SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 56
Baixar para ler offline
(CJillS.1f~ MmllliNL            JP
    @J@J])o                               D   o ~_~
              ~@rr@ ~ ~                         [@~           ~

~~~@~l11I~~
               '&.IZ"lIL.ILM'   "'fI.~               W--.-..tL.OL ....,.


        1O anes de (jJtaÇa
               ((~,                            ~                      e JJtU,~oo"
ADMINISTRAÇÃO   ApOSTÓLICA
2                                                                SÃO JOÃO   MARIA   VIANNEY




                 Carta do Papa Bento XVI
              congratulando-se com os 10 anos
    da Administração Apostólica São João Maria Vianney




                         Excelentíssimo      e Reverendíssimo

                         1lBOM jf ERNANDO ~RÊAS             lL,IFAN

         Administração       Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney

         Informado de que no dia 18 de agosto de 2012 a Administração Apostólica
         Pessoal S. João Maria Vianney estará comemorando o seu primeiro decênio
         de criação, inspirada pelo lema dessa ocorrência jubilar 4<10anos de graças:
         gratidão, reflexão e missão", Sua Santidade       o Papa Bento XVI deseja
         associar-se ao jubiloso canto de ação de graças recordando com especial
         gratidão a Deus todos os sacerdotes e fiéis leigos dessa Administração que
         se dedicam à edificação do Corpo Místico de. Cristo, na fidelidade ao
         Sucessor de Pedro, na certeza de que a Igreja é o «edifício espiritual               ...
                                                                                               ...
         construí do sobre Cristo como pedra angular e, n~ sua dimensão terrena e
         histórica, sobre a rocha de Pedro» (Bento XVI, Homilia de 29/VI/2012). A
         fim de que se produza sempre o fruto almejado de uma fecunda
         evangelização nessa porção do Povo de Deus confiada aos cuidados
         pastorais de Vossa Excelência, o Sucessor de Pedro implora do Altíssimo
         graças especiais de intenso fervor espiritual      e    de autêntica renovação
         ec1esial sobre as paróquias, suas iniciativas pastorais e obras de aposto lado
         e em sinal de Sua paterna benevolência            e como prova de íntima
         participação nas solenidades, de todo o coração o Santo Padre concede a
         todos uma especial Bênção Apostólica.

                 Vaticano, 15 de julho de 2012.




                                       ffi Angelo Becciu
                                          Substituto
                          da Secretaria de Estado de Sua Santidade
3




           Dom Fernando Arêas Rifan
             Bispo Titular de Cedamusa
             Administrador Apostólico



         Carta a toral
           Aos sacerdotes e fiéis
    da Administração Apostólica Pessoal
         São João Maria Vianney

         sobre os dez anos
da Administração Apostólica Pe oal
     São João Maria Vianney

                            10 anos de graça:            .....
                                                           .......
                               "Gratidão,
                           Reflexão e Missão"


                              "Misericordias Domini,
                               in aeternum cantabo."

                              "Cantarei eternamente
                           as misericórdias do Senhor"
                                   (Salmo 88, 2)
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
                                               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY




   J fl'ieja 8>"incipa~ 'éla
adtninÍ6 tsação. ap 0-6 Wlic:a




                                      Caríssimos colaboradores e amados filhos,

                                   Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo e sua
                                 Mãe, Maria Santíssima!

                                    A todos desejo muita paz espiritual, com a alegria
                                 de serem filhos da Santa Igreja e a tranquilidade de
                                 consciência por estarem na sua plena comunhão, e
                                 que recebam muitas graças e bênçãos de Deus, sob a
                                 proteção de Maria Santíssima, a Mãe da Igreja.

                                    Neste ano de 2012, celebramos com muito júbilo os
                                 dez anos da nossa querida Administração Apostólica
                                 e os dez anos da minha Ordenação Episcopal. Esco-
                                 lhemos humildemente para a celebração deste evento
                                 como tema: "J O anos de graças: gratidão, reflexão e
                                 missão" e, como lema, a frase do salmo 88, 2: "Mise-
                                 ricordias Domini in aeternum cantabo " - "Cantarei
                                 eternamente as misericórdias do Senhor".         ,.
                                                                                       ."


                                    Escrevo-lhes com o coração cheio de regozijo, pe-
                                 dindo a todos que se unam à minha oração de ação de
                                 graças, às minhas reflexões sobre essa grande mercê
                                 a nós concedida pela Igreja e sobre a missão que ela
                                 nos deu.


                                                         Oração

                                    Ó Deus, que corrigis os erros, unis os que andam
                                 dispersos e conservais os que estão unidos, infundi
                                 com bondade sobre o povo cristão, nós vos pedimos,
                                 a graça da vossa união, a fim de que, rejeitadas as divi-
                                 sões e unindo-se ao verdadeiro Pastor da vossa Igreja,
                                 possa servir-vos dignamente. Por Cristo, Nosso Se-
                                 nhor. Amém.

                                             (Oração da Missa "pro Ecclesiae unitate")
10 ANOS DI; GRAÇAS:
             GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



                     I - Gratidão

1. Recordando a nossa história passada
   Para compreendermos melhor tão grande misericórdia
de Deus e da Igreja para conosco, que estamos agradecen-
do, vamos recordar um pouco da nossa história. A grande
alegria que agora temos, de estarmos na plena comunhão
da Igreja e sermos reconhecidos como católicos, foi prece-
dida de tristes antecedentes. Mas Deus soube nos conduzir
e, como sempre, tirar do mal um grande bem. Graças a
Deus! Tivemos acertos e erros: é preciso corrigir os erros e
conservar os acertos.
    "Haec olim meminisse juvabit!" - Será oportuno recor-
dar essas coisas. "Vamos contar à geração seguinte as
glórias do Senhor, o seu poder e os prodigios que operou"
(Salmo 78, 4).

  1. Fatos antecedentes: considerações

    1.1 - Crise mundial civil e religiosa
    Na segunda metade do século XX, fruto de várias ide-
ologias, mudanças comportamentais e também reflexo das
duas guerras mundiais, grande crise cultural e civilizacional
se instalou no mundo contemporâneo, com repercussões
na área religiosa. Assim, antes, durante e principalmente
depois do Concílio Vaticano lI, como em outros períodos
da sua história, grande crise instalou-se também na Igreja,
com apostas ias em grande escala de padres e religiosos,
dessacralização da liturgia, laicização do clero, diminuição
de vocações, esvaziamento dos seminários, mundanização,
 ecumenismo irenista, sincretismo religioso, etc. Como dis-
 se o Papa João Paulo II sobre esse período: "...foram espa-
 lhadas a mãos cheias ideias contrárias à verdade revelada
 e sempre ensinada; propagaram-se verdadeiras heresias
 nos campos dogmático e moral... também a Liturgia foi
 violada" (Discurso no Congresso das Missões, 6/2/1981)
     Com relação ao período pó~éílio           Vaticano lI, o
 Papa Bento XVI, fazendo uma analogia, lembrou o co-
 mentário de São Basílio que descreveu o que aconteceu
 após o Concílio de Nicéia, comparando aquele período a
 uma batalha naval na escuridão da tempestade, onde 'o
 grito rouco daqueles que, pela discórdia, se levantam uns
 contra os outros, os palavreados incompreensíveis e o ru-
 ido confuso dos clamores
 ininterruptos já enche-
 ram quase toda a Igreja,
falsificando, por excesso
 ou por defeito, a reta dou-
 trina da fé ... ' (De Spiritu
 Sancto, XXX, 77; PG 32,
 213 A; Sch 17 bis, pág.
 524)" (Bento XVI, dis-
 curso à Cúria Romana, 22
 de dezembro de 2005).
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
                                     SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



                         1.2 - Dom Antônio de Castro Mayer,
                                  Bispo de Campos
                           Em 1948, foi nomeado bispo de
                       Campos Dom Antônio de Castro
                       Mayer, professor, doutor em Teo-
                       logia, formado pela Universidade
                       Gregoriana de Roma, muito fiel ao
                       Magistério da Igreja. Dom Antônio,
                       através dos seus sermões, artigos e
                       sobretudo brilhantes Cartas Pasto-
                       rais, alertava continuamente      seus
                       padres e diocesanos contra os erros
                       atuais, já condenados pela Igreja,
                       que se infiltravam por toda a parte. E
                       nesse espírito de fidelidade à Igreja
                       e sua disciplina Dom Antônio formava seus padres. Além
                       do seu exemplo pessoal de uma vida santa, somos-lhe gra-
                       tíssimos pela formação católica que nos legou.

                          Dom Antônio participou do Concílio Vaticano 11, de
                       1962 a 1965, e assinou, junto com o Papa Paulo VI e os
                       Bispos conciliares, a promulgação dos seus documentos.
                       Durante e após o Concílio, Dom Antônio procurou dar aos
                       padres e fiéis a legítima interpretação do "aggiornamen-
                       to" desejado pelo Papa João XXIII, advertindo contra os
                       que, aproveitando-se do Concílio, procuravam fazer re-
                       viver na Igreja o modernismo e seu conjunto de heresias,
                       caracterizando o que foi denunciado pelo Papa Paulo VI
                       como a "autodemolição da Igreja". Escreveu então três
                       Cartas Pastorais sobre a correta interpretação do Concílio:
                       Carta Pastoral sobre os Documentos conciliares: sobre a
                       Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) e instrumen-,
                       tos de comunicação social (Inter mirifica), em 8/12/1953;
                       Instrução Pastoral sobre a Igreja (Lumen gentium), onde
                       explica bem a colegialidade, em 2/3/1965; Carta Pastoral
                       Considerações a propósito da aplicação dos Documentos
                       promulgados pelo Concílio Ecumênico Vaticano Il, após o
                       término do Concílio, em 19/3/1966.



                       1.3 - A Reforma Litúrgica pós Conciliar
                           Após o Concílio, aconteceu a reforma na Liturgia, de-
                       sejada por todos, como preconizara a Sacrossanctum Con-
                       cilium. Mas, assim como o Concílio Vaticano II, a Refor-
                       ma Litúrgica dele provinda, tendo ocorrido num período
                       conturbado de grande crise na Igreja, serviu de ocasião e
                       pretexto para grandes abusos e erros, cometidos e propa-
                       gados em seu nome. Os abusos e erros foram tantos que
                       levaram muitos a confundi-Ios com o próprio Concílio e
                       com a Reforma Litúrgica enquanto tais, como se essa fosse
                       a sua verdadeira aplicação e interpretação.

                           Já o Papa Paulo VI lamentava: "Em matéria litúrgica,
                       as próprias Conferências Episcopais vão às vezes, por sua
Capela em construção
lO-ANOS DE GRAÇAS:
              GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



própria conta, além dos justos limites. Acontece igualmen-
te que sefazem experiências arbitrárias ou que se introdu-
zam ritos que estão em oposição flagrante com as regras
estabelecidas pela Igreja" (Discurso de S.S. Paulo VI na
XI Plenária do Consilium, 14 de outubro de 1968).

    o Cardeal Antonelli, membro da Comissão Pontificia para a
Reforma Litúrgica, confessa que a reforma estava sendo feita por
 "pessoas ... avançadas nas trilhas das novidades ..., sem nenhum
amor e nenhuma veneração por aquilo que nosfoi transmitido"
(Il CardoFerdinando Antonelli e gli sviluppi delia riforma liturgi-
ca dai 1948 ai 1970 - Studia Anselmiana - Roma - 1998).
    Nesse clima, muitos preferiram conservar a liturgia na
sua forma antiga. O mesmo fez, por questão de consciên-
cia, Dom Antônio de Castro Mayer.

    Ademais, no seu Motu Proprio Summorum Pontificum,
de 7 de julho de 2007, no qual libera oficialmente o uso
do Missal Romano promulgado por São Pio V para toda a
Igreja, o Papa Bento XVI afirma: "...Por isso é lícito cele-
brar o Sacrificio da Missa segundo a edição típica do Mis-
sal Romano promulgado pelo beato João XXIII em 1962,
que não foi ab-rogado nunca, como forma extraordinária
da Liturgia da Igreja". E na Carta aos Bispos que acompa-
nha o Motu Proprio, ele reforça que "este Missal (de São
Pio V) nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequente-
mente, em princípio, sempre continuou permitido".

    Nessa presunção de direito, Dom Antônio de Castro
Mayer conservou também na Diocese de Campos a forma
litúrgica antiga do Rito Romano.

     Observe-se, porém, que, no tempo do episcopado de
 Dom Antônio, que preferia e celebrava a Missa no rito an-
 tigo, no período de 1969 (quando foi promulgada a Nova
 Missa) até 1981 (quando Dom Antônio se tomou emérito),
 havia na diocese de Campos paróquias e Igrejas onde se ce-
 lebrava a Missa de São Pio V ao lado de paróquias e Igrejas
 onde se celebrava a Missa de Paulo VI, com a permissão
 do Bispo Diocesano, que conservou, e chegou mesmo a no-
 mear párocos, sacerdotes que só celebravam no novo rito.

     Sem negar as vantagens da Reforma Litúrgica, existem
 muitas razões de se conservar a forma antiga, razões ecle-
 siais históricas, teológicas, litúrgicas, espirituais e estéti-
 cas. O então Cardeal Ratzinger, hoje nosso Papa Bento
 XVI, assim confessava: "Se bem que haja numerosos moti-
 vos que possam ter levado um grande número de fiéis a en-
 contrar refúgio na liturgia tradicional, o mais importante
 dentre eles é que eles aí encontram preservada a dignidade
 do sagrado" (Conferência aos Bispos chilenos, Santiago,
 13/7/ 1988).

    O mesmo Cardeal Ratzinger escreveu que, quando
foi promulgado o novo Ordo, "ficou consternado com a
proibição do antigo missal, pois isso nunca se tinha visto
em toda a história da liturgia ... O decreto de interdição
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



do missal que se tinha desenvolvido no curso dos séculos,
deste o tempo dos sacramentários da antiga Igreja, signifi-
cou uma ruptura na história da liturgia, cujas consequên-
cias só poderiam ser trágicas" (Joseph Ratzinger, La mia
vita, Edizioni San Paolo, pág. 111 e 112). E ele acrescen-
tava: "A meu ver, devia-se deixar seguir o rito antigo com
muito mais generosidade àqueles que o desejam. Não se
compreende o que nele possa ser perigoso ou inaceitável.
Uma comunidade põe a si mesma em xeque quando decla-
ra como estritamente proibido o que até então tinha tido
como mais sagrado e o mais elevado, e quando considera,
por assim dizer, impróprio o desejo dessa coisa ... Infeliz-
mente, entre nós, a tolerância de experiências aventureiras
é quase ilimitada; contudo, a tolerância da liturgia antiga
é praticamente inexistente. Desse modo, está-se certamen-
te no caminho errado" (Cardeal Joseph Ratzinger, O Sal
da Terra, Imago, pág. 141-142).



    1.4 - Dom Carlos Alberto Navarro,
            Bispo de Campos
    Na Diocese de Campos, com a
chegada do novo Bispo, Dom Carlos
Alberto Navarro, sucessor imediato
de Dom Antônio de Castro Mayer, a
situação anterior mudou, pois o novo
Bispo, por decreto, proibiu a Missa
na forma antiga. Seu decreto, assina-
do em 25 de agosto de 1982, apenas
nove meses após sua posse ocorrida
em 15 de novembro de 1981, orde-                     ......
nava "a partir de 25 de outubro de                      .. '
1982, o uso EXCLUSIVO (as maiúsculas são do texto' do
decreto) dos Livros Litúrgicos aprovados pela Sé Apostóli-
ca, e em vigor na Igreja Latina, jazendo-se especial men-
ção da Constituição Apostólica do Santo Padre Paulo VI,
de três de abril de 1969, que promulga o Missal Romano
restaurado ... ". Com a ameaça: "Se algum presbítero ousar
desobedecer a quanto se prescreve neste Decreto, o que
esperamos não aconteça, fica desde já canonicamente ad-
vertido de que seremos obrigados a dar cumprimento aos
Sagrados Cânones, com especial menção dos cc. 2331 §§
1 e 2 e/ou 2337 (censuras e penas canônicas, que vão até à
retirada das dignidades e cargos) ".

    Essa proibição, que constemou no seu tempo ao Cardeal
Ratzinger, acima citado, entristeceu e abalou também mui-
tos padres e fiéis na Diocese de Campos. E, como o Cardeal
Ratzinger também disse, as consequências seriam trágicas.

   Como esses padres, alegando questão de consciência,
continuaram a celebrar na forma antiga, o Bispo cumpriu a
ameaça, retirando-os das paróquias.

  Esses padres formaram a União Sacerdotal São João
Maria Vianney. Considerando-se em estado de necessida-
1Q ANOS   D~ GRAÇAS:
             GRATIDÃO,    REFLEXÃO E MiSSÃO




de, continuaram atendendo o povo, numa situação canoni-
camente anormal e mesmo irregular, com grande risco de
se formar um cisma.



   1.5- Afirmaçõeseatitudesequivocadas
     Nessa difícil situação na qual sofremos perseguições e
injúrias, houve também da nossa parte comportamentos e
afirmações dissonantes das normas e ensino da Igreja, das
quais já nos penitenciamos e que corrigimos. Tais exageros
e atitudes erradas com relação ao Magistério e à hierarquia
da Igreja infelizmente serviram para aumentar a separação
entre nós e a autoridade diocesana, provocando suas pe-
nas canônicas e destituições. Essas afirmações e atitudes,
- estávamos em outras circunstâncias e em outro contexto
diferente do atual -, devemos examiná-Ias e retificá-Ias à
 luz do Magistério perene e vivo da Igreja, que é o critério
 de verdade, ortodoxia e comportamento para o católico.
 Se hoje, comparada com as anteriores, mudamos alguma
 atitude nossa, foi para nos adequarmos às orientações do
 Magistério. Alguns podem erroneamente pensar que o que
 foi feito, dito ou vivido num período de exceção e irregu-
 laridade seja o ideal e o normal para um católico. Não! O
 normal para todo católico é viver de acordo com o Ma-
 gistério vivo da Igreja, unido e submisso à sua hierarquia.
 Não se pode apelar para aqueles antigos comportamentos
 ou afirmações dissonantes do Magistério, como argumento
 de terem sido adotados antes, como se tais atitudes ou afir-
 mações fossem os únicos critérios de verdade, infalíveis e
 nunca passíveis de correção e melhor expressão. Quantos
 santos, mesmo doutores da Igreja, não erraram em doutrina
 e em comportamento! Por isso, nos ensina Santo Tomás de
 Aquino que "devemos nos apoiar, antes, na autoridade da
 Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer
 outro doutor" (Summa Theologica, lI-lI, q. 10, a. 12).

    A maioria desses erros era cometida não pela falta de
reta intenção, mas pela má direção nos ataques, porque hoje
continuamos a combater esses erros, agora, porém, na dire-
ção correta. É preciso sempre ajustar a prática aos princípios
que defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja,
é necessário respeitá-Ias como tais, sem jamais, ao atacar os
erros, desprestigiá-las. Os princípios, a adesão às verdades
da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja
continuam os mesmos. O que se deve evitar são as generali-
ADMINISTRAÇÃO       ApOSTÓLICA
                SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



zações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. Mui-
tas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pres-
são dos ataques dos opositores, mesmo com reta intenção
podem-se cometer erros e exageros que, após um período de
maior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. Erros po-
dem ser compreendidos e explicados, mas não justificados.



      1.6 - Explicando essas atitudes
    Mas, verdade seja dita, no maior período da crise, muitos
enganos nossos de julgamento foram provocados por afirma-
ções e ações erradas que víamos difundidas por quase toda
a Igreja, muitas das quais, infelizmente, continuam. Assim,
se, por um lado, nós confessamos que houve exagero e má
direção nas críticas feitas ao Concílio Vaticano II e ao Novo
Ordo da Missa, devemos, por outro, admitir que isso acon-
teceu não só por causa do clima apaixonado e polêmico da
 época, mas também, sobretudo, devido ao ostracismo brutal
e à perseguição da qual a antiga liturgia foi vítima e dos abu-
sos cometidos em nome do Concílio, o que levava a muitos a
atribuí-los equivocadamente ao próprio Magistério da Igreja.

    Ademais, a questão é mais profunda do que parece: ela
atinge também dogmas da nossa fé. A Missa na forma anti-
ga, dita de São Pio V, é fruto do Concílio de Trento e é uma
clara expressão dos dogmas eucarísticos, especialmente
sobre o Santo Sacrificio da Missa, tão bem formulados
nesse grande concílio que condenou os erros protestantes.
Daí se segue que o ódio sistemático contra a Missa na for-
ma antiga suscitou uma reação, que alguns podem julgar
exagerada, mas que foi motivada por razões de fé.
                                                         . ..
    Alusivas a isso, citamos as sérias e impressionantes   pa~
lavras do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Con-
gregação para a Doutrina da Fé. Após citar uma análise de
Stephan Orth, que constata que "hoje
muitos católicos ratificam eles mes-
mos o veredicto e as conclusões de
Martinho Lutero, para quem falar de
sacrificio é 'o maior e mais espantoso
horror' e uma 'maldita impiedade' ",
comentava o então Cardeal Joseph
Ratzinger: "Um grupo considerável
de liturgistas católicos parece ter
praticamente chegado à conclusão
de que Lutero, ao invés de Trento,
estava substancialmente certo no debate do século XVI...
Alguém pode observar bem a mesma posição nas discus-
sões pós-conciliares sobre sacerdócio. É só neste fundo de
desqualificação prática de Trento, que se pode entender
a exasperação da luta contra a possibilidade de celebrar
ainda, depois da reforma litúrgica, a Missa de acordo com
o Missal de 1962 ... A possibilidade de tal celebração cons-
titui a mais forte, e, por conseguinte, a mais intolerável
contradição da opinião daqueles que acreditam que a fé
na Eucaristia formulada por Trento perdeu seu valor. .. ".
10 ANOS DE GRAÇAS:
             GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



 "A gravidade destas teorias vem do fato que frequente-
mente elas passam imediatamente para a prática. A tese,
segundo a qual é a comunidade que é como talo sujeito
da Liturgia, serve como uma autorização para manipular
a Liturgia de acordo com o entendimento de cada um. As
pretensas novas descobertas e as formas que as seguem,
são difundidas com uma rapidez surpreendente e com uma
obediência a tais modas que há muito não existe com rela-
ção às normas da autoridade eclesiástica. Teorias, na área
da Liturgia, se transformam hoje muito rapidamente em
prática, e a prática, por sua vez, cria ou destrói modos de
se comportar e pensar... Trento não cometeu um engano,
apoiou-se no fundamento sólido da Tradição da Igreja. Ele
continua a ser um critério fidedigno ".



        1.7 - Ordenações episcopais
          de Dom MareeI Lefebvre
    Nesse tempo de confusão doutrinária e de perseguição à
Missa na forma antiga e aos católicos que a conservavam,
víamos as ordenações sacerdotais e episcopais ilícitas feitas
por Dom Marcel Lefebvre como algo necessário, devido à
crise, um caso de necessidade. Por isso as julgávamos lícitas
e as apoiamos. Na mesma linha de pensamento, com a in-
                            tenção declarada de não querer
                            fazer qualquer cisma ou diocese
                            paralela, solicitamos aos Bispos
                            da Fratemidade São Pio X que
                             sagrassem Bispo, sem juris-
                             dição, apenas com o poder de
                             Ordem para atender aos fiéis da
                             linha tradicional, um dos nossos
                             padres, Mons. Licínio Rangel
                             (1991).

     Depois, estudamos melhor os documentos do Magisté-
 rio, especialmente a Encíclica Ad Apostolorum Principis,
 de Pio XII, o Motu Proprio Ecclesia Dei Adflicta de João
 Paulo TI e especialmente a "Nota Explicativa sobre a exco-
 munhão por cisma em que incorrem os que aderem ao mo-
 vimento do Bispo Marcel Lefebvre" do Pontifício Conselho
 para os Textos Legislativos, de 24 de agosto de 1996 (mas
 da qual só tomamos conhecimento no ano de 2001), sobre
 a interpretação autêntica desse Motu Proprio Ecclesia Dei.
 Nesta "Nota Explicativa ", sobre o "estado de necessidade
 no qual Mons. Lefebvre pensava se encontrar", se explica
 que "deve-se ter presente que tal estado deve verificar-se
 objetivamente, e que não se dá jamais uma necessidade
 de ordenar Bispos contra a vontade do Romano Pontífice,
 Cabeça do Colégio dos Bispos. Isto de fato significaria a
possibilidade de 'servir' a Igreja mediante um atentado
 contra a sua unidade em matéria conexa com os próprios
fundamentos desta unidade ".

    Então chegamos à conclusão que não se poderia jamais
ter tomado aquela atitude, que realmente seria contra a
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



doutrina e a Tradição da Igreja e se constituiu em um ato
cismático.
         1.8 - Situação insuportável
         para a consciência católica
     Além disso, a falta de comunhão com a Igreja hierár-
 quica incomodava cada vez mais a nossa consciência de
 católicos. Impressionavam-nos as palavras de Santo Agos-
 tinho: "Ninguém pode encontrar salvação a não ser na
 Igreja Católica. Fora da Igreja, pode se ter tudo, menos
 a salvação. Pode-se ter honra, pode se ter sacramentos,
pode-se cantar Aleluia, pode-se responder Amém, pode-se
 ter fé no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e
pregar isso também, mas nunca se pode, exceto na Igre-
ja Católica, encontrar salvação, " (Sermo ad Caesariensis
 Ecclesiae plebem).

    Porque, não bastava ter a Missa, por mais bem celebra-
da que fosse, na forma ritual de São Pio V, sem estar na ple-
na comunhão com a Igreja hierárquica. O Papa João Paulo
II nos ensina isso na sua encíclica Ecclesia de Eucharis-
tia (n. 35), falando da comunhão visível com a hierarquia:
 "Somente neste contexto, tem lugar a celebração legítima
da Eucaristia e a autêntica participação nela".

    A recordação de outros ensinamentos do Magistério e
dos santos começaram também a tomar patente a irregula-
ridade da nossa situação:

   O Concílio Vaticano I definiu que o Papa é o "perpé-
tuo princípio e fundamento visível da unidade da Igreja"
(Denz-Schõn 3051); de maneira que "guardada a unidade
de comunhão e de fi? com o Romano Pontífice, a Igreja} •€f.
                                                        .
Cristo seja um só rebanho sob um só pastor supremo. Esta
é a doutrina da verdade católica, da qual ninguém pode se
desviar, sem perda da fé e da salvação" (Pastor Aetemus,
Denz-Shõn 3060).

   Santo Tomás de Aquino: "São chamados cismáticos
aqueles que se recusam a se submeter ao Sumo Pontífice
e aqueles que se recusam a viver em comunhão com os
membros da Igreja, a ele sujeitos" (2a-2ae, q. 39, art. 1).

    Papa Pio IX, na Encíclica Etsi multa: "Os próprios ele-
mentos da doutrina católica ensinam que ninguém pode
ser considerado como bispo legítimo, se não estiver unido
pela comunhão da fé e da caridade com a pedra sobre a
qual Jesus Cristo edificou a sua Igreja".

    São Pio X: "O primeiro e maior critério da fé, a regra
suprema e inquebrantável da ortodoxia é a obediência ao
magistério sempre vivo e infalível da Igreja, estabelecido
por Cristo columna et firmamentum veritatis, a coluna e o
sustento da verdade. " (Alocução "C um Vera Soddisfazio-
ne", 10/5/1 909).

   Dom Antônio de Castro Mayer nos ensinara: "O Papa é
10 ANOS DE GRAÇAS:
             GRATIDÃO, REFLÉXÃO E MiSSÃO



 o chefe da Igreja e, como tal, o sinal e a causa da unidade
 visivel da sociedade sobrenatural, internamente dirigida e
 vivificada pelo Espírito Santo" (Instrução Pastoral sobre a
 Igreja, 2/3/1965, capo li). E, ele, já durante o pontificado
 de S. S. João Paulo li, havia nos orientado: "Assim, como
fiéis católicos, nas nossas relações com o Papa devemos
 nos conduzir por um vivo espirito de Fé. E ver no Papa
 sempre o Vigário de Cristo na terra, cujas palavras, no
 exercicio de seu múnus, devem ser tomadas como palavras
 do mesmo Senhor. Por isso, ao Papa devemos respeito, ve-
 neração e dócil obediência, evitando todo espirito de cri-
 tica destrutiva. É preciso que nosso procedimento reflita a
 convicção de nossa Fé que nos aponta no Papa o Vigário
 do próprio Jesus Cristo" (Veritas, abril-
 -maio/ 1980).

    Por isso, Dom Licínio Rangel, o pri-
meiro Bispo da nossa Administração
Apostólica, íntimo amigo e confidente
de Dom Antônio, pôde dizer, em entre-
vista à revista internacional "30 Dias":
 "Foi o nosso amor a Roma e ao Papa,
nosso senso católico, fruto da formação que recebemos de
Dom Antônio de Castro Mayer, que nos levou a sempre
desejar a união com a Hierarquia da Santa Igreja. Sempre
tivemos consciência de que a nossa posição de resistência
pró Tradição, e consequente situação de exceção, deveria
ser circunstancial, temporária e restrita a assuntos preci-
sos, originários de pontos agudos da crise ... sem nenhu-
 ma intenção de cisma. Prova disso é que, após a morte de
 Dom Antônio de Castro Mayer, quando há dez anos recebi
 o episcopado, de emergência e de suplência para os fiéis
 da linha tradicional, declarei que esperava que as circuns-
 tâncias haveriam de mudar e então eu entregaria ao Papa
 o meu episcopado para que ele dispusesse como ele dese-
jasse. Nada, portanto, de ruptura com a Igreja. Assim sem-
 pre ansiamos por uma regularização e reconhecimento. A
 oportunidade apareceu após a nossa peregrinação a Roma
 pelo Jubileu do ano 2000, quando o Santo Padre nomeou
 o Cardeal Daria Castrillón Hóyos para, em seu nome,
 iniciar as conversações em vista de nossa regularização.
 As conversações aconteceram durante todo o ano 2001 e,
 graças a Deus, chegaram a um bom termo, com nosso ple-
 no reconhecimento canônico no seio da Santa Igreja".



    1.9 - Esclarecimentos            do Magistério
       Nesse período, de 1981 a 2001, muitos documentos
 emitidos pelo Magistério vieram dissipar dúvidas e inda-
 gações dos católicos, trazidas pela crise conciliar e pós-
 -conciliar. Assim, por exemplo, a promulgação do Código
 de Direito Canônico em 1983; o Catecismo da Igreja Cató-
 lica em 1992 e 1997; a Carta ApostólicaAd Tuendam Fi-
 dem com a nova fórmula da Profissão de Fé do Beato Papa
 João Paulo II em 1998; a Declaração "Dominus Iesus" da
 Congregação para a Doutrina da Fé no ano 2000; a Notifi-
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
                                      SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



                       cação da Congregação para a Doutrina da Fé a propósito do
       :fwtÓ-lJUia     livro do Pe. Jacques Dupuis, S.J. "Para uma teologia cristã
                       do pluralismo religioso", de 24 de janeiro de 200 1; a Nota

fle S. ~ldãO-   ~ela   doutrinal sobre alguns escritos do R.P. Marciano Vidal,
                       C.SS.R. de 22 e fevereiro de 2001; a Instrução "Liturgiam
                       Autenticam" da Congregação para o Culto Divino em 28
                       de março de 2001, entre muitos outros. Esses documentos
                       nos fizeram como que recuperar a confiança que sempre
                       deveríamos ter na Santa Sé, como guarda da ortodoxia.



                                      1.10 - Espírito de Fé
                             Enfim, realmente o que nos conduziu à plena comu-
                       nhão foi um crescimento na fé e na confiança nas promes-
                       sas do Divino Salvador de sua assistência contínua à sua
                       Igreja e na indefectibilidade que ele lhe prometeu, fé e con-
                       fiança às vezes abaladas pelas crises.

                             Além disso, impressionava-nos também ver como al-
                       guns dos que antes compartilhavam conosco a mesma po-
                       sição, por caírem no radicalismo, perderam completamente
                       a confiança na Igreja, e até apostataram completamente da
                       fé católica, caindo no cisma formal e na heresia. Eles pen-
                       savam guardar a tradição, mas fora da Igreja hierárquica.
                       Sua queda também nos serviu de alerta de como a nossa
                       situação poderia nos levar à ruina.

                           A situação anômala, pois, em que nos encontrávamos
                       na Igreja muito nos preocupava e não poderia durar inde-
                       finidamente. Todos ansiavam para que tudo voltasse ao
                       normal. Mas não sabíamos como resolver o impasse de
                       conservarmos nossa posição doutrinária e litúrgica, )i.~Q
                       concordando com os erros atuais e abusos e, ao mesmo
                       tempo, sermos inseridos na plena comunhão, reconhecidos
                       pela Hierarquia da Igreja. Nós não sabíamos, mas Deus sa-
                       bia. E tudo dispôs na sua infinita sabedoria e misericórdia.



                                            2. A solução

                                 2.1 - Nossa petição ao Papa
                           No Jubileu do ano 2000, os padres da "União Sacerdo-
                       tal São João Maria Vianney" participaram da peregrinação
                       do Ano Santo em Roma.

                           A partir de então, o Cardeal Darío Castrillón Hoyos,
                       prefeito da Congregação para o Clero e da Pontificia Co-
                       missão Eccesia Dei, com a aprovação e a bênção do Santo
                       Padre o Papa João Paulo lI, começou as conversações em
                       vista de uma regularização jurídica da situação dos assim
                       chamados padres e fiéis da Tradição. A Santa Sé propôs
                       então uma reconciliação aos padres da União Sacerdotal
                       São João Maria Vianney.
10 !,NOS DE ~RAÇAS:
            GRATIDÃO,       REFLEXÃO E MiSSÃO



    A proposta da Santa Sé foi largamente discutida por
Dom Licínio com todos os padres, antigos e novos, em vá-
rias reuniões, durante cerca de um ano. As tratativas com
a Santa Sé duraram de janeiro a dezembro de 200l. Os pa-
dres fizeram um retiro de cinco dias, refletiram bastante,
discutiram, estudaram as propostas em conjunto e em par-
ticular, tiveram tempo de meditar e opinar, e chegaram à
conclusão favorável ao entendimento com a Santa Sé e ao
                    necessário reconhecimento.

                    Na ocasião, já era Bispo diocesano
                de Campos, Dom Roberto Gomes Gui-
               marães, ordenado sacerdote por Dom
                Antônio de Castro Mayer e que tinha
                sido meu professor no Seminário. So-
                mos muitíssimo gratos a ele pelo apoio
                que deu à nossa reconciliação. Por ele
                também nossas orações de gratidão nes-
sa comemoração dos nossos dez anos.

   Em 15 de agosto de 2001, escrevemos uma carta ao
Papa, da qual fui portador em 11 de setembro de 2001. Dia
22 de setembro, na hora do almoço, o Cardeal Castrillón
leu a nossa carta ao Papa, que chorou de emoção. Para nós,
era o começo do outro lado da história.

   Nesta carta, dizíamos:

    "Beatissimo Padre, humildemente prostrados aos pés
de Vossa Santidade, nós, Sacerdotes da União Sacerdotal
São João Maria Vianney, da Diocese de Campos ..., pedi-
mos vênia para formular ao Vigário de Cristo o nosso pe-
dido e manifestar-lhe a nossa gratidão. Não temos nenhum
título para Lhe apresentar: somos os últimos sacerdotes do
seu presbitério. Não possuímos nem distinções, nem qua-
lidades, nem méritos. A nossa condição, honrosa, aliás, de
ser ovelha desse rebanho basta para atrair a atenção de
 Vossa Santidade. O único título que, pela graça de Deus,
ostentamos com brio é o de católicos apostólicos romanos.

   E em nome dessa nossa Fé católica apostólica roma-
na temos nos esforçado por guardar a Sagrada Tradição
doutrinária e litúrgica que a Santa Igreja nos legou e, na   Capela de Nossa Senhora do Porto - Morro do Coco
medida das nossas fracas forças e amparados pela gra-
ça de Deus, resistir ao que o seu predecessor de egrégia
memória, o Papa Paulo VI, chamou de 'autodemolição da
Igreja', esperando desse modo estar prestando o melhor
serviço à Vossa Santidade e à Igreja.

    Beatissimo Padre, embora sempre nos tenhamos con-
siderado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamais
tivemos a intenção de nos separar, contudo devido à situa-
ção da Igreja e a problemas que afetaram os católicos da
linha tradicional, que são do conhecimento de Vossa San-
tidade e cremos, enchem o seu coração e o nosso de dor e
angústia, fomos considerados juridicamente à margem da
Igreja. É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reco-
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



nhecidos como católicos.

     E, vindo ao encontro desse nosso desejo, Vossa Santi-
dade encarregou Sua Eminência o Sr. Cardeal Dado Cas-
trillón Hoyos, Dignissimo Prefeito da Sagrada Congrega-
ção para o Clero, de proceder ao reconhecimento jurídico
da nossa posição de católicos na Igreja.

   Como somos gratos por isso a Vossa Santidade!

    Queremos, oficialmente, colaborar com Vossa Santida-
de na propagação da Fé e da Doutrina Católica, no zelo
pela honra da Santa Igreja - 'Signum levatum in nationes '
- e no combate aos erros e heresias que tentam destruir a
Barca de Pedro, inutilmente porque 'as portas do inferno
não prevalecerão contra Ela '.

    Nas augustas mãos de Vossa Santidade, depomos a nos-
sa Profissão de Fé Católica, professando perfeita comu-
nhão com a Cátedra de Pedro, de quem Vossa Santidade é
legitimo sucessor, reconhecendo o seu Primado e governo
sobre a Igreja universal, pastores efiéis, e declarando que,
por nada neste mundo, queremos nos dissociar da Pedra,
sobre a qual Jesus Cristo fundou a sua Igreja.

   E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da ver-
dade católica, cometemos algum erro ou causamos algum
desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção te-
nha sido sempre servir à Santa Igreja, humildemente supli-
camos o seu paternal perdão.

    Renovando os mais profundos sentimentos de venera-
ção para com a augusta Pessoa do Vigário de Jesus Cristo
na terra e suplicando, para nós e para o nosso ministério,
o precioso beneficio da Bênção apostólica, somos de Vossa
Santidade, filhos humildes e obedientes ".



   2.2 - A resposta acolhedora do Papa
   A resposta afirmativa e acolhedora do Papa veio no dia
25 de dezembro de 2001, na Carta Autógrafa "Ecclesiae
unitas ':

     "Foi com a maior alegria que recebemos a vossa car-
ta..., com a qual a inteira União
(Sacerdotal) renovou a própria
profissão de fé católica , decla-
rando plena comunhão com a
Cátedra de Pedro ...

    Damos graças ao Senhor,
Uno e Trino, por tão boas dispo-
sições!

   Em vista dessas considera-
ções e para a maior glória de
10 ANOS DE GRAÇAS:
            GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



Deus, o bem da Santa Igreja e aquela lei suprema que é a
salus animarum, acolhendo com afeto o vosso pedido de
ser recebidos na plena comunhão da Igreja Católica, reco-
nhecemos canonicamente a vossa pertença a ela".

    o Papa nos assegura então que nos dará um "documen-
to legislativo que estabelecerá a forma jurídica de reco-
nhecimento da vossa realidade eclesial, para assegurar o
respeito de vossas características peculiares".

     "Nesse documento", nos garante o Papa, "a União será
erigida canonicamente como Administração Apostólica de
caráter pessoal, diretamente dependente desta Sé Apos-
tólica ... " E continua: "Será confirmada à Administração
Apostólica a faculdade de celebrar a Eucaristia e a Litur-
gia das Horas conforme o Rito Romano e a disciplina litúr-
gica codificadas pelo nosso predecessor São Pio V, com as
adaptações introduzidas pelos seus sucessores até o Beato
João )(XIII... ".

   Beato João Paulo 11, agora no Céu, rogai por nós!



2.3-Final feliz: começa uma nova história,
        "cum Petro et sub Petro"
    A efetivação dessa vontade do Papa deu-se em 18 de
janeiro de 2002, quando o Cardeal Dom Darío Castrillón
Hoyos, então Prefeito da Congregação para o Clero, veio
a Campos e executou o Decreto "Animarum Bonum" da
 Congregação para os Bispos, da mesma data, erigindo ca-
 nonicamente, por ordem de S. S. o Papa Beato João Pau-




 10 11,a Administração Apostólica Pessoal São João Maria
Vianney.
    O Papa transformava assim a união sacerdotal em Ad-
ministração Apostólica, para regularizar aquela situação
anômala e conservar na plena comunhão da Igreja esses
sacerdotes (eram 25) e fiéis ligados às formas litúrgicas e
disciplinares anteriores do Rito Romano. Ele mesmo assim
o declarou: "Neste tempo forte do vosso ministério epis-
copal, que é a visita ad limina, é para mim uma grande
alegria acolher a vós que tendes o encargo pastoral da
igreja na Região Leste i do Brasil, da qual fazem parte as
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEV



dioceses do estado do Rio de Janeiro e a 'União São João
Maria Vianney ', que eu quis constituir em Campos como
Administração Apostólica Pessoal" (Discurso do S. Padre
o Papa João Paulo II aos bispos do Regional Leste 1, na
visita ad limina, 5 de setembro de 2002).

    Graças a Deus, então, a história de momentos tristes ter-
minou com um final feliz, com a criação da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, que devolveu
aos "padres de Campos" a faculdade de ter paróquias e o
privilégio de conservarem a Missa na forma antiga. Guar-
damos assim a mesma tradição litúrgica e disciplinar da
Santa Igreja, mas cum Petro et sub Petro. Página virada,
outra história começava.

    Os sacerdotes presentes com Dom Licínio Rangel, no
momento da criação da Administração Apostólica eram
os seguintes: Mons. Emanuel José Possidente; Mons.
José Moacir Pessanha; Mons. Henrique Conrado Fischer;
Mons. Eduardo Athayde; Pe. Femando Arêas Rifan; Pe.
Élcio Murucci; Pe. José Gualandi; Pe. Jonas dos Santos
Lisboa; Pe. José Onofre Martins de Abreu; Pe. José Renal-
do de Menezes; Pe. Geraldo Gualandi; Pe. Alfredo Gualan-
di; Pe. José Paulo Vieira; Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa;
Pe. José Edílson de Lima; Pe. José de Matos Barbosa; Pe.
Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini; Pe. Claudiomar Silva
Souza; Pe. Everaldo Bon Robert; Pe. José Geraldo Frei-
tas da Silva Júnior; Pe. Marco Antônio Pinheiro Arêas; Pe.
Alei de Andrade da Silva; Pe. José Carlos Gualandi D. Es-
posti; Pe. Manoel Macedo de Farias; Pe. Rafael Lugão de
Carvalho.

    E final mais feliz ainda: vindo de Roma, a primeira pes-
soa a quem eu quis dar a grata notícia da solução do    çáso
foi Dom Carlos Alberto Navarro, que me deu um grande
abraço fraterno de reconciliação
e perdão. E, demonstrando uma
profunda     humildade,     bondade
e grandeza de alma não menor
que sua fiel adesão ao Santo Pa-
dre, Dom Carlos Alberto Navarro
apoiou a criação da Administra-
ção Apostólica, esteve presente
ao nosso reconhecimento canôni-
co e na minha Ordenação episco-
pal, suplantando com a caridade
cristã qualquer diferença passada
havida entre nós. Nossa reconci-
liação foi completa. Que ele receba
no Céu a recompensa prometida aos misericordiosos.



       2. A Administração Apostólica

 1. O que é uma Administração Apostó-
                 lica
10 ANOS D.E GRAÇAS:
             GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO




    A Administração Apostólica é uma circunscrição eclesi-
ástica equiparada a uma Diocese (C.D.C. cânon 368), uma
Igreja particular, uma porção do povo de Deus, cujo cui-
dado pastoral é confiado a um Administrador Apostólico,
que a governa em nome do Sumo Pontífice (cânon 371 §2).
Sendo equiparada pelo Direito a uma Diocese, a Adminis-
tração Apostólica possui tudo o que normalmente possui
uma Diocese.

    A particularidade da nossa Administração Apostólica é
de natureza pessoal, não territorial. Assim como o Ordi-
nariato Militar, cuja jurisdição é sobre os militares e suas
famílias, e as Exarquias do Rito Oriental, cuja jurisdição é
sobre os fiéis do Rito Oriental, assim a jurisdição da nossa
Administração Apostólica, embora circunscrita ao territó-
rio da Diocese de Campos, é sobre os sacerdotes e fiéis da
forma antiga do Rito Romano, tendo o poder de incardinar
presbíteros e diáconos (cf. Decreto Animarum Bonum, VI)

    O poder do Bispo Administrador Apostólico é pessoal,
isto é, sobre as pessoas que fazem parte da Administração
Apostólica, ordinário, tanto no foro externo como interno,
e cumulativo com o poder do Bispo Diocesano de Campos,
uma vez que as pessoas que pertencem à Administração
Apostólica são ao mesmo tempo fiéis da Igreja Particular
de Campos (cf. Decreto Animarum Bonum, V).

    A nossa Administração Apostólica, equiparada pelo Di-
reito às Dioceses imediatamente sujeitas à Santa Sé, está
no Anuário Pontifício e no Anuário da Igreja do Brasil, per-
tencente ao Regional Leste 1 e à Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil.



                  2. Grande graça
    A criação da Administração Apostólica pela Santa Sé,
na pessoa do Papa João Paulo II, foi uma grande graça a
nós concedida e a toda a Igreja. Uma "diocese pessoal",
com sua cúria, seminário próprio, paróquias, Igrejas, sa-
cerdotes, Institutos de vida consagrada (cerca de 100 re-
ligiosas), catequistas e fiéis em geral, com o privilégio de
ter como forma litúrgica própria a antiga forma do Rito
Romano, a chamada Missa tradicional, com sua disciplina
e costumes. Foi o modo como a Santa Sé resolveu a nossa
situação, conservando nossas tradições e nos colocando na
plena comunhão católica.



           2.1 - Dom licínio Rangel
    O primeiro Bispo da nossa Administração Apostólica
foi Dom Licínio Rangel, de saudosa memória, a quem tri-
butamos imensa gratidão pela sua humildade, grande espí-
rito de Fé e confiança na Igreja.
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY




    De família humilde, nasci-
do na zona rural do Município
de Campos, em Ponta Grossa
dos Fidalgos, Dom Licínio
veio depois para a Cidade de
Campos onde trabalhou no
ramo de farmácia. Congre-
gado Mariano, entrou para o
Seminário menor diocesano
de Campos, tendo cursado fi-
losofia e teologia no Seminá-
rio diocesano de Diamantina,
MG. Sacerdote exemplar, a
quem Dom Antônio dedicava
particular amizade e confian-
ça, humilde, zeloso e dedicado ao seu ministério, sempre
foi muito querido por todos os sacerdotes. Depois do fale-
cimento de Dom Antônio, aceitou ser ordenado Bispo, por
uma questão de suplência, devido ao estado de necessidade
em que nós nos encontrávamos e julgávamos exigir tal or-
denação. Aceitou com humildade, nunca querendo exercer
seu episcopado como se fosse um bispo diocesano com
                           jurisdição, mas apenas como
                            suplência, desejando que a situ-
                           ação se resolvesse e ele pudesse.
                            entregar seu cargo ao Papa ..

                               Enfrentando objeções e ata-
                           ques dos que tomavam nossa
                           inserção na plena comunhão da
                           Igreja Católica como prenúncio
                           de defecção, ele, com sua retidão
                           e visão sobrenatural, incentivõii
                         ~ as conversações e assinou a nos-
                           sa completa regularização. Que
                           Deus lhe dê a recompensa eterna
pelo grande bem que fez à Igreja. No dia da minha ordenação
episcopal, ele me abraçou e balbuciou ao meu ouvido como
que o seu nunc dimittis: "Graças a Deus!".



       2.2 - Sucessão de Dom Licínio
   Na carta autografa "Ecclesiae unitas ", o Beato João
Paulo II garantia a Dom Licínio: "O seu governo (da Ad-
ministração Apostólica) lhe será confiado, Venerável Ir-
mão, e será assegurada a sua sucessão ".

    Cumprindo sua palavra, em 28 de junho de 2002, o mes-
mo Beato João Paulo II me escreve, nomeando-me Bispo
coadjutor de Dom Licínio, com direito à sua sucessão: "Há
pouco, o Venerável Irmão, Dom Licinio Rangel, Bispo Titu-
lar de Zarna e Administrador Apostólico da Administração
Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no território de
Campos, pediu, por não gozar de boa saúde, um coadjutor
a esta Sé Apostólica par amais aptamente cuidar do bem
.10 ANOS PE GRAÇAS:
             GRATIDÃO,    REFLEXÃO E MISSÃO



 espiritual das almas a ele confiadas. Nós, que desempe-
 nhamos o gravissimo ministério de Sumo Pontífice, dese-
jando atender ao pedido deste Bispo, te julgamos, amado
filho, apto para exercer este oficio. Conforme conselho,
portanto, da Congregação para os Bispos, com nosso po-
 der supremo, te nomeamos Coadjutor da Administração
 Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no território
 de Campos, e ao mesmo tempo, te proclamamos Bispo
 Titular de Cedamusa, com todos os direitos atribuídos e
 obrigações impostas conexas com a dignidade episcopal e
 com tal oficio, segundo a norma do direito ... Mandamos,
 além disso, que faças cientes desta carta os fiéis da mes-
 ma Administração Apostólica: aos quais, caríssimos a nós,
 exortamos que te respeitem. Esforça-te, finalmente, di/eto
filho, por trabalhares ali mesmo, estreitamente unido ao
 referido Venerável Bispo, usando principalmente a carida-
 de, paciente e benigna (cf. 1 Cor. 13, 4) e rainha de todas
 as virtudes. Que os dons do Espírito Paráclito, sob os aus-
 picios da Virgem Maria, te sustentem sempre".

   Por graça da Santa Sé, portanto, fui ordenado Bispo
pelo Cardeal Dario Castrillón Hoyos, então prefeito da
Congregação para o Clero, que havia sido o artífice da nos-




 sa reconciliação, em 18 de agosto de 2002, no esplendor da
 forma antiga do Rito Romano. A ele também nossa imor-
 redoura gratidão.
     A belíssima cerimônia contou com a ilustre presença do
 Cardeal Dom Eugênio Sales, de Dom Carlos Alberto Navar-
 ro, Dom Manoel Pestana Filho, Dom Licínio Rangel e Dom
 Alano Maria Penna, ambos consagrantes; Mons. Joaquim
 Ferreira Sobrinho, vigário geral da Diocese de Campos, re-
 presentando S. Exa. Dom Roberto Gomes Guimarães, que
 estava se recuperando de uma cirurgia cardíaca; centenas de
 sacerdotes vindos da Administração Apostólica, da Diocese
 de Campos e de várias partes do Brasil e do exterior, com
 o concurso de sete mil fiéis. Graças sejam dadas a Deus.

    Dom Licínio Rangel faleceu santamente em 16 de de-
 zembro de 2002, rezando o "Sub tuum praesidium" (De-
 baixo de vossa proteção ...), lema do seu episcopado. Que
 Deus lhe dê a eterna recompensa no Céu.
ADMINISTRAÇÃO       ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



   Com o seu falecimento, tornei-me automaticamente,
conforme a nomeação do Papa (cân, 409, § 1); o Bispo da
nossa Administração Apostólica.
              3. Dez anos de graças
   Nestes dez anos, quantas graças recebidas de Deus!
Estarmos na plena comunhão da Igreja e conservamos, no
bom espírito católico, as tradições litúrgicas e disciplinares
que tanto amamos e pelas quais lutamos, foi e é uma imen-
sa graça e misericórdia do Senhor.

    Durante estes dez anos, a vida nas paróquias tem con-
tinuado fervorosa, graças ao zelo dos nossos sacerdotes.
Além da vida paroquial, temos missões na zona rural, re-
tiros espirituais, assistência aos doentes, catecismo para
crianças, jovens e adultos, assistência aos pobres com di-
versas obras sociais, catequese e atendimento às favelas,
2 orfanatos, 2 asilos para idosos, 15 escolas, com cerca de
200 professores e 3000 alunos.

           3.1 - Graças aumentadas
    Após a criação canônica da nossa Administração Apos-
tólica, pelo decreto Animarum Bonum da Congregação para
os Bispos, de 18 de janeiro de 2002, recebemos, através da
Congregação para o Clero, em 10 de julho de 2002, uma
resposta da Congregação para o Culto Divino e a Discipli-
na dos Sacramentos, declarando que "conforme a Carta
Autógrafa Ecclesiae Unitas do S. P o Papa João Paulo 11e
o Decreto Animarum Bonum, da Congregação para os Bis-
pos, o rito litúrgico codificado por São Pio V.. tornou-se o
rito próprio da Administração Apostólica, de maneira que
todo sacerdote, legitimamente admitido à celebração 'bá~     .
igrejas próprias da Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney, não necessita de ulterior autorização
para usar o Missale Romanum na edição típica de 1962 ".

    Recebemos ademais da Congregação para o Culto Di-
vino e Disciplina dos Sacramentos, em 14 de setembro de
2002, carta de aprovação do Calendário litúrgico próprio
de nossa Administração Apostólica.

   Também, em 16 de novembro de 2002, recebemos da
Congregação para o Clero, assinada pelo Cardeal Castrillón
Hoyos e pelo sub-secretário Mons. Mauro Piacenza, hoje
Cardeal Prefeito da mesma Congregação, após ter consul-
tado outros Dicastérios da Cúria Romana, carta na qual se
permite que sejam nomeados, pelos Bispos de outras Dio-
ceses onde se encontram comunidades de fiéis ligados à
precedente tradição litúrgica, sacerdotes da Administração
Apostólica para assumir a cura pastoral de paróquias pes-
soais, reitorias ou capelanias, que podem ser criadas pelo
Bispo local, o que, segundo a carta, apresenta-se pastoral-
mente muito oportuno.

        3.2 - Homenagens merecidas
1Q ANOS D~ GRAÇAS:
             GRATIDÃO,   REFLEXÃO E MISSÃO




   Em 19 de março de 2003, por uma questão de grati-
dão e justa homenagem, escrevi ao Santo Padre, o Papa
João Paulo II, suplicando-lhe que nomeasse Capelães de
Sua Santidade, com o título de Monsenhores, três dos sa-
cerdotes da nossa Administração Apostólica, insignes pela
idade, experiência e zelo apostólico
demonstrado em muitos anos de tra-
balho em prol da salvação das almas:

    Padre Emanuel José Possiden-
te (+ R.I.P.), então Vigário Geral por
mim escolhido e membro do Conse-
lho de Governo da nossa Administra-
ção Apostólica, professor e Diretor
Espiritual do Seminário, piedoso, zeloso e querido por to-
dos os sacerdotes e seminaristas, dos quais foi o formador.
A ele minha especial homenagem de gratidão por lhe dever
                       a minha vocação e ida para o Semi-
                       nário.

                        Padre José Moacir Pessanha,
                     pároco da Paróquia pessoal de Nossa
                     Senhora das Graças em Natividade,
                     RJ, membro do Conselho de Gover-
                     no da nossa Administração Apostóli-
                     ca. Foi Reitor e professor do Semi-
                     nário Diocesano. É zeloso pela Igreja
e muito querido dos seus paroquianos e confrades. Foi o
Reitor que me recebeu no Seminário, a quem devo o auxí-
lio nos meus primeiros passos rumo
ao sacerdócio.

   Padre Eduardo Athayde, atual
pároco da Paróquia pessoal de Nos-
sa Senhora do Rosário de Fátima e
Santo Antônio em Santo Antônio de
Pádua, RJ, membro do Conselho de
Governo da nossa Administração
Apostólica. Fundador do Instituto de
Educação Santo Antônio e da Associação Nossa Senhora
do Rosário de Fátima e do Monte Carmelo, zeloso e muito
querido por seus paroquianos por sua retidão e seriedade
                     de vida.

                          Em 26 de outubro de 2007, fiz o
                       mesmo pedido, agora ao Santo Padre,
                       o Papa Bento XVI, em favor do Pe.
                       José de Matos Barbosa, a quem eu
                       nomearia Vigário Geral, sucedendo a
                       Mons. José Possidente, enfermo. Sa-
                       cerdote muito estimado por todos os
seus confrades, formado em Direito Canônico, ele é o nos-
so atual Vigário Geral, presidente da Câmara Eclesiástica e
Chanceler da Cúria, sucedendo a Mons. Henrique Conrado
Fischer, a quem devemos especialmente louvor e gratidão.
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
              SÃO JOÃO MARIA VIANNEV

                                                              --
   o  Santo Padre respondeu afirmativamente ao meu pe-
dido e pude conceder a eles, com muita honra, o título de
Monsenhores, Capelães de Sua Santidade.



    3.3 - Foram para os braços do Pai
    Durante este período, faleceram pie-
dosamente três eminentes sacerdotes da
nossa Administração: Mons. Francisco
Apoliano (+8/4/2005), zeloso vigário de
Bom Jesus do Itabapoana, onde trabalhou
por cerca de 40 anos, fundador do Abrigo
dos Velhos José Lima, grande obra social
e caritativa daquela cidade, e do Instituto lmaculado Cora-
                    ção de Maria e São Miguel Arcanjo; Pe.
                    José Paulo Vieira (2/11/2009), zeloso
                    sucessor de Mons. Francisco, pároco da
                    Paróquia do Senhor Bom Jesus Cruci-
                    ficado e Imaculado Coração de Maria,
                    construtor da grandiosa Igreja Matriz e
                    inúmeras capelas, grande benfeitor do
                    nosso Seminário e incansável cura de
almas; Mons. Emanuel José Possi-
dente (7/9/2011), grande expoente in-
telectual do nosso clero, zeloso diretor
espiritual e professor do nosso Semi-
nário, sacerdote exemplar e dedicado,
a quem deve a formação a maioria dos
nossos padres. Por eles a nossa fervo-
rosa oração: "Misericordioso Jesus,
dai-lhes o descanso eterno ".
                                                     . ..
                                                       ..
                                                        '




       3.4 - Função de governar:
OrganizaçãodaAdministraçãoApostólica
    Como parte do dever episcopal de governar, Dom Li-
cínio erigiu 11 paróquias; eu organizei a Cúria, o Conse-
lho de Governo, o Conselho econômico e erigi mais uma
paróquia, uma quase-paróquia e três reitorias. Atualmente
temos 12 paróquias, uma quase-paróquia, e 4 reitorias,
sendo ao todo 115 Igrejas, além de 12 comunidades em
outras dioceses, atendidas por nossos padres. Fica assim
organizada a Nossa Administração Apostólica:

   Cúria:
   Vigário Geral, Chanceler e presidente da Câmara
Eclesiástica: Mons. José de Matos Barbosa
   Chanceler Emérito: Mons. Henrique Conrado Fischer.
   Notário da Cúria: Pe. José Ronaldo de Menezes.
   Penitenciário: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa

   Conselho de Governo:
   Mons. José de Matos Barbosa
   Mons. José Moacir Pessanha
10 ANOS D.E GRAÇAS:
             GRATIDÃO,   REFLEXÃO E MiSSÃO



    Mons. Eduardo Athayde
    Pe. Jonas dos Santos Lisboa
    Pe. Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini
    Pe. Claudiomar Silva Souza, coordenador geral de Pas-
toral.

   Conselho Econômico:
   Mons. José de Matos Barbosa, ecônomo
   Pe. Everaldo Bon Robert
   Sr. Amaro Francisco Fidélis, contabilista
   Sr. Arindal de Azevedo Zanon, comerciário.
   Sra. Luzia Aparecida Salvati Zanon, professora
   Srta. Maria Auxiliadora Cabral da Silva, adm. de em-
presas, pedagoga e pós-graduada em gestão escolar.

   Seminário da Imaculada Conceição:
   Reitor: Pe. Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini
   Více-Reitor: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa
   Di~etor espiritual: Pe. Everaldo Bon Robert

   Paróquia do Imaculado Coração de Nossa Senhora
do Rosário de Fátima - Campos
   Igreja Principal da Administração Apostólica (Matriz e
5 Igrejas)
    Pároco: Pe. Claudiomar Silva Souza
    Vigário paroquial: Pe. Sidnei Barcelos da Silva Júnior

    Paróquia de Nossa Senhora do Terço - Campos (Ma-
triz e 3 Igrej as)
    Pároco: Pe. José Gualandi
    Vigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti

   Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Ururaí
 (Matriz e 4 Igrejas)
   Pároco: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa

   Paróquia São Geraldo Magela - Guarus - Campos
 (Matriz e 2 Igrejas)
   Pároco: Pe. José Gualandi
   Vigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti

    Reitoria: Igreja de Nossa Senhora Aparecida - Campos
    Reitor: Mons. José de Matos Barbosa

    Reitoria: Igreja de Nossa Senhora do Carmo (da Ve-
 nerável Ordem Terceira) - Campos
    Reitor: Pe. Everaldo Bom Robert

    Reitoria: Igreja de São José - Campos
    Reitor: Pe. José Onofre Martins de Abreu

   Paróquia do Senhor Bom Jesus Crucificado e do
Imaculado Coração de Maria - Bom Jesus do Itabapo-
ana (Matriz e 20 Igrejas)
   Administrador Paroquial: Pe. Ivoli Femando Latrônico
   Vigários paroquiais: Pe. Rafael Lugão de Carvalho e
Pe. Renan Antônio Damaso Menezes
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
              SÃO JOÃO MARIA VIANNEY




   Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e
São Geraldo - Itaperuna (Matriz e 2 Igrejas)
   Pároco: Pe. Geraldo Gualandi
   Vigário Paroquial: Pe. Manoel Macedo de Farias

   Paróquia de Nossa Senhora das Graças - Natividade
(Matriz e 4 Igrejas)
   Pároco: Mons. José Moacir Pessanha
   Vigários paroquiais: Pe. José Geraldo Freitas da Silva
Júnior e Pe. Alei de Andrade da Silva.

  Paróquia de Nossa Senhora Aparecida - Porciúncula
(Matriz e 2 Igrejas)
  Pároco: Pe. Alfredo Gualandi

   Quase-Paróquia de São Judas Tadeu e Santa Clara-
Santa Clara (Matriz e 9 Igrejas)
     uase-Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dos
Santos
   Vigário Paroquial: Pe. Alfredo Gualandi

    Reitoria de Nossa Senhora do Carmo - Varre-Sai (6
Igrejas)
    Reitor: Pe. Élcio Murucci

    Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e
Santo Antônio - Santo Antônio de Pádua (Matriz e 15
Igrejas)
    Pároco: Mons. Eduardo Athayde
    Vigário paroquial: Pe. Silvano Salvatte Zanon

   Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São FidélJs.
- São Fidélis (Matriz e 24 Igrejas)               . .
   Pároco: Pe. Jonas dos Santos Lisboa
   Vigário Paroquial e Administrador: Pe. Marco Antô-
nio Pinheiro Arêas
   Vigário Paroquial: Pe. Adriano Alves Botura

   Paróquia de Nossa Senhora das Graças - São João
da Barra (Matriz e 2 Igrejas)
   Pároco: Pe. José Eduardo Pereira
   Vigário Paroquial: Pe. José Ronaldo de Menezes

    Paróquia de Nossa Senhora das Graças e São Sebas-
tião - Varre-Sai (Matriz e 11 Igrejas)
    Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos
    Vigários Paroquiais: Pe. João Motta Neto e Pe. Bruce
Lima Pasini Judice.

   Comunidades fora da Diocese de Campos, atendidas
pela Administração Apostólica:

   Rio de Janeiro - Igreja de Nossa Senhora do Carmo da
Antiga Sé
   Mons. José de Matos Barbosa
10 ANOS DE.GRAÇAS:
             GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



   Nova Iguaçu - Igreja Nossa Senhora do Perpétuo So-
corro e São Judas Tadeu
   Pe. José Edilson de Lima

  Sepetiba - RJ - Convento Santa Teresinha
  Pe. José Edilson de Lima

   Volta Redonda - RJ - Igreja de Nossa Senhora do Per-
pétuo Socorro
   Pe. José Edilson de Lima

   São João do Meriti - RJ - Comunidade Santa Teresinha
   Pe. José Edilson de Lima

   Arraial do Cabo - RJ - Igreja de Nossa Senhora
   Pe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos

   São Paulo - SP - Igreja de Santa Luzia e do Menino
Jesus de Praga e Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte
   Pe. Jonas dos Santos Lisboa

   São Bernardo do Campo - SP - Capela de Nossa Se-
nhora de Fátima
   Pe. Jonas dos Santos Lisboa

   Belo Horizonte - MG - Capela do Colégio Monte Cal-
vário
   Pe. Ivoli Femando Latrônico

   Guiricema - MG - Santa Montanha
   Pe. Geraldo Gualandi

   São Lourenço - MG - Educandário Santa Cecília
   Pe. José Eduardo Pereira

   Colatina - MG - Igreja de São Pedro
   Pe. José Gualandi.

     Durante esse período várias igrejas foram inauguradas
e reformadas em nossa zona rural. Constitui e regularizei
canonicamente dois Institutos de Vida Consagrada e cinco
Associações Públicas de fiéis. Instalamos diversas Pasto-
rais, tais como Pastoral da Liturgia, com secções de Acó-
litos e Música Sacra, Pastoral Familiar, Setor Juventude,
Pastoral Carcerária, Pastoral Catequética, Pastoral da Edu-
cação, Pastoral Vocacional, Pastoral da Sobriedade, Pasto-
ral da Caridade Social e Pastoral da Saúde.



           3.6 - Função de santificar
    Como parte do meu dever de santificar, nesses dez anos já
ordenei 18 sacerdotes para a Igreja, sendo 10 para a nossaAd-
ministração Apostólica, que tem ao todo 33 sacerdotes. Du-
rante as várias visitas pastorais às paróquias da Administração
e às doze comunidades atendidas pelos nossos sacerdotes em
outras dioceses, já administrei o Sacramento da Confirmação
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
                 SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



ou Crisma a milhares de fiéis, no Brasil e no exterior.
    Em nosso Seminário da Imaculada Conceição, ainda
em construção e cujà pedra fundamental foi benta pelo
Papa Beato João Paulo lI, tivemos neste ano a entrada de
13 novos candidatos, sendo agora 34 seminaristas ao todo.
Dia 8 de dezembro, inauguramos a pedra fundamental da
futura capela do nosso seminário. A formação dos nossos
seminaristas é feita por bons sacerdotes e acompanhada de




perto por mim.
            3.7 - Função de ensinar
    Como parte do meu dever de ensinar, publiquei, nes-
te tempo, diversos escritos, cartas pastorais, orientações
e artigos periódicos, dirigidos ao nosso clero, aos nossos
fiéis, ensinando-lhes a sempre necessária adesão ao Ma-
gistério da Igreja, critério da nossa catolicidade.iprincipal
característica da nossa Administração: Mensagem Pastoral
pelo início do ministério episcopal do novo administrador
apostólico, em 5/1/2003; o livro "O Rosário Meditado",
segundo a Encíclica Rosarium Virginis Mariae do Beato
João Paulo lI, em 2003; Carta circular sobre o comporta-  ..
mento do católico, quanto à pureza e a decência no trajar,
em 6/1/2004; Instrução Pastoral, em forma de catecismo,
sobre o Papa e o Magistério da Igreja, no início do Pontifi-
cado de Bento XVI, em 24/4/2005, traduzi da também para
o espanhol; Orientação Pastoral sobre o Magistério Vivo da
Igreja, traduzi da e publicada em francês (Éditions Sainte-
-Madeleine, Le Barrroux) e espanhol (Fundación Gratis
Date, Pamplona, Espana), em 6/1/2007; Carta Circular
apresentando o Motu Proprio Summorum Pontificum e o
documento da CDF sobre a Igreja, em 16/7/2007; Comuni-
cado "Sobre apresentação e comentários da nota doutrinal
da congregação para a doutrina da fé sobre alguns aspectos
da evangelização, em janeiro de 2008; Carta de princípios
das nossas Escolas Católicas, de março de 2008; Ensina-
mentos diversos sobre a falta de espiritual idade séria, que
leva a abusos na liturgia (entrevista), a discussão sobre as
células embrionárias, a missão dos bispos e acerca da na-
tureza teológica e jurídica das conferências dos bispos, de
abril de 2008; Carta Pastoral sobre o Dízimo e as Ofertas,
em 30/5/2008; Carta aos jovens, em julho de 2008; Carta
às Famílias, em outubro de 2008; Carta Circular apresen-
tando a Carta Apostólica, em forma de motu proprio, do
 Santo Padre o Papa Bento XVI, "Ecclesiae Unitatem", em
 8/7/2009; o livro "Considerações sobre as formas do Rito
10 ANOS D.E GRAÇAS:
            GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



Romano da Santa Missa", em 20/4/2010; Carta Pastoral
sobre os casos de pedofilia na Igreja, em }0/5/2010; Carta
Pastoral sobre a Visita "ad limina" e a comunhão com a
Igreja, em 30/8/2010; "Orientações sobre Política e Elei-
ções, em 15/8/2010; além dos artigos semanais dirigidos ao
povo em geral, desde 2002 até hoje.

    A respeito da nossa "Orientação Pastoral sobre o Ma-
gistério Vivo da Igreja", de 6/1/2007, recebi uma carta
da Congregação para a Doutrina da Fé, de 28 de abril de
2008, que apresenta o seguinte parecer: "A resposta e as
argumentações contidas na obra de S. Exa. Dom Rifan são
doutrinariamente válidas e concordes com o Magistério da
igreja ... A obra parece também adequada para os fiéis que
a lerem sem preconceito ".



     3.8 - Ministério fora do território
           da Diocese de Campos
   Nesses 10 anos, além da conservação da forma antiga
do Rito Romano em nossa Administração Apostólica, mui-
tas outras dioceses aqui no Brasil têm adotado a mesma
forma litúrgica, através de nossos padres ou por influência
nossa. Nossos sacerdotes atendem, com a Santa Missa e
demais ministérios, com o uso de ordens conferido pelo
Bispo local, os fiéis das onze Arquidioceses e Dioceses aci-
ma enumeradas. Nosso Seminário serve também de centro
para essa expansão.

    E, tudo ficou mais fácil, depois do Motu Proprio Summo-
 rum Pontificum de S. S. Bento XVI, em 7 de julho de 2007.

    o Cardeal Dom Darío Castrillón Hoyos, em seu dis-
 curso na Assembleia da V Conferência do CELAM, em
 Aparecida, em 16 de maio de 2007, em referência a nossa
 Administração Apostólica e a sua influência na decisão do
 Papa ao promulgar o Motu Proprio, influência que se deveu
 às boas relações entre a Diocese de Campos e nós, recorda
 os bons frutos que estas relações produziram depois do nos-
 so reconhecimento canônico. Estas foram as palavras do
 Cardeal: "... os fiéis que se inscreveram na Administração
 Apostólica estão contentes de poder viver em paz em suas
 comunidades paroquiais. E mais ainda, algumas dioceses
 do Brasil estabeleceram contatos com a Administração
Apostólica de Campos, a qual colocou à sua disposição sa-
cerdotes para o cuidado pastoral dos fiéis tradicionalistas
de suas igrejas locais. O projeto do Santo Padre já foi par-
cialmente experimentado em Campos, onde a coexistência
pacifica das duas formas do único rito romano da Igreja é
uma bela realidade. Esperamos que este modelo também
produza bons frutos em outros lugares da Igreja, em que
convivem fiéis católicos com diferentes sensibilidades li-
túrgicas. E esperamos ademais que esta convivência atraia
também aqueles tradicionalistas que ainda estão longe".

   A nossa Administração    Apostólica,   em parceria com
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
                                             SÃO JOÃO MARIA VIANNEY




   ~e-[J>WílÍCfUia   de       outras   dioceses,
                              promovido pelo Brasil
                                                   tem


Santa efwta e S ã~ JJuãift,    "Encontros Summorum
                              Pontificum",    para in-
                              centivar e ensinar aos
         Uadeu                sacerdotes a Missa na
                              forma extraordinária. O
                              primeiro encontro foi na
                              Diocese de Garanhuns,
                              em 2010, o segundo na
                              Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 2011, e o terceiro será
                              na Arquidiocese de Salvador, Bahia, de 14 a 18 de setem-
                              bro próximos, com um dia aberto aos leigos. Estamos pre-
                              parando também cursos práticos de latim litúrgico.

                                   Temos recebido muitas cartas de congratulações de Bis-
                              pos e de sacerdotes de outras dioceses. Gostaria de salien-
                               tar uma, de um sacerdote amigo de outra diocese que expri-
                               m com sinceridade sua gratidão: "Uno-me à V. Exa. Rev.

--                             e ao clero e fieis para agradecer e bendizer a Deus pelos
                               dez anos de criação da Administração Apostólica Pessoal
                               São João Maria Vianney. Recordo-me daquele já distante
                               2002. Tive a notícia pela televisão. Quase não acreditei e,
                               depois, confirmando a veracidade da notícia, que grande
                              felicidade! Uma década depois essafelicidade é maior por
                               ver quanto bem Deus tem feito através dessa abençoada
                               Administração Apostólica. Quantas coisas podemos-ver e
                               quantas outras - creio que mais numerosas - que só Deus
                               sabe! Por tudo isso: bendito seja Deus! Digo, com gran-
                               de alegria, do bem imenso que o contato com o seu clero
                               e fieis faz ao meu ministério sacerdotal. E agradecendo
                               a Deus eu agradeço também à V. Exa. Rev.... Obrigado
                              pelo seu ministério episcopal que atinge também a nos 'qu«
                               não somos da Administração, mas estamos estreitamente
                               unidos pelo único sacerdócio. Ad multas annos! Peço sua
                                bênção e recomendo-me às suas orações, Pe. Luiz Antônio
                               Reis Costa - Arquidiocese de Mariana/MG".



                                  3.9 - Apoio do Santo Padre, o Papa
                                 Na minha última Visita ad Limina, visita oficial do Bis-
                              po ao Papa, em setembro de 2010, quando fui "conferir o
                              meu evangelho com Pedro" (cf. Gil, 18; 2,2), pude ouvir
10 ANOS    QE GRAÇAS:
             GRATIDÃO,     REFLEXÃO E MISSÃO



o elogio e receber o apoio do Santo Padre Bento XVI à
nossa Administração Apostólica e ao nosso modo de agir
e nos conduzir. O Papa se mostrou muito contente de que
a situação entre a Administração Apostólica, a Diocese de
Campos e os outros Bispos esteja em paz. E eu lhe disse:
 "Santo Padre, em paz e em comunhão ", ao que ele respon-
deu: "Isso é muito importante! ". É o que importa e nos
consola: nosso modo de pensar e agir conferido com Pedro
e apoiado por ele. Por isso também nos apoiam de toda
parte inúmeros amigos, católicos corretos e seguidores da
verdadeira Tradição.

   Por tudo isso, damos muitas graças a Deus e pedimos a
Ele nos dê zelo, perseverança e amor nessa missão em prol
das almas e da Santa Igreja.

   E agradecemos muitíssimo a todos os que colaboraram,
colaboram e colaborarão com essa obra da Igreja, nossa
Administração Apostólica e seu ministério, com suas ora-
ções e seu apoio. Deus lhes pague!




                    11 - REFLEXÃO

    1. Fidelidade à graça da comunhão
     A grande graça que recebemos de estar na plena comu-
 nhão da Igreja deve ser cuidadosamente cultivada por nós,
 evitando tudo o que possa nos desviar dela. O critério de
 verdade adotado por nós, como deve ser para todo católico,
 é o Magistério vivo da Igreja. "Se alguém se separa dos
 Pastores, que velam por manter viva a Tradição apostó-
 lica, é a ligação com Cristo que se encontra irreparavel-
 mente comprometida" (Congregação para a Doutrina da
 Fé, Instrução Donum Veritatis). A doutrina da infalibilida-
 de pontificia "significa, exatamente, que no cristianismo,
 na fé católica em todo caso, há uma última instância que
 decide. Significa que o Papa tem autoridade para decidir,
 com caráter vinculante, nas questões essenciais, e que nós,
 definitivamente, podemos ter a certeza de que a herança
 de Cristo foi interpretada corretamente" (Joseph Ratzin-
 ger, "La sal de Ia tierra, quién es y como piensa Benedicto
 XVI", Ediciones Palabra, Madrid, 10a ed., pág 195).



 2.Profissão de Fé - Adesão ao Magistério
    Por isso, recordamos aqui a nossa Profissão de Fé, que faze-
 mosem circunstâncias especiais, na qual, além do Credo, profes-
 samosnossa completa adesão ao Magistério da Igreja, ou seja:

    2.1 - Creio também firmemente em tudo o que está con-
 tido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida pela tra-
 dição, e é proposto pela Igreja, de forma solene ou pelo
 magistério ordinário e universal, para ser acreditado como
ADMINISTRAÇÃO     ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



divinamente revelado.
    Portanto, com assentimento pleno e irrevogável de fé
teologal baseado na' autoridade da Palavra de Deus (fé di-
vina e católica), creio nas doutrinas contidas na Palavra de
Deus escrita e transmitida, definidas com um juízo sole-
ne como verdades divinamente reveladas ou pelo Romano
Pontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dos
Bispos reunidos em Concílio, ou então infalivelmente pro-
postas pelo Magistério ordinário e universal para se crerem
(doutrinas de fide credenda).

    Assim, com essa fé, eu creio, por exemplo, em todos os
artigos de fé do Credo, em todos os dogmas cristo lógicos e
marianos, na instituição dos Sacramentos por Jesus Cristo
e na sua eficácia em termos de graça, na presença real e
substancial de Cristo na Eucaristia e na natureza sacrifical
da celebração eucarística, na fundação da Igreja por von-
tade de Cristo, no primado e na infalibilidade do Romano
Pontífice, na existência do pecado original, na imortalida-
de da alma espiritual e na retribuição imediata depois da
morte, na ausência de erros nos textos sagrados inspirados
e na doutrina da grave imoralidade do assassínio direto e
voluntário de um ser humano inocente.

   Estou ciente de que se obstinadamente pusesse em dú-
vida essas doutrinas ou as negasse, cairia na censura de.
heresia, como afirmado pelos correspondentes cânones do
Direito Canônico.

   2.2 - De igual modo aceito firmemente e guardo tudo o
que, acerca da doutrina da fé e dos costumes, é proposto de
modo definitivo pela mesma igreja.
                                                       . ..
    Por isso, com assentimento pleno e irrevogável, baseá-
do na fé na assistência do Espírito Santo ao Magistério e na
doutrina católica da infalibilidade do mesmo Magistério,
creio nas verdades relacionadas com o campo dogmático
ou moral, que são necessárias para guardar e expor fiel-
mente o depósito da fé - mesmo que não sejam propostas
pelo Magistério da Igreja como formalmente reveladas -,
quer tenham sido definidas de forma solene pelo Romano
Pontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dos
Bispos reunidos em Concílio, quer tenham sido infalivel-
mente ensinadas pelo Magistério ordinário e universal da
Igreja de modo definitivo (doutrinas de fide tenenda).

    Deste modo, com este assentimento pleno e irrevogável,
aceito as verdades propostas de modo definitivo pelo Magis-
tério, sejam verdades que têm conexão necessária com a re-
velação por necessidade ou consequência lógica, como, por
exemplo, a doutrina da ordenação sacerdotal reservada ex-
clusivamente aos homens, a iliceidade da eutanásia, da pros-
tituição e da fornicação, sejam verdades em conexão com
a revelação em virtude de uma relação histórica, como, por
exemplo, a legitimidade da eleição do Sumo Pontífice, a legi-
timidade da celebração de um Concílio ecurnênico, as cano-
nizações dos santos (fatos dogmáticos) e a invalidade das or-
10 ANOS DE GRAÇAS:
             GRATiDÃO,    REFLEXÃO E MiSSÃO



denações anglicanas, assim declaradas pelo Papa Leão XIII.
    Estou ciente de que, se as negasse, assumiria uma atitu-
de de recusa de verdades da doutrina católica e, portanto,
já não estaria em plena comunhão com a Igreja Católica.

    2.3 - Adiro ainda, com religioso obséquio da vontade e
da inteligência, aos ensinamentos que o Romano Pontífice
ou o Colégio Episcopal propõem quando exercem o magis-
tério autêntico, ainda que não entendam proclamá-los com
um ato definitivo.

   Assim, na medida em que o exigem esses ensinamentos
da Igreja, embora não tenham sido definidos com um juízo
solene nem propostos como definitivos pelo Magistério or-
dinário e universal, dou minha adesão - com religiosa sub-
missão da vontade e da inteligência, não somente exterior
e disciplinar, mas na lógica e sob o estímulo da obediência
da fé - a todas as doutrinas em matéria de fé ou moral apre-
sentadas pelo Magistério como verdadeiras e seguras, pois
sei que a vontade de submissão leal a este ensinamento do
Magistério em matéria em si não irreformável, deve ser a
regra. E, ademais, acolho todas as intervenções e julga-
mentos de caráter prudencial provenientes do Magistério
da Igreja.

     Assim, com religiosa submissão da vontade e da in-
 teligência, dou minha adesão à doutrina social oficial da
 Igreja, aos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica
 promulgado pelo Papa João Paulo lI, à doutrina e às leis
 do Código de Direito Canônico, promulgado pelo mesmo
 Papa, às encíclicas, exortações apostólicas e demais ensi-
 namentos do Magistério atual da Igreja, segundo o valor de
 cada documento, incluindo os decretos das Congregações
 Romanas aprovados pelo Papa.

    Por isso, rejeito as proposições contrárias a tais doutri-
 nas, pois seriam errôneas, ou, tratando-se de ensinamentos
 de caráter prudencial, temerárias ou perigosas e, por conse-
 guinte, seguramente não podem ser ensinadas.

     2.4 - Professo, pois, de modo firmíssimo, o que foi in-
 falivelmente definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano I:
 que a Sé de Pedro permanece imune de todo erro e que a
 verdade e a Fé nunca faltarão na Cátedra de Pedro e de seus
 sucessores.

    "Porque não foi prometido o Espírito Santo aos suces-
sores de Pedra para que, por Revelação Sua, manifestassem
uma nova doutrina, mas para que, com Sua Assistência,
guardassem santamente e expusessem fielmente a Revela-
ção transmitida pelos Apóstolos, isto é, o Depósito da Fé.
E certamente essa doutrina apostólica todos os Santos Pa-
dres a abraçaram e os Santos Doutores de reta doutrina a
veneraram e seguiram, sabendo perfeitamente que esta Sé
de São Pedra permanece imune de todo erro, segundo a pro-
messa de Nosso Divino Salvador feita ao Príncipe de Seus
Apóstolos: 'Eu roguei por ti, para que tua Fé não desfaleça;
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



e tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos' (Lc 22,32) ".
"Pois este carisma da verdade e da fé, que nunca falta, foi
conferido a Pedro ea seus sucessores nesta cátedra ... "

   Por isso, rejeito toda e qualquer afirmação que pretenda
ver nos ensinamentos da Santa Sé proposições contrárias
àquilo que a Igreja já definiu.

     Reitero, portanto, minha humilde submissão à Hierar-
 quia e ao Magistério da Igreja, coerente com o que nos en-
 sina o Papa Pio XII: "A norma próxima e universal da ver-
 dade" é o "Magistério da Igreja ", "visto que a ele confiou
 Nosso Senhor Jesus Cristo a guarda, a defesa e a interpre-
 tação do depósito da Fé, ou seja, das Sagradas Escrituras
 e da Tradição divina ", pois "o Divino Redentor não con-
fiou a interpretação autêntica desse Depósito a cada um
 dos fiéis, nem mesmo aos teólogos, mas exclusivamente ao
 Magistério da Igreja" (Enc. Humani Generis).

    Ademais, reconheço os Bispos como os arautos da fé
que para Deus conduzem novos discípulos, como doutores
autênticos, dotados da autoridade de Cristo, que pregam
ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na
vida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e ti-
rando do tesouro da Revelação coisas novas e antigas (cfr.
Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os
erros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ve-
nero, pois, os Bispos como testemunhas da verdade divina
e católica, quando ensinam em comunhão com o Romano
Pontífice, conformando-me ao parecer que o meu Bispo
emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes,
aderindo a ele com religioso acatamento.
                                                      . -."
                                                        •   •••   oo




             3. A clara posição
    da nossa Administração Apostólica
    o Santo Padre, o Papa Bento XVI, na sua Carta aos
Bispos anexa ao Motu Proprio Summorum Pontificum,
tranquilizava os Bispos dizendo-lhes que com a liberação
universal da Missa dita de São Pio V, que ele fazia nesse
Motu Proprio, "não tem fundamento o temor de que seja
aqui afetada a autoridade do Concílio Vaticano 11 e que
uma das suas decisões essenciais - a reforma litúrgica -
seja posta em dúvida "; ademais, "não me parece realmen-
te fundado o temor de que uma possibilidade mais ampla
do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a
divisões nas comunidades paroquiais ".

    Nessa mesma carta, o Santo Padre afirma: "Obviamen-
te, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das
Comunidades que aderem ao uso antigo, não podem, em
linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos
livros. De fato, não seria coerente com o reconhecimento
do valor e da santidade do rito a exclusão total do mesmo ".

    No que nos diz respeito, essa orientação do Santo Padre
10 ANOS DI; GRAÇAS:
            GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO



deve ser perfeitamente acatada e seguida.
   Assim, em carta de 13 de março de 2009, que enviei ao
Santo Padre Bento XVI, em sinal de comunhão, agradeci-
mento e resposta a essa sua Carta aos Bispos que acompa-
nha o Motu Proprio Summorum Pontificum, escrevi:

    "... Por causa dos atuais problemas e circunstâncias,
por fidelidade a esse Magistério da Igreja, declaramos re-
conhecer o Concílio Vaticano 11 como um dos Concílios
Ecumênicos da Igreja Católica, aceitando dócil e sincera-
mente, com religiosa submissão de espírito, seus ensina-
mentos (ou seja, a doutrina "compreendida à luz da santa
Tradição e referida ao perene Magistério da própria Igreja"
- S. S. João Paulo lI, Alocução ao Sacro Colégio, 5 novo
 1979), tal como nos transmite a Igreja, como dotados da
autoridade do magistério ordinário supremo e autêntico".

   "Por isso, rejeitamos o chamado "pernicioso espírito
do Concilio", ou o seu "antiesplrito ", e toda hermenêutica
da descontinuidade e da ruptura e adotamos, com Vossa
Santidade, a hermenêutica da reforma ou renovação na
continuidade ".

   "Declaramos, igualmente, o nosso pleno reconheci-
mento do Magistério de Vossa Santidade e de todos os seus
antecessores, especialmente dos Papas Beato João XXIII,
Paulo VI, João Paulo I e João Paulo 11".

   "Quanto à Liturgia, em nossa Administração Apostóli-
ca Pessoal São João Maria Vianney, por privilégio conce-
dido por esta Sé Apostólica, nós conservamos com amor de
predileção o rito romano da Missa na sua forma extraor-
dinária, como uma das riquezas litúrgicas católicas, pela
qual exprimimos o nosso amor pela Santa Igreja e nossa
comunhão com ela".

    "Declaramos, porém, que, como Vossa Santidade nos
ensina, para viver a plena comunhão da Igreja, não excluí-
mos, em linha de princípio, a celebração segundo os novos
livros litúrgicos promulgados pelo Magistério da Igreja,
pois a exclusão total do novo rito não seria coerente com
o reconhecimento do valor e da santidade dele, que nós
reconhecemos ".

     "Reconhecemos, portanto, que o Missal Romano, esta-
belecido pelo Sumo Pontifice Paulo VI para a Igreja uni-
versal, foi promulgado pela legítima suma autoridade da
Santa Sé, a quem compete na Igreja o direito da legislação
litúrgica, e que é, por isso mesmo e em si mesmo, legítimo
e católico ".

    "Evidentemente, rejeitamos todas as "ambigüidades,
liberdades, criatividades, adaptações, reduções e instru-
mentalizações" (SS João Paulo 11, enc. Ecclesia de Eu-
charistia, nn 10, 52, 61), enfim, todos os usos abusivos do
Missal promulgado por S S Paulo VI, especialmente os
mencionados na Instrução Redemptionis Sacramentum".
ADMINISTRAÇÃO       ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY




                   Ill - A MISSÃO

    Nossa especial missão na Igreja é, em sua plena co-
munhão, sermos fiéis à doutrina católica a nós transmitida
pelo Magistério, conservarmos, tal como nos concedeu a
Santa Sé, a Liturgia na forma extraordinária, como uma
das riquezas da Igreja, empenharmo-nos pela santificação
do nosso clero e dos fiéis, pelo cultivo da nossa vida espiri-
tual, e pela evangelização e catequese das crianças, jovens
e adultos, com grande espírito missionário.

   Tomemos, para nossa reflexão, exame de consciência,
programa de vida, diretriz e modelo de nossa ação, o exem-
plo dos primeiros cristãos, como nos descrevem os Atos
dos Apóstolos:

    "Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas
reuniões em comum, na fração do pão e nas orações ... to-
dos os fiéis viviam unidos ... unidos de coração, frequen-
tavam todos os dias o templo ... cativando a simpatia de
todo o povo. e o senhor cada dia lhes ajuntava outros, que
estavam a caminho da salvação" (At 2, 42-47). "A multi-
dão dos fiéis era um só coração e uma só alma ... não havia
necessitados entre eles" (At 4, 32, 34).

         Ou seja, os primeiros cristãos perseveravam:·

   1) Na doutrina dos Apóstolos,
   2) Na frequência à Santa Missa (fração do pão),
   3) Nas orações em comum e individuais,
   4) Viviam unidos, em comunhão (koinonia):
                                                ...
        a) Um só coração e uma só alma;          ....
        b) Não havia necessitados entre eles;
   5) Tinham espírito missionário: seu número aumen-
tava. Conquistavam a simpatia de todos.

    À luz desse exemplo dos primeiros cristãos, vamos tra-
çar as diretrizes para a ação e missão de todos os pertencen-
tes à nossa Administração Apostólica, normas que deverão
ser lidas, examinadas e observadas, em nossas Assem-
bleias, reuniões paroquiais, durante este ano e os seguintes.



          1. INSTITUCIONAL - GERAL

                     1.1 - O Bispo

                               A reforma da nossa Adminis-
                           tração Apostólica deve começar
                           de cima, em primeiro lugar do
                           Bispo e dele, pelo exemplo, se
                           difundir pelos sacerdotes e fiéis.

                              "O Bispo diocesano, lem-
                           brando que está obrigado a dar
1.0 ANOS   D~ GRAÇAS:
             GRATIDÃO,     REFLEXÃO E MISSÃO



 exemplo de santidade na caridade, na humildade e na sim-
plicidade de vida, empenhe-se em promover, com todos
 os meios, a santidade dos fiéis, de acordo com a vocação
própria de cada um e, sendo o principal dispensador dos
 mistérios de Deus, se esforce continuamente para que os
fiéis confiados a seus cuidados cresçam na graça mediante
 a celebração dos sacramentos, e conheçam e vivam o mis-
 tério pascal" (cânon 387).

     "No desempenho do seu múnus de pastor, o Bispo dio-
cesano se mostre solícito com todos osfiéis confiados a seus
cuidados ..., preocupando-se apostolicamente com aqueles
que, por sua condição de vida, não possam usufruir sufi-
cientemente o cuidado pastoral ordinário, e com aqueles
que se afastaram da prática religiosa" (cânon 383) - "O
Bispo diocesano dedique especial solicitude aos presbíte-
 ros, a quem deve ouvir como auxiliares e conselheiros, de-
fender-Ihes os direitos e cuidar que cumpram devidamente
 as ob~igações próprias de seu estado ... "(cânon 384).

     Como a santidade do Bispo interessa a todos, peço as
 orações e o apoio de todos os padres e fiéis para minha san-
 tificação e o cumprimento do meu múnus episcopal: "Stet
 et pascat ... ": "que ele fique firme e apascente, na vossa
fortaleza, Senhor, na sublimidade do vosso nome".



                        1.2 - O Clero
     Como colaboradores do Bispo, compartilhando, portan-
 to, com o seu múnus, os sacerdotes devem compartilhar
 também com o mesmo dever de santidade.
     O povo de Deus espera a santidade dos nossos padres.
 Só assim eles serão realmente "ministros de Cristo e dis-
 pensadores dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1).

   "Em seu modo de viver, os clérigos são obrigados por
peculiar razão a procurar a santidade, já que, consagra-
dos a Deus por novo título na recepção da ordem, são dis-
pensadores dos mistérios de Deus a serviço do povo ... "




 (cânon 276, §l e 2).
           1.2 - Vocações Sacerdotais
     "O Administrador Apostólico, com a aprovação da Santa
 Sé, poderá ter seu próprio Seminário, para que sejam prepa-
ADMINISTRAÇÃO      ApOSTÓLICA
               SÃO JOÃO MARIA VIANNEY



rados candidatos
ao presbiterato,
aos quais pode-
rá conferir as
Ordens Sacras ".
(l)ecreto Purrima-
rum bonum VII
§ 1)
   Exorto, pois, a
todos, sacerdotes, religiosos e fiéis em geral, especialmente
as famílias, que se empenhem pelas Vocações Sacerdotais
em nossas Paróquias e Colégios. Que se façam continua-
mente orações, principalmente a Adoração ao Santíssimo,
pelas Vocações Sacerdotais. Que se promovam palestras e
conferências nas Paróquias e Colégios sobre esse tema. Que
os nossos acólitos e coroinhas sejam sempre lembrados da
sublimidade da Vocação Sacerdotal. Que nossas famílias, por
sua vida realmente católica, sejam um berço propício para o
surgimento de vocações. Que a nossa Pastoral Vocacional,
cujo centro está em nosso Seminário, seja partilhada por to-
dos.

    Lembro também a grande necessidade da ajuda material
ao nosso Seminário. Promovam-se campanhas de mantimen-
tos e doações em todas as Paróquias, Colégios, Entidades e
Associações. O Seminário é o coração da nossa Administra-
ção Apostólica. O zelo por ele deve nos inflamar: a todos.



           1.4 - Vocações Religiosas
    "O Administrador Apostólico, com a aprovação dàSgn.-
ta Sé, poderá constituir na Administração institutos de :vida
consagrada e sociedades de vida apostólica e promover
simultaneamente os candidatos a eles pertencentes às or-
dens, segundo as normas do direito comum". (id. VII § 2)

    Nós ternos Institutos de Vida Consagrada e várias As-
sociações Públicas de Fiéis, além dos vocacionados e con-
sagrados que vivem no mundo. A grande pergunta é: eles
estão florescentes, ou estão estagnados, sobretudo no que
diz respeito ao fervor, disciplina e afluência de vocações?
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney
Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012
Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012
Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012Adriano de Paula
 
Boletim Informativo - maio 2012
Boletim Informativo - maio 2012Boletim Informativo - maio 2012
Boletim Informativo - maio 2012PNS Aparecida
 
Jornal santa bernadette edição 35 revisado
Jornal santa bernadette edição 35   revisadoJornal santa bernadette edição 35   revisado
Jornal santa bernadette edição 35 revisadoIvani Coutinho
 
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37Ivani Coutinho
 
55 ecovida 2016 final
55 ecovida 2016 final55 ecovida 2016 final
55 ecovida 2016 finalLada vitorino
 
Calendário da Forma Extraordinária 2012
Calendário da Forma Extraordinária 2012Calendário da Forma Extraordinária 2012
Calendário da Forma Extraordinária 2012Francisco Ferreira
 
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTESJORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTESFrancisco Ferreira
 
ISCA JUNHO - 2011
ISCA JUNHO - 2011ISCA JUNHO - 2011
ISCA JUNHO - 2011teatinos
 
ECOVIDA Nov/Dezembro2016
ECOVIDA Nov/Dezembro2016ECOVIDA Nov/Dezembro2016
ECOVIDA Nov/Dezembro2016Lada vitorino
 
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - ProgramaçãoAdriano de Paula
 
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Leandro Couto
 
Contact dezembro 2010
Contact dezembro 2010Contact dezembro 2010
Contact dezembro 2010Leutherio
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por partenyllolucas
 

Mais procurados (20)

Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012
Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012
Informativo Paroquial Vinde e Adoremos - Abril-2012
 
Boletim Informativo - maio 2012
Boletim Informativo - maio 2012Boletim Informativo - maio 2012
Boletim Informativo - maio 2012
 
Jornal santa bernadette edição 35 revisado
Jornal santa bernadette edição 35   revisadoJornal santa bernadette edição 35   revisado
Jornal santa bernadette edição 35 revisado
 
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37
Jornal Bernadette de Lourdes - edição 37
 
Missa parte por parte
Missa parte por parteMissa parte por parte
Missa parte por parte
 
55 ecovida 2016 final
55 ecovida 2016 final55 ecovida 2016 final
55 ecovida 2016 final
 
Calendário da Forma Extraordinária 2012
Calendário da Forma Extraordinária 2012Calendário da Forma Extraordinária 2012
Calendário da Forma Extraordinária 2012
 
A santa missa
A santa missaA santa missa
A santa missa
 
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTESJORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
 
ISCA JUNHO - 2011
ISCA JUNHO - 2011ISCA JUNHO - 2011
ISCA JUNHO - 2011
 
ECOVIDA Nov/Dezembro2016
ECOVIDA Nov/Dezembro2016ECOVIDA Nov/Dezembro2016
ECOVIDA Nov/Dezembro2016
 
ECOVIDA
ECOVIDAECOVIDA
ECOVIDA
 
27 05-2012
27 05-201227 05-2012
27 05-2012
 
01-01
01-0101-01
01-01
 
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação
73º Semana Eucarística - Paróquia São Benedito - Programação
 
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
 
Contact dezembro 2010
Contact dezembro 2010Contact dezembro 2010
Contact dezembro 2010
 
Pág 3
Pág 3Pág 3
Pág 3
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por parte
 
Catecismo da santa missa
Catecismo da santa missaCatecismo da santa missa
Catecismo da santa missa
 

Semelhante a Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney

Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos Bispos
Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos BisposCarta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos Bispos
Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos BisposDiocese Araçatuba
 
Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010Fernando Chapeiro
 
Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010jesmioma
 
Divina Liturgia de São João Crisóstomo
Divina Liturgia de São João CrisóstomoDivina Liturgia de São João Crisóstomo
Divina Liturgia de São João CrisóstomoMarco Antônio Pensak
 
Discurso do Papa Bento XVI em palermo
Discurso do Papa Bento XVI em palermoDiscurso do Papa Bento XVI em palermo
Discurso do Papa Bento XVI em palermoGleison Servo
 
Discurso do papa bento xvi em palermo
Discurso do papa bento xvi em palermoDiscurso do papa bento xvi em palermo
Discurso do papa bento xvi em palermoGleison Servo
 
Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010jesmioma
 
Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010Fernando Chapeiro
 
Livreto CEBs - Comunidade: Igreja de todos e para todos
Livreto CEBs  - Comunidade:  Igreja de todos e para todosLivreto CEBs  - Comunidade:  Igreja de todos e para todos
Livreto CEBs - Comunidade: Igreja de todos e para todosBernadetecebs .
 
Preparaçao 1ª comunhao 2011
Preparaçao 1ª comunhao 2011Preparaçao 1ª comunhao 2011
Preparaçao 1ª comunhao 2011Paroquia Cucujaes
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por partenyllolucas
 
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)Jornal Santuário de Aparecida
 
A caminho jun jul 2012 2
A caminho jun jul 2012 2A caminho jun jul 2012 2
A caminho jun jul 2012 2gerardofreitas
 
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...Adriano de Paula
 
Livro de peregrinações 2023.pdf
Livro de peregrinações 2023.pdfLivro de peregrinações 2023.pdf
Livro de peregrinações 2023.pdfNuno Melo
 

Semelhante a Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney (20)

Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos Bispos
Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos BisposCarta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos Bispos
Carta Enviado ao Papa Bento XVI por ocasião da 50ª AG dos Bispos
 
Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010
 
Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010Voz da Paróquia - Novembro 2010
Voz da Paróquia - Novembro 2010
 
430
430430
430
 
Divina Liturgia de São João Crisóstomo
Divina Liturgia de São João CrisóstomoDivina Liturgia de São João Crisóstomo
Divina Liturgia de São João Crisóstomo
 
Discurso do Papa Bento XVI em palermo
Discurso do Papa Bento XVI em palermoDiscurso do Papa Bento XVI em palermo
Discurso do Papa Bento XVI em palermo
 
Discurso do papa bento xvi em palermo
Discurso do papa bento xvi em palermoDiscurso do papa bento xvi em palermo
Discurso do papa bento xvi em palermo
 
Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010
 
Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010Voz da Paróquia - Outubro 2010
Voz da Paróquia - Outubro 2010
 
Livreto CEBs - Comunidade: Igreja de todos e para todos
Livreto CEBs  - Comunidade:  Igreja de todos e para todosLivreto CEBs  - Comunidade:  Igreja de todos e para todos
Livreto CEBs - Comunidade: Igreja de todos e para todos
 
Preparaçao 1ª comunhao 2011
Preparaçao 1ª comunhao 2011Preparaçao 1ª comunhao 2011
Preparaçao 1ª comunhao 2011
 
Informativo 04 de junho 2017
Informativo 04 de junho 2017Informativo 04 de junho 2017
Informativo 04 de junho 2017
 
405
405405
405
 
427 abril
427 abril427 abril
427 abril
 
QUERIGMA
QUERIGMAQUERIGMA
QUERIGMA
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por parte
 
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)
Mensagem aos Presbíteros do Brasil – “Santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9)
 
A caminho jun jul 2012 2
A caminho jun jul 2012 2A caminho jun jul 2012 2
A caminho jun jul 2012 2
 
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...
Pe. Jackson Frota,sss - Reflexão sobre documento "A eucaristia comunhão com c...
 
Livro de peregrinações 2023.pdf
Livro de peregrinações 2023.pdfLivro de peregrinações 2023.pdf
Livro de peregrinações 2023.pdf
 

Os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney

  • 1. (CJillS.1f~ MmllliNL JP @J@J])o D o ~_~ ~@rr@ ~ ~ [@~ ~ ~~~@~l11I~~ '&.IZ"lIL.ILM' "'fI.~ W--.-..tL.OL ....,. 1O anes de (jJtaÇa ((~, ~ e JJtU,~oo"
  • 2. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA 2 SÃO JOÃO MARIA VIANNEY Carta do Papa Bento XVI congratulando-se com os 10 anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney Excelentíssimo e Reverendíssimo 1lBOM jf ERNANDO ~RÊAS lL,IFAN Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney Informado de que no dia 18 de agosto de 2012 a Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney estará comemorando o seu primeiro decênio de criação, inspirada pelo lema dessa ocorrência jubilar 4<10anos de graças: gratidão, reflexão e missão", Sua Santidade o Papa Bento XVI deseja associar-se ao jubiloso canto de ação de graças recordando com especial gratidão a Deus todos os sacerdotes e fiéis leigos dessa Administração que se dedicam à edificação do Corpo Místico de. Cristo, na fidelidade ao Sucessor de Pedro, na certeza de que a Igreja é o «edifício espiritual ... ... construí do sobre Cristo como pedra angular e, n~ sua dimensão terrena e histórica, sobre a rocha de Pedro» (Bento XVI, Homilia de 29/VI/2012). A fim de que se produza sempre o fruto almejado de uma fecunda evangelização nessa porção do Povo de Deus confiada aos cuidados pastorais de Vossa Excelência, o Sucessor de Pedro implora do Altíssimo graças especiais de intenso fervor espiritual e de autêntica renovação ec1esial sobre as paróquias, suas iniciativas pastorais e obras de aposto lado e em sinal de Sua paterna benevolência e como prova de íntima participação nas solenidades, de todo o coração o Santo Padre concede a todos uma especial Bênção Apostólica. Vaticano, 15 de julho de 2012. ffi Angelo Becciu Substituto da Secretaria de Estado de Sua Santidade
  • 3. 3 Dom Fernando Arêas Rifan Bispo Titular de Cedamusa Administrador Apostólico Carta a toral Aos sacerdotes e fiéis da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney sobre os dez anos da Administração Apostólica Pe oal São João Maria Vianney 10 anos de graça: ..... ....... "Gratidão, Reflexão e Missão" "Misericordias Domini, in aeternum cantabo." "Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor" (Salmo 88, 2)
  • 4. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY J fl'ieja 8>"incipa~ 'éla adtninÍ6 tsação. ap 0-6 Wlic:a Caríssimos colaboradores e amados filhos, Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe, Maria Santíssima! A todos desejo muita paz espiritual, com a alegria de serem filhos da Santa Igreja e a tranquilidade de consciência por estarem na sua plena comunhão, e que recebam muitas graças e bênçãos de Deus, sob a proteção de Maria Santíssima, a Mãe da Igreja. Neste ano de 2012, celebramos com muito júbilo os dez anos da nossa querida Administração Apostólica e os dez anos da minha Ordenação Episcopal. Esco- lhemos humildemente para a celebração deste evento como tema: "J O anos de graças: gratidão, reflexão e missão" e, como lema, a frase do salmo 88, 2: "Mise- ricordias Domini in aeternum cantabo " - "Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor". ,. ." Escrevo-lhes com o coração cheio de regozijo, pe- dindo a todos que se unam à minha oração de ação de graças, às minhas reflexões sobre essa grande mercê a nós concedida pela Igreja e sobre a missão que ela nos deu. Oração Ó Deus, que corrigis os erros, unis os que andam dispersos e conservais os que estão unidos, infundi com bondade sobre o povo cristão, nós vos pedimos, a graça da vossa união, a fim de que, rejeitadas as divi- sões e unindo-se ao verdadeiro Pastor da vossa Igreja, possa servir-vos dignamente. Por Cristo, Nosso Se- nhor. Amém. (Oração da Missa "pro Ecclesiae unitate")
  • 5. 10 ANOS DI; GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO I - Gratidão 1. Recordando a nossa história passada Para compreendermos melhor tão grande misericórdia de Deus e da Igreja para conosco, que estamos agradecen- do, vamos recordar um pouco da nossa história. A grande alegria que agora temos, de estarmos na plena comunhão da Igreja e sermos reconhecidos como católicos, foi prece- dida de tristes antecedentes. Mas Deus soube nos conduzir e, como sempre, tirar do mal um grande bem. Graças a Deus! Tivemos acertos e erros: é preciso corrigir os erros e conservar os acertos. "Haec olim meminisse juvabit!" - Será oportuno recor- dar essas coisas. "Vamos contar à geração seguinte as glórias do Senhor, o seu poder e os prodigios que operou" (Salmo 78, 4). 1. Fatos antecedentes: considerações 1.1 - Crise mundial civil e religiosa Na segunda metade do século XX, fruto de várias ide- ologias, mudanças comportamentais e também reflexo das duas guerras mundiais, grande crise cultural e civilizacional se instalou no mundo contemporâneo, com repercussões na área religiosa. Assim, antes, durante e principalmente depois do Concílio Vaticano lI, como em outros períodos da sua história, grande crise instalou-se também na Igreja, com apostas ias em grande escala de padres e religiosos, dessacralização da liturgia, laicização do clero, diminuição de vocações, esvaziamento dos seminários, mundanização, ecumenismo irenista, sincretismo religioso, etc. Como dis- se o Papa João Paulo II sobre esse período: "...foram espa- lhadas a mãos cheias ideias contrárias à verdade revelada e sempre ensinada; propagaram-se verdadeiras heresias nos campos dogmático e moral... também a Liturgia foi violada" (Discurso no Congresso das Missões, 6/2/1981) Com relação ao período pó~éílio Vaticano lI, o Papa Bento XVI, fazendo uma analogia, lembrou o co- mentário de São Basílio que descreveu o que aconteceu após o Concílio de Nicéia, comparando aquele período a uma batalha naval na escuridão da tempestade, onde 'o grito rouco daqueles que, pela discórdia, se levantam uns contra os outros, os palavreados incompreensíveis e o ru- ido confuso dos clamores ininterruptos já enche- ram quase toda a Igreja, falsificando, por excesso ou por defeito, a reta dou- trina da fé ... ' (De Spiritu Sancto, XXX, 77; PG 32, 213 A; Sch 17 bis, pág. 524)" (Bento XVI, dis- curso à Cúria Romana, 22 de dezembro de 2005).
  • 6. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY 1.2 - Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos Em 1948, foi nomeado bispo de Campos Dom Antônio de Castro Mayer, professor, doutor em Teo- logia, formado pela Universidade Gregoriana de Roma, muito fiel ao Magistério da Igreja. Dom Antônio, através dos seus sermões, artigos e sobretudo brilhantes Cartas Pasto- rais, alertava continuamente seus padres e diocesanos contra os erros atuais, já condenados pela Igreja, que se infiltravam por toda a parte. E nesse espírito de fidelidade à Igreja e sua disciplina Dom Antônio formava seus padres. Além do seu exemplo pessoal de uma vida santa, somos-lhe gra- tíssimos pela formação católica que nos legou. Dom Antônio participou do Concílio Vaticano 11, de 1962 a 1965, e assinou, junto com o Papa Paulo VI e os Bispos conciliares, a promulgação dos seus documentos. Durante e após o Concílio, Dom Antônio procurou dar aos padres e fiéis a legítima interpretação do "aggiornamen- to" desejado pelo Papa João XXIII, advertindo contra os que, aproveitando-se do Concílio, procuravam fazer re- viver na Igreja o modernismo e seu conjunto de heresias, caracterizando o que foi denunciado pelo Papa Paulo VI como a "autodemolição da Igreja". Escreveu então três Cartas Pastorais sobre a correta interpretação do Concílio: Carta Pastoral sobre os Documentos conciliares: sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) e instrumen-, tos de comunicação social (Inter mirifica), em 8/12/1953; Instrução Pastoral sobre a Igreja (Lumen gentium), onde explica bem a colegialidade, em 2/3/1965; Carta Pastoral Considerações a propósito da aplicação dos Documentos promulgados pelo Concílio Ecumênico Vaticano Il, após o término do Concílio, em 19/3/1966. 1.3 - A Reforma Litúrgica pós Conciliar Após o Concílio, aconteceu a reforma na Liturgia, de- sejada por todos, como preconizara a Sacrossanctum Con- cilium. Mas, assim como o Concílio Vaticano II, a Refor- ma Litúrgica dele provinda, tendo ocorrido num período conturbado de grande crise na Igreja, serviu de ocasião e pretexto para grandes abusos e erros, cometidos e propa- gados em seu nome. Os abusos e erros foram tantos que levaram muitos a confundi-Ios com o próprio Concílio e com a Reforma Litúrgica enquanto tais, como se essa fosse a sua verdadeira aplicação e interpretação. Já o Papa Paulo VI lamentava: "Em matéria litúrgica, as próprias Conferências Episcopais vão às vezes, por sua Capela em construção
  • 7. lO-ANOS DE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO própria conta, além dos justos limites. Acontece igualmen- te que sefazem experiências arbitrárias ou que se introdu- zam ritos que estão em oposição flagrante com as regras estabelecidas pela Igreja" (Discurso de S.S. Paulo VI na XI Plenária do Consilium, 14 de outubro de 1968). o Cardeal Antonelli, membro da Comissão Pontificia para a Reforma Litúrgica, confessa que a reforma estava sendo feita por "pessoas ... avançadas nas trilhas das novidades ..., sem nenhum amor e nenhuma veneração por aquilo que nosfoi transmitido" (Il CardoFerdinando Antonelli e gli sviluppi delia riforma liturgi- ca dai 1948 ai 1970 - Studia Anselmiana - Roma - 1998). Nesse clima, muitos preferiram conservar a liturgia na sua forma antiga. O mesmo fez, por questão de consciên- cia, Dom Antônio de Castro Mayer. Ademais, no seu Motu Proprio Summorum Pontificum, de 7 de julho de 2007, no qual libera oficialmente o uso do Missal Romano promulgado por São Pio V para toda a Igreja, o Papa Bento XVI afirma: "...Por isso é lícito cele- brar o Sacrificio da Missa segundo a edição típica do Mis- sal Romano promulgado pelo beato João XXIII em 1962, que não foi ab-rogado nunca, como forma extraordinária da Liturgia da Igreja". E na Carta aos Bispos que acompa- nha o Motu Proprio, ele reforça que "este Missal (de São Pio V) nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequente- mente, em princípio, sempre continuou permitido". Nessa presunção de direito, Dom Antônio de Castro Mayer conservou também na Diocese de Campos a forma litúrgica antiga do Rito Romano. Observe-se, porém, que, no tempo do episcopado de Dom Antônio, que preferia e celebrava a Missa no rito an- tigo, no período de 1969 (quando foi promulgada a Nova Missa) até 1981 (quando Dom Antônio se tomou emérito), havia na diocese de Campos paróquias e Igrejas onde se ce- lebrava a Missa de São Pio V ao lado de paróquias e Igrejas onde se celebrava a Missa de Paulo VI, com a permissão do Bispo Diocesano, que conservou, e chegou mesmo a no- mear párocos, sacerdotes que só celebravam no novo rito. Sem negar as vantagens da Reforma Litúrgica, existem muitas razões de se conservar a forma antiga, razões ecle- siais históricas, teológicas, litúrgicas, espirituais e estéti- cas. O então Cardeal Ratzinger, hoje nosso Papa Bento XVI, assim confessava: "Se bem que haja numerosos moti- vos que possam ter levado um grande número de fiéis a en- contrar refúgio na liturgia tradicional, o mais importante dentre eles é que eles aí encontram preservada a dignidade do sagrado" (Conferência aos Bispos chilenos, Santiago, 13/7/ 1988). O mesmo Cardeal Ratzinger escreveu que, quando foi promulgado o novo Ordo, "ficou consternado com a proibição do antigo missal, pois isso nunca se tinha visto em toda a história da liturgia ... O decreto de interdição
  • 8. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY do missal que se tinha desenvolvido no curso dos séculos, deste o tempo dos sacramentários da antiga Igreja, signifi- cou uma ruptura na história da liturgia, cujas consequên- cias só poderiam ser trágicas" (Joseph Ratzinger, La mia vita, Edizioni San Paolo, pág. 111 e 112). E ele acrescen- tava: "A meu ver, devia-se deixar seguir o rito antigo com muito mais generosidade àqueles que o desejam. Não se compreende o que nele possa ser perigoso ou inaceitável. Uma comunidade põe a si mesma em xeque quando decla- ra como estritamente proibido o que até então tinha tido como mais sagrado e o mais elevado, e quando considera, por assim dizer, impróprio o desejo dessa coisa ... Infeliz- mente, entre nós, a tolerância de experiências aventureiras é quase ilimitada; contudo, a tolerância da liturgia antiga é praticamente inexistente. Desse modo, está-se certamen- te no caminho errado" (Cardeal Joseph Ratzinger, O Sal da Terra, Imago, pág. 141-142). 1.4 - Dom Carlos Alberto Navarro, Bispo de Campos Na Diocese de Campos, com a chegada do novo Bispo, Dom Carlos Alberto Navarro, sucessor imediato de Dom Antônio de Castro Mayer, a situação anterior mudou, pois o novo Bispo, por decreto, proibiu a Missa na forma antiga. Seu decreto, assina- do em 25 de agosto de 1982, apenas nove meses após sua posse ocorrida em 15 de novembro de 1981, orde- ...... nava "a partir de 25 de outubro de .. ' 1982, o uso EXCLUSIVO (as maiúsculas são do texto' do decreto) dos Livros Litúrgicos aprovados pela Sé Apostóli- ca, e em vigor na Igreja Latina, jazendo-se especial men- ção da Constituição Apostólica do Santo Padre Paulo VI, de três de abril de 1969, que promulga o Missal Romano restaurado ... ". Com a ameaça: "Se algum presbítero ousar desobedecer a quanto se prescreve neste Decreto, o que esperamos não aconteça, fica desde já canonicamente ad- vertido de que seremos obrigados a dar cumprimento aos Sagrados Cânones, com especial menção dos cc. 2331 §§ 1 e 2 e/ou 2337 (censuras e penas canônicas, que vão até à retirada das dignidades e cargos) ". Essa proibição, que constemou no seu tempo ao Cardeal Ratzinger, acima citado, entristeceu e abalou também mui- tos padres e fiéis na Diocese de Campos. E, como o Cardeal Ratzinger também disse, as consequências seriam trágicas. Como esses padres, alegando questão de consciência, continuaram a celebrar na forma antiga, o Bispo cumpriu a ameaça, retirando-os das paróquias. Esses padres formaram a União Sacerdotal São João Maria Vianney. Considerando-se em estado de necessida-
  • 9. 1Q ANOS D~ GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO de, continuaram atendendo o povo, numa situação canoni- camente anormal e mesmo irregular, com grande risco de se formar um cisma. 1.5- Afirmaçõeseatitudesequivocadas Nessa difícil situação na qual sofremos perseguições e injúrias, houve também da nossa parte comportamentos e afirmações dissonantes das normas e ensino da Igreja, das quais já nos penitenciamos e que corrigimos. Tais exageros e atitudes erradas com relação ao Magistério e à hierarquia da Igreja infelizmente serviram para aumentar a separação entre nós e a autoridade diocesana, provocando suas pe- nas canônicas e destituições. Essas afirmações e atitudes, - estávamos em outras circunstâncias e em outro contexto diferente do atual -, devemos examiná-Ias e retificá-Ias à luz do Magistério perene e vivo da Igreja, que é o critério de verdade, ortodoxia e comportamento para o católico. Se hoje, comparada com as anteriores, mudamos alguma atitude nossa, foi para nos adequarmos às orientações do Magistério. Alguns podem erroneamente pensar que o que foi feito, dito ou vivido num período de exceção e irregu- laridade seja o ideal e o normal para um católico. Não! O normal para todo católico é viver de acordo com o Ma- gistério vivo da Igreja, unido e submisso à sua hierarquia. Não se pode apelar para aqueles antigos comportamentos ou afirmações dissonantes do Magistério, como argumento de terem sido adotados antes, como se tais atitudes ou afir- mações fossem os únicos critérios de verdade, infalíveis e nunca passíveis de correção e melhor expressão. Quantos santos, mesmo doutores da Igreja, não erraram em doutrina e em comportamento! Por isso, nos ensina Santo Tomás de Aquino que "devemos nos apoiar, antes, na autoridade da Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro doutor" (Summa Theologica, lI-lI, q. 10, a. 12). A maioria desses erros era cometida não pela falta de reta intenção, mas pela má direção nos ataques, porque hoje continuamos a combater esses erros, agora, porém, na dire- ção correta. É preciso sempre ajustar a prática aos princípios que defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja, é necessário respeitá-Ias como tais, sem jamais, ao atacar os erros, desprestigiá-las. Os princípios, a adesão às verdades da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja continuam os mesmos. O que se deve evitar são as generali-
  • 10. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY zações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. Mui- tas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pres- são dos ataques dos opositores, mesmo com reta intenção podem-se cometer erros e exageros que, após um período de maior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. Erros po- dem ser compreendidos e explicados, mas não justificados. 1.6 - Explicando essas atitudes Mas, verdade seja dita, no maior período da crise, muitos enganos nossos de julgamento foram provocados por afirma- ções e ações erradas que víamos difundidas por quase toda a Igreja, muitas das quais, infelizmente, continuam. Assim, se, por um lado, nós confessamos que houve exagero e má direção nas críticas feitas ao Concílio Vaticano II e ao Novo Ordo da Missa, devemos, por outro, admitir que isso acon- teceu não só por causa do clima apaixonado e polêmico da época, mas também, sobretudo, devido ao ostracismo brutal e à perseguição da qual a antiga liturgia foi vítima e dos abu- sos cometidos em nome do Concílio, o que levava a muitos a atribuí-los equivocadamente ao próprio Magistério da Igreja. Ademais, a questão é mais profunda do que parece: ela atinge também dogmas da nossa fé. A Missa na forma anti- ga, dita de São Pio V, é fruto do Concílio de Trento e é uma clara expressão dos dogmas eucarísticos, especialmente sobre o Santo Sacrificio da Missa, tão bem formulados nesse grande concílio que condenou os erros protestantes. Daí se segue que o ódio sistemático contra a Missa na for- ma antiga suscitou uma reação, que alguns podem julgar exagerada, mas que foi motivada por razões de fé. . .. Alusivas a isso, citamos as sérias e impressionantes pa~ lavras do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Con- gregação para a Doutrina da Fé. Após citar uma análise de Stephan Orth, que constata que "hoje muitos católicos ratificam eles mes- mos o veredicto e as conclusões de Martinho Lutero, para quem falar de sacrificio é 'o maior e mais espantoso horror' e uma 'maldita impiedade' ", comentava o então Cardeal Joseph Ratzinger: "Um grupo considerável de liturgistas católicos parece ter praticamente chegado à conclusão de que Lutero, ao invés de Trento, estava substancialmente certo no debate do século XVI... Alguém pode observar bem a mesma posição nas discus- sões pós-conciliares sobre sacerdócio. É só neste fundo de desqualificação prática de Trento, que se pode entender a exasperação da luta contra a possibilidade de celebrar ainda, depois da reforma litúrgica, a Missa de acordo com o Missal de 1962 ... A possibilidade de tal celebração cons- titui a mais forte, e, por conseguinte, a mais intolerável contradição da opinião daqueles que acreditam que a fé na Eucaristia formulada por Trento perdeu seu valor. .. ".
  • 11. 10 ANOS DE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO "A gravidade destas teorias vem do fato que frequente- mente elas passam imediatamente para a prática. A tese, segundo a qual é a comunidade que é como talo sujeito da Liturgia, serve como uma autorização para manipular a Liturgia de acordo com o entendimento de cada um. As pretensas novas descobertas e as formas que as seguem, são difundidas com uma rapidez surpreendente e com uma obediência a tais modas que há muito não existe com rela- ção às normas da autoridade eclesiástica. Teorias, na área da Liturgia, se transformam hoje muito rapidamente em prática, e a prática, por sua vez, cria ou destrói modos de se comportar e pensar... Trento não cometeu um engano, apoiou-se no fundamento sólido da Tradição da Igreja. Ele continua a ser um critério fidedigno ". 1.7 - Ordenações episcopais de Dom MareeI Lefebvre Nesse tempo de confusão doutrinária e de perseguição à Missa na forma antiga e aos católicos que a conservavam, víamos as ordenações sacerdotais e episcopais ilícitas feitas por Dom Marcel Lefebvre como algo necessário, devido à crise, um caso de necessidade. Por isso as julgávamos lícitas e as apoiamos. Na mesma linha de pensamento, com a in- tenção declarada de não querer fazer qualquer cisma ou diocese paralela, solicitamos aos Bispos da Fratemidade São Pio X que sagrassem Bispo, sem juris- dição, apenas com o poder de Ordem para atender aos fiéis da linha tradicional, um dos nossos padres, Mons. Licínio Rangel (1991). Depois, estudamos melhor os documentos do Magisté- rio, especialmente a Encíclica Ad Apostolorum Principis, de Pio XII, o Motu Proprio Ecclesia Dei Adflicta de João Paulo TI e especialmente a "Nota Explicativa sobre a exco- munhão por cisma em que incorrem os que aderem ao mo- vimento do Bispo Marcel Lefebvre" do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, de 24 de agosto de 1996 (mas da qual só tomamos conhecimento no ano de 2001), sobre a interpretação autêntica desse Motu Proprio Ecclesia Dei. Nesta "Nota Explicativa ", sobre o "estado de necessidade no qual Mons. Lefebvre pensava se encontrar", se explica que "deve-se ter presente que tal estado deve verificar-se objetivamente, e que não se dá jamais uma necessidade de ordenar Bispos contra a vontade do Romano Pontífice, Cabeça do Colégio dos Bispos. Isto de fato significaria a possibilidade de 'servir' a Igreja mediante um atentado contra a sua unidade em matéria conexa com os próprios fundamentos desta unidade ". Então chegamos à conclusão que não se poderia jamais ter tomado aquela atitude, que realmente seria contra a
  • 12. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY doutrina e a Tradição da Igreja e se constituiu em um ato cismático. 1.8 - Situação insuportável para a consciência católica Além disso, a falta de comunhão com a Igreja hierár- quica incomodava cada vez mais a nossa consciência de católicos. Impressionavam-nos as palavras de Santo Agos- tinho: "Ninguém pode encontrar salvação a não ser na Igreja Católica. Fora da Igreja, pode se ter tudo, menos a salvação. Pode-se ter honra, pode se ter sacramentos, pode-se cantar Aleluia, pode-se responder Amém, pode-se ter fé no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e pregar isso também, mas nunca se pode, exceto na Igre- ja Católica, encontrar salvação, " (Sermo ad Caesariensis Ecclesiae plebem). Porque, não bastava ter a Missa, por mais bem celebra- da que fosse, na forma ritual de São Pio V, sem estar na ple- na comunhão com a Igreja hierárquica. O Papa João Paulo II nos ensina isso na sua encíclica Ecclesia de Eucharis- tia (n. 35), falando da comunhão visível com a hierarquia: "Somente neste contexto, tem lugar a celebração legítima da Eucaristia e a autêntica participação nela". A recordação de outros ensinamentos do Magistério e dos santos começaram também a tomar patente a irregula- ridade da nossa situação: O Concílio Vaticano I definiu que o Papa é o "perpé- tuo princípio e fundamento visível da unidade da Igreja" (Denz-Schõn 3051); de maneira que "guardada a unidade de comunhão e de fi? com o Romano Pontífice, a Igreja} •€f. . Cristo seja um só rebanho sob um só pastor supremo. Esta é a doutrina da verdade católica, da qual ninguém pode se desviar, sem perda da fé e da salvação" (Pastor Aetemus, Denz-Shõn 3060). Santo Tomás de Aquino: "São chamados cismáticos aqueles que se recusam a se submeter ao Sumo Pontífice e aqueles que se recusam a viver em comunhão com os membros da Igreja, a ele sujeitos" (2a-2ae, q. 39, art. 1). Papa Pio IX, na Encíclica Etsi multa: "Os próprios ele- mentos da doutrina católica ensinam que ninguém pode ser considerado como bispo legítimo, se não estiver unido pela comunhão da fé e da caridade com a pedra sobre a qual Jesus Cristo edificou a sua Igreja". São Pio X: "O primeiro e maior critério da fé, a regra suprema e inquebrantável da ortodoxia é a obediência ao magistério sempre vivo e infalível da Igreja, estabelecido por Cristo columna et firmamentum veritatis, a coluna e o sustento da verdade. " (Alocução "C um Vera Soddisfazio- ne", 10/5/1 909). Dom Antônio de Castro Mayer nos ensinara: "O Papa é
  • 13. 10 ANOS DE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLÉXÃO E MiSSÃO o chefe da Igreja e, como tal, o sinal e a causa da unidade visivel da sociedade sobrenatural, internamente dirigida e vivificada pelo Espírito Santo" (Instrução Pastoral sobre a Igreja, 2/3/1965, capo li). E, ele, já durante o pontificado de S. S. João Paulo li, havia nos orientado: "Assim, como fiéis católicos, nas nossas relações com o Papa devemos nos conduzir por um vivo espirito de Fé. E ver no Papa sempre o Vigário de Cristo na terra, cujas palavras, no exercicio de seu múnus, devem ser tomadas como palavras do mesmo Senhor. Por isso, ao Papa devemos respeito, ve- neração e dócil obediência, evitando todo espirito de cri- tica destrutiva. É preciso que nosso procedimento reflita a convicção de nossa Fé que nos aponta no Papa o Vigário do próprio Jesus Cristo" (Veritas, abril- -maio/ 1980). Por isso, Dom Licínio Rangel, o pri- meiro Bispo da nossa Administração Apostólica, íntimo amigo e confidente de Dom Antônio, pôde dizer, em entre- vista à revista internacional "30 Dias": "Foi o nosso amor a Roma e ao Papa, nosso senso católico, fruto da formação que recebemos de Dom Antônio de Castro Mayer, que nos levou a sempre desejar a união com a Hierarquia da Santa Igreja. Sempre tivemos consciência de que a nossa posição de resistência pró Tradição, e consequente situação de exceção, deveria ser circunstancial, temporária e restrita a assuntos preci- sos, originários de pontos agudos da crise ... sem nenhu- ma intenção de cisma. Prova disso é que, após a morte de Dom Antônio de Castro Mayer, quando há dez anos recebi o episcopado, de emergência e de suplência para os fiéis da linha tradicional, declarei que esperava que as circuns- tâncias haveriam de mudar e então eu entregaria ao Papa o meu episcopado para que ele dispusesse como ele dese- jasse. Nada, portanto, de ruptura com a Igreja. Assim sem- pre ansiamos por uma regularização e reconhecimento. A oportunidade apareceu após a nossa peregrinação a Roma pelo Jubileu do ano 2000, quando o Santo Padre nomeou o Cardeal Daria Castrillón Hóyos para, em seu nome, iniciar as conversações em vista de nossa regularização. As conversações aconteceram durante todo o ano 2001 e, graças a Deus, chegaram a um bom termo, com nosso ple- no reconhecimento canônico no seio da Santa Igreja". 1.9 - Esclarecimentos do Magistério Nesse período, de 1981 a 2001, muitos documentos emitidos pelo Magistério vieram dissipar dúvidas e inda- gações dos católicos, trazidas pela crise conciliar e pós- -conciliar. Assim, por exemplo, a promulgação do Código de Direito Canônico em 1983; o Catecismo da Igreja Cató- lica em 1992 e 1997; a Carta ApostólicaAd Tuendam Fi- dem com a nova fórmula da Profissão de Fé do Beato Papa João Paulo II em 1998; a Declaração "Dominus Iesus" da Congregação para a Doutrina da Fé no ano 2000; a Notifi-
  • 14. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY cação da Congregação para a Doutrina da Fé a propósito do :fwtÓ-lJUia livro do Pe. Jacques Dupuis, S.J. "Para uma teologia cristã do pluralismo religioso", de 24 de janeiro de 200 1; a Nota fle S. ~ldãO- ~ela doutrinal sobre alguns escritos do R.P. Marciano Vidal, C.SS.R. de 22 e fevereiro de 2001; a Instrução "Liturgiam Autenticam" da Congregação para o Culto Divino em 28 de março de 2001, entre muitos outros. Esses documentos nos fizeram como que recuperar a confiança que sempre deveríamos ter na Santa Sé, como guarda da ortodoxia. 1.10 - Espírito de Fé Enfim, realmente o que nos conduziu à plena comu- nhão foi um crescimento na fé e na confiança nas promes- sas do Divino Salvador de sua assistência contínua à sua Igreja e na indefectibilidade que ele lhe prometeu, fé e con- fiança às vezes abaladas pelas crises. Além disso, impressionava-nos também ver como al- guns dos que antes compartilhavam conosco a mesma po- sição, por caírem no radicalismo, perderam completamente a confiança na Igreja, e até apostataram completamente da fé católica, caindo no cisma formal e na heresia. Eles pen- savam guardar a tradição, mas fora da Igreja hierárquica. Sua queda também nos serviu de alerta de como a nossa situação poderia nos levar à ruina. A situação anômala, pois, em que nos encontrávamos na Igreja muito nos preocupava e não poderia durar inde- finidamente. Todos ansiavam para que tudo voltasse ao normal. Mas não sabíamos como resolver o impasse de conservarmos nossa posição doutrinária e litúrgica, )i.~Q concordando com os erros atuais e abusos e, ao mesmo tempo, sermos inseridos na plena comunhão, reconhecidos pela Hierarquia da Igreja. Nós não sabíamos, mas Deus sa- bia. E tudo dispôs na sua infinita sabedoria e misericórdia. 2. A solução 2.1 - Nossa petição ao Papa No Jubileu do ano 2000, os padres da "União Sacerdo- tal São João Maria Vianney" participaram da peregrinação do Ano Santo em Roma. A partir de então, o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, prefeito da Congregação para o Clero e da Pontificia Co- missão Eccesia Dei, com a aprovação e a bênção do Santo Padre o Papa João Paulo lI, começou as conversações em vista de uma regularização jurídica da situação dos assim chamados padres e fiéis da Tradição. A Santa Sé propôs então uma reconciliação aos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney.
  • 15. 10 !,NOS DE ~RAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO A proposta da Santa Sé foi largamente discutida por Dom Licínio com todos os padres, antigos e novos, em vá- rias reuniões, durante cerca de um ano. As tratativas com a Santa Sé duraram de janeiro a dezembro de 200l. Os pa- dres fizeram um retiro de cinco dias, refletiram bastante, discutiram, estudaram as propostas em conjunto e em par- ticular, tiveram tempo de meditar e opinar, e chegaram à conclusão favorável ao entendimento com a Santa Sé e ao necessário reconhecimento. Na ocasião, já era Bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Gomes Gui- marães, ordenado sacerdote por Dom Antônio de Castro Mayer e que tinha sido meu professor no Seminário. So- mos muitíssimo gratos a ele pelo apoio que deu à nossa reconciliação. Por ele também nossas orações de gratidão nes- sa comemoração dos nossos dez anos. Em 15 de agosto de 2001, escrevemos uma carta ao Papa, da qual fui portador em 11 de setembro de 2001. Dia 22 de setembro, na hora do almoço, o Cardeal Castrillón leu a nossa carta ao Papa, que chorou de emoção. Para nós, era o começo do outro lado da história. Nesta carta, dizíamos: "Beatissimo Padre, humildemente prostrados aos pés de Vossa Santidade, nós, Sacerdotes da União Sacerdotal São João Maria Vianney, da Diocese de Campos ..., pedi- mos vênia para formular ao Vigário de Cristo o nosso pe- dido e manifestar-lhe a nossa gratidão. Não temos nenhum título para Lhe apresentar: somos os últimos sacerdotes do seu presbitério. Não possuímos nem distinções, nem qua- lidades, nem méritos. A nossa condição, honrosa, aliás, de ser ovelha desse rebanho basta para atrair a atenção de Vossa Santidade. O único título que, pela graça de Deus, ostentamos com brio é o de católicos apostólicos romanos. E em nome dessa nossa Fé católica apostólica roma- na temos nos esforçado por guardar a Sagrada Tradição doutrinária e litúrgica que a Santa Igreja nos legou e, na Capela de Nossa Senhora do Porto - Morro do Coco medida das nossas fracas forças e amparados pela gra- ça de Deus, resistir ao que o seu predecessor de egrégia memória, o Papa Paulo VI, chamou de 'autodemolição da Igreja', esperando desse modo estar prestando o melhor serviço à Vossa Santidade e à Igreja. Beatissimo Padre, embora sempre nos tenhamos con- siderado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamais tivemos a intenção de nos separar, contudo devido à situa- ção da Igreja e a problemas que afetaram os católicos da linha tradicional, que são do conhecimento de Vossa San- tidade e cremos, enchem o seu coração e o nosso de dor e angústia, fomos considerados juridicamente à margem da Igreja. É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reco-
  • 16. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY nhecidos como católicos. E, vindo ao encontro desse nosso desejo, Vossa Santi- dade encarregou Sua Eminência o Sr. Cardeal Dado Cas- trillón Hoyos, Dignissimo Prefeito da Sagrada Congrega- ção para o Clero, de proceder ao reconhecimento jurídico da nossa posição de católicos na Igreja. Como somos gratos por isso a Vossa Santidade! Queremos, oficialmente, colaborar com Vossa Santida- de na propagação da Fé e da Doutrina Católica, no zelo pela honra da Santa Igreja - 'Signum levatum in nationes ' - e no combate aos erros e heresias que tentam destruir a Barca de Pedro, inutilmente porque 'as portas do inferno não prevalecerão contra Ela '. Nas augustas mãos de Vossa Santidade, depomos a nos- sa Profissão de Fé Católica, professando perfeita comu- nhão com a Cátedra de Pedro, de quem Vossa Santidade é legitimo sucessor, reconhecendo o seu Primado e governo sobre a Igreja universal, pastores efiéis, e declarando que, por nada neste mundo, queremos nos dissociar da Pedra, sobre a qual Jesus Cristo fundou a sua Igreja. E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da ver- dade católica, cometemos algum erro ou causamos algum desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção te- nha sido sempre servir à Santa Igreja, humildemente supli- camos o seu paternal perdão. Renovando os mais profundos sentimentos de venera- ção para com a augusta Pessoa do Vigário de Jesus Cristo na terra e suplicando, para nós e para o nosso ministério, o precioso beneficio da Bênção apostólica, somos de Vossa Santidade, filhos humildes e obedientes ". 2.2 - A resposta acolhedora do Papa A resposta afirmativa e acolhedora do Papa veio no dia 25 de dezembro de 2001, na Carta Autógrafa "Ecclesiae unitas ': "Foi com a maior alegria que recebemos a vossa car- ta..., com a qual a inteira União (Sacerdotal) renovou a própria profissão de fé católica , decla- rando plena comunhão com a Cátedra de Pedro ... Damos graças ao Senhor, Uno e Trino, por tão boas dispo- sições! Em vista dessas considera- ções e para a maior glória de
  • 17. 10 ANOS DE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO Deus, o bem da Santa Igreja e aquela lei suprema que é a salus animarum, acolhendo com afeto o vosso pedido de ser recebidos na plena comunhão da Igreja Católica, reco- nhecemos canonicamente a vossa pertença a ela". o Papa nos assegura então que nos dará um "documen- to legislativo que estabelecerá a forma jurídica de reco- nhecimento da vossa realidade eclesial, para assegurar o respeito de vossas características peculiares". "Nesse documento", nos garante o Papa, "a União será erigida canonicamente como Administração Apostólica de caráter pessoal, diretamente dependente desta Sé Apos- tólica ... " E continua: "Será confirmada à Administração Apostólica a faculdade de celebrar a Eucaristia e a Litur- gia das Horas conforme o Rito Romano e a disciplina litúr- gica codificadas pelo nosso predecessor São Pio V, com as adaptações introduzidas pelos seus sucessores até o Beato João )(XIII... ". Beato João Paulo 11, agora no Céu, rogai por nós! 2.3-Final feliz: começa uma nova história, "cum Petro et sub Petro" A efetivação dessa vontade do Papa deu-se em 18 de janeiro de 2002, quando o Cardeal Dom Darío Castrillón Hoyos, então Prefeito da Congregação para o Clero, veio a Campos e executou o Decreto "Animarum Bonum" da Congregação para os Bispos, da mesma data, erigindo ca- nonicamente, por ordem de S. S. o Papa Beato João Pau- 10 11,a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. O Papa transformava assim a união sacerdotal em Ad- ministração Apostólica, para regularizar aquela situação anômala e conservar na plena comunhão da Igreja esses sacerdotes (eram 25) e fiéis ligados às formas litúrgicas e disciplinares anteriores do Rito Romano. Ele mesmo assim o declarou: "Neste tempo forte do vosso ministério epis- copal, que é a visita ad limina, é para mim uma grande alegria acolher a vós que tendes o encargo pastoral da igreja na Região Leste i do Brasil, da qual fazem parte as
  • 18. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEV dioceses do estado do Rio de Janeiro e a 'União São João Maria Vianney ', que eu quis constituir em Campos como Administração Apostólica Pessoal" (Discurso do S. Padre o Papa João Paulo II aos bispos do Regional Leste 1, na visita ad limina, 5 de setembro de 2002). Graças a Deus, então, a história de momentos tristes ter- minou com um final feliz, com a criação da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, que devolveu aos "padres de Campos" a faculdade de ter paróquias e o privilégio de conservarem a Missa na forma antiga. Guar- damos assim a mesma tradição litúrgica e disciplinar da Santa Igreja, mas cum Petro et sub Petro. Página virada, outra história começava. Os sacerdotes presentes com Dom Licínio Rangel, no momento da criação da Administração Apostólica eram os seguintes: Mons. Emanuel José Possidente; Mons. José Moacir Pessanha; Mons. Henrique Conrado Fischer; Mons. Eduardo Athayde; Pe. Femando Arêas Rifan; Pe. Élcio Murucci; Pe. José Gualandi; Pe. Jonas dos Santos Lisboa; Pe. José Onofre Martins de Abreu; Pe. José Renal- do de Menezes; Pe. Geraldo Gualandi; Pe. Alfredo Gualan- di; Pe. José Paulo Vieira; Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa; Pe. José Edílson de Lima; Pe. José de Matos Barbosa; Pe. Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini; Pe. Claudiomar Silva Souza; Pe. Everaldo Bon Robert; Pe. José Geraldo Frei- tas da Silva Júnior; Pe. Marco Antônio Pinheiro Arêas; Pe. Alei de Andrade da Silva; Pe. José Carlos Gualandi D. Es- posti; Pe. Manoel Macedo de Farias; Pe. Rafael Lugão de Carvalho. E final mais feliz ainda: vindo de Roma, a primeira pes- soa a quem eu quis dar a grata notícia da solução do çáso foi Dom Carlos Alberto Navarro, que me deu um grande abraço fraterno de reconciliação e perdão. E, demonstrando uma profunda humildade, bondade e grandeza de alma não menor que sua fiel adesão ao Santo Pa- dre, Dom Carlos Alberto Navarro apoiou a criação da Administra- ção Apostólica, esteve presente ao nosso reconhecimento canôni- co e na minha Ordenação episco- pal, suplantando com a caridade cristã qualquer diferença passada havida entre nós. Nossa reconci- liação foi completa. Que ele receba no Céu a recompensa prometida aos misericordiosos. 2. A Administração Apostólica 1. O que é uma Administração Apostó- lica
  • 19. 10 ANOS D.E GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO A Administração Apostólica é uma circunscrição eclesi- ástica equiparada a uma Diocese (C.D.C. cânon 368), uma Igreja particular, uma porção do povo de Deus, cujo cui- dado pastoral é confiado a um Administrador Apostólico, que a governa em nome do Sumo Pontífice (cânon 371 §2). Sendo equiparada pelo Direito a uma Diocese, a Adminis- tração Apostólica possui tudo o que normalmente possui uma Diocese. A particularidade da nossa Administração Apostólica é de natureza pessoal, não territorial. Assim como o Ordi- nariato Militar, cuja jurisdição é sobre os militares e suas famílias, e as Exarquias do Rito Oriental, cuja jurisdição é sobre os fiéis do Rito Oriental, assim a jurisdição da nossa Administração Apostólica, embora circunscrita ao territó- rio da Diocese de Campos, é sobre os sacerdotes e fiéis da forma antiga do Rito Romano, tendo o poder de incardinar presbíteros e diáconos (cf. Decreto Animarum Bonum, VI) O poder do Bispo Administrador Apostólico é pessoal, isto é, sobre as pessoas que fazem parte da Administração Apostólica, ordinário, tanto no foro externo como interno, e cumulativo com o poder do Bispo Diocesano de Campos, uma vez que as pessoas que pertencem à Administração Apostólica são ao mesmo tempo fiéis da Igreja Particular de Campos (cf. Decreto Animarum Bonum, V). A nossa Administração Apostólica, equiparada pelo Di- reito às Dioceses imediatamente sujeitas à Santa Sé, está no Anuário Pontifício e no Anuário da Igreja do Brasil, per- tencente ao Regional Leste 1 e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 2. Grande graça A criação da Administração Apostólica pela Santa Sé, na pessoa do Papa João Paulo II, foi uma grande graça a nós concedida e a toda a Igreja. Uma "diocese pessoal", com sua cúria, seminário próprio, paróquias, Igrejas, sa- cerdotes, Institutos de vida consagrada (cerca de 100 re- ligiosas), catequistas e fiéis em geral, com o privilégio de ter como forma litúrgica própria a antiga forma do Rito Romano, a chamada Missa tradicional, com sua disciplina e costumes. Foi o modo como a Santa Sé resolveu a nossa situação, conservando nossas tradições e nos colocando na plena comunhão católica. 2.1 - Dom licínio Rangel O primeiro Bispo da nossa Administração Apostólica foi Dom Licínio Rangel, de saudosa memória, a quem tri- butamos imensa gratidão pela sua humildade, grande espí- rito de Fé e confiança na Igreja.
  • 20. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY De família humilde, nasci- do na zona rural do Município de Campos, em Ponta Grossa dos Fidalgos, Dom Licínio veio depois para a Cidade de Campos onde trabalhou no ramo de farmácia. Congre- gado Mariano, entrou para o Seminário menor diocesano de Campos, tendo cursado fi- losofia e teologia no Seminá- rio diocesano de Diamantina, MG. Sacerdote exemplar, a quem Dom Antônio dedicava particular amizade e confian- ça, humilde, zeloso e dedicado ao seu ministério, sempre foi muito querido por todos os sacerdotes. Depois do fale- cimento de Dom Antônio, aceitou ser ordenado Bispo, por uma questão de suplência, devido ao estado de necessidade em que nós nos encontrávamos e julgávamos exigir tal or- denação. Aceitou com humildade, nunca querendo exercer seu episcopado como se fosse um bispo diocesano com jurisdição, mas apenas como suplência, desejando que a situ- ação se resolvesse e ele pudesse. entregar seu cargo ao Papa .. Enfrentando objeções e ata- ques dos que tomavam nossa inserção na plena comunhão da Igreja Católica como prenúncio de defecção, ele, com sua retidão e visão sobrenatural, incentivõii ~ as conversações e assinou a nos- sa completa regularização. Que Deus lhe dê a recompensa eterna pelo grande bem que fez à Igreja. No dia da minha ordenação episcopal, ele me abraçou e balbuciou ao meu ouvido como que o seu nunc dimittis: "Graças a Deus!". 2.2 - Sucessão de Dom Licínio Na carta autografa "Ecclesiae unitas ", o Beato João Paulo II garantia a Dom Licínio: "O seu governo (da Ad- ministração Apostólica) lhe será confiado, Venerável Ir- mão, e será assegurada a sua sucessão ". Cumprindo sua palavra, em 28 de junho de 2002, o mes- mo Beato João Paulo II me escreve, nomeando-me Bispo coadjutor de Dom Licínio, com direito à sua sucessão: "Há pouco, o Venerável Irmão, Dom Licinio Rangel, Bispo Titu- lar de Zarna e Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no território de Campos, pediu, por não gozar de boa saúde, um coadjutor a esta Sé Apostólica par amais aptamente cuidar do bem
  • 21. .10 ANOS PE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO espiritual das almas a ele confiadas. Nós, que desempe- nhamos o gravissimo ministério de Sumo Pontífice, dese- jando atender ao pedido deste Bispo, te julgamos, amado filho, apto para exercer este oficio. Conforme conselho, portanto, da Congregação para os Bispos, com nosso po- der supremo, te nomeamos Coadjutor da Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no território de Campos, e ao mesmo tempo, te proclamamos Bispo Titular de Cedamusa, com todos os direitos atribuídos e obrigações impostas conexas com a dignidade episcopal e com tal oficio, segundo a norma do direito ... Mandamos, além disso, que faças cientes desta carta os fiéis da mes- ma Administração Apostólica: aos quais, caríssimos a nós, exortamos que te respeitem. Esforça-te, finalmente, di/eto filho, por trabalhares ali mesmo, estreitamente unido ao referido Venerável Bispo, usando principalmente a carida- de, paciente e benigna (cf. 1 Cor. 13, 4) e rainha de todas as virtudes. Que os dons do Espírito Paráclito, sob os aus- picios da Virgem Maria, te sustentem sempre". Por graça da Santa Sé, portanto, fui ordenado Bispo pelo Cardeal Dario Castrillón Hoyos, então prefeito da Congregação para o Clero, que havia sido o artífice da nos- sa reconciliação, em 18 de agosto de 2002, no esplendor da forma antiga do Rito Romano. A ele também nossa imor- redoura gratidão. A belíssima cerimônia contou com a ilustre presença do Cardeal Dom Eugênio Sales, de Dom Carlos Alberto Navar- ro, Dom Manoel Pestana Filho, Dom Licínio Rangel e Dom Alano Maria Penna, ambos consagrantes; Mons. Joaquim Ferreira Sobrinho, vigário geral da Diocese de Campos, re- presentando S. Exa. Dom Roberto Gomes Guimarães, que estava se recuperando de uma cirurgia cardíaca; centenas de sacerdotes vindos da Administração Apostólica, da Diocese de Campos e de várias partes do Brasil e do exterior, com o concurso de sete mil fiéis. Graças sejam dadas a Deus. Dom Licínio Rangel faleceu santamente em 16 de de- zembro de 2002, rezando o "Sub tuum praesidium" (De- baixo de vossa proteção ...), lema do seu episcopado. Que Deus lhe dê a eterna recompensa no Céu.
  • 22. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY Com o seu falecimento, tornei-me automaticamente, conforme a nomeação do Papa (cân, 409, § 1); o Bispo da nossa Administração Apostólica. 3. Dez anos de graças Nestes dez anos, quantas graças recebidas de Deus! Estarmos na plena comunhão da Igreja e conservamos, no bom espírito católico, as tradições litúrgicas e disciplinares que tanto amamos e pelas quais lutamos, foi e é uma imen- sa graça e misericórdia do Senhor. Durante estes dez anos, a vida nas paróquias tem con- tinuado fervorosa, graças ao zelo dos nossos sacerdotes. Além da vida paroquial, temos missões na zona rural, re- tiros espirituais, assistência aos doentes, catecismo para crianças, jovens e adultos, assistência aos pobres com di- versas obras sociais, catequese e atendimento às favelas, 2 orfanatos, 2 asilos para idosos, 15 escolas, com cerca de 200 professores e 3000 alunos. 3.1 - Graças aumentadas Após a criação canônica da nossa Administração Apos- tólica, pelo decreto Animarum Bonum da Congregação para os Bispos, de 18 de janeiro de 2002, recebemos, através da Congregação para o Clero, em 10 de julho de 2002, uma resposta da Congregação para o Culto Divino e a Discipli- na dos Sacramentos, declarando que "conforme a Carta Autógrafa Ecclesiae Unitas do S. P o Papa João Paulo 11e o Decreto Animarum Bonum, da Congregação para os Bis- pos, o rito litúrgico codificado por São Pio V.. tornou-se o rito próprio da Administração Apostólica, de maneira que todo sacerdote, legitimamente admitido à celebração 'bá~ . igrejas próprias da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, não necessita de ulterior autorização para usar o Missale Romanum na edição típica de 1962 ". Recebemos ademais da Congregação para o Culto Di- vino e Disciplina dos Sacramentos, em 14 de setembro de 2002, carta de aprovação do Calendário litúrgico próprio de nossa Administração Apostólica. Também, em 16 de novembro de 2002, recebemos da Congregação para o Clero, assinada pelo Cardeal Castrillón Hoyos e pelo sub-secretário Mons. Mauro Piacenza, hoje Cardeal Prefeito da mesma Congregação, após ter consul- tado outros Dicastérios da Cúria Romana, carta na qual se permite que sejam nomeados, pelos Bispos de outras Dio- ceses onde se encontram comunidades de fiéis ligados à precedente tradição litúrgica, sacerdotes da Administração Apostólica para assumir a cura pastoral de paróquias pes- soais, reitorias ou capelanias, que podem ser criadas pelo Bispo local, o que, segundo a carta, apresenta-se pastoral- mente muito oportuno. 3.2 - Homenagens merecidas
  • 23. 1Q ANOS D~ GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO Em 19 de março de 2003, por uma questão de grati- dão e justa homenagem, escrevi ao Santo Padre, o Papa João Paulo II, suplicando-lhe que nomeasse Capelães de Sua Santidade, com o título de Monsenhores, três dos sa- cerdotes da nossa Administração Apostólica, insignes pela idade, experiência e zelo apostólico demonstrado em muitos anos de tra- balho em prol da salvação das almas: Padre Emanuel José Possiden- te (+ R.I.P.), então Vigário Geral por mim escolhido e membro do Conse- lho de Governo da nossa Administra- ção Apostólica, professor e Diretor Espiritual do Seminário, piedoso, zeloso e querido por to- dos os sacerdotes e seminaristas, dos quais foi o formador. A ele minha especial homenagem de gratidão por lhe dever a minha vocação e ida para o Semi- nário. Padre José Moacir Pessanha, pároco da Paróquia pessoal de Nossa Senhora das Graças em Natividade, RJ, membro do Conselho de Gover- no da nossa Administração Apostóli- ca. Foi Reitor e professor do Semi- nário Diocesano. É zeloso pela Igreja e muito querido dos seus paroquianos e confrades. Foi o Reitor que me recebeu no Seminário, a quem devo o auxí- lio nos meus primeiros passos rumo ao sacerdócio. Padre Eduardo Athayde, atual pároco da Paróquia pessoal de Nos- sa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio em Santo Antônio de Pádua, RJ, membro do Conselho de Governo da nossa Administração Apostólica. Fundador do Instituto de Educação Santo Antônio e da Associação Nossa Senhora do Rosário de Fátima e do Monte Carmelo, zeloso e muito querido por seus paroquianos por sua retidão e seriedade de vida. Em 26 de outubro de 2007, fiz o mesmo pedido, agora ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, em favor do Pe. José de Matos Barbosa, a quem eu nomearia Vigário Geral, sucedendo a Mons. José Possidente, enfermo. Sa- cerdote muito estimado por todos os seus confrades, formado em Direito Canônico, ele é o nos- so atual Vigário Geral, presidente da Câmara Eclesiástica e Chanceler da Cúria, sucedendo a Mons. Henrique Conrado Fischer, a quem devemos especialmente louvor e gratidão.
  • 24. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEV -- o Santo Padre respondeu afirmativamente ao meu pe- dido e pude conceder a eles, com muita honra, o título de Monsenhores, Capelães de Sua Santidade. 3.3 - Foram para os braços do Pai Durante este período, faleceram pie- dosamente três eminentes sacerdotes da nossa Administração: Mons. Francisco Apoliano (+8/4/2005), zeloso vigário de Bom Jesus do Itabapoana, onde trabalhou por cerca de 40 anos, fundador do Abrigo dos Velhos José Lima, grande obra social e caritativa daquela cidade, e do Instituto lmaculado Cora- ção de Maria e São Miguel Arcanjo; Pe. José Paulo Vieira (2/11/2009), zeloso sucessor de Mons. Francisco, pároco da Paróquia do Senhor Bom Jesus Cruci- ficado e Imaculado Coração de Maria, construtor da grandiosa Igreja Matriz e inúmeras capelas, grande benfeitor do nosso Seminário e incansável cura de almas; Mons. Emanuel José Possi- dente (7/9/2011), grande expoente in- telectual do nosso clero, zeloso diretor espiritual e professor do nosso Semi- nário, sacerdote exemplar e dedicado, a quem deve a formação a maioria dos nossos padres. Por eles a nossa fervo- rosa oração: "Misericordioso Jesus, dai-lhes o descanso eterno ". . .. .. ' 3.4 - Função de governar: OrganizaçãodaAdministraçãoApostólica Como parte do dever episcopal de governar, Dom Li- cínio erigiu 11 paróquias; eu organizei a Cúria, o Conse- lho de Governo, o Conselho econômico e erigi mais uma paróquia, uma quase-paróquia e três reitorias. Atualmente temos 12 paróquias, uma quase-paróquia, e 4 reitorias, sendo ao todo 115 Igrejas, além de 12 comunidades em outras dioceses, atendidas por nossos padres. Fica assim organizada a Nossa Administração Apostólica: Cúria: Vigário Geral, Chanceler e presidente da Câmara Eclesiástica: Mons. José de Matos Barbosa Chanceler Emérito: Mons. Henrique Conrado Fischer. Notário da Cúria: Pe. José Ronaldo de Menezes. Penitenciário: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa Conselho de Governo: Mons. José de Matos Barbosa Mons. José Moacir Pessanha
  • 25. 10 ANOS D.E GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO Mons. Eduardo Athayde Pe. Jonas dos Santos Lisboa Pe. Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini Pe. Claudiomar Silva Souza, coordenador geral de Pas- toral. Conselho Econômico: Mons. José de Matos Barbosa, ecônomo Pe. Everaldo Bon Robert Sr. Amaro Francisco Fidélis, contabilista Sr. Arindal de Azevedo Zanon, comerciário. Sra. Luzia Aparecida Salvati Zanon, professora Srta. Maria Auxiliadora Cabral da Silva, adm. de em- presas, pedagoga e pós-graduada em gestão escolar. Seminário da Imaculada Conceição: Reitor: Pe. Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini Více-Reitor: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa Di~etor espiritual: Pe. Everaldo Bon Robert Paróquia do Imaculado Coração de Nossa Senhora do Rosário de Fátima - Campos Igreja Principal da Administração Apostólica (Matriz e 5 Igrejas) Pároco: Pe. Claudiomar Silva Souza Vigário paroquial: Pe. Sidnei Barcelos da Silva Júnior Paróquia de Nossa Senhora do Terço - Campos (Ma- triz e 3 Igrej as) Pároco: Pe. José Gualandi Vigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Ururaí (Matriz e 4 Igrejas) Pároco: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa Paróquia São Geraldo Magela - Guarus - Campos (Matriz e 2 Igrejas) Pároco: Pe. José Gualandi Vigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti Reitoria: Igreja de Nossa Senhora Aparecida - Campos Reitor: Mons. José de Matos Barbosa Reitoria: Igreja de Nossa Senhora do Carmo (da Ve- nerável Ordem Terceira) - Campos Reitor: Pe. Everaldo Bom Robert Reitoria: Igreja de São José - Campos Reitor: Pe. José Onofre Martins de Abreu Paróquia do Senhor Bom Jesus Crucificado e do Imaculado Coração de Maria - Bom Jesus do Itabapo- ana (Matriz e 20 Igrejas) Administrador Paroquial: Pe. Ivoli Femando Latrônico Vigários paroquiais: Pe. Rafael Lugão de Carvalho e Pe. Renan Antônio Damaso Menezes
  • 26. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e São Geraldo - Itaperuna (Matriz e 2 Igrejas) Pároco: Pe. Geraldo Gualandi Vigário Paroquial: Pe. Manoel Macedo de Farias Paróquia de Nossa Senhora das Graças - Natividade (Matriz e 4 Igrejas) Pároco: Mons. José Moacir Pessanha Vigários paroquiais: Pe. José Geraldo Freitas da Silva Júnior e Pe. Alei de Andrade da Silva. Paróquia de Nossa Senhora Aparecida - Porciúncula (Matriz e 2 Igrejas) Pároco: Pe. Alfredo Gualandi Quase-Paróquia de São Judas Tadeu e Santa Clara- Santa Clara (Matriz e 9 Igrejas) uase-Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos Vigário Paroquial: Pe. Alfredo Gualandi Reitoria de Nossa Senhora do Carmo - Varre-Sai (6 Igrejas) Reitor: Pe. Élcio Murucci Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio - Santo Antônio de Pádua (Matriz e 15 Igrejas) Pároco: Mons. Eduardo Athayde Vigário paroquial: Pe. Silvano Salvatte Zanon Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São FidélJs. - São Fidélis (Matriz e 24 Igrejas) . . Pároco: Pe. Jonas dos Santos Lisboa Vigário Paroquial e Administrador: Pe. Marco Antô- nio Pinheiro Arêas Vigário Paroquial: Pe. Adriano Alves Botura Paróquia de Nossa Senhora das Graças - São João da Barra (Matriz e 2 Igrejas) Pároco: Pe. José Eduardo Pereira Vigário Paroquial: Pe. José Ronaldo de Menezes Paróquia de Nossa Senhora das Graças e São Sebas- tião - Varre-Sai (Matriz e 11 Igrejas) Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos Vigários Paroquiais: Pe. João Motta Neto e Pe. Bruce Lima Pasini Judice. Comunidades fora da Diocese de Campos, atendidas pela Administração Apostólica: Rio de Janeiro - Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé Mons. José de Matos Barbosa
  • 27. 10 ANOS DE.GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO Nova Iguaçu - Igreja Nossa Senhora do Perpétuo So- corro e São Judas Tadeu Pe. José Edilson de Lima Sepetiba - RJ - Convento Santa Teresinha Pe. José Edilson de Lima Volta Redonda - RJ - Igreja de Nossa Senhora do Per- pétuo Socorro Pe. José Edilson de Lima São João do Meriti - RJ - Comunidade Santa Teresinha Pe. José Edilson de Lima Arraial do Cabo - RJ - Igreja de Nossa Senhora Pe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos São Paulo - SP - Igreja de Santa Luzia e do Menino Jesus de Praga e Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte Pe. Jonas dos Santos Lisboa São Bernardo do Campo - SP - Capela de Nossa Se- nhora de Fátima Pe. Jonas dos Santos Lisboa Belo Horizonte - MG - Capela do Colégio Monte Cal- vário Pe. Ivoli Femando Latrônico Guiricema - MG - Santa Montanha Pe. Geraldo Gualandi São Lourenço - MG - Educandário Santa Cecília Pe. José Eduardo Pereira Colatina - MG - Igreja de São Pedro Pe. José Gualandi. Durante esse período várias igrejas foram inauguradas e reformadas em nossa zona rural. Constitui e regularizei canonicamente dois Institutos de Vida Consagrada e cinco Associações Públicas de fiéis. Instalamos diversas Pasto- rais, tais como Pastoral da Liturgia, com secções de Acó- litos e Música Sacra, Pastoral Familiar, Setor Juventude, Pastoral Carcerária, Pastoral Catequética, Pastoral da Edu- cação, Pastoral Vocacional, Pastoral da Sobriedade, Pasto- ral da Caridade Social e Pastoral da Saúde. 3.6 - Função de santificar Como parte do meu dever de santificar, nesses dez anos já ordenei 18 sacerdotes para a Igreja, sendo 10 para a nossaAd- ministração Apostólica, que tem ao todo 33 sacerdotes. Du- rante as várias visitas pastorais às paróquias da Administração e às doze comunidades atendidas pelos nossos sacerdotes em outras dioceses, já administrei o Sacramento da Confirmação
  • 28. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY ou Crisma a milhares de fiéis, no Brasil e no exterior. Em nosso Seminário da Imaculada Conceição, ainda em construção e cujà pedra fundamental foi benta pelo Papa Beato João Paulo lI, tivemos neste ano a entrada de 13 novos candidatos, sendo agora 34 seminaristas ao todo. Dia 8 de dezembro, inauguramos a pedra fundamental da futura capela do nosso seminário. A formação dos nossos seminaristas é feita por bons sacerdotes e acompanhada de perto por mim. 3.7 - Função de ensinar Como parte do meu dever de ensinar, publiquei, nes- te tempo, diversos escritos, cartas pastorais, orientações e artigos periódicos, dirigidos ao nosso clero, aos nossos fiéis, ensinando-lhes a sempre necessária adesão ao Ma- gistério da Igreja, critério da nossa catolicidade.iprincipal característica da nossa Administração: Mensagem Pastoral pelo início do ministério episcopal do novo administrador apostólico, em 5/1/2003; o livro "O Rosário Meditado", segundo a Encíclica Rosarium Virginis Mariae do Beato João Paulo lI, em 2003; Carta circular sobre o comporta- .. mento do católico, quanto à pureza e a decência no trajar, em 6/1/2004; Instrução Pastoral, em forma de catecismo, sobre o Papa e o Magistério da Igreja, no início do Pontifi- cado de Bento XVI, em 24/4/2005, traduzi da também para o espanhol; Orientação Pastoral sobre o Magistério Vivo da Igreja, traduzi da e publicada em francês (Éditions Sainte- -Madeleine, Le Barrroux) e espanhol (Fundación Gratis Date, Pamplona, Espana), em 6/1/2007; Carta Circular apresentando o Motu Proprio Summorum Pontificum e o documento da CDF sobre a Igreja, em 16/7/2007; Comuni- cado "Sobre apresentação e comentários da nota doutrinal da congregação para a doutrina da fé sobre alguns aspectos da evangelização, em janeiro de 2008; Carta de princípios das nossas Escolas Católicas, de março de 2008; Ensina- mentos diversos sobre a falta de espiritual idade séria, que leva a abusos na liturgia (entrevista), a discussão sobre as células embrionárias, a missão dos bispos e acerca da na- tureza teológica e jurídica das conferências dos bispos, de abril de 2008; Carta Pastoral sobre o Dízimo e as Ofertas, em 30/5/2008; Carta aos jovens, em julho de 2008; Carta às Famílias, em outubro de 2008; Carta Circular apresen- tando a Carta Apostólica, em forma de motu proprio, do Santo Padre o Papa Bento XVI, "Ecclesiae Unitatem", em 8/7/2009; o livro "Considerações sobre as formas do Rito
  • 29. 10 ANOS D.E GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO Romano da Santa Missa", em 20/4/2010; Carta Pastoral sobre os casos de pedofilia na Igreja, em }0/5/2010; Carta Pastoral sobre a Visita "ad limina" e a comunhão com a Igreja, em 30/8/2010; "Orientações sobre Política e Elei- ções, em 15/8/2010; além dos artigos semanais dirigidos ao povo em geral, desde 2002 até hoje. A respeito da nossa "Orientação Pastoral sobre o Ma- gistério Vivo da Igreja", de 6/1/2007, recebi uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé, de 28 de abril de 2008, que apresenta o seguinte parecer: "A resposta e as argumentações contidas na obra de S. Exa. Dom Rifan são doutrinariamente válidas e concordes com o Magistério da igreja ... A obra parece também adequada para os fiéis que a lerem sem preconceito ". 3.8 - Ministério fora do território da Diocese de Campos Nesses 10 anos, além da conservação da forma antiga do Rito Romano em nossa Administração Apostólica, mui- tas outras dioceses aqui no Brasil têm adotado a mesma forma litúrgica, através de nossos padres ou por influência nossa. Nossos sacerdotes atendem, com a Santa Missa e demais ministérios, com o uso de ordens conferido pelo Bispo local, os fiéis das onze Arquidioceses e Dioceses aci- ma enumeradas. Nosso Seminário serve também de centro para essa expansão. E, tudo ficou mais fácil, depois do Motu Proprio Summo- rum Pontificum de S. S. Bento XVI, em 7 de julho de 2007. o Cardeal Dom Darío Castrillón Hoyos, em seu dis- curso na Assembleia da V Conferência do CELAM, em Aparecida, em 16 de maio de 2007, em referência a nossa Administração Apostólica e a sua influência na decisão do Papa ao promulgar o Motu Proprio, influência que se deveu às boas relações entre a Diocese de Campos e nós, recorda os bons frutos que estas relações produziram depois do nos- so reconhecimento canônico. Estas foram as palavras do Cardeal: "... os fiéis que se inscreveram na Administração Apostólica estão contentes de poder viver em paz em suas comunidades paroquiais. E mais ainda, algumas dioceses do Brasil estabeleceram contatos com a Administração Apostólica de Campos, a qual colocou à sua disposição sa- cerdotes para o cuidado pastoral dos fiéis tradicionalistas de suas igrejas locais. O projeto do Santo Padre já foi par- cialmente experimentado em Campos, onde a coexistência pacifica das duas formas do único rito romano da Igreja é uma bela realidade. Esperamos que este modelo também produza bons frutos em outros lugares da Igreja, em que convivem fiéis católicos com diferentes sensibilidades li- túrgicas. E esperamos ademais que esta convivência atraia também aqueles tradicionalistas que ainda estão longe". A nossa Administração Apostólica, em parceria com
  • 30. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY ~e-[J>WílÍCfUia de outras dioceses, promovido pelo Brasil tem Santa efwta e S ã~ JJuãift, "Encontros Summorum Pontificum", para in- centivar e ensinar aos Uadeu sacerdotes a Missa na forma extraordinária. O primeiro encontro foi na Diocese de Garanhuns, em 2010, o segundo na Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 2011, e o terceiro será na Arquidiocese de Salvador, Bahia, de 14 a 18 de setem- bro próximos, com um dia aberto aos leigos. Estamos pre- parando também cursos práticos de latim litúrgico. Temos recebido muitas cartas de congratulações de Bis- pos e de sacerdotes de outras dioceses. Gostaria de salien- tar uma, de um sacerdote amigo de outra diocese que expri- m com sinceridade sua gratidão: "Uno-me à V. Exa. Rev. -- e ao clero e fieis para agradecer e bendizer a Deus pelos dez anos de criação da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Recordo-me daquele já distante 2002. Tive a notícia pela televisão. Quase não acreditei e, depois, confirmando a veracidade da notícia, que grande felicidade! Uma década depois essafelicidade é maior por ver quanto bem Deus tem feito através dessa abençoada Administração Apostólica. Quantas coisas podemos-ver e quantas outras - creio que mais numerosas - que só Deus sabe! Por tudo isso: bendito seja Deus! Digo, com gran- de alegria, do bem imenso que o contato com o seu clero e fieis faz ao meu ministério sacerdotal. E agradecendo a Deus eu agradeço também à V. Exa. Rev.... Obrigado pelo seu ministério episcopal que atinge também a nos 'qu« não somos da Administração, mas estamos estreitamente unidos pelo único sacerdócio. Ad multas annos! Peço sua bênção e recomendo-me às suas orações, Pe. Luiz Antônio Reis Costa - Arquidiocese de Mariana/MG". 3.9 - Apoio do Santo Padre, o Papa Na minha última Visita ad Limina, visita oficial do Bis- po ao Papa, em setembro de 2010, quando fui "conferir o meu evangelho com Pedro" (cf. Gil, 18; 2,2), pude ouvir
  • 31. 10 ANOS QE GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO o elogio e receber o apoio do Santo Padre Bento XVI à nossa Administração Apostólica e ao nosso modo de agir e nos conduzir. O Papa se mostrou muito contente de que a situação entre a Administração Apostólica, a Diocese de Campos e os outros Bispos esteja em paz. E eu lhe disse: "Santo Padre, em paz e em comunhão ", ao que ele respon- deu: "Isso é muito importante! ". É o que importa e nos consola: nosso modo de pensar e agir conferido com Pedro e apoiado por ele. Por isso também nos apoiam de toda parte inúmeros amigos, católicos corretos e seguidores da verdadeira Tradição. Por tudo isso, damos muitas graças a Deus e pedimos a Ele nos dê zelo, perseverança e amor nessa missão em prol das almas e da Santa Igreja. E agradecemos muitíssimo a todos os que colaboraram, colaboram e colaborarão com essa obra da Igreja, nossa Administração Apostólica e seu ministério, com suas ora- ções e seu apoio. Deus lhes pague! 11 - REFLEXÃO 1. Fidelidade à graça da comunhão A grande graça que recebemos de estar na plena comu- nhão da Igreja deve ser cuidadosamente cultivada por nós, evitando tudo o que possa nos desviar dela. O critério de verdade adotado por nós, como deve ser para todo católico, é o Magistério vivo da Igreja. "Se alguém se separa dos Pastores, que velam por manter viva a Tradição apostó- lica, é a ligação com Cristo que se encontra irreparavel- mente comprometida" (Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum Veritatis). A doutrina da infalibilida- de pontificia "significa, exatamente, que no cristianismo, na fé católica em todo caso, há uma última instância que decide. Significa que o Papa tem autoridade para decidir, com caráter vinculante, nas questões essenciais, e que nós, definitivamente, podemos ter a certeza de que a herança de Cristo foi interpretada corretamente" (Joseph Ratzin- ger, "La sal de Ia tierra, quién es y como piensa Benedicto XVI", Ediciones Palabra, Madrid, 10a ed., pág 195). 2.Profissão de Fé - Adesão ao Magistério Por isso, recordamos aqui a nossa Profissão de Fé, que faze- mosem circunstâncias especiais, na qual, além do Credo, profes- samosnossa completa adesão ao Magistério da Igreja, ou seja: 2.1 - Creio também firmemente em tudo o que está con- tido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida pela tra- dição, e é proposto pela Igreja, de forma solene ou pelo magistério ordinário e universal, para ser acreditado como
  • 32. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY divinamente revelado. Portanto, com assentimento pleno e irrevogável de fé teologal baseado na' autoridade da Palavra de Deus (fé di- vina e católica), creio nas doutrinas contidas na Palavra de Deus escrita e transmitida, definidas com um juízo sole- ne como verdades divinamente reveladas ou pelo Romano Pontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dos Bispos reunidos em Concílio, ou então infalivelmente pro- postas pelo Magistério ordinário e universal para se crerem (doutrinas de fide credenda). Assim, com essa fé, eu creio, por exemplo, em todos os artigos de fé do Credo, em todos os dogmas cristo lógicos e marianos, na instituição dos Sacramentos por Jesus Cristo e na sua eficácia em termos de graça, na presença real e substancial de Cristo na Eucaristia e na natureza sacrifical da celebração eucarística, na fundação da Igreja por von- tade de Cristo, no primado e na infalibilidade do Romano Pontífice, na existência do pecado original, na imortalida- de da alma espiritual e na retribuição imediata depois da morte, na ausência de erros nos textos sagrados inspirados e na doutrina da grave imoralidade do assassínio direto e voluntário de um ser humano inocente. Estou ciente de que se obstinadamente pusesse em dú- vida essas doutrinas ou as negasse, cairia na censura de. heresia, como afirmado pelos correspondentes cânones do Direito Canônico. 2.2 - De igual modo aceito firmemente e guardo tudo o que, acerca da doutrina da fé e dos costumes, é proposto de modo definitivo pela mesma igreja. . .. Por isso, com assentimento pleno e irrevogável, baseá- do na fé na assistência do Espírito Santo ao Magistério e na doutrina católica da infalibilidade do mesmo Magistério, creio nas verdades relacionadas com o campo dogmático ou moral, que são necessárias para guardar e expor fiel- mente o depósito da fé - mesmo que não sejam propostas pelo Magistério da Igreja como formalmente reveladas -, quer tenham sido definidas de forma solene pelo Romano Pontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dos Bispos reunidos em Concílio, quer tenham sido infalivel- mente ensinadas pelo Magistério ordinário e universal da Igreja de modo definitivo (doutrinas de fide tenenda). Deste modo, com este assentimento pleno e irrevogável, aceito as verdades propostas de modo definitivo pelo Magis- tério, sejam verdades que têm conexão necessária com a re- velação por necessidade ou consequência lógica, como, por exemplo, a doutrina da ordenação sacerdotal reservada ex- clusivamente aos homens, a iliceidade da eutanásia, da pros- tituição e da fornicação, sejam verdades em conexão com a revelação em virtude de uma relação histórica, como, por exemplo, a legitimidade da eleição do Sumo Pontífice, a legi- timidade da celebração de um Concílio ecurnênico, as cano- nizações dos santos (fatos dogmáticos) e a invalidade das or-
  • 33. 10 ANOS DE GRAÇAS: GRATiDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO denações anglicanas, assim declaradas pelo Papa Leão XIII. Estou ciente de que, se as negasse, assumiria uma atitu- de de recusa de verdades da doutrina católica e, portanto, já não estaria em plena comunhão com a Igreja Católica. 2.3 - Adiro ainda, com religioso obséquio da vontade e da inteligência, aos ensinamentos que o Romano Pontífice ou o Colégio Episcopal propõem quando exercem o magis- tério autêntico, ainda que não entendam proclamá-los com um ato definitivo. Assim, na medida em que o exigem esses ensinamentos da Igreja, embora não tenham sido definidos com um juízo solene nem propostos como definitivos pelo Magistério or- dinário e universal, dou minha adesão - com religiosa sub- missão da vontade e da inteligência, não somente exterior e disciplinar, mas na lógica e sob o estímulo da obediência da fé - a todas as doutrinas em matéria de fé ou moral apre- sentadas pelo Magistério como verdadeiras e seguras, pois sei que a vontade de submissão leal a este ensinamento do Magistério em matéria em si não irreformável, deve ser a regra. E, ademais, acolho todas as intervenções e julga- mentos de caráter prudencial provenientes do Magistério da Igreja. Assim, com religiosa submissão da vontade e da in- teligência, dou minha adesão à doutrina social oficial da Igreja, aos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica promulgado pelo Papa João Paulo lI, à doutrina e às leis do Código de Direito Canônico, promulgado pelo mesmo Papa, às encíclicas, exortações apostólicas e demais ensi- namentos do Magistério atual da Igreja, segundo o valor de cada documento, incluindo os decretos das Congregações Romanas aprovados pelo Papa. Por isso, rejeito as proposições contrárias a tais doutri- nas, pois seriam errôneas, ou, tratando-se de ensinamentos de caráter prudencial, temerárias ou perigosas e, por conse- guinte, seguramente não podem ser ensinadas. 2.4 - Professo, pois, de modo firmíssimo, o que foi in- falivelmente definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano I: que a Sé de Pedro permanece imune de todo erro e que a verdade e a Fé nunca faltarão na Cátedra de Pedro e de seus sucessores. "Porque não foi prometido o Espírito Santo aos suces- sores de Pedra para que, por Revelação Sua, manifestassem uma nova doutrina, mas para que, com Sua Assistência, guardassem santamente e expusessem fielmente a Revela- ção transmitida pelos Apóstolos, isto é, o Depósito da Fé. E certamente essa doutrina apostólica todos os Santos Pa- dres a abraçaram e os Santos Doutores de reta doutrina a veneraram e seguiram, sabendo perfeitamente que esta Sé de São Pedra permanece imune de todo erro, segundo a pro- messa de Nosso Divino Salvador feita ao Príncipe de Seus Apóstolos: 'Eu roguei por ti, para que tua Fé não desfaleça;
  • 34. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY e tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos' (Lc 22,32) ". "Pois este carisma da verdade e da fé, que nunca falta, foi conferido a Pedro ea seus sucessores nesta cátedra ... " Por isso, rejeito toda e qualquer afirmação que pretenda ver nos ensinamentos da Santa Sé proposições contrárias àquilo que a Igreja já definiu. Reitero, portanto, minha humilde submissão à Hierar- quia e ao Magistério da Igreja, coerente com o que nos en- sina o Papa Pio XII: "A norma próxima e universal da ver- dade" é o "Magistério da Igreja ", "visto que a ele confiou Nosso Senhor Jesus Cristo a guarda, a defesa e a interpre- tação do depósito da Fé, ou seja, das Sagradas Escrituras e da Tradição divina ", pois "o Divino Redentor não con- fiou a interpretação autêntica desse Depósito a cada um dos fiéis, nem mesmo aos teólogos, mas exclusivamente ao Magistério da Igreja" (Enc. Humani Generis). Ademais, reconheço os Bispos como os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos, como doutores autênticos, dotados da autoridade de Cristo, que pregam ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na vida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e ti- rando do tesouro da Revelação coisas novas e antigas (cfr. Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os erros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ve- nero, pois, os Bispos como testemunhas da verdade divina e católica, quando ensinam em comunhão com o Romano Pontífice, conformando-me ao parecer que o meu Bispo emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes, aderindo a ele com religioso acatamento. . -." • ••• oo 3. A clara posição da nossa Administração Apostólica o Santo Padre, o Papa Bento XVI, na sua Carta aos Bispos anexa ao Motu Proprio Summorum Pontificum, tranquilizava os Bispos dizendo-lhes que com a liberação universal da Missa dita de São Pio V, que ele fazia nesse Motu Proprio, "não tem fundamento o temor de que seja aqui afetada a autoridade do Concílio Vaticano 11 e que uma das suas decisões essenciais - a reforma litúrgica - seja posta em dúvida "; ademais, "não me parece realmen- te fundado o temor de que uma possibilidade mais ampla do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a divisões nas comunidades paroquiais ". Nessa mesma carta, o Santo Padre afirma: "Obviamen- te, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades que aderem ao uso antigo, não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De fato, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do rito a exclusão total do mesmo ". No que nos diz respeito, essa orientação do Santo Padre
  • 35. 10 ANOS DI; GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO deve ser perfeitamente acatada e seguida. Assim, em carta de 13 de março de 2009, que enviei ao Santo Padre Bento XVI, em sinal de comunhão, agradeci- mento e resposta a essa sua Carta aos Bispos que acompa- nha o Motu Proprio Summorum Pontificum, escrevi: "... Por causa dos atuais problemas e circunstâncias, por fidelidade a esse Magistério da Igreja, declaramos re- conhecer o Concílio Vaticano 11 como um dos Concílios Ecumênicos da Igreja Católica, aceitando dócil e sincera- mente, com religiosa submissão de espírito, seus ensina- mentos (ou seja, a doutrina "compreendida à luz da santa Tradição e referida ao perene Magistério da própria Igreja" - S. S. João Paulo lI, Alocução ao Sacro Colégio, 5 novo 1979), tal como nos transmite a Igreja, como dotados da autoridade do magistério ordinário supremo e autêntico". "Por isso, rejeitamos o chamado "pernicioso espírito do Concilio", ou o seu "antiesplrito ", e toda hermenêutica da descontinuidade e da ruptura e adotamos, com Vossa Santidade, a hermenêutica da reforma ou renovação na continuidade ". "Declaramos, igualmente, o nosso pleno reconheci- mento do Magistério de Vossa Santidade e de todos os seus antecessores, especialmente dos Papas Beato João XXIII, Paulo VI, João Paulo I e João Paulo 11". "Quanto à Liturgia, em nossa Administração Apostóli- ca Pessoal São João Maria Vianney, por privilégio conce- dido por esta Sé Apostólica, nós conservamos com amor de predileção o rito romano da Missa na sua forma extraor- dinária, como uma das riquezas litúrgicas católicas, pela qual exprimimos o nosso amor pela Santa Igreja e nossa comunhão com ela". "Declaramos, porém, que, como Vossa Santidade nos ensina, para viver a plena comunhão da Igreja, não excluí- mos, em linha de princípio, a celebração segundo os novos livros litúrgicos promulgados pelo Magistério da Igreja, pois a exclusão total do novo rito não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade dele, que nós reconhecemos ". "Reconhecemos, portanto, que o Missal Romano, esta- belecido pelo Sumo Pontifice Paulo VI para a Igreja uni- versal, foi promulgado pela legítima suma autoridade da Santa Sé, a quem compete na Igreja o direito da legislação litúrgica, e que é, por isso mesmo e em si mesmo, legítimo e católico ". "Evidentemente, rejeitamos todas as "ambigüidades, liberdades, criatividades, adaptações, reduções e instru- mentalizações" (SS João Paulo 11, enc. Ecclesia de Eu- charistia, nn 10, 52, 61), enfim, todos os usos abusivos do Missal promulgado por S S Paulo VI, especialmente os mencionados na Instrução Redemptionis Sacramentum".
  • 36. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY Ill - A MISSÃO Nossa especial missão na Igreja é, em sua plena co- munhão, sermos fiéis à doutrina católica a nós transmitida pelo Magistério, conservarmos, tal como nos concedeu a Santa Sé, a Liturgia na forma extraordinária, como uma das riquezas da Igreja, empenharmo-nos pela santificação do nosso clero e dos fiéis, pelo cultivo da nossa vida espiri- tual, e pela evangelização e catequese das crianças, jovens e adultos, com grande espírito missionário. Tomemos, para nossa reflexão, exame de consciência, programa de vida, diretriz e modelo de nossa ação, o exem- plo dos primeiros cristãos, como nos descrevem os Atos dos Apóstolos: "Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações ... to- dos os fiéis viviam unidos ... unidos de coração, frequen- tavam todos os dias o templo ... cativando a simpatia de todo o povo. e o senhor cada dia lhes ajuntava outros, que estavam a caminho da salvação" (At 2, 42-47). "A multi- dão dos fiéis era um só coração e uma só alma ... não havia necessitados entre eles" (At 4, 32, 34). Ou seja, os primeiros cristãos perseveravam:· 1) Na doutrina dos Apóstolos, 2) Na frequência à Santa Missa (fração do pão), 3) Nas orações em comum e individuais, 4) Viviam unidos, em comunhão (koinonia): ... a) Um só coração e uma só alma; .... b) Não havia necessitados entre eles; 5) Tinham espírito missionário: seu número aumen- tava. Conquistavam a simpatia de todos. À luz desse exemplo dos primeiros cristãos, vamos tra- çar as diretrizes para a ação e missão de todos os pertencen- tes à nossa Administração Apostólica, normas que deverão ser lidas, examinadas e observadas, em nossas Assem- bleias, reuniões paroquiais, durante este ano e os seguintes. 1. INSTITUCIONAL - GERAL 1.1 - O Bispo A reforma da nossa Adminis- tração Apostólica deve começar de cima, em primeiro lugar do Bispo e dele, pelo exemplo, se difundir pelos sacerdotes e fiéis. "O Bispo diocesano, lem- brando que está obrigado a dar
  • 37. 1.0 ANOS D~ GRAÇAS: GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO exemplo de santidade na caridade, na humildade e na sim- plicidade de vida, empenhe-se em promover, com todos os meios, a santidade dos fiéis, de acordo com a vocação própria de cada um e, sendo o principal dispensador dos mistérios de Deus, se esforce continuamente para que os fiéis confiados a seus cuidados cresçam na graça mediante a celebração dos sacramentos, e conheçam e vivam o mis- tério pascal" (cânon 387). "No desempenho do seu múnus de pastor, o Bispo dio- cesano se mostre solícito com todos osfiéis confiados a seus cuidados ..., preocupando-se apostolicamente com aqueles que, por sua condição de vida, não possam usufruir sufi- cientemente o cuidado pastoral ordinário, e com aqueles que se afastaram da prática religiosa" (cânon 383) - "O Bispo diocesano dedique especial solicitude aos presbíte- ros, a quem deve ouvir como auxiliares e conselheiros, de- fender-Ihes os direitos e cuidar que cumpram devidamente as ob~igações próprias de seu estado ... "(cânon 384). Como a santidade do Bispo interessa a todos, peço as orações e o apoio de todos os padres e fiéis para minha san- tificação e o cumprimento do meu múnus episcopal: "Stet et pascat ... ": "que ele fique firme e apascente, na vossa fortaleza, Senhor, na sublimidade do vosso nome". 1.2 - O Clero Como colaboradores do Bispo, compartilhando, portan- to, com o seu múnus, os sacerdotes devem compartilhar também com o mesmo dever de santidade. O povo de Deus espera a santidade dos nossos padres. Só assim eles serão realmente "ministros de Cristo e dis- pensadores dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1). "Em seu modo de viver, os clérigos são obrigados por peculiar razão a procurar a santidade, já que, consagra- dos a Deus por novo título na recepção da ordem, são dis- pensadores dos mistérios de Deus a serviço do povo ... " (cânon 276, §l e 2). 1.2 - Vocações Sacerdotais "O Administrador Apostólico, com a aprovação da Santa Sé, poderá ter seu próprio Seminário, para que sejam prepa-
  • 38. ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA SÃO JOÃO MARIA VIANNEY rados candidatos ao presbiterato, aos quais pode- rá conferir as Ordens Sacras ". (l)ecreto Purrima- rum bonum VII § 1) Exorto, pois, a todos, sacerdotes, religiosos e fiéis em geral, especialmente as famílias, que se empenhem pelas Vocações Sacerdotais em nossas Paróquias e Colégios. Que se façam continua- mente orações, principalmente a Adoração ao Santíssimo, pelas Vocações Sacerdotais. Que se promovam palestras e conferências nas Paróquias e Colégios sobre esse tema. Que os nossos acólitos e coroinhas sejam sempre lembrados da sublimidade da Vocação Sacerdotal. Que nossas famílias, por sua vida realmente católica, sejam um berço propício para o surgimento de vocações. Que a nossa Pastoral Vocacional, cujo centro está em nosso Seminário, seja partilhada por to- dos. Lembro também a grande necessidade da ajuda material ao nosso Seminário. Promovam-se campanhas de mantimen- tos e doações em todas as Paróquias, Colégios, Entidades e Associações. O Seminário é o coração da nossa Administra- ção Apostólica. O zelo por ele deve nos inflamar: a todos. 1.4 - Vocações Religiosas "O Administrador Apostólico, com a aprovação dàSgn.- ta Sé, poderá constituir na Administração institutos de :vida consagrada e sociedades de vida apostólica e promover simultaneamente os candidatos a eles pertencentes às or- dens, segundo as normas do direito comum". (id. VII § 2) Nós ternos Institutos de Vida Consagrada e várias As- sociações Públicas de Fiéis, além dos vocacionados e con- sagrados que vivem no mundo. A grande pergunta é: eles estão florescentes, ou estão estagnados, sobretudo no que diz respeito ao fervor, disciplina e afluência de vocações?