Vamos começar nosso passeio pela mostra Geopoéticas no Armazém 4 do Cais do Porto.
Neste espaço estão obras que questionam noções tradicionais de território e nação, propondo outras formas de organização política e social.
Destaco aqui a instalação do artista venezuelano Iván Candeo, que criou uma "Zona de Autonomia Poética" representando o país fictício de "Tierra Incógnita". Trata-se de uma nação imaginária formada por pessoas em situação de refúgio ou exílio.
Também cham
2. A 8ª Bienal do Mercosul está inspirada nas tensões entre territórios locais e transnacionais, entre construções políticas e circunstâncias
geográficas, nas rotas de circulação e intercâmbio de capital simbólico. O título se refere às diversas formas que os artistas propõem para definir
o território, a partir das perspectivas geográfica, política e cultural. As bienais são eventos primordialmente expositivos, que ativam a cena artística
de uma cidade durante períodos relativamente curtos. Contudo, além de serem recorrentes, são descontínuas – e esse é seu lado fraco: nos
períodos entre uma bienal e outra usualmente não acontece nada, ou bem pouco, em termos de ativação da cena artística local. A 8ª Bienal do
Mercosul tenta responder à seguinte pergunta: é possívelfazer uma bienal cuja ênfase não seja exclusivamente expositiva?
Nossa proposta inclui estender a ação da Bienal no espaço e no tempo. E propõe entender o tema escolhido não apenas como um marco
conceitual para ler a produção artística contemporânea, mas como uma estratégia de ação curatorial, sugerindo a Bienal como uma instância de
criação e consolidação de infraestrutura local. A 8ª Bienal enfatiza o componente educativo – diferencial da Bienal do Mercosul em relação a
outras bienais – ao envolver o curador pedagógico na própria concepção do projeto curatorial fazendo com que os componentes da curadoria
sejam oportunidades para articular o projeto pedagógico e, desse modo, transcender a tríade convencional interpretação-mediação-serviço, que
caracteriza as ações educativas em bienais e museus.
A 8ª Bienal do Mercosul estende-se no espaço, olhando o território do Rio Grande do Sul como um âmbito a explorar: vários artistas realizaram
viagens no estado como parte dos componentes Cadernos de Viagem e Além Fronteiras. Porto Alegre também é vista como um território a ser
redescoberto: nove locais da cidade estão sendo ativados por meio de obras não necessariamente visuais no componente Cidade Não Vista.
Seis espaços independentes da América Latina terão sedes temporárias no Brasil durante a Bienal, sendo recebidos por espaços similares em
Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria, em um componente que denominamos Continentes. Finalmente, apresentamos uma extensa mostra
do artista chileno Eugenio Dittborn, que enviou suas Pinturas Aeropostais pelo correio, desde Santiago; partes dessa mostra estão sendo
apresentadas em três espaços culturais do Rio Grande do Sul: Pelotas, Caxias do Sul e Bagé.
Os componentes anteriores estendem a ação da Bienal no território. Com o fim de estender a ação da Bienal no tempo, foi criada a Casa M, um
espaço de encontro para artistas e público geral, com um intenso programa de atividades de música, teatro, arte e literatura, residências
curatoriais e ciclos de cinema e vídeo. A Casa M conta com um espaço de convivência e uma sala de leitura, na qual podem ser consultados
livros e revistas, além dos documentos reunidos pelo Núcleo de Documentação e Pesquisa da Bienal. A intenção é ativar a cena local e, por
conseguinte, a ênfase não é expositiva. As participações de artistas foram concentradas no programa mensal Vitrine; e três artistas realizaram
intervenções permanentes no acesso à casa, na biblioteca e no jardim.
Curador geral - José Roca
Curador pedagógico - Pablo Helguera
Curadores adjuntos - Alexia Tala, Cauê Alves, Paola Santoscoy
Curadora assistente - Fernanda Albuquerque
Curadora convidada para a mostra Além Fronteiras - Aracy Amaral
3. Funcionamento Agendamento de Visitas 8ª Bienal do Mercosul
Período de Funcionamento
Locais e endereços:
Inicio de agendamento: 24 de agosto
Inicio das visitas agendadas: 12 de setembro
Santander Cultural
Termino Agendamento e visitas agendadas: 15 de novembro
Mostra Eugenio Dittborn
Rua Sete de Setembro, 1028 – Centro
Horário de Funcionamento
De segunda a sexta-feira, das 8:30h às 19h, pelo tel. 34337700
MARGS – Museu de Artes do Rio Grande do Sul
Mostra Além Fronteiras
Informações: agendamento@bienalmercosul.art.br
Praça da Alfândega, s/nº - Centro
Grupos e Horários de Visita
Armazéns do Cais do Porto
Cada agendamento é feito para grupos de 25 pessoas para uma das mostras da
Mostras Geopoéticas e Cadernos de Viagem
bienal, de acordo com horários pré-estabelecidos pela Fundação.
Av. Mauá, 1050 (entrada A3 e A4) – Centro
Confirmação das Visitas
Armazém A4, A5 e A6: Mostra Geopoéticas
A confirmação da visita deverá ser feita, via site ou e-mail, até 72h após efetuado o
Armazém A7: Mostra Cadernos de Viagem
agendamento. Caso a confirmação não seja efetuada neste período o
agendamento da visita será automaticamente cancelado.
Centro Histórico de Porto Alegre
Mostra Cidade Não Vista
Ônibus
Saída para os percursos na Cada M
A Bienal disponibilizará ônibus com 40 lugares cada, para a rede pública de
Rua Cel. Fernando Machado, 513 - Centro
ensino. Os ônibus atenderão cidades distantes até 100km de Porto Alegre. A
referência de distância é baseada em tabela oficial do DAER é pode ser
visualizada no site da Fundação.
Preferências a horários de Agendamento
Visando disponibilizar o acesso às mostras ao maior número de pessoas e grupos
diversos, após o agendamento de 3 visitas será dada a preferência a
escolas/grupos que ainda não realizaram visitas.
4. Roteiro 1 – Mostra Eugenio Dittborn Santander Cultural
Uma das mostras centrais da 8ª Bienal do Mercosul é a exposição do chileno Eugenio Dittborn (Santiago do Chile, 1943), artista de referência na
América Latina. A obra de Dittborn baseou-se na transterritorialidade, no nomadismo e nas estratégias para subverter as fronteiras e penetrar os
centros sem se deixar neutralizar por eles. Dittborn trabalha desde 1983 em suas Pinturas Aeropostais, obras que são dobradas para serem enviadas
em um envelope postal. Cada envelope possui inscrito o itinerário da viagem, as cidades para onde a obra foi enviada e os lugares em que foi
exposta e é exibido ao lado da pintura aeropostal desdobrada, já que isso é a sua condição de possibilidade.
Pode-se abordar o trabalho de Dittborn a partir de pelo menos três pontos de vista: estratégico, material e iconográfico. A estratégia das Pinturas
Aeropostais reside no fato destas viajarem como cartas e se desdobrarem como pinturas em seu destino. Mas não permanecem ali: uma pintura
aeropostal sempre está de passagem. É por isso que Dittborn fala que a aeropostalidade de suas pinturas reside nas dobras. Elas são sua
possibilidade e também a testemunha da operação artística que teve lugar. As outras testemunhas da viagem são os envelopes, realizados em cartão
e especialmente acondicionados para conter as pinturas dobradas, levam, em cada caso, além dos dados do destino, uma série de textos alusivos à
pintura que contém. A exibição dos envelopes provê informações das viagens, tal qual um diário de bordo, assim como algumas chaves textuais para
a interpretação da pintura.
O segundo ponto de abordagem é a matéria. As primeiras Pinturas Aeropostais tinham como suporte o papel kraft, ou papel de embalagem, mas, a
partir de 1986, Dittborn começou a usar entretela sintética não tecida, um material entre o papel e o tecido. Em meados dos anos 1990, Dittborn
passou a empregar lona, conhecida comercialmente como duck fabric, material que utiliza até hoje. As técnicas utilizadas variam segundo cada obra,
mas, no geral, pode-se dizer que se resumem aos seguintes procedimentos: tingir, alinhavar, costurar, bordar, imprimir, desenhar, enxertar e dobrar.
As pinturas nas obras de Dittborn são tingimentos, derramados com o suporte disposto de maneira horizontal, deixando que o líquido pigmentado se
estenda e embeba, impregne e penetre nos suportes, estabelecendo manchas de cor que se espalham nas fibras do têxtil por absorção. Nesse
campo pictórico se distribuem os diferentes elementos iconográficos, impressos diretamente sobre a tela ou outro material (usualmente telas muito
finas de algodão ou cetim), que logo são recortados e alinhavados à obra.
5. Roteiro 1 – Mostra Eugenio Dittborn Santander Cultural
Térreo
Legenda
Entrada
Praça da Alfândega
Trajeto A
Trajeto B
*ha diferentes possibilidade de
trajeto para as
obras, estas são apenas
sugestões.
2º Piso
6. Roteiro 2 – Além Fronteiras MARGS
Sendo a territorialidade o tema desta 8ª Bienal do Mercosul, três rotas dentro do espaço do Rio Grande do Sul, a nosso ver, propiciam visões
diferenciadas. A ideia seria de que delimitações políticas entre nações, no caso do Brasil e de seus vizinhos, nem sempre correspondem a uma
autonomia cultural encerrada dentro desses limites. O estado hospeda de maneira exemplar duas realidades político-culturais análogas: a região dos
pampas e a das Missões.
Percorrendo os pampas – rio-grandense, uruguaio ou argentino –, percebe-se com clareza que se trata da mesma realidade, independente do nome
que o país assume em cada rincão. Sobretudo a partir da paisagem, a planura a perder de vista, com suas ondulações suaves, coxilhas, céu amplo, o
gado como cultura e base da economia, o comportamento do homem do campo nessa região. Exemplo similar é oferecido pelos territórios que retêm
um clima peculiar por seu passado, que no período colonial foi o das Missões jesuíticas; ou pelo maravilhamento da região dos canyons do Rio
Grande do Sul, ímpar pela beleza que emudece o visitante. Ao pensar nesses territórios Além Fronteiras, nos indagamos: não seriam certos limites
político-geográficos senão artifícios criados pelo homem para reafirmar um idioma, plantar uma bandeira, desenhar um escudo, compor um hino,
estabelecer uma forma de governo e exigir documentação para se cruzar uma fronteira por ele mesmo demarcada?
Percorrendo quilômetros de estradas e cidades do território do múltiplo e belo Rio Grande do Sul, percebemos a relatividade do termo “fronteira” ou
“limite” no sentido de circunscrição que usualmente o termo abarca. Foram convidados nove artistas, quatro do Rio Grande do Sul (Lucia Koch,
Carlos Vergara, Marina Camargo e Carlos Pasquetti), um de Minas Gerais (Cao Guimarães), um de São Paulo (Felipe Cohen), uma da Argentina
(Irene Kopelman), um da Colômbia (José Alejandro Restrepo) e um de Israel (Gal Weinstein), deliberadamente de gerações bem distintas, para
conferir, através de seus trabalhos, as leituras sensíveis da realidade cultural e paisagística do Rio Grande do Sul. Assim, a exposição será uma
conversação entre a produção contemporânea dos artistas convidados e, como contraponto, no mesmo espaço do MARGS, a presença de obras/
documentos de outros momentos/tempos.
Artistas:
Cao Guimarães – Brasil Carlos Pasquetti – Brasil Carlos Vergara - Brasil
Felipe Cohen – Brasil Gal Weinstein – Israel Irene Kopelman - Argentina/Holanda
José Alejandro Restrepo – Colômbia Lucia Koch – Brasil Marina Camargo - Brasil/Alemanha
7. Roteiro 2 – Além Fronteiras MARGS
Legenda
Entrada
Praça da Alfândega
Trajeto A
Trajeto B
*ha diferentes possibilidade de
trajeto para as
obras, estas são apenas
sugestões.
8. Roteiro 3 - Geopoéticas Cais do Porto - Armazéns 4, 5 e 6
A mostra central no Cais do Porto examina a criação de entidades transterritoriais e supraestatais que colocam em jogo a noção de nacionalidade.
Essas construções político-econômicas contrastam com as noções de nação estabelecidas há séculos na conformação dos países americanos após
as lutas por independência. A exposição explora diferentes aspectos das ideias de Estado e Nação, suas retóricas visuais (mapas, bandeiras,
escudos, hinos, passaportes, exércitos) e suas estratégias de autoafirmação e consolidação de identidade.
A ideia de cidadania está baseada etimologicamente nas noções romanas de civitas e urbanitas. Que tipo de cultura de pertencimento se dá em
situações não urbanas? Onde reside a nacionalidade quando se carece de território físico? Algumas obras consideram o território rural como uma
possibilidade para a utopia e o isolamento como uma condição positiva; outras analisam diversas estratégias de sustentabilidade e de coesão na
ausência de território. Algumas dessas construções nacionais – que, em certos casos, possuem território mas carecem de autonomia política – estão
representadas no interior da exposição em “pavilhões” que denominamos ZAP [Zonas de Autonomia Poética].
Desde o mapa invertido de Torres García, a arte tem visitado a disciplina cartográfica para produzir mapas ativistas que não estão a serviço da
dominação. A cartografia é um tema recorrente na prática curatorial recente, e inevitável quando se fala de território, pois nela confluem geografia,
ideologia e política. A exposição reúne diversas formas de medir e representar o mundo, incluindo artistas que usam mapas para promover a
mudança social, psicogeografias, rotas de derivas, mapas afetivos e diversas representações do mundo que contradizem as cartografias
convencionais.
9. Roteiro 3A - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 4
Artistas
Iván Candeo – Venezuela
Alberto Lastreto – Uruguai
Khaled Hafez – Egito
Alicia Herrero – Argentina
Leslie Shows - EUA
Anabella Geiger – Brasil
María Teresa Ponce – Equador
Berthélémy Toguo - Camarões/França
Mark Lombardi – EUA
Center for Land Use Interpretation - EUA
Meira & Toirac (Jose Toirac e Meira Marrero) - Cuba
Coco Fusco - Cuba/EUA
Paola Parcerisa – Paraguai
Cristina Lucas – Espanha
Sealand
Fabio Morais – Brasil
Slavs and Tatars – Leste Europeu
Fernando Bryce - Peru/Alemanha
TOROLAB – México Yanagi Yukinori – Japão
Flavia Gandolfo – Peru
YOUNG-HAE CHANG HEAVY INDUSTRIES - Coreia
Francis Alys - Bélgica/México
10. Roteiro 3A - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 4
Legenda
Entrada
Margem Guaíba
Trajeto A
Trajeto B
Trajeto C
*ha diferentes possibilidade de trajeto
para as obras, estas são apenas
sugestões.
11. Roteiro 3 B - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 5
Artistas
André Komatsu – Brasil Pablo Bronstein - Argentina/Inglaterra
Edgardo Aragon – México Paulo Climachauska – Brasil
Kahsja Dahlberg - Suécia/Alemanha Sanna Kanisto – Finlândia
Khaled Hafez – Egito Slavs and Tatars – Leste Europeu
Manuela Ribadeneira - Equador/UK Uriel Orlow – Suíça
Marcius Galan – Brasil Voluspa Jarpa – Chile
Miguel Angel Rios - Argentina/EUA Yasmin Hage - Guatemala
12. Roteiro 3 B - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 5
Legenda
Entrada
Margem Guaíba
Trajeto A
Trajeto B
Trajeto C
*ha diferentes possibilidade de trajeto
para as obras, estas são apenas
sugestões.
13. Roteiro 3C - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 6
Artistas
Angela Detanico & Rafael Lain - Brasil/França Manuela Ribadeneira - Equador/UK
Emmanuel Nassar – Brasil Marcelo Cidade – Brasil
Javier López & Erika Meza - Paraguai Mayana Redin – Brasil
Jean-François Boclé – França Melanie Smith & Rafael Ortega – México
Jonathan Harker - Equador/Panamá Miguel Luciano - Porto Rico/EUA
Jonathan Harker & Donna Conlon – Panamá Paco Cao – Espanha
Irwin – Eslovênia Raquel Garbelotti – Brasil
Laís Myrrha – Brasil Regina Silveira – Brasil
Lucía Madriz - Costa Rica/Alemanha Slavs and Tatars – Leste Europeu
Luis Gárciga – Cuba YOUNG-HAE CHANG HEAVY INDUSTRIES - Coréia
Luis Romero – Venezuela
14. Roteiro 3C - Geopoéticas Cais do Porto – Armazém 6
Legenda
Entrada
Margem Guaíba
Trajeto A
Trajeto B
Trajeto C
*ha diferentes possibilidade de trajeto
para as obras, estas são apenas
sugestões.
15. Roteiro 4 – Cadernos de Viagem Cais do Porto – Armazém 7
Como parte do processo de concepção da 8a Bienal do Mercosul, nós, curadores, viajamos pela região de Rio Grande do Sul por mais de vinte
cidades do interior, realizando pesquisa de campo e visitas a ateliês. Essas experiências de viagem, vivenciadas por todos – vários provenientes de
outros países – fez-nos refletir acerca da noção de território e sua vinculação in situ com a prática artística no contexto de produção de obra, e em
como essas chegam a ser apresentadas em uma bienal sulamericana. Tal interesse levou-nos a concretizar essa atividade curatorial no território e
hoje aparece refletida no componente que chamamos Cadernos de Viagem.
Cadernos de Viagem consistiu em distribuir pelo estado do Rio Grande do Sul nove artistas cujas práticas habituais envolvem a viagem, a paisagem
e/ou o trabalho com comunidades. Cada um deles realizou uma rota específica durante três semanas, em média, deixando que a experiência da
viagem, a paisagem e as interações sociais e/ou culturais ditassem o caminho pelo qual fosse desenvolvido seu projeto. Não foi o artista quem levou
a obra planejada e foi para o território a fim de desenvolvê-la, mas, sim, o contrário: foi a especificidade do lugar e a experiência vivida pelo artista
durante sua viagem que condicionou os resultados. Finalizadas essas três semanas, cada um realizou uma mostra no local de seu destino, exibindo
o resultado dos processos artísticos ocorridos durante a viagem e apresentando sua obra e experiência nesse lugar para a comunidade. Depois de já
ter realizado a viagem e retornado a seus ateliês, os artistas desenvolveram as obras que estão apresentadas no Cais do Porto.
Caderno, diário ou agenda de viagem são os “lugares” em que aparecem anotações, desenhos e experiências, recolhidas como reflexão e memória.
Em Cadernos de Viagem entendemos a ideia de caderno num sentido amplo, pois o artista contemporâneo realiza esses distintos processos através
da fotografia, do vídeo, além do desenho e das anotações textuais. Nosso interesse é evidenciar as diversas maneiras como os artistas documentam
sua experiência de observação e a vivência no território, e como incorporam também outras soluções para suas obras de arte. É o caso dos artistas
que trabalharam sob um olhar focado no científico, no sistemático e na coleta de dados, ou dos que deram ênfase à paisagem ou à representação e,
por último, dos que se vincularam à etnografia e à antropologia para produzir obras orientadas para o social.
Artistas
Beatriz Santiago - Porto Rico Bernardo Oyarzún – Chile M. Elvira Escallón - Colômbia
Marcelo Moschetta – Brasil Marcos Sari – Brasil Mateo López - Colômbia
Nick Rands – Brasil Sebastián Romo – México Telervo Kalleinen & Oliver Kochta - Finlândia
16. Roteiro 4 – Cadernos de Viagem Cais do Porto – Armazém 7
Legenda
Entrada
Margem Guaíba
Trajeto A
Trajeto B
Trajeto C
*ha diferentes possibilidade de trajeto
para as obras, estas são apenas
sugestões.
17. Roteiro 5 – Cidade Não Vista
Num mundo imagético e midiático em que a topologia tende a ser anulada pela visão planificada dos mapas e satélites, onde a aparência visível é
explorada até a exaustão, a ponto de quase anestesiar os olhos, experiências artísticas que ultrapassam o âmbito da pura visibilidade podem ser
ainda mais significativas. Em Cidade Não Vista, o contato com a urbe a partir do tato, dos sons, das palavras e de mínimas intervenções, é uma
estratégia de ativação de territórios de Porto Alegre. Explorar outros sentidos é um modo de interferir na relação cotidiana que o pedestre tem com o
espaço público. Ao atingir o cidadão desprevenido, o trabalho de arte pode colaborar na abertura para uma relação não usual com o território da
cidade.
A partir de um processo de arqueologia urbana, foram identificados nove lugares do centro da capital gaúcha que despertam interesse arquitetônico,
histórico, sociológico, ou, simplesmente, curiosidade. São eles: o Aeromóvel, o Observatório Astronômico, o Viaduto Otávio Rocha, a chaminé da
Usina do Gasômetro, o jardim do Palácio Piratini, a escadaria da Rua João Manoel, a cúpula da Casa de Cultura Mario Quintana (um espaço cultural
público), a Garagem dos Livros (um espaço literário) e a fachada do prédio da Prefeitura Velha. A ênfase foi dada a locais que muitas vezes não são
percebidos pela população, seja pelo automatismo que costuma caracterizar a experiência na cidade, pela dificuldade de acesso ou por estarem fora
do imaginário coletivo.
A ideia é atrair o público para espaços que não são usualmente considerados interessantes (a Escadaria ou a Garagem dos Livros), ou para
importantes ícones da cidade, mas que estão inacessíveis (o interior da chaminé do Gasômetro, o jardim do Palácio Piratini). Ruínas urbanas que
surgem antes mesmo de os projetos inaugurarem (o Aeromóvel), estátuas com valor histórico, mas pouco notadas (Prefeitura Velha), assim como
construções com valor arquitetônico e cultural (Casa de Cultura Mario Quintana, Viaduto Otávio Rocha e Observatório Astronômico) serão valorizados
a partir de uma aproximação não tradicional. Não se trata simplesmente da instalação de objetos esculturais, de justapor obras já prontas aos locais,
mas sim de abordar territórios da cidade a partir de estratégias que valorizem elementos já existentes. Para isso, nove trabalhos realizados por
artistas de diferentes nacionalidades foram elaborados especialmente para os referidos espaços. Todas as obras destacam o lugar e privilegiam a
experiência sensorial.
Artistas Oswaldo Macia - Colômbia Sissel Tolaas – Alemanha Valeska Soares - Brasil
Elida Tessler – Brasil Paulo Vivacqua – Brasil Tatzu Nishi – Japão
Marlon de Azambuja – Brasil Pedro Palhares – Brasil Victor César - Brasil
18. Roteiro 5 – Cidade Não Vista Centro Histórico
Legenda
Entrada
Margem Guaíba
Trajeto A
Trajeto B
*ha diferentes possibilidade de
trajeto para as
obras, estas são apenas
sugestões.
19. Patrocinadores
Essa edição conta com a adesão das seguintes empresas e instituições:
Gerdau – Patrocínio Master
Petrobras - Patrocínio Master
Banco Itaú – Patrocínio Projeto Pedagógico
Banco Santander – Patrocínio Mostra Eugenio Dittborn
Grupo RBS - Apoio do Projeto Pedagógico
Panvel – Apoio
Crown Embalagens – Apoio
Lojas Renner – Apoio
ICBNA – Apoio
SPH - Superintendência de Portos e Hidrovias – Apoio Institucional
Prefeitura de Porto Alegre – Apoio Institucional
MinC– Financiamento
Secretaria do Estado da Cultura do Rio Grande do Sul - Financiamento
Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
Criada em 1996, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como missão
desenvolver projetos culturais e educacionais na área de artes visuais, adotando as melhores práticas de gestão e favorecendo o diálogo entre as
propostas artísticas contemporâneas e a comunidade. Nos anos ímpares, a Fundação promove o evento Bienal do Mercosul, reconhecido como o
maior conjunto de eventos dedicados à arte contemporânea latino-americana no mundo, oportunizando o acesso à cultura e à arte a milhares de
pessoas, de forma gratuita.
Ao longo de sua trajetória, a Fundação Bienal do Mercosul sempre teve como missão a ênfase nas ações educativas e os seguintes princípios
norteadores: foco na contribuição social, buscando reais benefícios para os seus públicos, parceiros e apoiadores; contínua aproximação com a
criação artística contemporânea e seu discurso crítico; transparência na gestão e em todas as suas ações; prioridade de investimento em educação e
consolidação da Bienal como referência nos campos da arte, da educação e pesquisa nessas áreas.
Em catorze anos de existência, a Fundação Bienal do Mercosul realizou sete edições da mostra de artes visuais, somando 444 dias de exposições
abertas ao público, 57 diferentes exposições, 3.882.672 visitas, acesso totalmente franqueado, 1.034.898 agendamentos escolares, 180.089 m² de
espaços expositivos preparados, áreas urbanas e edifícios redescobertos e revitalizados, 3.664 obras expostas, intervenções urbanas de caráter
efêmero e 16 obras monumentais deixadas para a cidade, 138 patrocinadores e apoiadores ao longo da história, participação de 1.261 artistas, mais
de mil empregos diretos e indiretos gerados por edição, além de seminários, conversa com o públicos, oficinas, curso para professores, formação e
trabalho como mediadores para 1.248 jovens. A Diretoria e os Conselhos de Administração e Fiscal da Fundação Bienal do Mercosul atuam de forma
voluntária.