As chuvas e frio de maio e junho prejudicaram as lavouras de café no sul de Minas Gerais e na Mogiana de São Paulo, causando aceleração na maturação dos frutos, fermentação indesejável por fungos, e queda maior de frutos no chão. Os efeitos incluíram também antecipação de doenças, queda severa de folhas, emissão de ramificações secundárias nos ramos, e pequenas florações fora de época. As perdas qualitativas e possivelmente quantitativas na
Folha 328 chuva e frio prejudicam lavouras de café
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CHUVA E FRIO PREJUDICAM LAVOURAS DE CAFÉ
J.B. Matiello, J.E. P. Paiva, S.R. Almeida, Rodrigo N. Paiva, Iran B. Ferreira e Marcelo Jordão filho – Engs Agrs Fundação Procafé
Em final de maio e inicio de junho foram registradas chuvas anormais na principal região cafeeira de
café arábica do país, no Sul de Minas e na Mogiana - SP. O exemplo da Estação em Varginha mostra chuvas
totais de cerca de 90 mm, com precipitações distribuídas em 11 dias, quase seguidamente.
A massa fria, que trouxe a chuva, provocou aumento na umidade e queda de temperatura, fatores que
provocaram, em conjunto, efeitos prejudiciais às lavouras de café, aqui sendo destacadas as principais
observações de campo realizadas.
1-Aceleração na maturação dos frutos – os quais passaram, mais rapidamente, de maduros para secos,
reduzindo a possibilidade de preparo de cafés CD. Ao nosso ver, esse fenômeno foi provocado pelo ataque de
fungos saprófitas na casca, facilitado pela umidade. Ocorre que, neste ano, já havia, antes da chuva, aparecido
uma anormalidade, de causa provável fisiológica, onde a casca dos frutos mostrava muitas manchas marrons,
que formavam inúmeras lesões, as quais podem ter agravado o ataque dos fungos saprófitas, causadores de
morte e apodrecimento de tecidos e, em consequência, aumentando a produção de etileno na casca.
2- Fermentação em frutos – com a umidade constante, os frutos, ao passarem de maduros a passa/secos,
foram mais atacados por fungos causadores de fermentações indesejáveis, como Penicillium, Fusarium e
Aspergillus, que levam à depreciação da bebida. Este aspecto foi mais grave em regiões mais problemática
para qualidade, como as de menor altitude na região.
3-Queda maior de frutos ao chão – provocada pela umidade das chuvas e associação com os ventos. Os
frutos, úmidos e no estágio de secos, ficam mais pesados e seu pedúnculo mais fraco, caindo caem em maior
quantidade. Esse efeito foi maior em variedades de maturação precoce, como o Mundo Novo.
4-Ativação dos frutos verdes – a retomada da umidade no solo, depois de cerca de 40 dias sem chuva,
parece ter ativado o crescimento dos frutos verdes, observando-se, no geral, que boa parte cresceu mais,
engrossando a sua casca. Por outro lado, alguns que se encontravam com lesões e, especialmente, pela
produção de etileno nos frutos próximos, secos, houve uma aceleração da sua maturação. Isso e, mais, um
ataque de Colletotrichum oportunista, especialmente, em frutos já lesionados, por outras doenças ou pragas
(Cochonilhas e ácaros) provocaram a passagem de uma parte deles de verde a secos.
5-Antecipação do ataque de Phoma e bacteriose – com a umidade e queda da temperatura houve
favorecimento à antecipação do ataque dessas doenças, com efeito sobre a folhagem, a ramagem ponteira e
algumas gemas florais iniciais.
6- Queda severa de folhas – A queda de folhas, mesmo em lavouras com boas condições vegetativas, como
aquelas podadas no sistema safra zero, foi provocada pelo choque hídrico, pela morte de fungos epífitas sobre
a folhagem/ramagem e pelo ataque de doenças.
7-Emissão de ramificações secundárias em ramos produtivos – Por efeito do frio intenso, alguns ramos
tiveram as últimas folhas (novinhas) queimadas ou com crescimento paralisado, levando à quebra da
dominância apical, com isso surgindo ramificação secundárias abundantes, em muitas lavouras, com
transformação de gemas florais em vegetativas.
8-Florações pequenas extemporâneas – Depois do stress hídrico que vinha acontecendo, especialmente
regiões mais quentes e em ponteiros das plantas, houve uma pequena abertura de floração, ainda fora de
época.
Analisados os problemas constatados, em conjunto, os quais ocorreram em maior ou menor grau
dependendo das condições das lavouras, pode-se observar que as perdas qualitativas, no tipo, aspecto e bebida
do café desta safra, ficam bem evidentes. As perdas quantitativas ainda deverão ser melhor avaliadas, pois
dependem do prosseguimento da colheita, da eficiência no recolhimento do café de varrição e, no que se
refere à próxima safra, vai depender do nível de enfolhamento remanescente, de forma critica, lá na frente, no
período de pré-florada.
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Nas fotos acima frutos (verdes e
maduros) com casca prejudicada por
manchas escuras, isto mesmo antes
das chuvas, o que deve ter facilitado,
com a umidade, e a ação de micro-
organismos, o processo de aceleração
da maturação e seca.
Ao lado, frutos verdes “re-ativados”,
que cresceram mais e têm boa
granação, ao lado de frutos secos.
Varginha - MG, meados de maio e
inicio de junho/16.
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Secagem/chochamento de frutos verdes, estes por efeito de lesões por cochonilhas, combinadas com o ataque de
Colletotrichum, infecção independente de chuvas – Carmo do Paranaiba-MG, jun/16
Fermentação, por fungos, em frutos secos, por efeito da umidade, sendo de coloração branca ou rosa, assim
considerados Penicillium, Aspergillus e Fusarium - Areado-MG, jun/16
Efeito da chuva e frio na abertura precoce de algumas flores e na emissão de gemas vegetativas onde sairiam
gemas florais(esq.) e atque de Phoma, inicial, junto aos botões (direita). Areado-MG jun/16.
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Queda intensa de folhas, mais de um lado da planta, em cafeeiro, por efeito de umidade e frio e seus
desdobramento micro-biológico e fisiológico.