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1 - QUANDO A SENZALA
GRITA A CASA GRANDE TREME
Muita gente me pergunta sobre o Mo-
vimento Ventania, como anda, o que é que
está acontecendo. Estamos como sempre,
emluta,comumadiferença:agoraestãoes-
cancarados os lados desta polêmica toda e
ficando tudo mais claro, para muitos, acer-
ca do mal causado pelo secretário Gusta-
vo Rosado e sua turma, com o modelo de
políticaculturalexclusivista,particular,que
foi sendo implantada em Mossoró e se so-
lidifica há mais de uma década. Tal mode-
lo tinha que resultar numa grande crise em
algummomentodahistória.Felizmente,es-
tou do lado que provoca a transformação
que em breve, independente da vontade
de quem quer que seja, será percebida em
grande escala por todos os mossoroenses.
Esta transformação não virá por uma pes-
soa, por um prefeito, por um secretário.
Ela já está sendo sentida, seus efeitos são
visíveis,principalmentenosquelutamcon-
tra as transformações, pois caem em de-
sespero vendo a estrutura que os deixam
seguros, ruir.
É muito complicado lutar contra um
"império"comoodeGustavoRosadoesua
turma, que dispõem de jornais, jornalistas,
rádios,tvs,vereadores,eainda,infelizever-
gonhosamente, artistas que muito já con-
tribuíram para a história de nosso teatro
mossoroensemasqueseperderamnotem-
po, pelos interesses individuais acima de
qualquer coisa. Lamentável! Mas o "impé-
rio de Gustavo Rosado" começa a ruir. A
senzala está revoltada e a casa grande usa
detodososartifícios,inclusivementir,des-
caradamente.
2 - UM ENCONTRO COM O
PREFEITO E COM A MUNGANGA
Há pouco mais de um mês fomos cha-
mados,MovimentoVentania,noPalácioda
Resistênciaàs11h15paraumaconversaque
começaria às 11h30, com o prefeito Fran-
cisco José Júnior. Já acho estranho termos
15minutosparanosorganizarmos,masco-
mosempreestamosemalertaconseguimos
chegarembomnúmero.Asurpresafoiver-
mosumamunganga,aochegarmosnoPa-
láciodaResistência,poisnãoquerochamar
aquilo de movimento, intitulada "eu me
represento",comalgumaspessoasqueres-
peitamosmuitoaté,maslamentamostam-
bém, por serem usadas como bucha de ca-
nhão e participarem de algo baseado em
mentiras propagadas pelo secretário Gus-
tavoRosado.Amungangaeraintitulada"eu
merepresento",numaformadiretadeata-
caronossoMovimentoVentania,queépra-
ticamente a única voz, nos últimos anos,
que se levanta contra esta política cultural
sebosa, restrita e exclusiva dos amigos de
Gustavo Rosado. A munganga buscava
manter João Marcelino como diretor do
Chuva de Bala, pela décima-primeira vez,
e contava com pessoas influentes, exce-
lentes mentes para contribuir com uma
política cultural democrática para Mosso-
ró, mas que naquele momento agia, talvez
sem nem perceber (quem sabe?), ou não,
com os interesses individualistas de Gus-
tavoRosado.Masamaiorparteeradeado-
lescentesquevestiamumacamisafeitapor
alguémcomdinheiro,equedistribuiu,com
oobjetivoapenasdediminuironossoMo-
vimento Ventania. Na camisa uma frase
dizendo "eu me represento" que condiz
totalmentecomaquelesinteresses,poissão
individualistas. Me admiro ver pessoas tão
bemdotadasintelectualmentevestindo"eu
me represento", com argumentos vazios,
fundados em mentiras espalhadas pelas
redes sociais, sem sequer levar em consi-
deraçãooqueverdadeiramenteestamoslu-
tando.Émuitoparadoxalalgumaspessoas
vestirem uma camisa chamada "eu me re-
presento" e serem representadas, na ver-
dade, por Gustavo Rosado e João Marceli-
no. Eu indaguei alguns dos artistas que es-
tavam com as camisas do "eu me repre-
sento" e nem souberam o porquê estavam
ali. Um deles chegou para me perguntar o
que era tudo aquilo porque não estava en-
tendendo, pois ligaram para ele e pediram
pra ir pra Prefeitura que tinham uns artis-
tasquerendoacabarcomChuvadeBala.Is-
to é terrorismo, aprenderam muito bem
com o "eu tenho medo" de Regina Duar-
te.
3 - O CORONEL E O CAPATAZ
Toda esta polêmica foi provocada pe
lo secretário de cultura Gustavo Rosa-
do, que não respeitou a decisão do prefeito
emabriroChuvadeBala2014paraserrea-
lizado de uma forma diferente, e a todo
custo quis manter o amigo João Marcelino
na direção. Em todos estes anos (mais de
uma década) em que João dirige os espetá-
culosdeMossoró,fazperformancesdeinau-
guração da Prefeitura, ele já faturou mais
deummilhão.EnquantoissooMuseuMu-
nicipal ficou fechado por mais de uma dé-
cada por conta de uma reforma de 300 mil
reais, e só está aberto e funcionando hoje
por conta das ações de protesto do Movi-
mento Ventania de Mossoró. O coitado de
nosso Prêmio Fomento, que há anos não
tem um edital lançado, em sua última edi-
ção ofereceu 160 mil para teatro, música,
dança, artes plásticas, literatura. Dá vonta-
de de perder a linha e mandar o secretário
e o diretor Marcelino irem plantar batata
no asfalto. Mas desculpem. Não vou fazer
isso,poisfaçopartedeummovimentoque
tem objetivos muito maiores. Os objetivos
do Movimento Ventania, o único que está
otempointeirolutandoegritandoporuma
políticaculturaldemocráticaenãoparaum
grupo de amigos do secretário, são coleti-
vos. É só ler nossos manifestos.
4- JOÃO MARCELINO
E O SEU TALENTO
Estamosprestesamudar,mesmocom
João Marcelino fazendo a sua décima-
primeira direção de Chuva de Bala em 13
anos. E ele sai bajulado por alguns e des-
pertando sentimento de alívio na maio-
ria, até em muitos que estão próximos de-
le e não têm coragem de assumir a postu-
raqueoMovimentoVentaniaassume.Um
final triste, lamentável e vergonhoso para
uma pessoa que poderia ter saído de Mos-
soró de outro jeito. Mas João Marcelino
merece, e agora já está vestindo a roupa
deanjodizendoqueestáaquiporqueMos-
soró o chamou. Mossoró não é Gustavo
Rosado nem um grupo pequeno de inte-
ressados no formato atual. Não questio-
no o talento de João Marcelino, mas ques-
tionoaposturaindividualistaemesquinha
que ele foi tomando ao longo dos anos,
prejudicando dezenas de artistas mosso-
roenses,perseguindováriosaté,paraaten-
der aos caprichos do secretário Gustavo
Rosado. Ter talento não credencia João
Marcelino a mandar e desmandar em al-
go público, agindo de forma irresponsá-
vel, inclusive com pessoas que mais tem
com Mossoró que ele.
5- FALTOU CORAGEM
NO PREFEITO
O prefeito ouviu tudo o que tínhamos
para dizer, e explicamos que a culpa de
tudoaquiloeradosecretárioGustavoRo-
sado, que presenciou toda a reunião, cala-
do,masouvindoosnossosrelatos,aopre-
feito, de tudo que ele e sua turma fizeram
por mais de uma década. O prefeito nos
garantiu que isso não iria mais acontecer,
garantiu que iria mudar tudo, mas não
neste Chuva. Então, no meio da fala do
prefeitotodooMovimentoVentaniasele-
vantou e foi embora deixando o prefeito
e o secretário sozinhos.
O prefeito não cumpriu com sua pa-
lavra.Entregamosumdocumentoaeleno
dia 27 de março mas ele estava preparan-
dosuacampanhapolíticaesomenteháum
mês do espetáculo veio dar atenção para
nós.Oprefeitodizquequermudarissotu-
doqueacontecemasnãotevecoragempa-
ramudaragora,poisentregamosumacar-
ta em 27 de março. Chegar agora na reta
final com isso foi de uma infelicidade tre-
menda pois teve tempo para analisar as
nossas questões. Mas pelo que vi, ele se-
quer leu a carta do Movimento Ventania.
6- AS LUTAS DO
MOVIMENTO VENTANIA
O que buscamos está lá na carta que
entregamos ao prefeito no dia 27 de mar-
ço deste ano, e que são lutas antigas, já
reivindicadas pelo movimento há anos.
Não é só o Chuva de Bala democratizado
que queremos, mas queremos que o Con-
selho de Cultura tome posse, que as pes-
soas que ocupam os cargos comissiona-
dos da Secretaria de Cultura que não têm
relaçãonenhumacomaculturasejamexo-
neradas, que o Prêmio Fomento seja anu-
al e com aumento de recursos a cada ano,
queoAutodaLiberdadesejagarantidoco-
monaúltimaediçãomascomrecursosque
possibilitem um melhor espetáculo, uma
reformulação na Escola de Artes que não
tem nem nunca teve condições físicas de
abrigar o que a Prefeitura diz que abriga,
uma comissão de pessoas ligadas a cultu-
raparaselecionarosespetáculosparaapre-
sentações no Teatro Municipal, apoio pa-
ra as manifestações artísticas nos bairros
descentralizando as ações que acontecem
apenas no Corredor Cultural, a livre ma-
nifestação de qualquer arte na rua como a
Constituição garante mas que em Mosso-
ró volta e meia nos deparamos com sur-
presas, que nenhum artista seja persegui-
do por pertencer a qualquer movimento
mas que seja dado o mesmo ponto de par-
tida para todos e não apenas para os ami-
gos do secretário Gustavo Rosado e a de-
mocratização do Chuva de Bala também
para que deixe de ser "privado" e de João
Marcelino e Gustavo Rosado e passem a
ser de Mossoró com audições para os ato-
resequeosdiretoressejamescolhidosatra-
vés de projetos via edital.
7 - RECADO PARA
A PRÓXIMA SECRETÁRIA
Se o prefeito não voltar atrás com sua
palavra, como já fez, este mês assume a
pasta da cultura de Mossoró, Isolda Dan-
tas, do PT. Sabemos que é uma pessoa
que tem ligação com os movimentos so-
ciais, com as lutas coletivas, mas já preci-
sa entrar sabendo que precisa tornar a Se-
cretaria de Cultura de Mossoró pública,
acabando com a privatização de Gustavo
Rosado. É necessário mudar a estrutura,
oqueconsequentementerequer,também,
aexoneraçãodeCléziaBarreto(responsá-
veldireta,também,porestemodelodeges-
tão cultural) e de todos aqueles que estão
arraigadosdentrodeumasecretáriadecul-
tura há mais de uma década.
JUNHO DE 2014
2
JUNHO DE 2014
Por Dionízio do Apodi
OTeatroLauroMonteFilho,comca-
pacidadepara600pessoaselocalizadoem
área privilegiada do centro da cidade de
Mossoró,quetemsuahistóriamarcadape-
la luta dos artistas mossoroenses e que
foiduranteumbomtempo,oprincipalpal-
co para as artes cênicas no Oeste poti-
guar,temnosúltimosanosdespertadonos
cidadãosecidadãsmossoroenses,pelasua
situação de abandono, vergonha, indig-
nação, revolta e profunda tristeza.
No ano de 2012, artistas indignados
com o abandono de alguns equipamen-
tos culturais e com o descaso dos gesto-
res, juntaram-se em torno de um movi-
mento, A Ventania, e unidos com diver-
sos outros coletivos, o movimento saiu
às ruas do centro da cidade para chamar a
atenção da população local para o desca-
so com o Museu Municipal de Mossoró e
oTeatroEstadualLauroMonteFilho,que
estavam fechados há tempos.
O município apressou-se em passar
uma mão de tinta nas paredes do museu e
oreabriutodomaquiado.Noentanto,ne-
nhumaaçãoefetivaemrelaçãoàmanuten-
ção e ampliação do acervo foi implemen-
tada, mesmo tendo diversos programas e
fundos federais que favorecem a manu-
tenção e garantia de acesso aos museus.
O Governo do Estado, que mesmo
sendo responsável pelos Teatros Lauro
Monte Filho e Padre Alfredo Simonetti e
também, do Auditório Kiko Santos, que
assimcomooTeatroestadualencontram-
se abandonados, resolveu ignorar a situa-
ção de abandono de todos estes equipa-
mentos e centrou toda sua divulgação so-
mente na reforma do Lauro Monte Fi-
lho.
Diantedadenúnciadedescasoeaban-
dono, feita pelo Movimento A Ventania,
o governo do Estado do Rio Grande do
NorteanunciouareformadoTeatroLau-
ro Monte Filho, que estava fechado des-
de o ano de 2008. Em solenidade realiza-
da no mês de setembro do ano de 2012,
que contou com a participação de autori-
dades municipais e estaduais e, especial-
mente com a presença daqueles artistas
mossoroense que sempre foram favore-
cidos pela política de eventos que carac-
terizou a gestão municipal da nossa então
governadora, quando prefeita de Mosso-
ró.
Amplamente divulgada a reforma do
Teatro Lauro Monte Filho contava com
investimentos na ordem de mais de R$
2,6milhões.AempresamossoroenseA&C
Construções foi a vencedora da licitação
cuja obra estava prevista para ser concluí-
da num prazo limite de 10 meses. Segun-
do matéria publicada pelo Jornal de Fato,
em10/09/2012,asecretáriadeinfraestru-
tura,KátiaPinto,anunciouqueaobrapre-
via a recuperação de toda a iluminação
cênica, do palco, do sistema de climatiza-
ção, de acessibilidade, rota de fuga e saída
de emergência, acesso com elevador para
os camarins, mudanças de cadeiras, rees-
truturação dos banheiros, construção de
um café cultural no piso superior, e pro-
teção para evitar o acesso de pombos ao
interior do teatro, entre outros itens.
Os que estiveram presentes ao ato de
assinatura da ordem de serviço e inaugu-
raçãodamaquetedoprédiodoTeatroLau-
roMonteFilho,afirmaramquelogoapós
a assinatura da ordem de serviço, a go-
vernadorabastanteemocionada,entregou
ocontratoparaoempresárioCláudioEs-
cóssia e o pediu que a reforma começas-
se a partir da manhã seguinte. O que po-
demos constatar que até agora não acon-
teceu.
Averdadeéqueaculturatemsidoum
dos setores mais negligenciados pelo go-
verno do RN, com apenas alguns conta-
tos com amigos artistas e gestores cultu-
rais do Estado, através das redes sociais,
consegui levantar somente em uma ma-
nhã, a existência de cerca de 70 equipa-
mentosculturaisfechados,eemsuagran-
de maioria, interditados pelo corpo de
bombeiros. O quer disser que a situação
é bem mais grave podemos imaginar.
O descaso com a cultura do RN não
afetasomenteaosartistasdoEstado,mas
feretambémosprincípiosconstitucionais
danaçãobrasileirae,vaideencontrocom
as metas estabelecidas pelo recém apro-
vado Plano Nacional de Cultura - PNC,
quando este considerando a dimensão ci-
dadã,estabelecequeEstados,cidadeseor-
ganizaçõesprivadasassumamaresponsa-
bilidade de garantir por meio de cessão
de espaços para realização de ações cul-
turais e artísticas.
Asmetas28e31doPNC estabelecem
queéprecisocriarefortalecerpolíticaspú-
blicas na área de cultura que estimulem o
acesso e ampliem a oferta de bens e ser-
viços culturais e a formação de público.
QueosMunicípiosbrasileiroscomalgum
tipo de instituição ou equipamento cultu-
ral, entre museu, teatro ou sala de espetá-
culo, possam contribuir para democrati-
zar a cultura e para integrar populações,
tanto de áreas periféricas como centrais,
oferecendo aos cidadãos acesso a bens e
serviçosculturais.PensandonoRioGran-
de do Norte, posso afirmar que nossos
gestores estão negando ao povo de nos-
so Estado estas oportunidades.
O governo do Estado não reformou
oTLMpormerodescuidoedescasocom
opovodeMossoróeprincipalmentecom
amemóriadoatorLauroMonteFilho,que
dá nome ao Teatro Estadual e, faltando
com respeito aos familiares do homena-
geado, por mera incompetência, pois re-
centemente, de acordo com o edital pu-
blicado no Diário Oficial da União, data-
dodesegunda-feira,24demarçode2014,
ogovernofederalatravésdoMinistérioda
Cultura, por meio da Secretaria de Arti-
culaçãoInstitucional(SAI),abriuproces-
so seletivo que teve como objetivo a libe-
ração de recursos destinados a moderni-
zação de equipamentos e espaços cultu-
rais, permanentes ou provisórios, como
forma de garantia de sua operação e do
acessodopúblicoàprogramação,aospro-
dutos e aos bens culturais.
O governo do Estado está tentando
enganar não somente o povo do RN, mas
também o povo brasileiro. Quando clica-
mos no endereço http://pnc.culturadi-
gital.br/planos-estaduais-de-cultura/po-
demos visualizar links para os planos de
cultura de todos os Estados, no caso do
RN, quando tentamos o acesso, somos
imediatamentedirecionadosparaoseguin-
telinkhttp://www.rneducacao.com/con-
tentproducao/aplicacao/seec/princi-
pal/enviados/index.asp que aparece co-
mo portal de educação, mas que está lite-
ralmente em branco, contendo apenas a
seguintefrase:Apáginaquevocêestápro-
curando neste blog não existe. Assim co-
monãoexisterespeitocomopovodeMos-
soró, com a família de Lauro Monte Fi-
lho e principalmente com os artistas da
cidade.
Apesar do tenebroso quadro alguns
artistasdacidadecomemoramaas-
sinatura da ordem de serviço e
inauguraçãodamaquete,te-
veumaatrizbastanteco-
nhecida no meio que
afirmou na ocasião
ser aquele "um
momento de
grande emo-
ção para to-
dos os ar-
t i s t a s
mosso-
r o e n -
s e s " ,
obvia-
men-
tenão
r e -
p r e -
senta-
va na-
quele
m o -
mento,
c o m o
ainda não
representa,
opensamen-
to de todos,
nem participa do Ventania.
Outraatriz,igualmente"famosa"dis-
se a seguinte frase: "Esse teatro é um es-
paçodemuitalutadosartistasmossoroen-
ses, e agora a gente sabe que a reforma
vai acontecer e que teremos mais um es-
paço para ecoar nossa arte". Estava enga-
nada a coitada, comemorou antecipada-
mente e até agora continua esperando ou
talvezjátenhaesquecidoaluta.Afinalmui-
tos dos nossos pares, infelizmente, con-
formaram-se com as migalhas oferecidas
pelo poder municipal e estadual.
O Teatro Lauro Monte Filho é resul-
tado de uma história de luta dos artistas
mossoroenses por equipamentos e polí-
ticaspúblicasparaoteatrodacidade,mas
que por força da incompetência dos nos-
sos gestores, temos assistido, com muito
pesarodesmoronamentodamemóriaar-
tística de toda uma geração de pessoas
que levantaram suas vozes em favor da
construção de um teatro para Mossoró.
MasaHistóriaestáassentadaemfatosque
por mais que se tente escondê-los, um dia
serão revelados.
E então, tá esperando o que?
Vamos. Levante-se e lute!
Não abra mão dos seus direitos!
Em memória dos abandonados
Nonato Santos é mestre em Artes Cênicas
3
Sete pontos para conhecer o movimento ventania
Soltando
azvinteanosqueMos-
soróéamesmacoisa,
nem fede e nem chei-
ra. Vocês estão pensando
que só porque vocês têm
grupos de teatro reconhe-
cidosemquasetodooBra-
sil e participam de Festi-
vais de Teatro, e alguns já
ganharamprêmiosdeme-
lhor Diretor, Ator, Figuri-
no, Iluminação, Trilha So-
noraenumseilámaisoquê,
aí agora vem com um pa-
po que a Cultura de Mos-
soró tem que ir pros bair-
ros,temquechegarnaclas-
semaishumilde,queotea-
tro tem que ir aonde o po-
vo tá e etc? Cadê o respei-
to com os colegas de Pro-
fissão?Vocêsdeveriamter
vergonha e respeitar Gus-
tavoRosado,poiselequem
fez a Cultura de Mossoró
serreconhecidanosquatro
cantos, do Santo Antônio
ao Alto da Conceição, do
Abolição5àsMalvinas,to-
domundoconheceele,só
porque ele saiu vestido de
Visconde de Sabugosa no
PingodaMeiDia.Sópor-
quesemanapassadaelees-
tava comendo canjica e
agorasobrousóosabugo,
vocêsvãoficarfrescando?
EdaíseoChuvadeBa-
la faz 11 anos que é a mes-
ma coisa? Se o cabra que
vem dirigir pega o dinhei-
ro e vai gastar noutro can-
to e ainda fica mangando
da cara da gente? É da sua
conta? É da sua conta se
nessetempotodinhonun-
caprestaramcontasdodi-
nheirogasto?Entãorespei-
te o CHUVA DE BALA,
eleénossaMOEDA!Aqui
tem gente que gosta de se
"amostrar", que começou
o fazer Teatro ontem e se
achaoabsorventedeDer-
cy Gonçalves. Não tenho
culpa se eu num faço por-
ra nenhuma no espetácu-
lo e ganho um cachê ab-
surdo por preparação de
elenco, se eu mesmo não
preparo nem meu corpo,
imagine o do resto! Eu te-
nhoculpaseeuficosenta-
do apertando um PLAY e
umPAUSEeganhocomo
sonoplasta?Meufilho,isso
nãoépraqualquerumnão!
Eutenhoculpasesoudan-
çarino e pinto meu cabelo
deloiroevoufazerumcan-
gaceiro? Cadê a licença
poética meu filho? Eu te-
nhoculpasevocêsnãosão
amigos de Gustavo e não
fazem o Espetáculo dele?
Aí, agora ficam jogan-
do o Prefeito contra Gus-
tavinho, o bichinho, tadi-
nho do prefeitinho, buni-
tinho, cheirosinho... Abra
os olhos seu Prefeito, se o
Senhor der sua palavra e
nãocumprir,essepovovai
virar pedra no seu sapato,
essepovonãotemcapaci-
dade,elesmontaramoAu-
to da Liberdade ano pas-
sado, com menos da me-
tade da verba, em menos
tempo que a gente monta
o Chuva, e agradou muito
mais que nós e você jun-
tos.Aspessoasquemoram
nosbairrosdeMossoróti-
veramaoportunidade,pe-
la primeira vez, de ver um
evento bancado com seu
dinheiroeaprovaram.Cui-
dado seu Prefeito!
EssepovodoVENTA-
NIAtáquerendoqueoSe-
nhorabralicitaçõesparaos
Eventos Públicos, abra
Editais para novos Dire-
tores do Chuva de Bala,
abraaudiçõespratodospo-
deremparticipardoelenco
do Chuva e tá querendo
mudar o formato do Es-
petáculo, e eu como fico?
Jáquepassooanotodinho
esperando esse espetácu-
lo? Porque, já que o Espe-
táculoédeGustavoeeusou
amigodele,euseiquepar-
ticipo. Como fico?
É por essas e por ou-
trasque#EUMEREPRE-
SENTO, #EUTENHO-
MEDO e desde que esse
povo começou com essa
VENTANIA, que eu tô
comofí-ó-fóquenãopas-
saumcôco,voumuitoper-
deressaboquinha,vouna-
da!
Fui perguntado por esses dias do
porquêdetãorepentinamudançanos
destinos da cultura da cidade, e para
responderrecorroafábuladapeçaes-
crita por Tarcísio Gurgel para fazer
entender tais fatos. Em uma das ce-
nasfinaisdoespetáculoChuvadeBa-
la, depois daquele dia fatídico de 13
de junho de 1927, um dos heróis da
trama sai, ainda sob o rescaldo das
balas da bandidagem e resistência,
para, ao que me parece, agradecer ao
povo e congratular-se com os resis-
tentes. E diante de inacreditável feito
diz uma frase que traduz muito bem
o momento atual em que vive a cul-
turadacidade.Rodolfo,juntocomou-
tros heróis, dá alguns passos em dire-
ção a praça, e fitando o céu naquela
manhãquesedesdobradiz:"Ostem-
pos são outros". O auto da saga ref-
ere-se ao fato de que o banditismo
impunequeimperavanossertõesna-
quela época, não tinha mais lugar em
tempos de progresso e transforma-
çõeseconômicaseculturaisquemar-
cavam aquele início de século. A caa-
tinga e o sertão começavam a entrar
nalógicadocapital,aforçaeconômi-
ca gerada pelo algodão, se faz visível
no trem de ferro e no carro de pas-
seio movido pelo motor explosão. O
mérito daquela derrota, como dizia
Rodolfo, não podia ser creditado so-
mente a sua pessoa e ao valoroso he-
roísmo de sua gente, mas principal-
mente a mudanças no contexto eco-
nômico e social que sustentavam o
fenômeno cangaço, ou seja: não ha-
via mais lugar naquele mundo que o
havia gerado, para o homem e o mito
chamado Lampião.
Ficadifícilparaquemestáforades-
te contexto do fazer cultural da cida-
de,etalvezatémesmopraalguns,den-
trodessecaldeirão,entendertudoque
está acontecendo. Explico, Durante o
processo de eleições suplementares
da cidade, o Movimento Ventania en-
tregou uma pauta com 10 pontos que
deveriam nortear um plano de gestão
para a cultura e entre esses pontos so-
licitamoscomosímbolodesseacordo
apromessaqueaindanesteanode2014,
osartistasdacidade(nãosódoVenta-
nia),Participariamcomsuaforçadetra-
balhodetodoprocessocriativoeeco-
nômico do espetáculo Chuva de Bala.
Ouseja,teríamosumelencodeatores
músicos e diretores dirigindo e atuan-
do na produção do "Chuva". Apesar
dequeesseencontrocomomovimen-
to ter sido amplamente divulgado em
redessociais,sófomoscontatadospe-
lo gestor da cultura, Gustavo Rosado,
faltando praticamente trinta dias para
a estreia, contrariando a nossa vonta-
deeadoprefeito,dizendoquenaque-
le momento entendia que seria difícil
entregaroespetáculointeiramenteaos
artistas da cidade pela exiguidade de
tempoquetínhamosparaamontagem,
e que se insistíssemos não podíamos
usar nada do que tinha sido feito pelo
diretor, durante os últimos anos, ou
seja, músicas, figurinos, coreografias,
usadas pelo seu amigo pessoal, João
Marcelino, e pagas pelos cofres públi-
cos.Tudoaquiloerapropriedadedodi-
retor. EparasuasurpresaGustavoRo-
sado ouviu do movimento Ventania
queaceitávamosodesafio,queerapos-
sível,equejátínhamosalgumasideias,
equeemdoisdias,sefosseocaso,apre-
sentaríamosorascunhoparaexecução
do novo Chuva de Bala. Nessa nossa
empreitadafaríamosumespetáculodi-
ferente do que temos visto nos últi-
mos anos. Faríamos uma viagem pelo
cancioneiro popular local, utilizando
da poética de artistas como Antônio
Francisco, o coral, a banda municipal
e cantadores, para ilustrar o drama da
resistênciaeaindaprivilegiaríamosaar-
quitetura da capela de São Vicente,
deixando-a livre para o acesso de po-
pulareseturistasduranteosfestejosju-
ninos. A partir daí o gestor da cultura,
antes de falar com o prefeito sobre o
assunto, passou a articular um grupo
de sua confiança, com direito a toda
uma estrutura, que incluía de trans-
porte a camisetas promocionais, e até
amatériadejornaleTV,articuladospa-
rajustificarefazervalerseusobjetivos
decontinuarprivilegiandoseusamigos
quetêmacúmulodefunçõesdentrodo
espetáculo,eodiretor,quealémdere-
ceberpeladireçãotambémrecebepe-
la ideia de confecção de figurino e ce-
nário,quepermaneceminalteradoshá
praticamente 10 anos.
Chamadosparaconversarcomum
prefeitojásuperconvencidopelasmen-
tiras e por todo um show de pirofagia
promovidopeloseusecretáriodecul-
tura,dequenãohaviatempopraapre-
sentarmosumapropostaderenovação
erevitalizaçãodo"Chuva"(mentira,tí-
nhamos um projeto), o prefeito ainda
sugeriuqueentrássemosparafazerpar-
te do elenco deste ano, mas diante de
como transcorreram os fatos, fomos
obrigadosasugerirqueoprefeitosubs-
tituísse o secretário de cultura, dizen-
do que Gustavo não representava o
movimentoculturalorganizado, eque
existe por parte da secretaria de cultu-
ra uma verdadeira panelinha de privi-
legiados, não havendo imparcialidade
domunicípiocomrelaçãoàprodução
culturaldacidade,queosecretárioprio-
rizanassuasaçõesoprivilégiosdosgru-
pos de sua preferência. Ou seja, Gus-
tavotemseusatores,gruposdeteatro,
músicos,suaescoladesambaeatésua
quadrilha do coração (como diz meu
amigoCarlosJosé,aquadrilhaquenos
referimos é a junina).
A queda de Gustavo não se dá so-
menteporcontadasuaceleumacomo
MovimentoVentaniaemtornodoChu-
va de Bala. A sua saída se faz necessá-
ria, e segue a mesma lógica do fim do
cangaço. Não há mais lugar nos novos
parâmetros da gestão cultural pra um
sujeito que pensa e se comporta como
seodinheiropúblicofossedele,fazen-
dousodaformaquebementende,ten-
do como critérios: o clientelismo, gos-
toseafinidadespessoais. Comodiziao
Rodolfonapeça"ostempossãooutros"
eexisteemcursoumnovomodeloque
temporprincípiosademocratização,a
descentralização, a transparência, a di-
versidade,universalizaçãoeautonomia.
Palavras que talvez não caibam no seu
pequeno, ultrapassado, retrógado e li-
mitadoconceitodeculturaenoseujei-
tinho de administrar a coisa pública.
4
JUNHO DE 2014
JUNHO DE 2014
Ômi perascaridade! Quem inventou esse tal MOVIMENTO VENTANIA?
Como é que pode "meia dúzia" de gente fazer um furdunço desse?
gases
ao invés de ventos!
A queda de Gustavo
Argumentos da munganga "eu
me represento", alimentada por
Gustavo Rosado (texto de Car-
linhos José - ator,
palhaço e domador de leão)
F
Augusto Pinto
é ator e diretor

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A luta por um teatro público e democrático em Mossoró

  • 1. 1 - QUANDO A SENZALA GRITA A CASA GRANDE TREME Muita gente me pergunta sobre o Mo- vimento Ventania, como anda, o que é que está acontecendo. Estamos como sempre, emluta,comumadiferença:agoraestãoes- cancarados os lados desta polêmica toda e ficando tudo mais claro, para muitos, acer- ca do mal causado pelo secretário Gusta- vo Rosado e sua turma, com o modelo de políticaculturalexclusivista,particular,que foi sendo implantada em Mossoró e se so- lidifica há mais de uma década. Tal mode- lo tinha que resultar numa grande crise em algummomentodahistória.Felizmente,es- tou do lado que provoca a transformação que em breve, independente da vontade de quem quer que seja, será percebida em grande escala por todos os mossoroenses. Esta transformação não virá por uma pes- soa, por um prefeito, por um secretário. Ela já está sendo sentida, seus efeitos são visíveis,principalmentenosquelutamcon- tra as transformações, pois caem em de- sespero vendo a estrutura que os deixam seguros, ruir. É muito complicado lutar contra um "império"comoodeGustavoRosadoesua turma, que dispõem de jornais, jornalistas, rádios,tvs,vereadores,eainda,infelizever- gonhosamente, artistas que muito já con- tribuíram para a história de nosso teatro mossoroensemasqueseperderamnotem- po, pelos interesses individuais acima de qualquer coisa. Lamentável! Mas o "impé- rio de Gustavo Rosado" começa a ruir. A senzala está revoltada e a casa grande usa detodososartifícios,inclusivementir,des- caradamente. 2 - UM ENCONTRO COM O PREFEITO E COM A MUNGANGA Há pouco mais de um mês fomos cha- mados,MovimentoVentania,noPalácioda Resistênciaàs11h15paraumaconversaque começaria às 11h30, com o prefeito Fran- cisco José Júnior. Já acho estranho termos 15minutosparanosorganizarmos,masco- mosempreestamosemalertaconseguimos chegarembomnúmero.Asurpresafoiver- mosumamunganga,aochegarmosnoPa- láciodaResistência,poisnãoquerochamar aquilo de movimento, intitulada "eu me represento",comalgumaspessoasqueres- peitamosmuitoaté,maslamentamostam- bém, por serem usadas como bucha de ca- nhão e participarem de algo baseado em mentiras propagadas pelo secretário Gus- tavoRosado.Amungangaeraintitulada"eu merepresento",numaformadiretadeata- caronossoMovimentoVentania,queépra- ticamente a única voz, nos últimos anos, que se levanta contra esta política cultural sebosa, restrita e exclusiva dos amigos de Gustavo Rosado. A munganga buscava manter João Marcelino como diretor do Chuva de Bala, pela décima-primeira vez, e contava com pessoas influentes, exce- lentes mentes para contribuir com uma política cultural democrática para Mosso- ró, mas que naquele momento agia, talvez sem nem perceber (quem sabe?), ou não, com os interesses individualistas de Gus- tavoRosado.Masamaiorparteeradeado- lescentesquevestiamumacamisafeitapor alguémcomdinheiro,equedistribuiu,com oobjetivoapenasdediminuironossoMo- vimento Ventania. Na camisa uma frase dizendo "eu me represento" que condiz totalmentecomaquelesinteresses,poissão individualistas. Me admiro ver pessoas tão bemdotadasintelectualmentevestindo"eu me represento", com argumentos vazios, fundados em mentiras espalhadas pelas redes sociais, sem sequer levar em consi- deraçãooqueverdadeiramenteestamoslu- tando.Émuitoparadoxalalgumaspessoas vestirem uma camisa chamada "eu me re- presento" e serem representadas, na ver- dade, por Gustavo Rosado e João Marceli- no. Eu indaguei alguns dos artistas que es- tavam com as camisas do "eu me repre- sento" e nem souberam o porquê estavam ali. Um deles chegou para me perguntar o que era tudo aquilo porque não estava en- tendendo, pois ligaram para ele e pediram pra ir pra Prefeitura que tinham uns artis- tasquerendoacabarcomChuvadeBala.Is- to é terrorismo, aprenderam muito bem com o "eu tenho medo" de Regina Duar- te. 3 - O CORONEL E O CAPATAZ Toda esta polêmica foi provocada pe lo secretário de cultura Gustavo Rosa- do, que não respeitou a decisão do prefeito emabriroChuvadeBala2014paraserrea- lizado de uma forma diferente, e a todo custo quis manter o amigo João Marcelino na direção. Em todos estes anos (mais de uma década) em que João dirige os espetá- culosdeMossoró,fazperformancesdeinau- guração da Prefeitura, ele já faturou mais deummilhão.EnquantoissooMuseuMu- nicipal ficou fechado por mais de uma dé- cada por conta de uma reforma de 300 mil reais, e só está aberto e funcionando hoje por conta das ações de protesto do Movi- mento Ventania de Mossoró. O coitado de nosso Prêmio Fomento, que há anos não tem um edital lançado, em sua última edi- ção ofereceu 160 mil para teatro, música, dança, artes plásticas, literatura. Dá vonta- de de perder a linha e mandar o secretário e o diretor Marcelino irem plantar batata no asfalto. Mas desculpem. Não vou fazer isso,poisfaçopartedeummovimentoque tem objetivos muito maiores. Os objetivos do Movimento Ventania, o único que está otempointeirolutandoegritandoporuma políticaculturaldemocráticaenãoparaum grupo de amigos do secretário, são coleti- vos. É só ler nossos manifestos. 4- JOÃO MARCELINO E O SEU TALENTO Estamosprestesamudar,mesmocom João Marcelino fazendo a sua décima- primeira direção de Chuva de Bala em 13 anos. E ele sai bajulado por alguns e des- pertando sentimento de alívio na maio- ria, até em muitos que estão próximos de- le e não têm coragem de assumir a postu- raqueoMovimentoVentaniaassume.Um final triste, lamentável e vergonhoso para uma pessoa que poderia ter saído de Mos- soró de outro jeito. Mas João Marcelino merece, e agora já está vestindo a roupa deanjodizendoqueestáaquiporqueMos- soró o chamou. Mossoró não é Gustavo Rosado nem um grupo pequeno de inte- ressados no formato atual. Não questio- no o talento de João Marcelino, mas ques- tionoaposturaindividualistaemesquinha que ele foi tomando ao longo dos anos, prejudicando dezenas de artistas mosso- roenses,perseguindováriosaté,paraaten- der aos caprichos do secretário Gustavo Rosado. Ter talento não credencia João Marcelino a mandar e desmandar em al- go público, agindo de forma irresponsá- vel, inclusive com pessoas que mais tem com Mossoró que ele. 5- FALTOU CORAGEM NO PREFEITO O prefeito ouviu tudo o que tínhamos para dizer, e explicamos que a culpa de tudoaquiloeradosecretárioGustavoRo- sado, que presenciou toda a reunião, cala- do,masouvindoosnossosrelatos,aopre- feito, de tudo que ele e sua turma fizeram por mais de uma década. O prefeito nos garantiu que isso não iria mais acontecer, garantiu que iria mudar tudo, mas não neste Chuva. Então, no meio da fala do prefeitotodooMovimentoVentaniasele- vantou e foi embora deixando o prefeito e o secretário sozinhos. O prefeito não cumpriu com sua pa- lavra.Entregamosumdocumentoaeleno dia 27 de março mas ele estava preparan- dosuacampanhapolíticaesomenteháum mês do espetáculo veio dar atenção para nós.Oprefeitodizquequermudarissotu- doqueacontecemasnãotevecoragempa- ramudaragora,poisentregamosumacar- ta em 27 de março. Chegar agora na reta final com isso foi de uma infelicidade tre- menda pois teve tempo para analisar as nossas questões. Mas pelo que vi, ele se- quer leu a carta do Movimento Ventania. 6- AS LUTAS DO MOVIMENTO VENTANIA O que buscamos está lá na carta que entregamos ao prefeito no dia 27 de mar- ço deste ano, e que são lutas antigas, já reivindicadas pelo movimento há anos. Não é só o Chuva de Bala democratizado que queremos, mas queremos que o Con- selho de Cultura tome posse, que as pes- soas que ocupam os cargos comissiona- dos da Secretaria de Cultura que não têm relaçãonenhumacomaculturasejamexo- neradas, que o Prêmio Fomento seja anu- al e com aumento de recursos a cada ano, queoAutodaLiberdadesejagarantidoco- monaúltimaediçãomascomrecursosque possibilitem um melhor espetáculo, uma reformulação na Escola de Artes que não tem nem nunca teve condições físicas de abrigar o que a Prefeitura diz que abriga, uma comissão de pessoas ligadas a cultu- raparaselecionarosespetáculosparaapre- sentações no Teatro Municipal, apoio pa- ra as manifestações artísticas nos bairros descentralizando as ações que acontecem apenas no Corredor Cultural, a livre ma- nifestação de qualquer arte na rua como a Constituição garante mas que em Mosso- ró volta e meia nos deparamos com sur- presas, que nenhum artista seja persegui- do por pertencer a qualquer movimento mas que seja dado o mesmo ponto de par- tida para todos e não apenas para os ami- gos do secretário Gustavo Rosado e a de- mocratização do Chuva de Bala também para que deixe de ser "privado" e de João Marcelino e Gustavo Rosado e passem a ser de Mossoró com audições para os ato- resequeosdiretoressejamescolhidosatra- vés de projetos via edital. 7 - RECADO PARA A PRÓXIMA SECRETÁRIA Se o prefeito não voltar atrás com sua palavra, como já fez, este mês assume a pasta da cultura de Mossoró, Isolda Dan- tas, do PT. Sabemos que é uma pessoa que tem ligação com os movimentos so- ciais, com as lutas coletivas, mas já preci- sa entrar sabendo que precisa tornar a Se- cretaria de Cultura de Mossoró pública, acabando com a privatização de Gustavo Rosado. É necessário mudar a estrutura, oqueconsequentementerequer,também, aexoneraçãodeCléziaBarreto(responsá- veldireta,também,porestemodelodeges- tão cultural) e de todos aqueles que estão arraigadosdentrodeumasecretáriadecul- tura há mais de uma década. JUNHO DE 2014 2 JUNHO DE 2014 Por Dionízio do Apodi OTeatroLauroMonteFilho,comca- pacidadepara600pessoaselocalizadoem área privilegiada do centro da cidade de Mossoró,quetemsuahistóriamarcadape- la luta dos artistas mossoroenses e que foiduranteumbomtempo,oprincipalpal- co para as artes cênicas no Oeste poti- guar,temnosúltimosanosdespertadonos cidadãosecidadãsmossoroenses,pelasua situação de abandono, vergonha, indig- nação, revolta e profunda tristeza. No ano de 2012, artistas indignados com o abandono de alguns equipamen- tos culturais e com o descaso dos gesto- res, juntaram-se em torno de um movi- mento, A Ventania, e unidos com diver- sos outros coletivos, o movimento saiu às ruas do centro da cidade para chamar a atenção da população local para o desca- so com o Museu Municipal de Mossoró e oTeatroEstadualLauroMonteFilho,que estavam fechados há tempos. O município apressou-se em passar uma mão de tinta nas paredes do museu e oreabriutodomaquiado.Noentanto,ne- nhumaaçãoefetivaemrelaçãoàmanuten- ção e ampliação do acervo foi implemen- tada, mesmo tendo diversos programas e fundos federais que favorecem a manu- tenção e garantia de acesso aos museus. O Governo do Estado, que mesmo sendo responsável pelos Teatros Lauro Monte Filho e Padre Alfredo Simonetti e também, do Auditório Kiko Santos, que assimcomooTeatroestadualencontram- se abandonados, resolveu ignorar a situa- ção de abandono de todos estes equipa- mentos e centrou toda sua divulgação so- mente na reforma do Lauro Monte Fi- lho. Diantedadenúnciadedescasoeaban- dono, feita pelo Movimento A Ventania, o governo do Estado do Rio Grande do NorteanunciouareformadoTeatroLau- ro Monte Filho, que estava fechado des- de o ano de 2008. Em solenidade realiza- da no mês de setembro do ano de 2012, que contou com a participação de autori- dades municipais e estaduais e, especial- mente com a presença daqueles artistas mossoroense que sempre foram favore- cidos pela política de eventos que carac- terizou a gestão municipal da nossa então governadora, quando prefeita de Mosso- ró. Amplamente divulgada a reforma do Teatro Lauro Monte Filho contava com investimentos na ordem de mais de R$ 2,6milhões.AempresamossoroenseA&C Construções foi a vencedora da licitação cuja obra estava prevista para ser concluí- da num prazo limite de 10 meses. Segun- do matéria publicada pelo Jornal de Fato, em10/09/2012,asecretáriadeinfraestru- tura,KátiaPinto,anunciouqueaobrapre- via a recuperação de toda a iluminação cênica, do palco, do sistema de climatiza- ção, de acessibilidade, rota de fuga e saída de emergência, acesso com elevador para os camarins, mudanças de cadeiras, rees- truturação dos banheiros, construção de um café cultural no piso superior, e pro- teção para evitar o acesso de pombos ao interior do teatro, entre outros itens. Os que estiveram presentes ao ato de assinatura da ordem de serviço e inaugu- raçãodamaquetedoprédiodoTeatroLau- roMonteFilho,afirmaramquelogoapós a assinatura da ordem de serviço, a go- vernadorabastanteemocionada,entregou ocontratoparaoempresárioCláudioEs- cóssia e o pediu que a reforma começas- se a partir da manhã seguinte. O que po- demos constatar que até agora não acon- teceu. Averdadeéqueaculturatemsidoum dos setores mais negligenciados pelo go- verno do RN, com apenas alguns conta- tos com amigos artistas e gestores cultu- rais do Estado, através das redes sociais, consegui levantar somente em uma ma- nhã, a existência de cerca de 70 equipa- mentosculturaisfechados,eemsuagran- de maioria, interditados pelo corpo de bombeiros. O quer disser que a situação é bem mais grave podemos imaginar. O descaso com a cultura do RN não afetasomenteaosartistasdoEstado,mas feretambémosprincípiosconstitucionais danaçãobrasileirae,vaideencontrocom as metas estabelecidas pelo recém apro- vado Plano Nacional de Cultura - PNC, quando este considerando a dimensão ci- dadã,estabelecequeEstados,cidadeseor- ganizaçõesprivadasassumamaresponsa- bilidade de garantir por meio de cessão de espaços para realização de ações cul- turais e artísticas. Asmetas28e31doPNC estabelecem queéprecisocriarefortalecerpolíticaspú- blicas na área de cultura que estimulem o acesso e ampliem a oferta de bens e ser- viços culturais e a formação de público. QueosMunicípiosbrasileiroscomalgum tipo de instituição ou equipamento cultu- ral, entre museu, teatro ou sala de espetá- culo, possam contribuir para democrati- zar a cultura e para integrar populações, tanto de áreas periféricas como centrais, oferecendo aos cidadãos acesso a bens e serviçosculturais.PensandonoRioGran- de do Norte, posso afirmar que nossos gestores estão negando ao povo de nos- so Estado estas oportunidades. O governo do Estado não reformou oTLMpormerodescuidoedescasocom opovodeMossoróeprincipalmentecom amemóriadoatorLauroMonteFilho,que dá nome ao Teatro Estadual e, faltando com respeito aos familiares do homena- geado, por mera incompetência, pois re- centemente, de acordo com o edital pu- blicado no Diário Oficial da União, data- dodesegunda-feira,24demarçode2014, ogovernofederalatravésdoMinistérioda Cultura, por meio da Secretaria de Arti- culaçãoInstitucional(SAI),abriuproces- so seletivo que teve como objetivo a libe- ração de recursos destinados a moderni- zação de equipamentos e espaços cultu- rais, permanentes ou provisórios, como forma de garantia de sua operação e do acessodopúblicoàprogramação,aospro- dutos e aos bens culturais. O governo do Estado está tentando enganar não somente o povo do RN, mas também o povo brasileiro. Quando clica- mos no endereço http://pnc.culturadi- gital.br/planos-estaduais-de-cultura/po- demos visualizar links para os planos de cultura de todos os Estados, no caso do RN, quando tentamos o acesso, somos imediatamentedirecionadosparaoseguin- telinkhttp://www.rneducacao.com/con- tentproducao/aplicacao/seec/princi- pal/enviados/index.asp que aparece co- mo portal de educação, mas que está lite- ralmente em branco, contendo apenas a seguintefrase:Apáginaquevocêestápro- curando neste blog não existe. Assim co- monãoexisterespeitocomopovodeMos- soró, com a família de Lauro Monte Fi- lho e principalmente com os artistas da cidade. Apesar do tenebroso quadro alguns artistasdacidadecomemoramaas- sinatura da ordem de serviço e inauguraçãodamaquete,te- veumaatrizbastanteco- nhecida no meio que afirmou na ocasião ser aquele "um momento de grande emo- ção para to- dos os ar- t i s t a s mosso- r o e n - s e s " , obvia- men- tenão r e - p r e - senta- va na- quele m o - mento, c o m o ainda não representa, opensamen- to de todos, nem participa do Ventania. Outraatriz,igualmente"famosa"dis- se a seguinte frase: "Esse teatro é um es- paçodemuitalutadosartistasmossoroen- ses, e agora a gente sabe que a reforma vai acontecer e que teremos mais um es- paço para ecoar nossa arte". Estava enga- nada a coitada, comemorou antecipada- mente e até agora continua esperando ou talvezjátenhaesquecidoaluta.Afinalmui- tos dos nossos pares, infelizmente, con- formaram-se com as migalhas oferecidas pelo poder municipal e estadual. O Teatro Lauro Monte Filho é resul- tado de uma história de luta dos artistas mossoroenses por equipamentos e polí- ticaspúblicasparaoteatrodacidade,mas que por força da incompetência dos nos- sos gestores, temos assistido, com muito pesarodesmoronamentodamemóriaar- tística de toda uma geração de pessoas que levantaram suas vozes em favor da construção de um teatro para Mossoró. MasaHistóriaestáassentadaemfatosque por mais que se tente escondê-los, um dia serão revelados. E então, tá esperando o que? Vamos. Levante-se e lute! Não abra mão dos seus direitos! Em memória dos abandonados Nonato Santos é mestre em Artes Cênicas 3 Sete pontos para conhecer o movimento ventania
  • 2. Soltando azvinteanosqueMos- soróéamesmacoisa, nem fede e nem chei- ra. Vocês estão pensando que só porque vocês têm grupos de teatro reconhe- cidosemquasetodooBra- sil e participam de Festi- vais de Teatro, e alguns já ganharamprêmiosdeme- lhor Diretor, Ator, Figuri- no, Iluminação, Trilha So- noraenumseilámaisoquê, aí agora vem com um pa- po que a Cultura de Mos- soró tem que ir pros bair- ros,temquechegarnaclas- semaishumilde,queotea- tro tem que ir aonde o po- vo tá e etc? Cadê o respei- to com os colegas de Pro- fissão?Vocêsdeveriamter vergonha e respeitar Gus- tavoRosado,poiselequem fez a Cultura de Mossoró serreconhecidanosquatro cantos, do Santo Antônio ao Alto da Conceição, do Abolição5àsMalvinas,to- domundoconheceele,só porque ele saiu vestido de Visconde de Sabugosa no PingodaMeiDia.Sópor- quesemanapassadaelees- tava comendo canjica e agorasobrousóosabugo, vocêsvãoficarfrescando? EdaíseoChuvadeBa- la faz 11 anos que é a mes- ma coisa? Se o cabra que vem dirigir pega o dinhei- ro e vai gastar noutro can- to e ainda fica mangando da cara da gente? É da sua conta? É da sua conta se nessetempotodinhonun- caprestaramcontasdodi- nheirogasto?Entãorespei- te o CHUVA DE BALA, eleénossaMOEDA!Aqui tem gente que gosta de se "amostrar", que começou o fazer Teatro ontem e se achaoabsorventedeDer- cy Gonçalves. Não tenho culpa se eu num faço por- ra nenhuma no espetácu- lo e ganho um cachê ab- surdo por preparação de elenco, se eu mesmo não preparo nem meu corpo, imagine o do resto! Eu te- nhoculpaseeuficosenta- do apertando um PLAY e umPAUSEeganhocomo sonoplasta?Meufilho,isso nãoépraqualquerumnão! Eutenhoculpasesoudan- çarino e pinto meu cabelo deloiroevoufazerumcan- gaceiro? Cadê a licença poética meu filho? Eu te- nhoculpasevocêsnãosão amigos de Gustavo e não fazem o Espetáculo dele? Aí, agora ficam jogan- do o Prefeito contra Gus- tavinho, o bichinho, tadi- nho do prefeitinho, buni- tinho, cheirosinho... Abra os olhos seu Prefeito, se o Senhor der sua palavra e nãocumprir,essepovovai virar pedra no seu sapato, essepovonãotemcapaci- dade,elesmontaramoAu- to da Liberdade ano pas- sado, com menos da me- tade da verba, em menos tempo que a gente monta o Chuva, e agradou muito mais que nós e você jun- tos.Aspessoasquemoram nosbairrosdeMossoróti- veramaoportunidade,pe- la primeira vez, de ver um evento bancado com seu dinheiroeaprovaram.Cui- dado seu Prefeito! EssepovodoVENTA- NIAtáquerendoqueoSe- nhorabralicitaçõesparaos Eventos Públicos, abra Editais para novos Dire- tores do Chuva de Bala, abraaudiçõespratodospo- deremparticipardoelenco do Chuva e tá querendo mudar o formato do Es- petáculo, e eu como fico? Jáquepassooanotodinho esperando esse espetácu- lo? Porque, já que o Espe- táculoédeGustavoeeusou amigodele,euseiquepar- ticipo. Como fico? É por essas e por ou- trasque#EUMEREPRE- SENTO, #EUTENHO- MEDO e desde que esse povo começou com essa VENTANIA, que eu tô comofí-ó-fóquenãopas- saumcôco,voumuitoper- deressaboquinha,vouna- da! Fui perguntado por esses dias do porquêdetãorepentinamudançanos destinos da cultura da cidade, e para responderrecorroafábuladapeçaes- crita por Tarcísio Gurgel para fazer entender tais fatos. Em uma das ce- nasfinaisdoespetáculoChuvadeBa- la, depois daquele dia fatídico de 13 de junho de 1927, um dos heróis da trama sai, ainda sob o rescaldo das balas da bandidagem e resistência, para, ao que me parece, agradecer ao povo e congratular-se com os resis- tentes. E diante de inacreditável feito diz uma frase que traduz muito bem o momento atual em que vive a cul- turadacidade.Rodolfo,juntocomou- tros heróis, dá alguns passos em dire- ção a praça, e fitando o céu naquela manhãquesedesdobradiz:"Ostem- pos são outros". O auto da saga ref- ere-se ao fato de que o banditismo impunequeimperavanossertõesna- quela época, não tinha mais lugar em tempos de progresso e transforma- çõeseconômicaseculturaisquemar- cavam aquele início de século. A caa- tinga e o sertão começavam a entrar nalógicadocapital,aforçaeconômi- ca gerada pelo algodão, se faz visível no trem de ferro e no carro de pas- seio movido pelo motor explosão. O mérito daquela derrota, como dizia Rodolfo, não podia ser creditado so- mente a sua pessoa e ao valoroso he- roísmo de sua gente, mas principal- mente a mudanças no contexto eco- nômico e social que sustentavam o fenômeno cangaço, ou seja: não ha- via mais lugar naquele mundo que o havia gerado, para o homem e o mito chamado Lampião. Ficadifícilparaquemestáforades- te contexto do fazer cultural da cida- de,etalvezatémesmopraalguns,den- trodessecaldeirão,entendertudoque está acontecendo. Explico, Durante o processo de eleições suplementares da cidade, o Movimento Ventania en- tregou uma pauta com 10 pontos que deveriam nortear um plano de gestão para a cultura e entre esses pontos so- licitamoscomosímbolodesseacordo apromessaqueaindanesteanode2014, osartistasdacidade(nãosódoVenta- nia),Participariamcomsuaforçadetra- balhodetodoprocessocriativoeeco- nômico do espetáculo Chuva de Bala. Ouseja,teríamosumelencodeatores músicos e diretores dirigindo e atuan- do na produção do "Chuva". Apesar dequeesseencontrocomomovimen- to ter sido amplamente divulgado em redessociais,sófomoscontatadospe- lo gestor da cultura, Gustavo Rosado, faltando praticamente trinta dias para a estreia, contrariando a nossa vonta- deeadoprefeito,dizendoquenaque- le momento entendia que seria difícil entregaroespetáculointeiramenteaos artistas da cidade pela exiguidade de tempoquetínhamosparaamontagem, e que se insistíssemos não podíamos usar nada do que tinha sido feito pelo diretor, durante os últimos anos, ou seja, músicas, figurinos, coreografias, usadas pelo seu amigo pessoal, João Marcelino, e pagas pelos cofres públi- cos.Tudoaquiloerapropriedadedodi- retor. EparasuasurpresaGustavoRo- sado ouviu do movimento Ventania queaceitávamosodesafio,queerapos- sível,equejátínhamosalgumasideias, equeemdoisdias,sefosseocaso,apre- sentaríamosorascunhoparaexecução do novo Chuva de Bala. Nessa nossa empreitadafaríamosumespetáculodi- ferente do que temos visto nos últi- mos anos. Faríamos uma viagem pelo cancioneiro popular local, utilizando da poética de artistas como Antônio Francisco, o coral, a banda municipal e cantadores, para ilustrar o drama da resistênciaeaindaprivilegiaríamosaar- quitetura da capela de São Vicente, deixando-a livre para o acesso de po- pulareseturistasduranteosfestejosju- ninos. A partir daí o gestor da cultura, antes de falar com o prefeito sobre o assunto, passou a articular um grupo de sua confiança, com direito a toda uma estrutura, que incluía de trans- porte a camisetas promocionais, e até amatériadejornaleTV,articuladospa- rajustificarefazervalerseusobjetivos decontinuarprivilegiandoseusamigos quetêmacúmulodefunçõesdentrodo espetáculo,eodiretor,quealémdere- ceberpeladireçãotambémrecebepe- la ideia de confecção de figurino e ce- nário,quepermaneceminalteradoshá praticamente 10 anos. Chamadosparaconversarcomum prefeitojásuperconvencidopelasmen- tiras e por todo um show de pirofagia promovidopeloseusecretáriodecul- tura,dequenãohaviatempopraapre- sentarmosumapropostaderenovação erevitalizaçãodo"Chuva"(mentira,tí- nhamos um projeto), o prefeito ainda sugeriuqueentrássemosparafazerpar- te do elenco deste ano, mas diante de como transcorreram os fatos, fomos obrigadosasugerirqueoprefeitosubs- tituísse o secretário de cultura, dizen- do que Gustavo não representava o movimentoculturalorganizado, eque existe por parte da secretaria de cultu- ra uma verdadeira panelinha de privi- legiados, não havendo imparcialidade domunicípiocomrelaçãoàprodução culturaldacidade,queosecretárioprio- rizanassuasaçõesoprivilégiosdosgru- pos de sua preferência. Ou seja, Gus- tavotemseusatores,gruposdeteatro, músicos,suaescoladesambaeatésua quadrilha do coração (como diz meu amigoCarlosJosé,aquadrilhaquenos referimos é a junina). A queda de Gustavo não se dá so- menteporcontadasuaceleumacomo MovimentoVentaniaemtornodoChu- va de Bala. A sua saída se faz necessá- ria, e segue a mesma lógica do fim do cangaço. Não há mais lugar nos novos parâmetros da gestão cultural pra um sujeito que pensa e se comporta como seodinheiropúblicofossedele,fazen- dousodaformaquebementende,ten- do como critérios: o clientelismo, gos- toseafinidadespessoais. Comodiziao Rodolfonapeça"ostempossãooutros" eexisteemcursoumnovomodeloque temporprincípiosademocratização,a descentralização, a transparência, a di- versidade,universalizaçãoeautonomia. Palavras que talvez não caibam no seu pequeno, ultrapassado, retrógado e li- mitadoconceitodeculturaenoseujei- tinho de administrar a coisa pública. 4 JUNHO DE 2014 JUNHO DE 2014 Ômi perascaridade! Quem inventou esse tal MOVIMENTO VENTANIA? Como é que pode "meia dúzia" de gente fazer um furdunço desse? gases ao invés de ventos! A queda de Gustavo Argumentos da munganga "eu me represento", alimentada por Gustavo Rosado (texto de Car- linhos José - ator, palhaço e domador de leão) F Augusto Pinto é ator e diretor