1. 2 Boa Vista, 23 de dezembro de 2014 Opinião
AROLDO PINHEIRO
zepinheiro1@ibest.com.br
Quando moço (Faz
tempo!), entrei em três fa-
culdades. Depois de cursar
um ou dois semestres, por
não me encontrar nos índi-
ces econômicos, nas parti-
das dobradas da contabili-
dade ou nas artimanhas do
marketing, deixei de lado
o sonho de ser “doutor”,
larguei emprego que tinha
na Embaixada Americana
de Brasília e dediquei-me a
vender parafusos, porcas e
arruelas.
Depois que completei
meio século de vida, minha
filha Mariana, jornalista,
convenceu-me a fazer cur-
so semelhante. Mais de três
décadas se passaram até que
eu colocasse a bunda, outra
vez, pra esquentar bancos
de salas de aula.
Pouco antes de come-
çar o primeiro semestre de
meu novo curso, Humberto
Silva apresentou-me Zequi-
nha. No Bar do Dedinho,
claro.
Ao saber que eu se-
ria calouro, aquela figu-
ra pequena e atarracada
me ameaçou: “Prepare-se
para sofrer. Sou professor
na UFRR e não dou mole”.
Não senti medo. Confesso
que até gostei de ser desa-
fiado.
Em sala de aula, com
o passar do tempo, eu e
professor Zequinha Neto
nos tornamos amigos. Ver-
dadeiros amigos. Juntos,
tomamos muitas cervejas,
tivemos boas e sérias dis-
cussões, nos divertimos
com causos de um de outro.
Zequinha foi meu orienta-
dor no Trabalho de Conclu-
são de Curso e, a ele, devo
parte da nota máxima que
a banca examinadora me
concedeu.
Zequinha morreu
pensando que, para mim,
o curso de Jornalismo fosse
só “encheção” de linguiça,
preenchimento de tempo de
um cinquentão.
Apaixonei-me pela
profissão e missão de di-
vulgar notícias. Depois de
experiências em três jornais
que cerraram portas, resolvi
criar o meu próprio perió-
dico. Se vivo estivesse, Ze-
quinha faria parte de minha
equipe. E, talvez, o Roraima
Agora fosse melhor do que é.
Aproveito esse espaço
para homenagear e agrade-
cer meu professor Zequi-
nha Neto. Os ensinamen-
tos do baixinho invocado e
mal humorado foram muito
importantes para eu estar
nesse meio e sentir-me feliz,
realizado.
Não acredito em vida
após a morte, não acredito
em espíritos vagando. Mas,
cá pra nós, se isso existir,
meu amigo José Aparecido
Neto deve estar festejando
o nascimento do Roraima
Agora. E doido pra encar-
nar nalgum cavalo, criticar
e dar palpites.
Obrigado, Zequinha.
Dizer com exatidão quantos jornais existiram em
Roraima requer esforços de memória. Muitos surgiram
e sumiram “na velocidade de um imediatamente”, como
diria o poeta paraibano Jessier Quirino.
Do O Átomo, que foi criado mais para diversão e
entretenimento por meio da leitura – num tempo em
que nem sequer uma emissora de rádio existia por aqui
-, até o efêmero Jornal de Roraima, que nasceu com
pompa e morreu sem que funcionários, colunistas e
colaboradores soubessem quem eram seus verdadeiros
donos, foram dezenas.
Nesse estado brasileiro, muitos jornais foram cria-
dos com explícitos fins politiqueiros e sobreviveram só
o tempo de uma campanha eleitoral.
O encerramento de atividades de periódicos que,
ao nascer, prometiam mundos e fundos, quase sempre
levou funcionários aos balcões da Justiça do Trabalho.
Fechados na escuridão das noites, repórteres, diagra-
madores, gráficos, atendentes, motoristas, faxineiros,
copeiros descobriam que foram abandonados com sa-
lários não pagos e direitos trabalhistas não recolhidos.
Hoje, 21 de dezembro de 2014, nasce jornal im-
presso que busca ser mais uma opção de informações
para os habitantes da terra de Macunaima. Este semaná-
rio chega a suas mãos, caro leitor, pela coragem e amor
que um grupo de profissionais tem pela missão de fazer
jornalismo. Bom jornalismo.
Desatrelado de qualquer grupo político, com a pro-
messa de isenção, seriedade e ética na lida com a no-
tícia, a vida do Roraima Agora depende simplesmente
da aceitação de leitores e, claro, de anunciantes. Presti-
giem-nos; nós saberemos retribuir.
Até o próximo fim de semana.
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Expediente
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