O documento apresenta uma análise preliminar de cenários para a Copa do Mundo de 2014 considerando rankings, dados digitais e métodos de previsão. O autor propõe usar ferramentas como análise de buscas online e redes sociais para antecipar possíveis desempenhos das seleções e riscos de eliminação do Brasil, com o objetivo de testar métricas para avaliar informações digitais.
Casos de Uso de Big Data e Ciência de Dados no MercadoJoel Pinho Lucas
Diante do crescente volume de dados e da cada vez maior diversidade de conteúdos na Web, faz-se necessário entender o comportamento de navegação dos usuários para desenvolver e utilizar técnicas de personalização de conteúdo. Dentro deste contexto, esta palestra dará uma visão geral de tecnologias utilizadas atualmente em Big Data, onde também serão debatidos tipos de perfis profissionais e competências técnicas exigidas para trabalhar na área de dados dentro da indústria. O palestrante também compartilhará a experiência no desenvolvimento de algumas arquiteturas de dados ao longo de sua carreira, destacando o desenvolvimento de um sistema de recomendação em uma startup de games e o de uma ferramenta de inteligência de dados aplicada a publicidade digital dentro de uma das maiores bases da dados da América Latina.
Projeto Neofluxo: atuação eleitoral do Astroturfing no fluxo informativo na WebTecccog
E-book que detalha o projeto Neofluxo 2010, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva (TECCCOG), da Universidade Metodista de São Paulo. Autores: Walter Teixeira Lima Junior, Amanda Luiza Silva Pereira e Rafael Vergili.
The digital life has become an integral part of most of today's society. Though, whenever a user opens a web page, its preferences and researches are being tracked down, without users' knowledge. Being privacy a fundamental concept for living in society, are users of the Internet, in its various platforms (computers, smartphones, online shopping, etc.) aware of what happens to their data?
To address this broader issue, a survey with 8 questions was developed, to comprise different applications (websites, Facebook, Messenger). The study sample consisted of 185 participants, 136 women (73.5%) and 47 males (25.4%), aged between 18 and 63 years (M = 34.4; SD = 19.10).
The results showed that most participants (female - n = 83 [61%]; male - n = 36 [76.6%]) do not read the terms of use carefully when registering on websites. However, most users (female - n = 92 [67.6%]; male - n = 28 [59.6%]) also reported having refused to join a site or social network, because they considered that the terms of their privacy was being violated.
Regarding gender differences with respect to privacy issues, this was only significant considering the lack of knowledge about the potential of Facebook "Messenger" tool used in smartphones (χ2 (1) = 4:36, p = .044), with female reporting a higher lack of knowledge.
Demonstrações de análises de dados para social media e jornalismoRafa Spoladore
O trabalho baseado em dados está em voga no mundo da TI e da comunicação. Matérias como big data, redes neurais, estatística, datamining, regressões, entre outras, podem inibir profissionais de comunicação – normalmente sem traquejo para aspectos técnicos da computação – que estão interessados em explorar suas possibilidades. Algumas novas tecnologias, como a de máquinas virtuais, podem ser usadas como um atalho para ferramentas que estavam antes disponíveis apenas para quem tinha domínio técnico. Com essas tecnologias, é possível acessar bibliotecas populares para análise de dados a partir de um navegador convencional. Vamos apresentar demonstrações práticas do uso de dados para social media e jornalismo usando essas soluções.
esses são os slides que eu uso na primeira hora do curso de Big Data e Data Science da FGV. A ideia é mostrar para o aluno um pouco da evolução para a ciência de dados e discutir alguns assuntos como a proposta do curso, os desafios e as burocracias.
Engajamento de gestores públicos e cidadãos através de uma métrica baseada em...Instituto i3G
Dissertação de mestrado da pesquisadora Angela Iara Zotti que apresenta o método para a obtenção de uma métrica de
engajamento baseada em elementos de gamificação, que possa ser aplicada em diferentes contextos, para valorizar a participação do cidadão e de gestores públicos em processos colaborativos online.
Gamificação para o fortalecimento da cidadania: uma análise do Swapp mGov2Instituto i3G
Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise para
verificar se o aplicativo Swapp MGov2 contempla ou não aspectos e elementos de gamificação para futura proposta de modelo de engajamento para cidadãos e servidores públicos baseados em elementos de gamificação.
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Informe de Inteligência Competitiva - Copa das Confederações X Protestos
Estudo sobre a Copa do Mundo no Brasil - Instituto i3G
1. Hugo César Hoeschl, Post Doc
1
Resumo: O estudo aborda a análise de cenários para a Copa do Mundo de 2014, a partir dos
rankings existentes, e faz um cruzamento com informações dos ambientes digitais, em especial
ferramentas de busca e avaliações de confiabilidade, bem como informações de gameficação em
crowdsourcing e mídias sociais, para analisar os possíveis desempenhos e os riscos de eliminação do
Brasil na Copa, com o objetivo de utilizar o evento esportivo como laboratório de testes e métricas de
avaliação de informações digitais e sua reusabilidade em outros teatros de operações.
Risco
para
o
Brasil
Análise
de
Cenários
Ranking
Digital
1-‐Argentina
1-‐Inglaterra
2-‐Uruguai
2-‐EUA
3-‐Alemanha
3-‐Alemanha
4-‐Espanha
4-‐Japão
5-‐Holanda
1) Histórico:
Semi1: X
Semi2: X
Brasil vence a Itália na
final
3) Confrontos digitais:
Semi1: X
Semi2: X
Inglaterra vence a
Alemanha na final
5-‐França
6-‐França
6-‐Espanha
7-‐Itália
7-‐Austrália
8-‐México
8-‐Holanda
9-‐Inglaterra
9-‐Itália
10-‐Colômbia
2) Rankings:
Semi1: X
Semi2: X
Alemanha vence a
Espanha na final
4) Séries randômicas:
Maiores semifinalistas
Brasil vence mais finais
10-‐Argentina
1) PANORAMA INICIAL
Na era da “Big Data2
” e dos “cientistas de análise de dados3
”, em tempos de Copa do
Mundo, e considerando que 90% dos dados do mundo foram criados nos dois últimos anos,
surge a inevitável indagação: A atividade de análise de cenários pode gerar informações de
uso estratégico?
1
Doutor em Inteligência Aplicada, Pós-Doutor em Governo Eletrônico. Ex-Presidente da Associação Brasileira
de Empresas Estaduais de Processamento de Dados – Abep. Autor de mais de 200 artigos em eventos científicos
internacionais.
www.informatik.uni-‐trier.de/~ley/pers/hd/h/Hoeschl:Hugo_Cesar.html
2
“Big data is the term for a collection of data sets so large and complex that it becomes difficult to process using
on-hand database management tools or traditional data processing applications”.
http://en.wikipedia.org/wiki/Big_data
3
Barton, Dominic. “Uma era de transformação”, Estado de São Paulo, 09/01/2014
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,uma-era-de--transformacao--,1116468,0.htm
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Página
2
O cientista de análise de dados é aquele profissional cuja competência é criar pontes entre
T.I., dados, análises e a tomada de decisão, como afirmou Dominic Barton. São os membros
de uma classe nascente de tradutores de dados e informações. E existem alguns expoentes
dessa nova geração de pensadores que afirmam que a resposta para essa indagação inicial
é “sim”. Bases de dados, buscas e redes sociais são importantes fontes de informações.
Essa importância é crescente. A sociedade, em suas relações cruas, utiliza esse conjunto
de mídias, anarquicamente, como fator de decisão, conforme descrito em literaturas como
“O Poder das Redes Sociais” (Hunt), o “Efeito Facebook” (Kirkpatric), “Viral Loop”
(Penenberg), “Click” (Tancer), “The Search” (Battelle) e “The Signal and the Noise” (Silver).
Em especial Bill Tancer e Nate Silver são cientistas de análise de dados com denso
reconhecimento, e recentemente espantaram o mundo com suas capacidades preditivas. O
primeiro é aquele que acerta os resultados dos reality shows nos EUA. O segundo é aquele
que fazia previsões para jogos de beisebol, por hobby, e acabou acertando o resultado das
eleições americanas, em todos os estados, acertando inclusive o número de todos os
delegados. Fazem isso com base em métodos organizados. Ambos afirmam que esses
métodos de avaliação podem ser utilizados em ambientes variáveis, como mercado
financeiro, campeonatos de poker, aquecimento global, questões militares e políticas,
furacões ou terremotos, e várias outras aplicações. Surge uma nova pergunta: Isso pode ser
utilizado no futebol?
Bill Tancer4
começou a perceber que as buscas realizadas na internet dizem muito sobre os
acontecimentos da sociedade, e muitas vezes isso pode ter mais relevância e precisão do
que as tradicionais pesquisas de
opinião. Afirma que “o
comportamento na internet pode
revelar o motivo porque fazemos as
coisas que fazemos” e
autodenomina a sua atividade de
“inteligência competitiva on-line”.
Sustenta que “as perguntas que
fazemos aos mecanismos de
buscas e o que elas não dizem
sobre nós”, podem indicar dados
muito relevantes, e que é alto o
“potencial desses dados para
prever tendências e até mesmo
antecipar acontecimentos”. Através
desse gráfico mostrou a influência
direta da frequência de buscas na
internet por “receitas de peru
recheado” – linha azul - atingem o pico no dia de Ação de Graças (“Thanksgiving”, maior
feriado americano, em novembro), sendo que as buscas por “regimes para perder peso” –
linha vermelha – têm um crescimento acentuado no dia seguinte.
Nate Silver, por sua vez, afirma que seu livro5
trata de “informação, tecnologia e progresso
científico” e “sobre coisas que nos tornam mais inteligentes do que qualquer computador”, e
4
Tancer, Bill. Click: “O que milhões de pessoas estão fazendo on-line e por que isso é importante”.
5
Silver, Nate. “O sinal e o ruído: por que tantas previsões falham e outras não”.
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Página
3
diz que “o início da revolução da tecnologia da informação não ocorreu com a invenção do
microchip, ocorreu, sim, com a invenção do tipo móvel para impressão”. Com isso o mago
das previsões metodológicas deixa claro, já no iníco da sua obra, que a organização do
conhecimento é a etapa mais importante no processo preditivo. Também esclarece que a
prática preditiva é mais comum em nossas vidas do que imaginamos: “A previsão é
indispensável às nossas vidas. Cada vez que escolhemos uma rota para o trabalho, que
decidimos se vamos sair de novo com aquela pessoa que conhecemos ou que reservamos
dinheiro para épocas de vacas magras estamos fazendo uma previsão sobre o futuro e
sobre como nossos planos afetarão as chances de um resultado favorável”. Afirma que
“esportes e jogos, por seguirem regras bem definidas, são ótimos laboratórios nos quais
testamos nossa capacidade de previsão. Ajudam-nos a entender melhor a aleatoriedade e a
incerteza e proporcionam insights sobre como transformar informações em conhecimento”.
Para isso, sua abordagem preferida é a bayesiana, na qual “os resultados dependem em
larga medida de um julgamento inicial de quem faz a previsão, seja ele baseado em
hipóteses já cientificamente comprovadas ou puro feeling”6
Analisando o cenário da Copa do Mundo
Agora vamos falar de Copa do Mundo de futebol. Provavelmente a final da Copa será a
maior evento televisivo e com maior audiência mundial no ano de 2014. Então, isso não é
brincadeira. Não está falando sério quem acredita que a Copa do Mundo não seja um
assunto sério. Ela será um grande laboratório vivo de análise de dados em tempo real, seja
pelo esporte em si, seja pelos demais acontecimentos a ele associados e pelo número de
nações envolvidas.
As principais perguntas são: Como as informações digitais podem influenciar nas análises
de cenários para a Copa do Mundo? Como a atividade de exame de cenários pode gerar
informações de uso estratégico para o futebol? No contexto da Copa, quais são as grandes
virtudes dos adversários mais perigosos do Brasil? Na final da Copa, quem estará lá e quem
vencerá? Se o Brasil for eliminado, quem pode fazer isso? Qual a influência do teatro de
operações digital sobre um evento esportivo em tempos de Graph Search, Social Authority,
Trends/Insights, PageRank e Social Media?
Qualquer tipo de previsão é algo muito difícil de ser realizado, e no futebol, em especial,
essa tarefa é ainda mais espinhosa, pois os deuses da bola gostam de brincar com a
racionalidade lógica da civilização contemporânea, e, não raro, pregam peças em todos os
analistas. Então serão utilizadas algumas metodologias que passaram por validações em
processos anteriores, como, por exemplo, no teste da votação internacional com a urna
digital via celular7
, e no sistema inteligente para o Conselho de Segurança da ONU8
, ou que
6
“Polindo a bola de cristal”, Luciano Sobral, http://www.amalgama.blog.br/06/2013/o-sinal-e-o-ruido-nate-
silver/
7
“Brasileiros realizam 1a
eleição por celulares com urna digital”. Portal Terra.
http://tecnologia.terra.com.br/brasileiros-realizam-1-eleicao-por-celulares-com-urna-
digital,d359887dc5aea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
8
“Sistema Brasileiro de Inteligência Artificial será apresentado na França”.
http://pdf.aminer.org/000/266/304/new_procedures_for_environment_licensing_with_artificial_intelligence_cip
pla.pdf, p. 97.
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4
foram validadas perante ambientes científicos internacionais9
. É o caso do mGov2,
plataforma de gestão de redes sociais10
, da qual esse trabalho é uma derivação direta.
Serão utlizadas também referências desenvolvidas em trabalhos anteriores, como o Soccer
Intelligence11
(palestra proferida na Carneggie Mellon University em Pittsburgh, 200312
), e a
9
“Brasileiros superam NASA e IBM em evento científico internacional”.
http://www.scribd.com/doc/17618325/Midia-Digital, pagina 142.
10
“Entre os melhores: Projeto usa redes sociais para discutir gestão pública”. Artigo na revista Wirelles Mundi
que descreve algumas das estratégias e metodologias da plataforma mGov2, após processo de validação em
concorrência pública perante a OEA-OUI.
http://www.wirelessmundi.inf.br/noticias-geral/456-aplicacao-permite-consultas-publicas-e-votacoes-pelo-
celular
11
“What is the Soccer Intelligence – SI ? The concept here called SI represents a knowledge structuring process,
involving its construction and discovery, its utilization and transmission, aiming at creating alternatives to
clearly visualize all the steps of the process and to extract precise conclusions, supported by information
technology. The SI objective is to increase the performance of new teams. The usage of specific knowledge in the
soccer area, besides other ones, has been the main factor to explain the great performance of Brazilian soccer
team in international tournaments. The World Cup history, for instance is mentioned highlighting the 2002
World Cup and the millennium final”.
http://www.i3g.org.br/editora/livros/ijurisselectedpapersbook.pdf p. 111.
12
“A idéia central do trabalho brasileiro consiste no fato de que um time de autômatos jamais terá condições de
enfrentar um time de humanos, em condições de igualdade, se não tiver profundos conhecimentos sobre a
tradição, o ambiente e a história do futebol, e propõe a RC2D como solução para esta questão, através da
análise do conhecimento empírico contido em documentos (estruturados e não-estruturados), bases de dados,
em notícias de jornais e revistas e também na memória viva de grandes especialistas. Os robôs precisarão saber
um pouco mais sobre conceitos como "cama de gato", "drible da vaca", "chuveirinho", "caneta", "chapéu",
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5
leitura tática para futebol de robôs realizada na Robocup de 200313
em Pádova, bem como o
estudo sobre a eliminação brasileira na Copa de 200614
.
Então é necessário consignar aqui uma ressalva, esse estudo, feito por prazer, não tem a
pretensão de fazer qualquer previsão em nível de prognóstico esportivo, mas sim de
analisar os cenários e extrair deles dados e conclusões que possam ter alguma utilidade.
Assim como se faz em ascenções a vulcões, primeiro vem uma análise do cenário
informacional, depois é necessário tratar com rigor os números e indicadores, e procurar
surpresas em todos os lugares, o tempo todo15
. E iniciamos exatamente fazendo o encaixe
conceitual com o modelo de Silver, para quem o conhecimento prévio e o feeling tem
importante papel nas previsões e análise de cenários, o que coloca o Brasil, “uma nação de
ténicos de futebol”, em vantagem sobre os demais nesse assunto.
Não por outra razão as linhas gráficas de histórico de buscas para “Brazil 2014” e “2014
"peixinho", "carrinho", "folha seca", "efeito", "tabelinha", "sarrafo", "catimba" e outros importantes conceitos
empíricos do futebol, muitos dos quais responsáveis pelo sucesso do Brasil nesse esporte. O trabalho, batizado
de Soccer Intelligence (ou Inteligência Futebolística) foi apresentado pela equipe brasileira no I Robocup
American Open Workshop, encontro científico realizado junto com as competições, no início do mês de maio, na
universidade Carnegie Mellon, e teve uma receptividade bastante positiva”.
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/21757-21758-1-PB.htm
13
“Na atividade de leitura tática, foram obtidas importantes informações sobre o comportamento dos times, a
exemplo do que acontece no futebol real, e também sobre o comportamento dos robôs”.
http://www.scribd.com/doc/17618325/Midia-Digital, p. 33.
14
“Brasil e França: Segredos e mistérios do futebol”, em anexo.
http://www.i3g.org.br/blog/2006/07/tecnologiaefutebol.html
15
A subida de vulcões é uma atividade radical de alto risco, e um bom treinamento de gestão estratégica de
indicadores. Se Você tiver alguma curiosidade, temos alguns vídeos no YouTube sobre isso:
http://www.youtube.com/watch?v=EONrwpCioWU
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Página
6
FIFA World Cup” sejam praticamente coincidentes.
Seguindo essa lógica, pelos resultados anteriores, pela quantidade de pessoas no Brasil
que conquistaram títulos, pela desenvoltura do país em todas as modalidades do futebol,
por ser a sede, por ter estado em todas as Copas, por ser o maior campeão de todos os
tempos, e por ter conquistado de modo convincente a Copa das Confederações, o Brasil é
favorito, e propício a ser um bom objeto de análise de cenários.
O país tem a maior rede de coleta de informações sobre futebol, com jogadores e técnicos
espalhados pelo mundo. Como sempre, as vantagens podem virar desvantagens, e essa
rede também pode ser o caminho para que outras equipes possam obter informações. A
responsabilidade de jogar em casa pode pesar. Existem muitas manifestações e greves
programadas para o período da Copa. Será a primeira Copa fortemente influenciada pelas
redes sociais. Embora Facebook e Twitter já estivessem estabelecidos em 2010, não eram
tão capilarizados como são hoje. Além disso, outras ferramentas, como o emergente
WhatsApp e os ambientes TOR vão propiciar um forte fluxo informacional. A questão é: Até
que ponto isso pode ter algum tipo de influência nos acontecimentos dentro de campo. Pode
ser “nenhuma” ou “muita”. Também é fato que nenhum tipo de influência externa adiciona ou
subtrai qualidade técnica a um jogador, mas sem dúvida influencia no emocional, o que
pode fazer alguma diferença.
Insumos para análise de cenários
Para realizar essas análises, e formular hipóteses para as questões levantadas, serão
utilizadas as seguintes fontes de informação:
• Ranking histórico (FIFA);
• Prognósticos da bolsa de apostas (Londres);
• Ranking matemático (Chance de Gol/UOL);
• Ranking técnico (FIFA);
• Gameficação em crowdsourcing (Gamebased);
• Indicadores de confiabilidade digital (PageRank, TrustRank).
O trabalho se propõe aos seguintes objetivos:
-Analisar cenários derivados desses ranqueamentos;
-Modelar um cenário influenciado por informações digitais;
-Modelar um ambiente de variáveis capaz de gerar cenários passíveis de análise.
Para isso se buscará cruzar essas fontes com estatísticas, buscas na web e menções em
redes sociais. Em termos de futebol, existem estatísticas passivas (por exemplo, resultados
anteriores), e estatístias ativas (pico de velocidade de jogadores, altura média e isolada),
que estariam mais para um “atributo”, embora comportem tratamento como série histórica.
Vamos ver adiante que a França demonstrou exímia aptidão para usar isso a seu favor em
1998 e 2006, derrotando o Brasil em ambas as oportunidades. Estatísticas passivas tem
valor emocional. Estatísticas ativas tem potencial de geração de resultados.
Que tipo de fator “imponderável” pode acontecer? Provavelmente haverá um “time
surpresa”, podendo chegar às semifinais, como Coréia do Sul e Turquia em 2002, Croácia
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7
em 1998, ou a própria Holanda em 1974. De outro lado, alguém pode surpreender com um
bom futebol, como a Dinamarca em 1986, a Noruega em 1998, a Romênia em 1994, ou
Camarões em 1982.
No âmbito das estatísticas, altura e velocidade, por exemplo, podem ser fatores decisivos,
quando conjugados com um bom futebol, isto é, quando há equilíbrio de forças e um dos
times enxerga em algum ponto uma vantagem derivada desses ou de outros atributos. Ou
seja, se os times tiverem equilíbrio, a altura e a velocidade podem gerar uma vantagem
extra. Esses são os mais evidentes, existem outros. A cobrança de pênaltis também pode
ser um fator de coleta e uso de informações, com grande probabilidade. Porém, é um erro
utilizar esse tipo de critério como fundamento para a construção de um time, ou acreditar
que isoladamente pode gerar um time vitorioso, e a história demonstra isso. Romário e
Maradona sequer teriam iniciado suas carreiras no futebol se a altura fosse um critério
eliminatório, e, do outro lado, Peter Crouch (jogador inglês muito alto) seria o maior artilheiro
do mundo. Aliás, essa é uma das grandes magias do futebol, permitir que a capacidade, a
habilidade e a inteligência superem a pura força. Mesmo assim, todos vamos concordar, em
uma situação concreta, colocar Romário ou Maradona como marcador de Crouch em bolas
aéreas é quase um suicídio. E essa vai ser a Copa na qual atributos como velocidade e
altura terão a maior relevância de todos os tempos. Então precisamos saber a velocidade
dos jogadores. Velocidade média. Distância percorrida em cada jogo. Velocidade máxima. E
outros números. Mas como fazer isso?
Captação e gestão de informações
Se Você está pensando naquela prancheta na qual alguém fica anotando “tracinhos”, ou em
um cara “inteligente” com um laptop, sentado no banco de reservas anotando dados em
uma planilha, desculpe, mas Você está no século passado. A melhor forma de tratar essas
informações é uma analogia do que existe hoje nas corridas de Fórmula1. Geralmente as
transmissões televisivas mostram, durante as corridas, uma sala cheia de monitores, na
qual as pessoas estão observando diferentes atributos do que acontece no carro, dados
vitais sobre o piloto (batimentos, respiração), tempos de voltas e trechos da pista,
comportamento de outras equipes, e inclusive monitorando comunicações em mídias sociais
e informações na internet, ali mesmo, em tempo real. Essa é a famosa “central de comando
estratégico”, ou “situation room”, ou “centro de comando e controle”, ou “centro de gestão
integrada”, ou “centro de operações”, ou “centro integrado de gestão estratégica”, ou, como
chama a Nasa, “sala de controle de vôo”. O Superbowl, por exemplo, maior evento esportivo
dos EUA, já usa desde 2012 um Social Media Command Center, no qual os objetivos vão
desde a gestão das vagas de estacionamento até o monitoramento das marcas envolvidas
no evento.
O que estamos sugerindo aqui é um centro de operações com as seguintes funcionalidades:
25 pessoas, cada uma delas de olho nos jogadores em campo e nos três árbitros, com uma
câmera (ou mais de uma) focada em cada um deles. Um evento como a Copa do Mundo
justifica esse tipo de investimento. Essas pessoas, munidas de um back office com
softwares de inteligência, vão acompanhar, registrar e analisar, segundo a segundo, cada
uma das interações, movimentos e reações dos atores envolvidos no jogo. Não vai me dizer
que você ainda acredita que o time treina, entra em campo e vai “seguir as orientações do
professor”, e que isso vai dar certo?
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8
Imagens sobre Social Media Command Center
16
16
“Why Brands are Building NASA-style Mission Control Rooms For Social Media”
http://www.linkedin.com/today/post/article/20121027004951-2967511-why-brands-are-building-nasa-style-
mission-control-rooms-for-social-media, “Super Bowl XLVI Gets a Social Media Command Center”,
http://mashable.com/2012/01/21/super-bowl-xlvi-social-media/
9. Copyright by Hugo Cesar Hoeschl, Post Doc - Direitos autorais reservados
Página
9
Agora, o mundo mudou, as coisas evoluíram, e esta Copa provavelmente será decidida
pelas informações, jogo a jogo. Esta será a “Copa das Informações”. Não são mais aquelas
informações do tipo “fulano jogou lá e sabe quem são os jogadores perigosos”, ou
“mandamos um olheiro assistir aos jogos”, isso são coisas da antiguidade, que ainda tem a
sua importância, mas é necessário subir um degrau na escala evolutiva, é necessário ter a
informação real time sobre cada movimento do jogo.
Esqueça a possibilidade de uma pessoa sozinha (um técnico na beira do gramado) fazer a
leitura do jogo com perfeição. Nenhum ser humano sozinho consegue enxergar tudo o que
está acontecendo ali dentro, naquele universo, nem mesmo os jogadores. Então, é
necessário que uma estrutura esteja especialmente preparada para realizar essa nobre
tarefa17
.
Nesse caso o técnico vai ter as melhores e mais rápidas informações, para decidir com
precisão. Você deve lembrar de várias situações nas quais fatos relevantes do jogo foram
revelados por imagens após o jogo. Daí aparece alguém na TV para dizer “se tivéssemos
visto aquilo, [o jogo] teria sido diferente”.
Desde o jogador que aceita água dos adversários, passando por erros de arbitragem,
detalhes pessoais, cacuetes (“quando cerra os dentes vai chutar”, “quando mostra a língua
vai saltar”), coisas que todo mundo que conhece de futebol e de comportamento humano
sabe que acontecem, e muitas vezes revelam e antecipam ações em campo.
Quanto valem essas informações? Saber o que o adversário vai tentar fazer, saber quem
está fadigado, saber como está a velocidade de pique (quem está decaindo, quem está
normal, quem está melhorando, em que parte do jogo), saber como está a impulsão, e
coisas desse tipo. Saber o que seus amigos e familiares estão tuitando (“ele parece
cansado”, “a dor de cabeça parece que não passou”). De um detalhe desses nasce o gol,
principalmente nesse futebol de hoje, competitivo ao extremo.
Com tudo que está sendo investido, em termos de estádios, aeroportos, estradas, prédios,
salários, transações e etc, não é crível que faltem recursos para uma coisa tão simples e
óbvia como essa. Não existe espaço para amadorismos em um evento desse porte. E, se o
Brasil não fizer isso, não tenha dúvidas, alguém fará. Se o Brasil perder a Copa, saiba
desde já, essa será a causa: o tratamento (ou falta dele) dos dados e informações. Então,
choque de informação, já. Ainda dá tempo, com folgas. Esse, portanto, é o primeiro passo,
coletar novas informações. Na sequência, é proveitoso analisar os dados já disponíveis.
2) OS RANKINGS
Então convém dar uma olhada nos rankings mais relevantes do futebol. O primeiro e mais
17
Um exemplo disso pode ser visto no vídeo “Web Situation Room 2.0”:
http://www.youtube.com/watch?v=6yJcywNfHN0
10. Copyright by Hugo Cesar Hoeschl, Post Doc - Direitos autorais reservados
Página
10
importante de todos: O Ranking Histórico da Fifa18
.
Afinal de contas, todo o esforço de vencer uma Copa gira em torno desse objetivo: ser a
melhor equipe de todos os tempos.
É o ranking de realizações concretas, o mais importante de ser liderado. Brasil e Alemanha
atingirão a marca de 100 jogos em Copas do Mundo nesse ranqueamento, a Alemanha já
na sua partida de abertura, contra Portugal, e o Brasil no último jogo da primeira fase, contra
Camarões, em Brasília.
Atualmente o líder é o Brasil. Podemos perder este posto em 2014? É possível, mas pouco
provável.
Segundo Ranking: Bolsa de Apostas de Londres.
Será utilizada a estimativa feita pela Ladbrokers19
, a mais antiga e reconhecida casa de
apostas de Londres, em atividade desde 1902, e que possui 1.600 pontos de apostas
18
http://pt.fifa.com/worldfootball/statisticsandrecords/tournaments/worldcup/alltimerankings.html
19
http://sportsbeta.ladbrokes.com/worldcup
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11
espalhados pela Inglaterra, uma rede de coleta de informações muito capilarizada, dentro do
país que inventou o futebol. De acordo com o jornalista Marcelo Duarte (EspnBr), é a maior
casa de apostas do mundo. Vários especialistas apontam a Copa do Mundo como o ápice
das apostas esportivas. Estima-se algo em torno de 3 bilhões de dólares em apostas
envolvendo a Copa. Outros centros de apostas também tem suas estimativas, como a
Willian Hill e a OddsChecker. Ambas convergem para Brasil, Argentina, Alemanha,
Espanha e Bélgica, nessa ordem, com diferenças a partir do 6º lugar, alguns apontando a
França, outros a Colômbia, nessa posição.
Terceiro Ranking: Chance de Gol/Uol20
.
Esse ranqueamento será utilizado por utilizar critérios matemáticos, baseado em resultados
concretos, com fatores objetivos. Provavelmente o melhor ranking de critérios matemáticos
disponível, incluindo também alguns fatores de imponderabilidade.
Algumas informações são surpreendentes. A Colômbia e Chile em improváveis 3º e 6º
lugares respectivamente, com a primeira inclusive superando a Espanha, e com o Peru, que
20
http://chancedegol.uol.com.br/rksel.htm
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12
sequer vai à Copa, aparecendo na frente da Itália (em um modesto 20º lugar). Assim é a
matemática, e esse ranqueamento é de vital importância para o estudo aqui proposto, pelo
seu forte componente de racionalidade e clareza.
Quarto Ranking: Levantamento técnico da FIFA (Ranking FIFA21
).
21
http://www.fifa.com/worldranking/index.html
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13
Esse é o conhecido Ranking da Fifa, muito discutido e criticado no mundo do futebol, desde
que surgiu. Dispensa apresentações.
Quinto Ranking: Gameficação em regime de crowdsourcing22
.
Aqui surge um assunto tão polêmico quanto útil: as informações do mundo dos games
podem trazer dados úteis no mundo real? Vamos saber um pouco mais sobre isso após a
22
http://www.sofifa.com/en/14w/t/n
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14
Copa do Mundo. Segue o ranking do dia 18/01/2014, lembrando que é bastante dinâmico,
com alterações todas as semanas. Este ranking sera chamado de gamebased.
Para ajudar a entender a relevância de uma base de dados on-line, em movimento e
constantemente atualizada, convém olhar o seguinte texto:
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Página
15
“A
cada
90
minutos,
tempo
que
dura
uma
partida
de
futebol
no
mundo
real,
jogadores
do
game
"Fifa
14"
em
todo
o
mundo
marcam
991
mil
gols,
dão
3,66
milhões
de
chutes
ao
gol
e
o
goleiro
defende
1,9
milhão
de
bolas
segundo
dados
sobre
a
franquia
divulgados
pela
produtora
Electronic
Arts.
A
empresa
afirma
que
neste
tempo
são
disputadas
459
mil
partidas
e
que
há
338
mil
vitórias.
Os
clubes
mais
populares
de
"Fifa
14"
são
Real
Madrid,
com
717
mil
fãs,
seguido
pelo
Barcelona,
com
643
mil
fãs.
A
lista
ainda
tem
Manchester
United
na
terceira
posição
com
631
mil
fãs;
Arsenal,
com
598
mil
fãs;
e
Bayern
de
Munique,
com
381
mil
fãs.
Entre
os
sete
jogadores
que
mais
marcam
gols
no
game
há
um
brasileiro.
Desde
o
lançamento
de
"Fifa
14"
em
setembro
Neymar,
atacante
do
Barcelona
marcou
17,5
milhões
de
gols.
Na
lista,
Cristiano
Ronaldo,
do
Real
Madrid
é
o
artilheiro
do
game
com
35,2
milhões.
Karim
Benzema,
atacante
do
time
merengue,
está
na
segunda
posição
com
26,7
milhões
de
gols;
Mario
Mandžukić,
atacante
do
Bayern
de
Munique
está
em
terceiro
com
20,2
milhões
de
gols;
o
argentino
Lionel
Messi,
do
Barça,
está
na
quarta
colocação,
na
frente
de
Neymar,
com
19,4
milhões
de
gols
marcados.
A
lista
termina
com
Robert
Lewandowski,
do
Borussia
Dortmund,
com
17,2
milhões
de
gols
e
Gareth
Bale,
do
Real
Madrid
com
17,1
milhões
de
gols.
Real
Madrid
contra
Bayern
de
Munique
é
a
partida
mais
disputada
no
game,
realizada
mais
de
9,6
milhões
de
vezes.
O
time
alemão
tem
40%
das
vitórias
neste
embate
contra
39%
do
time
espanhol.
O
clássico
Real
contra
Barça
foi
disputado
mais
de
8,9
milhões
de
vezes
e
tem
49%
das
vitórias
para
o
Real
e
33%
para
o
Barcelona.
A
Electronic
Arts
ainda
revelou
os
dez
jogadores
mais
vendidos
no
modo
Ultimate
Team
de
"Fifa
14".
São
eles
(do
primeiro
ao
décimo
lugar):
Christian
Benteke.
Felipe
Santana,
Ignazio
Abate,
Luiz
Gustavo,
Angelo
Ogbonna,
Laurent
Koscielny,
Eljero
Elia,
Kevin
De
Bruyne;
Kieran
Gibbs
e
Pepe
Lima”.
http://m.g1.globo.com/
O que vamos saber agora é se todo esse vultuoso universo informacional dos games, um
ambiente vivo de computação distribuída e teste constante de modelos matemáticos, com
depuração de estatísticas e uma gigante engenharia do conhecimento e de captura e
representação de dados, se tudo isso pode refletir uma certa dose de realidade em termos
de um teatro de operações como é a Copa do Mundo.
Sexto Ranking: Organização da informação digital.
Todos os outros rankings foram coletados diretamente, prontos e acabados. Esse foi
construído especialmente para o estudo em curso. O curioso desse ranqueamento é que ele
não tem qualquer relação com os critérios técnicos do futebol ou com suas estatísticas.
Traduz o seguinte: o quanto a entidade organizadora do futebol dentro do respectivo pais é
eficiente em termos de organizar a informação digital, manter a transparência dos dados e
se comunicar com seu público interessado. Se isso for um critério capaz de influenciar o
resultado dentro de campo, então esse ranking vai ter relevância, e o seu melhor
termômetro será o desempenho da Inglaterra, pois é o único levantamento no qual ela
aparece liderando. Utilizaremos esse ranking por três razões: 1-Testar a incidência da
organização da informação digital; 2-Ele tem um conteúdo um pouco “zebral”, então vai
trazer um importante elemento de imponderabilidade justificada para os cenários a serem
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avaliados, em especial os cenários “3” e “4”, como se verá adiante; 3-Também será testado
um outro aspecto: o quanto o universo das redes sociais pode influenciar nos
acontecimentos esportivos. Sempre lembrando, se são 3 bilhões de dólares, somente em
apostas, significa que existem enormes interesses envolvidos em tudo isso. As suspeitas de
manipulações e arranjos rondam a Copa do Mundo. Registra-se aqui 3 casos: a) a estranha
derrota da Alemanha em 74; b) a elástica vitória da Argentina sobre o Peru em 78 e a
derrota da Brasil para a França em 1998. Independente da verdade sobre esses fatos, o que
se pergunta é o seguinte: na era das redes sociais e da vigilância absoluta, o que teria
acontecido? Vazariam informações? Agora vamos ter a oportunidade de experimentar isso
em tempo real.
Para a construção desse ranking, serão utilizadas duas informações: o Pagerank23
e o
Trustrank24
. O Pagerank por ser o principal algoritimo de organização da informação que o
Google utilizou durante muitos anos, e o grande responsável pelo seu crescimento. Mas o
Pagerank é pouco dinâmico, então ele será complementado pelo Trustrank, que é o ranking
de confiabilidade de uma página web. No gráfico que segue verificamos o comparativo entre
o Pagerank e o Trustrank da equipe do Brasil, onde se pode perceber o caráter dinâmico do
Trustrank. Juntos refletem um bom termômetro sobre o cenário de informações digitais de
uma determinada organização.
Aqui um exemplo de ambos os coeficientes, caso da Inglaterra (thefa.com) os quais,
conjugados, criam um indicador de confiabilidade digital:
23
“PageRank is an algorithm used by Google Search to rank websites in their search engine results”
http://en.wikipedia.org/wiki/PageRank
24
“TrustRank is a link analysis technique described in a paper by Stanford University and Yahoo! researchers
for semi-automatically separating useful webpages from spam”. http://en.wikipedia.org/wiki/TrustRank
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Somando o Pagerank e o Trustrank de todas as equipes, o ranking fica o seguinte:
Confiabilidade
Digital
Posição
Equipe
1
Inglaterra
2
EUA
3
Alemanha
4
Japão
5
França
6
Espanha
7
Austrália
8
Holanda
9
Itália
10
Argentina
11
Suíca
12
Brasil
13
Portugal
14
Rússia
15
Ucrânia
16
Coréia
do
Sul
17
Bélgica
18
Uruguai
19
Chile
20
Mexico
Então, mesclar a informação “oficial exata”, a literalidade racional do stablishment, o
rigorismo informacional, com o informal, o beta, o descompromissado (mas inteligente) é o
1º passo para reduzir a margem de aleatoriedade em um evento como esse.
3) CENÁRIOS
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18
Colocadas as fontes de informação, vamos então aos cenários.
Primeiro cenário: Fácil e simples, basta aplicar, diretamente, o ranqueamento histórico
sobre o emparceiramento da Copa de 2014, considerando sempre que será vencedora a
equipe que tiver o melhor histórico absoluto. O resultado são as semifinais ideais entre
Brasil X Alemanha, e entre Itália X Argentina. O resultado final aqui é Brasil campeão,
vencendo a Itália. Claro, sabemos que não será assim tão simples, e esse primeiro cenário
tem uma finalidade: estabelecer um patamar lógico para servir de referência aos próximos
passos. De qualquer forma, é bom para o Brasil contar com a “lógica” a seu favor. Logo ela,
que gosta tanto de desaparecer dos gramados de vez em quando.
Segundo cenário: considerando esses seis rankings apresentados, foi feito um rating de
rankings, contextualizando-o com o emparceiramento da Copa de 2014, e o resultado é o
seguinte: Semi1: Brasil X Alemanha; Semi2: Espanha X Argentina. A Alemanha sairia
vencedora na final, contra a Espanha.
Perceba que esse ranking conjugado já conta com certos fatores de aleatoriedade, embora
sejam estáticos, pois a gameficação, o crowdsourcing e a organização das informações
digitais já estão exercendo aqui a sua influência. Mesmo assim o resultado é bastante
tradicional, e coincide os 4 primeiros lugares com a bolsa de apostas de Londres, embora
em ordem diversa.
A Alemanha como campeã nesse segudo cenário revela a sua principal característica, a
regularidade, pois ela se posiciona muito bem em todos os 6 rankings, embora não seja líder
em nenhum deles. Das apostas à matemática, passando pelos games e o pagerank, a
Alemanha está sempre entre os 3 primeiros (com exceção do ranking matemático do
Chance de gol/Uol, no qual aparece em 5º lugar). Porém, sabemos que a regularidade é um
fator que sofre impactos contundentes nos mundiais. De qualquer maneira, fica um
importante alerta sobre a consistência do selecionado alemão. Do outro lado, esse mesmo
ítem (regularidade e consistência) também revela a principal fragilidade do Brasil, que lidera
3 dos rankings, mas acabaria sucumbindo diante da Alemanha nesse segundo cenário, em
função do fraco desempenho no ranking digital e no ranking técnico da Fifa. Regularidade X
intensidade, a força de um é a fraqueza de outro.
Terceiro Cenário: Confrontos Digitais
Partindo dos dois últimos rankings (Gameficação/Crowdsourcing, Pagerank/Trustranking)
vamos construir uma simulação agora mais dinâmica, baseada na seguinte metodologia:
gerar um coeficiente com a soma dos rankings 5 e 6, adicionando o interesse histórico pelos
times através de buscas realizadas desde 2004 (Trends/Insights - valendo como critério de
pontuação os últimos números do período). Funciona assim: Brasil e Holanda entram em
campo para as oitavas. Brasil em ligeira vantagem pelos pontos já acumulados. Amplia o
placar com o histórico das buscas, e avança para as quartas de final. Então os números vão
ficando mais dinâmicos, e essa análise de cenário fica mais interessante na medida em que
os jogos vão se desenrolando, pois cada confronto tem números diferentes, dependendo
dos oponentes. O fato de fazer valer a série histórica faz com que o pico máximo alcançado
por um dos contendores seja o critério maximo (valendo 100), a partir do qual os demais
números serão gerados, o que influencia diretamente no último resultado da série,
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exatamente aquele que servirá como fonte dos números que serão adicionados aos
coeficientes anteriores. Os caminhos do Brasil seriam os seguintes (fase eliminatória): Nas
oitavas, contra a Holanda, o Brasil avançaria.
Nas quartas, contra a Itália, nova vitória brasileira.
Semi1, contra a Alemanha, “a porca torce o rabo”, e a equipe germânica avança,
beneficiada pela melhor pontuação nos ítens derivados dos rankings “5” e “6”.
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Seguindo com os demais jogos, temos nas Quartas2 o único jogo entre dois times de ponta
que tem Pagerank “7”, Inglaterra X Espanha.
Somando o coeficiente obtido anteriormente (Pagerank+Trustrank+Gamebased), agora com
o interesse histórico (Trends), o resultado é um empate. Cenário, então, para um desempate
(“prorrogação”). O primeiro critério de desempate é a média histórica dentro do Trends
(average). Os times estão empatados nisso, então é necessário um novo desempate
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(“pênaltis”). O segundo critério é o do Pagerank, isoladamente. Ambos tem a mesma
pontuação, o que conduz o confronto a um terceiro desempate, o que equivaleria a “pênaltis
com cobrancas alternadas”. O terceiro critério é o resultado final do período no Trends,
isoladamente. Nesse caso a Inglaterra venceria, avancando para a Semi2, contra a
Argentina, onde ocorreria nova vitória dos ingleses
Na Final se enfrentariam ingleses e alemães.
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Nos critérios prévios (Pagerank+Trustrank+Gamebased), a Alemanha entraria em
vantagem. No critério do confronto, porém, a Inglaterra iguala o jogo, seria um “empate no
tempo normal”. Prorrogação. O desempate é feito pela media histórica no Trends
(“average”). Novo empate. O critério seguinte é o número do Pagerank, isoladamente. A
Alemanha tem “6”. A Inglaterra tem “7”, venceria e seria a campeã do Mundo. Pela terceira
vez na história uma final de Copa seria decidida nos pênaltis. E, por coincidência, o
Pagerank, famoso algoritimo do Google, que diariamente seleciona milhões e milhões de
resultados de buscas na internet - provavelmente o algoritimo computacional mais acionado
na história da cultura digital - acaba sendo o fator de decisão nesse interessante desempate,
e a estrela de uma hipotética final digital de uma Copa do Mundo.
Inglaterra (www.thefa.com) Alemanha (www.dfb.de)
E com isso a Inglaterra seria campeã nesse cenário. Uma campeã pouco provável em
outros critérios. Aqui podemos ter uma das indagações mais interessantes desse estudo: se
a organização da cultura digital pode ter algum tipo de influência sobre o desempenho
esportivo, e, nesse caso, a Inglaterra, que obteve o melhor desempenho de todos os times
no critério de pontuação tripla (Pagerank+Trustrank+Gamebased), e um dos únicos 3 times
a ter Pagerank no valor de “7”, pode ser a grande surpresa da Copa de 2014. Essa pergunta
terá a sua resposta ao final da competição. Um bom desempenho da Inglaterra pode
significar que sim, uma melhor organização da cultura digital pode denotar mais intensidade
organizacional, melhor planejamento, maior engajamento, e se traduzir em resultados dentro
de campo, ou, pelo contrário, a Copa pode mostrar que isso é irrelevante em termos de
desempenho esportivo. Claro que essa suposição somente é possivel em se tratando de um
país que tem tradição de futebol, tem um campeonato organizado, clubes com destaque e
bons jogadores. Números não chutam a gol, e estatísticas não fazem a bola entrar. Métricas
não ensinam a jogar, driblar, chutar e cabecear. Mas ajudam muito a quem já sabe fazer
isso. Por isso essa posição do English Team é perigosa, e requer atenção especial. A título
de observação desses atributos digitais, convém também ficar de olho no desempenho das
zebras EUA e Japão, ambos com ótima pontuação nesse critério, para ver se desponta
alguma correlação entre os desempenhos, cada qual no seu nível de expectativa.
Quarto cenário: Acionamento randômico dos rankings.
Tomando como base as informações derivadas dos 6 rankings demonstrados, foi criada
uma matriz de probabilidades, com acionamento por um algoritimo randômico, que pode
selecionar algumas possibilidade com os seguintes atributos (por ordem de relevância): a) o
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ranking histórico da Fifa; b) os prognósticos da bolsa de Londres; c) o ranking técnico da
Fifa; d) o ranking da gameficação em crowdsourcing (Gamebased); e) o ranking matemático
do “Chance de Gol/UOL”; f) o ranking de informação digital; g) empates; h) espaço para
“zebras” (rankings da Fifa aplicados de modo invertido).
Para que esse tipo de análise de cenário tenha consistência, é necessária uma repetição
massiva, para extração de tendências e correlações. Por questões de tempo e custos
computacionais, não será possível fazer uma rodagem massiva. Mas, a título de exercício, o
modelo foi rodado algumas vezes. Esse número reduzido de extrações não tem valor
estatístico ainda, mas já nos mostra alguns detalhes interessantes. Funciona da seguinte
maneira: todas essas informações são inseridas dentro de um ambiente de simulação, no
qual acontece um acionamento randômico que vai indicar que tipo de critérios incidirá sobre
cada um dos jogos da tabela da Copa.
No primeiro acionamento, com um cenário isolado, já surgiram dados muito interessantes,
relatamos aqui algumas curiosidades: forte possibilidade de empates nos dois primeiros
jogos do Brasil, jogando-o para o segundo lugar na chave e antecipando o confronto com a
Espanha. Apesar do “susto”, as etapas seguintes mostram o time brasileiro passando pela
Espanha e pela Inglaterra, indo encontrar a Argentina na Semi2. Os números mostram
partidas emocionantes, com viradas e prorrogações. Na fase de classificação, chaves
equilibradas, com os principais favoritos confirmando suas classificações, com exceção da
Itália, sucumbindo no grupo da morte já na primeira fase. A Alemanha, no seu estilo,
passaria também com dois empates e uma vitória, mesmos números do Brasil, mas em uma
chave na qual isso ainda lhe daria o primeiro lugar frente a Portugal. A Alemanha avançaria
para a Semi1, depois de derrotar Bélgica e França. A Argentina, que necessitaria da
prorrogação para superar a Rússia, enfrentaria o Brasil na Semi2. Completa o quadro a
Holanda, que passaria por México e Colômbia. Na Semi1, o algoritimo randômico faz
prevalecer os critérios do ranking técnico da Fifa, dando vantagem à Alemanha. Na Semi2,
prevalecem os critérios históricos das Copas, e o Brasil avançaria, vencendo a Alemanha na
final, após um jogo duríssimo e com prorrogação, a qual teria como critério de desempate os
prognósticos da bolsa de Londres, que acabam favorecendo o Brasil (3/1, 1º lugar, contra
11/2, 2º lugar). Então a série começa bem para o Brasil. Mas essa primeira simulação
somente tem valor em nível de curiosidade, pois esse tipo de projeção só adquire
consistência depois de muitas séries históricas. De qualquer modo, é bom começar com um
susto e uma posterior dose de sorte, em especial no momento em que o critério de
preponderância apresentado pelo acionamento randômico seria o ranking técnico da Fifa, no
qual o Brasil é vulnerável (10º lugar). A sorte seria que exatamente nesse jogo (Quartas) o
adversário seria a Inglaterra (13º lugar no mesmo critério). Veja que interessante, passando
em 1º lugar nesse cenário o Brasil enfrentaria a Holanda e Uruguai, em sequência, países
diante dos quais o Brasil tem menos consistência no Ranking da Fifa, e, caso esse fosse o
critério, o selecionado brasileiro sucumbiria. Isso somente para demonstrar duas coisas
interessantes: 1-O modelo desenvolvido apresenta uma imponderabilidade estruturada; e 2-
Quando o aleatório aparece, no futebol, os cálculos desmoronam. Aqui temos uma situação
interessante: saber quando o imponderável é realmente imponderável, e quando ele pode
ser previsto, evitado ou contornado.
Cada vez que esse modelo é rodado, ele apresenta pequenas diferenças, não sendo
exatamente igual em nenhum dos acionamentos, então “cada caso é um caso”. Assim como
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os jogos reais, alguns deles, sabemos, se fossem repetidos provavelmente teriam
alterações de resultados. Depois de algumas séries de acionamentos, surgem algumas
tendências: apesar do susto inicial, a probabilidade de o Brasil passar em 1º lugar (grupos) é
consistente; A possibilidade de classificação do México é muito sólida; São reiteradas as
simulações nas quais a Espanha passa em 1º no seu grupo, assim como Colômbia, França,
Argentina e Alemanha. Essa tendência também se apresenta em relação à Rússia, algo um
pouco surpreendente (diante do ranking da Fifa e dos prognósticos da bolsa de Londres). O
grupo que apresenta maior vulnerabilidade ao randomicismo é o chamado “grupo da morte”,
mas que acaba revelando uma tendência que pode ser interessante para o Brasil, qual seja,
de o Uruguai acabar caindo diante de Inglaterra e Itália, um resultado um pouco
surpreendente, considerando que o Uruguai está na frente da Inglaterra nos rankigs da Fifa
e da bolsa de Londres e também no ranking matemático, mas nos cruzamentos de números,
ao longo de uma série histórica, esse resultado vai se repetindo. Nas quartas de final,
Alemanha X França é o confronto que mais vezes incide, mesmo com a alternância
randômica de critérios estruturados, sendo muito forte a tendência em favor da Alemanha
nesse caso; Outros confrontos aparecem com frequência e constância, como Brasil X
Inglaterra, Argentina X Rússia e Espanha X Itália, sendo que Brasil X Inglaterra é um dos
poucos que aparece em ambas as chaves (o que pode revelar algum tipo de “efeito
magnético” para esse confronto). Nas semifinais, as presenças mais constantes são de
Alemanha e Argentina, seguidos por Brasil e Espanha, porém em finais o Brasil tem alta
incidência de vitórias, a maior entre todos os competidores. As séries históricas também
apresentam uma tendência de que se o Brasil for eliminado isso aconteceria nas etapas
anteriores (oitavas ou quartas), sendo dificilmente derrotado em nível de semifinais ou finais.
Tudo isso, claro, são análises históricas de séries de números, e indicam somente
tendências.
Os deuses do futebol gostam de triturar números e prognósticos. Por exemplo, um dia
inspirado do CR7 pode reverter facilmente essa tendência de passar a Rússia contra
Portugal nas oitavas. Da mesma forma, um dia inspirado de Messi reverte essa tendência
de dificuldade para a Argentina na Semi2, em especial contra a Espanha. E tudo que os
brilhantes atacantes Uruguaios estão esperando é o apito inaugural do primeiro jogo para
iniciar a destruição dessa tendência estatística contextual de morrer na primeira fase. De
outro lado, a gameficação em massa acabou de apresentar a França como o ataque mais
forte de todas as equipes (em 18/01/2014), um fator que pode mudar essa tendência de
derrota nas quartas diante da Alemanha.
Resumo dos cenários:
• Primeiro cenário (histórico): Semi1, Brasil X Alemanha, Semi2, Itália X Argentina, o
Brasil seria campeão diante da Itália;
• Segundo cenário (rankings conjugados): Semi1, Brasil X Alemanha, Semi2, Espanha
X Argentina, com Alemanha vencendo a Espanha na final;
• Terceiro cenário (informações digitais e gameficação): Semi1, Brasil X Alemanha,
Semi2, Inglaterra X Argentina, com Inglaterra vencendo Alemanha na final (com
direito a prorrogação e pênaltis).
• Quarto cenário (series históricas): Alemanha e Argentina são os mais frequentes nas
semis, seguidos de Espanha e Brasil, e o Brasil é o time que vence mais finais.
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4. CAMINHOS DO BRASIL
Pensados e analisados esses cenários, vamos a um outro ponto: Qual seria o caminho mais
provável do Brasil durante a Copa?
Antes disso, uma ponderação sobre a Copa de 2014. Todos os campeões estarão
presentes, e será a Copa com o maior número de campeões. Conclusão transitória: será a
Copa com melhor nível qualitativo de todos os tempos, por ter todos os campeões em
campo. As ausências famosas ficam por conta de 3 vice-campeões: Suécia,
Tchecoslováquia e Hungria, sendo que os dois últimos foram 2 vezes vice. Bom para o
Brasil pois a Hungria é um dos poucos times que eliminou o Brasil em duas oportunidades, e
nunca perdeu para o Brasil em Copas. Além de duas vezes vice, ainda registra 3
campeonatos olímpicos. A Suécia, por sua vez, é a equipe que mais vezes enfrentou o
Brasil em Copas (7 vezes no total).
Poucas vezes um favorito foi tão favorito em uma competição internacional de alto nível
como o Brasil está sendo para a Copa de 2014. Em esporte de rendimento de alto nível,
talvez os casos do Basquete Fiba, no Pan e no Mundial de Indianapolis, onde os EUA (em
tese o melhor time) jogavam em casa e perderam em ambas as competições. Então o peso
do favoritismo pode ser mais negativo do que positivo. Sobre o fator casa, vale lembrar
alguns dados. Nas últimas 10 Copas, em 3 delas o time da casa ganhou (Alemanha,
Argentina e França). Em compensação, em 3 delas o time da casa favorito perdeu (times de
ponta como Espanha, Itália e Alemanha). Em quatro ocasiões o time da casa não estava na
lista dos favoritos (México, EUA, Coréia/Japão, África do Sul), e perdeu a Copa. O caso
curioso no qual o Copa da Itália foi vencida pela Alemanha, e a Copa da Alemanha foi
vencida pela Itália, uma espécie de “troca de mandos”. Então o fator casa não tem todo esse
peso, e no caso do Brasil tende a atrapalhar mais do que ajudar, principalmente nessa era
de redes sociais. Não podemos esquecer que existe um grande número de protestos,
greves, passeatas e manifestações que estão sendo agendados para o período da Copa,
muitos deles tendo a própria Copa como foco de descontentamento, e, dependendo do
andamento, isso pode ser um fator extra de stress e tensão, como aconteceu na Copa das
Confederações, o que pode acabar abalando o moral da equipe e dos jogadores. Se houver
um fato trágico, sem dúvida vai haver ofuscamento do foco desportivo.
Partindo da lógica histórica, o caminho do Brasil pode muito bem ser o seguinte (fases
eliminatórias, considerando ficar em 1o
lugar na fase classificatória): Holanda,
Uruguai/Inglaterra, Alemanha, para pegar na final o vencedor entre Espanha, Argentina e
Itália. Os caminhos anteriores do Brasil em Copas que venceu (últimos 4 jogos25
):
• 58: União Soviética, Pais de Gales, França, Suécia
• 62: Espanha, Inglaterra, Chile, Tchecoslováquia
• 70: Romênia, Peru, Uruguai, Itália
• 94: Holanda, EUA, Suécia, Itália
• 2002: Bélgica, Inglaterra, Turquia, Alemanha
Uma conclusão bastante efetiva: 2014 deve ser o caminho mais duro de todos os tempos,
para quem quer que seja o time campeão, em especial no caso do Brasil.
25
Somente nos caminhos de 94 e 2002 o quarto jogo já era eliminatório.
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26
Possibilidades de eliminação brasileira
Como exercício de aplicação de dados, que tal tentar esboçar uma resposta para a seguinte
pergunta: se o Brasil cair, diante de quem será?
Iniciamos por alguns fatores históricos, que tem sua relevância. Por exemplo, jamais um
time europeu venceu uma Copa em território americano. Fora da Europa, somente a
Espanha venceu na África. Assim, em tese, os melhores adversários brasileiros seriam os
times europeus. Desde 1970, o Brasil, quando não venceu, foi eliminado pela Holanda (2
vezes), França (3 vezes), Argentina (2 vezes) e Itália (1 vez). Sobre os monocampeões,
Espanha detém o melhor histórico no momento, e a França foi semifinalista em 50% das
Copas desde 1982. Sobre os times africanos, estarão relativamente confortáveis no Brasil, e
tendem a ter apoio popular, o que equivale a dizer que é a Copa com maior probabilidade de
um time africano subir ao pódio, ou chegar a uma final e vencer, fora do continente africano.
Ainda um outro aspecto, quantas vezes uma “zebra” ganhou a Copa? Resposta: zebra
absoluta, nunca. Em finais, zebras históricas aconteceram em 50, 54 e 58, embora em todas
elas eram equipes com plenas condições de atingir os resultados.
Ainda sobre dados históricos, vale lembrar que o Brasil perdeu apenas 15 vezes em Copas,
num total de 97 jogos. Empatou outras 15 vezes, e venceu 67. Um aproveitamento alto, o
melhor de todos os competidores. Poucos times tiveram o privilégio de derrotar o
selecionado Brasileiro. Aqueles que conseguiram foram os seguintes: Sérvia/Iugoslávia
(1930), Espanha (1934), Itália (1938 e 1982), Uruguai (1950), Hungria (1954 e 1966),
Portugal (1966), Holanda (1974 e 2010), Polônia (1974), Argentina (1990), França (1998 e
2006) e Noruega (1998). A esses resultados se somam mais dois: 1986, quando o resultado
foi um empate, mas a França eliminou o Brasil nos pênaltis, e 1978, quando a Argentina
empatou com o Brasil em 0X0, mas obteve classificação para a final pelo saldo de gols.
Diante disso, vamos dar uma olhada nos maiores candidatos a vencer e/ou eliminar o
Brasil na Copa, caso isso aconteça.
Argentina. Dentro de uma perspectiva de lógica histórica, a principal possibilidade é de que
a Argentina enfrente o Brasil somente na final. Vale lembrar a Copa de 1990, quando a
Argentina foi mal na primeira fase, e, quebrando a lógica inicial, enfrentou o Brasil nas
oitavas, avançando. A Argentina tem bom futebol, um campeonato competitivo, clubes
fortes. Os Argentinos são apaixonados por futebol, tanto ou mais do que os brasileiros. Suas
equipes sempre demonstram muita força emocional. Vai contar com apoio de uma boa
torcida, considerando a proximidade geográfica e a tradição de Argentinos virem ao Brasil26
,
e considerando muitos e muitos Argentinos que moram no Brasil (nível torcida), e também
muitos Argentinos que jogam ou jogaram no futebol brasileiro, e conhecem com
profundidade e detalhes os jogadores, os técnicos, os clubes e a Seleção do Brasil, suas
forças e fraquezas. Depois do Brasil, quem mais vai estar “em casa” é o time argentino. O
desempenho nas eliminatórias foi bastante consistente. Contra si tem o histórico das últimas
Copas, e a derrota na última Copa América. Tem uma ótima geração de jogadores com
sucesso no cenário internacional, incluindo o melhor jogador do mundo no momento
26
Existem 504 novos vôos já autorizados para o período da Copa (alem dos vôos normais), totalizando um
acréscimo de 89.856 novos assentos nas rotas Buenos Aires-Rio de Janeiro, conforme dados da Anac.
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(Messi), e que costuma ter bons desempenhos em jogos contra o Brasil. Reúne as
condições para ser o adversário mais difícil e perigoso. Para isso, precisa confirmar seu
caminho, e, principalmente, superar a tendência probabilística de dificuldades em passar
pela Semi2.
Uruguai. No caso do Uruguai, o desmembramento original do território brasileiro traz um
componente adicional. No conjunto geral de condições e atributos, o Uruguai pode ser um
adversário ainda mais perigoso do que a Argentina. Seu histórico recente em competições
de ponta (Copa do Mundo e Copa América) foi muito bom. Seus jogadores de destaque
vivem bons momentos, possuem boa qualidade, habilidade, capacidade de improvisação,
bons conhecimentos. Vários deles tem contato estreito com o futebol brasileiro, e conhecem
muito bem suas forças e fraquezas. Existem pessoas da comunidade uruguaia agora, nesse
momento, pensando no que a sua equipe pode fazer para derrotar o Brasil caso venha a
existir o confronto. Contra si teve o decepcionante desempenho nas eliminatórias.
Considerando a lógica histórica, a maior probabilidade é de que Brasil e Uruguai se
enfrentem nas quartas de final. Para que isso aconteça, precisa confirmar seu caminho, e
passar pelo “grupo da morte”, superando as tendências probabilísticas que lhe são
desfavoráveis. Porém, se estiver ali, pode se beneficiar pela tendência probabilística que
apresenta a eliminação do Brasil antes das semifinais, o que pode significar um perigoso
encontro de tendências estatísticas, probabiísticas e bayesianas. Se esse jogo acontecer,
nas quartas, entram em campo os times, mas as teorias de análise de cenários entram
junto. De outro lado, se passar no grupo em 1o
lugar, encontraria o Brasil somente na final. É
o segundo adversário mais perigoso.
Nota: Uruguai e Argentina tem uma vantagem emocional. Todas as equipes vão tentar
evitar o Brasil. Uruguai e Argentina, ao contrario, querem jogar contra o Brasil. Sabem
despertar vulnarabilidades emocionais em equipes brasileiras. E tem a seu favor uma
vantagem estratégica: quando o Brasil joga com esses selecionados, emerge a “síndrome
do irmão mais velho”, qual seja, se ganhar é a obrigação, o caminho natural, e se ganhar de
muito ainda surge um sentimento de “prevalecimento”. Então, se ambos perderem, será o
natural, com o Brasil jogando em casa, o que baixa o nível de stress e responsabilidade
dessas duas equipes. Porém, se vencerem serão heróis. Isso motiva muito qualquer equipe,
e coloca em posição de conforto emocional. Por essa razão esses serão os dois principais
adversários, os mais temidos, e com maior possibilidade. Jogam contra o Brasil tudo o que
não conseguem jogar em outros jogos. Os conflitos de vizinhança, questões comerciais,
étnicas, culturais e históricas dão um saboroso tempero para essas rivalidades.
Espanha. Pelo histórico dos últimos anos, pelo seu desempenho nas últimas Eurocopas, na
ultima Copa, pelo nível do seu campeonato nacional, pela qualidade das duas equipes base
da seleção (Barcelona e Real), pelo ranking da Fifa, por ter vencido um Mundial fora do seu
continente, por ter jogadores acostumados a conviver com a vitória, pelo seu desempenho
nas eliminatórias, representa uma grande ameaça. Tem contra si um histórico desfavorável
contra o Brasil em Copas, e a desestabilizadora derrota na final da copa das confederacoes.
Dentro de uma perspectiva lógica, o confronto com o Brasil tende a ser na final, sendo um
dos poucos times com capacidade real de eliminar a Argentina, fato que se afirma nas
análises de séries históricas. Nas séries estatísticas e nos cenários analisados, porém, se
apresenta como um adversário com potencial inferior ao da Alemanha para uma possível
eliminação do Brasil. Por incrível que possa parecer, se apresenta com mais probabilidades
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de vencer a Copa do que de eliminar o Brasil, o que pode acontecer (vencer sem enfrentar o
Brasil). É o quarto adversário mais forte para o time brasileiro.
França. Vive um momento de relativa instabilidade, exatamente daqueles em que pode
emergir um grande desempenho em uma Copa. Desde 1982, a França foi semifinalista em
50% das Copas. A França eliminou o Brasil em 1986, 1998 e 2006. É o Pais que mais
eliminou o Brasil em Copas, em toda a história. Também venceu o Brasil em uma final
olímpica (84). Está vindo em silêncio, sem badalação, o que é muito perigoso. Seu ataque
acaba de receber a melhor avaliação no ranking de habilidade e força do game Fifa14 (em
18/01/2014). Costuma tratar bem os números, e sabe utilizar as vantagens estatísticas
contra o Brasil (texto em anexo, “Brasil e França: Segredos e mistérios do futebol”). Por
exemplo, em 2006 sabia que seu principal atacante – Henry – tinha vantagem em
velocidade final sobre os dois laterais do Brasil, e explorou isso para vencer o jogo. Em
1998, sabia da tendência a que Zidane, por não ser cabeceador, seria marcado pelo “6o
homem” da defesa aérea brasileira – Leonardo – e soube utilizar os números a seu favor.
Zidane, que quase nunca cabeceava, fez dois gols de cabeça na final da copa, fato que fala
por si. Considerando o lógica histórica, precisa superar a Alemanha (contra quem tem um
histórico negativo de eliminações), nas quartas, para enfrentar o Brasil na semifinal. Parece
ter com a Alemanha exatamente as dificuldades que o Brasil tem contra ela própria. França,
Alamanha e Brasil, em Copas, são como “pedra, papel e tesoura”. Porém, se a França
superar a Alemanha nas quartas, todas as sirenes soarão no quartel general do selecionado
brasileiro. É a sexta ameaça mais perigosa.
México. O atual campeão olímpico, por essa simples razão desponta como um time muito
perigoso. Vale lembrar a sequência de 84-86, quando a França venceu o Brasil na final da
Olimpíada e repetiu o feito na Copa do Mundo. Por outro lado, o México jamais jogou contra
outros times, por exemplo contra a Argentina, tudo aquilo que costuma jogar contra o Brasil,
o que parece denotar uma motivação extra. Das ameaças, é o único que pode enfrentar o
Brasil já na primeira fase, em um clima menos tenso, portanto pode arriscar mais nesse
confronto. Se obtiver sucesso, pode alterar o caminho natural do Brasil, ou mesmo eliminar,
dependendo dos demais resultados. Por exemplo, na situação de empate no primeiro jogo
(Croácia), uma derrota para o México praticamente significaria eliminação para o Brasil. O
México também pode voltar a enfrentar o Brasil mais adiante, desde que ambos se
classifiquem, o que vai lhe dar uma vantagem em relação aos demais adversários. Tende a
contar com as torcidas de Argentina e Uruguai quando jogar contra o Brasil. O que pode lhe
transformar em “4o
time da casa”. Tem contra si o fraco desempenho em Copas, incluindo
as duas que sediou. Em função do desempenho olímpico e dos últimos resultados contra o
Brasil, ocupa o oitavo posto na lista de ameaças.
Itália e Alemanha dispensam credenciais e apresentações, são fortes ameaças em
qualquer situação, e favoritos em qualquer competição na qual estejam presentes. Essas
duas seleções já viveram situações nas quais times medíocres fizeram grandes Copas, e
grandes times fizeram Copas medíocres. A Alemanha venceu a Copa da Itália. Alguns anos
depois, a Itália venceu a Copa da Alemanha. Porém, pelo histórico em Copas fora da
Europa, possuem um fator de redução de potencial. Apesar disso, a Alemanha apresenta
forte risco nas análises de cenários, vai até as semifinais em praticamente todas as
combinações, reúne forças oriundas de fatores diferentes e contrastantes, e apresenta uma
forte consistência. É a terceira força mais ameaçadora ao desempenho do Brasil, em um
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confronto que tende a acontecer na Semi1. O caso da Itália é diferente, pois está em baixa
nos principais rankings, e no critério matemático quase fica fora do grupo de análise. Nas
análises probabilísticas encontra muita dificuldade para chegar às semifinais. Mas, como
sabemos, tem uma incrível capacidade de crescer dentro da competição e esfacelar
prognósticos. Tenderia a enfrentar o Brasil na Final. É o sétimo potencial de ameaça.
Sobre a Holanda, que já eliminou o Brasil em duas oportunidades, possui 3 títulos de vice-
campeã, endureceu muito o jogo contra a Argentina em 1978, chegou a duas finais fora do
seu continente, e outros feitos. Seu time é bom, joga um bom futebol, competitivo e bonito,
ataca com potência e defende com eficiência. É o time europeu mais atípico e variável. Tem
tradição e força emocional para enfrentar e eliminar o Brasil, o que pode acontecer já nas
oitavas. Nesse caso, e considerando as variações probabilísticas, e a incômoda tendência
de que, caso aconteça uma eliminação do Brasil, ela seria mais provável antes das
semifinais, isso faz da Holanda o número 5 em fator de risco .
Dificilmente um time fora desse círculo pode eliminar o Brasil, porém vale lembrar a
eliminação da Argentina pela Romênia, e a eliminação da Alemanha pela Bulgária, e da
Itália pela Coréia, coisas que já aconteceram em Copas. Vale lembrar também que esse rol
não é o de candidatos ao título, mas sim o de maior risco de eliminação do Brasil.
Dependendo dos cruzamentos, Colômbia e Inglaterra também podem entrar nesse clube,
embora com menores chances. A Inglaterra é um caso interessante, pois vem tendo um
desempenho frágil nos principais rankings, mas em certos conjuntos de fatores apresenta
uma consistência que pode ser surpreendente. Porém, essa consistência parece estar mais
voltada a ganhar a Copa do que a eliminar o Brasil, e isso pode acontecer em termos de
probabilidades (vencer sem cruzar com o Brasil). Por outro lado, existem casos opostos, de
equipes que parecem reunir condições de complicar a vida do selecionado brasileiro, mas
estão demonstrando fragilidade diante de outros adversários, como, por exemplo, França e
Uruguai. A Inglaterra ocupa o posto de número 9, e a Colômbia (em função do ranking da
Fifa e da bolsa de Londres) fica com o 10º lugar, na lista de candidatos a eliminar o Brasil.
Dito isso, e considerando não somente o potencial isolado de cada equipe, mas também a
probabilidade do momento no qual o encontro pode acontecer27
o ranking fica assim:
Risco
para
o
Brasil
1
Argentina
2
Uruguai
3
Alemanha
4
Espanha
5
Holanda
6
França
7
Itália
8
México
9
Inglaterra
10
Colômbia
27
Teoricamente, quem será enfrentado antes representa perigo mais iminente. A França, por exemplo, tem um
potencial de grande risco, baseado no histórico, mas o confronto pode não acontecer.
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Você pode estar se perguntando “onde estão os times africanos”, e pode ser dito que, em
termos de análise de condições objetivas as tendências estão desfavoráveis para Nigéria,
Camarões e Costa do Marfim, bem como Egito e Ghana. Mas as vezes tudo que os deuses
do futebol querem é exatamente triturar esse modelos lógicos, e para isso seria necessário
aparecer um time arrebatador como aquela Nigéria campeã Olímpica em 2000, que
esmigalhou Brasil e Argentina em sequência, ou o também campeão olímpico Camarões, ou
algo semelhante àquele Brasil de 1958, que poucos acreditavam ter qualquer possibilidade
de sucesso em território europeu. Por enquanto nenhum dos cenários aponta para essa
possibilidade. Seriam, claro, uma “zebra”.
Representar uma “zebra” em uma análise de cenário é uma tarefa de alta complexidade, por
um lado, ou, pelo outro, de extrema simplicidade. Temos uma fauna profícua circulando pela
história das Copas, sendo possível fazer grupos de classificações desses simpáticos
animais listrados, que acabaram se tornando o símbolo da aleatoriedade no futebol. Existem
basicamente 3 grupos: as “zebras domesticadas”; as “zebras selvagens”, e as “falsas
zebras”. O primeiro grupo é composto por aqueles casos nos quais “era possível, mas
pouco provável” (Bulgária X Alemanha, Romênia X Argentina, ambas em 1994, Alemanha X
Hungria em 54), onde, apesar de tudo, o time zebrado jogou um bom futebol e obteve
reconhecimento da sua vitória. O segundo grupo são aquele jogos que somente os loucos
acertariam, nos quais um time tem mais tradição, constrói melhores indicadores durante o
jogo, mas é derrotado (Espanha X Suíça, Brasil X Japão [Olimpíadas], Itália X Coréia do Sul,
Alemanha Ocidental X Alemanha Oriental). E o terceiro grupo são aqueles casos nos quais
a “zebra” não é o time de mais tradição, mas vem fazendo uma melhor competição e faz um
jogo superior, caso clássico de Croácia X Alemanha em 1998. Fica aqui registrada uma
homenagem respeitosa a elas, as “zebras”.
E para que não se diga que não foram pensadas nas zebras (embora todo o resto seja
“zebra” nesse caso), temos uma “zebra domesticada”, que seria a Bélgica, um quinto lugar
unânime entre as principais casas de apostas em Londres, e que se conseguir algo como
passar por Alemanha e França, pode eliminar o Brasil na Semi1, ou se eliminar Argentina e
Espanha/Itália poderia enfrentar o Brasil na final. E se vencer, daí sim haveria uma zebra
galopante e sorridente para abalar o stablishment do futebol mundial. As zebras estão ai
para isso, o que, no fundo, não deixa de ser um cruzamento de ideais socráticos com
algumas premissas freudianas, e um importante alerta contra critérios decisórios baseados
em estreita racionalidade.
5) OBSERVAÇÕES E CONCLUSÕES
Após esse breve exercício, necessário enfatizar as seguintes ressalvas:
• Análise de cenários não é previsão;
• O objetivo desse trabalho não é fazer previsões, mas sim avaliar cenários, extrair
informações e verificar onde, quando e como elas podem ser utilizadas em outros
ambientes;
• Especificamente testar os cases de como vão se comportar a gameficação em regime
de crowdsourcing e as leituras de cenários digitais, hipótese na qual as coisas se
invertem, ou seja, a Copa é mais um laboratório de estudos do que um objetivo de
análises;
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• O futebol é pródigo na concretização de imponderabilidades, popularmente conhecidas
como “zebras”, o que, no jargão científico, significa a destruição da racionalidade
convencionalmente estabelecida;
• Uma única pessoa, muito inspirada ou muita desastrada, pode colocar todas as
previsões no chão;
• Existe a possibilidade de “arranjos”, ou mesmo de erros técnicos nas arbitragens, e
quem disser que isso é impossível não vive nesse planeta;
• É muito mais fácil acertar antecipadamente o resultado de uma eleição do que prever o
resultado de uma Copa do Mundo, pois um fator técnico ocasional (positivo ou negativo)
pode contrariar todas as opiniões e prognósticos;
• O futebol vive dias de equilíbrio, lembrando que o Japão, por exemplo, já venceu o Brasil
em uma competição oficial, fato de pouca possibilidade e que fica como exemplo;
• Se o Brasil vier a sofrer uma eliminação na Copa de 2014, muito provavelmente o motivo
não vai ser técnico ou tático, vai ser a ausência de tratamento adequado de dados e
informações, pois esta será a Copa das Informações.
Necessário ainda destacar as cautelas identificadas por Silver: “Como podemos aplicar
julgamentos aos dados sem sucumbir às nossas tendenciosidades? Em que casos a
concorrência… melhora as previsões e em que casos pode piorá-las? Como conciliar a
necessidade de usar o passado como guia para reconhecer que o futuro pode ser
diferente?”
Sobre os cenários 1 a 4:
• A Argentina chega com facilidade na Semi2 em todas as simulações, porém em todas
elas encontra muitas dificuldades para avançar, em praticamente todos os critérios;
• A Alemanha elimina o Brasil na Semi1 em dois cenários, o que desperta a necessidade
de muita atenção, embora seja conhecida a dificuldade das seleções europeias quando
jogam longe de casa;
• O posicionamento da Inglaterra no sexto ranking (líder em confiabilidade digital) e no
terceiro cenário (venceria a Copa) despertam especial atenção para um time que está
sendo pouco considerado nas previsões tradicionais, incluindo os próprios prognósticos
da bolsa de apostas de Londres;
• O sexto ranking (confiabilidade digital) vai despertar especial atenção sobre eventual
relevância da cultura digital no impacto dos resultados esportivos, e convém uma
especial atenção ao desempenho da Inglaterra (e também EUA e Japão, na medida de
suas expectativas). Caso sejam surpreendentemente positivos, podem denotar uma
relação de causa e efeito (melhor organização digital gera melhor desempenho);
• Qualquer que seja o time campeão, deve enfrentar a caminho mais difícil de todos os
tempos, e essa conclusão parece ser irrefutável, em especial no caso do Brasil;
• Havendo uma eliminação brasileira, a tendência é de que ocorra antes da semifinal;
O caso aqui não é de aplicar modelos para “acertar” os resultados da Copa do Mundo, mas,
pelo contrário, utilizar a Copa do Mundo como um laboratório para testar e avaliar técnicas
de extração de informação, geração de inferências e, se possível, identificação de
conclusões e construção tecnológica de inteligência, podendo aplicar tais conhecimentos em
outros teatros de operações (Eleitoral, Militar, Econômico, Segurança, Aprendizado,
Processos de Cura, Desenvolvimento Tecnologico). A Copa será o maior laboratorio vivo de
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análise de dados da história, seja pelo jogo em si, seja pelos demais acontecimentos a ele
associados.
Especial atenção para o impacto da gameficação em regime de crowdsourcing e para a
organização do conhecimento digital (Pagerank, Trustrank, Midias Sociais, Trends/Insights)
e seus eventuais impactos na competição, e vice-versa.
Referências adicionais:
• http://www.ffu.org.ua
• http://www.fff.fr/
• http://www.dfb.de
• http://www.figc.it/
• http://www.thefa.com/
• http://www.belgianfootball.be/
• http://www.rfef.es/
• http://www.jfa.or.jp/
• http://www.rfs.ru/main/
• http://www.ussoccer.com/
• http://www.knvb.nl/
• http://www.fcf.com.co/
• http://www.kfa.or.kr/
• http://www.anfp.cl/
• http://www.football.ch/de/SFV.aspx
• http://www.epo.gr/Home.aspx?a_id=256
• http://www.footballaustralia.com.au/
• http://hns-cff.hr/
Quadro resumo:
Risco
para
o
Brasil
Análise
de
Cenários
Ranking
Digital
Argentina
Inglaterra
Uruguai
EUA
Alemanha
Alemanha
Espanha
Japão
Holanda
1) Histórico:
Semi1: X
Semi2: X
Brasil vence a Itália na
final
3) Confrontos digitais:
Semi1: X
Semi2: X
Inglaterra vence a
Alemanha na final
França
França
Espanha
Itália
Austrália
México
Holanda
Inglaterra
Itália
Colômbia
2) Rankings:
Semi1: X
Semi2: X
Alemanha vence a
Espanha na final
4) Séries randômicas:
Maiores semifinalistas
Brasil vence mais finais
Argentina
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Anexo I – Texto publicado durante a Copa de 2006, sobre a eliminação do Brasil
http://www.i3g.org.br/blog/2006/07/tecnologiaefutebol.html
Informação,
Tecnologia
e
Soberania:
A
Trilogia
do
Poder
Brasil
x
França:
segredos
e
mistérios
do
futebol.
Por
Hugo
César
Hoesch,
Post
Doc
O
processo
de
racionalização
que
caracteriza
o
Estado
contemporâneo
está
marcado,
indelevelmente,
pelo
domínio
tecnológico
da
informação,
consolidando
uma
inquietante
trilogia
do
poder,
composta
por
informação,
tecnologia
e
soberania.
Não
se
consegue
mais
gerir
informação
sem
tecnologia.
Conseqüentemente,
sem
domínio
tecnológico
da
informação,
nenhum
país
tem
plena
soberania.
A
informação
é
o
insumo
mais
importante
da
organização
social
e
estatal
contemporânea.
Seu
domínio
tecnológico
está,
por
sua
vez,
constantemente
associado
aos
segredos
e
mistérios
das
atividades
de
“inteligência”,
componente
básico
da
chamada
Razão
de
Estado.
Um
excelente,
e
recente,
exemplo
de
uso
estratégico
da
informação
–
U2EI
–
em
uma
área
fora
dos
limites
estatais
aparentes,
aconteceu
na
Copa
do
Mundo,
no
jogo
Alemanha
X
Argentina.
Foram
entregues
informações
ao
goleiro
da
Alemanha,
poucos
momentos
antes
da
disputa
de
pênaltis,
que
continham
um
mapeamento
probabilístico
-‐
com
base
em
regras
de
associação
e
classificação
-‐
sobre
os
batedores
argentinos.
O
goleiro
defendeu
duas
cobranças,
e
seu
time
venceu
a
partida.
Para
gerar
as
análises,
eles
obtiveram
dados
através
de
um
levantamento
referente
aos
dois
últimos
anos
de
todos
os
jogadores
da
Argentina,
o
qual
revelou
características
e
tendências
de
cada
um
dos
batedores,
em
itens
como
a
escolha
do
lado,
intensidade
do
chute
e
altura
média
da
bola.
Repare,
nas
imagens
das
cobranças,
que
o
deslocamento
do
goleiro
se
dá
claramente
em
função
desses
três
aspectos.
No
âmbito
da
Sociedade
da
Informação,
um
exemplo
dessa
magnitude
evidencia
que
o
tratamento
estratégico
do
conhecimento
não
é
realizado
através
de
“mistérios”,
mas
sim
de
muito
trabalho,
técnica,
metodologia,
organização
e
tecnologia.
Existe
outro
exemplo
também
na
Copa
do
Mundo.
A
França
fez
algo
similar
contra
o
Brasil.
Eles
levantaram
uma
série
de
dados,
desde
o
número
médio
de
passes
por
jogo,
tempo
médio
no
qual
cada
jogador
fica
com
a
bola,
velocidade
média
da
bola
em
conjuntos
de
passes,
e
vários
outros
tipos
de
informações
similares.
Todos
esses
dados
estão
absolutamente
visíveis
a
todos,
basta
organizá-‐los
e
analisá-‐
los.
Uma
situação
pontual
é
o
auferimento
da
velocidade
de
pique
de
vários
jogadores
de
ambos
os
times,
associada
com
o
tempo
médio
de
velocidade
máxima
mantida
nas
corridas
(com
a
bola
e
sem
ela).
Nossos
adversários
sabiam,
por
exemplo,
que
o
atacante
Francês
Henry
superaria
o
defensor
brasileiro
Cafu
em
mais
de
3km/h
nos
piques.
Algumas
declarações
dos
jogadores,
após
o
jogo,
confirmam
a
estratégia
francesa:
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34
-‐O
jogador
Henry
(França)
respondeu
a
uma
pergunta
de
jornalistas
franceses,
que
diziam
"que
sorte
vencer
o
Brasil
novamente",
com
a
seguinte
assertiva:
"Sorte?
Vocês
estão
brincando.
Foi
tudo
planejado.
E
deu
certo”;
-‐Enquanto
isso,
Robinho
(Brasil)
declarava
que
"não
conseguimos
envolver
o
adversário,
como
sempre
fazemos,
não
sei
dizer
o
que
aconteceu";
-‐Vieira
(França)
completa,
dizendo
que
"planejamos
muitas
dificuldades
para
o
jogo
brasileiro
hoje,
e
tivemos
uma
tática
que
funcionou";
-‐Cafu
(Brasil)
fez
assertiva
na
mesma
linha,
quando
declarou
que
"eles
bloquearam
nossas
jogadas
pelas
laterais,
e
não
tivemos
alternativas".
Na
verdade,
os
comentários
feitos
pelo
jogador
Henry
(autor
do
gol),
um
dia
antes
do
jogo,
apontavam
para
a
existência
de
alguma
“arma
oculta”
por
parte
dos
franceses.
Quando
ele
afirmou
que
os
brasileiros
jogavam
um
futebol
melhor
porque
"estudavam
menos"
[SIC],
de
uma
certa
forma
indicava
o
caminho
que
seria
seguido.
É
natural
que
as
pessoas
tragam
as
disputas
para
o
ambiente
no
qual
tenham
mais
familiaridade.
Na
verdade,
não
só
as
pessoas,
essa
é
uma
lei
vigente
na
natureza,
comumente
aplicada
por
animais
em
“caçadas”
e
“duelos
territoriais”.
A
França
estabeleceu
um
objetivo
para
aquele
confronto,
qual
seja,
disputá-‐lo
dentro
de
condições
que
lhe
eram
mais
favoráveis.
Conseguiu,
e
venceu.
Ocorre
que
isso
já
havia
acontecido
antes,
na
final
da
Copa
de
98,
também
cercada
de
mistérios
e
segredos.
Não
me
refiro
ao
incidente
com
Ronaldo
e
às
teorias
da
conspiração
(nem
descarto
a
importância
de
tudo
isso),
mas
vou
focar
em
outro
tipo
de
mistério:
o
comportamento
tático
e
as
estratégias
do
time
francês
naquele
dia,
e
sua
associação
com
ferramentas
tecnológicas.
A
França,
como
se
sabe,
tem
uma
longa
tradição
de
atividades
de
inteligência,
anteriores
à
descoberta
do
Brasil.
Da
mesma
forma,
a
França
também
tem
uma
forte
tradição
no
desenvolvimento
tecnológico.
De
outro
lado,
a
França
também
é
um
país
prodigioso
em
termos
de
segredos
e
mistérios,
desde
a
dinastia
Merovíngia
até
a
telemetria
dos
motores
Renault
na
F1
e
a
construção
do
avião
A380.
Será
que
eles
levam
isso
para
os
gramados?
O
jogo
de
2006
mostra
que
sim.
É
sabido
que
os
times
de
futebol
e
as
seleções
utilizam
tecnologias
para
aquisição
e
tratamento
de
dados.
Ocorre
que
muitas
vezes
os
dados
estão
ali,
mas
não
são
visíveis
e
ninguém
consegue
identificar
as
suas
conexões.
Vários
grupos
científicos,
nas
mais
prestigiosas
universidades
e
centros
de
pesquisa
do
mundo
todo
trabalham
nisso,
com
descobertas
muito
intensas
nos
últimos
anos.
Quer
um
exemplo?
Os
caçadores
de
tornados
caçam,
na
verdade,
os
dados
sobre
os
tornados,
para
entender
seu
comportamento
e
melhorar
as
previsões.
Outro
caso
clássico
foi
uma
descoberta
das
grandes
lojas
de
departamentos
dos
EUA,
alguns
anos
atrás.
Elas
detectaram
que
associando
fraldas
e
cervejas
em
certos
horários,
ambas
venderiam
mais.
Na
mosca.
Apesar
de
parecer
algo
óbvio,
ninguém
tinha
sistematizado
essas
informações,
e,
a
partir
do
momento
no
qual
algoritmos
analisaram
as
compras
realizadas,
comparando-‐as
com
os
horários
e
o
tipo
de
produtos,
isso
ficou
claro,
através
de
técnicas
de
agrupamento
de
dados
e
relacionamento
de
informações.
A
França,
na
final
da
Copa
de
98,
identificou
pontos
de
vulnerabilidade
no
time
brasileiro
através
de
técnicas
de
agrupamento
e
relacionamento
de
dados.
E
descobriu
segredos
que
estavam
escondidos
nos
números.
Existem
dois
exemplos
claros
disso:
a
primeira
situação
é
um
elevado
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Página
35
percentual
dos
gols
brasileiros
nos
quais
havia
alguma
participação
dos
laterais.
Isso
não
quer
dizer
exatamente
que
eles
criavam
as
jogadas,
mas
que,
em
algum
momento,
tocavam
na
bola
de
modo
decisivo.
Não
só
nos
gols,
mas
também
nos
momentos
em
que
o
Brasil
estabelecia
o
domínio
das
ações
no
meio-‐de-‐campo.
No
futebol
de
hoje,
assim
como
no
jogo
de
xadrex,
dominar
o
espaço
central
do
teatro
de
operações
representa
uma
grande
vantagem.
Todos
que
puxarem
pela
memória
vão
lembrar
que,
desde
o
inicio
daquele
jogo,
havia
algo
estranho
na
saída
de
bola
do
time
brasileiro,
e
que
o
time
Francês
realizou
uma
inovadora
marcação
nos
laterais
do
Brasil.
Assista
novamente
ao
jogo,
e
confira.
Ocorre
que
isso
não
era
uma
"coincidência",
ou
um
"incidente",
mas
uma
estratégia
pensada
pelos
franceses,
forçando
o
Brasil
a
mudar
o
padrão
de
seu
jogo.
Outra
situação:
quantos
gols
de
cabeça
Zidane
fez
antes
daquela
Copa?
Quantos
fez
depois?
Quase
nada
em
ambos
os
casos.
Mas,
naquele
dia,
fez
dois
no
mesmo
jogo.
Um
mapeamento
da
equipe
francesa
apontou
uma
forte
tendência
de
que
os
marcadores
principais
do
Brasil
-‐
com
mais
altura
e
vocação
para
jogadas
aéreas
-‐
ficariam
concentrados
nos
cabeceadores
mais
tradicionais
do
time
francês,
e
que
Zidane
-‐
de
certa
forma
uma
surpresa
na
área
e
tido
como
“mau
cabeceador”
-‐
tenderia
a
ser
marcado
por
Leonardo.
Faça
as
contas
da
diferença
de
altura
entre
eles
e
relembre
dos
dois
primeiros
gols
da
França
naquele
dia.
E
relembre
também
dos
comentários
após
o
jogo,
quando
todos
diziam
que
"o
cara
não
fazia
gols
de
cabeça,
e
foi
fazer
logo
hoje...".
Como
bem
disse
Ricardinho
(jogador
brasileiro),
antes
do
jogo
de
2006,
"não
podemos
mudar
o
resultado
daquele
jogo",
referindo-‐se
a
98.
Mas
podemos
aprender
com
o
passado.
Diante
de
tudo
isso,
ficava
evidente
que
os
estudos
estratégicos,
a
mineração
de
dados,
o
reconhecimento
de
padrões,
as
técnicas
de
agrupamento
e
associação
de
informações,
entre
outras,
iriam
entrar
em
campo
novamente
pelo
lado
francês.
No
jogo
de
2006,
a
França
teve
futebol
suficiente
para
conseguir
fazer
com
que
suas
habilidades
tecnológicas
gerassem
um
diferencial
decisivo,
e
o
que
tivemos
foi
um
laboratório
de
estratégia
competitiva
ao
vivo
naquele
dia.
Esse
tipo
de
questão
tem
sido
objeto
de
discussões
em
importantes
eventos
científicos
internacionais.
Em
Padova,
na
Itália,
em
2003,
quando
estava
chegando
para
um
debate
científico
sobre
o
uso
da
inteligência
artificial
no
futebol
de
robôs,
estava
com
uma
bola
de
futebol
nas
mãos,
e
fui
perguntado:
"Professor,
o
senhor
é
cientista
ou
técnico
de
futebol?".
Respondi
(em
tom
de
uma
cômica
ameaça)
que
no
Brasil
todos
são
técnicos
de
futebol.
Depois
das
discussões
científicas,
fizemos
um
jogo
de
futebol,
e,
com
apenas
dois
brasileiros
no
time,
"papamos"
um
combinado
de
europeus.
Depois
eles
comentavam:
"não
valeu,
eles
tinham
brasileiros
no
time".
Sorte
nossa.
Mas,
em
termos
de
desenvolvimento
tecnológico
e
gestão
estratégica
do
conhecimento,
não
há
que
se
falar
em
“sorte”
ou
“mágica”,
mas
sim
em
trabalho
honesto
com
resultado
certo.
Mesmo
sabendo
que
Federação
Francesa
utiliza
sistemas
de
T.I.
(tecnologia
da
informação)
para
coleta
a
análise
de
dados,
e
que
a
Alemanha
faz
o
mesmo,
é
sabido
que
nenhuma
tecnologia
faz
“milagres”,
por
si
só.
Se
assim
fosse,
países
avançados
tecnologicamente,
como
EUA
e
Japão,
já
teriam
vencido
várias
Copas.
Mas,
por
outro
lado,
sabemos
que
o
uso
adequado
das
habilidades
tecnológicas
pode
potencializar
resultados,
melhorar
comportamentos
competitivos,
organizar
ações
e
definir
estratégias,
as
quais,
se
implementadas
com
eficiência,
geram
vitórias.
Ele
pode,
também,
aumentar
a
eficiência
do
Estado
Contemporâneo,
e
de
seus
Poderes.
Sobre
o
autor:
Hugo
Cesar
Hoeschl
é
mestre
em
Filosofia,
Doutor
em
Inteligência
e
Pós-Doutor
em
Governo
Eletrônico
pela
UFSC.
Publicou
15
livros
e
apresentou
mais
de
150
trabalhos
científicos
em
congressos
internacionais,
tendo
sido
palestrante
no
encontro
pan-americano
sobre
futebol
de
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36
robôs
na
universidade
Carneggie
Mellon,
nos
EUA,
falando
sobre
"Soccer
Intelligence"
(Inteligência
Futebolística).
Já
exerceu
as
funções
de
Promotor
de
Justiça,
Procurador
da
Fazenda
Nacional
e
Secretário
de
Geração
de
Oportunidades
de
Florianópolis.
Veja
as
Fotos
da
Robocup
2003,
em
Padova,
na
Itália:
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