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O USO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NO ACOLHIMENTO DA
PESSOA SURDA NO LABOARATÓRIO DISTRITAL LESTE
AUTOR: ALBERTO SILVA
ORIENTADOR: MIGUEL ÂNGELO MONTENEGRO
Galileo Business School
Curso de Pós Graduação Deficiência Auditiva LIBRAS ( Língua de Sinais Brasileira)
Manaus -Am 16 de Março de 2013.
RESUMO
O trabalho ora apresentado teve por objetivo registrar o processo metodológico
utilizado na elaboração e implantação do Uso de LIBRAS no Laboratório Distrital Leste,
Respeitadas as intervenções necessárias e adaptações feitas no processo de construção da
operacionalização deste serviço, que com sucesso foi laureado dado o uso do sistema
PMBOK- PMI abrindo um leque de outras possibilidades. A metodologia utilizada na
pesquisa foi qualitativa e qualitativa, que permitiu-nos perceber dados ocultos na rotina,
ouviu-se as partes atingidas na busca da solução, que concluiu-se satisfatória para realização
do projeto que oportunizou esse novo serviço.
Palavras-chave: LIBRAS; Intervenção; Metodologia.
INTRODUÇÃO
Pautados em dados colhidos na rotina onde percebeu-se o entrave na forma de acolher
o cliente no processo diário do atendimento, principalmente o cliente surdo, que tinha sua
cidadania ferida desde a chegada na recepção até sua saída da sala de coleta, buscou-se
fundamentação teórica à luz da legalidade, que reconhece a língua de sinais brasileira
(LIBRAS) como instrumentação de comunicação da pessoa surda e mais garante-lhe no
mínimo vinte por cento de servidores capacitados para o atendimento da pessoa com surdez
em LIBRAS. Vide lei 10.436 de 2002 e o Decreto Lei 5626/2005.
Maturou-se a ideia na busca de solução, ouviu-se, questionou-se, construiu-se um
embasamento para elucidar de forma suave este entrave. O acolhimento da pessoa surda tinha
que ser adequado aos ditames da lei e pensado pelo ângulo da Humanização. Trabalhou-se nas
dificuldades dos servidores e de suas alegações, respeitamos o parecer dos clientes, ouvintes e
não ouvintes, construiu-se um projeto que buscou a solução mais apropriada para os
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problemas apresentados como barreiras às soluções arguidas. É necessário o olhar humano e
não bajulador, buscar-se a cada dia o reconhecimento do outro, informando e orientando, mas
estágio de desenvolvimento coletivo será consequência da permanência e manutenção dos
níveis de abordagem nascidos no processo dinâmico que se desenvolverá no processo de
adequação natural da ideia implantada. Na fala de (CAVALCANTE JUNIOR, p 60) “... uma
empatia formativa que brota do cosmo, que em nós e que convida-nos a nele mergulhar onde
ele e eu somos um”. Essa visão se alastra pela prática na vida como um todo.
1. REVISÃO DE LITERATURA
Resumo da obra do autor VALERIANO, Dalton. - Moderno Gerenciamento de projetos
Capítulo 8- Gestão de escopo da pg 155 a 163. São Paulo; Prentice Hall, 5 ed. São
Paulo 2005.
Na revisão de leitura resolvemos trazer a discussão, a definição de - Escopo é propósito,
objetivo, mira, intento, fim: desta forma definido por (CEGALLA p. 367). Para
VALERIANO, escopo constitui uma descrição documentada de um projeto quanto, a seus
objetivos ou resultados, sua abordagem e conteúdo. Essa visão do que fazer, como fazer e do
por que fazer é

demonstrada com profundidade pelo autor de forma compreensiva e

detalhada. Ao definir escopo do produto e ou serviço a ser gerado pelo projeto, que define e
quantifica o trabalho a ser realizado, a fim de gerar o produto ou serviço desejado.
O tratamento do escopo na ótica de VALERIANO, Varia de acordo com as tecnologias e
recursos a serem utilizados para projetar, desenvolver e materializar o produto ou serviço. No
escopo é possível antever os componentes de riscos, as probabilidades e impactos no projeto
proposto. Essa visão holística e resumida do produto deve ser seguida passo a passo afim de
possibilitar, que o ciclo de vida do projeto seja cumprido, a saber, Iniciação, planejamento,
execução, monitoramento e controle, e o encerramento, ou seja, a entrega do produto ou
serviço com qualidade, dentro do prazo previsto respeitado os recursos aplicados. O escopo
permite a clareza de cada momento do desenvolvimento do produto ou serviço (MIP), isso por
estabelecer requisitos, definir processos e técnicas, identificar executantes de cada tarefa,
descrever cada trabalho na (EDP), fixando uma matriz de responsabilidades na construção do
produto e ou serviço para a precisa realização do projeto. VALERIANO, na sua obra define os
escopos de produto e de projeto, mas evidencia a impossibilidade de dissociá-los, ou seja, a
necessidade do escopo do produto está condicionada ao planejamento e este ao escopo do
projeto dada a forma resumida de apresentação, que possibilita o acompanhamento de
qualquer momento do projeto no início, entrega, na execução, processo, e na conclusão
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encerramento. A implantação do produto ou serviço é a realização do projeto segundo
PMBOK. Apresentado em gráfico para melhor entendimento dos patrocinadores. O escopo
permite a visão do produto sendo construído passa a passo, é pelo escopo que se processam as
alterações, quando necessárias, que ocorrem com a anuência da gerência do projeto. Dada esta
flexibilidade de procedimentos tão evidentes no escopo o sistema PMI ( Project Management
Institute) – PMBOK,
Vide escopo – Do projeto apresentado.
Id
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EDP- Lista de Atividades
2.1.1 Projeto de O Uso de LIBRAS no Acolhimento da Pessoa Surda no Laboratório Distrital Leste (LDL)
2.2.1 Conceituação do projeto
2.1.3 O projeto visa treinar servidores em LIBRAS para o atendimento do usuário surdo
2.1.3.1Melhoramento da qualidade do atendimento na unidade (LDL)
2.1.3.2 Abordagem do pessoal dos setores envolvidos
2.1.3.3Palestra mostrando por qual motivo deve-se trabalhar a qualidade do serviço público
2.1.3.4. Encenação em dinâmica de grupo do que é feito e do deve ser feito. (fazer se perceber deficiente auditivo)
2.1.4

Observação da prática atual

2.1.4.1 Registro dos pontos positivos
2.1.4.2 Aplicação de questionários (servidores e usuários)
2.1.5 Treinamento dos comprometidos
2.1.5.1 Formação de turmas
2.1.5.2 Material didático
2.1.5.1 Formação de turmas
2.1.5.2 Material didático
2.1.6 Acompanhamento no acolhimento da pessoa surda
2.1.6.1 Corrigir postura de interpretação
2.1.6.2 Corrigir postura de abordagem
2.1.7 Encerramento do projeto
2.1.7.1Apresentar relatório de Implantação
2.1.7.2 Entregar produto acabado funcionando
2.1.7.3 Entregar material de consulta ao diretor da unidade.
Elaborado por: Alberto Silva 23/03/2013
Recebido por: Graça Costa DISA LESTE – 23/03/2013
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A facilitação da apresentação do escopo para o entendimento do projeto é fundamental.
VALERIANO, ao anexar o planejamento do escopo ao planejamento do projeto, possibilitou
uma ampla visão dos três momentos, a saber, Início, Execução e Encerramento do projeto.
2.1 Ministério da Saúde - Secretaria de atenção à saúde- DAPE- Atenção à saúde da
pessoa com deficiência no sistema único de saúde SUS – ed. MS , DF 2009.
A que trata dos direitos do deficiente e orienta como atender o portador de deficiência no
sistema único de saúde evidencia as formas de atendimento e as modalidades de atendimento
pelo olhar clínico, Onde o cidadão é doente e incapaz de, mas que poderá se reabilitar caso as
ações propostas na cartilha seja observadas. O olhar humanista colocado pelo Ministério da
Saúde propõe, que uma equipe trabalhe para viabilizar a convivência com a dificuldade, pois
por esse olhar, todos temos alguma dificuldade em maior ou menor grau e que quando ditos
normais , somos levados a conviver com a dificuldade vide a proposta de municipalização do
problema.
Com a proposta de funcionamento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família ( Nasf
– Portaria MS/GM no 154/2008), com equipe multiprofissional a ser composta de
acordo com as características de cada município, o tratamento e acompanhamento
aos usuários terá um grande reforço técnico e profissional. […] A avaliação da
situação e da dinâmica familiar envolverá não só as condições emocionais e as
situações socioeconômicas, culturais e educacionais do indivíduo, mas também as
suas expectativas[...] Paralelamente ao trabalho de reabilitação é muito importante a
vinculação da pessoa com deficiência e seus familiares a uma unidade básica de
saúde, o mais próximo possível da residência, para suporte às necessidades do dia a
dia, visitas domiciliares, etc. [...] A família e pessoas da comunidade podem
participar ativamente, sugerindo melhorias, parcerias entre as secretarias municipais
de saúde, de educação, da assistência social, de transportes, de urbanização, do
esporte e lazer. Podem participar dos conselhos de direitos e conselhos de saúde no
município, propondo programas e ações, no sentido de tornar a cidade mais
acessível a todos os cidadãos. (CAS-MS. 2009).

Esse olhar humanizador elencado pelo Ministério da Saúde, nesse trabalho esbarra na decisão
do fazer e do como fazer o acolhimento do portador de dificuldades, e como ofertar serviços
que legalmente estão legislados e não recebem a devida atenção. Esse olhar cidadão
municipalizado, próximo do cidadão com dificuldades, seja esta qual for permitirá melhor
qualidade de vida e independência buscada. A autonomia é o princípio da cidadania; a cartilha
preconiza as várias formas de deficiências e afirma que, “ a sociedade e seus governos devem
assegurar aos seus cidadãos a igualdade de oportunidades”. Como igualar as oportunidades se
não há o compromisso de fazer. A distância da lei à realidade, passa por se deixar de realizar
pequenos atos, que podem de fato mudar a forma de muitos olharem o outro pelo prisma do
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respeito acolhedor e humano. Igualar, vai além da acessibilidade legalmente imposta pelas
leis, Questionando as iniciativas da saude pública deparamos com a dificuldades de pequenas
ações, que definitivamente solucionariam grandes entraves. Quais são os serviços de saúde
SUS para as pessoas com deficiências? Pergunta-se, o Ministério da Saúde na obra que
analisamos. Cita-se da prevenção à reabilitação, todavia não se busca neste trabalho, o olhar
humanista, que permite a superação e o acolhimento do cidadão independente da sua condição
de deficit social, intelectual, físico, educacional e comunicacional. Este entraves de
comunicação nos direcionaram a na busca de solução; e não há solução sem um estudo que,
permita-se observar e propor soluções. (VALERIANO, 2005 p. 46 Op. Cit.) nos ensina
que,“Todo projeto tem origem em um ou mais estímulo, que podem ser fatores isolados (uma
legislação, uma expansão da instalação etc,)”. Assim assentado sob as deficiências mostradas
pela Cartilha de - Atenção à saúde da pessoa com Deficiência no Sistema Único de
Saúde. Dessa forma originou-se o projeto – O uso de Libras no acolhimento da pessoa
surda no Laboratório Distrital Leste. Observou-se essa reflexão de como melhorar o
acolhimento do surdo, justificou-se pela divida que se tem com a pessoa surda desde a criação
do Instituto dos Surdos mudos 1856 até o ano 2002, vai-se ter o direito da pessoa com surdez
comunicar por sinal reconhecido pela lei 10.436 de 24/04/2002. Reconhecer direitos não
significa garantia de facilitação, ou promoção, não obstante o posicionamento do Decreto Lei
5626/22/12/2005, que regulamenta a lei anterior. É o olhar médico que percebe o cidadão com
limitações severas , moderadas ou leves, como diferente, doente e incapaz. Essa é a visão do
Ministério da Saúde ainda em 2013.

2. O uso de LIBRAS no acolhimento da pessoa surda no Laboratório Distrital Leste.
Observando as várias Unidades de saúde do Município de Manaus-Am, percebeu-se a
dificuldade na relação comunicativa entre a pessoa surda e os recepcionistas. Investigado o
entrave,

descobriu-se que o número de pessoas treinadas em LIBRAS, com o aval da

instituição é superior a dez por cento em algumas unidades.
Constatou-se que, o número destes treinados, que trabalham na recepção é irrelevante,
e mais, por falta de prática estão desabilitados. Está constatação gerou três questionamentos:
Primeiro- Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos
os treinados não eram recepcionistas?
6

Segundo- A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de
percepção auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação?
Terceiro- Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam
dispostos a se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos?
Os questionamentos levou-nos à Cartilha de acessibilidade do Ministério da Saúde,
que pelo olhar clínico garante na forma da lei a Atenção a pessoa com deficiência no
Sistema Único de Saúde. O Estatuto do Deficiente norteia todas as deficiências, focando na
saúde no art. 18. No redobramento do que já está preconizado na lei 8080/90 e no próprio
artigo quinto da Constituição Federal. Cidadania é o caminho para igualdade de condições.
A partir de então buscou-se a observação e a abordagem dos servidores interessados
em conhecer e praticar LIBRAS no LDL. A pesquisa de intenção respondeu-nos no sentido
de que era necessário eliminar o entrave do acolhimento na base, ou seja recepção e coleta de
exames. Atentou-se ao fato dos servidores que tiveram contato com LIBRAS, queixarem-se
não ter uma laboratório de prática para poderem acompanhar o desenvolvimento da língua na
prática e estar prontos para abordar mesmo os surdos, que não são alfabetizados.
Feitos os levantamentos, utilizou-se para a fundamentação do projeto necessário as
alterações de comportamento desejadas na recepção e coleta do LDL, O uso da metodologia
PMBOK, onde a intervenção é o único caminho ao objetivo. Apoiados na metodologia
trabalhada por VALERIANO, para construção do projeto e sua aplicabilidade.
A fundamentação teórica pautou-se na lei 10.436/2002 e no decreto Lei 5626/05 e no
art. Quinto da Constituição Federal onde onde é garantida a equidade entre todos os cidadão
sem a discriminação de credo, raça, ou nível social. Buscou-se no olhar de CHAVEIRO
Apoio teórico.
O censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/2000) revela que há
no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,5% da
população. Destes, 16,7% apresentam deficiência auditiva, ou seja, existem no Brasil
5.735.099 (cinco milhões setecentos e trinta e cinco mil e noventa e nove) surdos.
Levando-se em conta o crescimento anual da população, teríamos, a cada ano, no
Brasil, aproximadamente 93.295 (noventa e três mil duzentas e noventa e cinco)
crianças com surdez.( IBGE Apud. CAVEIRO 2008).
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Ignorar essa massa populacional é irresponsabilidade dos que governam, todavia piora
bastante, quando se legisla e não é dada a condição de por em prática as determinações
legais. Percebeu na preparação para a implantação do projeto que havia uma predisposição
para a utilização de LIBRAS e mais, A intenção em aprender e utilizar o aprendizado nesse
sentido. Elaborou-se o curso dentro do que foi discutido com os interessados a provocar
corresponsabilidade.
Definindo acolhimento enveredou-se pela empatia, quando na elaboração das aulas de
LIBRAS, O estar no lugar do outro quando trabalhado por dinâmica de grupo, permite essa
percepção de querer e não ter o respeito necessário do outro.
Foco da lei 8080/90, que trata do Sistema Único de Saúde. (POKER pg. 07) falando
da Comunicação surdo versus ouvinte permitiu-nos visualizar essa deficiência no acolhimento
do surdo quando nos diz, […] Os defensores da comunicação total recomendam então o uso
simultâneo de diferentes códigos como:- Língua de Sinais , a datilologia, o português
sinalizado. Essa proposta vem socorrer a saúde pública no atendimento do surdo, pois abre
espaço para o uso da mímica no atendimento do surdo não alfabetizado.
Desenvolver um projeto complexo, que permitisse à gestão compreender e aceitar a
proposta de melhoramento nesse acolhimento, forçou-nos a buscar a partida do micro para o
macro. Nesse viés o uso do PMBOK – PMI, foi de regra o caminho para a demonstração e
busca de solução do problema.

3.1As dificuldades de implantação e adequação para a solução.
O entrave mais forte encontrado, foi a descrença do servidor em relação intenção de
facilitação do serviço: e isso se dá pela incapacidade do gestor público reconhecer e externar o
trabalho feito com eficiência e eficácia pelo servidor. Foram necessárias diversas abordagens
esclarecedoras mesmo com aqueles que já tinham tido contato com LIBRAS. E foi a partir
das dinâmicas de grupo que conseguiu-se a empatia que permitiu o andamento do projeto.
Aprendeu-se com os participantes do projeto, que é necessária urgente mudança de
comportamento na relação gestor e subordinado; isso certamente será estudado com mais
profundidade numa outro oportunidade.
A coleta de dados indispensável para a elaboração do projeto, posto que, desta partem
as informações que identificam a problemática a ser trabalhada, deu-se com base nos
questionamentos supra-citados, direcionados aos servidores e usuários surdos e não surdos. É
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impossível dissociar educação de saúde , trabalho e de segurança. Essa é a maior de todas as
lições tiradas da pesquisa. O olhar com empatia permitiu-nos, visão real do outro, mesmo para
a equipe de elaboração, que na aplicação pode aprender muito sobre relação interpessoal.
Adequados ao projetos, e com participação acima do esperado, os participantes das
aulas de LIBRAS direcionaram para o específico, ou seja LIBRAS com ênfase em saúde.
Readequados à necessidade dos servidores participantes, abrimos para todos os setores dada a
procura. O tempo adequado à disponibilidade do participante, foi fixado num mínimo de
quinze minutos, embora todos os participantes não raro, ficassem até trinta minutos depois,
interessados em tirar dúvidas.
Os riscos eliminados a nível local, permitiram um reordenamento e adequação ao nível
externo, que dependia de licitação e de carência de tempo. Pôde ser observado que o grupo
dirimiu as pequenas dificuldades de material para que não houvesse paralisação no andamento
do projeto. O envolvimento dos participantes no querer fazer foi crucial no cumprimento do
prazo estabelecido, bem como na qualidade do serviço entregue.
Na entrega compreendeu-se o acerto da decisão pelo indicie de satisfação tanto no
acolhimento da pessoa surda, quanto com o reflexo deste treinamento no acolhimento do
geral, pela percepção do outro como igual, atingiu o cidadão usuário, quando na forma de
abordar. A prática fez-nos observar novos avanços, que futuramente trabalharemos como
melhoramento do que está posto.

3.2 A importância da abordagem no acolhimento.
O sorriso no rosto e o comprimento na hora do acolhimento reduz muito o atrito entre
o que recebe e o que é recebido. Esse contato empático abre o diálogo, que se sugere no nosso
trabalho e a visão alcança a pessoa antes de qualquer outra conotação. A pessoa, é esse o olhar
buscado na essência do serviço público proposto.
A cidadania ocorre em estar no lugar do outro, na buscar da resolutividade do
problema pelo outro apresentado, que por muito não passa somente de informação, que não
raro pelo despreparo perde-se a oportunidade de realizar. A compreensão do bem estar do que
habitou-se a alcunhar de paciente, ou seja, “daquele que deve ter paciência”, que tinha o dever
de esperar mesmo com dor, pois partia se do pressuposto da autoridade do agente público,
quando busca os serviços ofertados, hoje é cliente.
9

Essa nomenclatura nos leva a desconstrução da espera e da ideia de ter a paciência
imposta ao que está com dor no aguardo de atitudes e resultados. O se por no lugar do outro é
fundamental para o o exercício da cidadania nas relações inter-pessoais no acolhimento e nas
abordagens necessárias na rotina de laboratórios e unidades básicas de saúde.
O SUS (Sistema Único de Saúde) preconiza na sua legislação a busca da humanização
do ponto de vista clínico. Essa é a ótica percebida na Cartilha de Atenção a Saúde da Pessoa
com deficiência; e que buscamos cumpri-la pelo olhar humanista da cidadania plena e para
isso nos servimos de VALERIANO e sua organização de projetos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao recorrermos a literatura de Valeriano para na busca de melhor conduzir os
trabalhos de resolução dos entraves no acolhimento da pessoa surda no (LDL) percebemos o
leque de possibilidades que o PMBOK – PMI, onde o referido autor se pauta, permite uma
flexibilidade na realização do projeto e seu melhoramento. Logo a teoria e a prática caminham
juntas durante o processo e permitem alterações que possibilitam a visão plena do propósito.
O serviço buscado foi alcançado , e refletiu na ampliação para o trato geral de clientes no
LDL. Essa percepção deverá ser aperfeiçoada na busca de se levar este modelo às Unidades
Básicas de Saúde.
O projeto serviu para nos fazer perceber outras fases do acolhimento, aquelas que
ocultas nas atitudes cotidianas, refletem diretamente no trato com o cliente pelo mau
tratamento ao servidor. Registradas para futuras intervenções. O importante é saber que, ao
realizar uma provocação observatória intencional o foco mostra as adjacências.
A pesquisa de satisfação oportunizou, que de um lado o cliente mostrasse sua
insatisfação e seus pontos de carência, no verso, o servidor pôde expor sua opinião e mostrar
seu descontentamento e com isso medir o valor de sua opinião na crítica construtiva. O
questionamento respondido, levou-nos a trabalhar o grupo buscando a empatia como viés à
conscientização e mudança de postura no trato com o outro.
Prendeu-nos a atenção numa das dinâmicas de grupo utilizadas, onde foi possível
trabalhar a surdez dramatizada, e vedando a boca do recepcionista impossibilitando-o se falar,
forçando-o a gesticular. Encerrada a dinâmica de grupo o servidor fez a seguinte colocação: “ Nunca me senti tão indefeso. Não poder falar e o pior não ser entendido pelo que está do
outro lado do balcão é terrível”.
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Essa declaração foi o passo mais importante para que alcançássemos o nosso objetivo,
pois ficou explícito a necessidade de receber bem aquele que está à margem. As várias
repetições oportunizaram a prática da empatia essa percepção

fortaleceu o fazer, o como

fazer e o por que fazer no grupo, que passou a reproduzir este conhecimento com mais
segurança e utilizar LIBRAS naturalmente na rotina e o número de livros para consulta vem
de doações dos próprios servidores.
4. REFERÊNCIAS
CEGALLA, Domingos Paschoal, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa.2. ed. São Paulo
Cia. Ed. Nacional, 2008.
CAVALCANTE JUNIOR, Francisco Silva; SOUZA, André Feitosa de. - HUMANISMO DE
FUNCIONAMENTO PLENO- ed. Línea, Campinas SP. 2008
POKER,Rosimar Bortolini. -ABORDAGENS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DA PESSOA
COM SURDEZ.-UNESP- Marília-2002.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall,
2005.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1997.
5. APÊNDICES
QUESTIONÁRIO DE ABORDAGEM E SATISFAÇÃO
Entrevistado
Cliente ( ) Servido( )

Grau de contentamento
O ( ) B( ) R ( ) P ( )

Surdo ( ) Ouvinte ( )

O()B()R()P()

Você é surdo ? ( ) Usou LIBRAS ( ) S ( )N
Sim ( ) Não
Já
pensou
em Por que não fez
reclamar do serviço reclamação?
prestado?

Questionamento
Como você é recebido na Unidade
de Saúde
Quanto ao relacionamento Servidor
Cliente.
Entendeu o recepcionista ?
a Se surdo você gostaria de ser
atendido de que forma?

Por qual motivo você Já pensou em ir a outra Como você vê a solução de
vem a esta unidade Unidade de Saúde motivada melhoramento?
de saúde?
pelo atendimento?
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I)

Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos os

treinados não eram recepcionistas? dê sua opinião.
II)

A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de percepção

auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação? Dê sua Opinião.
III)

Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam dispostos a

se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos? Qual é sua
opinião.

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III - Gerenciar recursos e processos organizacionais e tecnológicos.
 

O Acolhimento da Pessoa Surda no Laboratório Distrital Leste

  • 1. 1 O USO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NO ACOLHIMENTO DA PESSOA SURDA NO LABOARATÓRIO DISTRITAL LESTE AUTOR: ALBERTO SILVA ORIENTADOR: MIGUEL ÂNGELO MONTENEGRO Galileo Business School Curso de Pós Graduação Deficiência Auditiva LIBRAS ( Língua de Sinais Brasileira) Manaus -Am 16 de Março de 2013. RESUMO O trabalho ora apresentado teve por objetivo registrar o processo metodológico utilizado na elaboração e implantação do Uso de LIBRAS no Laboratório Distrital Leste, Respeitadas as intervenções necessárias e adaptações feitas no processo de construção da operacionalização deste serviço, que com sucesso foi laureado dado o uso do sistema PMBOK- PMI abrindo um leque de outras possibilidades. A metodologia utilizada na pesquisa foi qualitativa e qualitativa, que permitiu-nos perceber dados ocultos na rotina, ouviu-se as partes atingidas na busca da solução, que concluiu-se satisfatória para realização do projeto que oportunizou esse novo serviço. Palavras-chave: LIBRAS; Intervenção; Metodologia. INTRODUÇÃO Pautados em dados colhidos na rotina onde percebeu-se o entrave na forma de acolher o cliente no processo diário do atendimento, principalmente o cliente surdo, que tinha sua cidadania ferida desde a chegada na recepção até sua saída da sala de coleta, buscou-se fundamentação teórica à luz da legalidade, que reconhece a língua de sinais brasileira (LIBRAS) como instrumentação de comunicação da pessoa surda e mais garante-lhe no mínimo vinte por cento de servidores capacitados para o atendimento da pessoa com surdez em LIBRAS. Vide lei 10.436 de 2002 e o Decreto Lei 5626/2005. Maturou-se a ideia na busca de solução, ouviu-se, questionou-se, construiu-se um embasamento para elucidar de forma suave este entrave. O acolhimento da pessoa surda tinha que ser adequado aos ditames da lei e pensado pelo ângulo da Humanização. Trabalhou-se nas dificuldades dos servidores e de suas alegações, respeitamos o parecer dos clientes, ouvintes e não ouvintes, construiu-se um projeto que buscou a solução mais apropriada para os
  • 2. 2 problemas apresentados como barreiras às soluções arguidas. É necessário o olhar humano e não bajulador, buscar-se a cada dia o reconhecimento do outro, informando e orientando, mas estágio de desenvolvimento coletivo será consequência da permanência e manutenção dos níveis de abordagem nascidos no processo dinâmico que se desenvolverá no processo de adequação natural da ideia implantada. Na fala de (CAVALCANTE JUNIOR, p 60) “... uma empatia formativa que brota do cosmo, que em nós e que convida-nos a nele mergulhar onde ele e eu somos um”. Essa visão se alastra pela prática na vida como um todo. 1. REVISÃO DE LITERATURA Resumo da obra do autor VALERIANO, Dalton. - Moderno Gerenciamento de projetos Capítulo 8- Gestão de escopo da pg 155 a 163. São Paulo; Prentice Hall, 5 ed. São Paulo 2005. Na revisão de leitura resolvemos trazer a discussão, a definição de - Escopo é propósito, objetivo, mira, intento, fim: desta forma definido por (CEGALLA p. 367). Para VALERIANO, escopo constitui uma descrição documentada de um projeto quanto, a seus objetivos ou resultados, sua abordagem e conteúdo. Essa visão do que fazer, como fazer e do por que fazer é demonstrada com profundidade pelo autor de forma compreensiva e detalhada. Ao definir escopo do produto e ou serviço a ser gerado pelo projeto, que define e quantifica o trabalho a ser realizado, a fim de gerar o produto ou serviço desejado. O tratamento do escopo na ótica de VALERIANO, Varia de acordo com as tecnologias e recursos a serem utilizados para projetar, desenvolver e materializar o produto ou serviço. No escopo é possível antever os componentes de riscos, as probabilidades e impactos no projeto proposto. Essa visão holística e resumida do produto deve ser seguida passo a passo afim de possibilitar, que o ciclo de vida do projeto seja cumprido, a saber, Iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e o encerramento, ou seja, a entrega do produto ou serviço com qualidade, dentro do prazo previsto respeitado os recursos aplicados. O escopo permite a clareza de cada momento do desenvolvimento do produto ou serviço (MIP), isso por estabelecer requisitos, definir processos e técnicas, identificar executantes de cada tarefa, descrever cada trabalho na (EDP), fixando uma matriz de responsabilidades na construção do produto e ou serviço para a precisa realização do projeto. VALERIANO, na sua obra define os escopos de produto e de projeto, mas evidencia a impossibilidade de dissociá-los, ou seja, a necessidade do escopo do produto está condicionada ao planejamento e este ao escopo do projeto dada a forma resumida de apresentação, que possibilita o acompanhamento de qualquer momento do projeto no início, entrega, na execução, processo, e na conclusão
  • 3. 3 encerramento. A implantação do produto ou serviço é a realização do projeto segundo PMBOK. Apresentado em gráfico para melhor entendimento dos patrocinadores. O escopo permite a visão do produto sendo construído passa a passo, é pelo escopo que se processam as alterações, quando necessárias, que ocorrem com a anuência da gerência do projeto. Dada esta flexibilidade de procedimentos tão evidentes no escopo o sistema PMI ( Project Management Institute) – PMBOK, Vide escopo – Do projeto apresentado. Id 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 EDP- Lista de Atividades 2.1.1 Projeto de O Uso de LIBRAS no Acolhimento da Pessoa Surda no Laboratório Distrital Leste (LDL) 2.2.1 Conceituação do projeto 2.1.3 O projeto visa treinar servidores em LIBRAS para o atendimento do usuário surdo 2.1.3.1Melhoramento da qualidade do atendimento na unidade (LDL) 2.1.3.2 Abordagem do pessoal dos setores envolvidos 2.1.3.3Palestra mostrando por qual motivo deve-se trabalhar a qualidade do serviço público 2.1.3.4. Encenação em dinâmica de grupo do que é feito e do deve ser feito. (fazer se perceber deficiente auditivo) 2.1.4 Observação da prática atual 2.1.4.1 Registro dos pontos positivos 2.1.4.2 Aplicação de questionários (servidores e usuários) 2.1.5 Treinamento dos comprometidos 2.1.5.1 Formação de turmas 2.1.5.2 Material didático 2.1.5.1 Formação de turmas 2.1.5.2 Material didático 2.1.6 Acompanhamento no acolhimento da pessoa surda 2.1.6.1 Corrigir postura de interpretação 2.1.6.2 Corrigir postura de abordagem 2.1.7 Encerramento do projeto 2.1.7.1Apresentar relatório de Implantação 2.1.7.2 Entregar produto acabado funcionando 2.1.7.3 Entregar material de consulta ao diretor da unidade. Elaborado por: Alberto Silva 23/03/2013 Recebido por: Graça Costa DISA LESTE – 23/03/2013
  • 4. 4 A facilitação da apresentação do escopo para o entendimento do projeto é fundamental. VALERIANO, ao anexar o planejamento do escopo ao planejamento do projeto, possibilitou uma ampla visão dos três momentos, a saber, Início, Execução e Encerramento do projeto. 2.1 Ministério da Saúde - Secretaria de atenção à saúde- DAPE- Atenção à saúde da pessoa com deficiência no sistema único de saúde SUS – ed. MS , DF 2009. A que trata dos direitos do deficiente e orienta como atender o portador de deficiência no sistema único de saúde evidencia as formas de atendimento e as modalidades de atendimento pelo olhar clínico, Onde o cidadão é doente e incapaz de, mas que poderá se reabilitar caso as ações propostas na cartilha seja observadas. O olhar humanista colocado pelo Ministério da Saúde propõe, que uma equipe trabalhe para viabilizar a convivência com a dificuldade, pois por esse olhar, todos temos alguma dificuldade em maior ou menor grau e que quando ditos normais , somos levados a conviver com a dificuldade vide a proposta de municipalização do problema. Com a proposta de funcionamento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família ( Nasf – Portaria MS/GM no 154/2008), com equipe multiprofissional a ser composta de acordo com as características de cada município, o tratamento e acompanhamento aos usuários terá um grande reforço técnico e profissional. […] A avaliação da situação e da dinâmica familiar envolverá não só as condições emocionais e as situações socioeconômicas, culturais e educacionais do indivíduo, mas também as suas expectativas[...] Paralelamente ao trabalho de reabilitação é muito importante a vinculação da pessoa com deficiência e seus familiares a uma unidade básica de saúde, o mais próximo possível da residência, para suporte às necessidades do dia a dia, visitas domiciliares, etc. [...] A família e pessoas da comunidade podem participar ativamente, sugerindo melhorias, parcerias entre as secretarias municipais de saúde, de educação, da assistência social, de transportes, de urbanização, do esporte e lazer. Podem participar dos conselhos de direitos e conselhos de saúde no município, propondo programas e ações, no sentido de tornar a cidade mais acessível a todos os cidadãos. (CAS-MS. 2009). Esse olhar humanizador elencado pelo Ministério da Saúde, nesse trabalho esbarra na decisão do fazer e do como fazer o acolhimento do portador de dificuldades, e como ofertar serviços que legalmente estão legislados e não recebem a devida atenção. Esse olhar cidadão municipalizado, próximo do cidadão com dificuldades, seja esta qual for permitirá melhor qualidade de vida e independência buscada. A autonomia é o princípio da cidadania; a cartilha preconiza as várias formas de deficiências e afirma que, “ a sociedade e seus governos devem assegurar aos seus cidadãos a igualdade de oportunidades”. Como igualar as oportunidades se não há o compromisso de fazer. A distância da lei à realidade, passa por se deixar de realizar pequenos atos, que podem de fato mudar a forma de muitos olharem o outro pelo prisma do
  • 5. 5 respeito acolhedor e humano. Igualar, vai além da acessibilidade legalmente imposta pelas leis, Questionando as iniciativas da saude pública deparamos com a dificuldades de pequenas ações, que definitivamente solucionariam grandes entraves. Quais são os serviços de saúde SUS para as pessoas com deficiências? Pergunta-se, o Ministério da Saúde na obra que analisamos. Cita-se da prevenção à reabilitação, todavia não se busca neste trabalho, o olhar humanista, que permite a superação e o acolhimento do cidadão independente da sua condição de deficit social, intelectual, físico, educacional e comunicacional. Este entraves de comunicação nos direcionaram a na busca de solução; e não há solução sem um estudo que, permita-se observar e propor soluções. (VALERIANO, 2005 p. 46 Op. Cit.) nos ensina que,“Todo projeto tem origem em um ou mais estímulo, que podem ser fatores isolados (uma legislação, uma expansão da instalação etc,)”. Assim assentado sob as deficiências mostradas pela Cartilha de - Atenção à saúde da pessoa com Deficiência no Sistema Único de Saúde. Dessa forma originou-se o projeto – O uso de Libras no acolhimento da pessoa surda no Laboratório Distrital Leste. Observou-se essa reflexão de como melhorar o acolhimento do surdo, justificou-se pela divida que se tem com a pessoa surda desde a criação do Instituto dos Surdos mudos 1856 até o ano 2002, vai-se ter o direito da pessoa com surdez comunicar por sinal reconhecido pela lei 10.436 de 24/04/2002. Reconhecer direitos não significa garantia de facilitação, ou promoção, não obstante o posicionamento do Decreto Lei 5626/22/12/2005, que regulamenta a lei anterior. É o olhar médico que percebe o cidadão com limitações severas , moderadas ou leves, como diferente, doente e incapaz. Essa é a visão do Ministério da Saúde ainda em 2013. 2. O uso de LIBRAS no acolhimento da pessoa surda no Laboratório Distrital Leste. Observando as várias Unidades de saúde do Município de Manaus-Am, percebeu-se a dificuldade na relação comunicativa entre a pessoa surda e os recepcionistas. Investigado o entrave, descobriu-se que o número de pessoas treinadas em LIBRAS, com o aval da instituição é superior a dez por cento em algumas unidades. Constatou-se que, o número destes treinados, que trabalham na recepção é irrelevante, e mais, por falta de prática estão desabilitados. Está constatação gerou três questionamentos: Primeiro- Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos os treinados não eram recepcionistas?
  • 6. 6 Segundo- A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de percepção auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação? Terceiro- Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam dispostos a se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos? Os questionamentos levou-nos à Cartilha de acessibilidade do Ministério da Saúde, que pelo olhar clínico garante na forma da lei a Atenção a pessoa com deficiência no Sistema Único de Saúde. O Estatuto do Deficiente norteia todas as deficiências, focando na saúde no art. 18. No redobramento do que já está preconizado na lei 8080/90 e no próprio artigo quinto da Constituição Federal. Cidadania é o caminho para igualdade de condições. A partir de então buscou-se a observação e a abordagem dos servidores interessados em conhecer e praticar LIBRAS no LDL. A pesquisa de intenção respondeu-nos no sentido de que era necessário eliminar o entrave do acolhimento na base, ou seja recepção e coleta de exames. Atentou-se ao fato dos servidores que tiveram contato com LIBRAS, queixarem-se não ter uma laboratório de prática para poderem acompanhar o desenvolvimento da língua na prática e estar prontos para abordar mesmo os surdos, que não são alfabetizados. Feitos os levantamentos, utilizou-se para a fundamentação do projeto necessário as alterações de comportamento desejadas na recepção e coleta do LDL, O uso da metodologia PMBOK, onde a intervenção é o único caminho ao objetivo. Apoiados na metodologia trabalhada por VALERIANO, para construção do projeto e sua aplicabilidade. A fundamentação teórica pautou-se na lei 10.436/2002 e no decreto Lei 5626/05 e no art. Quinto da Constituição Federal onde onde é garantida a equidade entre todos os cidadão sem a discriminação de credo, raça, ou nível social. Buscou-se no olhar de CHAVEIRO Apoio teórico. O censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/2000) revela que há no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,5% da população. Destes, 16,7% apresentam deficiência auditiva, ou seja, existem no Brasil 5.735.099 (cinco milhões setecentos e trinta e cinco mil e noventa e nove) surdos. Levando-se em conta o crescimento anual da população, teríamos, a cada ano, no Brasil, aproximadamente 93.295 (noventa e três mil duzentas e noventa e cinco) crianças com surdez.( IBGE Apud. CAVEIRO 2008).
  • 7. 7 Ignorar essa massa populacional é irresponsabilidade dos que governam, todavia piora bastante, quando se legisla e não é dada a condição de por em prática as determinações legais. Percebeu na preparação para a implantação do projeto que havia uma predisposição para a utilização de LIBRAS e mais, A intenção em aprender e utilizar o aprendizado nesse sentido. Elaborou-se o curso dentro do que foi discutido com os interessados a provocar corresponsabilidade. Definindo acolhimento enveredou-se pela empatia, quando na elaboração das aulas de LIBRAS, O estar no lugar do outro quando trabalhado por dinâmica de grupo, permite essa percepção de querer e não ter o respeito necessário do outro. Foco da lei 8080/90, que trata do Sistema Único de Saúde. (POKER pg. 07) falando da Comunicação surdo versus ouvinte permitiu-nos visualizar essa deficiência no acolhimento do surdo quando nos diz, […] Os defensores da comunicação total recomendam então o uso simultâneo de diferentes códigos como:- Língua de Sinais , a datilologia, o português sinalizado. Essa proposta vem socorrer a saúde pública no atendimento do surdo, pois abre espaço para o uso da mímica no atendimento do surdo não alfabetizado. Desenvolver um projeto complexo, que permitisse à gestão compreender e aceitar a proposta de melhoramento nesse acolhimento, forçou-nos a buscar a partida do micro para o macro. Nesse viés o uso do PMBOK – PMI, foi de regra o caminho para a demonstração e busca de solução do problema. 3.1As dificuldades de implantação e adequação para a solução. O entrave mais forte encontrado, foi a descrença do servidor em relação intenção de facilitação do serviço: e isso se dá pela incapacidade do gestor público reconhecer e externar o trabalho feito com eficiência e eficácia pelo servidor. Foram necessárias diversas abordagens esclarecedoras mesmo com aqueles que já tinham tido contato com LIBRAS. E foi a partir das dinâmicas de grupo que conseguiu-se a empatia que permitiu o andamento do projeto. Aprendeu-se com os participantes do projeto, que é necessária urgente mudança de comportamento na relação gestor e subordinado; isso certamente será estudado com mais profundidade numa outro oportunidade. A coleta de dados indispensável para a elaboração do projeto, posto que, desta partem as informações que identificam a problemática a ser trabalhada, deu-se com base nos questionamentos supra-citados, direcionados aos servidores e usuários surdos e não surdos. É
  • 8. 8 impossível dissociar educação de saúde , trabalho e de segurança. Essa é a maior de todas as lições tiradas da pesquisa. O olhar com empatia permitiu-nos, visão real do outro, mesmo para a equipe de elaboração, que na aplicação pode aprender muito sobre relação interpessoal. Adequados ao projetos, e com participação acima do esperado, os participantes das aulas de LIBRAS direcionaram para o específico, ou seja LIBRAS com ênfase em saúde. Readequados à necessidade dos servidores participantes, abrimos para todos os setores dada a procura. O tempo adequado à disponibilidade do participante, foi fixado num mínimo de quinze minutos, embora todos os participantes não raro, ficassem até trinta minutos depois, interessados em tirar dúvidas. Os riscos eliminados a nível local, permitiram um reordenamento e adequação ao nível externo, que dependia de licitação e de carência de tempo. Pôde ser observado que o grupo dirimiu as pequenas dificuldades de material para que não houvesse paralisação no andamento do projeto. O envolvimento dos participantes no querer fazer foi crucial no cumprimento do prazo estabelecido, bem como na qualidade do serviço entregue. Na entrega compreendeu-se o acerto da decisão pelo indicie de satisfação tanto no acolhimento da pessoa surda, quanto com o reflexo deste treinamento no acolhimento do geral, pela percepção do outro como igual, atingiu o cidadão usuário, quando na forma de abordar. A prática fez-nos observar novos avanços, que futuramente trabalharemos como melhoramento do que está posto. 3.2 A importância da abordagem no acolhimento. O sorriso no rosto e o comprimento na hora do acolhimento reduz muito o atrito entre o que recebe e o que é recebido. Esse contato empático abre o diálogo, que se sugere no nosso trabalho e a visão alcança a pessoa antes de qualquer outra conotação. A pessoa, é esse o olhar buscado na essência do serviço público proposto. A cidadania ocorre em estar no lugar do outro, na buscar da resolutividade do problema pelo outro apresentado, que por muito não passa somente de informação, que não raro pelo despreparo perde-se a oportunidade de realizar. A compreensão do bem estar do que habitou-se a alcunhar de paciente, ou seja, “daquele que deve ter paciência”, que tinha o dever de esperar mesmo com dor, pois partia se do pressuposto da autoridade do agente público, quando busca os serviços ofertados, hoje é cliente.
  • 9. 9 Essa nomenclatura nos leva a desconstrução da espera e da ideia de ter a paciência imposta ao que está com dor no aguardo de atitudes e resultados. O se por no lugar do outro é fundamental para o o exercício da cidadania nas relações inter-pessoais no acolhimento e nas abordagens necessárias na rotina de laboratórios e unidades básicas de saúde. O SUS (Sistema Único de Saúde) preconiza na sua legislação a busca da humanização do ponto de vista clínico. Essa é a ótica percebida na Cartilha de Atenção a Saúde da Pessoa com deficiência; e que buscamos cumpri-la pelo olhar humanista da cidadania plena e para isso nos servimos de VALERIANO e sua organização de projetos. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao recorrermos a literatura de Valeriano para na busca de melhor conduzir os trabalhos de resolução dos entraves no acolhimento da pessoa surda no (LDL) percebemos o leque de possibilidades que o PMBOK – PMI, onde o referido autor se pauta, permite uma flexibilidade na realização do projeto e seu melhoramento. Logo a teoria e a prática caminham juntas durante o processo e permitem alterações que possibilitam a visão plena do propósito. O serviço buscado foi alcançado , e refletiu na ampliação para o trato geral de clientes no LDL. Essa percepção deverá ser aperfeiçoada na busca de se levar este modelo às Unidades Básicas de Saúde. O projeto serviu para nos fazer perceber outras fases do acolhimento, aquelas que ocultas nas atitudes cotidianas, refletem diretamente no trato com o cliente pelo mau tratamento ao servidor. Registradas para futuras intervenções. O importante é saber que, ao realizar uma provocação observatória intencional o foco mostra as adjacências. A pesquisa de satisfação oportunizou, que de um lado o cliente mostrasse sua insatisfação e seus pontos de carência, no verso, o servidor pôde expor sua opinião e mostrar seu descontentamento e com isso medir o valor de sua opinião na crítica construtiva. O questionamento respondido, levou-nos a trabalhar o grupo buscando a empatia como viés à conscientização e mudança de postura no trato com o outro. Prendeu-nos a atenção numa das dinâmicas de grupo utilizadas, onde foi possível trabalhar a surdez dramatizada, e vedando a boca do recepcionista impossibilitando-o se falar, forçando-o a gesticular. Encerrada a dinâmica de grupo o servidor fez a seguinte colocação: “ Nunca me senti tão indefeso. Não poder falar e o pior não ser entendido pelo que está do outro lado do balcão é terrível”.
  • 10. 10 Essa declaração foi o passo mais importante para que alcançássemos o nosso objetivo, pois ficou explícito a necessidade de receber bem aquele que está à margem. As várias repetições oportunizaram a prática da empatia essa percepção fortaleceu o fazer, o como fazer e o por que fazer no grupo, que passou a reproduzir este conhecimento com mais segurança e utilizar LIBRAS naturalmente na rotina e o número de livros para consulta vem de doações dos próprios servidores. 4. REFERÊNCIAS CEGALLA, Domingos Paschoal, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa.2. ed. São Paulo Cia. Ed. Nacional, 2008. CAVALCANTE JUNIOR, Francisco Silva; SOUZA, André Feitosa de. - HUMANISMO DE FUNCIONAMENTO PLENO- ed. Línea, Campinas SP. 2008 POKER,Rosimar Bortolini. -ABORDAGENS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DA PESSOA COM SURDEZ.-UNESP- Marília-2002. VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1997. 5. APÊNDICES QUESTIONÁRIO DE ABORDAGEM E SATISFAÇÃO Entrevistado Cliente ( ) Servido( ) Grau de contentamento O ( ) B( ) R ( ) P ( ) Surdo ( ) Ouvinte ( ) O()B()R()P() Você é surdo ? ( ) Usou LIBRAS ( ) S ( )N Sim ( ) Não Já pensou em Por que não fez reclamar do serviço reclamação? prestado? Questionamento Como você é recebido na Unidade de Saúde Quanto ao relacionamento Servidor Cliente. Entendeu o recepcionista ? a Se surdo você gostaria de ser atendido de que forma? Por qual motivo você Já pensou em ir a outra Como você vê a solução de vem a esta unidade Unidade de Saúde motivada melhoramento? de saúde? pelo atendimento?
  • 11. 11 I) Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos os treinados não eram recepcionistas? dê sua opinião. II) A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de percepção auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação? Dê sua Opinião. III) Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam dispostos a se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos? Qual é sua opinião.