SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Arquitetura do Set-Top Box e o Sistema de TV Digital
                              Ramon A. Oliveira1, Caio1
   1
       Análise e desenvolvimento de Sistemas – Instituto Federal de Educação, Ciência e
               Tecnologia do estado da Bahia (IFBA) – Salvador – BA – Brasil
                         {ramon.oliveirah,nextc3}@gmail.com

       Abstract. This article is about the TV Digital, discussing the architecture of a
       set-top box receiver and converter for analog TV Digital, focusing on its
       processing capacity. And finally shows a bit of its history in Brazil.

       Resumo. Este artigo trata da TV Digital, abordando a arquitetura de um Set-
       Top Box, aparelho receptor e conversor de TV Digital para sinal analógico,
       focando na sua capacidade de processamento. E por fim mostra um pouco da
       sua trajetória no Brasil.

1. Introdução
O termo TV Digital consiste na transmissão digital dos sinais de TV de uma emissora até
um aparelho receptor. Sinal estável, imagem em alta definição, som límpido e a
possibilidade de interação são algumas das vantagens da TV digital. Mas para que
possamos ter acesso a todas elas precisamos de uma camada de hardware muito
especifica.
        O Set-Top Box é o aparelho que, conectado à TV, permite a visualização do
sinal digital no aparelho de TV analógico convencional. Mas pelo fato de manipular
dados além de áudio e vídeo digitais, parte da arquitetura de um set-top box é muito
similar a de um computador pessoal, como será vista e descrita a seguir.

2. Arquitetura do Set-Top Box
Os principais componentes de hardware para que um set-top box possa desempenhar as
funcionalidades mínimas estão descritos abaixo.

2.1. Sintonizador
No caso do set-top box para recepção de radiodifusão terrestre, o sintonizador seleciona
um canal de VHF ou UHF (de 6 MHz, no caso do Brasil) onde existe informação de
áudio e vídeo. O sintonizador converte o sinal de radiofrequência para sinal banda base
codificado.

2.2. Demodulador
A função do demodulador é amostrar o sinal sintonizado e convertê-lo em feixes de bits
denominados Transport Stream, que contém vídeo, áudio e dados codificados. Uma vez
que o stream é recuperado, é feita uma checagem de erros para então encaminhar o
stream ao demultiplexador.
2.3. Demultiplexador
Um stream de dados codificados no padrão MPEG-2 – Moving Picture Experts Group -
Consiste de pacotes de dados unicamente identificados por um PID (Packet Id)
numérico. O demultiplexador examina todos os identificadores, seleciona pacotes
específicos, descriptografa e encaminha para um decodificador específico. Por exemplo,
todos os pacotes com identificador de vídeo serão encaminhados para o decodificador de
vídeo. O mesmo ocorre para áudio e dados.

2.4. Decodificador de Vídeo
Um decodificador de vídeo transforma os pacotes de vídeo em sequência de imagens a
serem exibidas no monitor de TV, formatando em diferentes resoluções de tela. Na saída
de um codificador de vídeo existe um microprocessador gráfico, cuja função é renderizar
(desenhar) arquivos gráficos de aplicações interativas ou mesmo páginas da Internet.
Uma vez renderizado, o arquivo gráfico é usado para sobrepor o vídeo exibido por um
programa TV.

2.5. Decodificador de Áudio
O stream de áudio comprimido é enviado para o decodificador de áudio para
descompressão. A saída pode ser um áudio em formato analógico (estéreo / mono) ou
digital.

2.6. Memória
O módulo de memória no Set-Top Box é implementado em um chip, sendo ele
responsável por uma porcentagem substancial do preço do aparelho. Componentes como
máquina gráfica, decodificador de vídeo e etc., precisam da memória principal para
executar suas funções. Para uma boa recepção, sem pausas na transmissão também é
necessário um buffer de memória.

2.7. Processamento de Dados
Para processar os dados de um programa interativo ou aplicação, o set-top box possui
elementos similares a um computador pessoal, com processador, memórias, dispositivos
de armazenamento etc.

2.8 Interfaces físicas
Por ser uma tecnologia ainda em evolução, as possibilidades de escolha de interfaces
físicas para o set-top box crescem rapidamente, modens, USB, Controle Remoto, e
diversas interfaces multimídia de alta velocidade, são alguns exemplos.
Figura 1. Esquema da arquitetura do set-top box




3. Processadores
O Processador, ou CPU, é o cérebro do set-top box, tendo ele a função de inicializar os
vários componentes de hardware, monitorar e gerenciar hardware, carregar dados e
instruções da memória e executar programas.
        Os processadores contêm uma unidade lógico-aritmética para cálculos e
operações lógicas, uma unidade de controle para processar dados de entrada e processar
instruções e um clock, cuja função é sincronizar todas as partes do set-top box. A
frequência do clock determina a velocidade do processador em MHz.
        As ações do usuário, bem como instruções dos programas em execução, são
interpretadas e executadas pelo processador. Um barramento conecta o processador aos
demais dispositivos que recebem dados ou instruções, bem como às interfaces físicas.
       Alguns dos chips da CPU mais populares disponíveis para set-top box pertencem
às seguintes famílias: ARM (Advanced Risc Machines), MIPS (Philips e NEC),
PowerPC (IBM e Motorola), Sparc Risc (Sun Microsystems), STx0 (ST
Microeletronics), SH-4 Series (Hitachi) e x86 (Intel).


4. Memória
Como vimos, a memória é responsável não só por parte substancial do custo do
aparelho, como também pelo rendimento do mesmo, a memória juntamente com o
processador distingue o nível do aparelho. Assim como nos computadores são usadas
dois tipos de memória principal, a RAM e a ROM.
4.1. RAM
A RAM (memória de acesso aleatório) é utilizada para o fluxo de dados entre o
processador e os demais componentes de hardware. Existem dois tipos de RAM em um
Set-Top Box a DRAM (Dinamic RAM) e SRAM (Static RAM), ambas voláteis, ou seja,
perdem todo o conteúdo quando o aparelho é desligado.
4.2. ROM
A ROM é um tipo de memória não volátil, uma vez que um dado é gravado, ele não
pode ser retirado. Alguns set-top boxes possuem EEPROM(Electrically Erasable
Programmable Read Only Memory) e memória flash, que são variações da tecnologia
ROM.
4.1.1. EEPROM
As EEPROM são memórias usadas para armazenar controles e informações de
inicialização. O dado é armazenado permanentemente, mesmo que o STB seja desligado.
A pode ser apagada via hardware.
4.1.2. Memória Flash
A memória flash tem funções parecidas com a EEPROM. A diferença é que a flash pode
ser apagada e reprogramada em bloco de dados, ao invés de um byte por vez, o que
resulta em maior velocidade. Permitindo que possam ser feitas atualizações do sistema
operacional e de aplicações de software residente através da rede, sem visitar fisicamente
o usuário.
       A memória flash também pode ser usada para armazenar informações específicas
do usuário, para a personalização de suas preferências e marketing, possibilitando assim
um conteúdo mais direcionado a personalidade do telespectador.
4.3. Disco Rígido
O uso de disco rígidos em um set-top box permite que o usuário tenha controle sobre a
programação recebida, podendo gravar, reproduzir e copiá-la quando necessário.
        Podendo ser implementados recursos semelhantes aos de um vídeo-cassete, como
pausa, fast forward, play e etc.
       Essa funcionalidade criou um novo paradigma na transmissão televisiva, de forma
que atualmente existem muitos estudos tecnológicos para que se possa garantir a
propriedade intelectual dos conteúdos.

5. O sistema de TV digital brasileiro
As pesquisas para desenvolvimento da TV digital começaram no final da década 1980,
em países europeus, nos Estados Unidos e Japão. Porém no Brasil, as primeiras
pesquisas sobre o tema, só foram feitas a partir de 1994, pela Sociedade Brasileira de
Engenharia de Televisão – SET e a Associação Brasileira de emissoras de Radio e
Televisão – ABERT. Desde então, os estudos sobre a passagem do atual sistema de
radiodifusão analógico para o padrão digital não param.
        Em 1998 a Agencia Nacional de Telecomunicações – ANATEL iniciou um
processo de escolha de padrão da TV digital brasileira. A principio idéia era testar os três
sistemas existentes (o europeu, o americano e o japonês) e escolher um deles. Todos os
testes chegaram a ser feitos, mas o pronunciamento oficial sobre o padrão a ser adotado
só seria dado após a posse do novo governo em 2003.
       Porém, a fim de construir uma plataforma multimídia rica em recursos e
funcionalidades, estrategicamente visando o desenvolvimento nacional, o novo governo,
ideologicamente diferente do anterior, dá uma nova direção ao processo, decidindo por
um modelo próprio de televisão digital. Assim foi instituído o SBTVD (Sistema
Brasileiro de TV Digital).
       Contudo, no fim de 2005, as verbas para a pesquisa foram suspensas e em julho
de 2006 foi decretado que a solução seria baseada no padrão de modulação japonês, mas
com a promessa de incorporação de tecnologias nacionais, agregando soluções
desenvolvidas para atender às nossas necessidades.
       Já em 2 de dezembro de 2007, A TV digital aberta estreou no Brasil em com
transmissões na cidade de São Paulo, e hoje o estagio é de transição, cabendo ainda
muito estudo.

Referências
Mendes, Luciano Leonel; Faloso, Sandro Adriano . (2000) “Introdução a Televisão
  Digital”, INATEL, Santa Rita do Sapucaí, MG, Brasil.
Montez, Carlos;Becker, Valdecir. (2005) “TV Digital Interativa: Conceitos, desafios, e
  perspectivas para o Brasil”,Editora UESC, 2ed,Florianópolis, Brasil.
Piccolo, L. Schibelsky Godoy. (2010) “Arquitetura do Set-top Box para TV Digital
   Interativa”,Instituto de Computação - Unicamp., Brasil.
Tonieto, Márcia Terezinha. (2006) “Sistema Brasileiro de TV Digital – SBTVD Uma
  Análise Politica e Tecnológica na Inclusão Social ”, Centro Federal de Educação
  Tecnológica do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

Mais conteúdo relacionado

Destaque (8)

Revista programar 33
Revista programar 33Revista programar 33
Revista programar 33
 
Revista Programar 01
Revista Programar 01Revista Programar 01
Revista Programar 01
 
Revista programar 22
Revista programar 22Revista programar 22
Revista programar 22
 
Revista espirito livre_012_marco2010
Revista espirito livre_012_marco2010Revista espirito livre_012_marco2010
Revista espirito livre_012_marco2010
 
Revista espirito livre_014_maio2010
Revista espirito livre_014_maio2010Revista espirito livre_014_maio2010
Revista espirito livre_014_maio2010
 
Revista Programar 42
Revista Programar 42Revista Programar 42
Revista Programar 42
 
Revista programar 23
Revista programar 23Revista programar 23
Revista programar 23
 
Revista Programar 43
Revista Programar 43Revista Programar 43
Revista Programar 43
 

Semelhante a Artigo tv digital

TV Digital interativa - Projeto TeouVi
TV Digital interativa - Projeto TeouViTV Digital interativa - Projeto TeouVi
TV Digital interativa - Projeto TeouViLucas Augusto Carvalho
 
Apostila ibge informatica
Apostila ibge informaticaApostila ibge informatica
Apostila ibge informaticaCONCURSEIRA1985
 
Paula rodrigues - tv gazeta
Paula rodrigues - tv gazetaPaula rodrigues - tv gazeta
Paula rodrigues - tv gazetaFIAT/IFTA
 
Palestra PET.Com - Sistemas Embarcados
Palestra PET.Com - Sistemas EmbarcadosPalestra PET.Com - Sistemas Embarcados
Palestra PET.Com - Sistemas EmbarcadosPET Computação
 
Paula Rodrigues - apresentação tv gazeta
Paula Rodrigues - apresentação tv gazetaPaula Rodrigues - apresentação tv gazeta
Paula Rodrigues - apresentação tv gazetaFIAT/IFTA
 
Organização de Computadores - Aula 02
Organização de Computadores - Aula 02Organização de Computadores - Aula 02
Organização de Computadores - Aula 02thomasdacosta
 
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTV
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTVJava na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTV
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTVmercuriocfg
 
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2L T
 
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para Vídeoconferência
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para VídeoconferênciaFISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para Vídeoconferência
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para VídeoconferênciaMauro Tapajós
 
Ginga - Solisc 2010
Ginga - Solisc 2010Ginga - Solisc 2010
Ginga - Solisc 2010Bruno Ghisi
 
WebTV: Um novo método para assistir TV.
WebTV: Um novo método para assistir TV.WebTV: Um novo método para assistir TV.
WebTV: Um novo método para assistir TV.Rafael Macedo
 
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...Andre Devecchi
 
Trabalho1 voip voz sobre ip
Trabalho1 voip voz sobre ipTrabalho1 voip voz sobre ip
Trabalho1 voip voz sobre ipRafael Pimenta
 

Semelhante a Artigo tv digital (20)

TV Digital interativa - Projeto TeouVi
TV Digital interativa - Projeto TeouViTV Digital interativa - Projeto TeouVi
TV Digital interativa - Projeto TeouVi
 
Apostila ibge informatica
Apostila ibge informaticaApostila ibge informatica
Apostila ibge informatica
 
Paula rodrigues - tv gazeta
Paula rodrigues - tv gazetaPaula rodrigues - tv gazeta
Paula rodrigues - tv gazeta
 
Palestra PET.Com - Sistemas Embarcados
Palestra PET.Com - Sistemas EmbarcadosPalestra PET.Com - Sistemas Embarcados
Palestra PET.Com - Sistemas Embarcados
 
Paula Rodrigues - apresentação tv gazeta
Paula Rodrigues - apresentação tv gazetaPaula Rodrigues - apresentação tv gazeta
Paula Rodrigues - apresentação tv gazeta
 
Organização de Computadores - Aula 02
Organização de Computadores - Aula 02Organização de Computadores - Aula 02
Organização de Computadores - Aula 02
 
Informatica bb 2011
Informatica bb 2011Informatica bb 2011
Informatica bb 2011
 
AC nova-aula 1.pptx
AC nova-aula 1.pptxAC nova-aula 1.pptx
AC nova-aula 1.pptx
 
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTV
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTVJava na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTV
Java na TV Digital - Programando interatividade com JavaDTV
 
Placa mãe
Placa mãePlaca mãe
Placa mãe
 
33149_1
33149_133149_1
33149_1
 
Aula Unesp -Pos TV Digital
Aula Unesp -Pos TV DigitalAula Unesp -Pos TV Digital
Aula Unesp -Pos TV Digital
 
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2
IntroduçãO à MíDia Digital Para Jornalistas2
 
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para Vídeoconferência
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para VídeoconferênciaFISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para Vídeoconferência
FISL7 - Padrões Abertos e Software Livre para Vídeoconferência
 
Vo ip
Vo ipVo ip
Vo ip
 
Ginga - Solisc 2010
Ginga - Solisc 2010Ginga - Solisc 2010
Ginga - Solisc 2010
 
Corpo relatorio
Corpo relatorioCorpo relatorio
Corpo relatorio
 
WebTV: Um novo método para assistir TV.
WebTV: Um novo método para assistir TV.WebTV: Um novo método para assistir TV.
WebTV: Um novo método para assistir TV.
 
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...
Um Sistema de Ponto Eletrônico Digital: projeto e implementação de hardware e...
 
Trabalho1 voip voz sobre ip
Trabalho1 voip voz sobre ipTrabalho1 voip voz sobre ip
Trabalho1 voip voz sobre ip
 

Artigo tv digital

  • 1. Arquitetura do Set-Top Box e o Sistema de TV Digital Ramon A. Oliveira1, Caio1 1 Análise e desenvolvimento de Sistemas – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do estado da Bahia (IFBA) – Salvador – BA – Brasil {ramon.oliveirah,nextc3}@gmail.com Abstract. This article is about the TV Digital, discussing the architecture of a set-top box receiver and converter for analog TV Digital, focusing on its processing capacity. And finally shows a bit of its history in Brazil. Resumo. Este artigo trata da TV Digital, abordando a arquitetura de um Set- Top Box, aparelho receptor e conversor de TV Digital para sinal analógico, focando na sua capacidade de processamento. E por fim mostra um pouco da sua trajetória no Brasil. 1. Introdução O termo TV Digital consiste na transmissão digital dos sinais de TV de uma emissora até um aparelho receptor. Sinal estável, imagem em alta definição, som límpido e a possibilidade de interação são algumas das vantagens da TV digital. Mas para que possamos ter acesso a todas elas precisamos de uma camada de hardware muito especifica. O Set-Top Box é o aparelho que, conectado à TV, permite a visualização do sinal digital no aparelho de TV analógico convencional. Mas pelo fato de manipular dados além de áudio e vídeo digitais, parte da arquitetura de um set-top box é muito similar a de um computador pessoal, como será vista e descrita a seguir. 2. Arquitetura do Set-Top Box Os principais componentes de hardware para que um set-top box possa desempenhar as funcionalidades mínimas estão descritos abaixo. 2.1. Sintonizador No caso do set-top box para recepção de radiodifusão terrestre, o sintonizador seleciona um canal de VHF ou UHF (de 6 MHz, no caso do Brasil) onde existe informação de áudio e vídeo. O sintonizador converte o sinal de radiofrequência para sinal banda base codificado. 2.2. Demodulador A função do demodulador é amostrar o sinal sintonizado e convertê-lo em feixes de bits denominados Transport Stream, que contém vídeo, áudio e dados codificados. Uma vez que o stream é recuperado, é feita uma checagem de erros para então encaminhar o stream ao demultiplexador.
  • 2. 2.3. Demultiplexador Um stream de dados codificados no padrão MPEG-2 – Moving Picture Experts Group - Consiste de pacotes de dados unicamente identificados por um PID (Packet Id) numérico. O demultiplexador examina todos os identificadores, seleciona pacotes específicos, descriptografa e encaminha para um decodificador específico. Por exemplo, todos os pacotes com identificador de vídeo serão encaminhados para o decodificador de vídeo. O mesmo ocorre para áudio e dados. 2.4. Decodificador de Vídeo Um decodificador de vídeo transforma os pacotes de vídeo em sequência de imagens a serem exibidas no monitor de TV, formatando em diferentes resoluções de tela. Na saída de um codificador de vídeo existe um microprocessador gráfico, cuja função é renderizar (desenhar) arquivos gráficos de aplicações interativas ou mesmo páginas da Internet. Uma vez renderizado, o arquivo gráfico é usado para sobrepor o vídeo exibido por um programa TV. 2.5. Decodificador de Áudio O stream de áudio comprimido é enviado para o decodificador de áudio para descompressão. A saída pode ser um áudio em formato analógico (estéreo / mono) ou digital. 2.6. Memória O módulo de memória no Set-Top Box é implementado em um chip, sendo ele responsável por uma porcentagem substancial do preço do aparelho. Componentes como máquina gráfica, decodificador de vídeo e etc., precisam da memória principal para executar suas funções. Para uma boa recepção, sem pausas na transmissão também é necessário um buffer de memória. 2.7. Processamento de Dados Para processar os dados de um programa interativo ou aplicação, o set-top box possui elementos similares a um computador pessoal, com processador, memórias, dispositivos de armazenamento etc. 2.8 Interfaces físicas Por ser uma tecnologia ainda em evolução, as possibilidades de escolha de interfaces físicas para o set-top box crescem rapidamente, modens, USB, Controle Remoto, e diversas interfaces multimídia de alta velocidade, são alguns exemplos.
  • 3. Figura 1. Esquema da arquitetura do set-top box 3. Processadores O Processador, ou CPU, é o cérebro do set-top box, tendo ele a função de inicializar os vários componentes de hardware, monitorar e gerenciar hardware, carregar dados e instruções da memória e executar programas. Os processadores contêm uma unidade lógico-aritmética para cálculos e operações lógicas, uma unidade de controle para processar dados de entrada e processar instruções e um clock, cuja função é sincronizar todas as partes do set-top box. A frequência do clock determina a velocidade do processador em MHz. As ações do usuário, bem como instruções dos programas em execução, são interpretadas e executadas pelo processador. Um barramento conecta o processador aos demais dispositivos que recebem dados ou instruções, bem como às interfaces físicas. Alguns dos chips da CPU mais populares disponíveis para set-top box pertencem às seguintes famílias: ARM (Advanced Risc Machines), MIPS (Philips e NEC), PowerPC (IBM e Motorola), Sparc Risc (Sun Microsystems), STx0 (ST Microeletronics), SH-4 Series (Hitachi) e x86 (Intel). 4. Memória Como vimos, a memória é responsável não só por parte substancial do custo do aparelho, como também pelo rendimento do mesmo, a memória juntamente com o processador distingue o nível do aparelho. Assim como nos computadores são usadas dois tipos de memória principal, a RAM e a ROM. 4.1. RAM A RAM (memória de acesso aleatório) é utilizada para o fluxo de dados entre o processador e os demais componentes de hardware. Existem dois tipos de RAM em um Set-Top Box a DRAM (Dinamic RAM) e SRAM (Static RAM), ambas voláteis, ou seja, perdem todo o conteúdo quando o aparelho é desligado.
  • 4. 4.2. ROM A ROM é um tipo de memória não volátil, uma vez que um dado é gravado, ele não pode ser retirado. Alguns set-top boxes possuem EEPROM(Electrically Erasable Programmable Read Only Memory) e memória flash, que são variações da tecnologia ROM. 4.1.1. EEPROM As EEPROM são memórias usadas para armazenar controles e informações de inicialização. O dado é armazenado permanentemente, mesmo que o STB seja desligado. A pode ser apagada via hardware. 4.1.2. Memória Flash A memória flash tem funções parecidas com a EEPROM. A diferença é que a flash pode ser apagada e reprogramada em bloco de dados, ao invés de um byte por vez, o que resulta em maior velocidade. Permitindo que possam ser feitas atualizações do sistema operacional e de aplicações de software residente através da rede, sem visitar fisicamente o usuário. A memória flash também pode ser usada para armazenar informações específicas do usuário, para a personalização de suas preferências e marketing, possibilitando assim um conteúdo mais direcionado a personalidade do telespectador. 4.3. Disco Rígido O uso de disco rígidos em um set-top box permite que o usuário tenha controle sobre a programação recebida, podendo gravar, reproduzir e copiá-la quando necessário. Podendo ser implementados recursos semelhantes aos de um vídeo-cassete, como pausa, fast forward, play e etc. Essa funcionalidade criou um novo paradigma na transmissão televisiva, de forma que atualmente existem muitos estudos tecnológicos para que se possa garantir a propriedade intelectual dos conteúdos. 5. O sistema de TV digital brasileiro As pesquisas para desenvolvimento da TV digital começaram no final da década 1980, em países europeus, nos Estados Unidos e Japão. Porém no Brasil, as primeiras pesquisas sobre o tema, só foram feitas a partir de 1994, pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão – SET e a Associação Brasileira de emissoras de Radio e Televisão – ABERT. Desde então, os estudos sobre a passagem do atual sistema de radiodifusão analógico para o padrão digital não param. Em 1998 a Agencia Nacional de Telecomunicações – ANATEL iniciou um processo de escolha de padrão da TV digital brasileira. A principio idéia era testar os três sistemas existentes (o europeu, o americano e o japonês) e escolher um deles. Todos os testes chegaram a ser feitos, mas o pronunciamento oficial sobre o padrão a ser adotado só seria dado após a posse do novo governo em 2003. Porém, a fim de construir uma plataforma multimídia rica em recursos e funcionalidades, estrategicamente visando o desenvolvimento nacional, o novo governo,
  • 5. ideologicamente diferente do anterior, dá uma nova direção ao processo, decidindo por um modelo próprio de televisão digital. Assim foi instituído o SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital). Contudo, no fim de 2005, as verbas para a pesquisa foram suspensas e em julho de 2006 foi decretado que a solução seria baseada no padrão de modulação japonês, mas com a promessa de incorporação de tecnologias nacionais, agregando soluções desenvolvidas para atender às nossas necessidades. Já em 2 de dezembro de 2007, A TV digital aberta estreou no Brasil em com transmissões na cidade de São Paulo, e hoje o estagio é de transição, cabendo ainda muito estudo. Referências Mendes, Luciano Leonel; Faloso, Sandro Adriano . (2000) “Introdução a Televisão Digital”, INATEL, Santa Rita do Sapucaí, MG, Brasil. Montez, Carlos;Becker, Valdecir. (2005) “TV Digital Interativa: Conceitos, desafios, e perspectivas para o Brasil”,Editora UESC, 2ed,Florianópolis, Brasil. Piccolo, L. Schibelsky Godoy. (2010) “Arquitetura do Set-top Box para TV Digital Interativa”,Instituto de Computação - Unicamp., Brasil. Tonieto, Márcia Terezinha. (2006) “Sistema Brasileiro de TV Digital – SBTVD Uma Análise Politica e Tecnológica na Inclusão Social ”, Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.