O documento discute a teoria centro-periferia e como ela se aplica aos ecótonos, zonas de transição entre biomas. Também aborda o efeito aditivo, onde espécies de biomas adjacentes coexistem no ecótono, e como filtros ambientais influenciam a distribuição de espécies nos ecótonos ao longo de gradientes.
3. • Comparado aos sistemas adjacentes, são
relativamente pequenas.
Fluxo de
espécies
Fluxo de
genes
Fluxo de
matéria
Urbina-Cardona et al. 2006 Smith et al. 1997 Kolasa & Zalewski ,1995
Os limites ecológicos e seus gradientes estão entre os assuntos mais abordados na ecologia (Erdós et al., 2011). O Brasil, com sua extensão quase continental dispõe de diversos sistemas naturais (biomas) e o contato destes origina as Zonas de tensão, estas por sua vez implicam em reconhecer que ambas as comunidades tem influencia uma sobre a outra ao longo desta zona de contato.
Em relação ao biomas adjacentes, estas areas de contato são relativamente pequenas, porém estes limites parecem desempenhar um papel crucial no fluxo de espécies (Urbina-Cardona et al., 2006), de genes (Smith et al., 1997) e de matéria 24 (Kolasa & Zalewski, 1995) entre áreas adjacentes.
Portanto as áreas de contato, denominadas ecótonos podem ser bastante dinâmicas em se tratando comunidades vegetais, e ter como característica a intensa competição intra e interespecífica.
Estudos inferem que os centros dos biomas tendem a apresentarem densidades e riqueza maiores, pois as condições ambientais são ótimas e satisfazem os requisitos exigidos pelas espécies. A sobreposição da distribuição de espécies aumentaria o número de espécies total para a região central.
Desta forma os centros deteriam as maiores densidades, tendo em vista que estudos apontam as regiões periféricas como regiões com condições severas e imprevisíveis, portanto são menos densas e diversas, além do fato de que a estocasticidade ambiental é alta, resultando em populações temporalmente variáveis.
populações periféricas tendem a divergir fortemente das populações centrais quando o fluxo gênico é suficientemente limitado, e podem representar importantes componentes de biodiversidade e endemismo. Então o distanciamento do centro coincide com o distanciamento das condições ambientais ótimas exigidas pelas populações. As mudanças em tais condições em comunidades vegetais é respondida com aumento da taxa de natalidade ou mortalidade. Isso explica o fato destas populações serem muito variáveis temporalmente.
Alguns estudos recentes inferem que as maiores riquezas absolutas se concentram realmente no centro do bioma, sugerindo um padrão afetado pelo efeito centro-periferia, porém devido a alta diversidade beta das regiões periféricas, as taxas cumulativas de espécies são maiores. São regiões importantes e pouco estudadas.
Na região ecotonal ocorre o estabelecimento e mistura de espécies representantes dos dois biomas adjacentes, e os ecotonos podem apresentar condições ambientais únicas que favorecem espécies de ambos os biomas, além de determinados grupos específicos de espécies, que geralmente não são encontradas na região central dos outros biomas.
Os ecótonos oferecem condições para o surgimento de espécies acessórias ou ecotonais, com alta plasticidade fisiológica. A inclusão destas espécies nas comunidades eleva os índices de riqueza, levando os ecótonos a possuírem diversidade maior do que no centro.
O conceito de filtro ambiental prediz que espécies presentes em escala regional estarão representadas em uma escala local e tenderiam a apresentar características semelhantes, necessárias para superar o filtro ambiental (Cornwell et al. 2006).
Os filtros ambientais atuam na distribuição das espécies, sendo os gradientes climáticos e edáficos os mais importantes para a distribuição das plantas. As condições ambientais e os recursos atuam como uma força seletiva dos traços das espécies, selecionando espécies com requerimentos e atributos semelhantes (Batalha et al. 2011).
a expressão da vegetação é reflexo das condições do clima, da topografia e do solo, Nas regiões de ecótono, as características edáficas tentem ser distintas dos demais biomas circundantes, sendo mais marcantes (Campos et al. 2010).
As variáveis climáticas compõem o filtro ambiental mais importante em maiores escalas para determinar a composição das comunidades do cerrado. Apenas em escala local o solo passou a ser mais importante para determinar as comunidades (Françoso, 2014).
Já em escala local, o gradiente edáfico responde melhor os determinantes das comunidades, ao longo de todo o gradiente edáfico as variações no solo filtram espécies mais adaptadas, excluindo as que não conseguem sobrepor o filtro
A variabilidade espacial e edáfica diferem entre Cerrado Rupestre e Cerrado Típico em termos de grau de importância para explicar a composição florística destes ambientes. No CR, os efeitos do solo e do espaço são iguais, enquanto no CT, o espaço é mais importante para explicar a variação florística (Abadia, 2016).