O documento descreve a tecnologia em desenvolvimento de um "super DVD" que pode armazenar quase meio milhão de músicas ou mais de 2 mil filmes. Isso é possível gravar dados em várias camadas usando lasers com diferentes cores e polarizações. O documento também discute a hospitalização de Susan Boyle após o programa "Britain's Got Talent" e as críticas sobre o apoio psicológico fornecido aos candidatos.
1. Expresso, 05 de Junho de 2009 PRIMEIRO CADERNO 27
TECNOLOGIA CONCURSO
A ‘queda’ de
Susan Boyle
Depois do colapso de Susan Boyle,
o programa “Britain’s Got
Talent” foi alvo de críticas e
promete rever a forma de avaliar
psicologicamente os candidatos
Na primeira conferência de imprensa,
horas depois da vitória surpresa no pro-
grama “Britain’s Got Talent”, os Diver-
sity tinham à sua espera centenas de jor-
nalistas e estações de televisão do mun-
do inteiro. Atenção mediática a mais pa-
ra um grupo de dança urbana de Essex.
Em voz baixa, os repórteres america-
nos cochichavam entre si: “Só estamos
aqui por ela”. Mas ela, a escocesa Susan
Boyle, ou SuBo para a imprensa — o mo-
tivo pelo qual 20 milhões de pessoas fi-
caram coladas à televisão a assistir à fi-
nal —, foi internada de urgência, nessa
madrugada, numa clínica psiquiátrica,
com um diagnóstico de “esgotamento e
cansaço emocional”.
Depois de ter sido anunciado, em di-
recto, que os 11 dançarinos eram os ven-
cedores com 24,9% dos votos do públi-
co, contra os 20,2% de Susan, que vol-
tou a interpretar o tema “I Dreamed a
Dream” do musical “Os Miseráveis” (o
mesmo que se tornou um fenómeno do
You Tube, com mais de 100 milhões de
visualizações), a escocesa manteve a dig-
nidade em palco, com um sorriso e a fra-
se feita “ganharam os melhores”. Nos
bastidores, a solteira de 48 anos que vi-
ve sozinha com o gato revelou-se destro-
çada com o desfecho, que lhe deixou
um amargo de boca. “Detesto este pro-
grama”, terá dito a quem a quis ouvir,
enquanto se retirava para o hotel. Nessa
noite, conta o jornal “The Sun”, “não
conseguia dormir nem parar de chorar.
Ninguém a acalmava. Estava com um
ataque de pânico”. Não era a primeira
vez que Susan fraquejava. Na semana
Super DVD guarda 2 mil filmes
que antecedeu a final, ela própria avi-
sou a produção que sofria de insónias e
se sentia “esgotada física e mentalmen-
te”. Um desabafo que chegou aos jor-
nais e fez estalar o verniz entre a produ-
tora e vários especialistas, como David
Wilson, professor de criminologia da
Universidade de Birmingham, e ex-júri
Desde finais da década de 90, a capacidade de armazenamento cresceu exponencialmente do “Big Brother”, ou Chris Thompson,
responsável médico pelo The Priory
Uma equipa de investigadores da Uni- ficar gravada em várias camadas. Mais lha) e espalhando sobre cada camada tes), chegar ao mercado haverá certa- Group, onde Susan ainda se encontra in-
versidade Técnica Swinburne, em Haw- precisamente dez, contra as actuais do disco nanopartículas (pequenos bas- mente quem se queixe da coqueluche ternada. Ambos saíram em defesa da
thorn (Melbourne), Austrália, está a de- duas de um disco Blu-ray. tões de ouro só visíveis com um micros- do momento: o Blu-ray com os seus saúde mental da concorrente, a quem
senvolver uma nova tecnologia que vai “Imaginemos as janelas da fachada cópio electrónico), foi possível gravar, 50 gigabytes de capacidade (51.200 em pequena foram diagnosticadas difi-
tornar possível gravar num disco em de um edifício. Cada uma pode estar numa dada posição, um volume muito megabytes). culdades de aprendizagem, e que devia
tudo semelhante a um DVD quase pintada com uma determinada cor e superior de dados. Até que possa ser comercializado, a ter tido apoio psicológico para lidar
meio milhão de músicas ou mais de 2 ter um triângulo colado no vidro, Durante o processo de gravação o la- Samsung, que já firmou um acordo com a pressão gerada pela fama repenti-
mil filmes. nuns casos com o vértice para baixo e ser funde essas partículas. Esse proces- com os investigadores, terá de resolver na. Depois deste incidente, vários espec-
Qualquer informação gravada num noutros para cima”. Foi nestes termos so altera a forma como a luz, com uma alguns problemas como, por exemplo, tadores também reclamaram junto da
DVD actual precisa apenas de duas di- que José Viana Gomes, do Departa- determinada cor ou polarização, intera- a baixa velocidade de leitura do disco, Ofcom, agência reguladora dos órgãos
mensões para ser localizada pelo siste- mento de Física da Universidade do ge com elas, o que acaba por permitir já que a informação fica armazenada de comunicação da Grã-Bretanha. Se-
ma informático (x e y), mas no “super Minho, explicou ao “Expresso” a cor e que os dados possam ser lidos posterior- de forma muito densa e a construção gundo o jornal “The Guardian”, a produ-
DVD” em que está a trabalhar a equipa a polarização da luz. mente. Segundo os investigadores, foi de leitores/gravadores equipados com tora, pressionada pela opinião pública,
do professor Min Gu, um perito em op- “A novidade — acrescenta o investiga- possível gravar seis bits recorrendo a lasers de diferentes cores e polariza- reconheceu que vai rever os seus proce-
toelectrónica, são acrescentadas três dor — reside no facto dessas janelas po- lasers com três cores diferentes e duas ções a preço acessível. Basta olhar para dimentos no momento de avaliar psico-
novas dimensões: a cor da luz usada pa- derem também estar em qualquer ou- polarizações, no mesmo espaço físico. o passado (ver infografia) para ver que logicamente os candidatos que vierem a
ra escrever e ler os dados, a sua polari- tro piso do edifício”. Quando, lá para 2015-2020, este “su- tudo isso há-de ser ultrapassado. participar nas próximas edições.
zação e ainda uma dimensão espacial Recorrendo a dois lasers (os actuais per DVD”, que terá capacidade para Carlos Abreu Maria Barbosa
na medida em que a informação pode DVD utilizam apenas um de cor verme- alojar 1.6 terabytes (1.677.721 megaby- cabreu@expresso.impresa.pt mbarbosa@expresso.impresa.pt