Agronegócio familiar de melado e açúcar mascavo inova com caldeira a vapor
1. AGRICULTURA FAMILIAR
O empreendedor do
MELADO de Tunápolis
Fotos: Donato Lauschner/Jornal Expressão
Marcelo Baumgratz: nova
caldeira levou a
agroindústria de melado
e açúcar mascavo a outro
patamar
Leandro Mariani Mittmann
O
jovem Marcelo Baumgratz, aos ge muito mais para dar certo e já ser caldeira é possível se ter uma ideia de
21 anos, administra a agroindús- exemplo na região. Como a dedicação como os números na ponta do lápis são
tria familiar de melado e açúcar do rapaz, que durante o dia trabalha na tão importantes na gestão do negócio.
mascavo baseando-se em dois princí- fábrica e, à noite, se volta à sua admi- Baumgratz contabiliza que antes era ne-
pios fundamentais: 1 - a contabilidade nistração. cessário um metro cúbico de lenha para
rigorosa, em que absolutamente todos A fabricação de melado na proprie- fabricar 100 quilos de melado, e que
os números, em relação a custos e ao dade começou 13 anos atrás, com o pai, agora o mesmo dispêndio gera até 300
processo produtivo, são catalogados e Inácio. Mas o filho assumiu há três quilos. “E em 40% de tempo a menos”,
comparados; 2 - a engenhosidade em anos, registrou a empresa em 2010 e, acrescenta. “É muito mais vantajoso”.
imaginar as estruturas físicas que a neste ano, antecipou a implantação de Além da qualidade dos produtos terem
empresa mantida com a irmã e dois fun- um projeto que desenvolveu no Progra- melhorado em muito.
cionários, além da ajuda do pai, precisa ma Empreendedor Rural, do Serviço Para montar a caldeira, foi necessá-
para funcionar e, sobretudo, se expan- Nacional de Aprendizagem Rural (Se- rio um investimento de R$ 50 mil, fi-
dir. Naturalmente, a Agroindústria Bau- nar), então previsto para execução em nanciados para cinco anos pelo Progra-
mgratz, sediada em Tunápolis, um pe- 2012. A principal modificação é a cal- ma Mais Alimentos. Mas ele prevê que
queno município de colonização alemã deira a vapor que melhorou absoluta- já ao final de 2012 a dívida será salda-
no extremo-oeste de Santa Catarina, exi- mente todo o processo produtivo. Pela da, visto a diminuição de custos de pro-
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2. dução, inclusive também porque é me-
nor a depreciação da estrutura (tachos,
tijolos, pintura, etc.). E houve o aumento
da produção. Aqui entra em ação outra
característica dos Baumgratz. Eles de-
finiram como queriam a caldeira e os
demais equipamentos, como a batedei-
ra e a moenda. O jovem visitou outras
duas estruturas semelhantes na região,
mas o sistema implantado na Baumgratz
é exclusivo. “No Brasil não tem sistema
igual a este”, garante. Ele e o pai são
habituados a trabalhar com mecânica, e
o pai fabricou a batedeira numa oficina
ao lado, enquanto as especificações dos
demais equipamentos e máquinas, de-
vidamente planejados por eles, foram
repassadas em detalhes aos fabricantes.
Plantio “mecanizado” — O plan-
tio da cana-de-açúcar também passa pela
engenhosidade dos Baumgratz, que de-
senvolveram o que Marcelo chama de
“pré-máquina” de plantio. Do zero, pai
e filho inventaram a máquina que abre o
sulco, larga o defensivo anti broca (pra- "Pré-máquina" de
ga comum na região) e cobre a muda plantio de cana
com terra. A participação humana, além desenvolvida na
do conduzir o trator, é largar a muda no propriedade rende até
sulco. Mas já está sendo projetada para dois hectares por dia
o ano que vem uma plantadeira que dis-
tribui a muda automaticamente. “Está
tudo pensado, tudo pronto”, antecipa vo. A comercialização se dá em dez trabalha com esta idéia fixa de reduzir
Marcelo Baumgratz. A atual “pré-máqui- municípios da região e do norte do Rio custos. Revela que a partir de uma em-
na” planta de 1,5 a 2 hectares por dia, Grande do Sul. balagem diferente de outros melados
mas a invenção vai melhorar a veloci- E quais são as dicas do jovem a ou- fabricados na região, este custo foi re-
dade em meio hectare/dia. “A gente tem tros empreendedores? Sempre aprender duzido de R$ 1 para R$ 0,35 por quilo
noção de como tem que funcionar”, com demais empreendimentos, para não de melado vendido. “Eu vendo melado;
explica. cometer em casa os mesmo erros que não plástico”, argumenta. Por fim, “fa-
Tudo na Agroindústria Baumgratz é os outros já o fizeram. “Para começar, zer o melhor produto”. “Qualidade é o
devidamente contabilizado e projetado. visitar cinco indústrias para montar a carro-chefe”, lembra. Ele aprendeu a
Nesta entrevista, o jovem tinha absolu- sua”, sugere. “E investir em tecnologia produzir melado em família, cuja ori-
tamente todos os números em mãos de baixo custo”. Segundo ele, desde que gem alemã por si só já explica a maes-
para apresentar. Nenhum “chute”. O fez o curso do Empretec, do Sebrae, tria em produzir alimentos doces.
custo de produção do melado e açúcar
é de R$ 0,40 a R$ 0,70 ao quilo (con-
forme o volume produzido), que antes
da nova caldeira ficava em R$ 1,00 a
R$ 1,25. E o produto é repassado aos
distribuidores a R$ 3,78 a R$ 4,00. Atu-
almente, são necessários 8,5 hectares
de cana para atender a demanda, mas a
área terá que ser ampliada em 1,5 hec-
tare visto os ganhos da caldeira, sendo
que a empresa tem potencial máximo
para atender a produção de 12 hecta-
res. São produzidos, por mês, cerca de
2 toneladas de melado, 2 de um produ-
to chamado meladinho (melado mais lí-
quido) e 2 toneladas de açúcar masca-
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