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R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

Nº 4 / 2013

www.facebook.com/andebolito

FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA /

Força de guerreiro
Á conversa com José Costa

HANDBALLPROJECT/

estágio de alto
rendimento
CAMPEÕES2012.2013/

Os vencedores
de Norte a Sul

9

CADERNOEXERCÍCIOS/

trabalhar na
formação
2

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

sumário

editorial
R E V I S TA A N D E B O L I T O /

004 | OUTUBRO/NOVEMBRO 2013

/NOTÍCIAS/

04
06
09
15
20

Aleksander Donner, o revolucionário

/HANDBALLPROJECT/

Estágio de Alto Rendimento

/CADERNOEXERCÍCIOS/

Trabalhar na formação

/ FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA /

Á conversa com José Costa

/CAMPEÕES2012.2013/

Os vencedores de Norte a Sul

C O N TA C T E N O S /

Quer ser
colaborador
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Direcção Técnica:
Tiago Oliva > tloliva@gmail.com
João Antunes > antunes.joaop@gmail.com
Redacção:
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Colaboradores:
Duarte Pimenta, Francisco Gomes, Mário Borges
Design Gráfico:
Cortes > cortes.design73@gmail.com
Capa: José Costa

JOÃOANTUNES/

Depois de uns meses de ausência,
voltamos a publicar mais um número
da revista Andebolito. Este ainda com
referências aos últimos campeões
Nacionais, masculinos e femininos,
e nos diversos escalões. Parabéns a
todos... atletas, treinadores, dirigentes,
país, e toda a comunidade envolvida na
dinâmica dos clubes.
Numa altura em que o Portugal
necessita de referências, valores, e
motivação para superar todo este clima
negativo que a austeridade impõs ao
país, destacamos o “guerreiro” José
Costa. Reconhecido pelos companheiros
como um excelente colega de balneário,
pelos adversários como um temivél
pivot, e pelos amigos como o maior
coração do mundo.
Para este número sugerimos uma
bateria de exercícios, para os diferentes
blocos temáticos a trabalhar nos vários
micro-ciclos.
Sempre com a perspectiva de
melhorar a qualidade e promover o
nosso Andebol, realçamos o “Handball
Project”. Excelente iniciativa, à qual
desejamos o maior sucesso.
Não queria terminar sem antes
realçar a importância para a nossa
modalidade, de termos uma equipa na
fase de grupos da Liga de Campeões.
Parabéns F.C.Porto e continuação de
boa campanha, no sentido de mostar o
andebol português.
Boa leitura, e bons remates.
3

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

Foto do ano IHF

O Fotografo Australiano Ben
Dawson arrecadou o 1º prémio
da foto IHF do ano, com esta
imagem de “Homens voando
sobre as Areias”, no encontro
do Mundial de 2013 entre Omã
e Croácia.
4

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

CAMPEONATO DA EUROPA
FEMININO Sub17
Considerada a Equipa surpresa pela EHF,
Portugal arrecadou o quarto lugar no
Campeonato da Europa e a Melhor Lateral
Esquerda da Europa
A seleção nacional de Juniores B femininos obteve a melhor
classificação de sempre no escalão ao ficar em 4º lugar do
Campeonato da Europa de de Sub17, que decorreu na Polónia de 15
a 25 de Agosto. De destacar a nível individual, Sandra Santiago, que
figurou no Sete Ideal da prova como Melhor Lateral Esquerda. A
treinadora da seleção nacional de sub17, Sandra Fernandes, foi
uma das quatro treinadoras homenageadas publicamente pelo seu
o trabalho, empenho e contribuição das seleções nacionais que
estiveram no Campeonato da Europa Feminino de Sub17.

Apuramento para a Fase Final do
Europeu de Seniores Femininos
2014 que vai decorrer de 7 a 21 de
Dezembro na Croácia e Hungria em
organização conjunta.
 O Grupo 3 é constituído (apura duas equipas): 
Montenegro, República Checa, Polónia e Portugal.
Calendário do Grupo 3:
1ª Jornada - Dia 23-10-13
Montenegro - Polónia (18H00)
Rep. Checa - Portugal (18H00)
2ª Jornada - Dia 27-10-13
Portugal - Montenegro (15H00) Multiusos de Coimbra
Polónia - Rep. Checa (17H30) 
3ª Jornada - Dia 26/27-03-14
Rep. Checa - Montenegro 
Portugal - Polónia 
4ª Jornada
Dia 29/30-03-14
Montenegro - Rep. Checa 
Polónia - Portugal 
5ª Jornada - Dia 11/12-06-14
Polónia - Montenegro 
Portugal - Rep. Checa
6ª Jornada - Dia 14/15-06-14
Montenegro - Portugal
Rep. Checa - Polónia

Árbitros pela Europa
 Eurico Nicolau / Ivan Caçador
– Foram nomeados para dirigir o encontro da 1.ª Mão
dos jogo da Wild card Qualificação, que se disputou
entre o Montpellier Agglomeration HB (França) e
o Orlen Wisla Plock (Polónia), em França em 29-08-13.
 – Foram nomeados para dirigir o encontro da 2.ª
Jornada do Grupo “D” da Liga dos Campeões Europeus
Feminina, que se disputou entre o WHC Vardar SCBT
(Macedónia) e o HLarvik (Noruega), na Macedónia em
11-10-13.
Daniel Freitas / César Carvalho
 – Foram nomeados para dirigir o encontro da 2.ª

Mão da 2.ª Eliminatória da EHF CUP Masculina, que se
disputou entre o Grundfos Tatabanya KC (Hungria) e
o Lugi HF (Suécia), na Hungria no dia 19-10-13.
Duarte Santos / Ricardo Vieira 
– Foram nomeados para dirigir o encontro da 1.ª
Jornada da Fase de Grupos da Liga dos Campeões
Masculinos, referente ao Grupo A que se disputou
entre o Rhein-Neckar Lowen (Alemanha) e o HC Motor
Zaporohye (Ucrânia), na Alemanha em 19-09-13.
 – Foram nomeados para o XXI Mundial de Seniores
Feminino,  que se disputará na Sérvia de 6 a 22 de
Dezembro.
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

5

ALEKSANDER DONNER/

o revolucionário
Aleksander Donner, que foi treinador do CDE
Gil Eanes (seniores femininos), SL Benfica e
ABC Braga e AM Madeira A. Sad, foi também
seleccionador nacional de 1996 a 2000. Com
um vasto palmarés de títulos conquistados, A.
Donner venceu 8 Campeonatos Nacionais pelo
ABC, 1 pelo SL Benfica, 1 pelo AM Madeira A. Sad
e 1 pelo CDE Gil Eanes. Ganhou, ainda, 7 Taças de
Portugal e 5 Supertaças e dirigia a equipa do ABC
Braga na final da Taça dos Campeões Europeus. 

Prémio Carreira:
Fátima Monge da Silva

I I I G a l a d o A n d e b o l d a FA P
O Teatro Viriato, em Viseu, acolheu esta III Gala do Andebol.

Prémio Homenagem:
António Cunha

Melhor Jogador:
Carlos Carneiro
Gilberto Duarte
Hugo Laurentino

Jogador Revelação:
Miguel Sarmento
João Moniz
Miguel Espinha

Melhor Guarda-Redes (M):
Vicente Álamo
Hugo Figueira
Hugo Laurentino

Melhor Treinador:
Ulisses Pereira
Ljubomir Obradocvic
André Afra

Melhor Jogadora:
Ana Seabra
Cláudia Aguiar
Dulce Pina

Jogadora Revelação:
Ana Filipa Gante
Mariana Lopes
Patrícia Rodrigues

Melhor Guarda-Redes (F):
Diana Roque
Carolina Costa
Isabel Góis

Melhor Dupla de Arbitros:
Eurico Nicolau e Ivan
Caçador
Daniel Freitas e César
Ramiro Silva e Mário
Coutinho
6

A Handball Project and
Solutions é uma associação
criada em 2010, tendo como
objetivo primordial promover
e desenvolver o Andebol.
Para isso, conta com
uma equipa constituída
por profissionais com
comprovada experiência
nas várias áreas do
fenómeno desportivo
(treino desportivo, condição
física, desporto escolar,
desporto adaptado e gestão e
marketing desportivos).
A nossa atividade consiste
na organização de eventos

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

HANDBALLPROJECT/

estágio de Alto
rendimento
inovadores no panorama
desportivo nacional, com
especial incidência no Andebol.
A formação dos agentes
desportivos é para nós
essencial. Para isso, investimos
na realização de congressos

MISSÃO: “Promoção e desenvolvimento
do fenómeno desportivo, com enfoque no
Andebol”
MÁRIO BORGES - TEXTO

(Congresso Internacional)
e workshops (Handkeeper
Project), direcionados para
treinadores, focados nas várias
áreas do treino desportivo.
Levamos a cabo também,
os Centros de Treinos de

Especialização – atividades
pioneiras em Portugal – com
o objetivo de fomentar a
troca de experiências entre
jovens atletas e jogadores/
treinadores profissionais,
dotando-os de aptidões
que lhes permitam atingir a
excelência.
As atividades de cariz social
estão presentes nos nossos
projetos. Em 2011, iniciamos as
atividades Anddiball Project –
Encontros experimentais de
Andebol para a Deficiência
Intelectual – que juntamente
com as atividades Urban
Handball (Andebol de rua),
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

permitem que toda a população possa
aceder à prática desportiva, através do
Andebol.
A Handball Project quer continuar a
crescer e a evoluir, organizando eventos
que nos permitam alargar o nosso públicoalvo e as modalidades em que intervimos.

OBJECTIVOS
O objetivo da nossa associação passa
pela formação de atletas, treinadores
e de todos os outros intervenientes no
fenómeno desportivo nacional (árbitros,
dirigentes, encarregados de educação,
etc).
Para isso, incentivamos o intercâmbio
de experiências, de ideais, de estratégias
e de métodos de trabalho.

Centro de Treino de
Especialização (CTE)
O CTE enquanto evento da Handball
Project assume uma missão de
desenvolvimento do Andebol direcionado
para atletas que ambicionem atingir um
nível competitivo de excelência.
Este projeto inovador em Portugal
desde 2010 visa proporcionar aos
participantes (masculinos e femininos),
dos escalões de formação, a possibilidade
de durante cinco dias, em regime de
internato, treinarem com alguns dos
melhores treinadores e atletas nacionais e
internacionais, melhorando assim as suas
qualidades como potenciais atletas de
futuro.
Durante o CTE, os atletas são sujeitos
a treinos bi-diários, complementados com
testes físicos, sessões de musculação,

acompanhamento médico e nutricional. O
CTE conta já com três edições, nas quais
participaram aproximadamente 100 atletas
(masculinos e femininos), representantes
de vários clubes/associações nacionais
(AA Porto: AA Águas Santas, ADA MaiaIsmai, FC Gaia, FC Porto, Padroense FC,
CALE; AA Braga: CD Xico Andebol, Maia
Stars; AA Madeira: CDR Santanense; AA
Viseu: ABC Nelas; AA Lisboa: CD Paço
Arcos, Almada AC; Ginásio Clube Sul)
desde 2010 até 2012.
O Centro de Treino de Especialização
(CTE) enquanto evento da Handball
Project pretende transmitir o mais
possível a caracterização do treino de
alto rendimento. Neste sentido são
desenvolvidas atividades que contemplam
sessões práticas e teóricas, assim como,
sessões lúdicas. As sessões práticas são
constituídas pelo treino no pavilhão e
treino no ginásio. Por sua vez, as sessões
teóricas são baseadas na transmissão de
conteúdos sobre a psicologia, nutrição e
composição corporal, fisioterapia e análise
de jogo, por profissionais especializados
nas áreas referidas. As sessões lúdicas
são parte integrante do processo global
do treino do atleta, tendo uma particular
importância, no contexto do normal
desenvolvimento das crianças e jovens.

Congresso Internacional
O CI pretende ser um momento
de formação direcionado a todos os
intervenientes desportivos, com maior
enfoque para os treinadores.
Este evento conta já com 3 edições
(CI 2010 - “Andebol um passo para o
futuro” ; CI 2011 - “Andebol um jogo de

7

Urban Handball
As atividades Urban Handball
(Andebol de rua) visam o acesso
à prática desportiva, para toda a
população, através da modalidade
(Andebol).
Esta atividade teve início em
2011 e realizou-se também em
2012, na cidade da Maia. Estiveram
presentes nestas atividades cerca
de 80 praticantes, dos quais
atletas federados (formação e alta
competição) e participantes não
federados.

Anddiball Project

Esta atividade tem um cariz
primordialmente social, visando
alargar a prática da modalidade
para todos. Esta perspetiva de
inclusão através do Desporto/
Andebol desenvolveu-se entre 2011
e 2012 – Encontros experimentais
de Andebol para a Deficiência
Intelectual – envolvendo 85
atletas com deficiência intelectual
provenientes de associações
nacionais (ANDDI, APPACDM VN
Gaia), 60 atletas federados de
clubes federados (CALE, FC Gaia,
Colégio de Gaia, Maiastars, FC
Padroense e Xico Andebol) e 4
atletas de alta competição (Carlos
Resende, Gustavo Castro, Bosko
Bjelanovic e Eduardo Filipe).
8

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

“Vamos
construir uma
escola em…”

Workshop
Handkeeper Project

(Moçambique – Msaladzi)
Esta atividade tem um cariz
primordialmente social, que teve como
principal objetivo a recolha de bens materiais
e monetários para a construção de uma
escola em Moçambique. Esta atividade
decorreu em 2012 em Braga e teve como
principal dinamizador o Andebol (jogo
de exibição do ABC 2012/2013 e
velhas glórias do clube).

especificidades”; CI 2012 - “Andebol,
novas tendências de treino”) nos quais
participaram cerca de 300 congressistas.
Como preletores do CI, têm estado
presentes agentes desportivos “experts”
na modalidade, que representam ou
já representaram clubes/seleções
nacionais/internacionais (FC Porto,
VfL Gummersbach, Aguas Santas, EC
Granollers, ADA Maia-ISMAI, ABC,
Ademar Leon, Seleção Brasileira, Seleção
Espanhola, Seleção Portuguesa, Seleção
Holandesa) entre os quais: Carlos
Resende, Paulo Sá, Mário Santos, Paulo
Pereira, Filipe Calado, Jorge Rito, Ricardo
Costa, Rui Gomes, Paulo Queirós, Oscár
Gutiérrez, José Júlio Espina, Herman
Breuer, Lorenzo Rueda, Jordi Ribera, Juan
Fernandéz.
Sendo este um momento de
concentração de treinadores nacionais
e internacionais, têm vindo a ser
homenageadas figuras ímpares da
modalidade que evidenciam um grande
reconhecimento dos seus pares na
modalidade (Fernando Jorge Oliveira,
Ângelo Pintado, Nuno Montenegro)

Tertúlia sobre Andebol
Juntamente com a realização do
Congresso Internacional, a Handball
Project leva a cabo, a produção de uma
Tertúlia sobre Andebol.
Nesta atividade, os formalismos ficam
à porta e o único objetivo a ter em conta,
é a partilha de experiências, de histórias,
de segredos, entre amigos, entre

Este evento tem como
principal intuito a formação
contínua de treinadores
e atletas que pretendam
adquirir novos conhecimento
e competências sobre o posto
específico de Guarda-Redes.
Este workshop teve início
em 2012 e contou com a
presença de aproximada 15 treinadores formandos, 6 guarda-redes
das seleções nacionais e um formador internacional expert (Herman
Breuer).

companheiros, entre treinadores, entre
atletas, entre apaixonados pelo andebol.
Este é o momento ideal para colocar as
questões menos formais.
Este evento teve início em 2011 e
realizou-se também em 2012, num
espaço intimista (Tertúlia Castelense)
onde estiveram presentes cerca de 40
congressistas e alguns convidados com
vasta experiencia na modalidade (Carlos
Resende, Ricardo Costa, Ângelo Pintado,
Nuno Montenegro, Luís Graça, Jorge
Rodrigues), moderados por jornalista
de renome no panorama desportivo,
entre os quais Artur Monteiro e Nuno
Madureira.
9

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

CADERNOEXERCICIOS/

trabalhar
na formação
Com este caderno pretendemos criar uma lista com vários
exercícios de treino, para os diferentes blocos temáticos a
trabalhar nos treinos. Assim ilustramos vários Jogos Desportivos
Coletivos (JDC) a utilizar principalmente na fase de aquecimento.
Seguidamente exercícios de passe, remate nos diferentes postos
específicos, e exercícios de ataque em superioridade numérica. Por
fim, ilustramos várias movimentações para a transição ofensiva.
Estes exercicios são transversais a qualquer escalão de formação.

1. JPD - Dodgeball
2 equipas
1 espaço para cada equipa
Nº de bola igual a metade dos atletas
Objetivo: acertar com bola no adversário
Se acertar, o jogador sai do jogo.
S
 e alguém agarra bola no ar, entra um
jogador da sua equipa que estava fora.

2. JPD - Jogo dos remates
2 equipas
1/2 campo para cada equipa
Nº de bola igual a metade dos atletas
O
 bjetivo: marcar golo na baliza adversária.
(até aos 5)
N
 ão é permitido ultrapassar linha do meio
campo.
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

3. JPD - Andebol Humano
2 equipas / 1/2 campo para cada equipa
Cada atleta com uma bola em drible.
O
 bjetivo: entrar em drible dentro da baliza
adversária.
S
 e for tocado no campo do adversário, deve
ficar imóvel até ser salvo, tocado, por um
colega.

4. JPD - Bola Caçadora
2 equipas. Uma bola.
O
 bjetivo: equipa com a bola tem que tocar
(com a bola na mão) no adversário.
S
 e for tocado pelo adversário, deve ficar
sentado até a sua equipa conseguir intercetar
um passe.

5. JPD – Jogo das Multibalizas
2 equipas / 1 bola, não há drible.
4 mini balizas
Colocar a bola numa das balizas
VARIANTES:
Definir as balizas que se pode marcar.
Se jogador com bola for tocado, perde a bola.

6. JPD – Jogo dos “10 passes”
com transição
2
 equipas fazem o jogo dos “10 passes”
dentro dos 9 metros.
Não há drible.
Não podem agarrar, procurar interceção.
A
 o atingir os 10 passes, saída em contraataque e pôr bola na área de baliza contrária.

10
11

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

7. Grupos de 2 c/ bola
Passe-passe com mudanças de direção
Não fazer passe frente a frente parado.
VARIANTE:
Pôr defesas sem bola a intercetar passes.

8. Grupos de 3 c/ 2 bolas
Um grupo de 2 faz passe-passe
O 3º jogador foge em drible.
S
 e o jogador que foge é apanhado, troca com
o colega que o apanhou.

9. Remate com passe
Uma fila com bola, exceto o primeiro.
T
 rajetórias em “U”, receção em corrida
seguida de remate.
R
 emate condicionado para aquecimento do
GR:
(i) só remates ao 1º poste;
(ii) só remates para baixo;
(iii) só remates para cima;
(iv) só remates cruzados.

10. Remates com passe ii
Fila central idêntica ao exercício anterior.
Este exercício tem 3 remates seguidos.
A
 pós o 1º remate do central, remata em 2º
o ponta do lado do movimento do central,
seguido do 3º remate pelo ponta contrário.
P
 ara o exercício ser eficaz, os GR trocam,
rapidamente, a cada serie de remates.

2º

3º

1º
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

11. Volta ao Mundo em remates
D
 uas equipas (dá objetivo/motivação ao
exercício), cada um com bola.
Divididos pelas posições habituais de ataque.
R
 ematam os dois pontas, depois os dois
laterais, … , até todos terem rematado.
N
 o fim de cada série de remates, conta-se os
golos e dá-se “prémio” ao derrotados.

12. Volta ao Mundo com
oposição*
D
 ividir a zona defensiva em 5 partes
distintas.
1
 x1 seguido de remate. (passe e receção com
o colega de posição adjacente).
Defesa condicionado:
(
 i) ter que agarrar uma bola com as duas
mãos.

13. Remate de 1x(1*+1*)
D
 uas filas com bola a lateral. Passador a
central.
1º defesa nos 10 metros, 2º defesa nos 6
metros.
R
 eceber bola em corrida, atacar espaço vazio,
realizar finta com drible lateral seguido de
remate ou finta ao 2º defesa.
D
 efesas condicionados, agarrar bola ou
colete com ambas as mãos.

14. Remate 4x3
A
 taque em superioridade numérica, pontas e
laterais, sem entradas.
C
 ircular bola, atacar espaços interdefensores, evitar drible e 1x1.
B
 ola começa sempre numa ponta, fixar
sempre os adversários.

12
13

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

15. Ataque à zona 5x4
(2 pivôs fixos)
O
 s pivôs são fixos, e o central esta limitado
no passe ao pivô.
A
 tacar espaço inter-defensores e procurar o
lado da vantagem (inversões).
D
 efesas devem, além de oscilar para o lado
da bola, criar dissuasão das linhas de passe.

16. Ataque à zona 7x6
(2 pivôs fixos)
Idêntico ao anterior.
I
 nclusão dos pontas, devem abrir bem, dar
amplitude ao jogo; sem entradas.

17. Contra-ataque direto
Duas filas com bola, pontas opostas.
1
 º sem bola, 2º drible para o meio e faz passe
para depois do meio campo.

18. Transição a 2 passes i
D
 uas filas com bola, 2º defesa e defesa
ponta.
(
 i) O defesa 2º recebe o 1º passe no meiocampo, e o ponta recebe nos 9m para o
remate.
(
 ii) Idêntico, mas o defesa 2ª, recebe o passe
do ponta, criando assim uma segunda vaga.

1º

2º
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

19. Transição a 2 passes ii
Estrutura idêntica ao anterior, mas agora em

grupos de 4.

20. Transição 4x(1+2)
Idêntico ao anterior.
U
 m defesa junto ao meio campo, e outros
dois defesas dentro dos 9 metros.

14
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

ÁCONVERSACOM

15

FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA /

força de
guerreiro

Cerca de um ano depois de começar a jogar fui
chamado à selecção de detecção de talentos.

Como foi o primeiro contacto com o andebol?
O andebol começou através de uma história engraçada. Na altura
em que comecei o andebol era muito popular em Braga, muito devido
ao sucesso do ABC. Toda a gente jogava andebol, incluindo o meu
irmão e os meus primos. E foi um desses meus primos que me
16

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

convidou para ir aos treinos dos infantis
do ABC. Eu detestei os primeiros treinos,
de tal modo que fui a um ou dois e
depois não fui mais.
Cerca de um mês depois os infantis
do ABC iam participar num torneio em
Figueiró dos Vinhos, e para o qual não
tinha jogadores suficientes. Aí o meu
primo convenceu-me a voltar aos treinos,
e acabei por ser convocado para esse
torneio. Fiz o primeiro jogo e apaixoneime imediatamente pela competição e
pelo andebol. O pretexto de sair de casa,
de conhecer e fazer coisas novas foi o
ponto de partida.
Disseste que foi a competição que te
fascinou. O factor “competição” contribuiu
para te tornares no jogador de referência
que és agora?
Sim, também. Mas para além disso,
creio que o espírito e a qualidade da
equipa sénior do ABC da altura tomaram
um papel preponderante no meu
crescimento enquanto jogador. Vermos a
equipa principal jogar em grandes palcos,
contra adversários como o Barcelona ou o
Kiel, e perante um pavilhão cheio aguçava
a nossa paixão pelo andebol e por todo
aquele ambiente que se vivia. Foi esse
o principal factor motivacional para me
tornar um jogador cada vez melhor para
assim entrar numa grande equipa como a
do ABC. Assisti aos jogos dos quartos de
final e meias finais da Liga dos Campeões,
e essas experiências levaram-me a querer
estar naqueles palcos e jogar àquele nível.
O Pavilhão Flávio Sá Leite tinha um
carácter mítico na altura. Enquanto equipa,
como sentiam o apoio do público e da
cidade?
O Pavilhão Flávio Sá Leite era mítico
e ainda o é. Agora os tempos são outros,
há mais desporto em Braga. Mas na altura
o desporto-rei em Braga era sem dúvida
o andebol. Haviam sempre grandes
equipas, e a cidade vivia intensamente o
ABC. Exemplo disso eram as constantes
enchentes do pavilhão Flávio Sá Leite, que
obrigava alguns a ficarem à porta. No jogo
que me deu o meu primeiro campeonato,
diante do FC Porto, chegou a estar gente
pendurada no tecto; isto era algo que nos

deixava altamente motivados.
Para além deste entusiasmo em
torno da equipa, o público que assistia
aos nossos jogos sabia ver andebol,
muito devido ao profundo enraizamento
da cultura andebolística em Braga. O
ABC sempre foi muito completado pelo
público; jogadores, equipa técnica e o
público constituíam, em conjunto, uma
força quase imbatível.
Sendo pivot, qual era a tua referência?
Havia algum jogador de onde procuravas
copiar movimentações ou outras situações
de jogo?
Sem dúvida que o Carlos Galambas
foi sempre a minha referência, foi o pivot
que mais vi jogar. A nível internacional
seguia atentamente Xepkin e o Skrbic,
esses eram os meus principais exemplos.
Contudo também gostava de acompanhar
jogadores de posições que não a minha.
Jogadores como o Rui Almeida, o Carlos
Ferreira, Carlos Matos ou Eduardo Filipe
são alguns exemplos disso mesmo.
Mesmo não sendo pivots, eu procurava
retirar de cada um deles algo que me
pudesse ajudar a crescer enquanto
jogador.
Sendo tu um defesa por natureza, qual
é o jogador que te foi mais difícil de
ultrapassar?
Em termos Individuais diria que o
Eduardo Ferreira era um jogador que
se destacava. Ele sabia exactamente o
que o que fazer na defesa e, a juntar a
essa capacidade, tinha ainda um enorme
poderio físico.
Tenho ainda de mencionar uma dupla
de defesas centrais. Falo do Álvaro
Rodrigues e do Manuel Arezes; juntos
formavam uma dupla incrível e dificílima
de transpor. Dava-me um gosto imenso
jogar contra eles, e foi contra eles que
acho que me tornei melhor jogador e
que desenvolvi a minha capacidade de
superação. A semana que antecedia um
jogo contra eles baseava-se num treino
intensivo, principalmente a nível físico,
pois sabia que o desafio iria ser duro.
Como foi a primeira chamada à selecção
(escalões)?

Cerca de um ano depois de começar a
jogar fui chamado à selecção de detecção
de talentos. Desde então segui o processo
normal, talvez não tão normal no que toca
à rapidez com que se desenrolou. Tive a
sorte de haver alguma escassez de pivots
nos escalões superiores da selecção, o
que me deu oportunidade de jogar por
Portugal, não só no meu escalão, mas
também em superiores. Essa experiência
deu-me um traquejo enorme. Houve
alturas em que chegava de estágios com
a selecção B, trocavam-me o saco no
aeroporto, e seguia logo com os AA. Este
tipo de situações foram muito importantes
durante a fase inicial da minha carreira;
estava constantemente a treinar e a jogar
com pessoas diferentes.
Qual a sensação de ouvir o hino nacional
pela primeira vez?
É um orgulho enorme. Naquele
momento pensas que, aconteça o que
acontecer, tens de deixar a pele em
campo e dar tudo pelo teu país. É uma
sensação que ainda hoje sinto cada vez
que jogo pela selecção. É um privilégio
representar Portugal; é certo que sabes
que trabalhaste para estar ali, mas muitos
também trabalharam e não tiveram a
mesma sorte.
Como se desenrolou a ida para Espanha?
Fui para Espanha ao fim de seis
épocas no ABC, contudo, já há algum
tempo que estava a ser seguido por
clubes espanhóis. Nesse ano estava em
boa forma, sentia que crescia de jogo
para jogo e fazia coisas que não fazia
antes. No inicio de cada temporada
costumávamos realizar torneios em
Espanha, e, para além disso, o ABC
jogou uma eliminatória europeia diante
do Vidassoa, uma equipa espanhola.
O contacto com o andebol espanhol
ia acontecendo com frequência, assim
surgiu interesse em vários jogadores e eu
fui um deles. No ano em que me fizeram
a primeira proposta para atravessar
a fronteira, achei que ainda era muito
cedo para sair e que ainda tinha muito
para aprender em Braga, contudo acabei
mesmo por ir para Espanha dois anos
depois, mais propriamente para o Pilotes
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

“Fiz o primeiro jogo
e apaixonei-me
imediatamente pela
competição e pelo
andebol.”

Posada; foi, dos clubes interessados,
aquele que melhores condições me
proporcionaram.
Independentemente da questão
monetária, o Pilotes tinha sido
considerada a equipa sensação em
Espanha, e para além disso, o clube
estava situado relativamente perto de
Braga, o que me iria ajudar na fase de
adaptação.
Tudo parecia ser um sonho, tinha
acabado de assinar um contrato de quatro
anos com uma equipa que competia
numa das melhores ligas europeias.
Todavia, e como que por instinto, resolvi
colocar uma cláusula no meu contrato
que indicava que, se o Pilotes descesse

17

Que treinador mais te marcou?
Quem me marcou realmente durante o meu
crescimento enquanto jogador de andebol foi
sem dúvida o João Ferreira. Foi ele que mais me
acompanhou numa fase inicial, e que me ajudou imenso,
principalmente na vertente psicológica do jogo.

de divisão, eu me tornaria um jogador livre
automaticamente. Curiosamente, quando
chego a Espanha, saem sete jogadores
titulares do Pilotes. A equipa ficou menos
competitiva, e acabámos mesmo por
descer de divisão. Como jogador livre
tive propostas de três clubes espanhóis,
mas todos clubes de dimensão reduzida.
Entretanto fiz chegar a Portugal a minha
intenção de voltar, e então aparece o
Benfica que tinha uma equipa com muita
qualidade e com capacidade para lutar por
títulos e aí não hesitei.
Que diferenças encontraste no andebol
espanhol em comparação com o
português?

Devo dizer que a Liga Asobal desiludiume muito, principalmente em termos
de condições de trabalho. Apesar de
ter estado pouco tempo em Espanha,
creio que os clubes por onde passei em
Portugal tinham melhores condições do
que as que encontrei em Espanha. Acabei
por ficar lá apenas uma época, isto apesar
de ter assinado um contrato de quatro
anos.
A minha passagem por Espanha podese caracterizar como uma experiência que
teve o seu lado negativo, mas o mesmo
tempo teve alguns aspectos positivos.
É certo que houve alturas em que não
se pagavam os salários dos jogadores,
e para além disso estive lesionado
18

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

Sete Ideal:

Luc
Abalo
Thierry
Omeyer

Blazenko
Lackovic
Aguinagalde
Ivano
Balic

Landen
Daniel
Narcise

durante dois meses, contudo aprendi
muita coisa, e todos os fins-de-semana
tinha jogos com um grau competitivo
elevadíssimo. Percebi que a diferença de
competitividade para com Portugal não
era tão grande como pensava; acho que
há jogadores em Portugal que facilmente
jogariam no campeonato espanhol.
Qual foi o balneário que mais te marcou?
Sem dúvida que o ambiente de
balneário do ABC, e o modo como o
mesmo era vivido era algo de incrível
a todos os níveis. Ali tínhamos todos a
noção de que, da mesma maneira que
havia um tempo para brincadeiras, havia
também o momento da concentração
e união da equipa. Os jogadores mais
velhos cultivavam em nós um ideal
guerreiro muito forte; saíamos lá de
dentro totalmente prontos para a luta.
Certamente que quem vê o teu espírito
competitivo em campo é capaz de não
vislumbrar o teu lado mais social e afável.
Como te defines em relação a esse
aspecto?

Quando era mais novo custava-me um
pouco a aceitar a ideia de que eu poderia
ser visto como alguém mais agressivo.
Mas com o tempo fui-me apercebendo
da minha maneira de ser em campo, e
percebi que as pessoas tinham toda a
legitimidade em achar que eu seria uma
pessoa menos sociável. No entanto isso
nunca me preocupou, pois tinha perfeita
noção de como era fora de campo. Havia
pessoas que começavam a falar comigo
um tanto a medo, mas no fim ficavam
com uma ideia exactamente oposta.
Tenho consciência da imagem que
crio derivada da minha atitude nos jogos,
mas não me preocupo demasiado com
isso. Quem quiser dar a sua opinião
sobre como sou em campo, tudo bem;
já opiniões de pessoas que não me
conhecem sobre a minha personalidade
fora de campo, essas simplesmente não
me interessam.
Dada a ligação que tens com o ABC,
já pensaste em terminar a carreira em
Braga?
Claro que sim. O ABC foi o clube onde

tudo começou; qualquer jogador pensa
em voltar ao clube onde cresceu e onde
se fez jogador e homem, e eu não sou
excepção. Creio que esse regresso está
muito associado ao desejo de reviver
velhos tempos e emoções vividas
anteriormente. Estou no Benfica há três
anos, e confesso que neste momento
sinto muito o clube. Durante este período
ao serviço do Benfica fui estabelecendo
uma ligação muito forte com o clube;
apercebi-me da sua grandeza e de todo
o esforço e investimento que é feito em
seu nome. É um tipo de relação diferente
da que tenho com o ABC, contudo neste
momento é um laço muito forte.
Sentes que a força dessa ligação com
o Benfica te pode tornar um símbolo do
clube?
Não é qualquer um que se torna um
símbolo do Benfica. Eu não acho que
possa ser um estandarte de um clube
como o Benfica, mas sinto o carinho
das pessoas e o seu reconhecimento o
meu trabalho e da minha entrega. Claro
que me sinto como parte integrante do
andebol do Benfica, e creio que estou a
ir ao encontro dos valores que defende.
Trata-se de uma relação de entrega
recíproca: os jogadores entregam-se
totalmente pelo clube, e o clube faz o
mesmo por nós. No caso dos jogadores,
nós só temos de dar o nosso máximo.
Tens projectos delineados para quando
terminares a carreira no andebol?
Aos poucos tenho vindo a organizar
a minha vida pós-andebol. São projectos
fora do universo andebolístico mas
que alcancei graças à modalidade.
Mesmo não tendo concluído os
estudos, considero-os como algo de
extremamente importante. Se fosse
hoje provavelmente teria continuado
a estudar, pois hoje sei que é possível
complementá-los com a prática
desportiva de competição. Eu dediqueime muito ao andebol, e o meu objectivo
era ser jogador e trabalhei muito para
isso.
Trabalho diariamente para ser dos
melhores, para criar um futuro melhor
para mim fora do andebol. O meu
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

objectivo é gerir bem o que tenho ganho com o andebol,
por forma a garantir um futuro sustentável. Não temos
de ser todos médicos ou professores, mas temos de
fazer as coisas de forma pensada, não gastando mais do
que se tem.
A minha maneira de ser e de trabalhar no andebol
permitiu-me ser alvo do interesse de pessoas fora do
andebol, mas que já passaram pela modalidade, e que
viram em mim uma potencial mais-valia para projectos
futuros. Aquilo que tu dás ao andebol é proporcional
àquilo que recebes dele, e eu sou exemplo disso mesmo.
Qual o título que te deu mais gosto conquistar?
O primeiro foi bastante marcante na minha vida por
tudo o que envolveu. Na altura em que cheguei aos
seniores do ABC, a equipa está a passar por uma fase
muito difícil. Falou-se em acabar com o clube; a própria
equipa baseava-se muito em jogadores oriundos da
formação.
Contudo, e quase do nada, nós ressuscitámos o ABC.
No primeiro ano dessa equipa chegámos a uma final
europeia, e no ano seguinte fomos campeões. Para
além do clube, a própria cidade de Braga voltou aos
velhos tempos de euforia em torno do ABC. O segundo
título também teve um sabor especial, uma vez que foi
alcançado fora de casa, mais propriamente na Madeira.
Para além destes títulos, conquistei uma Taça de
Portugal de um modo que me fez sentir um verdadeiro
campeão. Tínhamos acabado de perder o campeonato
para o Benfica, e poucos dias depois íamos disputar a
final da Taça de Portugal diante do FC Porto, uma equipa
que teve muito mais tempo de preparação. Após a
derrota com o Benfica a nossa equipa estava de rastos a
nível anímico, no entanto acabámos por derrotar o Porto
de forma contundente. Foi uma sensação indiscritível, foi
uma Taça que soube a campeonato.
Finalmente há a Taça de Portugal pelo Benfica, algo
que escapava ao clube há 18 anos. Também foi algo
de marcante pois, devido a circunstâncias do jogo, fui
chamado a entrar em campo quando faltavam dois
minutos para acabar a primeira parte. Na segunda parte
fiz seis golos em seis remates, e ainda marquei dois
livres de sete metros. Senti que tinha desempenhado um
papel importante e que tinha ajudado muito a equipa.
Que conselhos deixas para os jovens que estão agora a
começar no andebol?
Aquilo que posso dizer é que apostem no andebol
pois vale realmente a pena. O andebol é um modelo de
vida espectacular, onde se cresce e se aprende muito a
nível pessoal. Apesar destes tempos difíceis, continuem
a acreditar. Se trabalharem com afinco e dedicação,
acreditem que irão colher os frutos desse mesmo
trabalho.

Hobbies:
Passear, tratar do cão, cinema,
visitar família
Banda:
Da Weasel
Música:
Voa voa (chiclete com banana)
Livro:
Os Capitães da areia
Filme/Série:
Breaveheart
Jogo:
Pro Evolution Soccer
Viagem:
Tailândia
Atleta (Andebol):
Nikola Karabatic
Atleta (outra modalidade):
Cristiano Ronaldo
Equipa de Andebol:
FC Barcelona
Selecção de Andebol:
França

19
20

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

CAMPEÕES2012.2013/

os vencedores
de norte a sul

Séniores Masculinos
1.	
2.	
3.	
4.	
5.	
6.	

F.C. Porto
S.L. Benfica
Sporting C. P.
Águas Santas - Milaneza
ABC / U. Minho
SP. C. Horta / Elite Security

Juniores Masculinos
1.	
2.	
3.	
4.	
5.	
6.	

Sporting C. P
SL Benfica
ABC/U. Minho
A. D. A. Maia-ISMAI
CF Os Belenenses
FC Porto
R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

Juvenis Masculinos
1.	
2.	
3.	
4.	

SL Benfica
FC Porto
A. A. Águas Santas
Sporting C.P.

Iniciados Masculinos
1.	
2.	
3.	
4.	
5.	
6.	

S.L. Benfica
ABC “A”
A. A. Águas Santas
Lagoa AC
Sporting C.P.
Alavarium

Infantis Masculinos
1.	
2.	
3.	
4.	
5.	
6.	

S.L. Benfica
A. A. Águas Santas
Clube C. R. Alto do Moinho ”A”
Sporting C.P.
Academico FC
CF “Os Belenenses”

21
22

R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3

CAMPEÕES2012.2013/

Seniores Femininos
1. Alavarium / Love Tiles
2. ADA C. João de Barros
3. Madeira SAD
4. JUVE
5. JAC - Alcanena
6. Colégio de Gaia
7. Maiastars
8. CS Madeira

Juniores Femininos
1. JAC – Alcanena
2. JUVE
3. CD. B. Perestrelo
4. Maiastars
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Juvenis Femininos
1. CS Madeira
2. Alavarium – LoveTiles
3. Maiastars
4. S. I. M. Porto Salvo

Iniciados Femininos
1. Maiastars
2. Didaxis – Coop. Ens. CRL
3. Alavarium – Love Tiles
4. Lagoa AC

Infantis Femininos
1. AD Sanjoanenses
2. MaiaStars
3. A.A. Espinho “A”
4. Alavarium – Love Tiles
5. CD. B. Perestrelo
6. CALE

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Andebolito #4

  • 1. 1 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 Nº 4 / 2013 www.facebook.com/andebolito FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA / Força de guerreiro Á conversa com José Costa HANDBALLPROJECT/ estágio de alto rendimento CAMPEÕES2012.2013/ Os vencedores de Norte a Sul 9 CADERNOEXERCÍCIOS/ trabalhar na formação
  • 2. 2 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 sumário editorial R E V I S TA A N D E B O L I T O / 004 | OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 /NOTÍCIAS/ 04 06 09 15 20 Aleksander Donner, o revolucionário /HANDBALLPROJECT/ Estágio de Alto Rendimento /CADERNOEXERCÍCIOS/ Trabalhar na formação / FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA / Á conversa com José Costa /CAMPEÕES2012.2013/ Os vencedores de Norte a Sul C O N TA C T E N O S / Quer ser colaborador www.facebook.com/andebolito andebolito@gmail.com Direcção Técnica: Tiago Oliva > tloliva@gmail.com João Antunes > antunes.joaop@gmail.com Redacção: Tiago Oliva > tloliva@gmail.com João Antunes > antunes.joaop@gmail.com Colaboradores: Duarte Pimenta, Francisco Gomes, Mário Borges Design Gráfico: Cortes > cortes.design73@gmail.com Capa: José Costa JOÃOANTUNES/ Depois de uns meses de ausência, voltamos a publicar mais um número da revista Andebolito. Este ainda com referências aos últimos campeões Nacionais, masculinos e femininos, e nos diversos escalões. Parabéns a todos... atletas, treinadores, dirigentes, país, e toda a comunidade envolvida na dinâmica dos clubes. Numa altura em que o Portugal necessita de referências, valores, e motivação para superar todo este clima negativo que a austeridade impõs ao país, destacamos o “guerreiro” José Costa. Reconhecido pelos companheiros como um excelente colega de balneário, pelos adversários como um temivél pivot, e pelos amigos como o maior coração do mundo. Para este número sugerimos uma bateria de exercícios, para os diferentes blocos temáticos a trabalhar nos vários micro-ciclos. Sempre com a perspectiva de melhorar a qualidade e promover o nosso Andebol, realçamos o “Handball Project”. Excelente iniciativa, à qual desejamos o maior sucesso. Não queria terminar sem antes realçar a importância para a nossa modalidade, de termos uma equipa na fase de grupos da Liga de Campeões. Parabéns F.C.Porto e continuação de boa campanha, no sentido de mostar o andebol português. Boa leitura, e bons remates.
  • 3. 3 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 Foto do ano IHF O Fotografo Australiano Ben Dawson arrecadou o 1º prémio da foto IHF do ano, com esta imagem de “Homens voando sobre as Areias”, no encontro do Mundial de 2013 entre Omã e Croácia.
  • 4. 4 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 CAMPEONATO DA EUROPA FEMININO Sub17 Considerada a Equipa surpresa pela EHF, Portugal arrecadou o quarto lugar no Campeonato da Europa e a Melhor Lateral Esquerda da Europa A seleção nacional de Juniores B femininos obteve a melhor classificação de sempre no escalão ao ficar em 4º lugar do Campeonato da Europa de de Sub17, que decorreu na Polónia de 15 a 25 de Agosto. De destacar a nível individual, Sandra Santiago, que figurou no Sete Ideal da prova como Melhor Lateral Esquerda. A treinadora da seleção nacional de sub17, Sandra Fernandes, foi uma das quatro treinadoras homenageadas publicamente pelo seu o trabalho, empenho e contribuição das seleções nacionais que estiveram no Campeonato da Europa Feminino de Sub17. Apuramento para a Fase Final do Europeu de Seniores Femininos 2014 que vai decorrer de 7 a 21 de Dezembro na Croácia e Hungria em organização conjunta.  O Grupo 3 é constituído (apura duas equipas):  Montenegro, República Checa, Polónia e Portugal. Calendário do Grupo 3: 1ª Jornada - Dia 23-10-13 Montenegro - Polónia (18H00) Rep. Checa - Portugal (18H00) 2ª Jornada - Dia 27-10-13 Portugal - Montenegro (15H00) Multiusos de Coimbra Polónia - Rep. Checa (17H30)  3ª Jornada - Dia 26/27-03-14 Rep. Checa - Montenegro  Portugal - Polónia  4ª Jornada Dia 29/30-03-14 Montenegro - Rep. Checa  Polónia - Portugal  5ª Jornada - Dia 11/12-06-14 Polónia - Montenegro  Portugal - Rep. Checa 6ª Jornada - Dia 14/15-06-14 Montenegro - Portugal Rep. Checa - Polónia Árbitros pela Europa  Eurico Nicolau / Ivan Caçador – Foram nomeados para dirigir o encontro da 1.ª Mão dos jogo da Wild card Qualificação, que se disputou entre o Montpellier Agglomeration HB (França) e o Orlen Wisla Plock (Polónia), em França em 29-08-13.  – Foram nomeados para dirigir o encontro da 2.ª Jornada do Grupo “D” da Liga dos Campeões Europeus Feminina, que se disputou entre o WHC Vardar SCBT (Macedónia) e o HLarvik (Noruega), na Macedónia em 11-10-13. Daniel Freitas / César Carvalho  – Foram nomeados para dirigir o encontro da 2.ª Mão da 2.ª Eliminatória da EHF CUP Masculina, que se disputou entre o Grundfos Tatabanya KC (Hungria) e o Lugi HF (Suécia), na Hungria no dia 19-10-13. Duarte Santos / Ricardo Vieira  – Foram nomeados para dirigir o encontro da 1.ª Jornada da Fase de Grupos da Liga dos Campeões Masculinos, referente ao Grupo A que se disputou entre o Rhein-Neckar Lowen (Alemanha) e o HC Motor Zaporohye (Ucrânia), na Alemanha em 19-09-13.  – Foram nomeados para o XXI Mundial de Seniores Feminino,  que se disputará na Sérvia de 6 a 22 de Dezembro.
  • 5. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 5 ALEKSANDER DONNER/ o revolucionário Aleksander Donner, que foi treinador do CDE Gil Eanes (seniores femininos), SL Benfica e ABC Braga e AM Madeira A. Sad, foi também seleccionador nacional de 1996 a 2000. Com um vasto palmarés de títulos conquistados, A. Donner venceu 8 Campeonatos Nacionais pelo ABC, 1 pelo SL Benfica, 1 pelo AM Madeira A. Sad e 1 pelo CDE Gil Eanes. Ganhou, ainda, 7 Taças de Portugal e 5 Supertaças e dirigia a equipa do ABC Braga na final da Taça dos Campeões Europeus.  Prémio Carreira: Fátima Monge da Silva I I I G a l a d o A n d e b o l d a FA P O Teatro Viriato, em Viseu, acolheu esta III Gala do Andebol. Prémio Homenagem: António Cunha Melhor Jogador: Carlos Carneiro Gilberto Duarte Hugo Laurentino Jogador Revelação: Miguel Sarmento João Moniz Miguel Espinha Melhor Guarda-Redes (M): Vicente Álamo Hugo Figueira Hugo Laurentino Melhor Treinador: Ulisses Pereira Ljubomir Obradocvic André Afra Melhor Jogadora: Ana Seabra Cláudia Aguiar Dulce Pina Jogadora Revelação: Ana Filipa Gante Mariana Lopes Patrícia Rodrigues Melhor Guarda-Redes (F): Diana Roque Carolina Costa Isabel Góis Melhor Dupla de Arbitros: Eurico Nicolau e Ivan Caçador Daniel Freitas e César Ramiro Silva e Mário Coutinho
  • 6. 6 A Handball Project and Solutions é uma associação criada em 2010, tendo como objetivo primordial promover e desenvolver o Andebol. Para isso, conta com uma equipa constituída por profissionais com comprovada experiência nas várias áreas do fenómeno desportivo (treino desportivo, condição física, desporto escolar, desporto adaptado e gestão e marketing desportivos). A nossa atividade consiste na organização de eventos R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 HANDBALLPROJECT/ estágio de Alto rendimento inovadores no panorama desportivo nacional, com especial incidência no Andebol. A formação dos agentes desportivos é para nós essencial. Para isso, investimos na realização de congressos MISSÃO: “Promoção e desenvolvimento do fenómeno desportivo, com enfoque no Andebol” MÁRIO BORGES - TEXTO (Congresso Internacional) e workshops (Handkeeper Project), direcionados para treinadores, focados nas várias áreas do treino desportivo. Levamos a cabo também, os Centros de Treinos de Especialização – atividades pioneiras em Portugal – com o objetivo de fomentar a troca de experiências entre jovens atletas e jogadores/ treinadores profissionais, dotando-os de aptidões que lhes permitam atingir a excelência. As atividades de cariz social estão presentes nos nossos projetos. Em 2011, iniciamos as atividades Anddiball Project – Encontros experimentais de Andebol para a Deficiência Intelectual – que juntamente com as atividades Urban Handball (Andebol de rua),
  • 7. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 permitem que toda a população possa aceder à prática desportiva, através do Andebol. A Handball Project quer continuar a crescer e a evoluir, organizando eventos que nos permitam alargar o nosso públicoalvo e as modalidades em que intervimos. OBJECTIVOS O objetivo da nossa associação passa pela formação de atletas, treinadores e de todos os outros intervenientes no fenómeno desportivo nacional (árbitros, dirigentes, encarregados de educação, etc). Para isso, incentivamos o intercâmbio de experiências, de ideais, de estratégias e de métodos de trabalho. Centro de Treino de Especialização (CTE) O CTE enquanto evento da Handball Project assume uma missão de desenvolvimento do Andebol direcionado para atletas que ambicionem atingir um nível competitivo de excelência. Este projeto inovador em Portugal desde 2010 visa proporcionar aos participantes (masculinos e femininos), dos escalões de formação, a possibilidade de durante cinco dias, em regime de internato, treinarem com alguns dos melhores treinadores e atletas nacionais e internacionais, melhorando assim as suas qualidades como potenciais atletas de futuro. Durante o CTE, os atletas são sujeitos a treinos bi-diários, complementados com testes físicos, sessões de musculação, acompanhamento médico e nutricional. O CTE conta já com três edições, nas quais participaram aproximadamente 100 atletas (masculinos e femininos), representantes de vários clubes/associações nacionais (AA Porto: AA Águas Santas, ADA MaiaIsmai, FC Gaia, FC Porto, Padroense FC, CALE; AA Braga: CD Xico Andebol, Maia Stars; AA Madeira: CDR Santanense; AA Viseu: ABC Nelas; AA Lisboa: CD Paço Arcos, Almada AC; Ginásio Clube Sul) desde 2010 até 2012. O Centro de Treino de Especialização (CTE) enquanto evento da Handball Project pretende transmitir o mais possível a caracterização do treino de alto rendimento. Neste sentido são desenvolvidas atividades que contemplam sessões práticas e teóricas, assim como, sessões lúdicas. As sessões práticas são constituídas pelo treino no pavilhão e treino no ginásio. Por sua vez, as sessões teóricas são baseadas na transmissão de conteúdos sobre a psicologia, nutrição e composição corporal, fisioterapia e análise de jogo, por profissionais especializados nas áreas referidas. As sessões lúdicas são parte integrante do processo global do treino do atleta, tendo uma particular importância, no contexto do normal desenvolvimento das crianças e jovens. Congresso Internacional O CI pretende ser um momento de formação direcionado a todos os intervenientes desportivos, com maior enfoque para os treinadores. Este evento conta já com 3 edições (CI 2010 - “Andebol um passo para o futuro” ; CI 2011 - “Andebol um jogo de 7 Urban Handball As atividades Urban Handball (Andebol de rua) visam o acesso à prática desportiva, para toda a população, através da modalidade (Andebol). Esta atividade teve início em 2011 e realizou-se também em 2012, na cidade da Maia. Estiveram presentes nestas atividades cerca de 80 praticantes, dos quais atletas federados (formação e alta competição) e participantes não federados. Anddiball Project Esta atividade tem um cariz primordialmente social, visando alargar a prática da modalidade para todos. Esta perspetiva de inclusão através do Desporto/ Andebol desenvolveu-se entre 2011 e 2012 – Encontros experimentais de Andebol para a Deficiência Intelectual – envolvendo 85 atletas com deficiência intelectual provenientes de associações nacionais (ANDDI, APPACDM VN Gaia), 60 atletas federados de clubes federados (CALE, FC Gaia, Colégio de Gaia, Maiastars, FC Padroense e Xico Andebol) e 4 atletas de alta competição (Carlos Resende, Gustavo Castro, Bosko Bjelanovic e Eduardo Filipe).
  • 8. 8 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 “Vamos construir uma escola em…” Workshop Handkeeper Project (Moçambique – Msaladzi) Esta atividade tem um cariz primordialmente social, que teve como principal objetivo a recolha de bens materiais e monetários para a construção de uma escola em Moçambique. Esta atividade decorreu em 2012 em Braga e teve como principal dinamizador o Andebol (jogo de exibição do ABC 2012/2013 e velhas glórias do clube). especificidades”; CI 2012 - “Andebol, novas tendências de treino”) nos quais participaram cerca de 300 congressistas. Como preletores do CI, têm estado presentes agentes desportivos “experts” na modalidade, que representam ou já representaram clubes/seleções nacionais/internacionais (FC Porto, VfL Gummersbach, Aguas Santas, EC Granollers, ADA Maia-ISMAI, ABC, Ademar Leon, Seleção Brasileira, Seleção Espanhola, Seleção Portuguesa, Seleção Holandesa) entre os quais: Carlos Resende, Paulo Sá, Mário Santos, Paulo Pereira, Filipe Calado, Jorge Rito, Ricardo Costa, Rui Gomes, Paulo Queirós, Oscár Gutiérrez, José Júlio Espina, Herman Breuer, Lorenzo Rueda, Jordi Ribera, Juan Fernandéz. Sendo este um momento de concentração de treinadores nacionais e internacionais, têm vindo a ser homenageadas figuras ímpares da modalidade que evidenciam um grande reconhecimento dos seus pares na modalidade (Fernando Jorge Oliveira, Ângelo Pintado, Nuno Montenegro) Tertúlia sobre Andebol Juntamente com a realização do Congresso Internacional, a Handball Project leva a cabo, a produção de uma Tertúlia sobre Andebol. Nesta atividade, os formalismos ficam à porta e o único objetivo a ter em conta, é a partilha de experiências, de histórias, de segredos, entre amigos, entre Este evento tem como principal intuito a formação contínua de treinadores e atletas que pretendam adquirir novos conhecimento e competências sobre o posto específico de Guarda-Redes. Este workshop teve início em 2012 e contou com a presença de aproximada 15 treinadores formandos, 6 guarda-redes das seleções nacionais e um formador internacional expert (Herman Breuer). companheiros, entre treinadores, entre atletas, entre apaixonados pelo andebol. Este é o momento ideal para colocar as questões menos formais. Este evento teve início em 2011 e realizou-se também em 2012, num espaço intimista (Tertúlia Castelense) onde estiveram presentes cerca de 40 congressistas e alguns convidados com vasta experiencia na modalidade (Carlos Resende, Ricardo Costa, Ângelo Pintado, Nuno Montenegro, Luís Graça, Jorge Rodrigues), moderados por jornalista de renome no panorama desportivo, entre os quais Artur Monteiro e Nuno Madureira.
  • 9. 9 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 CADERNOEXERCICIOS/ trabalhar na formação Com este caderno pretendemos criar uma lista com vários exercícios de treino, para os diferentes blocos temáticos a trabalhar nos treinos. Assim ilustramos vários Jogos Desportivos Coletivos (JDC) a utilizar principalmente na fase de aquecimento. Seguidamente exercícios de passe, remate nos diferentes postos específicos, e exercícios de ataque em superioridade numérica. Por fim, ilustramos várias movimentações para a transição ofensiva. Estes exercicios são transversais a qualquer escalão de formação. 1. JPD - Dodgeball 2 equipas 1 espaço para cada equipa Nº de bola igual a metade dos atletas Objetivo: acertar com bola no adversário Se acertar, o jogador sai do jogo. S e alguém agarra bola no ar, entra um jogador da sua equipa que estava fora. 2. JPD - Jogo dos remates 2 equipas 1/2 campo para cada equipa Nº de bola igual a metade dos atletas O bjetivo: marcar golo na baliza adversária. (até aos 5) N ão é permitido ultrapassar linha do meio campo.
  • 10. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 3. JPD - Andebol Humano 2 equipas / 1/2 campo para cada equipa Cada atleta com uma bola em drible. O bjetivo: entrar em drible dentro da baliza adversária. S e for tocado no campo do adversário, deve ficar imóvel até ser salvo, tocado, por um colega. 4. JPD - Bola Caçadora 2 equipas. Uma bola. O bjetivo: equipa com a bola tem que tocar (com a bola na mão) no adversário. S e for tocado pelo adversário, deve ficar sentado até a sua equipa conseguir intercetar um passe. 5. JPD – Jogo das Multibalizas 2 equipas / 1 bola, não há drible. 4 mini balizas Colocar a bola numa das balizas VARIANTES: Definir as balizas que se pode marcar. Se jogador com bola for tocado, perde a bola. 6. JPD – Jogo dos “10 passes” com transição 2 equipas fazem o jogo dos “10 passes” dentro dos 9 metros. Não há drible. Não podem agarrar, procurar interceção. A o atingir os 10 passes, saída em contraataque e pôr bola na área de baliza contrária. 10
  • 11. 11 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 7. Grupos de 2 c/ bola Passe-passe com mudanças de direção Não fazer passe frente a frente parado. VARIANTE: Pôr defesas sem bola a intercetar passes. 8. Grupos de 3 c/ 2 bolas Um grupo de 2 faz passe-passe O 3º jogador foge em drible. S e o jogador que foge é apanhado, troca com o colega que o apanhou. 9. Remate com passe Uma fila com bola, exceto o primeiro. T rajetórias em “U”, receção em corrida seguida de remate. R emate condicionado para aquecimento do GR: (i) só remates ao 1º poste; (ii) só remates para baixo; (iii) só remates para cima; (iv) só remates cruzados. 10. Remates com passe ii Fila central idêntica ao exercício anterior. Este exercício tem 3 remates seguidos. A pós o 1º remate do central, remata em 2º o ponta do lado do movimento do central, seguido do 3º remate pelo ponta contrário. P ara o exercício ser eficaz, os GR trocam, rapidamente, a cada serie de remates. 2º 3º 1º
  • 12. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 11. Volta ao Mundo em remates D uas equipas (dá objetivo/motivação ao exercício), cada um com bola. Divididos pelas posições habituais de ataque. R ematam os dois pontas, depois os dois laterais, … , até todos terem rematado. N o fim de cada série de remates, conta-se os golos e dá-se “prémio” ao derrotados. 12. Volta ao Mundo com oposição* D ividir a zona defensiva em 5 partes distintas. 1 x1 seguido de remate. (passe e receção com o colega de posição adjacente). Defesa condicionado: ( i) ter que agarrar uma bola com as duas mãos. 13. Remate de 1x(1*+1*) D uas filas com bola a lateral. Passador a central. 1º defesa nos 10 metros, 2º defesa nos 6 metros. R eceber bola em corrida, atacar espaço vazio, realizar finta com drible lateral seguido de remate ou finta ao 2º defesa. D efesas condicionados, agarrar bola ou colete com ambas as mãos. 14. Remate 4x3 A taque em superioridade numérica, pontas e laterais, sem entradas. C ircular bola, atacar espaços interdefensores, evitar drible e 1x1. B ola começa sempre numa ponta, fixar sempre os adversários. 12
  • 13. 13 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 15. Ataque à zona 5x4 (2 pivôs fixos) O s pivôs são fixos, e o central esta limitado no passe ao pivô. A tacar espaço inter-defensores e procurar o lado da vantagem (inversões). D efesas devem, além de oscilar para o lado da bola, criar dissuasão das linhas de passe. 16. Ataque à zona 7x6 (2 pivôs fixos) Idêntico ao anterior. I nclusão dos pontas, devem abrir bem, dar amplitude ao jogo; sem entradas. 17. Contra-ataque direto Duas filas com bola, pontas opostas. 1 º sem bola, 2º drible para o meio e faz passe para depois do meio campo. 18. Transição a 2 passes i D uas filas com bola, 2º defesa e defesa ponta. ( i) O defesa 2º recebe o 1º passe no meiocampo, e o ponta recebe nos 9m para o remate. ( ii) Idêntico, mas o defesa 2ª, recebe o passe do ponta, criando assim uma segunda vaga. 1º 2º
  • 14. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 19. Transição a 2 passes ii Estrutura idêntica ao anterior, mas agora em grupos de 4. 20. Transição 4x(1+2) Idêntico ao anterior. U m defesa junto ao meio campo, e outros dois defesas dentro dos 9 metros. 14
  • 15. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 ÁCONVERSACOM 15 FA L A N D O C O M O A N D E B O L I S TA / força de guerreiro Cerca de um ano depois de começar a jogar fui chamado à selecção de detecção de talentos. Como foi o primeiro contacto com o andebol? O andebol começou através de uma história engraçada. Na altura em que comecei o andebol era muito popular em Braga, muito devido ao sucesso do ABC. Toda a gente jogava andebol, incluindo o meu irmão e os meus primos. E foi um desses meus primos que me
  • 16. 16 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 convidou para ir aos treinos dos infantis do ABC. Eu detestei os primeiros treinos, de tal modo que fui a um ou dois e depois não fui mais. Cerca de um mês depois os infantis do ABC iam participar num torneio em Figueiró dos Vinhos, e para o qual não tinha jogadores suficientes. Aí o meu primo convenceu-me a voltar aos treinos, e acabei por ser convocado para esse torneio. Fiz o primeiro jogo e apaixoneime imediatamente pela competição e pelo andebol. O pretexto de sair de casa, de conhecer e fazer coisas novas foi o ponto de partida. Disseste que foi a competição que te fascinou. O factor “competição” contribuiu para te tornares no jogador de referência que és agora? Sim, também. Mas para além disso, creio que o espírito e a qualidade da equipa sénior do ABC da altura tomaram um papel preponderante no meu crescimento enquanto jogador. Vermos a equipa principal jogar em grandes palcos, contra adversários como o Barcelona ou o Kiel, e perante um pavilhão cheio aguçava a nossa paixão pelo andebol e por todo aquele ambiente que se vivia. Foi esse o principal factor motivacional para me tornar um jogador cada vez melhor para assim entrar numa grande equipa como a do ABC. Assisti aos jogos dos quartos de final e meias finais da Liga dos Campeões, e essas experiências levaram-me a querer estar naqueles palcos e jogar àquele nível. O Pavilhão Flávio Sá Leite tinha um carácter mítico na altura. Enquanto equipa, como sentiam o apoio do público e da cidade? O Pavilhão Flávio Sá Leite era mítico e ainda o é. Agora os tempos são outros, há mais desporto em Braga. Mas na altura o desporto-rei em Braga era sem dúvida o andebol. Haviam sempre grandes equipas, e a cidade vivia intensamente o ABC. Exemplo disso eram as constantes enchentes do pavilhão Flávio Sá Leite, que obrigava alguns a ficarem à porta. No jogo que me deu o meu primeiro campeonato, diante do FC Porto, chegou a estar gente pendurada no tecto; isto era algo que nos deixava altamente motivados. Para além deste entusiasmo em torno da equipa, o público que assistia aos nossos jogos sabia ver andebol, muito devido ao profundo enraizamento da cultura andebolística em Braga. O ABC sempre foi muito completado pelo público; jogadores, equipa técnica e o público constituíam, em conjunto, uma força quase imbatível. Sendo pivot, qual era a tua referência? Havia algum jogador de onde procuravas copiar movimentações ou outras situações de jogo? Sem dúvida que o Carlos Galambas foi sempre a minha referência, foi o pivot que mais vi jogar. A nível internacional seguia atentamente Xepkin e o Skrbic, esses eram os meus principais exemplos. Contudo também gostava de acompanhar jogadores de posições que não a minha. Jogadores como o Rui Almeida, o Carlos Ferreira, Carlos Matos ou Eduardo Filipe são alguns exemplos disso mesmo. Mesmo não sendo pivots, eu procurava retirar de cada um deles algo que me pudesse ajudar a crescer enquanto jogador. Sendo tu um defesa por natureza, qual é o jogador que te foi mais difícil de ultrapassar? Em termos Individuais diria que o Eduardo Ferreira era um jogador que se destacava. Ele sabia exactamente o que o que fazer na defesa e, a juntar a essa capacidade, tinha ainda um enorme poderio físico. Tenho ainda de mencionar uma dupla de defesas centrais. Falo do Álvaro Rodrigues e do Manuel Arezes; juntos formavam uma dupla incrível e dificílima de transpor. Dava-me um gosto imenso jogar contra eles, e foi contra eles que acho que me tornei melhor jogador e que desenvolvi a minha capacidade de superação. A semana que antecedia um jogo contra eles baseava-se num treino intensivo, principalmente a nível físico, pois sabia que o desafio iria ser duro. Como foi a primeira chamada à selecção (escalões)? Cerca de um ano depois de começar a jogar fui chamado à selecção de detecção de talentos. Desde então segui o processo normal, talvez não tão normal no que toca à rapidez com que se desenrolou. Tive a sorte de haver alguma escassez de pivots nos escalões superiores da selecção, o que me deu oportunidade de jogar por Portugal, não só no meu escalão, mas também em superiores. Essa experiência deu-me um traquejo enorme. Houve alturas em que chegava de estágios com a selecção B, trocavam-me o saco no aeroporto, e seguia logo com os AA. Este tipo de situações foram muito importantes durante a fase inicial da minha carreira; estava constantemente a treinar e a jogar com pessoas diferentes. Qual a sensação de ouvir o hino nacional pela primeira vez? É um orgulho enorme. Naquele momento pensas que, aconteça o que acontecer, tens de deixar a pele em campo e dar tudo pelo teu país. É uma sensação que ainda hoje sinto cada vez que jogo pela selecção. É um privilégio representar Portugal; é certo que sabes que trabalhaste para estar ali, mas muitos também trabalharam e não tiveram a mesma sorte. Como se desenrolou a ida para Espanha? Fui para Espanha ao fim de seis épocas no ABC, contudo, já há algum tempo que estava a ser seguido por clubes espanhóis. Nesse ano estava em boa forma, sentia que crescia de jogo para jogo e fazia coisas que não fazia antes. No inicio de cada temporada costumávamos realizar torneios em Espanha, e, para além disso, o ABC jogou uma eliminatória europeia diante do Vidassoa, uma equipa espanhola. O contacto com o andebol espanhol ia acontecendo com frequência, assim surgiu interesse em vários jogadores e eu fui um deles. No ano em que me fizeram a primeira proposta para atravessar a fronteira, achei que ainda era muito cedo para sair e que ainda tinha muito para aprender em Braga, contudo acabei mesmo por ir para Espanha dois anos depois, mais propriamente para o Pilotes
  • 17. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 “Fiz o primeiro jogo e apaixonei-me imediatamente pela competição e pelo andebol.” Posada; foi, dos clubes interessados, aquele que melhores condições me proporcionaram. Independentemente da questão monetária, o Pilotes tinha sido considerada a equipa sensação em Espanha, e para além disso, o clube estava situado relativamente perto de Braga, o que me iria ajudar na fase de adaptação. Tudo parecia ser um sonho, tinha acabado de assinar um contrato de quatro anos com uma equipa que competia numa das melhores ligas europeias. Todavia, e como que por instinto, resolvi colocar uma cláusula no meu contrato que indicava que, se o Pilotes descesse 17 Que treinador mais te marcou? Quem me marcou realmente durante o meu crescimento enquanto jogador de andebol foi sem dúvida o João Ferreira. Foi ele que mais me acompanhou numa fase inicial, e que me ajudou imenso, principalmente na vertente psicológica do jogo. de divisão, eu me tornaria um jogador livre automaticamente. Curiosamente, quando chego a Espanha, saem sete jogadores titulares do Pilotes. A equipa ficou menos competitiva, e acabámos mesmo por descer de divisão. Como jogador livre tive propostas de três clubes espanhóis, mas todos clubes de dimensão reduzida. Entretanto fiz chegar a Portugal a minha intenção de voltar, e então aparece o Benfica que tinha uma equipa com muita qualidade e com capacidade para lutar por títulos e aí não hesitei. Que diferenças encontraste no andebol espanhol em comparação com o português? Devo dizer que a Liga Asobal desiludiume muito, principalmente em termos de condições de trabalho. Apesar de ter estado pouco tempo em Espanha, creio que os clubes por onde passei em Portugal tinham melhores condições do que as que encontrei em Espanha. Acabei por ficar lá apenas uma época, isto apesar de ter assinado um contrato de quatro anos. A minha passagem por Espanha podese caracterizar como uma experiência que teve o seu lado negativo, mas o mesmo tempo teve alguns aspectos positivos. É certo que houve alturas em que não se pagavam os salários dos jogadores, e para além disso estive lesionado
  • 18. 18 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 Sete Ideal: Luc Abalo Thierry Omeyer Blazenko Lackovic Aguinagalde Ivano Balic Landen Daniel Narcise durante dois meses, contudo aprendi muita coisa, e todos os fins-de-semana tinha jogos com um grau competitivo elevadíssimo. Percebi que a diferença de competitividade para com Portugal não era tão grande como pensava; acho que há jogadores em Portugal que facilmente jogariam no campeonato espanhol. Qual foi o balneário que mais te marcou? Sem dúvida que o ambiente de balneário do ABC, e o modo como o mesmo era vivido era algo de incrível a todos os níveis. Ali tínhamos todos a noção de que, da mesma maneira que havia um tempo para brincadeiras, havia também o momento da concentração e união da equipa. Os jogadores mais velhos cultivavam em nós um ideal guerreiro muito forte; saíamos lá de dentro totalmente prontos para a luta. Certamente que quem vê o teu espírito competitivo em campo é capaz de não vislumbrar o teu lado mais social e afável. Como te defines em relação a esse aspecto? Quando era mais novo custava-me um pouco a aceitar a ideia de que eu poderia ser visto como alguém mais agressivo. Mas com o tempo fui-me apercebendo da minha maneira de ser em campo, e percebi que as pessoas tinham toda a legitimidade em achar que eu seria uma pessoa menos sociável. No entanto isso nunca me preocupou, pois tinha perfeita noção de como era fora de campo. Havia pessoas que começavam a falar comigo um tanto a medo, mas no fim ficavam com uma ideia exactamente oposta. Tenho consciência da imagem que crio derivada da minha atitude nos jogos, mas não me preocupo demasiado com isso. Quem quiser dar a sua opinião sobre como sou em campo, tudo bem; já opiniões de pessoas que não me conhecem sobre a minha personalidade fora de campo, essas simplesmente não me interessam. Dada a ligação que tens com o ABC, já pensaste em terminar a carreira em Braga? Claro que sim. O ABC foi o clube onde tudo começou; qualquer jogador pensa em voltar ao clube onde cresceu e onde se fez jogador e homem, e eu não sou excepção. Creio que esse regresso está muito associado ao desejo de reviver velhos tempos e emoções vividas anteriormente. Estou no Benfica há três anos, e confesso que neste momento sinto muito o clube. Durante este período ao serviço do Benfica fui estabelecendo uma ligação muito forte com o clube; apercebi-me da sua grandeza e de todo o esforço e investimento que é feito em seu nome. É um tipo de relação diferente da que tenho com o ABC, contudo neste momento é um laço muito forte. Sentes que a força dessa ligação com o Benfica te pode tornar um símbolo do clube? Não é qualquer um que se torna um símbolo do Benfica. Eu não acho que possa ser um estandarte de um clube como o Benfica, mas sinto o carinho das pessoas e o seu reconhecimento o meu trabalho e da minha entrega. Claro que me sinto como parte integrante do andebol do Benfica, e creio que estou a ir ao encontro dos valores que defende. Trata-se de uma relação de entrega recíproca: os jogadores entregam-se totalmente pelo clube, e o clube faz o mesmo por nós. No caso dos jogadores, nós só temos de dar o nosso máximo. Tens projectos delineados para quando terminares a carreira no andebol? Aos poucos tenho vindo a organizar a minha vida pós-andebol. São projectos fora do universo andebolístico mas que alcancei graças à modalidade. Mesmo não tendo concluído os estudos, considero-os como algo de extremamente importante. Se fosse hoje provavelmente teria continuado a estudar, pois hoje sei que é possível complementá-los com a prática desportiva de competição. Eu dediqueime muito ao andebol, e o meu objectivo era ser jogador e trabalhei muito para isso. Trabalho diariamente para ser dos melhores, para criar um futuro melhor para mim fora do andebol. O meu
  • 19. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 objectivo é gerir bem o que tenho ganho com o andebol, por forma a garantir um futuro sustentável. Não temos de ser todos médicos ou professores, mas temos de fazer as coisas de forma pensada, não gastando mais do que se tem. A minha maneira de ser e de trabalhar no andebol permitiu-me ser alvo do interesse de pessoas fora do andebol, mas que já passaram pela modalidade, e que viram em mim uma potencial mais-valia para projectos futuros. Aquilo que tu dás ao andebol é proporcional àquilo que recebes dele, e eu sou exemplo disso mesmo. Qual o título que te deu mais gosto conquistar? O primeiro foi bastante marcante na minha vida por tudo o que envolveu. Na altura em que cheguei aos seniores do ABC, a equipa está a passar por uma fase muito difícil. Falou-se em acabar com o clube; a própria equipa baseava-se muito em jogadores oriundos da formação. Contudo, e quase do nada, nós ressuscitámos o ABC. No primeiro ano dessa equipa chegámos a uma final europeia, e no ano seguinte fomos campeões. Para além do clube, a própria cidade de Braga voltou aos velhos tempos de euforia em torno do ABC. O segundo título também teve um sabor especial, uma vez que foi alcançado fora de casa, mais propriamente na Madeira. Para além destes títulos, conquistei uma Taça de Portugal de um modo que me fez sentir um verdadeiro campeão. Tínhamos acabado de perder o campeonato para o Benfica, e poucos dias depois íamos disputar a final da Taça de Portugal diante do FC Porto, uma equipa que teve muito mais tempo de preparação. Após a derrota com o Benfica a nossa equipa estava de rastos a nível anímico, no entanto acabámos por derrotar o Porto de forma contundente. Foi uma sensação indiscritível, foi uma Taça que soube a campeonato. Finalmente há a Taça de Portugal pelo Benfica, algo que escapava ao clube há 18 anos. Também foi algo de marcante pois, devido a circunstâncias do jogo, fui chamado a entrar em campo quando faltavam dois minutos para acabar a primeira parte. Na segunda parte fiz seis golos em seis remates, e ainda marquei dois livres de sete metros. Senti que tinha desempenhado um papel importante e que tinha ajudado muito a equipa. Que conselhos deixas para os jovens que estão agora a começar no andebol? Aquilo que posso dizer é que apostem no andebol pois vale realmente a pena. O andebol é um modelo de vida espectacular, onde se cresce e se aprende muito a nível pessoal. Apesar destes tempos difíceis, continuem a acreditar. Se trabalharem com afinco e dedicação, acreditem que irão colher os frutos desse mesmo trabalho. Hobbies: Passear, tratar do cão, cinema, visitar família Banda: Da Weasel Música: Voa voa (chiclete com banana) Livro: Os Capitães da areia Filme/Série: Breaveheart Jogo: Pro Evolution Soccer Viagem: Tailândia Atleta (Andebol): Nikola Karabatic Atleta (outra modalidade): Cristiano Ronaldo Equipa de Andebol: FC Barcelona Selecção de Andebol: França 19
  • 20. 20 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 CAMPEÕES2012.2013/ os vencedores de norte a sul Séniores Masculinos 1. 2. 3. 4. 5. 6. F.C. Porto S.L. Benfica Sporting C. P. Águas Santas - Milaneza ABC / U. Minho SP. C. Horta / Elite Security Juniores Masculinos 1. 2. 3. 4. 5. 6. Sporting C. P SL Benfica ABC/U. Minho A. D. A. Maia-ISMAI CF Os Belenenses FC Porto
  • 21. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 Juvenis Masculinos 1. 2. 3. 4. SL Benfica FC Porto A. A. Águas Santas Sporting C.P. Iniciados Masculinos 1. 2. 3. 4. 5. 6. S.L. Benfica ABC “A” A. A. Águas Santas Lagoa AC Sporting C.P. Alavarium Infantis Masculinos 1. 2. 3. 4. 5. 6. S.L. Benfica A. A. Águas Santas Clube C. R. Alto do Moinho ”A” Sporting C.P. Academico FC CF “Os Belenenses” 21
  • 22. 22 R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 CAMPEÕES2012.2013/ Seniores Femininos 1. Alavarium / Love Tiles 2. ADA C. João de Barros 3. Madeira SAD 4. JUVE 5. JAC - Alcanena 6. Colégio de Gaia 7. Maiastars 8. CS Madeira Juniores Femininos 1. JAC – Alcanena 2. JUVE 3. CD. B. Perestrelo 4. Maiastars
  • 23. R E VI S TA AN D E BOLI T O | O U TU BRO /NO VEMBRO 2 01 3 Juvenis Femininos 1. CS Madeira 2. Alavarium – LoveTiles 3. Maiastars 4. S. I. M. Porto Salvo Iniciados Femininos 1. Maiastars 2. Didaxis – Coop. Ens. CRL 3. Alavarium – Love Tiles 4. Lagoa AC Infantis Femininos 1. AD Sanjoanenses 2. MaiaStars 3. A.A. Espinho “A” 4. Alavarium – Love Tiles 5. CD. B. Perestrelo 6. CALE 23