O documento descreve o projeto Metareciclagem, que promove a reapropriação tecnológica para transformação social através da reciclagem de computadores e uso de software livre. O projeto estabelece centros comunitários de tecnologia e pesquisa alternativas acessíveis. As comunidades locais participam do processo para se tornarem autônomas tecnologicamente.
1. metareciclagem.org Reapropriação da Tecnologia Para a Transformação Social Hudson Augusto [email_address] S o r o c a b a 15 de Agosto de 2007
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3. metareciclagem.org Pretende-se fomentar a autonomia tecnológica das comunidades locais a partir dos princípios da reciclagem e do software livre, gerando meios de criação de trabalho e rendimento com base nos produtos desse processo. O objetivo é garantir não apenas o acesso à tecnologia, mas também a sua efetiva apropriação como meio de desenvolvimento e criação. As comunidades locais são envolvidas em todo o processo, sendo simultaneamente protagonistas e beneficiárias da reapropriação tecnológica.
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5. metareciclagem.org O contexto Metareciclagem não é um colectivo independente. Metareciclagem não é (e não quer ser) uma ONG formal (mesmo sendo uma organização não-governamental e não-lucrativa O nome Metareciclagem não define um grupo de pessoas, servindo em vez disso para identificar e referir-se a uma metodologia aberta. Metareciclagem é um projecto descentralizado e autónomo sobre tecnologia social - uma livre associação entre pessoas com um objetivo comum.
6. metareciclagem.org O contexto Desde o final dos anos 90 que têm surgido no Brasil um número cada vez maior de projetos de inclusão digital da responsabilidade de governos e organizações não-governamentais. Estes projetos pretendem apenas fornecer o acesso à tecnologia. O modelo mais frequente é o do Telecentro, local de acesso público a computadores que funcionam como quiosques de acesso à Internet. Os utilizadores podem utilizá-los durante um período limitado e realizar cursos e atividades do seu interesse.Contudo, não podem tomar a tecnologia com as próprias mãos e experimentar outras utilizações. Têm a liberdade de acesso a informação, mas não a liberdade de manipulação da tecnologia.
7. metareciclagem.org O contexto A proposta do Metareciclagem reside na apropriação da tecnologia pelas comunidades, enquanto ferramenta de expressão, produção simbólica, de domínio do saber-fazer e adaptação à realidade local. A tecnologia é encarada como um meio de construção e difusão de conhecimento Na perspectiva do Metareciclagem, um projecto de inclusão social através da tecnologia deve garantir a sustentabilidade das populações e permitir o domínio e apropriação das máquinas, além da reprodução do conceito em outras áreas de interesse.
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13. metareciclagem.org Consciência ecológica A Metareciclagem fundamenta-se numa consciência ecológica que advém tanto da especificidade da cultura brasileira, caracterizada pelo improviso e pela reapropriação do que vem do estrangeiro, como do situação social contemporânea, marcada pela mercantilização desenfreada do conhecimento científico. O ritmo incessante a que as inovações tecnológicas vão sendo comercialmente introduções compromete o tempo necessário para a reflexão e o questionamento dos seus impactos. Neste cenário, a Metareciclagem surge como uma estratégia para pensar em alternativas social e ecologicamente sustentáveis.
14. metareciclagem.org Consciência ecológica O processo de produção da tecnologia é exposto, revertindo em benefício da comunidade em que cada esporo se insere. O lixo tecnológico e o software passam a ser objecto de criação e empowerment. A desmistificação da máquina e dos discursos associados a ela (colaboração, fechamento, propriedade intelectual, liberdade) faz aproximar a tecnologia da vida cotidiana, através do seu conteúdo utilitário, bem como do seu potencial estético e de transformação social.
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16. metareciclagem.org Etapas da metodologia 1. Estabelecimento de um parceiro local que compreenda a importância da idéia, das possibilidades de desenvolvimento e do potencial de crescimento; 2. Constituição de um grupo inicial de moradores da comunidade atraídos para o projecto através do parceiro local; 3. Montagem do espaço de Metareciclagem: adaptação do mobiliário e instalações eléctricas, tendo sempre em conta o baixo custo e a disponibilidade de cada solução. 4. Captação da primeira doação de máquinas a partir de contactos locais com empresas, governo, ONGs e órgãos locais comunicação social.
17. metareciclagem.org Etapas da metodologia 5. Período de formação básica em reciclagem de computadores, software livre, captação de máquinas (visão estratégica do negócio) utilizando como material o primeiro lote de doação; 6. Implementação de um laboratório de reciclagem e centro de formação permanente no espaço de Metareciclagem; 7. Abertura de um telecentro para acesso à tecnologia reciclada pela comunidade local; 8. Início das primeiras prestações de serviço, venda de equipamento a baixo custo e organização estratégica e burocrática de um empreendimento popular (cooperativa);
18. metareciclagem.org Etapas da metodologia 9. Lançamento da cooperativa; 10. Prestação de apoio à cooperativa e de acções de formação permanente; 11. Ligação em rede para colaboração e troca de conhecimentos, doações e experiências entre as cooperativas estabelecidas.
19. metareciclagem.org O que é preciso para criar um esporo de Metareciclagem? Condições do local físico: Instalação eléctrica com fio terra, boa iluminação, sem humidade, arejado ou refrigerado, dispondo de fácil acesso para o transporte de equipamento e casas de banho; Mobiliário básico: Bancadas de trabalho e local para armazenamento de hardware; Equipamento e ferramentas: chaves do tipo "Philips" de diversos tamanhos; alicates de bico fino; pinças para a manipulação de parafusos de difícil acesso; potes para o armazenamento de parafusos e peças pequenas; etiquetas redondas vermelhas e verdes para identificação visual dos materiais;
20. metareciclagem.org O que é preciso para criar um esporo de Metareciclagem? Material de pintura: compressor de ar, com diversas saídas (dependendo do número de pessoas na oficinas); aerógrafos de diversos diâmetros; pistola de pintura para o compressor; tinta acrílica à base não tóxica de várias cores; pincéis de diversos tamanhos; Recondicionamento: multímetro digital ou analógico; ferro de soldar a estanho; estabilizadores; Rede: alicate de cravar; conectores RJ-45; cabo de rede UTP Cat 5; switch ; servidor; disquetes; CD-Rs.
21. metareciclagem.org O que é preciso para criar um esporo de Metareciclagem? Captação e encaminhamento de doações : pessoal responsável pela articulação de doações de equipamento e administração de todo o processo burocrático. Triagem de equipamento, montagem de laboratórios metareciclados, cursos : pessoal com formação técnica adequada (recursos variáveis); material de consumo - prever fundos para material de consumo do local, incluindo CD-Rs, etiquetas, tintas de esmalte sintético, etc. Transporte: prever fundos para a deslocação do material doado.
22. metareciclagem.org Atividades Depois de montado, um espaço de Metareciclagem pode ou não organizar cursos. A metodologia empregue visa formar facilitadores de conhecimento que actuem como monitores junto da comunidade. O programa consiste no ensino das noções básicas de manipulação da tecnologia a favor da comunicação e integração da comunidade com outros lugares.
26. M e t a n a v e O que é MetaNave? É a continuação do projeto VAGÃO DIGITAL , desenvolvido pelo coletivo Nave.org em 2005, que tem como principal objetivo de disseminação, fomento e apoio à formação, implantação e manutenção de Telecentros em Sorocaba e região, a fim de reduzir a desigualdade tecnológica das comunidades locais, levando para esses locais um espaço que privilegia a formação e a capacitação em tecnologia aliada à cultura, arte, entretenimento e participação popular.
27. M e t a n a v e A idéia Superando os conceitos de inclusão digital vigentes, levamos a comunidade à idéia sobre apropriação de tecnologia em busca de transformação social Esse conceito abrange diversas formas de ação como: da captação de computadores usados e montagem de laboratórios reciclados usando software livre, até a criação de ambientes de circulação da informação através da internet, passando por todo tipo de experimentação e apoio estratégico e operacional a projetos socialmente engajados.
28. M e t a n a v e O Projeto O projeto permite que a comunidade se aproprie da sua unidade, transformando-a em um espelho cultural do local em que foi implementada, concedendo também aos cidadãos a liberdade de decidir, via conselho gestor, os rumos das atividades que são oferecidas aos freqüentadores. O MetaNave deve ser um espaço comunitário, de uso gratuito e acesso irrestrito, para promover a inserção tecnológica, a divulgação da ciência, cultura e arte, gerando a ampliação da cidadania através de grandes fios condutores como: democratização das comunicações, compartilhamento de conhecimento, valorização étnica, respeito à diversidade e desmistificação das tecnologias.
29. M e t a n a v e Linhas de Atuação As principais linhas de ação do projeto são: comunicação comunitária, governo eletrônico, educação ambiental, economia solidária, cultura livre/software livre, cultura local, direitos humanos, conhecimento livre, alfabetização e leitura . A estrutura do projeto poderá conter: telecentro, sala de leitura, auditório, estúdio multimídia e laboratório de divulgação de ciências e tecnologia .
30. M e t a n a v e Software Para atender a demanda por inclusão social a partir da inclusão digital, o MetaNave utilizará em seus projetos computadores somente com o sistema operacional GNU/Linux e seus aplicativos de código aberto, possibilitando a autonomia tecnológica para explorar e adaptar os códigos de cada programa de acordo com suas necessidades. Software Livre são programas de computador que não têm seu código fonte fechado para uma única pessoa ou empresa e podem ser instalados livremente em qualquer computador, sem cobrança de licenças ou direitos autorais de uso.
31. M e t a n a v e Com o uso de Software Livre, qualquer cidadão interessado em aprender linguagem de programação pode abrir o código do GNU/Linux para estudar e retirar o máximo proveito de suas funcionalidades. A plataforma GNU/Linux contém em sua estrutura mais de 30 programas de uso geral voltados para escritório, educação, cultura e jogos. Com o uso de Software Livre, além da liberdade e da segurança contra vírus e outras pragas virtuais, o Casa Brasil economiza recursos financeiros que são destinados para a contratação de bolsistas e capacitação dos usuários em diversos cursos, além de manter o parque técnico sempre atualizado com os melhores equipamentos do mercado.
32. M e t a n a v e Oficina MetaJIM – é uma oficina com duração de 20 horas, onde será apresentado de forma geral o projeto MetaJIM e oferecer ao público a experiência de conhecer o computador e suas finalidades(hardware e software); utilização do editor de texto e planilha eletrônica; e a utilização da internet. Oficina Metareciclagem – é uma oficina com duração de 16 horas, onde será apresentado o conceito e a metodologia MetaReciclagem para a construção de tecnologias sociais num ambiente de interação em rede com apoio de comunidades de prática. Irá apresentar as principais definições, as ferramentas de apoio ao trabalho colaborativo em rede e a forma de articulação e criação de projetos sociais. Oficina Desvendando a caixa preta – é uma oficina com duração de 12 horas, onde será apresentado de forma geral o computador e seus componentes, oferecendo ao público a experiência de desmontagem e montagem de um computador, desmistificando a máquina e contribuindo ao encorajamento do público no seu caminho para a inclusão digital.
33. M e t a n a v e Oficina Segurança e Privacidade – é uma oficina com duração de 16 horas, onde será explorado os assuntos atuais e futuros de segurança e privacidade, a partir de uma análise da filosofia “hacker”, para conviver em ambientes mais seguros. Oficina Editoração Eletrônica – é uma oficina com duração de 30 horas, onde será apresentado o conceito de editores de texto e planilhas eletrônicas, sua utilização na organização de informações e na construção de trabalhos e projetos mais eficientes e bem sucedidos. Oficina Comunidade na Web – é uma oficina com duração de 20 horas, onde será desenvolvida juntamente com a comunidade local uma página Web, que tenha por objetivos servir como referência para a produção e identificação dos temas de interesse e de encontro da comunidade.
34. M e t a n a v e Oficina Gênios da PET – é uma oficina com duração de 20 horas, onde serão apresentadas as principais técnicas de reaproveitamento de garrafas PET em exemplos práticos de construção de novos materiais e utensílios, repensando o consumo e descarte desses materiais, buscando a sensibilização e reflexão para o problema do lixo e visa ao aumento da rede de multiplicadores de informação. Oficina Artesões do futuro – é uma oficina com duração de 40 horas, onde serão apresentados conceitos de criação de jóias e artesanato derivados de materiais de descarte de computadores, bem como técnicas e formas de construção, além de questões relacionadas ao meio ambiente e segurança do trabalho. Iremos utilizar da comunidade as suas capacidades criativas para confecção de peças artísticas e utilitárias com resíduos computacionais tendo como princípio norteador a preservação do meio ambiente e a geração de renda. Oficina Poetas do futuro – é uma oficina com duração de 20 horas, onde possibilitará os participantes a produzir diversos tipos de textos, a fim de perceberem a utilidade de cada estilo de texto para cada aplicação.
35. M e t a n a v e Oficina Aplicativos livres - é uma oficina com duração de 20 horas, onde serão apresentados as principais técnicas, formatos, instalação e uso dos aplicativos livres em sistemas operacionais Linux, onde o público irá aprender a manusear a instalação e desinstalação de aplicativos livres, com exercícios práticos e teóricos. Oficina Histórias Coletivas – é uma oficina com duração de 8 encontros de 3 horas, onde será criado um ambiente d interação e convivência entre os usuários a partir de histórias que serão contadas pelos mesmos; ora em grupos, ora individualmente, os usuários irão construir um Wiki de histórias que serão continuamente reinventadas e aprofundadas a partir de palavras-chaves, sendo complementadas por outros recursos multimídia. Oficina Divulgar não é Ensinar – é uma oficina com duração de 16 horas, que visa apresentar as várias iniciativas e ferramentas populares de divulgação científica, bem como conceitos de sensibilização e análise crítica de princípios científicos, utilizando-se de instrumentos variados como os meios de comunicação, os centros e museus de ciência, eventos públicos, programas de extensão universitários, entre outros.
38. M e t a J I M Em parceria com a escola Estadual Joaquim Izidoro Marins - JIM de Sorocaba, tivemos a oportunidade de dar inicio ao desenvolvimento desta idéias com a presença dos alunos, professores, funcionários e a comunidade, a fim de transformar em realidade o projeto. Sendo desenvolvido atividades aos sábados a partir das 09:00 hs, onde estamos estabelecendo uma série de oficinas e formação da comunidade MetaJIM a população em geral que reside entorno a escola, para uma ampla formação do processo de Inclusão Digital direcionado pela metodologia MetaReciclagem, trabalhando em 4 camadas de orientação deste processo: 1 – Infra-estrutura física (hardware); 2 - Infra-estrutura lógica (software); 3 – Sistemas de Gestão (Oficinas, workshops, palestras); 4 – Desenvolvimento Organizacional
39. M e t a J I M 1 – Infra-estrutura física (hardware); Formada pelos computadores, cabos, ferramentas, equipamentos de rede. Através desta camada, as máquinas podem ser livremente abertas pelos participantes das oficinas, podendo vivenciar um processo de “abertura da caixa preta”, descobrindo as conexões entre suas partes e os sentidos de sua montagem. O recurso que permite o desenvolvimento de tais atividades é a utilização da reciclagem de computadores.
40. M e t a J I M 2 - Infra-estrutura lógica (software); Formada por todo o conjunto de softwares, desde o sistema operacional até sistemas de editoração de imagem, construção de planilha de cálculo, edição de texto, entre outros. O objetivo desta camada é proporcionar vida a infra-estrutura física, permitindo que os participantes dos projetos possam simplificar soluções de software que venham atender seus objetivos e suas possibilidades de utilização a partir dos computadores que possuem para trabalhar.
41. M e t a J I M 3 – Sistemas de Gestão (Oficinas, workshops, palestras); Através deste sistema, a metodologia MetaReciclagem estabelece uma relação com o participante de projetos, permitindo uma intensa interação através de contínuas experiências, vivências e práticas utilizando dos recursos oferecidos para aprendizado das Camadas 1 e 2. Estabelecendo ambientes abertos de experimentação tecnológica voltado para projetos, onde os participantes podem desenvolver idéias, experimentar possibilidades de conexão e sua própria forma de se expressar através do uso da tecnologia, interagindo com a arte e novas possibilidades estéticas de apropriação dos equipamentos por sua própria linguagem.
42. M e t a J I M 4 – Desenvolvimento Organizacional É a camada que busca unificar as ações de Metareciclagem em torno de comunidades de usuários que tenham interesse em compartilhar e colaborar em torno de suas idéias e seus projetos. Basicamente, consiste no apoio a construção e desenvolvimento, bem como de acompanhamento de comunidades presenciais e virtuais de usuários de MetaReciclagem. Através dessa camada, a metodologia apresenta uma série de métricas para avaliação do andamento e dos resultados que podem ser obtidos através do projeto, com o desenvolvimento, avaliação e produção do conhecimento desta comunidade.