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DIREITO DE
FOTO —
GRAFAREM
PORTUGAL
Instituto Português de Fotografia /
A casa da fotografia é aqui
www.ipf.pt
Mário Serra Pereira
FICHA TÉCNICA
O Instituto Português de Fotografia (IPF) é uma escola que conta já com 5
décadas de actividade, dedicada inteiramente à Fotografia. Enquanto insti-
tuição, apresentamos um programa de acção cultural regular e coerente: pu-
blicação de álbuns de autor e de textos didácticos, organização de palestras
temáticas, apresentação de exposições dos seus formandos e de autor (de fo-
tógrafos nacionais e estrangeiros), assim como organização de eventos nas
suas instalações em Lisboa e no Porto e em diversas localidades do País. Es-
tamos acreditados como Entidade Formadora pela Direcção-Geral do Empre-
go e do Trabalho, admitidos na Comissão Sectorial 11 (Educação e Formação)
pelo Instituto Português da Qualidade que nos reconhece como Organismo de
Normalização para a Fotografia.
Autores: Mário Serra Pereira
Nota Bibliográfica: Formador da disciplina Fotografia e Direito, no Curso Profissional de Foto-
grafia do IPF. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em
1990. Pós-Graduado em Estudos Europeus, no Instituto Europeu da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, em 1993. Pós-Graduado em Direito do Emprego Público, pelo Centro
de Estudos de Direito Público e Regulação da Faculdade de Direito da Universidade de Coim-
bra, em 2009. Formador com Certificado de Competências Pedagógicas. Assessor do Pro-
vedor de Justiça, desde Junho de 2005. Técnico Superior da Direção Geral da Administração
da Justiça. Foi Secretário-geral Adjunto do Ministério da Justiça (2000-2005). Foi Secretário-
geral Adjunto do Ministério do Ambiente (1996-2000). No âmbito da fotografia Tem vários
artigos publicados no âmbito do Direito e Fotografia. É membro da Comissão Técnica 174,
que assiste o Instituto Português de Fotografia no desempenho da missão que lhe cabe como
Organismo de Normalização Sectorial para a Fotografia (no âmbito do Instituto Português da
Qualidade). Tem proferido palestras sobre a temática da fotografia e o Direito em vários orga-
nismos públicos e privados. Compilou e actualizou uma versão do Código do Direito de Autor
e Direitos Conexos. Elaborou um Guia sobre o Direito de Fotografar em Portugal.
Data: 2008-2016
Edição: Instituto Português de Fotografia
2016
P.02 Fotografia de capa Maria Chamusca
AVISO LEGAL
A informação contida neste documento é válida à data da sua elaboração, mas não é acon-
selhamento legal. Reflete uma opinião geral, baseada na lei vigente, em matéria de direito a
fotografar. Qualquer aplicação ao caso concreto carece de apreciação detalhada e análise
dos diplomas legais pertinentes. Os utilizadores desta informação devem aceitá-la como está
e consultar um advogado ou outro profissional do direito para os problemas concretos que
encontrarem. Neste contexto, o autor ou distribuidor deste folheto não podem ser responsabi-
lizados por qualquer situação baseada ou relacionada com a utilização do mesmo.
Os conteúdos deste documento estão licenciados sob uma Licença Creative Commons. 1) O
utilizador deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante.
2) O utilizador não pode utilizar esta obra para fins comerciais. 3) Se alterar, transformar, ou
criar outra obra com base nesta, só poderá distribuir a obra resultante através de uma licença
idêntica a esta: 3.1) Para cada reutilização ou distribuição, deverá deixar claro para outros os
termos da licença desta obra. 3.2) Qualquer uma destas condições podem ser renunciadas,
desde que obtenha permissão por parte do autor. 3.3) Esta licença não anula ou restringe os
direitos morais do autor.
O autor permite a distribuição deste documento na sua versão eletrónica original.
marioserrapereira@gmail.com
P.03 Fotografia Marta Varela
ÍNDICE
1.	Introdução									 P.05
2.	O direito de fotografar							 P.06
3.	Fotografia em locais públicos						 P.08
4.	Fotografia em locais privados ou de acesso ao público	 P.12
5.	Fotografia de pessoas							 P.15
6.	Atuação das autoridades judiciárias e de polícia		 P.19
7.	Em síntese									 P.24
P.04
INTRODUÇÃO
Podemos fotografar em locais públicos? O que são Direitos de Autor? E o Direi-
to à Imagem? Não obstante vivermos num mundo onde a imagem é cada vez
mais utilizada — inclusivamente com novas e mais amplas formas de divul-
gação, tal como a Internet —, existe ainda muita confusão no que diz respeito
aos princípios éticos e às leis que regem a atividade fotográfica (assim como
outras vertentes da imagem). Regras e exceções que determinam a (não) uti-
lização de cada fotografia, e guiam o profissional, tornando-o conhecedor e
consciente dos direitos e deveres inerentes à sua atividade.
Com este ebook, pretendem-se tornar mais claras e acessíveis todas essas
questões.
Boa leitura!
P.05 Fotografia Luís Barbosa
1.
O DIREITO
DE FOTOGRAFAR
Em regra, podem ser feitas fotografias em lugares públicos e
noutros locais onde não existam restrições específicas: ruas,
passeios, parques; edifícios; acidentes e incêndios; pontes e
outras infraestruturas; estabelecimentos industriais; equipa-
mentos de transportes (ex. aeroportos). Podem igualmente ser
fotografadas pessoas (adultos e crianças), celebridades, ativi-
dades criminais em curso, agentes de autoridade no exercício
da profissão. No entanto, existem limites, e o seu conhecimen-
to é importante para saber o alcance do direito de fotografar.
P.06
P.07 Fotografia António Gomes
2.
FOTOGRAFIA
EM LOCAIS
PÚBLICOS
Em Portugal pode fotografar-se quase tudo – não existe uma
proibição genérica de fotografar em locais públicos. Os fotó-
grafos, amadores ou profissionais, podem fotografar quase li-
vremente todos os locais. Existem, contudo, algumas restri-
ções específicas.
P.08
P.09 Fotografia Tiago Gameiro
Pode haver limitações em certas áreas, devidamente assinaladas, onde a re-
colha de imagens (mesmo a partir de área pública) possa pôr em causa a se-
gurança de pessoas e bens, como sejam, por exemplo, certos pormenores de
aeroportos, portos e outras instalações industriais (produção de energia, bar-
ragens, etc.), tribunais e outras instalações judiciais.
Em geral, é necessária autorização específica para o caso de fotografia com
finalidades lucrativas. Existem legislação e regulamentos municipais que
convém conhecer no caso de se pretender realizar trabalhos desta natureza,
nomeadamente no caso de ocupação da via pública.
Os fotógrafos amadores devem ter presente que, apesar de algumas das res-
trições aplicáveis aos profissionais não lhes serem destinadas, em certas cir-
cunstâncias, podem ser abrangidos por esta regulamentação – por ex. se ocu-
parem a via pública de modo a perturbar a sua normal utilização.
Deve ser tida em consideração a possível inclusão de logotipos ou marcas
registadas, sujeitas a proteção. Se não é possível remover elementos existen-
tes na via pública ou nesta acessíveis, também é verdade que existe proteção
sobre as mesmas que tem de ser respeitada. Especialmente no caso de foto-
grafia com intuito lucrativo deve haver o cuidado de não incluir este tipo de
elementos ou de garantir as necessárias autorizações.
P.10 Fotografia Hugo Magalhães
Devem ser tidas em consideração as limitações que podem existir em parques
e reservas naturais, sobretudo no caso de fotografia não amadora. Para o efeito,
deverá ser contactado o organismo público responsável pela sua gestão.
É lícita a fotografia de agentes de autoridade no exercício da sua atividade, por
exemplo no decurso de uma detenção ou uma manifestação ou de uma ação
de investigação criminal. No entanto, devem ser tomadas as devidas precau-
ções durante a tomada das imagens e no seu uso posterior.
P.11 Fotografia Carlos Cardoso
3.
FOTOGRAFIA
EM LOCAIS
PRIVADOS
OU DE ACESSO
AO PÚBLICO
A tomada de imagens dentro de propriedade privada carece de
autorização. Devem ser tomadas as precauções necessárias,
especialmente em zonas claramente delimitadas.
P.12
P.13 Fotografia Rui Rocha
O proprietário pode autorizar o acesso à sua propriedade, mas não consentir
na tomada de imagens.
Em geral, é lícita a tomada de imagens de zonas de propriedade privada a
partir de locais públicos, desde que essas imagens não sejam violadoras, por
exemplo, da reserva de intimidade ou privacidade, ou simplesmente tenham
uma finalidade comercial. Podem, porém, existir zonas de proteção especial,
em que esta permissão genérica não existe.
P.14 Fotografia Attilio Fiumarella
P.15
É lícito ao proprietário, por si ou por via de segurança privado (creditado para
o efeito), usar os meios adequados para impedir a invasão ou violação do seu
direito de propriedade. No entanto, estes meios são limitados ao razoável, afe-
rido em concreto, e medidas mais restritivas das liberdades individuais ape-
nas podem ser tomadas por autoridades policiais ou judiciárias. O confisco
do equipamento fotográfico não é permitido nestas circunstâncias e apagar
as fotos do cartão de memória ou a destruição do filme no local não são da
competência destes agentes – apenas mediante ordem judicial. Pode o bom
senso aconselhar a que esta opção seja considerada pelo próprio, mas esta é
sempre uma escolha sua e aferida em concreto.
Sobretudo fora das zonas urbanas, existem vastas áreas de propriedade pri-
vada não delimitada. Nestes locais mantém-se a regra de autorização, pese
embora não seja razoável exigir ao fotógrafo o consentimento antecipado do
proprietário. Neste caso, a prudência recomenda que, uma vez interpelado, o
fotógrafo explique a sua situação e chegue a acordo com o proprietário.
Existem locais em que pode ser considerado crime a tomada de imagens, de-
signadamente instalações militares ou outras de interesse para a segurança
e soberania nacional.
Locais de acesso público podem ter limites à tomada de imagens, como sejam
discotecas e outros locais de diversão; recintos desportivos; estações de metro
e comboio; centros comerciais; museus. Estas limitações podem justificar-se,
por exemplo, para proteção de direitos de autor, direitos de propriedade, para
preservação de bens culturais ou por segurança.
4.
FOTOGRAFIA
DE PESSOAS
O Direito à Imagem abrange a figura humana e/ou a sua repro-
dução em termos tais que tornem reconhecível ou identificá-
vel uma pessoa individualmente considerada. Pode envolver
apenas partes do corpo. Basta que o próprio nela se reconheça.
P.16
P.17 Fotografia Gonçalo Delgado
A Constituição da República Portuguesa consagra o direito fundamental de
cada um a não ser fotografado nem ver o seu corpo exposto sem o seu con-
sentimento. No entanto, quem ocupe cargo ou desempenhe função em que
o conhecimento e a relação com o público seja elemento essencial, não goza
deste direito nos mesmos termos que o cidadão comum.
O Código Penal impede a devassa da vida privada por meio de fotografias
ou divulgação de imagens e pune quem o fizer sem consentimento e com
intenção de lesar. O conceito de privacidade/intimidade varia em função das
condições pessoais e sociais; de fatores objetivos, espaciais e temporais. Esta
proibição impõe-se a entidades públicas e particulares, incluindo a imprensa.
São também proibidas as fotografias obtidas contra a vontade dos visados,
mesmo em eventos em que o fotógrafo tenha legitimamente participado. É
também proibido utilizar ou permitir que se usem fotografias, mesmo que li-
citamente obtidas, quando os visados a isso se opõem.
Estabelece o Código Civil que podem ser feitas, sem necessidade de autoriza-
ção prévia, fotos de pessoas notórias ou que desempenhem cargos de relevo;
quando estejam em causa exigências de polícia ou justiça; para finalidades
científicas, didáticas ou culturais; obtidas em lugares públicos, ou enquadra-
das em factos de interesse público ou que hajam decorrido publicamente. Em
P.18 Fotografia Elisa Freitas
qualquer dos casos, o retrato não pode ser reproduzido, exposto ou lançado no
comércio, se do facto resultar prejuízo para a honra, reputação ou simples de-
coro da pessoa retratada. Fora destes casos, o retrato de uma pessoa não pode
ser exposto, reproduzido ou lançado no comércio sem o seu consentimento.
Assim sendo, deve haver consentimento, em especial para a sua comerciali-
zação, pelo próprio ou representantes/herdeiros legais.
Depois da morte da pessoa retratada, a autorização compete, por esta ordem,
ao cônjuge sobrevivo; a qualquer descendente, ascendente, irmão, sobrinho ou
herdeiro do falecido.
Sempre que possível, deve obter-se autorização do modelo e do proprietário
ou do titular do direito de autor sobre uma obra artística. Na dúvida ou não
tendo autorização, a imagem deve ser usada apenas em contexto noticioso ou
artístico/cultural.
Genericamente, as autorizações devem identificar as partes envolvidas e o al-
cance da autorização concedida, devendo ser assinada e datada. Devem ser o
mais abrangentes possível. Juntar uma foto do modelo à autorização. Garan-
tir que se têm todas as autorizações antes de iniciar a sessão fotográfica. Ob-
ter uma autorização por cada dia de fotos, por modelo ou propriedade. No caso
de menores, obter autorização dos pais ou representantes legais (em caso de
divórcio, é necessário ter atenção ao acordo de regulação do poder paternal).
Garantir que as autorizações não têm prazo. Se o modelo falecer, é necessário
obter autorização dos herdeiros legais se a imagem for usada para fins comer-
ciais. Digitalizar as autorizações, manter cópias de segurança, garantir que
alguém sabe onde se encontram em caso de ausência.
P.19
5.
ATUAÇÃO DAS
AUTORIDADES
JUDICIÁRIAS
E DE POLÍCIA
Ciente da existência de limites ao direito a fotografar, é im-
portante que o fotógrafo saiba quais os parâmetros de atuação
das autoridades policiais e judiciárias, sobretudo no que res-
peita ao momento da abordagem na rua e eventual detenção.
P.20
5.1 MEDIDAS CAUTELARES
a) Quanto aos meios de prova Os órgãos de polícia criminal podem pra-
ticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de pro-
va, nomeadamente proceder a apreensões.
b) Identificação Os órgãos de polícia criminal podem proceder à identifi-
cação de qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao público ou
sujeito a vigilância policial, sempre que sobre ela recaiam fundadas suspeitas
da prática de crimes.
_Antes de procederem à identificação, os órgãos de polícia criminal devem
provar a sua qualidade, comunicar ao suspeito as circunstâncias que funda-
mentam a obrigação de identificação e indicar os meios por que este se pode
identificar.
_O suspeito pode identificar-se mediante a apresentação do cartão de cidadão
ou passaporte. Na impossibilidade de apresentação de um destes documentos,
o suspeito pode identificar-se mediante a apresentação de documento original,
ou cópia autenticada, que contenha o seu nome completo, a sua assinatura e
a sua fotografia. Se não for portador de nenhum documento de identificação,
o suspeito pode identificar-se por um dos seguintes meios: comunicação com
uma pessoa que apresente os seus documentos de identificação; deslocação,
acompanhado pelos órgãos de polícia criminal, ao lugar onde se encontram
os seus documentos de identificação; reconhecimento da sua identidade por
uma pessoa identificada nos termos referidos, que garanta a veracidade dos
dados pessoais indicados pelo identificando.
_Na impossibilidade de identificação nos termos descritos, os órgãos de po-
lícia criminal podem conduzir o suspeito ao posto policial mais próximo e
compeli-lo a permanecer ali pelo tempo estritamente indispensável à identi-
ficação, em caso algum superior a seis horas. Ali realizam, em caso de neces-
sidade, provas dactiloscópicas, fotográficas ou de natureza análoga e convi-
dam o identificando a indicar residência onde possa ser encontrado e receber
comunicações.
_Os atos de identificação levados a cabo nestes termos são sempre reduzidos
a auto e as provas de identificação dele constantes são destruídas na presen-
ça do identificando, a seu pedido, se a suspeita não se confirmar. Será sempre
facultada ao identificando a possibilidade de contactar com pessoa da sua
confiança.
P.21
5.2 DETENÇÃO
Flagrante delito: todo o crime que se está a cometer ou acabou de ser cometido.
_A detenção pode ocorrer em caso de flagrante delito, por crime punível com
pena de prisão. Pode ser praticada por qualquer autoridade judiciária ou en-
tidade policial e ainda por qualquer pessoa, se uma das entidades referidas
anteriormente não estiver presente nem puder ser chamada em tempo útil.
_Tratando-se de crime cujo procedimento dependa de queixa (como pode ser
o caso de algumas situações referentes ao direito à imagem), a detenção só se
mantém quando, em ato a ela seguido, o titular do direito respetivo o exercer
(ex., apresentação de queixa).
P.22 Fotografia Ana Guedes
5.3 CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO
É constituído arguido todo aquele contra quem for deduzida acusação ou re-
querida instrução num processo penal.
P.23 Fotografia Diogo Baptista
5.4 INDEMNIZAÇÃO
Quem tiver sofrido detenção, prisão preventiva ou obrigação de permanência
na habitação pode requerer, perante o tribunal competente, indemnização dos
danos sofridos quando: a privação da liberdade for ilegal; a privação da liber-
dade se tiver devido a erro grosseiro na apreciação dos pressupostos de facto
de que dependia; ou se comprovar que o arguido não foi agente do crime ou
atuou justificadamente.
P.24
EM SÍNTESE
1.	Bom senso, bom senso, bom senso.
2.	Compreensão do alcance dos direitos próprios e dos outros.
3.	Autorizações de modelo, proprietário ou autor.
4.	Manter a calma, pedir e registar informações adicionais,
avaliar a situação.
5.	Apenas as autoridades de polícia podem:
	 a)	 Tomar medidas cautelares de preservação de prova – 	
		 apreensão de equipamento;
	 b)	 Identificar ou deter (qualquer pessoa, mas com chamada 	
		 de autoridade).
6.	Apenas o Tribunal pode ordenar a destruição das imagens.
7.	Se isto ocorrer por via de seguranças privados ou trabalha-
dores de empresas (em certas circunstâncias, mesmo por via
de autoridades):
	 a)	 Formalizar queixa às autoridades de polícia (ou à respe-	
		 tiva hierarquia);
	 b)	 Ponderar pedido de indemnização;
	 c)	 Contactar as relações públicas da empresa, a imprensa;
	 d)	 Denunciar a situação em fóruns específicos.
P.25
CONTACTOS
INSTITUTO
PORTUGUÊS
DE FOTOGRAFIA
LISBOA
Rua da Ilha Terceira, 31 A | 1000-172 Lisboa
Telef. [+351] 213 147 305 | ipf.lisboa@ipf.pt
PORTO
Rua da Vitória, 129 | 4050-634 Porto
Telef. [+351] 223 326 875 | ipf.porto@ipf.pt
www.ipf.pt

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  • 1. DIREITO DE FOTO — GRAFAREM PORTUGAL Instituto Português de Fotografia / A casa da fotografia é aqui www.ipf.pt Mário Serra Pereira
  • 2. FICHA TÉCNICA O Instituto Português de Fotografia (IPF) é uma escola que conta já com 5 décadas de actividade, dedicada inteiramente à Fotografia. Enquanto insti- tuição, apresentamos um programa de acção cultural regular e coerente: pu- blicação de álbuns de autor e de textos didácticos, organização de palestras temáticas, apresentação de exposições dos seus formandos e de autor (de fo- tógrafos nacionais e estrangeiros), assim como organização de eventos nas suas instalações em Lisboa e no Porto e em diversas localidades do País. Es- tamos acreditados como Entidade Formadora pela Direcção-Geral do Empre- go e do Trabalho, admitidos na Comissão Sectorial 11 (Educação e Formação) pelo Instituto Português da Qualidade que nos reconhece como Organismo de Normalização para a Fotografia. Autores: Mário Serra Pereira Nota Bibliográfica: Formador da disciplina Fotografia e Direito, no Curso Profissional de Foto- grafia do IPF. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1990. Pós-Graduado em Estudos Europeus, no Instituto Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1993. Pós-Graduado em Direito do Emprego Público, pelo Centro de Estudos de Direito Público e Regulação da Faculdade de Direito da Universidade de Coim- bra, em 2009. Formador com Certificado de Competências Pedagógicas. Assessor do Pro- vedor de Justiça, desde Junho de 2005. Técnico Superior da Direção Geral da Administração da Justiça. Foi Secretário-geral Adjunto do Ministério da Justiça (2000-2005). Foi Secretário- geral Adjunto do Ministério do Ambiente (1996-2000). No âmbito da fotografia Tem vários artigos publicados no âmbito do Direito e Fotografia. É membro da Comissão Técnica 174, que assiste o Instituto Português de Fotografia no desempenho da missão que lhe cabe como Organismo de Normalização Sectorial para a Fotografia (no âmbito do Instituto Português da Qualidade). Tem proferido palestras sobre a temática da fotografia e o Direito em vários orga- nismos públicos e privados. Compilou e actualizou uma versão do Código do Direito de Autor e Direitos Conexos. Elaborou um Guia sobre o Direito de Fotografar em Portugal. Data: 2008-2016 Edição: Instituto Português de Fotografia 2016 P.02 Fotografia de capa Maria Chamusca
  • 3. AVISO LEGAL A informação contida neste documento é válida à data da sua elaboração, mas não é acon- selhamento legal. Reflete uma opinião geral, baseada na lei vigente, em matéria de direito a fotografar. Qualquer aplicação ao caso concreto carece de apreciação detalhada e análise dos diplomas legais pertinentes. Os utilizadores desta informação devem aceitá-la como está e consultar um advogado ou outro profissional do direito para os problemas concretos que encontrarem. Neste contexto, o autor ou distribuidor deste folheto não podem ser responsabi- lizados por qualquer situação baseada ou relacionada com a utilização do mesmo. Os conteúdos deste documento estão licenciados sob uma Licença Creative Commons. 1) O utilizador deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante. 2) O utilizador não pode utilizar esta obra para fins comerciais. 3) Se alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, só poderá distribuir a obra resultante através de uma licença idêntica a esta: 3.1) Para cada reutilização ou distribuição, deverá deixar claro para outros os termos da licença desta obra. 3.2) Qualquer uma destas condições podem ser renunciadas, desde que obtenha permissão por parte do autor. 3.3) Esta licença não anula ou restringe os direitos morais do autor. O autor permite a distribuição deste documento na sua versão eletrónica original. marioserrapereira@gmail.com P.03 Fotografia Marta Varela
  • 4. ÍNDICE 1. Introdução P.05 2. O direito de fotografar P.06 3. Fotografia em locais públicos P.08 4. Fotografia em locais privados ou de acesso ao público P.12 5. Fotografia de pessoas P.15 6. Atuação das autoridades judiciárias e de polícia P.19 7. Em síntese P.24 P.04
  • 5. INTRODUÇÃO Podemos fotografar em locais públicos? O que são Direitos de Autor? E o Direi- to à Imagem? Não obstante vivermos num mundo onde a imagem é cada vez mais utilizada — inclusivamente com novas e mais amplas formas de divul- gação, tal como a Internet —, existe ainda muita confusão no que diz respeito aos princípios éticos e às leis que regem a atividade fotográfica (assim como outras vertentes da imagem). Regras e exceções que determinam a (não) uti- lização de cada fotografia, e guiam o profissional, tornando-o conhecedor e consciente dos direitos e deveres inerentes à sua atividade. Com este ebook, pretendem-se tornar mais claras e acessíveis todas essas questões. Boa leitura! P.05 Fotografia Luís Barbosa
  • 6. 1. O DIREITO DE FOTOGRAFAR Em regra, podem ser feitas fotografias em lugares públicos e noutros locais onde não existam restrições específicas: ruas, passeios, parques; edifícios; acidentes e incêndios; pontes e outras infraestruturas; estabelecimentos industriais; equipa- mentos de transportes (ex. aeroportos). Podem igualmente ser fotografadas pessoas (adultos e crianças), celebridades, ativi- dades criminais em curso, agentes de autoridade no exercício da profissão. No entanto, existem limites, e o seu conhecimen- to é importante para saber o alcance do direito de fotografar. P.06
  • 8. 2. FOTOGRAFIA EM LOCAIS PÚBLICOS Em Portugal pode fotografar-se quase tudo – não existe uma proibição genérica de fotografar em locais públicos. Os fotó- grafos, amadores ou profissionais, podem fotografar quase li- vremente todos os locais. Existem, contudo, algumas restri- ções específicas. P.08
  • 10. Pode haver limitações em certas áreas, devidamente assinaladas, onde a re- colha de imagens (mesmo a partir de área pública) possa pôr em causa a se- gurança de pessoas e bens, como sejam, por exemplo, certos pormenores de aeroportos, portos e outras instalações industriais (produção de energia, bar- ragens, etc.), tribunais e outras instalações judiciais. Em geral, é necessária autorização específica para o caso de fotografia com finalidades lucrativas. Existem legislação e regulamentos municipais que convém conhecer no caso de se pretender realizar trabalhos desta natureza, nomeadamente no caso de ocupação da via pública. Os fotógrafos amadores devem ter presente que, apesar de algumas das res- trições aplicáveis aos profissionais não lhes serem destinadas, em certas cir- cunstâncias, podem ser abrangidos por esta regulamentação – por ex. se ocu- parem a via pública de modo a perturbar a sua normal utilização. Deve ser tida em consideração a possível inclusão de logotipos ou marcas registadas, sujeitas a proteção. Se não é possível remover elementos existen- tes na via pública ou nesta acessíveis, também é verdade que existe proteção sobre as mesmas que tem de ser respeitada. Especialmente no caso de foto- grafia com intuito lucrativo deve haver o cuidado de não incluir este tipo de elementos ou de garantir as necessárias autorizações. P.10 Fotografia Hugo Magalhães
  • 11. Devem ser tidas em consideração as limitações que podem existir em parques e reservas naturais, sobretudo no caso de fotografia não amadora. Para o efeito, deverá ser contactado o organismo público responsável pela sua gestão. É lícita a fotografia de agentes de autoridade no exercício da sua atividade, por exemplo no decurso de uma detenção ou uma manifestação ou de uma ação de investigação criminal. No entanto, devem ser tomadas as devidas precau- ções durante a tomada das imagens e no seu uso posterior. P.11 Fotografia Carlos Cardoso
  • 12. 3. FOTOGRAFIA EM LOCAIS PRIVADOS OU DE ACESSO AO PÚBLICO A tomada de imagens dentro de propriedade privada carece de autorização. Devem ser tomadas as precauções necessárias, especialmente em zonas claramente delimitadas. P.12
  • 14. O proprietário pode autorizar o acesso à sua propriedade, mas não consentir na tomada de imagens. Em geral, é lícita a tomada de imagens de zonas de propriedade privada a partir de locais públicos, desde que essas imagens não sejam violadoras, por exemplo, da reserva de intimidade ou privacidade, ou simplesmente tenham uma finalidade comercial. Podem, porém, existir zonas de proteção especial, em que esta permissão genérica não existe. P.14 Fotografia Attilio Fiumarella
  • 15. P.15 É lícito ao proprietário, por si ou por via de segurança privado (creditado para o efeito), usar os meios adequados para impedir a invasão ou violação do seu direito de propriedade. No entanto, estes meios são limitados ao razoável, afe- rido em concreto, e medidas mais restritivas das liberdades individuais ape- nas podem ser tomadas por autoridades policiais ou judiciárias. O confisco do equipamento fotográfico não é permitido nestas circunstâncias e apagar as fotos do cartão de memória ou a destruição do filme no local não são da competência destes agentes – apenas mediante ordem judicial. Pode o bom senso aconselhar a que esta opção seja considerada pelo próprio, mas esta é sempre uma escolha sua e aferida em concreto. Sobretudo fora das zonas urbanas, existem vastas áreas de propriedade pri- vada não delimitada. Nestes locais mantém-se a regra de autorização, pese embora não seja razoável exigir ao fotógrafo o consentimento antecipado do proprietário. Neste caso, a prudência recomenda que, uma vez interpelado, o fotógrafo explique a sua situação e chegue a acordo com o proprietário. Existem locais em que pode ser considerado crime a tomada de imagens, de- signadamente instalações militares ou outras de interesse para a segurança e soberania nacional. Locais de acesso público podem ter limites à tomada de imagens, como sejam discotecas e outros locais de diversão; recintos desportivos; estações de metro e comboio; centros comerciais; museus. Estas limitações podem justificar-se, por exemplo, para proteção de direitos de autor, direitos de propriedade, para preservação de bens culturais ou por segurança.
  • 16. 4. FOTOGRAFIA DE PESSOAS O Direito à Imagem abrange a figura humana e/ou a sua repro- dução em termos tais que tornem reconhecível ou identificá- vel uma pessoa individualmente considerada. Pode envolver apenas partes do corpo. Basta que o próprio nela se reconheça. P.16
  • 18. A Constituição da República Portuguesa consagra o direito fundamental de cada um a não ser fotografado nem ver o seu corpo exposto sem o seu con- sentimento. No entanto, quem ocupe cargo ou desempenhe função em que o conhecimento e a relação com o público seja elemento essencial, não goza deste direito nos mesmos termos que o cidadão comum. O Código Penal impede a devassa da vida privada por meio de fotografias ou divulgação de imagens e pune quem o fizer sem consentimento e com intenção de lesar. O conceito de privacidade/intimidade varia em função das condições pessoais e sociais; de fatores objetivos, espaciais e temporais. Esta proibição impõe-se a entidades públicas e particulares, incluindo a imprensa. São também proibidas as fotografias obtidas contra a vontade dos visados, mesmo em eventos em que o fotógrafo tenha legitimamente participado. É também proibido utilizar ou permitir que se usem fotografias, mesmo que li- citamente obtidas, quando os visados a isso se opõem. Estabelece o Código Civil que podem ser feitas, sem necessidade de autoriza- ção prévia, fotos de pessoas notórias ou que desempenhem cargos de relevo; quando estejam em causa exigências de polícia ou justiça; para finalidades científicas, didáticas ou culturais; obtidas em lugares públicos, ou enquadra- das em factos de interesse público ou que hajam decorrido publicamente. Em P.18 Fotografia Elisa Freitas
  • 19. qualquer dos casos, o retrato não pode ser reproduzido, exposto ou lançado no comércio, se do facto resultar prejuízo para a honra, reputação ou simples de- coro da pessoa retratada. Fora destes casos, o retrato de uma pessoa não pode ser exposto, reproduzido ou lançado no comércio sem o seu consentimento. Assim sendo, deve haver consentimento, em especial para a sua comerciali- zação, pelo próprio ou representantes/herdeiros legais. Depois da morte da pessoa retratada, a autorização compete, por esta ordem, ao cônjuge sobrevivo; a qualquer descendente, ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido. Sempre que possível, deve obter-se autorização do modelo e do proprietário ou do titular do direito de autor sobre uma obra artística. Na dúvida ou não tendo autorização, a imagem deve ser usada apenas em contexto noticioso ou artístico/cultural. Genericamente, as autorizações devem identificar as partes envolvidas e o al- cance da autorização concedida, devendo ser assinada e datada. Devem ser o mais abrangentes possível. Juntar uma foto do modelo à autorização. Garan- tir que se têm todas as autorizações antes de iniciar a sessão fotográfica. Ob- ter uma autorização por cada dia de fotos, por modelo ou propriedade. No caso de menores, obter autorização dos pais ou representantes legais (em caso de divórcio, é necessário ter atenção ao acordo de regulação do poder paternal). Garantir que as autorizações não têm prazo. Se o modelo falecer, é necessário obter autorização dos herdeiros legais se a imagem for usada para fins comer- ciais. Digitalizar as autorizações, manter cópias de segurança, garantir que alguém sabe onde se encontram em caso de ausência. P.19
  • 20. 5. ATUAÇÃO DAS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS E DE POLÍCIA Ciente da existência de limites ao direito a fotografar, é im- portante que o fotógrafo saiba quais os parâmetros de atuação das autoridades policiais e judiciárias, sobretudo no que res- peita ao momento da abordagem na rua e eventual detenção. P.20
  • 21. 5.1 MEDIDAS CAUTELARES a) Quanto aos meios de prova Os órgãos de polícia criminal podem pra- ticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de pro- va, nomeadamente proceder a apreensões. b) Identificação Os órgãos de polícia criminal podem proceder à identifi- cação de qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre que sobre ela recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes. _Antes de procederem à identificação, os órgãos de polícia criminal devem provar a sua qualidade, comunicar ao suspeito as circunstâncias que funda- mentam a obrigação de identificação e indicar os meios por que este se pode identificar. _O suspeito pode identificar-se mediante a apresentação do cartão de cidadão ou passaporte. Na impossibilidade de apresentação de um destes documentos, o suspeito pode identificar-se mediante a apresentação de documento original, ou cópia autenticada, que contenha o seu nome completo, a sua assinatura e a sua fotografia. Se não for portador de nenhum documento de identificação, o suspeito pode identificar-se por um dos seguintes meios: comunicação com uma pessoa que apresente os seus documentos de identificação; deslocação, acompanhado pelos órgãos de polícia criminal, ao lugar onde se encontram os seus documentos de identificação; reconhecimento da sua identidade por uma pessoa identificada nos termos referidos, que garanta a veracidade dos dados pessoais indicados pelo identificando. _Na impossibilidade de identificação nos termos descritos, os órgãos de po- lícia criminal podem conduzir o suspeito ao posto policial mais próximo e compeli-lo a permanecer ali pelo tempo estritamente indispensável à identi- ficação, em caso algum superior a seis horas. Ali realizam, em caso de neces- sidade, provas dactiloscópicas, fotográficas ou de natureza análoga e convi- dam o identificando a indicar residência onde possa ser encontrado e receber comunicações. _Os atos de identificação levados a cabo nestes termos são sempre reduzidos a auto e as provas de identificação dele constantes são destruídas na presen- ça do identificando, a seu pedido, se a suspeita não se confirmar. Será sempre facultada ao identificando a possibilidade de contactar com pessoa da sua confiança. P.21
  • 22. 5.2 DETENÇÃO Flagrante delito: todo o crime que se está a cometer ou acabou de ser cometido. _A detenção pode ocorrer em caso de flagrante delito, por crime punível com pena de prisão. Pode ser praticada por qualquer autoridade judiciária ou en- tidade policial e ainda por qualquer pessoa, se uma das entidades referidas anteriormente não estiver presente nem puder ser chamada em tempo útil. _Tratando-se de crime cujo procedimento dependa de queixa (como pode ser o caso de algumas situações referentes ao direito à imagem), a detenção só se mantém quando, em ato a ela seguido, o titular do direito respetivo o exercer (ex., apresentação de queixa). P.22 Fotografia Ana Guedes
  • 23. 5.3 CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO É constituído arguido todo aquele contra quem for deduzida acusação ou re- querida instrução num processo penal. P.23 Fotografia Diogo Baptista
  • 24. 5.4 INDEMNIZAÇÃO Quem tiver sofrido detenção, prisão preventiva ou obrigação de permanência na habitação pode requerer, perante o tribunal competente, indemnização dos danos sofridos quando: a privação da liberdade for ilegal; a privação da liber- dade se tiver devido a erro grosseiro na apreciação dos pressupostos de facto de que dependia; ou se comprovar que o arguido não foi agente do crime ou atuou justificadamente. P.24
  • 25. EM SÍNTESE 1. Bom senso, bom senso, bom senso. 2. Compreensão do alcance dos direitos próprios e dos outros. 3. Autorizações de modelo, proprietário ou autor. 4. Manter a calma, pedir e registar informações adicionais, avaliar a situação. 5. Apenas as autoridades de polícia podem: a) Tomar medidas cautelares de preservação de prova – apreensão de equipamento; b) Identificar ou deter (qualquer pessoa, mas com chamada de autoridade). 6. Apenas o Tribunal pode ordenar a destruição das imagens. 7. Se isto ocorrer por via de seguranças privados ou trabalha- dores de empresas (em certas circunstâncias, mesmo por via de autoridades): a) Formalizar queixa às autoridades de polícia (ou à respe- tiva hierarquia); b) Ponderar pedido de indemnização; c) Contactar as relações públicas da empresa, a imprensa; d) Denunciar a situação em fóruns específicos. P.25
  • 26. CONTACTOS INSTITUTO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA LISBOA Rua da Ilha Terceira, 31 A | 1000-172 Lisboa Telef. [+351] 213 147 305 | ipf.lisboa@ipf.pt PORTO Rua da Vitória, 129 | 4050-634 Porto Telef. [+351] 223 326 875 | ipf.porto@ipf.pt www.ipf.pt