1. Você, que adora o mundo digital, conhece seu lado
“sujo”?
Neste momento em que todos
louvamos o admirável mundo novo trazido pela tecnologia,
com suas distâncias encurtadas e a possibilidade
de distribuir conhecimento, faz-se necessário
manter os olhos bem abertos sobre os seus efeitos
colaterais, agravados pelo consumismo inconsequente. Até
porque, a estrada para a perdição é asfaltada com
monitores de computador usados (e rejuntada com
saquinhos plásticos, é claro)
2. Quando surgiu, há 50 anos no lugar que hoje conhecemos como
Vale do Silício, a indústria de eletrônicos se auto intitulou como
uma “indústria limpa”. Trabalhadores, que antes trabalhavam nas
grandes plantações que existiam na região, assumiram seus
postos nas fábricas de chips, placas, discos rígidos e todos os
outros componentes “high-tech” sem saber que na verdade essa
mudança de ocupação estava colocando suas vidas em risco. Já
em 1970, foram publicados os primeiros relatórios mostrando
que muitas substâncias usadas na fabricação desses
componentes eram altamente tóxicas, como o cádmio e o
chumbo, e associando sua manipulação com o desenvolvimento de
cânceres, problemas na formação de fetos e outras
complicações de saúde entre os trabalhadores. Foi necessária
uma grande movimentação para tentar melhorar essas condições
de trabalho. Os principais locais de produção de componentes
acabaram sendo transferidos para outros lugares do mundo,
criando novos problemas em países como Índia e China.
Ou seja, o problema não foi resolvido, apenas jogado para baixo
do tapete.
3. O rápido aumento do consumo também implica em um
aumento de produção, e as substâncias tóxicas que
causaram incontáveis problemas aos primeiros
trabalhadores da indústria de eletrônicos continuam
existindo. E, naturalmente, não é apenas na hora da
produção que estas substâncias são tóxicas, mas
também na hora do descarte: o lixo eletrônico é um
problema que está no centro das discussões ambientais,
preocupando governos e organizações em todo o
mundo.
4. A reciclagem destes materiais precisa ser feita de maneira correta, pois
a manipulação ou incineração dos componentes sem os devidos cuidados
pode causar duradouras contaminações ao meio. Uma prática adotada por
muitos países era o envio desse material (que de maneira nenhuma pode
ser descartado junto ao lixo comum) para a África ou a China, onde
passavam a ser reciclados sem nenhuma preocupação, fosse ambiental ou
com a saúde dos trabalhadores.
Para tentar resolver essa situação, foi assinada e retificada em 1989 a
Convenção da Basiléia, que regulamenta os movimentos internacionais de
resíduos perigosos. A grande maioria dos países assinou o documento,
com exceção de alguns menores e dos Estados Unidos. Ainda assim, o
problema persiste no mundo, como é possível verificar em diversos
vídeos-denúncia disponíveis no YouTube.