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Bruna Burlamaqui
Castello Branco Melo
“A arte luta efetivamente com o caos,
mas para fazer surgir nela uma visão
que o ilumina por um instante,
uma Sensação.”
Gilles Deleuze.
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3
CONTEXTO
E BREVE
HISTÓRICO
A música, além de várias funções e papéis
sociais, artísticos e líricos, é compreendida no
mundo da Direção de Arte como um elemento-
chave em plataformas audiovisuais como
Cinema, Televisão, séries, filmes, produções
independentes, entre outros.
No gênero analisado, que é o Terror, ela se
torna um caminho, um suporte, para transmitir
uma mensagem ou elaboração de climas como
drama, suspense, medo, angústia, ansiedade,
desconforto e até mesmo nojo.
Os filmes de terror sempre tiveram uma relação íntima com efeitos práticos e a trilha sonora, e aqui
estamos considerando as obras produzidas quando os sons começaram a ser incluídos nas películas.
Um exemplo notável é “A Noiva do Frankenstein” (1935), por Franz Waxman, o primeiro filme de
terror a ter uma trilha sonora composta para ele, o que influenciou muitos diretores(as) a procurarem
compositores e musicistas para criarem trilhas personalizadas para seus filmes e projetos audiovisuais.
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No gênero analisado, que é o Terror, ela se torna um
caminho, um suporte, para transmitir uma mensagem
ou elaboração de climas como drama, suspense, medo,
angústia, ansiedade, desconforto e até mesmo nojo.
O terror, enquanto gênero de entretenimento, seja através de
livros, filmes e séries, busca na trilha sonora um arcabouço
catalisador de sensações, em conjunto com a produção
visual, para que o medo, enquanto uma emoção subjetiva,
possa causar diferentes efeitos em cada indivíduo, conforme
a percepção única que cada pessoa tem sobre
determinada obra ou contexto.
trilHa sonora
e o medo
6
A Direção de Arte, como um todo, acaba
tendo o papel de compreender, coordenar
e organizar a orquestração sonora de cada
elemento, e como eles colaboram juntos para
que a obra cinematográfica tenha sua própria
atmosfera, em alguns casos, combinando
mistério e perigo, como podemos ver no filme
“Tubarão” (1975) de Steven Spielberg.
O filme inicia com a cena em que a personagem
Chrissie vai para o seu último banho de mar,
sem que ela saiba que está sendo observada
pelo nosso protagonista, o Tubarão do filme.
Todo o medo dessa cena é construído pela trilha
sonora, sem que nós possamos ver com clareza
o que acontece com a nossa personagem,
apenas pelo som grave e intenso da
chegada do tubarão.
Clássicos
7
A música tem o incrível poder de influenciar
narrativas, guiando as emoções do expectador
ou de uma plateia, provocando sensações
distintas como nojo e raiva, ou tristeza e
ansiedade, ou até mesmo espanto e angústia
juntos, mas também pode mudar completamente
o viés da história e o clima que está se
passando naquele momento.
Um exemplo notável é o filme estilo grindhouse
do diretor Quentin Tarantino, chamado “À prova
de morte”, na cena em que o assassino Dublê
Mike (Kurt Russel) dá carona para Pam (Rose
McGowan), os dois estão no carro e ele pergunta
para que direção ela vai, e a trilha sonora, que
anteriormente era neutra, se torna dramática
e grave, nos indicando que algo ruim irá
acontecer com Pam.
8
Além das trilhas sonoras, o silêncio também funciona
como elemento narrativo, sendo ele capaz também
de criar atmosferas de incômodo e suspense,
podendo guiar o expectador ou plateia conforme
a premissa do diretor(a) com aquela obra.
Pesquisando obras de diferentes períodos históricos,
conseguimos perceber padrões e congruências
estéticas em algumas trilhas, ainda que cada
uma seja produzida e ambientada em
diferentes contextos.
Os amantes do terror também conseguem sentir
como mesmo as emoções mais viscerais podem
ser trabalhadas e influenciadas de acordo com
a intenção da produção audiovisual.
o SILËNCIO
NAS NARRATIVAS
9
9
É importante que o Diretor ou Diretora de Arte tenha uma
plena imersão da obra na qual está trabalhando, pois é
necessário compreender com muita clareza a atmosfera
e o clima emotivo do projeto, para que possa trabalhar
com os elementos mais apropriados para coordenar
apropriadamente a equipe de criação, dessa forma criando
um material que seja inesquecível, atraente e que consiga
transmitir a imagem desejada pelo criador do filme,
clipe ou peça audiovisual.
A imersão nos assuntos da obra, aliada a um bom trabalho
de pesquisa, com moodboard e adaptação de roteiro, faz
com que grandes obras, como o objeto de estudo desse
texto analítico, sejam criadas.
Direção de arte
e trilha sonora
10
OBJETO DE ESTUDO
11
12
13
DISCLAIMER
14
“O Iluminado” (1980) é uma obra de ficção
escrita pelo renomado autor Stephen King, que
foi adaptada para o cinema por Stanley Kubrik,
um diretor conhecido por trabalhar bem temas
fictícios e sobrenaturais. A cena de abertura do
filme, mostrando o fusca amarelo de Jack Torrance
percorrendo um caminho nas montanhas, já
acompanha uma trilha sonora pesada, assustadora
e misteriosa, que nos transporta para uma
atmosfera ominosa e agourenta, como um
prelúdio sinfônico do que estava por vir no filme.
Uma referência estilística sonora encontrada nas
pesquisas sobre o filme é a DIES IRAE, traduzido
livremente para “Dia da Ira”, parte de alguns rituais
ou cerimônias católicas para os mortos, sendo ele
um fragmento de um hino religioso em latim.
Ele é constituído por uma melodia inicial de quatro
notas que agrava expressivamente os momentos
assustadores, tristes ou dramáticos em obras
audiovisuais ou nas próprias missas.
15
Em algumas cenas da obra, nas quais Danny
se comunica com o outro iluminado, Sr. Hallorann,
a trilha sonora fica aguda e desconfortável,
reforçando a ideia de algo muito íntimo, que é
inaudível para as outras pessoas ao redor, sendo
considerada uma trilha incidental para conduzir os
expectadores a terem sensações de incômodo
e um possível medo com aquilo.
Podemos perceber que, no geral, os sons
diegéticos (todos os sons presentes no universo
ficcional onde se passa a cena/ação) são neutros,
e nunca se sobrepõem às falas dos personagens,
tendo uma estética sonora bastante limpa
nesse quesito.
O ESPANTo
de kubrik
O que destaca a trilha sonora é
a premissa de causar desconforto e
medo, direcionadas pela Direção de
Arte da obra, o que nos conduz a sentir
tensão em cenas muito específicas,
quando os sons se tornam muito
graves e abafados, ou muito agudos,
semelhantes a uma chaleira ou sirene.
Em alguns momentos, podemos
inclusive pensar em uma possível
evocação do mal, tendo em mente a
atmosfera perigosa e amaldiçoada
existente no Hotel Overlook.
17
Referências
bibliográficas
CAROLINE, Gabrielle. O quê que a Trilha tem?: A música
em filmes de terror. AUDIOGRAMA, 08 de Fevereiro de 2021, disponível em: <https://
www.audiograma.com.br/2021/02/o-que-que-a-trilha-tem-a-musica-em-filmes-de-terror/>
MAYAN, Nathalia. Como a trilha sonora influencia nos filmes de terror. POLTRONA
NERD, 18 de junho de 2020, disponível em: <https://poltronanerd.com.br/filmes/como-a-
trilha-sonora-influencia-nos-filmes-de-terror-101219>
NATÁRIO, Thiago. Análise: O Iluminado. REPÚBLICA DO MEDO, 29 de agosto de
2017, disponível em: <https://republicadomedo.com.br/analise-o-iluminado/>
CARVALHO, Francisco Egydio de. O CINEMA COMO EXPERIÊNCIA SINFÔNICA:
A Partitura Orquestral Do Filme “O Iluminado”, De Stanley Kubrick., UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas, 2010, disponível em: <http://repositorio.
unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/283957/1/Carvalho_FranciscoEgydiode_M.pdf>
Música no Cinema | Kubrick – O Iluminado | Bartók – Música para Cordas, Percussão e
Celesta. CLÁSSICOS DOS CLÁSSICOS, 27 de março de 2021, disponível em: <https://
classicosdosclassicos.mus.br/musica-no-cinema-kubrick-o-iluminado-bartok-musica-
para-cordas-percussao-e-celesta/>
OLIVEIRA, Leandro. A música nos filmes de Stanley Kubrick: ‘O Iluminado’. ESTADO
DA ARTE, 28 de agosto de 2017, disponível em: <https://estadodaarte.estadao.com.br/
falando-de-musica-kubrick-music-shining/>
ALMEIDA, Lucas. 10 Trilhas Sonoras mais marcantes do Cinema. INSTITUTO DE
CINEMA, disponível em: <https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/10-trilhas-
sonoras-mais-marcantes-do-cinema>
JÚNIOR, Santino Mendes da Silva. O Imaginário de Stanley Kubrick: Uma
abordagem mito simbólica. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016,
disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/32918/1/SILVA%20
J%C3%9ANIOR%2C%20Santino%20Mendes%20da.pdf>
Por que a trilha sonora no cinema faz toda a diferença? Entenda!. ACADEMIA
INTERNACIONAL DE CINEMA, 22 de abril de 2020, disponível em: <
https://www.aicinema.com.br/por-que-a-trilha-sonora-no-cinema-faz-toda-a-diferenca-
entenda/>
SANTANA, Ana Lucia. Trilha Sonora. INFO ESCOLA, disponível em:
<https://www.infoescola.com/cinema/trilha-sonora/>
O Iluminado, IMDB, disponível em:
<https://www.imdb.com/title/tt0081505/fullcredits?ref_=tt_ov_wr#writers/>
COSTA, Marcello. Efeitos Sonoros e a Música no Cinema. CIÊNCIA SEM DÚVIDAS,
10 de fevereiro de 20218, disponível em:
<https://cienciasemduvidas.com/efeitos-sonoros-e-a-musica-no-cinema/>
Kubrick, o Iluminado. RADIO BATUTA, 17 de julho de 2015, disponível em:
<https://radiobatuta.com.br/programa/kubrick-o-iluminado/>
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  • 2. “A arte luta efetivamente com o caos, mas para fazer surgir nela uma visão que o ilumina por um instante, uma Sensação.” Gilles Deleuze. 2
  • 3. 3 CONTEXTO E BREVE HISTÓRICO A música, além de várias funções e papéis sociais, artísticos e líricos, é compreendida no mundo da Direção de Arte como um elemento- chave em plataformas audiovisuais como Cinema, Televisão, séries, filmes, produções independentes, entre outros. No gênero analisado, que é o Terror, ela se torna um caminho, um suporte, para transmitir uma mensagem ou elaboração de climas como drama, suspense, medo, angústia, ansiedade, desconforto e até mesmo nojo.
  • 4. Os filmes de terror sempre tiveram uma relação íntima com efeitos práticos e a trilha sonora, e aqui estamos considerando as obras produzidas quando os sons começaram a ser incluídos nas películas. Um exemplo notável é “A Noiva do Frankenstein” (1935), por Franz Waxman, o primeiro filme de terror a ter uma trilha sonora composta para ele, o que influenciou muitos diretores(as) a procurarem compositores e musicistas para criarem trilhas personalizadas para seus filmes e projetos audiovisuais. 4
  • 5. 5 No gênero analisado, que é o Terror, ela se torna um caminho, um suporte, para transmitir uma mensagem ou elaboração de climas como drama, suspense, medo, angústia, ansiedade, desconforto e até mesmo nojo. O terror, enquanto gênero de entretenimento, seja através de livros, filmes e séries, busca na trilha sonora um arcabouço catalisador de sensações, em conjunto com a produção visual, para que o medo, enquanto uma emoção subjetiva, possa causar diferentes efeitos em cada indivíduo, conforme a percepção única que cada pessoa tem sobre determinada obra ou contexto. trilHa sonora e o medo
  • 6. 6 A Direção de Arte, como um todo, acaba tendo o papel de compreender, coordenar e organizar a orquestração sonora de cada elemento, e como eles colaboram juntos para que a obra cinematográfica tenha sua própria atmosfera, em alguns casos, combinando mistério e perigo, como podemos ver no filme “Tubarão” (1975) de Steven Spielberg. O filme inicia com a cena em que a personagem Chrissie vai para o seu último banho de mar, sem que ela saiba que está sendo observada pelo nosso protagonista, o Tubarão do filme. Todo o medo dessa cena é construído pela trilha sonora, sem que nós possamos ver com clareza o que acontece com a nossa personagem, apenas pelo som grave e intenso da chegada do tubarão. Clássicos
  • 7. 7 A música tem o incrível poder de influenciar narrativas, guiando as emoções do expectador ou de uma plateia, provocando sensações distintas como nojo e raiva, ou tristeza e ansiedade, ou até mesmo espanto e angústia juntos, mas também pode mudar completamente o viés da história e o clima que está se passando naquele momento. Um exemplo notável é o filme estilo grindhouse do diretor Quentin Tarantino, chamado “À prova de morte”, na cena em que o assassino Dublê Mike (Kurt Russel) dá carona para Pam (Rose McGowan), os dois estão no carro e ele pergunta para que direção ela vai, e a trilha sonora, que anteriormente era neutra, se torna dramática e grave, nos indicando que algo ruim irá acontecer com Pam.
  • 8. 8 Além das trilhas sonoras, o silêncio também funciona como elemento narrativo, sendo ele capaz também de criar atmosferas de incômodo e suspense, podendo guiar o expectador ou plateia conforme a premissa do diretor(a) com aquela obra. Pesquisando obras de diferentes períodos históricos, conseguimos perceber padrões e congruências estéticas em algumas trilhas, ainda que cada uma seja produzida e ambientada em diferentes contextos. Os amantes do terror também conseguem sentir como mesmo as emoções mais viscerais podem ser trabalhadas e influenciadas de acordo com a intenção da produção audiovisual. o SILËNCIO NAS NARRATIVAS
  • 9. 9 9 É importante que o Diretor ou Diretora de Arte tenha uma plena imersão da obra na qual está trabalhando, pois é necessário compreender com muita clareza a atmosfera e o clima emotivo do projeto, para que possa trabalhar com os elementos mais apropriados para coordenar apropriadamente a equipe de criação, dessa forma criando um material que seja inesquecível, atraente e que consiga transmitir a imagem desejada pelo criador do filme, clipe ou peça audiovisual. A imersão nos assuntos da obra, aliada a um bom trabalho de pesquisa, com moodboard e adaptação de roteiro, faz com que grandes obras, como o objeto de estudo desse texto analítico, sejam criadas. Direção de arte e trilha sonora
  • 11. 11
  • 12. 12
  • 14. 14 “O Iluminado” (1980) é uma obra de ficção escrita pelo renomado autor Stephen King, que foi adaptada para o cinema por Stanley Kubrik, um diretor conhecido por trabalhar bem temas fictícios e sobrenaturais. A cena de abertura do filme, mostrando o fusca amarelo de Jack Torrance percorrendo um caminho nas montanhas, já acompanha uma trilha sonora pesada, assustadora e misteriosa, que nos transporta para uma atmosfera ominosa e agourenta, como um prelúdio sinfônico do que estava por vir no filme. Uma referência estilística sonora encontrada nas pesquisas sobre o filme é a DIES IRAE, traduzido livremente para “Dia da Ira”, parte de alguns rituais ou cerimônias católicas para os mortos, sendo ele um fragmento de um hino religioso em latim. Ele é constituído por uma melodia inicial de quatro notas que agrava expressivamente os momentos assustadores, tristes ou dramáticos em obras audiovisuais ou nas próprias missas.
  • 15. 15 Em algumas cenas da obra, nas quais Danny se comunica com o outro iluminado, Sr. Hallorann, a trilha sonora fica aguda e desconfortável, reforçando a ideia de algo muito íntimo, que é inaudível para as outras pessoas ao redor, sendo considerada uma trilha incidental para conduzir os expectadores a terem sensações de incômodo e um possível medo com aquilo. Podemos perceber que, no geral, os sons diegéticos (todos os sons presentes no universo ficcional onde se passa a cena/ação) são neutros, e nunca se sobrepõem às falas dos personagens, tendo uma estética sonora bastante limpa nesse quesito. O ESPANTo de kubrik
  • 16. O que destaca a trilha sonora é a premissa de causar desconforto e medo, direcionadas pela Direção de Arte da obra, o que nos conduz a sentir tensão em cenas muito específicas, quando os sons se tornam muito graves e abafados, ou muito agudos, semelhantes a uma chaleira ou sirene. Em alguns momentos, podemos inclusive pensar em uma possível evocação do mal, tendo em mente a atmosfera perigosa e amaldiçoada existente no Hotel Overlook.
  • 17. 17 Referências bibliográficas CAROLINE, Gabrielle. O quê que a Trilha tem?: A música em filmes de terror. AUDIOGRAMA, 08 de Fevereiro de 2021, disponível em: <https:// www.audiograma.com.br/2021/02/o-que-que-a-trilha-tem-a-musica-em-filmes-de-terror/> MAYAN, Nathalia. Como a trilha sonora influencia nos filmes de terror. POLTRONA NERD, 18 de junho de 2020, disponível em: <https://poltronanerd.com.br/filmes/como-a- trilha-sonora-influencia-nos-filmes-de-terror-101219> NATÁRIO, Thiago. Análise: O Iluminado. REPÚBLICA DO MEDO, 29 de agosto de 2017, disponível em: <https://republicadomedo.com.br/analise-o-iluminado/> CARVALHO, Francisco Egydio de. O CINEMA COMO EXPERIÊNCIA SINFÔNICA: A Partitura Orquestral Do Filme “O Iluminado”, De Stanley Kubrick., UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas, 2010, disponível em: <http://repositorio. unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/283957/1/Carvalho_FranciscoEgydiode_M.pdf> Música no Cinema | Kubrick – O Iluminado | Bartók – Música para Cordas, Percussão e Celesta. CLÁSSICOS DOS CLÁSSICOS, 27 de março de 2021, disponível em: <https:// classicosdosclassicos.mus.br/musica-no-cinema-kubrick-o-iluminado-bartok-musica- para-cordas-percussao-e-celesta/> OLIVEIRA, Leandro. A música nos filmes de Stanley Kubrick: ‘O Iluminado’. ESTADO DA ARTE, 28 de agosto de 2017, disponível em: <https://estadodaarte.estadao.com.br/ falando-de-musica-kubrick-music-shining/> ALMEIDA, Lucas. 10 Trilhas Sonoras mais marcantes do Cinema. INSTITUTO DE CINEMA, disponível em: <https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/10-trilhas- sonoras-mais-marcantes-do-cinema> JÚNIOR, Santino Mendes da Silva. O Imaginário de Stanley Kubrick: Uma abordagem mito simbólica. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/32918/1/SILVA%20 J%C3%9ANIOR%2C%20Santino%20Mendes%20da.pdf> Por que a trilha sonora no cinema faz toda a diferença? Entenda!. ACADEMIA INTERNACIONAL DE CINEMA, 22 de abril de 2020, disponível em: < https://www.aicinema.com.br/por-que-a-trilha-sonora-no-cinema-faz-toda-a-diferenca- entenda/> SANTANA, Ana Lucia. Trilha Sonora. INFO ESCOLA, disponível em: <https://www.infoescola.com/cinema/trilha-sonora/> O Iluminado, IMDB, disponível em: <https://www.imdb.com/title/tt0081505/fullcredits?ref_=tt_ov_wr#writers/> COSTA, Marcello. Efeitos Sonoros e a Música no Cinema. CIÊNCIA SEM DÚVIDAS, 10 de fevereiro de 20218, disponível em: <https://cienciasemduvidas.com/efeitos-sonoros-e-a-musica-no-cinema/> Kubrick, o Iluminado. RADIO BATUTA, 17 de julho de 2015, disponível em: <https://radiobatuta.com.br/programa/kubrick-o-iluminado/>