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Este senhor é Ricardo Balestreri,
licenciado em História,
especialista em
Psicopedagogia Clínica
e em Terapia de Família.
Ele já atuou como especialista
para o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento,
e presidiu a Anistia
Internacional-Seção Brasileira,
além de uma série de outros
cargos de grande relevância.
Ricardo Balestreri é uma das
raras figuras públicas brasileiras,
senão a única, que é considerado
humanista, pelo seu incansável
empenho pelo bem-estar social, e
pela promoção da cidadania.
Numa das inúmeras palestras
que costuma proferir,
ele compartilhou que, há
aproximadamente 15 anos,
certa vez estava em casa num
domingo, com a TV ligada no
programa do Faustão.
Ele prestou atenção por alguns
instantes no quadro
videocassetadas do Faustão,
e na condição de um promotor
da valorização da vida,
de um cidadão consciente,
de um ser humano,
custou a acreditar no que via.
Em plena rede nacional,
na maior emissora do país,
Faustão destilando incivilidade
e grosseria, destratando
vulgarmente as pessoas que
apareciam nas cenas exibidas.
Concluiu dizendo
que há 15 anos baniu
do seu lar
o Programa do Faustão,
– um programa que atenta
contra os mais básicos
conceitos de civilidade.
Renato Russo também dirigia
duras críticas à programação da
TV brasileira,
– que tratava por
“Teatro dos Vampiros”.
Assassinato do
senso de civilidade,
assassinato da
dignidade humana.
Suas críticas eram ainda mais
duras quanto ao quadro
videocassetadas do Faustão,
que ele tratava por vídeo
assassinatos do Faustão.
Será que Ricardo Balestreri
e Renato Russo
são demasiadamente duros
nas suas críticas ao quadro
videocassetadas do Faustão?
Para tirar as dúvidas,
vamos analisar o que foi
ao ar no último domingo,
dia 05 de julho.
Logo no início
do quadro videocassetadas,
uma criança escorrega
e leva uma pancada
na cabeça.
Faustão, narrando a cena,
diz que a criança
é “uma anta”,
“um filhote de jumento”.
Ao narrar uma próxima
cena, em que uma mãe se
desequilibra, com a filha ao
lado, Faustão ataca:
“Mamãe anta!
Coitada da filha
se crescer e ficar
com a cara desta mãe!”
A ironia e o sarcasmo,
tão corrosivos contra
a infância, não poupam
tampouco as pessoas idosas
que levam tombos:
“O vovô tá doido,
tá fumando aquele
cigarrinho!”
“Vovó doidona!”
Num único domingo,
Faustão ainda zomba de
um bebê que leva uma
dedada no olho,
e destila uma lista de
impropérios como:
panaca, palhaço,
mula, loira-burra, besta,
jumento, anta e estúpido.
(além de uma série de
trocadilhos chulos de cunho
sexual que nos abstemos
de reproduzir)
Quando um marmanjo
zomba e xinga uma criança
que acaba de se machucar de
“anta” e “filhote de jumento”,
e fica tudo por isso mesmo,
é porque algo está gravemente
errado na nossa sociedade.
Se fosse um filho
ou neto dele
a se machucar gravemente,
será que também zombaria
com tamanho escárnio?
Não seriam programas como
as videocassetadas do Faustão
responsáveis diretos da onda
de bullying que tomou conta
das escolas brasileiras?
É preciso ligar os pontos.
A dor do próximo, que deveria
despertar sentimentos de pesar
e compaixão, transformada
em objeto de sarcasmo
e cruel zombaria.
Como foi que nos tornamos
tão desumanos?
Pessoas gravemente
feridas sendo tratadas de
“estúpido” e “otário”.
Um marmanjo a zombar
semanalmente, em horário
nobre, da dor
e da desgraça alheias,
– crianças que se machucam,
idosos que levam tombos.
É preciso refletir sobre o
impacto negativo que isso tem
na (de)formação do caráter das
crianças e adolescentes
expostos ao programa.
O cabelo da aniversariante
é tomado pelo fogo, uma cena
que em qualquer pessoa
minimamente civilizada
desperta compaixão
e consternação.
Mas para Faustão,
certamente não passa de mais
uma oportunidade para
zombaria, para chamar
a pobre moça de “anta”
e “filha do jumento”.
Se esta moça fosse
uma filha ou sobrinha,
será que Faustão dirigiria a
ela as mesmas palavras de
baixo calão com que trata
as pessoas que aparecem
nos vídeos?
Como foi que nos tornamos
tão desalmados?
Se nada for feito,
onde vamos parar?
Como educar nossas
crianças para o bem,
a bondade e o respeito,..
...com uma aula semanal
de bullying indo ao ar toda
tarde de domingo?
Será que basta
desligar a TV
aos domingos?
Há 15 anos, Ricardo
Balestreri fez isso,
mas nada mudou.
Até quando Faustão
haverá de zombar
impunemente, em rede
nacional, de crianças
que se machucam?
Até quando haveremos de
tolerar passivamente um
marmanjo a destratar as
crianças, chamando-as
de “anta” e “filhote de
jumento”?
Neste imundo lamaçal
que transformaram
a TV brasileira,
quem é a “anta”,
quem é o “filhote
de jumento”
da história?
Tema musical:
“Begin the Beguine”,
composta por Cole Porter, interpretada
por Ernesto Cortazar
Formatação:
compaixao_cidadania@hotmail.com
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Faustao vs compaixao

  • 1. Este senhor é Ricardo Balestreri, licenciado em História, especialista em Psicopedagogia Clínica e em Terapia de Família.
  • 2. Ele já atuou como especialista para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e presidiu a Anistia Internacional-Seção Brasileira, além de uma série de outros cargos de grande relevância.
  • 3. Ricardo Balestreri é uma das raras figuras públicas brasileiras, senão a única, que é considerado humanista, pelo seu incansável empenho pelo bem-estar social, e pela promoção da cidadania.
  • 4. Numa das inúmeras palestras que costuma proferir, ele compartilhou que, há aproximadamente 15 anos, certa vez estava em casa num domingo, com a TV ligada no programa do Faustão.
  • 5. Ele prestou atenção por alguns instantes no quadro videocassetadas do Faustão, e na condição de um promotor da valorização da vida, de um cidadão consciente, de um ser humano, custou a acreditar no que via.
  • 6. Em plena rede nacional, na maior emissora do país, Faustão destilando incivilidade e grosseria, destratando vulgarmente as pessoas que apareciam nas cenas exibidas.
  • 7. Concluiu dizendo que há 15 anos baniu do seu lar o Programa do Faustão, – um programa que atenta contra os mais básicos conceitos de civilidade.
  • 8. Renato Russo também dirigia duras críticas à programação da TV brasileira, – que tratava por “Teatro dos Vampiros”.
  • 9. Assassinato do senso de civilidade, assassinato da dignidade humana. Suas críticas eram ainda mais duras quanto ao quadro videocassetadas do Faustão, que ele tratava por vídeo assassinatos do Faustão.
  • 10. Será que Ricardo Balestreri e Renato Russo são demasiadamente duros nas suas críticas ao quadro videocassetadas do Faustão? Para tirar as dúvidas, vamos analisar o que foi ao ar no último domingo, dia 05 de julho.
  • 11. Logo no início do quadro videocassetadas, uma criança escorrega e leva uma pancada na cabeça. Faustão, narrando a cena, diz que a criança é “uma anta”, “um filhote de jumento”.
  • 12. Ao narrar uma próxima cena, em que uma mãe se desequilibra, com a filha ao lado, Faustão ataca: “Mamãe anta! Coitada da filha se crescer e ficar com a cara desta mãe!”
  • 13. A ironia e o sarcasmo, tão corrosivos contra a infância, não poupam tampouco as pessoas idosas que levam tombos: “O vovô tá doido, tá fumando aquele cigarrinho!” “Vovó doidona!”
  • 14. Num único domingo, Faustão ainda zomba de um bebê que leva uma dedada no olho, e destila uma lista de impropérios como: panaca, palhaço, mula, loira-burra, besta, jumento, anta e estúpido. (além de uma série de trocadilhos chulos de cunho sexual que nos abstemos de reproduzir)
  • 15. Quando um marmanjo zomba e xinga uma criança que acaba de se machucar de “anta” e “filhote de jumento”, e fica tudo por isso mesmo, é porque algo está gravemente errado na nossa sociedade.
  • 16. Se fosse um filho ou neto dele a se machucar gravemente, será que também zombaria com tamanho escárnio?
  • 17. Não seriam programas como as videocassetadas do Faustão responsáveis diretos da onda de bullying que tomou conta das escolas brasileiras? É preciso ligar os pontos.
  • 18. A dor do próximo, que deveria despertar sentimentos de pesar e compaixão, transformada em objeto de sarcasmo e cruel zombaria. Como foi que nos tornamos tão desumanos?
  • 19. Pessoas gravemente feridas sendo tratadas de “estúpido” e “otário”.
  • 20. Um marmanjo a zombar semanalmente, em horário nobre, da dor e da desgraça alheias, – crianças que se machucam, idosos que levam tombos.
  • 21. É preciso refletir sobre o impacto negativo que isso tem na (de)formação do caráter das crianças e adolescentes expostos ao programa.
  • 22. O cabelo da aniversariante é tomado pelo fogo, uma cena que em qualquer pessoa minimamente civilizada desperta compaixão e consternação.
  • 23. Mas para Faustão, certamente não passa de mais uma oportunidade para zombaria, para chamar a pobre moça de “anta” e “filha do jumento”.
  • 24. Se esta moça fosse uma filha ou sobrinha, será que Faustão dirigiria a ela as mesmas palavras de baixo calão com que trata as pessoas que aparecem nos vídeos?
  • 25. Como foi que nos tornamos tão desalmados?
  • 26. Se nada for feito, onde vamos parar?
  • 27. Como educar nossas crianças para o bem, a bondade e o respeito,.. ...com uma aula semanal de bullying indo ao ar toda tarde de domingo?
  • 28. Será que basta desligar a TV aos domingos? Há 15 anos, Ricardo Balestreri fez isso, mas nada mudou.
  • 29. Até quando Faustão haverá de zombar impunemente, em rede nacional, de crianças que se machucam?
  • 30. Até quando haveremos de tolerar passivamente um marmanjo a destratar as crianças, chamando-as de “anta” e “filhote de jumento”?
  • 31. Neste imundo lamaçal que transformaram a TV brasileira, quem é a “anta”, quem é o “filhote de jumento” da história?
  • 32. Tema musical: “Begin the Beguine”, composta por Cole Porter, interpretada por Ernesto Cortazar