1. Este senhor é Ricardo Balestreri,
licenciado em História,
especialista em
Psicopedagogia Clínica
e em Terapia de Família.
2. Ele já atuou como especialista
para o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento,
e presidiu a Anistia
Internacional-Seção Brasileira,
além de uma série de outros
cargos de grande relevância.
3. Ricardo Balestreri é uma das
raras figuras públicas brasileiras,
senão a única, que é considerado
humanista, pelo seu incansável
empenho pelo bem-estar social, e
pela promoção da cidadania.
4. Numa das inúmeras palestras
que costuma proferir,
ele compartilhou que, há
aproximadamente 15 anos,
certa vez estava em casa num
domingo, com a TV ligada no
programa do Faustão.
5. Ele prestou atenção por alguns
instantes no quadro
videocassetadas do Faustão,
e na condição de um promotor
da valorização da vida,
de um cidadão consciente,
de um ser humano,
custou a acreditar no que via.
6. Em plena rede nacional,
na maior emissora do país,
Faustão destilando incivilidade
e grosseria, destratando
vulgarmente as pessoas que
apareciam nas cenas exibidas.
7. Concluiu dizendo
que há 15 anos baniu
do seu lar
o Programa do Faustão,
– um programa que atenta
contra os mais básicos
conceitos de civilidade.
8. Renato Russo também dirigia
duras críticas à programação da
TV brasileira,
– que tratava por
“Teatro dos Vampiros”.
9. Assassinato do
senso de civilidade,
assassinato da
dignidade humana.
Suas críticas eram ainda mais
duras quanto ao quadro
videocassetadas do Faustão,
que ele tratava por vídeo
assassinatos do Faustão.
10. Será que Ricardo Balestreri
e Renato Russo
são demasiadamente duros
nas suas críticas ao quadro
videocassetadas do Faustão?
Para tirar as dúvidas,
vamos analisar o que foi
ao ar no último domingo,
dia 05 de julho.
11. Logo no início
do quadro videocassetadas,
uma criança escorrega
e leva uma pancada
na cabeça.
Faustão, narrando a cena,
diz que a criança
é “uma anta”,
“um filhote de jumento”.
12. Ao narrar uma próxima
cena, em que uma mãe se
desequilibra, com a filha ao
lado, Faustão ataca:
“Mamãe anta!
Coitada da filha
se crescer e ficar
com a cara desta mãe!”
13. A ironia e o sarcasmo,
tão corrosivos contra
a infância, não poupam
tampouco as pessoas idosas
que levam tombos:
“O vovô tá doido,
tá fumando aquele
cigarrinho!”
“Vovó doidona!”
14. Num único domingo,
Faustão ainda zomba de
um bebê que leva uma
dedada no olho,
e destila uma lista de
impropérios como:
panaca, palhaço,
mula, loira-burra, besta,
jumento, anta e estúpido.
(além de uma série de
trocadilhos chulos de cunho
sexual que nos abstemos
de reproduzir)
15. Quando um marmanjo
zomba e xinga uma criança
que acaba de se machucar de
“anta” e “filhote de jumento”,
e fica tudo por isso mesmo,
é porque algo está gravemente
errado na nossa sociedade.
16. Se fosse um filho
ou neto dele
a se machucar gravemente,
será que também zombaria
com tamanho escárnio?
17. Não seriam programas como
as videocassetadas do Faustão
responsáveis diretos da onda
de bullying que tomou conta
das escolas brasileiras?
É preciso ligar os pontos.
18. A dor do próximo, que deveria
despertar sentimentos de pesar
e compaixão, transformada
em objeto de sarcasmo
e cruel zombaria.
Como foi que nos tornamos
tão desumanos?
20. Um marmanjo a zombar
semanalmente, em horário
nobre, da dor
e da desgraça alheias,
– crianças que se machucam,
idosos que levam tombos.
21. É preciso refletir sobre o
impacto negativo que isso tem
na (de)formação do caráter das
crianças e adolescentes
expostos ao programa.
22. O cabelo da aniversariante
é tomado pelo fogo, uma cena
que em qualquer pessoa
minimamente civilizada
desperta compaixão
e consternação.
23. Mas para Faustão,
certamente não passa de mais
uma oportunidade para
zombaria, para chamar
a pobre moça de “anta”
e “filha do jumento”.
24. Se esta moça fosse
uma filha ou sobrinha,
será que Faustão dirigiria a
ela as mesmas palavras de
baixo calão com que trata
as pessoas que aparecem
nos vídeos?