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Linda Hamilton dá vida com maestria à garçonete que só queria viver o
sonho americano quando descobre que será a mãe do futuro líder da
humanidade no pós-apocalipse. Durante o filme, é notável a
transformação de Sarah, que de mocinha chorona e histérica passa a
mulher durona e destemida. A personagem não viraria referência como
heroína de filmes de ação à toa: a interpretação física de Linda transmite
muito dessa credibilidade, especialmente nos momentos finais.
A Sarah emotiva do filme anterior parece ter sido esmagada junto com o
primeiro exterminador. Linda constrói uma protagonista movida a vingança e
pólvora. Saem as roupas de patricinha e entram uniformes militares, que
vestem um corpo musculoso de rosto sem sorriso e olhar gelado. Quando
ferida, a expressão é menos de dor e mais de raiva. A fala é ou gritada ou
entredentes, de fúria contida.
Mesmo já tendo partido desta para uma outra, Sarah segue
ajudando seu rebento frente ao inescapável destino. Ela não está
de corpo presente, mas, no lugar dele, deixa para John algo bem
melhor e mais útil – ainda que dentro de um caixão: muitas armas.
No final do primeiro filme, Sarah surge gravando o que parece ser
uma espécie de diário. São instruções e lembranças para o filho,
John Connor, que ainda está em sua barriga. No quarto longa, o
agora dedicado líder da resistência humana nunca deixa de escutar
as orientações da mãe – em registro de Linda Hamilton.
Se os olhos da Sarah Connor de Linda Hamilton eram duas adagas afiadas, os da Sarah
de Emilia Clarke são pudins de leite. Sua postura de boneca de porcelana
simplesmente não combina com uma guerrilheira criada por um exterminador – que
deveria, no mínimo, ser menos hesitante na hora de puxar o gatilho. Emilia quer ser
salva, não salvar o mundo.
Se os olhos da Sarah Connor de Linda Hamilton eram duas adagas afiadas, os da Sarah
de Emilia Clarke são pudins de leite. Sua postura de boneca de porcelana
simplesmente não combina com uma guerrilheira criada por um exterminador – que
deveria, no mínimo, ser menos hesitante na hora de puxar o gatilho. Emilia quer ser
salva, não salvar o mundo.

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Linda Hamilton personifica a transformação de Sarah Connor em guerreira destemida

  • 1. Linda Hamilton dá vida com maestria à garçonete que só queria viver o sonho americano quando descobre que será a mãe do futuro líder da humanidade no pós-apocalipse. Durante o filme, é notável a transformação de Sarah, que de mocinha chorona e histérica passa a mulher durona e destemida. A personagem não viraria referência como heroína de filmes de ação à toa: a interpretação física de Linda transmite muito dessa credibilidade, especialmente nos momentos finais.
  • 2. A Sarah emotiva do filme anterior parece ter sido esmagada junto com o primeiro exterminador. Linda constrói uma protagonista movida a vingança e pólvora. Saem as roupas de patricinha e entram uniformes militares, que vestem um corpo musculoso de rosto sem sorriso e olhar gelado. Quando ferida, a expressão é menos de dor e mais de raiva. A fala é ou gritada ou entredentes, de fúria contida.
  • 3. Mesmo já tendo partido desta para uma outra, Sarah segue ajudando seu rebento frente ao inescapável destino. Ela não está de corpo presente, mas, no lugar dele, deixa para John algo bem melhor e mais útil – ainda que dentro de um caixão: muitas armas.
  • 4. No final do primeiro filme, Sarah surge gravando o que parece ser uma espécie de diário. São instruções e lembranças para o filho, John Connor, que ainda está em sua barriga. No quarto longa, o agora dedicado líder da resistência humana nunca deixa de escutar as orientações da mãe – em registro de Linda Hamilton.
  • 5. Se os olhos da Sarah Connor de Linda Hamilton eram duas adagas afiadas, os da Sarah de Emilia Clarke são pudins de leite. Sua postura de boneca de porcelana simplesmente não combina com uma guerrilheira criada por um exterminador – que deveria, no mínimo, ser menos hesitante na hora de puxar o gatilho. Emilia quer ser salva, não salvar o mundo.
  • 6. Se os olhos da Sarah Connor de Linda Hamilton eram duas adagas afiadas, os da Sarah de Emilia Clarke são pudins de leite. Sua postura de boneca de porcelana simplesmente não combina com uma guerrilheira criada por um exterminador – que deveria, no mínimo, ser menos hesitante na hora de puxar o gatilho. Emilia quer ser salva, não salvar o mundo.