isso significa que a onda é uma onda transversal.
O campo elétrico é perpendicular ao campo magnético.
O produto vetorial × aponta no sentido de propagação da onda.
Os campos variam senoidalmente, como as ondas transversais discutidas no Capítulo 16. Além
disso, variam com a mesma frequência e estão em fase.
As propriedades anteriores são compatíveis com uma onda eletromagnética que se propaga em
35. Raios e Frentes de Onda. Como mostra a Fig. 33-5a, uma onda eletromagnética pode ser
representada por um raio (uma reta orientada que mostra a direção de propagação da onda), por frentes
de onda (superfícies imaginárias nas quais o campo elétrico tem o mesmo módulo), ou das duas formas.
As duas frentes de onda que aparecem na Fig. 33-5a estão separadas por um comprimento de onda λ (=
2π/k). (Ondas que se propagam aproximadamente na mesma direção formam um feixe, como o feixe de
um laser ou de uma lanterna, que também pode ser representado por um raio.)
Desenho da Onda. Podemos também representar a onda como na Fig. 33-5b, que mostra os vetores
campo elétrico e campo magnético em um “instantâneo” da onda tomado em certo momento. As curvas
que passam pelas extremidades dos vetores representam as oscilações senoidais dadas pelas Eqs. 33-1 e
33-2; as componentes da onda e estão em fase, são mutuamente perpendiculares e são
perpendiculares à direção de propagação.
É preciso tomar cuidado ao interpretar a Fig. 33-5b. Os desenhos semelhantes para uma corda
esticada, que discutimos no Capítulo 16, representavam os deslocamentos para cima e para baixo de
partes da corda com a passagem da onda (havia algo realmente em movimento). A Fig. 33-5b é mais
abstrata. No instante indicado, os campos elétrico e magnético possuem certo módulo e certo sentido
(mas são sempre perpendiculares ao eixo x) em cada ponto do eixo x. Como estamos representando essas
grandezas vetoriais com setas, devemos traçar duas setas para cada ponto, todas apontando para longe do
eixo x, como espinhos de uma roseira. Entretanto, as setas representam apenas os valores do campo
elétrico e magnético em pontos do eixo x; nem as setas nem as curvas senoidais que unem as
extremidades dos vetores representam qualquer tipo de movimento, nem as setas ligam pontos do eixo x a
pontos fora do eixo.
Realimentação. Desenhos como os da Fig. 33-5 ajudam a visualizar o que é na verdade uma situação
muito complexa. Considere em primeiro lugar o campo magnético. Como está variando senoidalmente, o
campo induz (de acordo com a lei de indução de Faraday) um campo elétrico perpendicular que também
varia senoidalmente. Entretanto, como o campo elétrico está variando senoidalmente, ele induz (de
acordo com a lei de indução de Maxwell) um campo magnético perpendicular que também varia
senoidalmente, e assim por diante. Os dois campos criam continuamente um ao outro por meio da
indução, e as variações senoidais dos campos se propagam como uma onda: a onda eletromagnética. Se
esse fenômeno espantoso não existisse, não poderíamos enxergar; na verdade, como dependemos das
ondas eletromagnéticas do Sol para manter a Terra aquecida, sem esse fenômeno não poderíamos existir.
36. Figura 33-5 (a) Uma onda eletromagnética representada por um raio e duas frentes de onda; as frentes
de onda estão separadas por um comprimento de onda λ. (b) A mesma onda, representada por um
“instantâneo” do campo elétrico e do campo magnético em vários pontos do eixo x pelos quais a
onda passa com velocidade c. No ponto P, os campos variam com o tempo da forma mostrada da Fig. 33-
4. A componente elétrica da onda é constituída apenas por campos elétricos; a componente magnética é
constituída apenas por campos magnéticos. O retângulo tracejado no ponto P aparece também na Fig. 33-
6.
Uma Onda Curiosa
As ondas que discutimos nos Capítulos 16 e 17 necessitam de um meio (um material qualquer) para se
propagar. Falamos de ondas que se propagavam em uma corda, no interior da Terra e no ar. As ondas
eletromagnéticas, por outro lado, não necessitam de um meio para se propagar. É verdade que podem
existir no interior de um material (a luz, por exemplo, se propaga no ar e no vidro), mas também podem
se propagar perfeitamente no vácuo do espaço que nos separa das estrelas.
Quando a teoria da relatividade restrita foi finalmente aceita pelos cientistas, muito tempo depois de
ter sido proposta por Einstein em 1905, a velocidade da luz passou a desempenhar um papel especial na
física. Uma razão para isso é que a velocidade da luz no vácuo é a mesma em todos os referenciais. Se
você produz um raio luminoso ao longo de um eixo e pede a vários observadores que estão se movendo
com diferentes velocidades em relação a esse eixo para medir a velocidade da luz, todos obtêm o mesmo
resultado. Essa observação é surpreendente e difere do que seria constatado se os observadores
estivessem estudando qualquer outro tipo de onda; no caso de outras ondas, a velocidade medida
depende da velocidade do observador em relação à onda.
Hoje em dia, o metro é definido de tal forma que a velocidade da luz (e de qualquer outra onda
eletromagnética) no vácuo é exatamente
c = 299 792 458 m/s,
o que significa que a velocidade da luz no vácuo é usada como padrão. Como isso equivale a definir
qualquer distância em termos da velocidade da luz, quando medimos o tempo de trânsito de um pulso
luminoso entre dois pontos, não estamos medindo a velocidade da luz e sim a distância entre os pontos.
37. Descrição Matemática de uma Onda Eletromagnética
Vamos agora demonstrar as Eqs. 33-3 e 33-4 e, o que é mais importante, discutir a indução recíproca de
campos elétricos e magnéticos que é responsável pelo fenômeno da luz.
Figura 33-6 Quando a onda eletromagnética passa pelo ponto P da Fig. 33-5b, a variação senoidal do
campo magnético em um retângulo no entorno de P induz campos elétricos ao longo do retângulo. No
instante mostrado na figura, o módulo de está diminuindo e, portanto, o módulo do campo elétrico
induzido é maior do lado direito do retângulo que do lado esquerdo.
A Equação 33-4 e o Campo Elétrico Induzido
O retângulo tracejado, de dimensões dx e h, da Fig. 33-6 pertence ao plano xy e está parado no ponto P
do eixo x (o mesmo retângulo aparece no lado direito da Fig. 33-5b). Quando a onda eletromagnética
passa pelo retângulo, propagando-se da esquerda para a direita, o fluxo magnético ΦB que atravessa o
retângulo varia e, de acordo com a lei de indução de Faraday, aparecem campos elétricos induzidos na
região do retângulo. Tomamos e + d como os campos induzidos nos dois lados mais compridos do
retângulo. Esses campos elétricos são, na realidade, a componente elétrica da onda eletromagnética.
Observe o pequeno trecho vermelho da curva da componente magnética longe do eixo y na Fig. 33-
5b. Considere o campo elétrico induzido no instante em que a componente magnética está passando pelo
retângulo. Nesse momento, o campo magnético que atravessa o retângulo está apontando no sentido
positivo do eixo z e o módulo do campo está diminuindo (o módulo era máximo pouco antes de o trecho
vermelho passar pelo retângulo). Como o campo magnético está diminuindo, o fluxo magnético ΦB que
atravessa o retângulo também está diminuindo. De acordo com a lei de Faraday, a variação do fluxo induz
um campo elétrico que se opõe à variação do campo magnético, produzindo um campo magnético no
sentido positivo do eixo z.
De acordo com a lei de Lenz, isso, por sua vez, significa que, se imaginarmos o perímetro do
retângulo como se fosse uma espira condutora, surgiria nessa espira uma corrente elétrica no sentido anti-
horário. É óbvio que não existe, na verdade, nenhuma espira, mas essa análise mostra que os vetores do
campo elétrico induzido, e + d , têm realmente a orientação mostrada na Fig. 33-6, com o módulo de
+ d maior que o módulo de . Se não fosse assim, o campo elétrico induzido não tenderia a produzir
uma corrente no sentido anti-horário.
38. Lei de Faraday. Vamos agora aplicar a lei de indução de Faraday,
percorrendo o retângulo da Fig. 33-6 no sentido anti-horário. A contribuição para a integral dos lados do
retângulo paralelos ao eixo x é nula, já que, nesses trechos, e d são perpendiculares. A integral,
portanto, tem o valor
O fluxo ΦB que atravessa o retângulo é dado por
em que B é o módulo de no interior do retângulo e h dx é a área do retângulo. Derivando a Eq. 33-8 em
relação a t, obtemos
Substituindo as Eqs. 33-7 e 33-9 na Eq. 33-6, obtemos
ou
Na verdade, tanto B como E são funções de duas variáveis, x e t, como mostram as Eqs. 33-1 e 33-2.
Entretanto, ao calcular dE/dx, devemos supor que t é constante, já que a Fig. 33-6 é um “instantâneo” da
onda. Da mesma forma, ao calcular dB/dt, devemos supor que x é constante, pois estamos lidando com a
taxa de variação de B em um local determinado, o ponto P da Fig. 33-5b. Nessas circunstâncias, as
derivadas são derivadas parciais, e é mais correto escrever a Eq. 33-10 na forma
O sinal negativo da Eq. 33-11 é apropriado e necessário porque, embora E esteja aumentando com x na
região onde se encontra o retângulo da Fig. 33-6, B está diminuindo com t.
De acordo com a Eq. 33-1, temos
e de acordo com a Eq. 33-2,
41. Teste 1
A parte 1 da figura mostra o campo magnético na posição do retângulo da Fig. 33-6, mas em outro instante; continua no
plano xz, continua paralelo ao eixo z, mas agora aponta no sentido negativo do eixo z, e o módulo de está aumentando. (a)
Complete a ilustração da parte 1 desenhando os vetores que representam os campos elétricos induzidos, como na Fig. 33-6. (b)
Para o mesmo instante, complete a parte 2 da figura desenhando o campo elétrico da onda eletromagnética e os campos
magnéticos induzidos, como na Fig. 33-7.
33-2 TRANSPORTE DE ENERGIA E O VETOR DE POYNTING
Objetivos do Aprendizado
Depois de ler este módulo, você será capaz de ...
33.13 Saber que uma onda eletromagnética transporta energia.
33.14 Saber que a taxa de transporte de energia por unidade de área é dada pelo vetor de
Poynting , que é proporcional ao produto vetorial do campo elétrico pelo campo
magnético .
33.15 Determinar a direção e o sentido de propagação (e, portanto, de transporte de energia)
de uma onda eletromagnética usando o vetor de Poynting.
33.16 Calcular a taxa instantânea S de transporte de energia de uma onda eletromagnética em
função do módulo instantâneo E do campo elétrico.
33.17 Conhecer a relação entre o valor médio quadrático Erms e a amplitude Em da
componente elétrica de uma onda eletromagnética.
33.18 Saber o que significa a intensidade I de uma onda eletromagnética em termos do
transporte de energia.
33.19 Conhecer a relação entre a intensidade I de uma onda eletromagnética, o valor médio
quadrático Erms do campo elétrico e a amplitude Em do campo elétrico.
33.20 Conhecer a relação entre a potência média Pméd, a energia transferida ΔE e o tempo de
transferência Δt e a relação entre a potência instantânea P e a taxa de transferência de
energia dE/dt.
33.21 Saber o que é uma fonte luminosa pontual.
42. 33.22 No caso de uma fonte luminosa pontual, conhecer a relação entre a intensidade I da luz
em um ponto do espaço, a potência de emissão P da fonte e a distância r entre o ponto e
a fonte.
33.23 Explicar, usando a lei de conservação da energia, por que a intensidade da luz emitida
por uma fonte pontual diminui com o quadrado da distância.
Ideias-Chave
• A taxa por unidade de área com a qual a energia é transportada por uma onda
eletromagnética é dada pelo vetor de Poynting :
A direção de (e, portanto, a direção de propagação da onda e do transporte de energia) é
perpendicular às direções de e de .
• A taxa média de transporte de energia por unidade de área de uma onda eletromagnética é
dada por Sméd e é chamada de intensidade I da onda:
em que .
• Uma fonte pontual de ondas eletromagnéticas emite as ondas isotropicamente, ou seja, com
a mesma intensidade em todas as direções. A intensidade de uma onda eletromagnética a
uma distância r de uma fonte pontual de potência Ps é dada por
Transporte de Energia e o Vetor de Poynting
Como todo banhista sabe, uma onda eletromagnética é capaz de transportar energia e fornecê-la a um
corpo. A taxa por unidade de área com a qual uma onda eletromagnética transporta energia é descrita por
um vetor , denominado vetor de Poynting, em homenagem ao físico John Henry Poynting (1852-1914),
o primeiro a discutir suas propriedades. O vetor de Poynting é definido pela equação
O módulo S do vetor de Poynting depende da taxa instantânea com a qual a energia é transportada por
uma onda através de uma área unitária:
43. De acordo com a Eq. 33-20, a unidade de no SI é o watt por metro quadrado (W/m2
).
A direção do vetor de Poynting de uma onda eletromagnética em um ponto qualquer do espaço indica a direção de propagação
da onda e a direção de transporte de energia nesse ponto.
Como e são mutuamente perpendiculares em uma onda eletromagnética, o módulo de × é EB.
Assim, o módulo de é
em que S, E e B são valores instantâneos. Como existe uma relação fixa entre E e B, podemos trabalhar
com apenas uma dessas grandezas; escolhemos trabalhar com E, já que a maioria dos instrumentos usados
para detectar ondas eletromagnéticas é sensível à componente elétrica da onda e não à componente
magnética. Usando a relação B = E/c, dada pela Eq. 33-5, podemos escrever a Eq. 33-21 na forma
Intensidade. Fazendo E = Em sen(kx – ωt) na Eq. 33-22, poderíamos obter uma equação para o
transporte de energia em função do tempo. Mais útil na prática, porém, é a energia média transportada, ou
seja, a média de S ao longo do tempo, representada como Sméd e também conhecida como intensidade I
da onda. De acordo com a Eq. 33-20, a intensidade é dada por
De acordo com a Eq. 33-22, temos
Em um ciclo completo, o valor médio de sen2
θ, para qualquer variável angular θ, é 1/2 (veja a Eq. 31-
17). Além disso, definimos uma nova grandeza Erms, o valor médio quadrático ou valor rms1
do campo
elétrico, como
Nesse caso, a Eq. 33-24 pode ser escrita na forma
45. 1.
2.
3.
que passar pela superfície esférica; assim, a taxa com a qual a energia atravessa a superfície esférica é
igual à taxa com a qual a energia é emitida pela fonte, ou seja, é igual à potência Ps da fonte. Segundo a
Eq. 33-23, a intensidade I da onda na superfície esférica é dada por
em que 4πr2
é a área da superfície esférica. De acordo com a Eq. 33-27, a intensidade da radiação
eletromagnética emitida por uma fonte pontual isotrópica diminui com o quadrado da distância r da fonte.
Teste 2
A figura mostra o campo elétrico de uma onda eletromagnética em um ponto do espaço em dado instante. A onda está
transportando energia no sentido negativo do eixo z. Qual é a orientação do campo magnético da onda no mesmo ponto e no
mesmo instante?
Exemplo 33.01 Valores rms do campo elétrico e do campo magnético de uma
onda luminosa
Quando olhamos para a Estrela Polar (Polaris), recebemos a luz de uma estrela que está a 431 anos-luz da Terra e emite energia a
uma taxa 2,2 × 103
vezes maior que o Sol (Psol = 3,90 × 1026
W). Desprezando a absorção de luz pela atmosfera terrestre,
determine os valores rms do campo elétrico e do campo magnético da luz que chega até nós.
IDEIAS-CHAVE
O valor rms do campo elétrico, Erms, está relacionado à intensidade luminosa, I, pela Eq. 33-26 (I = E2
rms/cμ0).
Como a fonte está muito distante e emite ondas com a mesma intensidade em todas as direções, a intensidade I a uma
distância r da fonte está relacionada à potência Ps da fonte pela Eq. 33-27 (I = Ps/4πr2
).
Os módulos do campo elétrico e do campo magnético de uma onda eletromagnética em qualquer instante e em qualquer
ponto do espaço estão relacionados pela Eq. 33-5 (E/B = c). Assim, os valores rms dos campos também estão relacionados
pela Eq. 33-5.
47. superfície, nos casos de absorção total e reflexão total.
Ideias-Chave
• Quando uma superfície intercepta uma onda eletromagnética, a onda exerce uma força e
uma pressão na superfície.
• Se a radiação é totalmente absorvida pela superfície, a força é dada por
em que I é a intensidade da onda e A é a área da superfície perpendicular à direção de
propagação da onda.
• Se a radiação é totalmente refletida pela superfície e a incidência é perpendicular, a força é
dada por
• A pressão da radiação, pr, é a força por unidade de área:
e
Pressão da Radiação
Além de energia, as ondas eletromagnéticas também possuem momento linear. Isso significa que podemos
exercer uma pressão sobre um objeto (a pressão de radiação) simplesmente iluminando o objeto.
Entretanto, essa pressão deve ser muito pequena, já que, por exemplo, não sentimos nada quando alguém
nos fotografa usando um flash.
Para determinar o valor da pressão, vamos supor que um objeto seja submetido a um feixe de
radiação eletromagnética (um feixe luminoso, por exemplo) durante um intervalo de tempo Δt. Vamos
supor ainda que o objeto esteja livre para se mover e que a radiação seja totalmente absorvida pelo
corpo. Isso significa que, durante o intervalo de tempo Δt, o objeto recebe uma energia ΔU da radiação.
Maxwell demonstrou que o objeto também recebe momento linear. O módulo Δp da variação de momento
do objeto está relacionado à variação de energia ΔU pela equação
em que c é a velocidade da luz. A direção da variação de momento do objeto é a direção do feixe
48. incidente da radiação absorvida pelo corpo.
Em vez de ser absorvida, a radiação pode ser refletida pelo objeto, ou seja, pode ser emitida
novamente. Se a radiação é totalmente refletida e a incidência é perpendicular, o módulo da variação do
momento é duas vezes maior que no caso anterior:
Da mesma forma, um objeto sofre uma variação de momento duas vezes maior quando uma bola de tênis
perfeitamente elástica se choca com o objeto do que quando é atingido por uma bola perfeitamente
inelástica (uma bola feita de massa de modelar, digamos) com a mesma massa e velocidade. Quando a
radiação é parcialmente absorvida e parcialmente refletida, a variação do momento do corpo tem um
valor entre ΔU/c e 2ΔU/c.
Força. De acordo com a segunda lei de Newton expressa em termos do momento linear (Módulo 9-
3), a uma variação Δp do momento em um intervalo de tempo Δt está associada uma força dada por
Para obter uma expressão da força exercida pela radiação em termos da intensidade I da radiação,
observamos que a intensidade é dada por
Suponha que uma superfície plana de área A, perpendicular à direção da radiação, intercepta a radiação.
A energia interceptada pela superfície durante o intervalo de tempo Δt é dada por
Se a energia é totalmente absorvida, a Eq. 33-28 nos diz que Δp = IAΔt/c e, de acordo com a Eq. 33-30,
o módulo da força exercida sobre a superfície é
Se a radiação é totalmente refletida, a Eq. 33-29 nos diz que Δp = 2IAΔt/c e, de acordo com a Eq. 33-30,
Se a radiação é parcialmente absorvida e parcialmente refletida, o módulo da força exercida sobre a
superfície tem um valor entre IA/c e 2IA/c.
Pressão. A força por unidade de área exercida pela radiação é a pressão de radiação pr. Podemos
obter o valor dessa pressão para as situações das Eqs. 33-32 e 33-33 dividindo ambos os membros das
51. Figura 33-9 (a) O plano de oscilação de uma onda eletromagnética polarizada. (b) Para representar a
polarização, mostramos uma vista frontal da onda e indicamos a direção das oscilações do campo
elétrico por uma seta de duas cabeças.
A Fig. 33-9a mostra uma onda eletromagnética com o campo elétrico oscilando paralelamente ao eixo
vertical y. O plano que contém o vetor em instantes sucessivos de tempo é chamado de plano de
polarização da onda (é por isso que dizemos que uma onda como a da Fig. 33-9 é plano-polarizada na
direção y). Podemos representar a polarização da onda mostrando a direção das oscilações do campo
elétrico em uma vista frontal do plano de oscilação, como na Fig. 33-9b. A seta de duas cabeças indica
que, quando a onda passa pelo observador, o campo elétrico oscila verticalmente, isto é, alterna
continuamente entre o sentido positivo e o sentido negativo do eixo y.
52. Figura 33-10 (a) A luz não polarizada é formada por ondas com o campo elétrico em diferentes
direções. Na ilustração, as ondas estão todas se propagando na mesma direção, para fora do papel, e têm
a mesma amplitude E. (b) Outra forma de representar a luz não polarizada. A luz é a superposição de
duas ondas polarizadas cujos planos de oscilação são mutuamente perpendiculares.
Luz Polarizada
As ondas eletromagnéticas transmitidas por um canal de televisão têm sempre a mesma polarização, mas
as ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte de luz como o Sol ou uma lâmpada elétrica são
polarizadas aleatoriamente ou não polarizadas (os dois termos têm o mesmo significado). Isso quer
dizer que a direção do campo elétrico muda aleatoriamente com o tempo, embora se mantenha
perpendicular à direção de propagação da onda. Assim, se representarmos a onda vista de frente durante
certo intervalo de tempo, não teremos um desenho simples como o da Fig. 33-9b, mas um conjunto de
setas, como na Fig. 33-10a, cada uma com uma orientação diferente.
Em princípio, é possível simplificar o desenho representando os campos elétricos da Fig. 33-10a por
meio das componentes y e z. Nesse caso, a luz não polarizada pode ser representada por duas setas de
duas cabeças, como mostrado na Fig. 33-10b. A seta paralela ao eixo y representa as oscilações da
54. de polarização do filtro, o que significa que a luz está polarizada nessa direção. Na Fig. 33-11, a
componente vertical do campo elétrico é transmitida pelo filtro, e a componente horizontal é absorvida.
Isso faz com que a onda transmitida seja polarizada verticalmente.
Intensidade da Luz Polarizada Transmitida
Vamos considerar agora a intensidade da luz transmitida por um filtro polarizador. Começamos com luz
não polarizada, cujas oscilações do campo elétrico podemos separar em componentes y e z, como na Fig.
33-10b. Além disso, podemos supor que o eixo y é paralelo à direção de polarização do filtro. Nesse
caso, apenas a componente y do campo elétrico da luz é transmitida pelo filtro; a componente z é
absorvida. Como mostra a Fig. 33-10b, se a orientação do campo elétrico da onda original é aleatória, a
soma das componentes y tem o mesmo valor que a soma das componentes z. Quando a componente z é
absorvida, metade da intensidade I0 da onda original é perdida. A intensidade I da luz que emerge do
filtro é, portanto,
Essa é a chamada regra da metade, que só é válida se a luz que incide no filtro polarizador é não
polarizada.
Suponha agora que a luz que incide em um filtro polarizador seja polarizada. A Fig. 33-12 mostra um
filtro polarizador no plano do papel e o campo elétrico de uma onda polarizada antes de passar pelo
filtro. Podemos separar o campo em duas componentes em relação à direção de polarização do filtro: a
componente paralela Ey, que é transmitida pelo filtro, e a componente perpendicular Ez, que é absorvida.
Como θ é o ângulo entre e a direção de polarização do filtro, a componente paralela transmitida é dada
por
A intensidade de uma onda eletromagnética (como a nossa onda luminosa) é proporcional ao
quadrado do módulo do campo elétrico (Eq. 33-26, I = E2
rms/cm0). Isso significa que, no caso que
estamos examinando, a intensidade I da onda emergente é proporcional a E2
y e a intensidade I0 da onda
original é proporcional a E2
. Assim, de acordo com a Eq. 33-37, I/I0 = cos2
θ e, portanto,
Essa é a chamada regra do cosseno ao quadrado, que só é válida se a luz que incide no filtro
polarizador for polarizada. Nesse caso, a intensidade I da luz transmitida é máxima e igual à intensidade
inicial I0 quando a direção da polarização da luz é paralela à direção de polarização do filtro (ou seja,
quando θ na Eq. 33-38 é 08). I é zero quando a direção de polarização da luz é perpendicular à direção
55. de polarização do filtro (ou seja, quando θ é 908).
Figura 33-12 Luz polarizada prestes a atravessar um filtro polarizador. O campo elétrico da luz pode
ser separado nas componentes Ey (paralela à direção de polarização do filtro) e Ez (perpendicular à
direção de polarização do filtro). A componente Ey atravessa o filtro, mas a componente Ez é absorvida.
Figura 33-13 A luz transmitida pelo filtro polarizador P1 está polarizada verticalmente, como indica a
seta de duas cabeças. A quantidade de luz transmitida pelo filtro polarizador P2 depende do ângulo entre
a direção de polarização de P1 e a direção de polarização de P2, indicada pelas retas no interior do filtro
e pela linha tracejada.
Dois Filtros Polarizadores. A Fig. 33-13 mostra um arranjo no qual uma luz inicialmente não
polarizada passa por dois filtros polarizadores, P1 e P2. (O primeiro filtro é chamado de polarizador, e o
segundo é chamado de analisador.) Como a direção de polarização de P1 é vertical, a luz que emerge de
P1 está polarizada verticalmente. Se a direção de polarização de P2 também é vertical, toda a luz que
chega a P2 é transmitida. Se a direção de polarização de P2 é horizontal, toda a luz que chega a P2 é
57. 1.
2.
3.
inicialmente não polarizada. A direção de polarização de cada filtro (linha tracejada) faz o ângulo indicado com o eixo x
(horizontal) ou o eixo y (vertical). Coloque os pares na ordem decrescente da fração da luz incidente que atravessa os dois filtros.
Exemplo 33.02 Polarização e intensidade luminosa com três filtros
polarizadores
A Fig. 33-15a, desenhada em perspectiva, mostra um conjunto de três filtros polarizadores; nesse conjunto incide um feixe de luz
inicialmente não polarizada. A direção de polarização do primeiro filtro é paralela ao eixo y, a do segundo filtro faz um ângulo de
60° com a primeira direção no sentido anti-horário, e a do terceiro filtro é paralela ao eixo x. Que fração da intensidade inicial I0 da
luz sai do conjunto e em que direção essa luz está polarizada?
IDEIAS-CHAVE
O cálculo deve ser realizado filtro por filtro, começando pelo filtro no qual a luz incide inicialmente.
Para determinar a intensidade da luz transmitida por um dos filtros, basta aplicar a regra da metade (se a luz incidente no
filtro não estiver polarizada) ou a regra do cosseno ao quadrado (se a luz incidente no filtro já estiver polarizada).
A direção de polarização da luz transmitida por um filtro polarizador é sempre igual à direção de polarização do filtro.
Primeiro filtro: A luz original está representada na Fig. 33.15b por duas setas de duas cabeças, como na Fig. 33-10b. Como a luz
incidente no primeiro filtro é não polarizada, a intensidade I1 da luz transmitida pelo primeiro filtro é dada pela regra da metade
(Eq. 33-36):
60. incidente, a refração da luz por um material com um índice de refração maior que o do
primeiro material, por um material com um índice de refração menor que o do primeiro
material, e por um material com um índice de refração igual ao do primeiro material. Em
cada situação, descrever a refração como um desvio do raio de luz para mais perto da
normal, como um desvio para mais longe da normal ou como a ausência de um desvio.
33.41 Saber que a refração ocorre apenas na interface de dois materiais.
33.42 Saber o que é dispersão cromática.
33.43 No caso da refração de raios de várias cores em uma interface, saber quais são as
cores que sofrem um desvio maior quando o segundo meio tem um índice de refração
maior que o primeiro e quais são as cores que sofrem um desvio maior quando o segundo
meio tem um índice de refração menor que o primeiro.
33.44 Saber como o arco-íris primário e o arco-íris secundário são formados e por que eles
têm a forma de arcos de circunferência.
Ideias-Chave
• A ótica geométrica é um tratamento aproximado da luz no qual as ondas luminosas são
representadas por linhas retas.
• Quando a luz encontra uma interface de dois meios transparentes, parte da luz em geral é
refletida e parte é refratada. Os dois raios permanecem no plano de incidência. O ângulo de
reflexão é igual ao plano de incidência, e o ângulo de refração u2 está relacionado ao ângulo
de incidência u1 pela lei de Snell,
n2 sen θ2 = n1 sen θ1 (refração),
em que n1 e n2 são os índices de refração dos meios em que se propagam, respectivamente,
o raio incidente e o raio refratado.
Reflexão e Refração
Embora as ondas luminosas se espalhem ao se afastarem de uma fonte, a hipótese de que a luz se propaga
em linha reta, como na Fig. 33-5a, constitui frequentemente uma boa aproximação. O estudo das
propriedades das ondas luminosas usando essa aproximação é chamado de ótica geométrica. Na parte
que resta deste capítulo e em todo o Capítulo 34, vamos discutir a ótica geométrica da luz visível.
A fotografia da Fig. 33-16a mostra um exemplo de ondas luminosas que se propagam
aproximadamente em linha reta. Um feixe luminoso estreito (o feixe incidente), proveniente da esquerda,
que se propaga no ar, encontra uma superfície plana de água. Parte da luz é refletida pela superfície,
formando um feixe que se propaga para cima e para a direita, como se o feixe original tivesse
ricocheteado na superfície. O resto da luz penetra na água, formando um feixe que se propaga para baixo
e para a direita. Como a luz pode se propagar na água, dizemos que a água é transparente; os materiais
nos quais a luz não se propaga são chamados de opacos. Neste capítulo, vamos considerar apenas
materiais transparentes.
62. 1.
Ar (nas CNTP)b
1,00029 Cloreto de sódio 1,54
Água (a 20°C) 1,33 Poliestireno 1,55
Acetona 1,36 Dissulfeto de carbono 1,63
Álcool etílico 1,36 Vidro de alta dispersão 1,65
Solução de açúcar (a 30%) 1,38 Safira 1,77
Quartzo fundido 1,46 Vidro de altíssima dispersão 1,89
Solução de açúcar (a 80%) 1,49 Diamante 2,42
a
Para um comprimento de onda de 589 nm (luz amarela do sódio).
b
CNTP significa “condições normais de temperatura (0°C) e pressão (1 atm)”.
Lei da refração: O raio refratado está no plano de incidência e tem um ângulo de refração θ2 que
está relacionado ao ângulo de incidência θ1 pela equação
em que n1 e n2 são constantes adimensionais, denominadas índices de refração, que dependem do meio
no qual a luz está se propagando. A Eq. 33-40, conhecida como lei de Snell, será demonstrada no
Capítulo 35, no qual veremos também que o índice de refração de um meio é igual a c/v, em que v é a
velocidade da luz no meio e c é a velocidade da luz no vácuo.
A Tabela 33-1 mostra os índices de refração do vácuo e de alguns materiais comuns. No vácuo, n é
definido como exatamente 1; no ar, n é ligeiramente maior que 1 (na prática, quase sempre se supõe que n
para o ar também é igual a 1). Não existem meios com um índice de refração menor que 1.
Podemos escrever a Eq. 33-40 na forma
para comparar o ângulo de refração θ2 com o ângulo de incidência θ1. De acordo com a Eq. 33-41, o
valor relativo de θ2 depende dos valores relativos de n2 e n1. Existem três possibilidades:
Se n2 = n1, θ2 = θ1. Nesse caso, a refração não desvia o raio luminoso, que continua sua trajetória
retilínea, como na Fig. 33-17a.
64. espalhamento da luz de acordo com o comprimento de onda, e a palavra “cromática” se refere às cores
associadas aos diferentes comprimentos de onda. A dispersão cromática não é observada nas Figs. 33-16
e 33-17 porque a luz incidente é monocromática, isto é, possui apenas um comprimento de onda.
Em geral, o índice de refração de um meio é maior para pequenos comprimentos de onda
(correspondentes, digamos, à cor azul) que para grandes comprimentos de onda (correspondentes,
digamos, à cor vermelha). A Fig. 33-18, por exemplo, mostra a variação do índice de refração do quartzo
fundido com o comprimento de onda da luz. Essa variação significa que a componente azul (o raio
correspondente à luz azul) sofre um desvio maior que a componente vermelha quando um feixe formado
por raios de luz das duas cores é refratado pelo quartzo fundido.
Um feixe de luz branca possui raios de todas (ou quase todas) as cores do espectro visível, com
intensidades aproximadamente iguais. Quando observamos um feixe desse tipo, não vemos as cores
separadamente, mas temos a impressão de que associamos à cor branca. A Fig. 33-19a mostra um feixe
de luz branca incidindo em uma superfície de vidro. (Como o papel usado nos livros é branco, os feixes
de luz branca são normalmente representados por raios cinzentos, como na Fig. 33-19, enquanto os feixes
de luz monocromática, seja qual for a cor da luz, são representados por raios vermelhos, como na Fig.
33-17, a não ser quando é preciso mostrar raios de cores diferentes na mesma figura, como mostrado na
Fig. 33-19.) Na Fig. 33-19a, foram representadas apenas as componentes vermelha e azul da luz
refratada. Como o raio azul é o que sofre o maior desvio, o ângulo de refração θ2a do raio azul é menor
que o ângulo de refração θ2v do raio vermelho. (Lembre-se de que os ângulos de refração são medidos em
relação à normal.) Na Fig. 33-19b, um feixe de luz branca que estava se propagando no vidro incide em
uma interface vidro-ar. O raio azul novamente sofre um desvio maior que o raio vermelho, mas, desta
vez, θ2a é maior que θ2v.
Figura 33-19 Dispersão cromática da luz branca. A componente azul é mais desviada na interface que
a componente vermelha. (a) Quando a luz passa do ar para o vidro, o ângulo de refração da componente
azul é menor que o da componente vermelha. (b) Quando a luz passa do vidro para o ar, o ângulo de
refração da componente azul é maior que o da componente vermelha. As linhas pontilhadas mostram a
direção na qual a luz continuaria a se propagar se não houvesse refração.